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Resumo das pessoas juridicas 10 07

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RESUMO DIREITO CIVIL – DAS PESSOAS JURÍDICAS
MONITORA: INGRYD FERRÉ							 DATA: 13.07.2020
Conceito de pessoa jurídica:
As pessoas jurídicas, também denominadas pessoas coletivas, morais, fictícias ou abstratas, podem ser conceituadas, em regra, como conjuntos de pessoas ou de bens arrecadados, que adquirem personalidade jurídica própria por uma ficção legal. Em outras palavras, pessoa jurídica é o conjunto de pessoas (naturais ou jurídicas) ou bens, dotado de personalidade jurídica própria, na forma da lei. Assim, a pessoa jurídica possui capacidade para a prática de atos jurídicos ou qualquer outro ato que não seja tido como proibido. 
Vê-se que as pessoas jurídicas não se confundem com seus membros, pois para existirem, dependem do ato de constituição destes referidos membros, o que representa um exercício da autonomia privada, sendo essa regra inerente à sua própria concepção.
Entretanto, consoante nos explica Flávio Tartuce (2019) tal regra pode ser afastada nos casos de desvio de finalidade ou abuso da personalidade jurídica, situações em que merece aplicação o art. 50 do CC/2002, que trata da desconsideração da personalidade jurídica, instituto que será abordado posteriormente em tópico específico.
Classificação das pessoas jurídicas:
Conforme previsto no artigo 40 do Código Civil/2002, as pessoas jurídicas são de direito público (interno ou externo) e de direito privado. As primeiras encontram-se na disciplina do direito público, e a última, no do direito privado.
O artigo 41 prevê que as pessoas jurídicas de direito público são formadas pela União, Estados, Distrito Federal e territórios, bem como pelos municípios, autarquias e associações públicas, ao passo que as pessoas jurídicas de direito público externo são constituídas pelos Estados estrangeiros e todas as que forem regidas pelas regras de direito internacional. 
Atenta à realidade atual de nossa complexa estrutura administrativa e política, considera pessoas jurídicas de direito público interno as demais entidades de caráter público criadas por lei. Enquadram-se nesse conceito as fundações públicas e as agências reguladoras, estas últimas com natureza de autarquias especiais.
Em seguida, quanto às pessoas de direito privado, o artigo 44 dispôs que estas são integradas pelas associações, sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos e demais empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI).
Em relação à nacionalidade, as pessoas jurídicas podem ser nacionais: organizadas conforme a lei brasileira e que tenham no Brasil a sua sede principal e os seus órgãos de administração; ou estrangeiras: formadas em outro país, e que não poderão funcionar no Brasil sem autorização do Poder Executivo interessando também ao Direito Internacional Privado.
Surgimento da pessoa jurídica:
A pessoa natural surge no momento do nascimento com vida. Da mesma forma, a pessoa jurídica possui um ciclo de existência e possui também aptidão para ser titular de direitos e obrigações na ordem jurídica. Essa aptidão somente é possível quando se une a vontade humana, por meio de um ato constitutivo, e o registro público desse ato. Assim, a pessoa jurídica é dotada de personalidade, ou seja, capacidade para exercer direitos e ser evocada para responder a determinadas obrigações.
O art. 45 do CC/2002 prevê expressamente que a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Neste artigo constata-se que a existência legal da pessoa jurídica necessita seguir as condições estabelecidas em lei. Assim, pode-se afirmar que antes do registro, não há falar em pessoa jurídica enquanto sujeito de direito, pois a aquisição da personalidade jurídica exige a inscrição dos seus atos constitutivos (contrato social ou estatuto) no registro peculiar (junta comercial, para as sociedades mercantis em geral; e cartório de registro civil de pessoas jurídicas, para as fundações, associações e sociedades civis). Algumas sociedades, em virtude das peculiaridades de seu objeto ou do risco que a sua atividade representa à economia ou ao sistema financeiro nacional, demandam, além do registro, autorização governamental para o seu funcionamento (é o caso das companhias de seguro).
Outro requisito necessário ao nascimento de uma pessoa jurídica diz respeito aos elementos constitutivos do registro, expressamente previstos no art. 46 do CC, sob pena de não valer a constituição (plano da validade). Segundo disposto no CC, o registro declarará: I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
Domicílio das pessoas jurídicas:
A pessoa jurídica, assim como a pessoa natural, também tem domicílio, que é a sua sede jurídica, local em que responderá pelos direitos e deveres assumidos. Essa é a regra que pode ser retirada do artigo 75 do Código Civil. De acordo com este artigo, a União deverá promover as ações na capital do Estado ou no Território em que a outra parte tiver domicílio e será demandada, à escolha do autor, no Distrito Federal, na capital do Estado em que ocorreu o ato que deu origem à demanda, ou em que se situe o bem envolvido com a lide.
Por sua vez, os domicílios dos Estados e Territórios se encontram nas respectivas capitais. Os Municípios têm domicílio no lugar onde funciona a sua administração. Já a pessoa jurídica de Direito Privado tem domicílio no lugar onde funcionam as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos.
Admite-se a pluralidade de domicílios dessas pessoas jurídicas, assim como ocorre com a pessoa natural. Isso será possível desde que a pessoa jurídica de direito privado, como no caso de uma empresa, tenha diversos estabelecimentos, como as agências ou escritórios de representação ou administração (artigo 75, § 1.º, do CC).
Finalmente, se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, seu domicílio (no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências), será no lugar do estabelecimento, situado no Brasil, a que ela corresponder (artigo 75, § 2.º, do CC).
Atuação e representação da pessoa jurídica na esfera civil:
Por se tratar de um ente cuja personificação é decorrência da técnica legal, sem existência biológica ou orgânica, a pessoa jurídica, dada a sua estrutura, exige órgãos de representação para poder atuar na órbita social. Deste modo, deve ser representada por uma pessoa natural de forma ativa ou passiva, manifestando a sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais.
 Por exemplo, uma pessoa jurídica pode ter um ou mais proprietários, a depender das características da pessoa jurídica. Esses proprietários podem ser outras empresas, pessoas físicas ou até mesmo o governo. Contudo, embora uma empresa possa ser proprietária de outra empresa, o beneficiário e responsável final sempre será uma pessoa física e assim, apesar da PJ ser uma figura reconhecida com seu próprio cadastro de pessoa jurídica, a pessoa física que detém os direitos e obrigações sobre a pessoa jurídica é a responsável legal pela empresa.
Em regra, essa pessoa natural que representa a pessoa jurídica é indicada nos seus próprios estatutos, mas, na sua omissão, a pessoa jurídica será representada por seus diretores.
Em relação aos direitos da pessoa jurídica, esta pode possuir bens patrimoniais corpóreos e incorpóreos, além de bens extrapatrimoniais. E são justamente esses bensextrapatrimoniais os direitos da personalidade da pessoa jurídica. 
Além disso, o art. 52 do CC dispõe que “aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”, confirmando o entendimento consubstanciado na Súmula n. 227 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) pelo qual a pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Por razões óbvias, esse dano moral somente pode atingir a honra objetiva da pessoa jurídica, a sua reputação. Não há que se falar em lesão à honra subjetiva, pois a pessoa jurídica não tem sentimentos. Por isso, assim como a pessoa física ou natural, tem preservados os seus direitos à integridade moral (sob o aspecto objetivo), à imagem, ao segredo etc. 
Mas a capacidade da pessoa jurídica é especial. Considerando a sua estrutura organizacional, esse ente social não poderá praticar todos os atos jurídicos admitidos para a pessoa natural. Não exerce faculdades decorrentes dos direitos puros de família (ninguém imagina uma sociedade casando-se ou reconhecendo filho...), nem pode ser objeto de institutos protetivos como a tutela, a curatela ou a ausência.
É importante relembrar que a pessoa jurídica não pode ser considerada genericamente incapaz para a prática de atos jurídicos, mesmo que lhe falte, de maneira momentânea ou definitiva, quem a possa presentar. Nestes casos, conforme expresso no artigo 49 do CC, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, irá nomear um administrador provisório, sobretudo para a garantia das relações jurídicas.
Responsabilidade civil das pessoas jurídicas:
Mesmo não tendo a existência ontológica das pessoas naturais, as pessoas jurídicas respondem, com seu patrimônio, por todos os atos ilícitos que praticarem, por meio de seus representantes, inexistindo qualquer distinção efetiva entre os entes de existência física para os de existência ideal.
Como visto anteriormente, em decorrência do princípio da autonomia da pessoa jurídica, é ela (e não os seus integrantes) que participa dos negócios jurídicos de seu interesse e titulariza os direitos e obrigações decorrentes. Consequentemente, é apenas o patrimônio da pessoa jurídica (e não o de seus integrantes) que, em princípio, responde por suas obrigações.
Assim, independentemente da natureza da pessoa jurídica (direito público ou privado), depois de estabelecido um negócio jurídico a PJ deve cumprir o que foi pactuado, podendo responder com seu patrimônio pelo eventual inadimplemento contratual, na forma do artigo 389 do CC/2002.
Incidente da Desconsideração da Personalidade Jurídica:
A doutrina da desconsideração da personalidade da pessoa jurídica (disregard of legal entity) ganhou força na década de 50, com a publicação do trabalho de ROLF SERICK, professor da Faculdade de Direito de Heidelberg. Esta teoria permite ao magistrado desconsiderar a autonomia da pessoa jurídica em relação aos seus membros, sempre que ocorra, no caso concreto, fraude e abuso de direito. Ou seja, é um ato jurídico decorrente de decisão judicial que visa a atacar os bens dos sócios por obrigações de responsabilidade da sociedade. No Brasil, o instituto tem previsão no artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor (lei 8.078/1990) e no artigo 50 do CC/2002.
Ao analisar a desconsideração da personalidade jurídica, deve-se levar em consideração a existência ou não de culpa, o que faz gerar a existência de duas espécies: subjetiva ou objetiva. A primeira descreve a necessidade de se analisar a culpa dos sócios antes de ocorrer a desconsideração da personalidade jurídica, enquanto que na segunda corrente basta a ocorrência de um determinado fato para ocorrer a desconsideração da personalidade jurídica, independentemente de análise de culpa.
A doutrina classifica a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica como objetiva, enquanto a teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica é tida como subjetiva. O direito brasileiro utiliza tanto a teoria maior quanto a menor, sendo a regra geral a utilização da teoria maior (subjetiva), e em alguns micro ordenamentos utiliza a teoria menor (objetiva).
O tema tem sido conhecido como “a dicotomia de teorias da Desconsideração da Personalidade Jurídica”: a primeira, denominada Teoria Maior, exige a comprovação de desvio de finalidade da pessoa jurídica ou a confusão patrimonial; a segunda, por sua vez chamada de Teoria Menor, apenas decorre da insolvência do devedor, e é aplicada especialmente no Direito Ambiental e do Consumidor, bem como na Justiça do Trabalho.
A recente edição da lei 13.874/2019 – Lei da liberdade econômica, ao introduzir o artigo 49-A no Código Civil (A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores) também enfatizou, no artigo 50 do Código Civil a teoria clássica do alemão Rolf Serick, exigindo a demonstração do abuso da personalidade jurídica para a aplicação do instituto. 
De acordo com referido artigo “em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.” Assim, a aplicação da desconsideração não pode se dar de ofício (por meio do juiz sem pedido realizado pelas partes).
Por fim, vale destacar que a teoria da desconsideração da personalidade jurídica também pode ser aplicada de forma “inversa”, o que significa dizer ir ao patrimônio da pessoa jurídica, quando a pessoa física que a compõe esvazia fraudulentamente o seu patrimônio pessoal. Trata-se de uma visão desenvolvida principalmente nas relações de família, quando, por exemplo, algum dos cônjuges retira do patrimônio do casal bens que deveriam ser objeto de partilha antes do divorcio, e incorpora referidos bens na pessoa jurídica da qual é sócio, a fim de diminuir o valor a ser recebido pelo outro consorte.
Extinção da pessoa jurídica:
A extinção da pessoa jurídica significa o término da sua existência. É o perecimento da organização ditada pela desvinculação dos elementos humanos e materiais que dela faziam parte.
O fim da pessoa jurídica poderá ocorrer por causas diversas, mas em qualquer hipótese a personalidade subsistirá até que se ultime a liquidação e se proceda a anotação devida. 
De acordo com Maria Helena Diniz (2003), a extinção da pessoa jurídica não se opera de modo instantâneo. Para ela, qualquer que seja o fator extintivo tem-se o fim da entidade, mas se houver bens de seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos. Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. 
Quanto à extinção das corporações (sociedades e associações) esta pode ocorrer: I- Pela dissolução deliberada de seus membros, por unanimidade e mediante distrato, ressalvados os direitos de terceiros e da minoria; II- Quando for determinado por lei; III- Em decorrência de ato governamental. IV- No caso de termo extintivo ou decurso de prazo; V- Por dissolução parcial, havendo falta de pluralidade de sócios; VI- Por dissolução judicial.
No caso de dissolução de uma associação, seus bens arrecadados serão destinados para entidades também de fins não lucrativos, conforme previsto nos estatutos (art. 61 do CC/2002). Se não estiver prevista nos estatutos a destinação, os bens irão para estabelecimento municipal, estadual ou federal de fins semelhantes aos seus.
Não existindo no Município, Estado, Distrito Federal ou Território em que a associação dissolvida tiver sede outra entidade com fins não econômicos, os bens remanescentes deverão ser devolvidos à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União (artigo 61, § 2.º, do CC).
Em relação à dissolução das fundações, além dos casos vistos anteriormente, há norma específica,constante do art. 69 do CC/2002, prevendo que estas serão incorporadas ao patrimônio do Ministério Público, ou qualquer outro interessado, desde que não haja disposição em contrário no ato constitutivo ou estatuto da fundação.

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