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15/07/2020 UNIASSELVI - Centro Universitário Leonardo Da Vinci - Portal do Aluno - Portal do Aluno - Grupo UNIASSELVI Acadêmico: Crispiniano Batista Quintela Filho (1915099) Disciplina: História da América (HIS26) Avaliação: Avaliação Final (Discursiva) - Individual FLEX ( Cod.:514360) ( peso.:4,00) Prova: 20890315 Nota da Prova: 10,00 1. Certa vez, os índios vinham ao nosso encontro para nos receber, à distância de dez léguas de uma grande vila, com víveres e viandas delicadas de toda espécie e outras demonstrações de carinho. E tendo chegado ao lugar deram-nos grande quantidade de peixe, de pão e de outras viandas, assim como tudo quanto puderam dar. Mas eis incontinenti que o Diabo se apodera dos espanhóis e que passam a fio de espada, na minha presença e sem causa alguma, mais de três mil pessoas, homens, mulheres e crianças, que estavam sentadas diante de nós. Eu vi ali tão grandes crueldades que nunca nenhum homem vivo poderá ter visto semelhantes (LAS CASAS, 1542) A contundente narrativa faz parte da obra "Brevíssimo relato de destruição das Índias" do dominicano Las Casas. Em sua narrativa, representou os conquistadores e colonos espanhóis como "tiranos, ladrões e torturadores" e deu detalhes sobre as torturas praticadas contra os povos originários no novo mundo. A historiografia traz diversas narrativas sobre a América Espanhola; terra marcada por múltiplas violências. O seu processo de colonização teve como ponto de partida a evangelização e interesses econômicos. De acordo com os estudos de Viana e Marques (2010, p. 69) "os religiosos europeus que empreenderam o processo de evangelização na América hispânica estavam movidos pelo espírito da Contra-Reforma católica e pelos ideais triunfalistas próprios do século XVI". Do ponto de vista econômico, disserte sobre os objetivos iniciais dos espanhóis com relação à América e também sobre as atividades econômicas secundárias desenvolvidas nas novas terras e os trabalhadores responsáveis por essas atividades. FONTE: VIANA, Larissa; MARQUES, Lincoln dos Santos. História da América I. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010. 268 p. Disponível em: <file://grupouniasselvi.local/RDS/Users/82718148934/Downloads/47015.pdf>. Acesso em: 19 jul.2017.https://portaldoalunoead.uniasselvi.com.br/ava/notas/request_gabarito_n2.php 1/2 15/07/2020 RESPOSTA ESPERADA: A Espanha começou o processo de conquista e dominação dos povos que viviam na Mesoamérica no final do século XV e assim como os portugueses, tinham como objetivo inicial as transações econômicas e principalmente, a encontrar e explorar nas novas terras o ouro, a prata e pedras preciosas. Contudo, para explorar os metais preciosos e manter os colonos nas terras, era preciso desenvolver outras atividades complementares ou secundárias como, por exemplo: a produção agrícola, a confecção de vestimentas e ferramentas para o trabalho, a produção e comercialização de animais etc. Os trabalhadores responsáveis por desenvolver as atividades econômicas na América Espanhola eram os índios, os africanos escravizados, os mestiços. https://portaldoalunoead.uniasselvi.com.br/ava/notas/request_gabarito_n2.php%201/2%2015/07/2020 RESPOSTA DO UNIVERSITÁRIO: As primeiras investidas espanholas na América ocorreram a partir da Ilha de São Domingos e Haiti (Ilha Hispaniola), de onde partiram Hernán Cortez e Francisco Pizarro para a conquista respectiva dos povos Asteca (México) e Inca (Peru). Os metais preciosos, em falta na Europa, sobravam na América, e foi um dos principais motivos da colonização espanhola, cuja metrópole adotava o mercantilismo (balança comercial favorável) que tinha como lastro o metal. Para estabelecer o controle sobre suas colônias, a Espanha dividiu-as em 4 vice-reinos: Nova Espanha (México); Nova Granada (Colômbia e Equador); Peru; e Rio da Prata (Uruguai, Paraguai, Bolívia e Argentina). Ao lado deles, criou 4 capitanias gerais: Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile. Para administrá-los o rei nomeava vice-reis e capitães-gerais que tinham poderes abrangentes. Os governantes contavam com a ajuda das audiências – tribunais responsáveis pela justiça, Igreja e Forças Armadas. Outro organismo de governo eram os cabildos – espécies de câmaras municipais, que controlavam a polícia, fixavam impostos e faziam as leis das vilas e cidades. Igreja e realeza trabalhavam juntas e se auxiliavam mutuamente para controlar as colônias econômica e socialmente: o Papa concedeu ao rei o direito de administrar os interesses da Igreja nas Américas, tendo como contrapartida a expansão do catolicismo. Para isso havia duas frentes: as missões (aldeamento para catequizar os índios, integrando-os aos costumes europeus) e os tribunais da Inquisição – instalados na Nova Espanha e no Peru (que julgavam os hereges – contrários à fé cristã). O sistema colonial voltou-se exclusivamente para a obtenção de metais preciosos. E uma das áreas mais importantes foi o golfo do México, onde se localizava o porto de Vera Cruz. Dali saíam ouro e prata ruma à Sevilha, cuja casa de contratação controlava o comércio colonial ultramarino. Os trabalhadores responsáveis por essas atividades dividiam-se em diversas categorias. Os Índios e africanos (estes últimos comprados dos portugueses prioritariamente pras lavouras) ocupavam o piso da pirâmide social e trabalhavam nas minas escravizados. Para disfarçar a escravidão indígena, instituiu-se a figura das encomiendas: o dono das terras deveria cristianizar os índios, conquistando em troca o “direito” de receber deles (índios) um pagamento em trabalho. Havia também a mita (de origem inca): modalidade de trabalho forçado que tinha, como base da mão de obra, a utilização de alguns homens pertencentes a comunidades dominadas. Era usada particularmente na exploração das minas (como a de Cerro Rico de Potosí – na atual Bolívia) por aproximadamente quatro meses, sendo que após esse período, novos trabalhadores eram sorteados para uma mesma jornada. A prática da mita trouxe efeitos devastadores sobre a saúde daqueles que eram escolhidos para o trabalho compulsório, e contribuiu significativamente para a desestruturação de inúmeras comunidades indígenas andinas. Havia também os mestiços: oriundos da interação entre brancos e índios. Trabalhavam como homens livres, mas, além de não terem muito prestígio, eram explorados tanto no campo como na cidade. Os espanhóis que vinham da Espanha e que ocupavam altos cargos na administração (chapetones) gozavam de privilégios, em contraposição aos seus descendentes (criollos) nascidos na América e que possuíam grandes propriedades rurais, arrendavam minas, e ocupavam cargos de menor expressão na administração e na defesa pública. Ocupavam o topo da pirâmide socioeconômica. Com o passar do tempo e a miscigenação, a população nas colônias cresceu e as necessidades aumentaram, o que contribuiu para recrudescer as atividades econômicas secundárias: gêneros alimentícios, vestuários, ferramentas, agropecuária, e demais atividades complementares passaram a servir de base para sustentar a manutenção dos colonos – os quais buscaram, durante mais de 3 séculos, a prosperidade econômica por intermédio da extração de riquezas minerais nas Américas. 2. O Grupo de Oficiais Unidos tomou o poder na Argentina em 1943, pois não concordavam com o retrocesso político, econômico e social que teve início em 1930 e, ainda, com a medidas tomadas por governos civis que tornavam o país progressivamente dependente da Inglaterra. Em meio a esse cenário, inicia a história política de Juan Perón, um jovem oficial do Grupo de Oficiais Unidos que representava o segmento nacionalista na Argentina. Partindo do pressuposto, disserte sobre a trajetória política de Perón e quais foram as medidas que implementou em seu governo que o tornaram tão popular. RESPOSTA ESPERADA: Perón estava à frente da Secretaria do Trabalhoe tratou de devolver as leis trabalhistas conquistada pelos trabalhadores e pelas organizações sindicais e, ainda, aumentou o salário dos argentinos. Com essas medidas, Perón ganhou o apoio das massas, mas desagradou a Junta Militar que governava o país e foi preso em 1945, o que fez crescer ainda mais a sua popularidade. Perón também tratou de incentivar a modernização, industrialização da Argentina e as exportações de gênero agrícola, que encontravam um amplo mercado consumidor. Ocorre que, com o término da Segunda Guerra Mundial, a Europa estava destruída e necessitava importar todo tipo de produto, sobretudo, gêneros agrícolas de outras regiões do mundo, o que contribuiu muito para o desenvolvimento econômico da Argentina e demais países da América Latina. https://portaldoalunoead.uniasselvi.com.br/ava/notas/request_gabarito_n2.php RESPOSTA DO UNIVERSITÁRIO: Juan Perón surgiu no cenário político num momento histórico em que a Argentina estava abandonando a tradicional e arcaica economia agrícola exportadora, para se lançar no processo de modernização de sua economia rumo à industrialização, propiciando o surgimento de lideranças que rompessem com as velhas oligarquias. Durante os anos 30, conhecido como a Década Infame, a Argentina vivia um período de retrocesso – tanto nas questões políticas quanto nas sociais: acabaram com o salário mínimo, achataram os salários dos operários, sindicatos foram fechados e, além do mais, havia a submissão do País a interesses estrangeiros com quem praticava um comércio baseado na troca desigual de produtos industrializados por matérias primas – particularmente com a Inglaterra – que ainda se utilizava de barreiras sanitárias, fitossanitárias, tarifárias e protecionistas, além de contratos abusivos de empresas britânicas (de ferrovias, de utilidade pública, frota mercante e de terras) que colocavam a economia do País sob forte dominação estrangeira. Por outro lado, ao final da década de 30, a economia internacional estava em crise – devido ao colapso capitalista e ao crack da bolsa de NY. Durante a industrialização e a urbanização, surgidas no período de apoio aos países envolvidos na II GM, novas forças políticas surgem na Argentina – operários e setores médios (estudantes, intelectuais e militares) que passaram a responsabilizar o monopólio político das antigas oligarquias. Ante toda essa situação, surge o militar Juan Domingo Perón – pertencente ao partido do Grupo de Oficiais Unidos (GOU) – que assumiu o poder do País em 1943, com a promessa de devolver a moralização, a modernização e restaurar a democracia no país. Chefiando o Departamento Nacional do Trabalho e do Bem-estar Social, o coronel Perón tornou-se o homem forte do novo regime e estabeleceu uma sólida base de apoio junto à classe operária, através da legislação trabalhista e previdenciária: pensão para aposentados, férias remuneradas e maiores salários. Com isso ganhou popularidade junto às massas, fato que desagradou a junta militar que governava o País. Em outubro de 45, no ano em que se tornara Ministro da Guerra e Vice-presidente, e após uma conspiração da Marinha que o retirou da vice-presidência para colocá-lo na prisão, Perón foi libertado graças à mobilização popular encorajada por seus seguidores do Exército, da Igreja e da política. Como consequência, seu carisma junto ao povo cresceu ainda mais, levando-o à presidência em 1946. https://portaldoalunoead.uniasselvi.com.br/ava/notas/request_gabarito_n2.php Até 1950, a Argentina – com divisas acumuladas e o comércio de produtos agrícolas de clima temperado abastecendo fartamente o mercado europeu pós-guerra (que absorvia grande parte dos produtos de outras regiões do mundo para a sua manutenção e reconstrução), conseguiu amealhar recursos para as suas obras de infraestrutura, melhorando a qualidade de vida da população argentina. Seguindo na esteira da prosperidade econômica, Juan Perón adotou uma política de conciliação de classes sociais a fim de alcançar um desenvolvimento econômico autônomo. E com o apoio operário mantido pela política social paternalista, administrada com eficiência por Eva Perón – sua esposa e “fada madrinha” dos humildes (os descamisados) e porta-voz das reivindicações trabalhistas – Perón aumentou o controle do Estado sobre a economia, nacionalizou os serviços públicos (ferrovias, telefones, gás, transportes públicos e algumas empresas de energia elétrica), defendeu reformas sociais limitadas para manter o seu apoio popular, investiu nas indústrias de base – com a finalidade de fornecer matéria-prima e energia a baixo custo para o setor privado, promulgou leis trabalhistas, aumentou o salário da classe trabalhadora, garantiu o aumento da taxa de emprego, de assistência médica, mantendo e ampliando as conquistas sociais em prol do povo – o que garantiu a solidez e a legitimidade de seu governo, além de torná-lo extremamente popular.
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