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IMP-Concursos-Direito_Penal_Vitor_Falcão

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Direito Penal - Parte Geral
Professor Vitor Falcão
_1
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
O conceito de Direito Penal é tradicionalmente conceituado 
como um conjunto de normas estabelecidas por lei, que 
descrevem comportamentos considerados socialmente 
graves ou intoleráveis e que ameaça com reações 
repressivas como as penas ou as medidas de segurança1.
O Direito Penal atua como o instrumento mais 
contundente de que dispõe o Estado para levar a cabo o 
controle social, traduzindo-se em um mecanismo para a 
preservação da ordem e paz social.
Uma diferenciação que é cobrada em provas é a de 
Direito Penal objetivo e Direito Penal Subjetivo.
Direto Penal Objetivo é o conjunto de normas editadas 
pelo Estado, definindo crimes e contravenções, ou seja, 
impondo ou impedindo determinadas condutas sob 
ameaça de pena ou medida de segurança2. 
Em síntese, é o conjunto de normas penais vigentes.
Já o Direito Penal Subjetivo é o jus puniendi estatal, o 
direito de punir do Estado.
Mas qual será a função do Direito Penal? Isso será 
aprofundado em aula específica, mas já podemos afirmar 
que prevalece que o objetivo do Direito Penal é proteger 
os bens jurídicos mais importantes para sociedade, 
assim, como o Direito Penal protege os bens jurídicos mais 
importantes da vida humana individual ou coletiva, como 
consequência, reserva as reprimendas mais severas, 
ele ira privar sua liberdade, seus direitos!! A lesão ou 
ameaça de lesão a esses bens jurídicos irá desencadear 
as consequências mais graves do ordenamento jurídico, 
quais sejam, as penas e as medidas de segurança.
1.1. FONTES DO DIREITO PENAL
São os lugares de onde nasce o Direito Penal e a forma 
como se exterioriza.
Quais são as fontes do Direito Penal? Podemos dividir 
as fontes do Direito Penal em fontes de produção (fonte 
material) e fontes de conhecimento (fonte formal).
As fontes materiais são os órgãos encarregados de 
produzir o Direito Penal. No Brasil, cabe tão somente a 
União, como única fonte de produção, criar normas gerais 
de Direito Penal. A fonte material de Direito Penal é a 
União (art. 22, I, CF/88). Contudo, pode ser conferido aos 
estados-membros, por meio de Lei Complementar, o poder 
1 GARCIA, Basileu, Instituições de Direito Penal. 3. ED. São Paulo.
2 Greco, Rogério. Curso de Direito Penal- Parte Geral- Impetus. Rio de Janeiro 2014, p. 7.
de legislar sobre questões específicas sobre Direito Penal, 
de interesse estritamente local, nos termos do § único do 
art. 22 da Constituição) 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, 
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
As fontes formais (fontes de conhecimento), por sua vez, 
são os meios pelos quais o Direito Penal se exterioriza. 
São classificadas em imediatas e mediatas.
 A única fonte imediata de direito penal é a lei.
As fontes formais mediatas, são fontes secundárias: 
São os costumes, os princípios gerais do Direito e os atos 
administrativos.
Esquematizando
Fontes do 
Direito Penal
Material - A fonte 
material de Direito 
Penal é a União 
(art. 22, I, CF/88).
Lei complementar pode 
autorizar os Estados a 
legislarem sobre questões 
específicas. (art. 22, parágrafo 
único).
Imediata – é a lei (reserva 
legal).Formais - são os 
meios pelos quais 
o Direito Penal se 
exterioriza
Mediata - São os costumes, os 
princípios gerais do Direito e os 
atos administrativos.
2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Os princípios são os valores fundamentais do sistema 
jurídico, funcionando como um vetor que orienta a 
elaboração e a aplicação de uma determinada norma.
Na clássica lição de Celso Antônio Bandeira de Mello:
“Princípio é, por definição, mandamento nuclear 
de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição 
fundamental que se irradia sobre diferentes normas, 
compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a 
sua exata compreensão e inteligência, exatamente por 
definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, 
no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. 
É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção 
das diferentes partes componentes do todo unitário que 
há por nome sistema jurídico positivo”.
Alguns desses princípios possuem envergadura 
constitucional, ou seja, devido a sua importância, o 
legislador fez questão de inseri-los no texto constitucional. 
Lembrando que os princípios possuem força normativa, 
assim, caso não sejam respeitados, podem ensejar 
reconhecimento de inconstitucionalidade. Lembro que 
os princípios constitucionais podem ser explícitos ou 
implícitos.
Direito Penal - Parte Geral
_2
Os princípios constitucionais estão praticamente em todos 
os editais das carreiras policiais, são eles:
Princípios constitucionais Penais
Princípios da legalidade-Art. 5°, 
XXXIX, CF/88.
Princípio da responsabilidade 
pessoal/ intranscendência da 
pena. Art. 5°, XLV CF/88
Princípio da individualização das 
penas. Art. 5°, XLVI, CF/88
Princípio da presunção de 
inocência. Art. 5°, LVII, CF/88
Princípio da humanidade das 
penas. Art. 5°, XLVII, CF/88
Passemos ao estudo individualizado de cada um.
3. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
O princípio da legalidade tem sua origem na Magna Carta, 
da Inglaterra, de 1.215, que os barões ingleses impuseram 
ao monarca João Sem Terra. Como uma das garantias 
contra o arbítrio do rei, ficou estabelecido que os seus 
súditos deveriam ser julgados pela “lei da terra” (law of 
the land).
Todos tem uma ideia geral de legalidade, firmado no 
conceito de que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude de lei. O estudante 
mais atento, sabe que no Direito Administrativo, tendo 
em vista que o gestor lida com a coisa pública, temos 
uma legalidade mais robusta, existindo uma relação de 
subordinação à lei, só podendo fazer o que a lei autoriza. 
Agora, não podemos esquecer que, a finalidade do Direito 
Penal é tutelar os bens jurídicos mais importantes (Roxin), 
assim, para cumprir sua missão, o Direito Penal reserva 
as reprimendas mais severas (restrição de Liberdade, 
restrição de direitos), logo, é necessário que exista um 
limitador desse poder de punir do Estado. 
É aqui que entra o princípio da legalidade, funcionando 
como limitador do jus puniendi estatal.
O princípio da legalidade, sem dúvida, é o mais importante 
do Direito Penal, uma vez que não se pode sequer falar na 
existência de crime se não houver uma lei definindo.
Encontra previsão legal no art. 5°, XXXIX da Constituição 
Federal:
Art. 5º (...) XXXIX - não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Possui, também, previsão expressa no Código Penal, em 
seu art. 1°:
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. 
Não há pena sem prévia cominação legal.
O artigo deve ser lido assim: Não há crime ou contravenção 
sem lei anterior que o defina. Não há pena ou medida de 
segurança sem prévia cominação legal.
Muito importante saber a literalidade dos artigos acima, 
contudo, o mais importante sobre o princípio da legalidade, 
são os seus desdobramentos. 
3 STF, RE 254.818-PR.
Para que possamos falar em respeito ao princípio 
da legalidade, devemos respeitar todos os seus 
desdobramentos, a lei penal deve ser em sentido estrito 
(Lei ordinária ou complementar), anterior, escrita e 
estrita.
Passemos a estudar cada um dos seus desdobramentos.
3.1. Lei em SENTIDO ESTRITO (reserva legal) 
De acordo com o Princípio da reserva legal, a infração penal 
somente pode ser criada por lei em sentido estrito, ou seja, 
lei ordinária e, excepcionalmente, lei complementar. 
Podemos concluir que não podem ser utilizados para 
criar crimes: 
• Decretos;
• Resoluções; 
• Leis Delegadas.
E quanto as Medida Provisórias, será que essa espécie 
normativa pode criar crime (Direito Penal Incriminador)?
A constituição Federal veda a edição de Medidas 
Provisórias relativas a Direito Penal (CF,. 62, § 1°, I, alinea b), 
ou seja, não sendo lei em sentidoestrito, mas ato do Poder 
Executivo com força normativa, a Medida Provisória não 
cria crime e não comina pena. 
 Mas cuidado!!!O STF tem admitido a edição de Medida 
Provisória sobre Direito Penal, desde que benéficas ao 
agente3. Como exemplo de medida provisória benéfica 
em material penal, pode-se citar a Medida provisória n° 
417/2008 que autorizou a entrega espontânea de arma de 
fogo à Polícia Federal, afastando a ocorrência do crime de 
porte ilegal de arma de fogo.
Em resumo, sempre será vedada a edição de medidas 
provisórias para criar crimes/contravenções e cominar 
penas/medidas de segurança, ou seja, medida provisória 
não pode tratar de Direito Penal incriminador. 
Entretanto, se a questão trouxer que o STF entende ser 
possível medida provisória tratando de Direito Penal não 
incriminador, a questão estará correta. 
3.2. Lei ANTERIOR
A lei penal produz efeitos a partir da data em que entra em 
vigor, ou seja, não se aplica a fatos pretéritos, salvo para 
beneficiar o réu (art. 5°, XL).
Veremos com muitos detalhes esse assunto quando 
Direito Penal - Parte Geral
_3
estudarmos a lei penal no tempo, por enquanto, quero 
que gravem apenas que a lei penal deve ser prévia ao 
fato cuja punição se pretende. Aplica-se o princípio da 
irretroatividade da lei penal maléfica.
A lei penal somente irá produzir seus efeitos a partir 
do momento que entrar em vigor, não regulando fatos 
anteriores, exceto para beneficiar o réu (art. 5°, XL).
É possível a aplicação da lei penal durante o período de 
vacatio legis?
Vale lembrar que, embora já publicada e formalmente 
válida, a lei penal ainda não estará em vigor, assim, não 
poderá ser aplicada durante esse período!!!
3.3. Lei ESCRITA. 
Apesar de parecer meio óbvio que a lei deve ser escrita, 
o quer queremos dizer com isso é que o princípio da 
legalidade proibido o costume incriminador. 
Entende-se por costume a reiteração de uma conduta, 
de modo constante e uniforme por força da convicção de 
sua obrigatoriedade. Ressalte-se que essa reiteração 
não tem aptidão para criar e nem revogar crimes.
Mas professor, então podemos dizer que o costume 
penal é totalmente irrelevante para o Direito Penal? Não, a 
doutrina4 nos ensina que os costumes servem como vetor 
interpretativo, como por exemplo, na elucidação de alguns 
tipos penais, como a expressão “repouso noturno” (art. 
155, §1°, CP). Para que tenhamos a real compreensão do que 
seria o “repouso noturno” temos que saber qual o costume 
da localidade. No interior, o povo costuma repousar bem 
mais cedo do que em uma grande capital.
E o chamado costume contra legem? Também 
conhecido como desuetudo5 é aquele costume que 
contraria a lei, mas não tem o condão de revogá-
la. É o que ocorre, por exemplo, com a contravenção 
penal do jogo do bicho em que o STJ decidiu6 
 “ O sistema jurídico brasileiro não admite possa uma lei 
perecer pelo desuso, porquanto, assentado no princípio 
da supremacia da lei escrita, sua obrigatoriedade 
somente termina com sua revogação por outra lei” (grifei).
Resumindo: Costume não cria e nem revoga crimes, 
entretanto, é admissível o costume interpretativo.
3.4. Lei ESTRITA. 
A lei penal precisa ser taxativa, precisa, descrevendo 
o conteúdo do tipo penal e da sanção penal. Como 
desdobramento lógico da taxatividade, temos a vedação 
da analogia in malam partem.
Galera, nas lições de Rogério Greco:
“Define-se analogia como uma forma de autointegração 
da norma consistente em aplicar a uma hipótese não 
prevista em lei a disposição legal relativa a um caso 
semelhante.”7
4 Cunha, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. JusPodivm. Salvador, 2015, p. 85.
5 Masson, Cleber. Direito Penal esquematizado – parte geral-2015.pág 19.
6 REsp 30.705/SP – Rel. Min. Adhemar Maciel-6° Turma
7 Greco, Rogério. Curso de Direito Penal- Parte Geral- Impetus. Rio de Janeiro 2014, p. 47.
8 STF- Segunda turma- HC 97261- Rel, Min. Joaquim Barbosa – Dje-02/05/2011
9 O STJ possui entendimento diverso (...) o sinal de TV a cabo pode ser equiparado à energia elétrica para fins de incidência do artigo 155, §3°, do Código Penal 
(RHC 30.847/RJ – relatoria Min. Jorge Mussi, 5ª Turma- 20/08/2013.
Ou seja, não existe a norma no caso concreto e o juiz aplica 
uma norma parecida.
Existem duas espécies de analogia:
• Analogia in bonam partem (para beneficiar).
• Analogia in malam parte (para prejudicar).
Notem que dissemos que o princípio da legalidade veda à 
utilização da analogia incriminadora (in malam partem), 
uma vez que a analogia para beneficiar (in bonam partem) 
é admitida!!
Todo mundo aqui já ouviu falar do famoso “gatonet”, aliás, 
tomem cuidado, olha a sindicância da vida pregressa ai 
hein!!rs. Pois bem, o Supremo Tribunal Federal declarou a 
atipicidade (não considerou crime) da conduta do agente 
que furta sinal de TV à cabo, sob o fundamento de ser 
impossível fazer a analogia ( in malam partem) com o furto 
de energia elétrica, essa sim, prevista no artigo 155, §3°, CP.8
Artigo 155, §3º, CP: Subtrair, para si ou para outrem, 
coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(...)
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou 
qualquer outra que tenha valor econômico.
EMENTA HC 97.261: HC . DIREITO PENAL. ALEGAÇÃO 
DE ILEGITIMIDADE RECURSAL DO ASSISTENTE DE 
ACUSAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. INTERCEPTAÇÃO OU 
RECEPTAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SINAL DE TV A CABO. 
FURTO DE ENERGIA (ART. 155, §3º, DO CÓDIGO PENAL). A 
DEQUAÇÃO TÍPICA NÃO EVDENCIADA. CONDUTA TÍPICA 
PREVISTA NO ART. 35 DA L EI 8.977/95. I NEXISTÊNCIA 
DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. APLICAÇÃO DE 
ANALOGIA IN MALAM PARTEM PARA COMPLEMENTAR 
A NORMA. INADMISSIBILIDADE. OBEDIÊNCIA AO 
PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ESTRITA LEGALIDADE 
PENAL. PRECEDENTES. O assistente de acusação tem 
legitimidade para recorrer de decisão absolutória nos 
casos em que o MP não interpõe recurso. Decorrência 
do enunciado da Súmula 210 do STF. O sinal de TV a 
cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto 
material do delito previsto no art. 155, § 3º, do Código 
Penal. Daí a impossibilidade de se equiparar o desvio 
de sinal de TV a cabo ao delito descrito no referido 
dispositivo. Ademais, na esfera penal não se admite 
a aplicação da analogia para suprir lacunas, de modo 
a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia 
in malam partem), sob pena de violação ao princípio 
constitucional da estrita legalidade. Precedentes. 
Ordem concedida.9 
Outro exemplo de analogia para prejudicar, seria 
Direito Penal - Parte Geral
_4
reconhecer o crime de bigamia para aquele que sendo 
casado, passasse a viver em união estável com outra 
pessoa, sendo que o tipo penal do artigo 235 exige que a 
pessoa seja casada. Não podemos pegar algo parecido 
(união estável) e aplicar ao caso concreto.
Mas lembremos, a analogia para beneficiar é admitida!!
 Exemplo clássico, temos a hipótese do inciso I 
do artigo 181 do Código penal, que diz ser isento de pena 
quem praticar qualquer dos crimes previstos no Título II, 
em prejuízo do cônjuge, durante a constância da sociedade 
conjugal. Trata-se da chamada escusa absolutória, que 
será estudada com profundidade quando tratarmos dos 
crimes contra o patrimônio.
 Agora surge a pergunta, será que se a subtração for 
realizada pelo companheiro (a), que vive em união estável, 
poderá incidir a escusa? A resposta só pode ser positiva, 
uma vez que nesse caso estaremos utilizando a analogia in 
bonam partem, ou seja, para beneficiar o acusado.
Resumindo: É possível analogia em Direito Penal? Sim, 
desde que seja benéfica ao réu.
Muito cuidado, não confundam analogia com 
interpretação analógica observe o artigo 121 do Código 
Penal:
Art. 121. § 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por 
outro motivo torpe; 
Na primeira parte do inciso ele dá exemplo de torpeza 
e na segunda parte ele dá o encerramento genérico, 
permitindo ao intérprete (juiz) encontrar outros meios 
torpes, assumindo, assim, o legislador que nãotem como 
prever todos os meios torpes existentes. É impossível 
para o legislador realizar a previsão em abstrato de todas 
as formas de matar alguém de maneira torpe, então ele dá 
exemplos e termina com uma fórmula genérica “ou outro 
motivo torpe”.
Perceba que na interpretação analógica, a norma existe, 
diferentemente na analogia, onde existe uma lacuna que 
precisa ser preenchida.
A interpretação analógica, sendo técnica de 
interpretação será plenamente admitida, já a analogia, 
como já dito, apenas se beneficiar o réu.
Não obstante sabermos que a norma penal deva ser 
certa, precisa, taxativa, não podemos esquecer que 
existem as chamadas NORMAS PENAIS EM BRANCO.
As normas penais em branco são aquelas que 
dependem de outra norma para que sua aplicação seja 
possível, é aquela cujo preceito primário (descrição da 
conduta) é indeterminado quanto a seu conteúdo, porém 
determinável. A norma penal em branco também é 
chamada de “norma cega”. Como diria Franz Von Listz, são 
como “corpos errantes em busca de alma”.
A Doutrina divide, ainda, as normas penais em branco
• Norma penal em branco homogênea (em sentido 
lato) O complemento tem a mesma natureza jurídica e 
emana da mesma fonte de produção normativa. 
Por exemplo, podemos citar o art. 169 do CP, parágrafo 
único, I, que trata da apropriação de tesouro. Para que 
saibamos o conceito de tesouro, recorremos ao Código 
Civil (art. 1264). Perceba que as duas normas possuem 
como fonte o legislador.
• Norma penal em branco Heterogênea (em sentido 
estrito) O seu complemento não emana do legislador, 
mas sim de fonte normativa diversa.
Exemplo clássico está na lei de Drogas (11.3434/2006), 
onde a definição de Drogas está em uma portaria da 
Anvisa. Novamente perceba que uma norma foi editada 
pelo legislador (lei de drogas), mas o seu complemento 
deriva de uma Portaria da Anvisa, ou seja, fontes 
normativas diversas.
ATENÇÃO! Existe ainda a lei penal em branco inversa 
ou ao avesso – neste caso, o preceito primário é 
completo (descrição da conduta), entretanto, o preceito 
secundário reclama complementação!! Por exemplo 
o artigo 1° da lei de genocídio (2.889/1956), ele descreve 
perfeitamente a conduta, mas não cuida diretamente da 
pena, nos remetendo a outras leis para que saibamos a 
pena cominada. 
Mas afinal, a norma penal em branco ofende o princípio 
da legalidade? A doutrina majoritária entende ser 
constitucional a norma penal em branco.
3.5. Lei NECESSÁRIA
O Direito penal somente deverá intervir quando todos os 
outros ramos do direito falharem (ultima ratio), assim, 
quando a conduta indesejada puder ser inibida pelos 
outros ramos do direito não é necessária a intervenção do 
Direito Penal.
4. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL
Preconiza o inciso XLV do artigo 5° da Constituição Federal:
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano 
e a decretação do perdimento de bens ser, nos 
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra 
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio 
transferido; ( g r i f e i )
Em razão do referido princípio, também conhecido 
como princípio da intranscendência da pena, somente 
o condenado é que irá se submeter a sanção que foi 
condenado. Em outras palavras, somente o condenado, e 
mais ninguém, poderá responder pela infração praticada.
 Professor, então quer dizer que se o condenado morrer 
o Estado não poderá punir mais ninguém? Exatamente!!! 
A morte é causa de extinção da punibilidade (art. 107, CP), 
não existe possibilidade de se punir um terceiro!
ATENÇÃO! isso não impede que os sucessores do 
condenado falecido sejam obrigados a reparar os danos 
civis causados pelo fato (por exemplo, a reparação 
cível devida a família da vítima de homicídio). Porém, 
só responderão nos limites do valor patrimonial 
transferido. 
Direito Penal - Parte Geral
_5
Fique ligado! No caso de morte do condenado, não 
poderá o valor da pena de multa ser cobrada dos herdeiros. 
Isso porque a pena de multa é uma sanção penal, logo, não 
poderá passar da pessoa do condenado! E sendo sanção 
penal, com a morte do agente, ocorrera a extinção da 
punibilidade, nos termos do artigo 107 do Código Penal.
Resumindo
• Reparação cível – pode ser transferida aos herdeiros 
até o limite da herança.
• Pena de multa – é uma espécie de sanção penal, logo, 
em respeito à instranscendência da pena, não poderá 
ser transferida aos herdeiros.
5. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
A Constitucional Federal, em seu artigo 5°, inciso XLVI, 
prevê:
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e 
adotará, entre outras, as seguintes:
A individualização da pena ocorre em três momentos 
distintos e nas três esferas, legislativa, judicial e 
administrativa.10
No legislativo a individualização ocorre no momento que 
o legislador define uma conduta como crime e determina 
a sua pena. A individualização judicial, complementa a 
legislativa, atuando agora no plano concreto, nos termos 
do sistema trifásico adotado pelo CP no artigo 68.
Finalmente, a individualização administrativa é 
materializada durante a execução da pena. Por esta razão, 
em 2006, o STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 
da Lei de Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) que previa a 
impossibilidade de progressão de regime nesses casos, 
determinando que o réu cumprisse a pena em regime 
fechado. Desta forma, entendeu a Suprema Corte que a 
obrigatoriedade do regime fechado feria o princípio da 
individualização da pena.
6. PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DAS PENAS
A Constituição Federal, visando garantir o respeito à 
dignidade da pessoa humana, fundamento nuclear do 
ordenamento jurídico, estabeleceu no inciso XLVII do seu 
artigo 5°:
XLVII - não haverá penas:
a. De morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX;
b. De caráter perpétuo;
c. De trabalhos forçados;
d. De banimento;
e. Cruéis;
Como dito anteriormente, o objetivo principal desse 
princípio é resguarda a dignidade humana, e, para isso, ela 
veda a cominação de algumas espécies de penas.
Devemos lembrar que, não obstante a vedação da pena 
de morte, ela é prevista no nosso ordenamento no caso 
de guerra declarada. Outro ponto importante, é que sua 
10 Masson, Cleber. Op. cit., p. 46.
proibição consiste em uma cláusula pétrea, desta forma, 
não seria possível a instituição da pena de morte nem 
mesmo por Emenda Constitucional (art. 60, §4°, IV, CF/88).
Quanto aos trabalhos forçados, temos que ter cuidado! 
A Lei de Execução Penal menciona a obrigatoriedade do 
trabalho do preso, o que não se confunde com a pena de 
trabalho forçado. A Constituição teve como objetivo proibir 
trabalhos degradantes. Lembram dos desenhos animados 
onde os presos eram condenados a ficar martelando 
pedras, sob ameaça do chicote do Agente Penitenciário? 
Pois é, esse tipo de trabalho que a Constituição quis proibir. 
O trabalho previsto na Lei de Execução Penal tem como 
objetivo ajudar na ressocialização do preso, além de gerar 
a conquista de diversos benefícios. 
Quanto as demais proibições, uma leitura atenta é 
suficiente para acertar a questão da prova, geralmente o 
examinador quer saber se você sabe quais as penas que 
são vedadas pela Constituição Federal de 1988.
7. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
A Constituição Federal em seu artigo 5°, inciso LVII, 
determina que:
LVII – Ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado da sentença penal condenatória.
Antes de mais nada, sentença penal transitada em 
julgado significa aquela sentença que não cabe mais 
recurso, é uma sentença irrecorrível.
CUIDADO! Dois detalhes sobre esse princípio 
merecem sua atenção pois tem potencialidade de ser 
questão de prova: Primeiro; as prisões provisórias 
(preventiva, temporária, NÃO ferem o princípio da 
culpabilidade, desde que sejam medida excepcional. 
Segundo; no julgamento do HC 126.292 o STF decidiu 
que o cumprimento da pena pode se iniciar com a 
mera condenação em segundainstância por um órgão 
colegiado, ou seja, o STF relativizou o princípio da 
presunção de inocência, sob o fundamento que a 
“culpa”, pelo menos para fins de cumprimento de 
pena, já estaria formada a partir da condenação em 
segunda instância!!!!
Ainda como decorrência do princípio da presunção de 
inocência, temos a inversão do ônus da prova. Já que o 
acusado é presumidamente inocente, cabe a acusação 
demonstrar a sua culpa. Destarte, se estivermos em 
uma situação de dúvida na condenação, adotaremos o 
entendimento em favor do réu (in dubio pro reo).
Galera, passaremos agora ao estudo dos princípios 
gerais que regem o Direito Penal.
8. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
O direito penal só deve intervir quanto estritamente 
necessário (ultima ratio). Dessa forma, sua aplicação 
apenas será legitima quando todos os outros ramos do 
Direito Penal - Parte Geral
_6
direito se revelarem incapazes de proteger os bens mais 
importantes para a sociedade (subsidiariedade). Ademais, 
apenas os bens jurídicos mais importantes e necessários 
à vida em sociedade merecem a proteção do Direito Penal 
(fragmentariedade). Isso quer dizer que o Direito Penal 
não irá tutelar todos os bens existentes, mas apenas 
fragmentos deles, ou seja, os mais importantes.
IMPORTANTE
• Princípio da Subsidiariedade - o Direito Penal deve atuar 
de forma subsidiária (Ultima ratio), isto é, somente 
quando insuficientes as outras formas de controle 
social.
• Princípio da fragmentariedade - o Direito Penal não 
deve tutelar todos os bens jurídicos, mas somente 
os mais relevantes para a sociedade (vida, liberdade, 
patrimônio etc).
Importante ressaltar que o princípio da intervenção mínima 
possui dupla finalidade. De um lado, é o responsável pela 
indicação dos bens de maior importância que merecem 
proteção penal, do outro, se presta, também, a fazer com 
que ocorra a chamada descriminalização.11
Imagine uma infração de trânsito que, em regra, não é 
crime. A multa é suficiente para tutelar o bem jurídico 
em questão, assim, não seria legitimo criminalizar as 
infrações de trânsito, já que o Direito Administrativo se 
mostrou capaz.
 Agora, no caso de um homicídio, nenhum outro ramo 
do Direito é capaz de lidar com a situação, destarte, 
subsidiariamente, iremos recorrer ao Direito Penal (ultima 
ratio).
A outra finalidade da intervenção mínima está de servir 
de norte ao legislador para retirar a proteção penal de 
alguns bens jurídicos que já podem, satisfatoriamente, 
serem tutelados por outros ramos do Direito. Como 
exemplo, é só lembrarmos do adultério, que era 
considerado crime até o ano de 2006, mas o legislador, 
atento a evolução da sociedade, percebeu que o Direito 
Civil era capaz de cuidar do caso. Em outras palavras, 
traição não interessa ao Direito Penal, o parceiro traído 
que procure uma indenização no cível.
Pessoal, devido ao seu caráter fragmentário, além do 
direito penal não tutelar todos os bens, mas apenas os mais 
importantes, ainda assim, ele só irá se ocupar dos ataques 
mais intoleráveis. Pensemos na seguinte situação: o nosso 
patrimônio com certeza merece a atenção do Direito Penal, 
mas será que a subtração de uma “caneta bic” pode ser 
considerado um ataque ao patrimônio? Será que o Direito 
11 Greco, Rogério. Op. cit., p. 51.
12 O Princípio da insignificância também é conhecido como “princípio da bagatela” ou “infração bagatelar própria”.
13 HC 84.412-0/SP
Penal deve ser ocupar dessa conduta? Para responder a 
essas questões surge o princípio da insignificância.
9. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA12
Como dissemos, o legislador somente irá selecionar para 
fins de proteção pelo Direito Penal, os bens jurídicos mais 
importantes para a vida em sociedade. Mas, ainda assim, 
somente as lesões intoleráveis, que realmente lesem o 
bem jurídico protegido deverão ser sancionadas.
Imagine a seguinte situação: Tício subtrai um bombom 
no supermercado, no valor de R$ 2,00 (dois reais). Bem, 
se pensarmos formalmente, a conduta de Tício se amolda 
perfeitamente ao artigo 155 do CP (furto). Agora, será 
que que podemos falar que houve lesão ao patrimônio 
do supermercado? A resposta aqui é negativa. Existe a 
tipicidade formal, mas não existe a tipicidade material. 
O princípio da insignificância é uma causa supralegal 
de exclusão da tipicidade material! Muito importante 
lembrar disso, a prova irá tentar te induzir em erro dizendo 
que o princípio da insignificância exclui a ilicitude ou a 
culpabilidade. 
IMPORTANTE
• Tipicidade Formal– é a adequação entre a conduta 
praticada e a conduta prevista abstratamente no tipo 
penal (subtrair uma caneta bic é formalmente furto 
(art. 155 CP), uma vez que houve subtração de coisa 
alheia móvel).
• Tipicidade Material - é a efetiva lesão ou ameaça de 
lesão ao bem jurídico tutelado pelo tipo penal.
Sem desespero!!! Estudaremos a tipicidade com mais 
calma na aula sobre teoria do crime. Por enquanto, preciso 
apenas que saibam esses conceitos de tipicidade para que 
entendam o princípio da insignificância.
Professor, qual a previsão legal do princípio da 
insignificância? Não existe previsão legal, trata-se de 
criação doutrinária e jurisprudencial, por isso que é uma 
causa supralegal. 
Tomem muito cuidado com um detalhe, o critério para 
aplicação do princípio da insignificância não é apenas 
patrimonial, existem outros fatores que devem ser levados 
em consideração. Como por exemplo: o valor sentimental 
do bem (imagine o furto de um disco de vinil que a vítima 
ganhou do seu pai e que costumavam escutarem juntos 
quando o pai era vivo); a condição econômica da vítima 
(furto de uma bicicleta toda acabada, mas que era o único 
meio de transporte da vítima); condições pessoais do 
agente (um furto praticado por um juiz, promotor é muito 
mais reprovável). Na prova de vocês, basta lembrarem que 
o critério para aplicação do princípio da insignificância 
não é apenas patrimonial.
O STF idealizou quatro requisitos objetivos para a 
aplicação do princípio da insignificância13
• Mínima ofensividade da conduta
• Ausência de periculosidade social da ação
Direito Penal - Parte Geral
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• Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
• Inexpressividade da lesão jurídica
Aqui não tem jeito, você precisa decorar esses requisitos, 
então para facilitar lembrem-se da palavra MARI.
Além dos requisitos objetivos os tribunais também 
exigem requisitos subjetivos. Aqui, não estamos falando 
mais a respeito do fato, mas sobre o agente e a vítima do fato.
Quanto à vítima do fato, já falamos que devem ser 
levados em consideração o valor sentimental do bem, sua 
condição econômica e suas condições pessoais.
Agora, quanto ao agente, duas condições merecem 
análise: reincidência e habitualidade criminosa.
No caso da reincidência, o STF14 já aceitou o princípio 
da insignificância ao reincidente genérico, vedando sua 
aplicação apenas ao reincidente específico. 
O STJ tem posição dividida: a 5ª Turma possui 
entendimento no sentido de que não cabe aplicação deste 
princípio se o réu é reincidente15. Lado outro, a 6ª Turma 
entende que a reincidência, por si só, não é apta a afastar 
a aplicação do princípio16. Essa questão não deve ser 
cobrada em uma prova objetiva, uma vez que, na verdade, 
vai depender das circunstâncias do caso concreto.
Quanto a habitualidade, o STJ já decidiu que o réu não 
poderá ser um criminoso habitual17.
Em relação aos crimes que admitem a aplicação do 
princípio da insignificância, atualmente, temos a seguinte 
posição jurisprudencial:
Antes faço uma observação, o STF já aplicou o princípio 
da insignificância para a conduta de portar uma única 
munição utilizada como pingente, observe que a regra 
geral ainda é negar a aplicação aos crimes previstos no 
estatuto do desarmamento, entretanto, se a questão 
trouxer esse caso específico, o examinador estará 
querendo saber se você conhece esse julgado.
Abaixo colaciono algumas posições doutrinárias 
consolidadas em relação à aplicação do princípio da 
insignificância,claro que o quadro não exaure as hipóteses, 
mas nas provas, são as que mais aparecem.
Muito cuidado com o valor para aplicação do princípio da 
insignificância no crime de descaminho, tradicionalmente 
o valor era 10 mil reais para o STJ e 20 mil reais para o STF. 
Contudo, esse entendimento jurisprudencial mudou e 
fixou o valor de R$ 20 mil tanto para o STJ, quando para 
o STF.
Aceitam a aplicação:
Furto simples
Atos infracionais
Crimes contra a ordem tributária.
Descaminho (Cuidado!!Para fins de 
insignificância o valor adotado no 
caso de descaminho é: 20 mil reais 
tanto para o STJ quanto para o STF.
Crimes ambientais
Rejeitam a aplicação:
Lesão corporal
Roubo
Tráfico de drogas
Moeda falsa
Contrabando
Posse ou porte de arma ou 
munição
Crimes militares
Violência doméstica
14 HC 114.723/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, 2ª Turma.
15 RHC 48.510/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07/10/2014
16 AgRg no AREsp 490.599/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR
17 HC 260.375/SP, Rel. Moura Ribeiro, 5ª Turma.
18 Cunha, Rogério Sanches. Op. cit., p79.
19 Greco, Rogério. Op. cit., p. 55.
Aprofundando: A doutrina18 distingue a bagatela 
própria da imprópria. A bagatela própria se aplica aos 
fatos que já nascem irrelevantes para o direito penal, 
por exemplo, furto de um pacote de biscoito.
Já na bagatela imprópria o fato nasce relevante, 
porém, a pena, diante do caso concreto, se mostra 
desnecessária, por exemplo, no caso do homicídio 
culposo cujas consequência da infração atingem 
o agente de forma tão grave que a pena se torna 
desnecessária, o juiz pode aplicar o perdão judicial 
(art. 121, §5°, CP). Só imaginar a mãe que esquece o filho 
recém-nascido no banco de trás do carro e, ao voltar, o 
encontra morto. A conduta dessa mãe é relevante, mas 
as consequências da infração recaíram sobre ela de 
forma tão grave que a pena, no caso concreto, se tornou 
desnecessária.
10. PRINCÍPIO DA LESIVIDADE
Para que seja punida pelo Direito Penal, a conduta praticada 
deve exceder ao âmbito do próprio Autor, ou seja, não 
existe infração penal se a conduta não tiver oferecido ao 
menos perigo de lesão à bem jurídico, o referido princípio 
exige que ocorra efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico tutelado.
Segundo as lições de Rogério Greco19 as funções do 
princípio da lesividade são:
• Proibir a incriminação de uma atitude interna (a 
cogitação não é punível).
• Proibir a incriminação de uma conduta que não exceda 
o âmbito do próprio Autor (não se pune a autolesão). 
Princípio da alteridade, a conduta deve lesar um bem 
jurídico de terceiro.
• Proibir a incriminação de simples estados ou condições 
existenciais (O moderno Direito Penal é um direito do 
fato e não do Autor).
• Proibir a incriminação de condutas desviadas que não 
afetem qualquer bem jurídico (o Direito Penal não 
tutela a moral, só vocês lembrarem que o incesto não 
é crime!).
11. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
Segundo esse princípio, uma conduta, apesar de típica, não 
será considerada crime se for socialmente adequada ou 
reconhecida, ou seja, se for aceita pela sociedade.
Muito cuidado, o princípio da adequação social, por si 
só, não tem aptidão para revogar tipos penais, pode até 
orientar o legislador para que retire a criminalização de 
certas condutas, mas isso só poderá ocorrer por força de 
lei.
Só lembrar da pratica da venda de CD e DVD piratas, 
atividade aceita pela sociedade em geral. Não obstante 
essa aceitação (adequação social) a conduta continua 
Direito Penal - Parte Geral
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sendo considerada criminosa. O STJ, inclusive, já sumulou 
esse entendimento:
Súmula 502 do STJ - PRESENTES A MATERIALIDADE 
E A AUTORIA, AFIGURA-SE TÍPICA, EM RELAÇÃO 
AO CRIME PREVISTO NO ART. 184, § 2º, DO CP, A 
CONDUTA DE EXPOR À VENDA CDS E DVDS PIRATAS.
12. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
As penas aplicadas devem ser proporcionais aos bens 
jurídicos que se procura proteger, ou seja, o princípio 
da proporcionalidade proíbe penas excessivas ou 
desproporcionais.
Importante destacar, que a proporcionalidade possui 
uma dupla face: De um lado proíbe o excesso, vedando a 
aplicação de penas exageradas. Imaginemos uma pena 
de 30 anos para o crime de furto simples, art 155, CP); do 
outro, proíbe a proteção insuficiente, pois não tolera 
penas que fique aquém da importância do bem jurídico 
tutelado (por exemplo, cominar uma pena de 2 anos para o 
crime de homicídio, art. 121, CP)
13. PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM
Previsto no artigo 8°, 4, do Pacto de São José Da Costa Rica, 
do qual o Brasil é signatário, o referido princípio proíbe a 
dupla punição pelo mesmo fato. Assim ninguém pode ser 
processado duas vezes pelo mesmo crime, nem poderá ser 
condenado pela segunda vez pelo mesmo fato.
14. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO AO BEM JURÍDICO
O direito penal não tutela a moral ou questões filosóficas / 
políticas / religiosas etc... O direito penal irá se preocupar 
exclusivamente com os bens jurídicos e, ainda assim, não 
serão todos os bens jurídicos que irão receber a tutela do 
direito penal, mas apenas aqueles mais importantes para 
a sociedade (fragmentariedade). Dessa forma, o direito 
penal não pode punir intenções e pensamentos, mas 
apenas quando essas condutas internas se exteriorizem e 
atinjam, de forma intolerável, um bem jurídico.

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