Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTÉRPRETE DE LIBRAS PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 2 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 SUMÁRIO FORMAÇÃO, PROFISSIONALIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR SURDO: reflexões a partir do decreto 5.626/2005 ....................................................... 5 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 QUESTÕES SOBRE O PROFESSOR E INSTRUTOR DE LIBRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: reflexões a partir do decreto 5.626/2005.............................. 8 QUESTÕES SOBRE A LIBRAS NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA: em busca da valorização e profissionalização do professor surdo ............................... 15 O INTÉRPRETE EDUCACIONAL DE LIBRAS: Desafios e Perspectivas ................. 26 O TRADUTOR / INTÉRPRETE DE LIBRAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL: desafios linguísticos no processo tradutório ............................................................... 32 O INTÉRPRETE UNIVERSITÁRIO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NA CIDADE DE CURITIBA ................................................................................................ 38 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 39 MÉTODO ................................................................................................................... 44 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 45 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 52 A DRAMATIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM ESCRITA PARA O DEFICIENTE AUDITIVO ...................................... 55 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 56 MÉTODOS ................................................................................................................ 58 CASUÍSTICA ......................................................................................................... 58 DELINEAMENTO .................................................................................................. 59 PROCEDIMENTO ................................................................................................. 59 ETAPA 3 - PÓS - DRAMATIZAÇÃO..................................................................... 60 RESULTADOS E DISCUSSÃO: .............................................................................. 61 RESULTADOS INDIVIDUAIS ............................................................................... 62 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922018 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922018 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922019 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922020 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922020 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922021 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922021 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922022 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922023 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922023 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922024 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922024 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922025 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922026 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922027 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922028 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922029 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922029 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922030 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922031 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922032 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922033 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922034 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922035file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922036 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922037 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 3 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 RESULTADOS GLOBAIS ..................................................................................... 71 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 74 AFINAL: INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS, INTÉRPRETE EDUCACIONAL, PROFESSOR-INTÉRPRETE OU AUXILIAR? O trabalho de Intérpretes na lógica inclusiva...................................................................................... 79 POLÍTICAS PÚBLICAS INCLUSIVAS E O PAPEL DO INTÉRPRETE DE LIBRAS E LÍNGUA PORTUGUESA ........................................................................ 80 PESQUISAS SOBRE ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE EDUCACIONAL: refletindo sobre diferentes experiências .................................................................. 81 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 91 METODOLOGIA - O ENCONTRO COM O OUTRO ............................................... 93 AFINAL: O QUE OS INTÉRPRETES EDUCACIONAIS TÊM A DIZER? ............... 97 a) O papel do intérprete educacional para além da interpretação ...................... 97 b) Modelo linguístico e colaboração no processo de ampliação do léxico da Libras ................................................................................................................... 101 c) Questões de interpretação – o dizer do outro com minhas palavras ............ 103 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 105 INTÉRPRETE EDUCACIONAL ................................................................................. 112 QUE PROFISSIONAL É ESTE? ............................................................................ 112 POSTURA ÉTICA ................................................................................................... 112 ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE EDUCACIONAL NA ESCOLA .............................. 112 ATUAÇÃO DO INTÉRPRETE EDUCACIONAL NA SALA DE AULA................... 112 CONDUTA PROFISSIONAL DO INTÉRPRETE ................................................... 113 Documento do MEC com orientações para o tradutor e intérprete da LIBRAS e Língua Portuguesa. Disponível em: .................................................................... 113 ENSINANDO LIBRAS PARA OUVINTES ................................................................. 114 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 114 TAREFAS ................................................................................................................ 114 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922038 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922039 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922040 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922040 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922040 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922041 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922041 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922042 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922042 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922043 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922044 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922045 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922046 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922047 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922047 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922048 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922049 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922050 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922051 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922052 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922053 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922054file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922055 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922056 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922056 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922057 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922058 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922059 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 4 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 PROCESSO ............................................................................................................ 115 AVALIAÇÃO ............................................................................................................ 115 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 116 ANEXOS ..................................................................................................................... 124 NÚMEROS E NUMERAIS ...................................................................................... 124 ALFABETO LEGAL................................................................................................. 127 MATERIAL ESCOLAR ............................................................................................ 132 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922060 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922061 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922062 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922063 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922064 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922065 file://///192.168.0.4/MARKETING_antigo/INE/Apostila%205%20-%20PROFESSOR-INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS,%20INTÉRPRETE%20EDUCACIONAL,%20INTÉRPRETE%20DE%20LIBRAS%20OU%20AUXILIAR%20atuação%20e%20profissionalização.docx%23_Toc368922066 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 5 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 FORMAÇÃO, PROFISSIONALIZAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR SURDO: reflexões a partir do decreto 5.626/2005 Juliana Guimarães Faria1 O texto2 apresenta como tema reflexões sobre o Instrutor de Libras e o Professor de Libras dentro da escola de Educação Básica. Tem como objetivo refletir sobre o significado da denominação de Instrutor dada ao profissional surdo e compreender de que maneira essa denominação está expressa no Decreto 5.626/2005. A partir dessa reflexão, verifica-se que o Instrutor de Libras caracterizado no Decreto é de um profissional que não possui formação pedagógica, porém é citado de forma alternativa ao papel desempenhado pelo Professor de Libras dentro da escola de Educação Básica. Verifica-se, ainda, que Instrutor de Libras tem sido a denominação dada ao profissional surdo, mesmo quando ele exerce atividade peculiar à docência e possui formação pedagógica. Assim, evoca-se que a busca por uma educação que considere a cultura, identidade e processo de aprendizagem do surdo será alcançada mediante a primazia de profissionalização, reconhecimento e valorização dos próprios profissionais surdos dentro das escolas de Educação Básica. Essa valorização passa pelo reconhecimento do profissional surdo que ensina Libras como um Professor de Libras, sendo um profissional que participa dos debates e tomadas de decisão, e se envolve no processo educativo de seus pares. INTRODUÇÃO A política de formação de professores é uma discussão que se intensificou nas últimas décadas durante o debate e posterior aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9.694/96. A referida 1 Doutora em Educação na FE/UFG e professora efetiva da Faculdade de Letras/UFG, no Departamento de Estudos Linguísticos e Literários, no curso de Letras: Libras. 2 Publicado pela Revista Brasileira de Educação Especial. Versão impressa ISSN 1413-6538. Rev. bras. educ. espec. vol.17 no.1 Marília jan./abr. 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-65382011000100007 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1413-6538&lng=pt&nrm=iso INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 6 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 legislação elevou a formação de professores para o nível superior, estabeleceu que tal formação aconteça em Universidades ou Institutos Superiores de Educação. Trouxe consigo a busca pela valorização e profissionalização do profissional da educação. Tanuri (2000) considera que a aprovação da LDB vem para superar, de certa forma, a polêmica relativa à formação de professores entre o nível superior e o nível médio, numa luta dos educadores brasileiros no processo de melhoria da qualidade da educação e valorização do profissional da educação. Os cursos Normais de nível médio, os chamados Magistério, foram aceitos como formação mínima apenas em período transitório, conforme o artigo 87, parágrafo 4º. O artigo 621 da LDB 9.694/96 diz que: Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Conforme mencionado, o parágrafo 4º do artigo 87 das Disposições Transitórias da LDB, acrescenta que: Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei. ... § 4º Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço. A partir desse dispositivo legal, acirraram-se ainda mais os debates sobre a política de formação dos profissionais da educação no Brasil. O debate http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#nt1INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 7 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 traçado gira em torno de algumas temáticas, versam sobre o modelo de formação de professores, as questões de aligeiramento da formação, o curso de Pedagogia em relação ao curso Normal Superior, as mudanças na Educação Básica trazida pela LDB e a formação de professores para essa realidade, dentre outros. Porém, durante todos esses anos de debate, é consenso entre os educadores que a formação dos profissionais da educação em nível superior em cursos de licenciatura é essencial tanto para a qualidade da educação, quanto para a profissionalização docente. Dentro de uma política de ações afirmativas, em 2005, é aprovado o Decreto Presidencial 5.626 que, ao tratar da Regulamentação da Lei das Libras 10.436/2002, regula, além de outras ações, a questão da formação do Professor de Libras. Ao examinar o Capítulo III do referido Decreto, é possível se deparar com dois personagens: o Professor de Libras e o Instrutor de Libras. À primeira vista, as questões levantadas são: qual a diferença entre esses dois personagens? Qual o papel de cada um no campo da docência no ensino de Libras? De que forma cada um interfere, ou não, na atuação do outro? Em essência: o que difere o Professor do Instrutor? Essas são as problematizações que motivam as reflexões expressas nas próximas linhas. Não é intuito esgotar a temática e responder a todas essas questões. Ademais, não será possível tratar nesse escrito sobre os processos e práticas pedagógicas, os saberes escolares no ensino da Libras, as representações dos atores envolvidos e as questões de produção e publicações da imprensa acadêmica, sendo estes, seguramente, objetos de potenciais sínteses futuras. Procura-se nesse artigo, tão somente, fazer uma reflexão sobre o texto legal expresso no Decreto 5.626/2005, e demais legislações, em relação ao Instrutor e ao Professor de Libras. Após isso, refletir sobre a profissionalização, formação e valorização do profissional com surdez atuante nas escolas no ensino de Libras. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 8 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 QUESTÕES SOBRE O PROFESSOR E INSTRUTOR DE LIBRAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA: reflexões a partir do decreto 5.626/2005 É inegável o avanço obtido em relação ao sujeito surdo, à Libras e às políticas linguísticas no Brasil após a aprovação do Decreto 5.626/2005 (QUADROS; PATERNO, 2006; FELIPE, 2006). Considera-se que o avanço trazido pelo Decreto é muito mais significativo do que as normativas implementadas anteriormente, como: a Lei 10.098 de 2000, no seu artigo 182, que anunciou a responsabilidade do Poder Público para implementar a formação de profissionais intérpretes de Libras; e a Lei 10.436/2002 que instituiu oficialmente a Libras como meio de comunicação e expressão e determinou a obrigatoriedade do ensino da Libras em cursos de formação de professores e de fonoaudiólogos3. Tal significância do Decreto se justifica por explicitar mecanismos imperativos e ações públicas para a formação de profissionais para o ensino, interpretação e tradução da Libras, ações afirmativas para usuários da Libras e a sua expansão. Essa conquista é oriunda de um contexto histórico-político e social de movimento pelos direitos humanos e direitos linguísticos, com debates, ações e muitas lutas da comunidade surda em âmbito nacional e internacional, que foram bem explorados em diversas publicações, como as de Mazzotta (2005), Soares (2005), Felipe (2006), Quadros (2006) e Quadros et al. (2009). Quadros et al. (2009) lembram que a atuação do professor de Libras está associada a diferentes contextos, alternando entre ensino de primeira língua e ensino de Libras como segunda língua, podendo ser: ensino de Libras para pessoas diversas ligadas ao surdo, como familiares e amigos; ensino de Libras na Educação Superior nos cursos de Fonoaudiologia e de Formação de Professores; ensino de Libras nas escolas de Educação Básica que possuam alunos surdos matriculados (nessa dimensão, poderá acontecer tanto como primeira língua para os surdos, como segunda língua para os alunos ouvintes que convivem com os surdos). Os autores ressaltam, ainda, a importância do ensino de Libras, como primeira língua, ser uma função a ser exercida por profissionais também surdos. Nessa mesma linha, Lunardi (1998, p.85) argumenta: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#nt2 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#nt3 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 9 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 A presença do professor surdo na escola representa muito mais que modelo de linguagem e identidade: ele é um articulador do senso de cidadania que se estabelece num processo de relação social. Essa relação acontece entre professores surdos e alunos surdos, porque essa troca social de conhecimentos se reproduz através da língua de sinais. O Decreto 5.626/2005 é um instrumento legal que traz esse apontamento, ou seja, a formação do professor de Libras deve ser oferecida, preferencialmente, ao profissional surdo (Art. 4º, Art. 5º e Art. 6º). Sobre a Formação do Professor de Libras e do Instrutor de Libras, no Capítulo III do Decreto 5.626/2005 é explicitado: Art. 4o A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua. Parágrafo único. As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. Art. 5o A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação bilíngue. § 1o Admite-se como formação mínima de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio na modalidade normal, que viabilizar a formação bilíngue, referida no caput. § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 10 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Art. 6o A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por meio de: I - cursos de educação profissional; II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior; e III - cursos de formação continuada promovidos por instituições credenciadas por secretarias de educação. § 1o A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III. § 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput (grifo nosso). Percebe-se que o artigo 6º permite que se faça a diferenciação entre o Professor e o Instrutor de Libras. Ao Instrutor não está explícito a necessidade de formação pedagógica, sendo uma denominação de pessoas formadas em cursos de formação profissional em nível médio. Já o Professor de Libras é todo aquele com formação pedagógica: tanto em nível médio, como em curso na modalidade Normal, quanto em nível superior, formado em Pedagogia, desde que tenha sido viabilizada a formação bilíngue; e no curso de Letras: Libras ou Letras: Libras/Língua Portuguesa. Considerando que o Decreto foi publicado em 2005,situado, ainda, dentro da chamada Década da Educação, como explicitado no Art. 87 da LDB 9.694/96, a formação do professor em nível médio era admitida somente até ano de 2007, por conta do que expressa o parágrafo 4º do referido artigo, já citado anteriormente. Assim, o Decreto 5.626/2005 vêm apresentar a área do conhecimento da Libras como disciplina curricular e conteúdo a ser ensinado em diversos níveis e modalidades da educação. Para tal atividade profissional, apresenta que a função docente poderá ser exercida pelo Instrutor de Libras, da mesma forma que o Professor de Libras (art. 8º, § 2º) após um exame de proficiência: INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 11 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Art. 8o O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7o, deve avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a competência para o ensino dessa língua. § 2o A certificação de proficiência em Libras habilitará o instrutor ou o professor para a função docente (grifo nosso). Assim, ficam algumas questões: qual o papel do denominado "Instrutor de Libras" dentro da escola de Educação Básica, já que essa denominação não identifica, de acordo com o Decreto 5.626/2005, um profissional com formação pedagógica? Para o profissional surdo licenciado, porque não usar somente a nomenclatura de "Professor de Libras"? Um Decreto Presidencial tem força jurídica suficiente para certificar para a função docente no Brasil sem que a formação pedagógica esteja explicitamente garantida, quebrando uma conjuntura legal impressa na LDB 9694/1996, como aponta o parágrafo 2º do artigo 8º, em que habilita, por meio de exame de proficiência e certificação, o chamado ProLibras, o Instrutor para a função docente? Além do que, de acordo com o Decreto, o Instrutor só é citado para atuar na educação formal4 no Brasil, nos cursos de graduação e pós- graduação, até o fim da década do Decreto, desde que tenha a Certificação do ProLibras, como pode ser observado no que está explicitado no art. 7º: Art. 7o Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não haja docente com título de pós- graduação ou de graduação em Libras para o ensino dessa disciplina em cursos de educação superior, ela poderá ser ministrada por profissionais que apresentem pelo menos um dos seguintes perfis: I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-graduação ou com formação superior e certificado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#nt4 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 12 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 proficiência em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo Ministério da Educação; II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível médio e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação (grifo nosso). Isso indica que o profissional que se caracteriza como "Instrutor de Libras" não está legalmente apto para atuar na docência em escola de Educação Básica no Brasil. Caso tenha formação pedagógica, em cursos de licenciatura, já não é Instrutor, mas sim Professor. Sobre os profissionais para atuar na Educação Básica, estes estão categorizados em três grupos: professores habilitados, profissionais pedagogos e trabalhadores em educação, conforme descrito na Lei 12.014/2009 que altera o art. 61 da LDB: Art. 1o O art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: I - professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; II - trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 13 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Nessas condições, o Instrutor de Libras, conforme descrito no Decreto 5.626/2005, é considerado como um trabalhador da educação, porém sem habilitação para a docência aos alunos de educação básica. Mesmo que o art. 8º do Decreto 5.626/2005 confira habilitação para a função docente, tem-se que considerar que a análise de um instrumento jurídico não pode ser feita baseada apenas de um único parágrafo ou artigo isoladamente. É preciso visualizar a conjuntura no qual está inserido. Assim, o artigo 8º, citado anteriormente, se refere ao artigo 7º, que trata apenas do exercício do Instrutor de Libras no ensino superior: graduação e pós-graduação. Consequentemente, a função docente a que se refere o artigo 8º é para esse nível de ensino. Nesse contexto, de acordo com os dispositivos legais citados, tem-se o Professor de Libras licenciado como referência, na educação básica, sendo o profissional habilitado para o ensino dessa língua aos educandos, conforme garante direito do aluno surdo prescrito no Decreto 5.626/2005, artigo 15. Porém, o mesmo instrumento legal cita a presença do Instrutor de Libras na escola, quando em seu artigo 14 estabelece que as instituições federais devem prover as escolas com profissionais que atuem como tradutores, professores e instrutores: Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior. § 1o Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no caput, as instituições federais de ensino devem: III - prover as escolas com: a) professor de Libras ou instrutor de Libras; b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa; INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 14 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos (grifo nosso). Percebe-se que a presença do Instrutor de Libras na escola de Educação Básica é citada no artigo 14 de forma indiscriminatória ao Professor de Libras, usando a conjunção disjuntiva `ou' para elencar esses dois profissionais dentro de uma mesma função profissional. Significa que o Decreto indica que o Professor de Libras pode exercer a função de Instrutor, porém, o Instrutor não está apto a atuar em espaços profissionais que exigem formação pedagógica. Ou seja, a interpretação que se faz é que o Instrutor de Libras pode apoiar a escola, mas não é um professor. Ora, essa perspectiva diferencial de nomenclatura não faz sentido se o lócus de atuação é a escola de Educação Básica e se a atividade exercida tem como essência o processo ensino-aprendizagem da Libras para os educandos surdos. É tratar o Instrutor com certo desprestígio, mesmo se a função desempenhada possui relevância, por se tratar de uma prática docente. O que tem acontecido comumente é que tanto os profissionais surdos com licenciatura, quanto os profissionais surdos sem habilitação para o magistério, estão sendo alocados nas redes de ensino como Instrutores de Libras. As Diretrizes Operacionais5 das redes públicas de ensino muitas vezes tratam indiscriminadamente esses dois personagens, deixandosomente a surdez ou não surdez determinar se será denominado de Instrutor ou Professor. Se for surdo, então é Instrutor de Libras, independente se o profissional já possui habilitação para o magistério ou está em processo de formação em serviço para licenciar-se. Nessa linha, Silveira e Rezende (2008), ao analisarem reportagens publicadas na Revista Nova Escola sobre a educação de surdos, trazem algumas reflexões: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#nt5 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 15 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Quão inferior o surdo se apresenta no contexto profissional, já que no ambiente educacional foram observadas várias distorções, na nossa avaliação. Historicamente, fomos chamados para sermos o "dicionário ambulante" (de Libras) de muitos professores na escola e, na maior parte, os ditos "professores especialistas", como é o caso dos personagens consultados na reportagem, apenas orientavam os alunos a trabalharem com o sinal dado pelos surdos. Por que o surdo não pode desempenhar este importante papel de professor e não de mero instrutor - palavra com menor status profissional? Por que ele não pode explicar os conteúdos curriculares, como já acontece em várias escolas? Nesse último caso, os surdos já trabalharam com informações importantes apresentadas pela disciplina e mesmo assim não foram considerados, agraciados com o título de "professores" pelos docentes. Sempre os surdos foram considerados tecnicamente como instrutores, mas na verdade, atuavam como professores, apesar de poucos possuírem licenciatura (SILVEIRA; REZENDE, 2008, p. 66-67). O embate traçado é justamente o reconhecimento, a profissionalização e a valorização do profissional surdo dentro da escola de educação básica. Para além de um dicionário ambulante de Libras' o profissional surdo, muitas vezes identificado como Instrutor, mesmo tendo formação pedagógica e com licenciatura, está na escola para contribuir com o processo educativo de seus pares, na perspectiva da docência. QUESTÕES SOBRE A LIBRAS NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA: em busca da valorização e profissionalização do professor surdo INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 16 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 A menção do profissional denominado de Instrutor de Libras foi feita no Documento ‘A educação que nós surdos queremos’, elaborado pela comunidade surda a partir do pré-congresso ao V Congresso Latino Americano de Educação Bilíngue para Surdos, realizado em Porto Alegre/RS, no ano de 1999. Nesse documento, o Instrutor é descrito no campo que trata da Formação do Profissional Surdo, em que o Instrutor assume o papel de ensinar a Libras em empresas e nas escolas, no ensino das famílias, caso não tenha habilitação para o magistério. Desde então, tem sido comum ver o Instrutor de Libras ser descrito em diversos textos, didáticos e/ou acadêmico-científicos, como um sujeito surdo que atua no ensino de Libras dentro das escolas. É identificado como um profissional com surdez, ou seja, o profissional surdo que atua na escola tem sido chamado comumente de Instrutor de Libras, mesmo tendo habilitação para o magistério e atuando como professor. Damázio e Ferreira (2010) fazem essa colocação e identificam que os Instrutores são profissionais preferencialmente com surdez que ensinam Libras nas escolas para os educandos surdos: Para oferecer o aprendizado dessa língua de forma significativa, resguardando que seus usuários tenham a apropriação de maneira natural, é importante a presença de profissional com surdez, se possível, nesse ambiente. Esse trabalho tem sido executado por instrutores de Libras (preferencialmente, por profissionais com surdez) que têm a proficiência aplicada pelo MEC por meio da avaliação do Pró-Libras e, num futuro próximo, será ministrado por professores de Libras formados por cursos de Letras/ Libras (2010, p. 56). A partir da colocação das autoras, observa-se que o Pró-Libras foi confundido com a habilitação para o magistério na Educação Básica. Entretanto, o Decreto 5.626/2005, por meio do Pró-Libras, não habilita para o exercício do magistério na educação básica sem a formação exigida na LDB 9694/1996, ou seja, o Instrutor de Libras aprovado no Pró-Libras não está apto para adentrar aos muros da escola e ensinar Libras, um componente curricular, aos educandos. Conforme citado, o Pró-Libras é um exame de certificação e proficiência para o exercício da função docente apenas na educação superior INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 17 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 (Decreto 5626/2005, Art. 7º). Porém, destaca-se que ao profissional Instrutor, a responsabilidades educativas são tão complexas quanto aquelas desempenhadas pelos professores. Da mesma forma, o material didático "Atendimento Educacional Especializado - Deficiência Auditiva" do MEC, publicado em 2007, aponta indiscriminadamente os dois profissionais, Instrutores e Professores de Libras, como aqueles que desempenham funções similares, porém insistindo na nomenclatura diferenciada para o profissional surdo: Este trabalhado é realizado pelo professor e/ou instrutor de Libras (preferencialmente surdo), de acordo com o estágio de desenvolvimento da Língua de Sinais em que o aluno se encontra. O atendimento deve ser planejado a partir do diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da Língua de Sinais. O professor e/ou instrutor de Libras organiza o trabalho do Atendimento Educacional Especializado, respeitando as especificidades dessa língua (DAMAZIO, 2007, p. 32, grifo nosso). Além desses, Schimitt (2008) aponta a necessidade de ter surdos atuantes como Instrutores de Libras nas escolas dando aula para os alunos ouvintes. Cita o autor: São poucos e é preciso expandir o curso de Língua de Sinais nas escolas com os instrutores dando aula de Libras para que o ouvinte entenda a cultura surda, identidade e movimentos surdos (p. 117 - 118). Percebe-se que é o profissional surdo que tem sido identificado como Instrutor de Libras e tem assumido responsabilidades educacionais inerentes a um professor, fato que deveria ser suprido pelo Professor de Libras. Outra visão do Instrutor de Libras tem sido a de um profissional surdo que atua dentro da escola como apoio no ensino de Libras aos pais e professores das escolas de educação básica, conforme apontado no Documento de 1999 elaborado pela comunidade surda, citado acima. E, ainda nesta ótica, Quadros (2006, p. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 18 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 154-155) se refere à existência de Professores ou Instrutores surdos em escolas de Santa Catarina. Ao refletir sobre a política do aluno surdo na educação básica em Santa Catarina afirma: Os instrutores são os profissionais que vão participar do processo de aquisição da língua de sinais pelos alunos surdos. Quando isso passar a acontecer, de fato, os alunos não terão mais como modelo apenas o seu professor que conhece um pouco a língua de sinais, mas vão poder contar com instrutores ou professores surdos que usam fluentemente a sua língua. Além disso, esse mesmo instrutor/professor teria a função de preparar o professor e o intérprete de língua de sinais, bem como ministrar os cursos para familiares (grifo nosso). Nessa perspectiva de Quadros (2006), o Instrutor de Libras também é citado como apoio às atividades da escola e, portanto, poderia se tratar do Trabalhador da Educação, descritos na Lei 12.014/2009, sendo aquele que possui formação técnica específica. Entretanto, ainda tem sido citado como aquele que participa do processo ensino-aprendizagem de formação do educando surdono ensino da Libras e, por isso, tem a docência como papel fundamental ou finalístico. É preciso estar atento à questão discriminatória trazida pela nomenclatura de Instrutor de Libras atuantes nas escolas de educação básica. Isso porque se faz comum a percepção de que justamente o sujeito surdo é que tem sido denominado de Instrutor de Libras, mesmo esse tendo além da formação pedagógica, as responsabilidades formativas inerentes aos docentes. De acordo com Silveira (online), em pesquisa com professores surdos no ensino de Libras no Rio Grande do Sul, há necessidade de superar a utilização da nomenclatura de Instrutor destinada exclusivamente ao profissional surdo. Mesmo não tendo a formação exigida, o surdo tem sido colocado na escola de Educação Básica para assumir a função docente e tem INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 19 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 sido tratado como profissional secundário. De acordo com a autora, tal realidade produz impacto pejorativo na subjetividade desses profissionais e, portanto, faz-se necessário superar essa realidade: Há muita improvisação e até tem professores surdos, formados na FENEIS como instrutores de LIBRAS para dar aula aos ouvintes, que são contratados para serem professores na escola. Esta é uma situação transitória, espero, que deve melhorar. (...) Penso que é importante para Educação de Surdos reconhecerem toda uma trajetória do que aconteceu desde o passado até agora. Também as reflexões sobre a importância das associações, dos surdos adultos como modelos para os surdos alunos, da necessidade de aumentar o número de professores surdos na escola, que não fiquem como "secundários", foram pontos importantes que as entrevistas trouxeram (SILVEIRA, online, p. 7-8). Esse contexto indica a necessidade de se superar a atitude discriminatória ao denominar o Professor Surdo como um Instrutor de Libras em detrimento dos outros professores presentes nas escolas e que são responsáveis pela formação integral do educando surdo. Por que não tratá-lo tão somente como Professor de Libras? Já se identificou que o Instrutor de Libras, de acordo com o Decreto 5.626/2005 não está apto para o magistério da Educação Básica. Portanto, esse profissional, denominado de Instrutor de Libras é todo aquele que possui formação profissional e que poderá, portanto, atuar no ensino da Libras em cursos livres a ser oferecidos em empresas, instituições públicas, organizações e outros espaços, que não a educação formal. A partir do momento em que um profissional surdo inicia sua atuação dentro da escola de educação básica, ele automaticamente deveria ser INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 20 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 identificado como profissional da educação e Professor de Libras. Caso não tenha habilitação para o magistério, esse profissional surdo deveria ser encaminhado para curso de formação inicial, inclusive em serviço. Então, passar a gozar de todas as conquistas que os profissionais da educação alcançaram em décadas de lutas pela melhoria da qualidade da educação. Assim, contribuirá com a estruturação da sua identidade profissional, visto que, mais do que ensinar a sua própria língua, a Libras, esse profissional dentro da escola, está atuando para a formação integral do sujeito, desde aspectos afetivos, até aspectos culturais e de construção de conhecimento. É reconhecida a importância do profissional da educação com surdez atuando na formação do educando surdo e, portanto, quando o profissional surdo tiver formação pedagógica, conforme exige a LDB, com título de licenciado, ele deve ser reconhecido como Professor, em igualdade de condições no que tange a aspectos profissionais e conquistas alcançadas pela profissão docente ao longo da história da educação brasileira. Nessa perspectiva, para que a chamada escola inclusiva realmente aconteça de forma que respeite a cultura e a identidade surda, além da construção do conhecimento do sujeito surdo, deve-se iniciar pelo reconhecimento dos saberes trazidos pelos profissionais surdos, reconhecendo-os sob a ótica da igualdade de condições para interferir no processo educativo da criança e do jovem com surdez, visto que muitas vezes existem profissionais surdos já são graduados em cursos de licenciatura, entretanto, ainda sim, são chamados de Instrutores de Libras. O profissional surdo, Licenciado ou com curso Normal, deve participar não somente do executar o ensino da Libras, mas da construção do projeto político-pedagógico, das discussões pedagógicas, das tomadas de decisão na escola, dos conselhos escolares, do grupo gestor, inclusive com o acompanhamento da aplicação dos recursos financeiros advindos do Fundeb6 e do Programa Dinheiro Direto na Escola, além de participar do debate da construção das escolas de tempo integral e dos planos de carreira do profissional da educação, entre outros. É preciso que o profissional surdo seja incluído também nas políticas de valorização do magistério das escolas públicas, com acesso à formação http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#nt6 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 21 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 continuada, como direito do profissional da educação e dever do poder público, com participação efetiva no acompanhamento e execução das políticas de educação inclusiva. Trata-se da busca pela profissionalidade do profissional da educação com surdez. Libâneo (2001) argumenta que as condições para garantir o exercício profissional referem-se à profissionalização, sendo, portanto formação inicial e continuada, com o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias à profissão. Inclui-se na profissionalização uma remuneração compatível e condições materiais e técnicas de trabalho adequadas. O profissional, porém, deve ter profissionalismo, desempenhando sua função de forma compromissada com seus deveres e com responsabilidades específicas da docência, com atitudes éticas e políticas. O conjunto da profissionalização e profissionalismo levam à construção da profissionalidade desse sujeito. A base de formação do profissional da educação é a docência, e a essência da docência envolve o processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, o processo de aquisição da linguagem da criança surda, conforme é requerido do profissional surdo Instrutor de Libras, tem como essência o processo ensino-aprendizagem da Libras em contexto, imbuído de uma cultura linguística, de uma gramática própria e uma estrutura de construção de conhecimento peculiar. Portanto, o Instrutor de Libras, conforme vem sido referenciado, certamente atua eminentemente na função de magistério e sua presença no processo formativo da criança surda é essencial. É preciso possibilitar a este profissional, tratado como Instrutor de Libras surdo, atuantes nas escolas de educação básica, a formação inerente à docência, ou seja, a formação em Licenciatura7. Porém, mesmo tendo formação mínima exigida para o exercício do magistério, o seu reconhecimento não tem sido tomado pelo campo educacional a partir do momento em que tem sido tratado como Instrutor de Libras e não participa, muitas vezes, da construção da proposta educativa da escola. Por isso, evoca-se que possa ter seus saberes valorizados, sendo tratado em igualdade de condições, sendo, portanto, um Professor de Libras. Nessas condições, o profissional surdo é essencial para se garantir uma educação de qualidade do sujeito com surdez e é dever do poder público http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#nt7 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 22 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 contribuirpara a construção de sua profissionalização, com formação inicial e continuada, remuneração condizente e condições de trabalho. Desse modo, o reconhecimento e valorização do sujeito surdo licenciado, Professor de Libras, é um primeiro passo para se conquistar essa educação inclusiva tão anunciada e requerida. Para isso, superar a nomenclatura de Instrutor de Libras é um passo primordial. Referências deste texto: A educação que nós surdos queremos. Documento elaborado pela comunidade surda a partir do pré-congresso ao V Congresso Latino Americano de Educação Bilíngue para Surdos. Porto Alegre: s/d, 1999. Disponível em: <http://www.feneis.org.br/arquivos/A%20EDUCAÇÃO%20QUE%20NÓS%20S URDOS%20QUEREMOS.doc> . Acesso em: 13 jul.2010. BRASIL. Lei 10.436 - Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Brasília, 2002. ______. Lei n. 10.098 - Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Brasília, 2000. ______. MEC. Lei 12.014 - altera o art. 61 da LDB. Brasília, 2009. ______. MEC. Decreto n. 5.626 - Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Brasília, 2005. ______. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9.694 de 16 de dezembro de 1996. Brasília, 1996. DAMÁZIO, M. F. M. Atendimento educacional especializado - pessoa com surdez. Brasília: MEC/ SEESP / SEED, 2007. DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. P. Educação escolar de pessoas com surdez - atendimento educacional especializado em construção. Inclusão: Revista de Educação Especial, Brasília, v. 5, n.1, p. 46- 57. 2010. http://www.feneis.org.br/arquivos/A%20EDUCA%C7%C3O%20QUE%20N%D3S%20SURDOS%20QUEREMOS.doc http://www.feneis.org.br/arquivos/A%20EDUCA%C7%C3O%20QUE%20N%D3S%20SURDOS%20QUEREMOS.doc INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 23 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 FELIPE, T. A. Políticas públicas para a inserção da Libras na educação de surdos. Espaço: informativo técnico-científico do INES, Rio de janeiro, n.25, 2006. LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola. Goiânia: Editora Alternativa, 2001. LUNARDI, M. L. Cartografando os estudos surdos: currículo e relações de poder. In: SKLIAR, C. B. (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998. MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez Editor, 2001. QUADROS, R. M. Políticas linguísticas e educação de surdos em Santa Catarina: espaço de negociações. Caderno CEDES, Campinas, v. 26, n. 69, 2006. QUADROS, R. M.; PATERNO, U. Políticas linguísticas: o impacto do decreto 5626 para os surdos brasileiros. Espaço: informativo técnico-científico do INES, Rio de Janeiro, n. 25, 2006. QUADROS, R. M. et al. Exame Prolibras. Florianópolis: s/d, 2009. Disponível em: <http://www.prolibras.ufsc.br/livro_prolibras.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2010. SCHMITT, D. Espaço de conforto linguístico/cultural dos surdos na UFSC. In: QUADROS, R. M. (Org.). Estudos Surdos III. Petrópolis: Arara Azul, 2008. SILVEIRA, C. H. O ensino de libras para surdos - uma visão de professores surdos. Disponível em: <http://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/viewFile/576/520> . Acesso em: 11 jul. 2010. SILVEIRA, C. H.; REZENDE, P. L. F. Os discursos sobre a educação de surdos na revista Nova Escola. In: QUADROS, R. M. (Org.). Estudos Surdos III. Petrópolis: Arara Azul, 2008. SOARES, M. A. L. A Educação do Surdo no Brasil. Campinas: Autores Associados, EDUSF, 1999. TANURI, L. M. História da formação de professores. Revista Brasileira de Educação. Brasília, n. 14, 2000. http://www.prolibras.ufsc.br/livro_prolibras.pdf http://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/viewFile/576/520 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 24 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Notas: 1 Durante a elaboração desse texto, encontrava-se aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal na data de 06/07/2010 uma alteração na LDB 9694/96 (emenda substitutiva nº 01 - CE) dos artigos 62 e 87, no qual será permitido ingresso na carreira do magistério no setor público com apenas o ensino médio, na modalidade normal, porém, se dentro de 06 anos o professor não concluir a formação superior, será considerado inabilitado para o exercício da profissão. 2 Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação. 3 Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, conforme legislação vigente. 4 Por educação Formal entendem-se aquelas autorizadas, regulamentadas e avaliadas pelo poder público, como escolas de educação básica e superior. As escolas de cursos livres são consideradas como não-formais. 5 No Estado de Santa Catarina, por exemplo, a "Instrução Normativa/SED N° 04/ 2010" trata o instrutor de Libras dentre das responsabilidades de um professor: "9.23 Os professores autorizados para atuarem em Serviços de Atendimento Educacional Especializado - SAEDES e Atendimentos em Classe (2º professor de turma, professor bilíngue, professor intérprete de LIBRAS, instrutor de LIBRAS) não poderão, sob hipótese alguma, ser designados para atuarem em outra função naquele contrato". Da mesma forma, o Estado de Goiás, nas suas Diretrizes Operacionais, o Instrutor de Libras deve ser surdo e pertence ao quadro de multiprofissionais junto à fonoaudiólogos, psicólogos e intérpretes. Além do que, em 2010, o Estado de Goiás fez concurso público para Instrutor de Libras e exigiu para a investidura no cargo a conclusão em qualquer curso de Licenciatura, porém com a certificação ProLibras. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#tx1 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#tx2 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#tx3 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#tx4 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#tx5 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 25 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 6 Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. 7 Em 2006, a Universidade Federal de Santa Catarina ofereceu o primeiro curso de Licenciatura em Letras: Libras a distância, com as provas do processo seletivo em Libras, possibilitando a aprovação de muitos profissionais surdos e o acesso à formação no magistério. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#tx6 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382011000100007&lng=pt&nrm=iso#tx7 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 26 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 O INTÉRPRETE EDUCACIONAL DE LIBRAS: Desafios e Perspectivas Dalcides dos Santos AnicetoJúnior3 "Ser Intérprete de Língua de Sinais é muito mais do que ser identificado pela língua que fala, muito mais do que estar presente nas comunidades surdas ou ainda estabelecer um elo entre mundos linguísticos diferentes. Ser Intérprete é conflitar sua subjetividade de não surdo e surdo, é moldar seu corpo a partir da sua intencionalidade, reaprender o universo do sentir e do perceber, é uma mudança radical onde a cultura não é mais o único destaque do ser" (MARQUES; OLIVEIRA, 2009 p. 396, 397). A figura do profissional tradutor e intérprete de Libras está ganhando mais espaço no cenário educacional brasileiro, principalmente depois da Lei nº 10.436 de 24 de Abril de 2002 e do Decreto nº 5.626 de 22 de Dezembro de 2005, que regularizaram a Língua Brasileira de Sinais como a segunda língua oficial do país, impulsionando assim as políticas de inclusão de surdos e o uso e difusão da Libras em todas as esferas sociais e, no âmbito da educação, em todos os níveis e modalidades de ensino. Essas leis também, especialmente o Decreto nº 5.626,12/05, deram ênfase ao papel do profissional intérprete de Libras como meio legal de garantir as propostas de inclusão do surdo previstas nas leis. Assim, a atuação do profissional intérprete é de grande importância nesse novo contexto de inclusão da pessoa surda em nossa sociedade. No entanto, essas novas perspectivas de inclusão para o surdo apontaram novas necessidades indo muito além de apenas difundir a Língua Brasileira de Sinais e formar intérpretes. Pois a oficialização da Libras em 2002 tornou definitivamente o sujeito surdo ativo e participativo na sociedade com direitos e deveres específicos defendidos por lei e foi o marco do surgimento legal de um novo mercado de trabalho carente de mão-de-obra a nível nacional, a de tradutor e intérprete de Libras. Isso não significa que antes de 3 Professora/Intérprete de Libras do Centro de Ensino e Apoio a Pessoa com Surdez (CAS/MA), professora de Língua Brasileira de Sinais (Libras) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão-IFMA e especialista em Docência do Ensino Superior pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano. Universidade Federal de Roraima. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 27 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 2002 não havia esforços de promover a inclusão de surdos e que não existiam profissionais intérpretes já atuantes e organizados no Brasil, pois se sabe da presença de intérpretes em trabalhos religiosos nos anos 80 e nesta mesma década a Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS) promoveu o I Encontro Nacional de Intérpretes de Língua de Sinais com o objetivo de promover a interação entre alguns intérpretes do Brasil e a avaliação da ética do profissional intérprete. O foco deste trabalho não é abordar uma corrente do tempo para esse profissional e sim, fazer uma reflexão sobre os anseios, as inquietações e os desafios desse profissional nesse período que se sucedeu à homologação da lei federal que reconheceu a língua brasileira de sinais como língua oficial das comunidades surdas e que representou um passo importante "no processo de reconhecimento e formação do profissional intérprete da língua de sinais no Brasil, bem como, a abertura de várias oportunidades no mercado de trabalho que são respaldadas pela questão legal" (QUADROS, 2004 p. 15). Com as comunidades surdas interagindo cada vez mais e de forma mais aguda com as comunidades ouvintes, as possibilidades de atuação do intérprete de Libras vem crescendo e, consequentemente, a demanda por esse tipo de profissional e sua melhor formação e capacitação à medida que o sujeito surdo passa a interagir com grupos, com tipos de informações e de conhecimentos que antes não tinham acesso por causa da barreira linguística estabelecidas tanto pelo desconhecimento da Língua de Sinais por parte dos sujeitos ouvintes quanto pela ausência do intérprete. Com isso, o profissional intérprete precisa atuar em quaisquer espaços onde estiverem surdos presentes para possibilitar o acesso à informação e à cidadania, garantidos por lei. Entretanto, este trabalho visa dar ênfase ao campo que define e resume toda a proposta e finalidade da lei nº 10.436,04/02 e o decreto nº 5.626,12/05, a saber, o campo da educação. Neste aspecto, destaca-se a presença obrigatória do profissional intérprete nas instituições públicas federais e estaduais e privadas de ensino superior a fim de assegurar aos alunos surdos o acesso à comunicação, à informação e à educação. Dessa forma, muitos surdos tomaram ânimo para ingressarem em um curso superior com uma nova perspectiva, a certeza de INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 28 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 que teriam a assistência de um intérprete. A partir desse novo contexto, surgiram novas necessidades: preparar e qualificar intérpretes de Libras (isto também previsto no decreto de 2005), proporcionar aos professores acesso à literatura e informações sobre a especificidade linguística do aluno surdo e sobre as atribuições e papel do intérprete além da utilização de equipamentos e tecnologias de informação. De fato, para muitas instituições de ensino superior receber um aluno surdo tem sido um fato novo e inédito, nesses casos geralmente a instituição estando despreparadas com seus professores e profissionais de educação com pouca ou nenhuma capacitação em Língua de Sinais, caindo no erro de concluir que a contratação de um intérprete resolve a situação inusitada. Assim, muitos professores que recebem um aluno surdo e que tem a presença de um intérprete na sala de aula acabam que confundindo sua função, transferindo para o mesmo a responsabilidade do ensino, enquanto que na verdade sua atribuição é de ser o intermediário entre o professor e o aluno, ou seja, tornar compreensível para o aluno a mensagem do professor, não o de ensinar. Essa função é exclusivamente do professor. É obvio que não se pode transferir para as instituições de ensino superior toda a responsabilidade de dar condições para um bom aproveitamento do aluno surdo. Cabe sim, de acordo com a lei, incluir a Libras como disciplina nas grades curriculares dos cursos de licenciatura. Outro desafio externo ao sujeito intérprete é o que se encontra no próprio sujeito surdo, não o de caráter social, cultural e econômico, mas sim, no que diz respeito à sua formação nos ensino fundamental e médio, uma vez que as propostas de escolas bilíngues para surdos no Brasil seguem o modelo de surdos inclusos em salas de maioria ouvintes. Esse modelo requer que trabalhem dois professores, um ouvinte e outro surdo, ou um professor ouvinte e um intérprete. Mas, em vista da falta de profissionais surdos devidamente qualificados e de intérpretes no país, muitas escolas têm salas com alunos surdos apenas com um professor ouvinte e que não domina a Língua de Sinais. Nesses casos o aproveitamento dos alunos surdos fica prejudicado em relação aos alunos ouvintes e em consequência disso sua formação também. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 29 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Assim, quando esse aluno surdo ingressar no ensino superior terá sua compreensão dos conteúdos prejudicada mesmo o intérprete fazendo uma tradução fluente e fiel dos conteúdos ministrados, pois o mesmo tem um déficit nos conteúdos básicos do ensino médio, não entendo alguns termos, conceitos, cálculos e fórmulas que o professor espera que seus alunos já dominem principalmente na área das ciências exatas. Existem ainda desafios que estão fora do sujeito intérprete e do sujeito surdo, são as barreiras encontradas nos discursos a serem interpretados. Segundo Quadros (2004 p. 27, 28):Intérprete de Língua de Sinais é o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do país e que é qualificado para desempenhar a função de intérprete (...) precisa ter qualificação específica para atuar como tal. Isso significa ter domínio dos processos, dos modelos, das estratégias e técnicas de tradução e interpretação. O profissional intérprete também deve ter formação específica na área de sua atuação (por exemplo, a área da educação). Ainda que o intérprete satisfaça esses requisitos existem discursos com vocabulário de palavras ou signos que ainda não possuem sinais com significados equivalentes pelo fato de ser novo e desconhecido para uma determinada comunidade surda em decorrência da sua alienação das informações desses discursos, geralmente por serem discursos com vocabulários que não fazem parte do convívio social e cultural dos surdos, tornando-se assim não-funcional e de pouco interesse; ou devido aos próprios fenômenos linguísticos naturais em todas as línguas orais e de sinais, com a aparição de novos signos em virtude da evolução ou surgimento de novas necessidades, sejam de cunho científico, de mercado de trabalho ou tecnológico. Como exemplo para o primeiro caso, digamos que uma surda de determinada comunidade seja a primeira a ingressar em um curso superior de química. Embora ela já tenha estudado determinados sinais de química básica e aprendido juntamente com os demais surdos, no entanto, sendo ela a primeira de sua comunidade a cursar química no ensino superior, em determinado momento ela vai se deparar com signos e conceitos de química bastante complexos e totalmente desconhecidos por ela e por todos os outros INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 30 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 surdos de suas comunidade, incluindo os ouvintes usuários da Libras, pois àquele discurso ou vocabulário até então não fazia parte do convívio cultural daquela comunidade, assim ela terá que criar soluções para resolver essa barreira talvez criando um novo vocabulário de sinais para a sua nova realidade. Para o segundo caso, o exemplo para os movimentos linguísticos em decorrência de novas necessidades, destaca-se a tecnologia. O avanço da tecnologia tem propiciado a criação de novos termos tanto nas línguas orais como nas línguas de sinais. A cada dia aparecem novas máquinas, novos softwares e novos equipamentos e componentes eletrônicos. Por fim, temos os limites e desafios que o intérprete encontra em sua própria atuação como profissional. São os limites e desafios impostos pela sua formação. O decreto de 2005 deixa claro que a formação de tradutor e intérprete de Libras ? Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras? Língua Portuguesa e na maior parte do Brasil as Universidades ainda não oferecem essa formação ideal para o profissional intérprete de libras. Os cursos de educação profissional, de extensão universitária e de formação continuada são uma alternativa na qualificação de intérpretes, o que muitas vezes é insuficiente principalmente nas regiões afastadas dos grandes centros e polos urbanos. Nessas regiões as novas informações, as inovações na área, as pesquisas realizadas e o progresso no âmbito dos estudos e na formação do intérprete demoram a chegar ou ficam isoladas desses movimentos, o que revela também a pouca interação que os intérpretes dessas regiões têm com outros intérpretes e surdos de outras localidades do país. Portanto, a profissão de intérprete de Libras, agora oficializada por lei, fascina e instiga àqueles que querem seguir essa carreira, trazendo junto muitas inquietações, desafios e dificuldades próprias e específicas com perspectivas de buscar novos conhecimentos, melhores condições de formação e qualificação, reconhecimento e valorização e, acima de tudo, a realização e satisfação profissional comum em qualquer área de atuação profissional. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 31 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Referências bibliográficas deste texto: MARQUES, Rodrigo Rosso; OLIVEIRA, Janine Soares. O Fenômeno de Ser Intérprete. In: QUADROS, Ronice Müller; STUMPF, Marianne Rossi. Estudos Surdos IV, p. 394-406. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2009. QUADROS, Ronice Müller. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa / Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos - Brasília: MEC; SEESP, 2004. QUADROS, Ronice Müller (Organizadora). Estudos Surdos III. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2008. SILVA, Ivanir Rodrigues. Línguas em contato e em conflito: a trajetória do aluno surdo na escola. In: Actas/Proceedings II Simpósio Internacional Bilinguismo, p. 1807-1813. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 32 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 O TRADUTOR / INTÉRPRETE DE LIBRAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL: desafios linguísticos no processo tradutório Danielle Vanessa Costa Sousa Este artigo traz breves concepções teóricas acerca do tradutor/intérprete de língua brasileira de sinais (Libras) além de comentários sobre sua formação e atribuições. O objetivo principal das discussões entre os conceitos é demarcar as características deste profissional, enfatizando as competências e habilidades para uma atuação satisfatória. Destaca-se na prática do tradutor/intérprete um fator de interferência linguística, termos da língua portuguesa, que ainda não possuem sinais correspondentes em Libras em contextos específicos, o que pode ocasionar entraves linguísticos e ausência de agilidade e coerência nas interpretações. O objeto de estudo fundamentou-se em pesquisas empíricas e bibliográficas. O tradutor/intérprete de Libras é um profissional que atua em diferentes contextos. O seu campo de trabalho é bastante amplo, pois corresponde a necessidade comunicativa dos surdos. Apesar dessa diversidade no exercício da profissão, as instituições de ensino destacam-se como áreas de maiores atuações do tradutor/intérprete, em menores proporções estão à presença em conferências, seminários, na realização de traduções escritas e acompanhamento aos surdos. De acordo com Quadros (2007, p.7) o tradutor/intérprete de Libras é conceituado como “a pessoa que interpreta de uma dada língua de sinais para outra língua, ou desta outra língua para uma determinada língua de sinais”. Dentro desse processo interpretativo, língua de sinais para língua oral e vice- versa destacam-se modalidades, competências e habilidades que o profissional deve envolver na sua prática. A atividade de traduzir/interpretar não deve ser entendida somente como um processo linguístico, é imprescindível que o profissional domine as línguas envolvidas e compreenda as ideias presentes nos discursos para além INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO INTÉRPRETE DE LIBRAS 33 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 das palavras, lembrando que em uma atividade de tradução/interpretação, além da gramática das línguas está a cultura, os aspectos sociais e emocionais presentes no contexto a ser interpretado. (…) o trabalho de interpretação não pode ser visto, apenas, como um trabalho linguístico. É necessário que se considere a esfera cultural e social na qual o discurso está sendo enunciado, sendo, portanto, fundamental, mais do que conhecer a gramática da língua, conhecer o funcionamento da mesma, dos diferentes usos da linguagem nas diferentes esferas de atividade humana. Interpretar envolve conhecimento de mundo, que mobilizado pela cadeia enunciativa, contribui para a compreensão do que foi dito e em como dizer na língua alvo; saber perceber os sentidos (múltiplos) expressos nos discursos. (LACERDA, 2009,
Compartilhar