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Meio Ambiente e Constituição 
 
 
 
Meio Ambiente e Constituição 
Introdução 
As exigências de desenvolvimento econômico, apoiadas por um 
desenvolvimento científico e tecnológico jamais vivenciado, principalmente a 
partir de meados do século XX, levaram a severas e incontornáveis 
consequências para o meio ambiente por conta da utilização indiscriminada dos 
recursos naturais como meio para o desenvolvimento econômico pretendido a 
partir dos anos 50. A produção de bens e serviços massificada por processos 
globais realizados por grandes corporações, assim como o aprimoramento das 
tecnologias, da engenharia genética e o consumismo que marcam e 
caracterizam o final do século XX e o início deste século XXI, aliados à falta de 
preocupação com os possíveis e inexoráveis danos provocados ao meio 
ambiente por estes processos, conduziram aos fenômenos das mudanças 
climáticas que agora os Estados esforçam-se para mitigar e alcançar a 
necessária sustentabilidade ambiental, conjugando de maneira responsável o 
desenvolvimento econômicos e tecnológico com a preservação do meio 
ambiente para as gerações futuras. 
 
No plano normativo internacional o meio ambiente passou a gozar de 
proteção a partir de 1972, com a Declaração de Estocolmo. Em 1992, a 
Declaração do Rio estabelece o princípio da sustentabilidade que garante aos 
Estados o direito ao desenvolvimento, mas reconhecendo o meio ambiente 
como parte integrante deste desenvolvimento. Desde então, nas 
Conferências sobre Desenvolvimento Sustentável da ONU os Estados vêm 
tentando implementar o conjunto de medidas necessárias para garantir a 
integridade do meio ambiente mitigando as consequências já instaladas das 
mudanças climáticas no planeta. 
Esta realidade demanda o empenho de todos na busca de soluções concretas 
que possam mitigar os efeitos destas profundas mudanças, não só dos 
Estados, mas da sociedade civil e das corporações. Neste sentido, a rede de 
soluções para o desenvolvimento sustentável das Nações Unidas divulgou 
 
 
 
também em 2014 os 17 objetivos e as respectivas metas para o 
desenvolvimento sustentável que devem nortear o caminho em busca de 
soluções efetivas para 2030 e como consequência desta iniciativa foi 
elaborado o texto do Acordo de Paris em 11 de dezembro de 2016, através 
do qual os Estados pretendes fortalecer a resposta global às ameaças das 
mudanças climáticas em um contexto de desenvolvimento sustentável e os 
esforços para erradicar a pobreza. 
 
Diante deste contexto, nesta disciplina buscar-se-á compreender o direito 
constitucional ambiental brasileiro em sua inter-relação com o direito 
internacional do meio ambiente, tendo como parâmetro a relação entre direitos 
humanos e direitos fundamentais e sua interpretação no direito constitucional 
brasileiro. 
 
Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 
 
1. Compreender o meio ambiente como valor no modelo 
neoconstitucionalista brasileiro a partir da Constituição Federal de 1988; 
2. Compreender os princípios constitucionais do meio ambiente a partir do 
conceito de princípio constitucional e sua normatividade na Constituição 
brasileira; 
3. Compreender o direito fundamental ao meio ambiente sadio a partir do 
conceito de direito fundamental, suas garantias, sua natureza, suas 
características, sua importância no regime constitucional brasileiro e sua 
relação com os direitos humanos; 
4. Conhecer estruturalmente o direito constitucional do meio ambiente a 
partir dos princípios constitucionais e sua interpretação doutrinária e 
jurisprudencial. 
5. Identificar e analisar os conflitos entre os princípios do meio ambiente e 
os demais princípios constitucionais à luz da jurisprudência do STF. 
 
 
 
6. Apresentar aos alunos novas questões e as novas propostas e tendências 
em termos normativos, executivos e jurisprudenciais. 
Aula 1: A globalização econômica, mudanças climáticas e o 
papel do Estado na proteção do meio ambiente 
 
Introdução 
A segunda metade do século XX foi marcada, por um lado, pelo crescimento 
acelerado da industrialização, pelo surgimento de uma economia de mercado 
global e das grandes corporações, pelo desenvolvimento da ciência e da 
tecnologia, pelo rápido crescimento demográfico e por outro lado, pelo 
agravamento das desigualdades, pela desnutrição generalizada, pelo 
esgotamento dos recursos naturais não renováveis e pela deterioração 
ambiental. 
 
Nos últimos 100 anos a temperatura do planeta aumentou 0,6 graus, mas 
somente na década de 90 relacionou-se este aquecimento global à emissão de 
gases de efeito estufa e o desenvolvimento econômico às mudanças climáticas. 
A partir deste marco a proteção do meio ambiente passa a ser guiada pelo 
princípio do desenvolvimento sustentável, introduzido pela Declaração do Rio 
de 1992 e nas Convenções da Biodiversidade e da Mudança do Clima. 
 
O desequilíbrio ambiental causado pelo impactante desenvolvimento econômico 
vivenciado nas últimas décadas vem provocando mudanças climáticas com 
efeitos irreversíveis que estão alterando substancialmente as condições de vida 
no planeta, ameaçando seriamente a saúde, a segurança, o cultivo e a 
produção de alimentos, a água e outras e outras dimensões. 
Nesta aula serão apresentados o contexto atual da globalização econômica e 
mudanças climáticas e os desafios que impõem, principalmente ao Estado, a 
quem se atribui o dever de proteger e realizar os direitos fundamentais e os 
direitos humanos. 
 
 
 
Sendo assim, esta aula tem como objetivos: 
 
1. Compreender o contexto atual de globalização econômica e de mudanças 
climáticas e a relação entre os dois processos em nível global e local. 
2. Compreender e analisar o papel do Estado, como realizador dos direitos 
fundamentais e dos direitos humanos, no enfrentamento dos desafios 
impostos pelos processos de globalização econômica e das mudanças 
climáticas. 
Conteúdo 
A globalização econômica: o mercado e o enfraquecimento do poder do Estado 
 
A segunda metade do século XX foi marcada, por um lado, pelo crescimento 
acelerado da industrialização, pelo surgimento de uma economia de mercado 
global e das grandes corporações, pelo desenvolvimento da ciência e da 
tecnologia, pelo rápido crescimento demográfico e por outro lado, pelo 
agravamento das desigualdades, pela desnutrição generalizada, pelo 
esgotamento dos recursos naturais não renováveis e pela deterioração 
ambiental. 
 
O processo de desenvolvimento da economia de mercado global vem de 
longe. A expansão do mercado para além das fronteiras nacionais que a 
caracteriza foi um dos ingredientes que possibilitaram a passagem de uma 
economia mercantilista para um capitalismo mercantil1 e daí para um sistema 
auto regulável e mundial. Entre o início do século XVII e meados do sec. XVIII 
o mercado estrangeiro cresceu sete vezes e esta expansão teve como 
consequência o aumento da quantidade de capital que saía do monopólio do 
Estado e se acumulava na esfera privada e esta acumulação “original” foi uma 
das condições originais do capitalismo como sistema de produção que 
alavancado pelo desenvolvimento tecnológico e científico resultou no que se 
 
1 O surgimento dos Bancos para superar os problemas econômicos oriundos deste processo 
expansionista. 
 
 
 
passou a denominar de globalização da economia ou economia de mercado 
global. 
 
A Globalização econômica é uma tendência recente2 da economia em direção 
ao aumento de fluxos internacionais de bens que mudou qualitativamente a 
natureza da integração econômica que passa então a ser baseada no mercado, 
mercado este formado por ações de agentes economicos tais como 
investidores, empresas e consumidores, deslocando-se rapidamente para além 
dos Estados e determinando o fluxo de bens e serviços dentro e fora das 
fronteiras nacionais. A economia de mercado global é caracterizada,então, pela 
extensão da integração de uma economia baseada no mercado a todas as 
fronteiras locais, regionais ou nacionais e que teria como função fornecer à 
humanidade os meios para alcançar desenvolvimento e prosperidade. 
 
O processo de globalização pode ser descrito pela conjunção de alguns fatores, 
algumas afinidades eletivas 
 
O progresso científico e tecnológico em curso, associados à 
expansão planetária da economia de mercado, ao aumento 
contínuo do comércio de bens e serviços , à dependência 
crescente das economias nacionais a vista de seu comércio , às 
mudanças nos modos de produção, no papel crescente dos 
serviços, dos fluxos de capital e das empresas transnacionais na 
economia capitalista, à conexão sempre mais forte das sociedades 
nacionais e à porosidade das fronteiras estatais, são algumas das 
manifestações das mudanças econômicas e sociais, cuja 
 
2 Podemos tomar como marco o século XX e o século XXI. 
 
 
 
intensidade, rapidez e talvez novidade constituam bem uma das 
marcas distintivas da mundialização.3 
 
A internacionalização da produção e a internacionalização das operações 
financeiras como característica do processo de globalização econômica são uma 
das principais causas do enfraquecimento do poder do Estado, já que o 
interesse das corporações transnacionais, que são responsáveis pelas cadeias 
de produção e do mercado financeiro, “está principalmente na lucratividade 
global, e seu país de origem pode ter pouca importância em sua estratégia de 
conjunto4. 
 
As mudanças no cenário mundial - especificamente no que tange à crescente 
difusão das empresas transnacionais - jamais teriam acontecido sem o 
progresso tecnológico que favoreceu a internacionalização da produção de bens 
e serviços, um movimento que não poderia ser contido, diante do imenso poder 
econômico que se consolidava nestas empresas. Enquanto que a importância 
política das empresas transnacionais que proporcionalmente se expandem, a 
autonomia dos Estados diminui, uma vez que estes se submetem às suas 
estratégias que implicam em produção de riqueza e progresso tecnológico.5 
 
As interconexões globais, provocadas pela economia de mercado global, 
reduzem o poder do Estado no controle de atividades realizadas dentro e fora 
do seu território e mais ainda, a expansão das forças e interações 
transnacionais reduzem e restringem a influência que os governos têm sobre a 
atividade dos seus cidadãos6 
 
 
3 (SENARCLENS, 2002). 
4 (HELD, 1991, p. 167). 
5 Ibidem (SENARCLENS, p. 75) 
6Ibidem (HELD, p. 167). 
 
 
 
Segundo Otavio Ianni, O impacto desta transnacionalização da economia, 
através das corporações transnacionais tem sérias implicações na realidade 
sócio econômica dos Estados, já que estas empresas “(...) desenraizam-se 
progressivamente, planejando e concretizando as suas atividades em termos 
de geoeconomias próprias, muitas vezes alheias às peculiaridades ou 
idiossincrasias de governos nacionais ”7 
A globalização econômica e as consequências para o meio 
ambiente. 
 
As consequências deste processo de globalização econômica para o meio 
ambiente são drásticas. Nos últimos 100 anos a temperatura do planeta 
aumentou 0,6 graus, mas somente na década de 90 relacionou-se este 
aquecimento global à emissão de gases de efeito estufa e o desenvolvimento 
econômico às mudanças climáticas. A partir deste marco, a proteção do meio 
ambiente passa a ser guiada pelo princípio do desenvolvimento sustentável, 
introduzido pela declaração do rio de 1992 e nas convenções da biodiversidade 
e da mudança do clima. 
 
O desequilíbrio ambiental causado pelo impactante desenvolvimento econômico 
vivenciado nas últimas décadas vem provocando mudanças climáticas com 
efeitos irreversíveis que estão alterando substancialmente as condições de vida 
no planeta, ameaçando seriamente a saúde, a segurança, o cultivo e a 
produção de alimentos, a água e outras e outras dimensões. 
 
As mudanças climáticas já são realidade no Brasil e já impactam a produção 
de alimentos, a água, a qualidade do solo segurança alimentar. O Painel 
Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) organizou dados e informações 
indicando que as diferentes regiões do Brasil já apresentam registros de 
 
7 (IANNI, 1999, p. 190). 
 
 
 
 
variações em seus climas característicos. A previsão do PBMC é que as 
mudanças afetem de maneira não uniforme, o que dificulta o enfrentamento, 
não só os sistemas naturais, mas os humanos, de infraestrutura e o produtivo 
do país. 
Ainda segundo o Painel, um aumento da temperatura poderá conduzir a um 
incremento na frequência de eventos extremos nas diferentes regiões do 
Brasil, bem como uma alteração no regime das chuvas, com maior ocorrência 
de secas, inundações, alagamentos, deslizamentos de encostas e 
consequentes deslocamentos populacionais das regiões atingidas. Essas 
alterações terão consequências na sociedade, nos ecossistemas e nos 
diferentes setores da economia. 
 
À curto prazo, mudanças extremas provocam quebra de safra agrícola, com 
problemas de escassez para a oferta de alimentos e alta volatilidade dos 
preços, afetando diretamente o acesso físico e econômico aos alimentos. A 
combinação dos efeitos decorrentes das mudanças climáticas impactará o 
sistema de abastecimento alimentar brasileiro, os preços dos alimentos, a 
cesta e o orçamento alimentar das famílias. 
 
O Painel Brasileiro de Mudança do Clima estimou possíveis impactos das 
mudanças climáticas para o Brasil e a América do Sul que consistem na 
extinção de hábitats e de espécies, principalmente na região tropical; 
substituição de florestas tropicais por savanas e vegetação semiárida por 
árida; aumento de regiões em situação de estresse hídrico, ou seja, sem 
água suficiente para suprir as demandas da população e aumento de pragas 
em culturas agrícolas e de doenças, como a dengue e malária (PBMC. 2013, 
p. 16). 
 
 
 
 
Relatórios do PBMC e do IPCC (ONU) revelam que a América do Sul e o Brasil 
já apresentam registros de mudanças do clima previstos em modelos 
climáticos. a) aumento de temperatura de até 2,5ºC na região costeira do 
Brasil entre 1901 e 2012; b) aumento do número de dias com chuvas acima 
de 30 mm na região sudeste; c) aumento da temperatura do mar no 
Atlântico Sul e mudanças na salinidade; c) amento na ocorrência, intensidade 
e influência dos eventos de ENOS no clima continental do país (El Nino 
Pacifico Leste Equatorial, La Nina e El Nino Pacifico Central) 
 
Neste cenário devemos compreender o papel do Estado na garantia de um 
meio ambiente equilibrado e sadio para todos, o que significa compreender os 
limites e possibilidades do direito ambiental brasileiro, orientado a partir da 
Constituição como um direito fundamental que deve ser garantido e realizado 
pelo Estado. 
A plena realização do direito ao maio ambiente equilibrado no Brasil depende 
do cumprimento de obrigações positivas e negativas impostas ao Estado pelo 
direito internacional, pela Constituição Brasileira e por todo o sistema normativo 
criado a partir dela, obrigações que sofrem o impacto constante das exigências 
da inserção do Brasil no mercado global, cuja importância vem crescendo nas 
últimas duas décadas. 
 
O contexto do enfraquecimento do poder político, da influência que o mercado 
exerce internamente não isenta o Brasil de sua obrigação de respeitar, garantir 
e realizar o direito à um meio ambiente equilibrado e sadio, o que implica em 
garantir a todos o direito à vida, à saúde, à alimentação adequada, todos 
direitos humanos fundamentais. 
 
Para compreender os limites e possibilidades do cumprimento deste dever 
fundamental do Estado é necessário conhecer as normas constitucionais – e 
infraconstitucionais - e as internacionais como o sistemaque orientar e 
 
 
 
comanda o Estado na persecução de seus objetivos e metas internas e 
internacionais. 
 
Exercícios de fixação 
 
Pergunta 1: A definição de desenvolvimento sustentável mais usualmente 
utilizada é a que procura atender às necessidades atuais sem comprometer a 
capacidade das gerações futuras. Isso significa optar pelo consumo de bens 
produzidos com tecnologia e materiais menos ofensivos ao meio ambiente, 
utilização racional dos bens de consumo, evitando-se o desperdício e o excesso 
e ainda, após o consumo, cuidar para que os eventuais resíduos não 
provoquem degradação ao meio ambiente. Principalmente: ações no sentido de 
rever padrões insustentáveis de consumo e minorar as desigualdades sociais. O 
Brasil está em uma posição privilegiada para enfrentar os enormes desafios que 
se acumulam. Abriga elementos fundamentais para o desenvolvimento: parte 
significativa da biodiversidade e da água doce existente no planeta; grande 
extensão de terras cultiváveis. De acordo com esta definição, o 
desenvolvimento sustentável pressupõe: 
 
a) traçar um novo modelo de desenvolvimento econômico para nossa sociedade 
com o uso racional dos recursos naturais disponíveis e indisponíveis. 
b) a redução do consumo das reservas naturais com a consequente estagnação 
do desenvolvimento econômico e tecnológico; 
c) a preservação do equilíbrio global e do valor das reservas de capital natural, 
o que não justifica a desaceleração do desenvolvimento econômico e político de 
uma sociedade; 
d) a distribuição homogênea das reservas naturais entre as nações e as regiões 
em nível global e regional. 
Opção e: que o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a 
permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de 
desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras. 
 
 
 
 
Pergunta 2: “Um acordo inédito assinado por 195 países neste sábado deve 
renovar as chances para se salvar o planeta... este é o primeiro passo nesta 
direção e mostra que as nações do mundo inteiro estão finalmente no mesmo 
barco — inclusive os Estados Unidos e a China, os maiores poluidores que, pela 
primeira vez, se comprometeram com ações concretas globais para a redução 
de emissões” (O Globo, dia 12/12/2015). Com relação ao acordo de Paris, 
marque a opção correta: 
a) O acordo de Paris marca um retrocesso na busca de soluções para as 
mudanças climáticas, já que não reconhece a urgência na redução das 
emissões de gases de efeito estufa. 
b) O acordo exime os países desenvolvidos de ajudar financeiramente os países 
em desenvolvimento na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, por não 
reconhecer o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada. 
c) Acordo de Paris não reconhece a prioridade fundamental no combate à fome 
e não reconhece as vulnerabilidades dos sistemas de produção alimentar aos 
impactos adversos das alterações climáticas. 
d) O acordo estabelece, dentre outros, o compromisso de manter a 
temperatura média global a menos de 2 ° C acima dos níveis pré-industriais e 
de prosseguir os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 ° C 
acima dos níveis pré-industriais. 
Gabarito: D 
 
Pergunta 3: Acerca do direito ambiental, julgue Certo ou Errado o 
seguinte item: 
O desenvolvimento sustentável contempla as dimensões humana, física, 
econômica, política, cultural e social em harmonia com a proteção 
ambiental. Logo, como requisito indispensável para tal desenvolvimento, 
todos devem cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza, de forma 
a reduzir as disparidades nos padrões de vida e melhor atender às 
necessidades da maioria da população do mundo. 
Gabarito: Certo 
 
 
 
 
Pergunta 4: Pergunta: “O Brasil deu um passo importante ao estabelecer um 
Plano Nacional de Mudanças Climáticas com metas para a redução do 
desmatamento da Amazônia e, por consequência, das emissões de gases do 
efeito estufa. O documento, porém, deixa uma lacuna em relação às 
adaptações aos danos que devem ser provocados pelo aquecimento global, 
mesmo se as emissões fossem zeradas hoje.” (O Estado de S. Paulo, Especial 
H4, 5 de dezembro de 2008). Esta afirmação traz uma questão fundamental: 
 
a) as metas do Plano Nacional de Mudanças Climáticas. 
b) a ausência de planos de adaptação aos efeitos do aquecimento global. 
c) as políticas de redução do desmatamento da Amazônia. 
d) os estudos de cientistas em torno das mudanças climáticas. 
e) a preocupação de ambientalistas quanto aos efeitos catastróficos do clima. 
Referências 
 
FEARNSIDE, Philip M. Desmatamento na Amazônia: dinâmica, impactos e 
controle. Acta Amazonia, v. 36, n. 3, 2006, p. 395-400. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/aa/v36n3/v36n3a18.pdf>. 
HELD, David. A democracia, o estado-nação e o sistema global. In: 
CONFERÊNCIA APROFUNDANDO E GLOBALIZANDO A DEMOCRACIA. Lua 
Nova, n. 23, Yokohama, Japão, 17 a 22 mar. 1990. Trad. Regis de Castro 
Andrade. 
IANNI, Otavio. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 
1999. 
SENARCLENS, Pierre de. La mondialisation: théories, enjeuz e débats. Édition 
Dalloz, Paris, 3. ed., 2002. 
 
 
 
 
Aula 2: O meio ambiente e o neoconstitucionalismo 
brasileiro 
Introdução 
 
O modelo neoconstitucionalista brasileiro foi introduzido pela Constituição de 
1988, transportando o Brasil de um regime autoritário para o Estado 
Democrático de Direito, fundado no respeito aos direitos fundamentais e na 
justiça social. Este novo direito constitucional, resultado da superação da 
tradição das escolas jusnaturalista e positivista, surge como um novo conjunto 
de ideias denominado “pós-positivista, trazendo mudanças significativas para o 
direito constitucional, como a atribuição de normatividade à Constituição, a 
expansão da jurisdição constitucional para uma esfera objetiva e uma nova 
hermenêutica constitucional. Como resultado destas mudanças, o direito se 
constitucionaliza como consequência direta da supremacia da Constituição que 
se torna agora o fundamento de validade de todo o sistema de normas, nele 
incluído o direito ambiental brasileiro. 
 
Nesta aula será apresentado o modelo neoconstitucionalista brasileiro, seu 
marco histórico no Brasil, suas características e fundamentos, comparando-o 
com o modelo anterior de perfil positivista. Esta aula tem também como 
objetivo a compreensão acerca ideia de Constituição suprema, com força 
expansiva sobre todo o sistema jurídico que se constitucionaliza como 
consequência da força normativa da Constituição, o que possibilitará a 
compreensão acerca da dimensão constitucional da proteção do meio ambiente 
no Brasil. 
. 
Sendo assim, esta aula tem como objetivos: 
 
1. Conhecer o modelo neoconstitucionalista brasileiro, seu marco histórico 
no Brasil, suas características e fundamentos. 
 
 
 
2. Compreender a ideia de supremacia constitucional e sua relação com a 
constitucionalização do direito ambiental 
Conteúdo 
O neoconstitucionalismo e o direito brasileiro 
 
O Estado moderno se consolida no século XX sob a forma de Estado de Direito, 
o Estado limitado por uma Constituição escrita, cujo núcleo essencial são as 
normas de repartição e limitação do poder, o que compreende as normas de 
proteção dos direitos individuais contra o próprio poder do Estado. O poder do 
Estado é limitado em face do reconhecimento dos direitos individuais. No 
entanto, a noção de democracia ainda não estava incluída neste ideal de Estado 
só veio a ser incorporada com o reconhecimento formal da fonte do poder 
constituinte, do procedimento adequado ao seu exercício e do estabelecimento 
das obrigações positivas e negativas dos órgãos de poder do Estados. Só então, 
o Estado constitucional de direito ou Estado democrático de direito é 
introduzido. 
 
Esta virada foi sustentada por um amplo e profundo debate teórico e filosófico 
que se deu ao longo doséculo XX sobre o conceito de estado de direito e de 
democracia, debate que ainda ecoa no direito constitucional, na tentativa de 
superar as dificuldades de compatibilização entre soberania popular e direitos 
fundamentais, de justiça e pluralismo. 
 
A passagem do Estado de direito para o Estado democrático de direito envolve 
um importante debate filosófico entre jusnaturalistas e positivistas. Segundo 
Barroso8: 
 
O jusnaturalismo moderno, desenvolvido a partir do século XVI, 
aproximou a lei da razão e transformou-se na filosofia natural do 
Direito. Fundado na crença em princípios de justiça 
 
8 BARROSO, 2007, p. 5 
 
 
 
universalmente válidos, foi o combustível das revoluções liberais e 
chegou ao apogeu com as Constituições escritas e as codificações. 
Considerado metafísico e anticientífico, o direito natural foi 
empurrado para a margem da história pela ascensão do 
positivismo jurídico, no final do século XIX. Em busca de 
objetividade científica, o positivismo equiparou o Direito à lei, 
afastou-o da filosofia e de discussões como legitimidade e justiça 
e dominou o pensamento jurídico da primeira metade do século 
XX. Sua decadência é emblematicamente associada à derrota do 
fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha, regimes que 
promoveram a barbárie sob a proteção da legalidade. Ao fim da 
2a. Guerra, a ética e os valores começam a retornar ao Direito. 
 
O fracasso do jusnaturalismo, por sua justificação metafísica e a superação do 
positivismo, por sua formalidade e legalidade estrita, levam o direito ao pós-
positivismo, cuja influência é determinante na Constituição Brasileira de 1988. 
Este conjunto de ideias chamadas de pós-positivismo ou principialismo, pode 
ser identificado pelo reconhecimento da normatividade dos princípios, pela 
definição de suas relações com valores e regras, pela volta da argumentação 
jurídica, pela formação de uma nova hermenêutica constitucional e de uma 
teoria dos direitos fundamentais sustentadas na dignidade da pessoa humana. 
Segundo Barroso, “nesse ambiente, promove-se uma reaproximação entre o 
direito e a ética”. (BARROSO, 2007, p. 15) 
 
A Constituição de 1988 é o marco da fase pós-positivista do direito brasileiro, o 
neoconstitucionalismo. Neste novo paradigma, a constituição passa a ser um 
sistema aberto de normas jurídicas que não contempla apenas regras jurídicas 
biunívocas, formalmente postas pelo legislador, mas um conjunto regras e 
princípios, “que tiveram de conquistar o status de norma jurídica, superando a 
crença de que teriam uma dimensão puramente axiológica58, ética, sem 
eficácia jurídica ou aplicabilidade direta e imediata.”9 
 
9 (BARROSO, 2001, p. 21) 
 
 
 
 
O reconhecimento da normatividade dos princípios e sua distinção qualitativa 
com relação às regras é um dos identificadores do pós-positivismo e guia todo 
um debate teórico acerca dos traços distintivos entre estas duas espécies de 
normas jurídicas. Segundo Barroso, o fato de que princípios consagram valores 
é um destes traços: 
 
O reconhecimento de normatividade aos princípios e sua distinção 
qualitativa em relação às regras é um dos símbolos do pós-
positivismo (v. supra). Princípios não são, como as regras, 
comandos imediatamente descritivos de condutas específicas, mas 
sim normas que consagram determinados valores ou indicam fins 
públicos a serem realizados por diferentes meios. A definição do 
conteúdo de cláusulas como dignidade da pessoa humana, 
razoabilidade, solidariedade e eficiência também transfere para o 
intérprete uma dose importante de discricionariedade. Como se 
percebe claramente, a menor densidade jurídica de tais normas 
impede que delas se extraia, no seu relato abstrato, a solução 
completa das questões sobre as quais incidem. Também aqui, 
portanto, impõe-se a atuação do intérprete na definição concreta 
de seu sentido e alcance. (BARROSO, 2007, p. 13). 
 
Por terem uma carga valorativa, os princípios não são aplicados tal como 
regras, ou seja, um tudo ou nada. No caso das normas-regra sua aplicação é 
dada por sua validade formal; se válida é aplicável, se inválida não é aplicável. 
Os princípios têm dimensão de penso e sua aplicação dependerá da ponderação 
com outros princípios dentro do sistema constitucional. 
 
Princípios contêm, normalmente, uma maior carga valorativa, um 
fundamento ético, uma decisão política relevante, e indicam uma 
determinada direção a seguir. Ocorre que, em uma ordem 
pluralista, existem outros princípios que abrigam decisões, valores 
 
 
 
ou fundamentos diversos, por vezes contrapostos. A colisão de 
princípios, portanto, não só é possível, como faz parte da lógica 
do sistema, que é dialético. Por isso a sua incidência não pode ser 
posta em termos de tudo ou nada, de validade ou invalidade. 
Deve-se reconhecer aos princípios uma dimensão de peso ou 
importância. (BARROSO, 2001, p. 21) 
 
 
A supremacia da Constituição e constitucionalização do direito ambiental 
 
A supremacia da Constituição é o princípio sobre o qual se assenta o direito 
constitucional contemporâneo. A origem deste postulado está no direito 
americano no famoso caso Marbury versus Madison decidido pela Suprema 
Corte Americana em 1803. Segundo este princípio, a Constituição juridicamente 
superior à todas as normas do sistema e como consequência desta 
superioridade normativa, todos os atos jurídicos devem ter seu fundamento de 
validade nela e tudo o que for incompatível com ela não terá validade. Para a 
garantia da manutenção desta supremacia constitucional, o direito 
constitucional contempla mecanismos de jurisdição constitucional, para através 
do poder judiciário controlar a constitucionalidade das normas do sistema 
jurídico. 
 
Este princípio aliado ao caráter normativo das normas constitucionais acarreta a 
centralidade e superioridade da Constituição com relação a todo o sistema 
jurídico. A supremacia da Constituição deixa de ser puramente formal para 
gozar também de supremacia material. Assim, 
 
Compreendida como uma ordem objetiva de valores e como um 
sistema aberto de princípios e regras, a Constituição transforma-
se no filtro através do qual se deve ler todo o direito 
infraconstitucional. Esse fenômeno tem sido designado como 
constitucionalização do direito, uma verdadeira mudança de 
 
 
 
paradigma que novo sentido e alcance a ramos tradicionais e 
autônomos do Direito, com o civil, o administrativo, o penal e o 
processual. 10 
 
 
Como diretriz de todo o ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição é 
também o fundamento de validade do direito ambiental, cuja validade passa a 
estar atrelada ao conjunto dos princípios constitucionais do direito ambiental 
que são guias para a interpretação de todas as demais normas ambientais. 
Tem-se reconhecido no princípio do desenvolvimento sustentável o status de 
primum principium11, tendo em conta que a realidade das mudanças climáticas 
provocadas pelo processo de desenvolvimento econômico e industrial dos 
últimos 40 anos, que asseverou o embate entre a proteção do meio ambiente e 
o direito ao desenvolvimento econômico. O Supremo Tribunal Federal, a corte 
guardiã e intérprete da Constituição, reconhece a importância deste conflito de 
valores. 
 
A questão da precedência do direito à preservação do meio 
ambiente: uma limitação constitucional explícita à atividade 
econômica (CF, art. 170, VI) – Decisão não referendada – 
consequente indeferimento do pedido de medida cautelar. A 
preservação da integridade do meio ambiente: expressão 
constitucional de um direito fundamental que assiste à 
generalidade das pessoas. (ADI 3.540-MC, rel. min. Celso de 
Mello, julgamento em 1º-9-2005, Plenário, DJ de 3-2-2006.) 
 
Diante da constitucionalização do direito ambiental a partir da Constituição de 
1988, Herman Benjaminfaz algumas ponderações sobre os pontos positivos e 
negativos desta constitucionalização. 
 
10 BARROSO, L.R. (2010). Curso de Direito Constitucional contemporâneo: os conceitos 
fundamentais e a construção de um novo modelo. Saraiva. 2ª edição, p. 87. 
11 SAMPAIO, J.A.L; WOLD, C; NARDY, A.J.F. (2003). Princípios do direito ambiental. Ed. del 
Rey, p. 47. 
 
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=3540&CLASSE=ADI%2DMC&cod_classe=555&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M&EMENTA=2219
 
 
 
 
Alguns – benefícios - apresentam caráter substantivo, material ou 
interno, isto é, reorganizam a estrutura profunda de direitos e 
deveres, assim como da própria ordem jurídica. Outros, 
diversamente, relacionam-se com a afirmação concreta ou 
implementação das normas de tutela ambiental - são benefícios 
formais ou externos. Tratar-se-á, primeiramente, dos benefícios 
substantivos12 
Uma característica de constitucionalização do direito ao meio ambiente na 
Constituição de 1988, segundo Luiz R. Barroso, é que ela se dá de forma 
difusa, espalhando-se por todo o texto constitucional, embora no capítulo da 
ordem social, no art. 225, tenha consagrado especificamente a tutela do meio 
ambiente. 
 
(...) o constituinte de 1988, antes de chegar do art. 225, que 
concentradamente cuida da questão ambiental em inúmeros 
incisos e parágrafos, tratou-a difusamente ao longo do texto. 
Assim é que ela faz menção expressa às competências dos entes 
federativos; ao declinar os princípios específicos da ordem 
econômica e Financeira; ao abrigar o ambiente do trabalho no 
conceito de meio ambiente; e ao incluir os sítios de valor de valor 
arqueológico no património cultural brasileiro.13 
 
A constitucionalização do direito ambiental foi um avanço na direção da maior 
efetividade da tutela do meio ambiente, seja pelo reconhecimento do valor da 
preservação para gerações futuras, a necessidade do desenvolvimento 
sustentável, mas também por ter estendido ao Estado e também à sociedade a 
 
12 BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcellos e (2011). Constitucionalização do ambiente e 
ecologização da Constituição brasileira. In: CANOTILHO, José Joaquim Gomes; LEITE, José 
Rubens Morato (org.). Direito constitucional ambiental brasileiro. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 
2011. p. 77-150. Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/40520>. Acesso 
em: 18 ago. 2011, p. 89. 
13 BARROSO, L.R. (1992). A proteção do meio ambiente da Constituição brasileiro. Revista da 
Procuradoria Geral do Estado. Vol. 44. P. 51. 
 
 
 
missão de garantir o equilíbrio do meio ambiente em sentido amplo. Sobre a 
Constituição de 1988 e o constitucionalização do meio ambiente, conclui 
Herman Benjamim: 
 
Os avanços ético-jurídicos nela estatuídos, ao proteger a natureza, 
são numerosos e inegáveis. Sem pretender sumariá-los, chama a 
atenção a autonomização jurídica do meio ambiente, o tratamento 
jurídico-holístico da natureza, o reconhecimento, ao lado da 
dimensão intergeracional, de valor intrínseco aos outros seres 
vivos e ao equilíbrio ecológico, a ecologização do direito de 
propriedade e a instituição dos princípios da primariedade do meio 
ambiente e da explorabilidade limitada dos recursos naturais, para 
citar alguns pontos mais expressivos. 14 
Exercícios de fixação 
 
Pergunta 1: Acerca do constitucionalismo, assinale a opção incorreta 
a) A origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica, 
especificamente ao povo hebreu, do qual partiram as primeiras manifestações 
desse movimento constitucional em busca de uma organização política fundada 
na limitação do poder absoluto 
b) O neoconstitucionalismo é caracterizado por um conjunto de transformações 
no Estado e no direito constitucional, entre as quais se destaca a prevalência do 
positivismo jurídico, com a clara separação entre direito e valores substantivos, 
como ética, moral e justiça. 
c) O constitucionalismo moderno representa uma técnica específica de limitação 
do poder com fins garantidores. 
d) O neoconstitucionalismo caracteriza-se pela mudança de paradigma, de 
Estado Legislativo de Direito para Estado Constitucional de Direito, em que a 
Constituição passa a ocupar o centro de todo o sistema jurídico. 
 
14 BENJAMIM, 2011, p. 149. 
 
 
 
e) As constituições do pós-guerra promoveram inovações por meio da 
incorporação explícita, em seus textos, de anseios políticos, como a redução de 
desigualdades sociais, e de valores como a promoção da dignidade humana e 
dos direitos fundamentais. 
 
Pergunta 2: “Chega de ação. Queremos promessas. Assim protestava o 
grafite, ainda em tinta fresca, inscrito no muro de uma cidade, no coração do 
mundo ocidental. A espirituosa inversão da lógica natural dá conta de uma das 
marcas dessa geração: a velocidade da transformação, a profusão de ideias, a 
multiplicação das novidades. Vivemos a perplexidade e a angústia da 
aceleração da vida. Os tempos não andam propícios para doutrinas, mas para 
mensagens de consumo rápido. Para jingles, e não para sinfonias. O direito vive 
uma grave crise existencial. Não consegue entregar os dois produtos que 
fizeram sua reputação ao longo dos séculos. De fato, a injustiça passeia pelas 
ruas com passos firmes e a insegurança é a característica da nossa era. 
Na aflição dessa hora, imerso nos acontecimentos, não pode o intérprete 
beneficiar-se do distanciamento crítico em relação ao fenômeno que lhe cabe 
analisar. Ao contrário, precisa operar em meio à fumaça e à espuma. Talvez 
esta seja uma boa explicação para o recurso recorrente aos prefixos pós e neo: 
pós-modernidade, pós-positivismo, neoliberalismo, neoconstitucionalismo. 
Sabe-se que veio depois e que tem a pretensão de ser novo. Mas ainda não se 
sabe bem o que é. Tudo é ainda incerto. Pode ser avanço. Pode ser uma volta 
ao passado. Pode ser apenas um movimento circular, uma dessas guinadas de 
360 graus.” (L. R. Barroso. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do 
direito. O triunfo tardio do direito constitucional no Brasil. In: Internet: (com 
adaptações). Tendo o texto acima como motivação, assinale a opção correta a 
respeito do constitucionalismo e do neoconstitucionalismo. 
 
a) O neoconstitucionalismo tem como marco filosófico o póspositivismo, com a 
centralidade dos direitos fundamentais, no entanto, não permite uma 
aproximação entre direito e ética. 
 
 
 
b) A democracia, como vontade da maioria, é essencial na moderna teoria 
constitucional, de forma que as decisões judiciais devem ter o respaldo da 
maioria da população, sem o qual não possuem legitimidade. 
c) No neoconstitucionalismo, a Constituição é vista como um documento 
essencialmente político, um convite à atuação dos poderes públicos, 
ressaltando que a concretização de suas propostas fica condicionada à 
liberdade de conformação do legislador ou à discricionariedade do 
administrador. 
d) O constitucionalismo pode ser definido como uma teoria (ou ideologia) que 
ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em 
dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade. 
Nesse sentido, o constitucionalismo moderno representa uma técnica de 
limitação do poder com fins garantísticos. 
e) O neoconstitucionalismo não autoriza a participação ativa do magistrado na 
condução das políticas públicas, sob pena de violação do princípio da separação 
dos poderes. 
 
 
Pergunta 3: A Constituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos 
"princípios fundamentais”, que são as regras informadoras de todo um sistema 
de normas, as diretrizes básicas do ordenamento constitucional brasileiro. São 
regras que contêm os mais importantes valores que informam a elaboração da 
Constituição da República Federativa do Brasil. Diante dessa afirmação, analiseas questões a seguir e assinale a alternativa correta. 
I - Nas relações internacionais, a República brasileira rege-se, entre outros, 
pelos seguintes princípios: autodeterminação dos povos, defesa da paz, 
igualdade entre os Estados, concessão de asilo político. 
II - Os princípios não são dotados de normatividade, ou seja, possuem efeito 
vinculante, mas constituem regras jurídicas efetivas. 
III - Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma 
qualquer, pois implica ofensa a todo o sistema de comandos. 
 
 
 
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica no Brasil: a soberania 
nacional, a função social da propriedade, a livre concorrência, a defesa do 
consumidor; a propriedade privada. 
a) Apenas I, II, III estão corretas. 
b) Apenas II e IV estão corretas. 
c) Apenas III está correta. 
d) Apenas I, III, IV estão corretas. 
e) Todas as afirmações estão corretas 
 
Pergunta 4: Julgue como Certa ou Errada a assertiva abaixo: 
O neoconstitucionalismo caracteriza-se pela mudança de paradigma, de Estado 
Legislativo de Direito para Estado Constitucional de Direito, em que a 
Constituição passa a ocupar o centro de todo o sistema jurídico. 
Referências 
 
BARROSO, L. R. Fundamentos teóricos e filosóficos do novo direito 
constitucional brasileiro: pós-modernidade, teoria crítica e pós-positivismo. 
Revista Diálogo Jurídico, Salvador, ano I, v. I, n. 6, set. 2001. 
______. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do Direito. Revista 
Eletrônica sobre a Reforma do Estado, Salvador, n. 9, mar./abr./maio 
2007. 
______. A proteção do meio ambiente da Constituição brasileiro. Revista da 
Procuradoria-Geral do Estado, Rio de Janeiro, v. 44, 1992. 
BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcellos. Constitucionalização do ambiente 
e ecologização da Constituição brasileira. In: CANOTILHO, José Joaquim 
Gomes; LEITE, José Rubens Morato (Org.). Direito constitucional 
ambiental brasileiro. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. Disponível em: 
<http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/40520>. 
 
 
 
 
Aula 3: A Constituição de 1988 e o princípios constitucionais 
Introdução 
 
O pós-positivismo tem como contribuição a atribuição de normatividade aos 
princípios (valores), o que significa dizer que princípios constitucionais são 
normas com eficácia jurídica e aplicabilidade direta e imediata, aproximando 
assim o direito e a ética. Nesse modelo, as normas jurídicas e em especial as 
normas constitucionais, são regras e princípios, diferentemente do modelo 
positivista, segundo o qual norma jurídica é sempre regra e os princípios são 
apenas valores sem força normativa. Embora regras e princípio tenham em 
comum sua normatividade na Constituição, distinguem-se qualitativamente o 
que implica em diferenças na sua aplicação. No modelo constitucional adotado 
pela Constituição de 1988, de perfil pós-positivista, princípios são normas 
jurídicas cujo conteúdo são valores compartilhados que dão o sentido jurídico, 
harmônico e coerente a todo o sistema de normas jurídicas e que, por força da 
posição de supremacia da Constituição irradiam normativamente o seu 
conteúdo material e moral para todo o sistema jurídico. Neste sentido, os 
princípios constitucionais do meio ambiente são as diretrizes básicas que 
permitem compreender a forma pela qual a proteção do meio ambiente deve 
ser vista na sociedade, servindo de critério básico para a exata interpretação de 
todas as normas que compõem o sistema jurídico ambiental. 
 
Sendo assim, esta aula tem como objetivos: 
 
1. Compreender o conceito de princípio constitucional e sua natureza, 
relacionando sua dimensão normativa com sua dimensão axiológica, 
2. Conhecer as distinções entre princípios e regras e as formas de 
interpretação e aplicação dos princípios 
3. Compreender a importância dos princípios constitucionais para a 
interpretação e aplicação do direito ambiental. 
 
 
 
Conteúdo 
 
Na aula 2 conhecemos o neoconstitucionalismo brasileiro e a concepção de 
Constituição como um sistema aberto de regras e princípios, com a atribuição 
de normatividade aos últimos. Neste sistema, a Constituição é o centro do 
sistema, projetando sua normatividade para todo o ordenamento jurídico, 
sendo seu fundamento de validade. Nesta aula nos aprofundaremos um pouco 
mais nos princípios constitucionais, seu conceito e natureza. 
 
Definir princípios constitucionais como categoria jurídica não é tarefa fácil. A 
definição de princípio se faz com base no critério de distinção relativamente à 
regra jurídica, logo definir princípios, significa escolher antes de mais nada o 
critério de distinção em relação às regras. São vários os critérios distintivos15 e 
a proposta desta disciplina não é esgotar o tema, mas tão somente apresentar 
a questão e o critério adotado pela doutrina e jurisprudência brasileira. 
 
Humberto Ávila (2001) analisa as diversas concepções de princípio para 
apresentar a mais adequada. Segundo ele, em uma primeira fase, as teorias de 
Wollbachof e Forsthoff e Larenz trouxeram importantes contribuições: 
 
Essa foi a primeira etapa de redefinição das normas jurídicas, em 
virtude da qual se constatou que pertencem ao Direito, possuindo 
por isso validade, não apenas aquelas normas que possuem uma 
prescrição determinada (regras), mas também aquelas que 
estabelecem prescrições ligadas indiretamente a valores, fins, 
idéias e topoi a serem institucionalmente determinadas 
(princípios). (AVILA, 2001, p.7) 
 
 
15 O critério pode tomar por base o conteúdo, a estrutura lógica, a posição no ordenamento 
jurídico, a função na interpretação e aplicação do Direito e outros. 
 
 
 
Numa segunda fase da teoria dos princípios, segundo Ávila16, o critério de 
Canaris se sustenta no caráter axiológico (valores) dos princípios e que por esta 
razão “eles recebem seu conteúdo de sentido somente por meio de um 
processo dialético de complementação e limitação”. Mas é na teoria dos 
princípios de Ronald Dworkin que Ávila e grande parte da doutrina do direito 
constitucional sustentam seu critério distintiva entre princípios e regras. 
 
Para Dworkin, segundo Ávila, o critério que distingue princípios de regras não é 
de grau, mas de qualidade e essa distinção acontece na aplicação: 
 
Para ele, as regras são aplicadas do modo “tudo ou nada” (“all-or-
nothing”), no sentido de que se a hipótese de incidência de uma 
regra é preenchida, ou é a regra válida e a consequência 
normativa deve ser aceita ou ela não é considerada válida. No 
caso de colisão entre regras, uma delas deve ser considerada 
inválida. Os princípios, ao contrário, não determinam 
vinculativamente a decisão, mas somente contêm fundamentos, 
os quais devem ser conjugados com outros fundamentos 
provenientes de outros princípios. Daí a afirmação de que os 
princípios, ao contrário das regras, possuem uma dimensão de 
peso (“dimension of weight”), demonstrável na hipótese de colisão 
entre os princípios, caso em que o princípio com peso relativo 
maior sobrepõe-se ao outro, sem que este perca sua validade. 
(ÁVILA, 2001, p. 8) 
 
Em resumo, para Dworkin, os princípios, como valores fundamentais trazidos da 
tradição, distinguem-se de regras por terem dimensão de peso e assim não são 
válidos ou inválidos, mas são pesados com outros princípios do sistema, 
enquanto que a regras são sempre aplicáveis se ocorre a situação prevista pela 
norma e assim ela se torna válida e aplicável ou ao contrário, se não ocorre a 
situação prevista, ela é inválida e não aplicável. 
 
16 (AVILA, 2001, p. 8) 
 
 
 
 
Robert Alexy complementa a teoria de Dworkin para afirmar que os princípios 
se diferem das regras primeiramente por serem limitadas na colisão, ou seja, se 
distinguem “na medida em que os princípios colidentes apenas tem sua 
realização normativa limitada reciprocamente,ao contrário das regras, cuja 
colisão é solucionada com a declaração de invalidade de uma delas”17. E 
também por não serem obrigações absolutas como as regras, que não superam 
normas que a ela se contrapõe, mas, obrigações prima face, “na medida em 
que podem ser superadas ou derrogadas em função dos outros princípios 
colidentes”18 
 
Para Alexy, os princípios são deveres de otimização pois são aplicáveis em 
vários graus, dependendo das condições normativas e fáticas. Sendo os 
princípios deveres de otimização, então no caso colisão entre princípios 
constitucionais a solução se dá pela ponderação que trata das situações fáticas 
de que depende os princípios. No caso da concorrência ou colisão de 
princípios, 
 
a solução não se resolve com a determinação imediata de uma 
prevalência de um princípio sobre outro, mas é estabelecida em 
função da ponderação entre os princípios colidentes, em função 
da qual um deles, em determinadas circunstâncias concretas, 
recebe a prevalência.(AVILA, 2001, p. 9). 
 
 
Humberto Ávila propõe a sua própria definição de princípios, a partir de críticas 
às perspectivas anteriores. Para ele princípios são 
 
normas que estabelecem diretamente fins, para cuja concretização 
estabelecem com menor exatidão qual o comportamento devido 
 
17 (ÁVILA, 2001, p. 9) 
18 Idem, p. 9. 
 
 
 
(menor grau de determinação da ordem e maior generalidade dos 
destinatários), e por isso dependem mais intensamente da sua 
relação com outras normas e de atos institucionalmente 
legitimados de interpretação para a determinação da conduta 
devida.([AVILA, 2001, p.21) 
 
A colisão de princípios constitucionais, segundo Luiz Roberto Barroso19, decorre 
do pluralismo e da diversidade de valores e interesses afirmados na 
Constituição. Como valores, os princípios não são organizáveis 
hierarquicamente, já que na Constituição todos estão na mesma dimensão, mas 
à luz do caso concreto onde colidem uns com os outros pode um deles gozar de 
primazia sobre os outros. 
 
O desenvolvimento nacional guarda tensão constante com a 
preservação do meio ambiente, A livre iniciativa pode ser 
contraposta pelos princípios que legitimam a repressão ao abuso 
de poder econômico. A recorrência de colisões desta natureza 
apenas revela que os valores tutelados pela Constituição não são 
absolutos e devem coexistir. 
 
 
Tradicionalmente, o raciocínio na aplicação do direito sempre foi a subsunção. 
Segundo esta técnica a norma incide sobre os fatos e assim produz o resultado, 
ou seja, a aplicação da norma ao caso concreto leva ao resultado. No 
neoconstitucionalismo, como vimos, esta técnica não se mostra suficiente para 
a hipótese de colisão de princípios, já que podem existir várias normas 
aplicáveis ao mesmo caso concreto, o que exige a escolha da(s) norma(s) 
aplicáveis, sem descartar as demais, já que não há hierarquia entre princípios, 
pois a Constituição é uma unidade (princípio da hermenêutica constitucional). 
 
 
19 BARROSO, 2010, p. 330. 
 
 
 
Adequada à colisão de princípios constitucionais, a ponderação, segundo 
Barroso (2010), é uma técnica de decisão jurídica, aplicável a casos difíceis. 
Esta técnica é realizada em três etapas: 
 
1- O intérprete detecta no sistema as normas relevantes para a solução do 
caso, agrupando os diversos fundamentos normativos em função da 
solução que sugerem. 
2- O intérprete examina os fatos, as circunstâncias concretas e sua relação 
com as normas. Neste momento é que as normas, em contato com os 
fatos, se preenchem de sentido. 
3- Nesta fase, de decisão, o intérprete estará analisando fatos e normas de 
forma conjunta para apurar os pesos que devem ser atribuídos aos 
elementos normativos já agrupados e em consequência quais os que 
devem preponderar. Deve ainda o intérprete decidir com qual 
intensidade um o grupo de normas escolhido deve superar os demais. 
Esta fase é conduzida pelo princípio da proporcionalidade ou 
razoabilidade.20 (princípio da hermenêutica constitucional). 
 
O conhecimento da importância dos princípios constitucionais, sua natureza 
e forma de aplicação possibilitará a compreensão acerca da importância, 
natureza e forma de aplicação dos princípios constitucionais do direito 
ambiental e sua relação com todo o sistema de normas que compõe o 
direito ambiental como direito autônoma, mas constitucionalizado. Como 
argumenta Machado (2015, p. 133): 
 
Os nove princípios não têm uma ordem de importância. A receita 
de uma sociedade feliz não está contida só nesses princípios, pois 
também, em outras partes da Constituição, outros princípios 
podem ser extraídos. Mas esses princípios representam o mínimo 
 
20 Segundo Ávila (2001, p. 31), pode-se definir a proporcionalidade como um postulado 
normativo aplicativo decorrente da estrutura principal das normas e da atributividade do Direito 
e dependente do conflito de bens jurídicos materiais e do poder estruturador da relação meio-
fim, cuja função é estabelecer uma medida entre bens jurídicos concretamente correlacionados. 
 
 
 
que o constituinte indica para uma "existência digna". Muitas 
vezes todos os princípios funcionarão em uníssono, e algumas 
vezes haverá tensão, dissonância e até enfrentamento. No 
desenrolar da vida cotidiana, as pessoas, as empresas e os 
governos terão que se perguntar, em procedimentos como o 
licenciamento ambiental ou outras formas de autorização: cada 
um desses nove princípios está sendo observado 
 
Exercícios de Fixação 
 
Pergunta 1: Julgue Certo ou Errado os itens subseqüentes, relativos aos 
princípios regedores da proteção jurídica do meio ambiente. 
a) A promoção do meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado atua 
como fator de limitação ao direito de propriedade, razão pela qual a 
existência de área de preservação permanente em espaço pertencente a 
particular não acarreta direito a indenização, salvo quando inviabilizar 
totalmente o aproveitamento econômico do bem. 
b) O princípio do desenvolvimento sustentável preconiza um elo entre a 
economia e a ecologia, estando referido em diversas declarações 
internacionais, mas, por não estar previsto expressamente na Constituição 
brasileira, atua apenas como aspiração social e vetor ideológico para a 
atividade econômica. 
c) Os princípios da participação comunitária e da eqüidade intergeracional 
têm sede constitucional, uma vez que a Constituição brasileira estabelece a 
faculdade de a coletividade praticar atos com vistas à proteção do meio 
ambiente e sua preservação em prol das presentes e futuras gerações. 
 
Pergunta 2: No que se refere a diferença entre regras e princípios no direito 
constitucional, marque a opção correta: 
a) não há diferenças entre regras e princípios, pois ambas são normas jurídicas; 
 
 
 
b) princípios não são normas jurídicas, pois tem dimensão meramente 
axiológica, ética. 
c) Princípios tem dimensão de peso e regras são aplicadas pelo tudo ou nada. 
d) Princípios tem menor grau de abstração que as regras. 
 
Pergunta 3: A sociedade contemporânea vem transformando, aos poucos, a 
concepção privatista do direito de propriedade em direção à propriedade como 
sendo um direito-dever pautado pela necessidade de manutenção de um meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, adequado à sadia qualidade de vida e em 
conformidade com os ditames de um modelo de desenvolvimento sustentável. 
Em face disso, tanto a legislação ambiental como a CF impõem medidas quanto 
à preservação de áreas florestais, do solo, da água e da diversidade biológica, 
no que se refere à problemática de propriedades inseridas em espaços 
territoriais especialmente protegidos. 
Acerca do assunto de que trata o texto acima, assinale a opção correta. 
 
a) A função socioambiental da propriedade não constitui um simples limiteao 
exercício do direito de propriedade, por meio da qual se permite ao 
proprietário, no exercício do seu direito, fazer tudo o que não prejudique a 
coletividade e o meio ambiente; ela vai além disso, pois autoriza até mesmo 
que se imponham ao proprietário comportamentos positivos, no exercício do 
seu direito, para que a sua propriedade concretamente conforme-se à 
preservação do meio ambiente. 
b) A função socioambiental da propriedade impõe ao proprietário que, no 
exercício do seu direito, apenas se abstenha de praticar atos lesivos aos 
interesses coletivos, pautando a exploração econômica da propriedade rural 
pelo princípio da precaução. 
c) As condicionantes socioambientais ao direito de propriedade do solo urbano 
incidem apenas sobre os latifúndios improdutivos, dado que a função 
econômica da propriedade da terra é que condiciona a adequação do exercício 
responsável das atividades agropecuárias às determinantes socioambientais. 
 
 
 
 
Pergunta 4: Determinada lei federal fomenta empreendimentos imobiliários do 
ramo hoteleiro, prevendo entre suas disposições que os impactos ambientais 
dos empreendimentos serão desconsiderados quando o valor do investimento 
for superior a 20 milhões de reais. Analisando a situação acima à luz do direito 
constitucional ambiental, podemos afirmar que: 
 
a) A lei é válida dada a importância do investimento para o desenvolvimento 
econômico brasileiro. 
b) O valor do investimento não é alto o suficiente para afastar as exigências de 
preservação ambiental. 
c) A lei é inválida, pois desenvolvimento econômico na Constituição brasileira é 
princípio fundado e limitado pelo princípio do meio ambiente ecologicamente 
equilibrado e pela responsabilidade intergeracional, dentre outros. 
d) A lei é válida já que passou por todo o processo legislativo e está vigente. 
Referências 
 
ÁVILA, H. A distinção entre princípios e regras e a redefinição do dever de 
proporcionalidade. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, ano I, v. I, n. 4, jul. 
2001. 
BARROSO, L. R. Direito constitucional contemporâneo: conceitos 
fundamentais e a construção do novo modelo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 
MACHADO, P. A. L. M. Direito ambiental brasileiro. 23. ed. São Paulo: Malheiros, 
2015. Cap. I. 
SAMPAIO, J. A. L.; WOLD, C; NARDY, A. J. F. Princípios do direito 
ambiental. Belo Horizonte: Ed. Del Rey, 2003. Cap. I, Segunda Parte. 
 
 
 
Aula 4: Meio ambiente na Constituição: princípios, direitos 
fundamentais e garantias 
Introdução 
 
No plano internacional o meio ambiente é reconhecido com status de direitos 
humanos pelos tratados internacionais desde 1972, vários já foram 
incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro, adquirindo assim 
normatividade no plano interno e agregando-se ao direito ambiental brasileiro. 
A Constituição brasileira de 88 reconheceu o meio ambiente como um valor e o 
consagrou um princípio e um direito fundamental que deve ser respeitado e 
protegido pelo Estado, pela sociedade e por cada uma das pessoas no território 
brasileiro. 
 
De essência humanista, a Constituição afirma a centralidade dos direitos 
fundamentais ao reconhecer a dignidade da pessoa humana como fundamento 
do Estado Democrático de Direito. O meio ambiente, como valor integrante 
desta dignidade humana, é um direito fundamental relacionado a outros 
direitos fundamentais, gozando no âmbito do Estado brasileiro de 
imperatividade diante de outras normas jurídicas não fundamentais de 
garantias e instituições adequadas à sua natureza difusa e metaindividual, mais 
abrangente à própria coletividade social, além de ser um princípio constitucional 
que ilumina e orienta a interpretação e aplicação do direito ambiental como um 
todo sistêmico. 
 
Nesta aula apresentar-se-á o direito ao meio-ambiente a partir da noção de 
direito fundamental, relacionando-a ao conceito de princípio e de garantias, 
conhecendo suas características, seus fundamentos e compreendendo sua 
importância no regime constitucional brasileiro, relacionando o papel do Estado 
 
 
 
na proteção do meio ambiente com os princípios constitucionais, os direitos 
fundamentais, as garantias e com os direitos humanos. 
 
Sendo assim, esta aula tem como objetivos: 
 
1. Conhecer o conceito de direito fundamental, suas características, 
fundamentos e sua relação com a noção de princípio constitucional. 
2. Compreender o papel do Estado na proteção do meio ambiente como um 
valor, um princípio, um direito fundamental e um direito humano, como 
se relacionam em nível constitucional e com outros direitos 
fundamentais. 
3. Conhecer as garantias do direito ambiental 
 
Conteúdo 
 
Constitucionalmente o direito à preservação do meio ambiente é um direito 
fundamental, já que é essencial à realização da dignidade humana em sua 
completude. Pode-se dizer que, em sua dimensão objetiva, direitos 
fundamentais: 
 
(...) são vinculações, mandados e objetivos referidos a aspirações, 
necessidades e interesses humanos que às vezes de adscrevem 
como nítidos dispositivos de direitos subjetivos, ora como 
enunciados de princípios e tarefas estatais (às vezes individuais e 
sociais) de hierarquia constitucional.21 
 
Direitos fundamentais são prescrições destinadas ao Estado que tem o dever de 
respeitá-los, de violá-los e de realiza-los, cujo fundamento está na dignidade 
humana, que é o epicentro sobre os quais estes direitos orbitam. Segundo 
 
21 (SAMPAIO; WOLD ;NARDY, 2003, p. 91). 
 
 
 
Sampaio22, “o pressuposto de que a dignidade humana é substrato de todo o 
sistema de direitos fundamentais serve, portanto, como referência de conteúdo 
para a transubstanciação de um direito ordinário em direito fundamental”. 
 
Em um sentido histórico23, o direito fundamental ao meio ambiente é um direito 
de terceira dimensão, chamados de direito de fraternidade ou solidariedade que 
trazem, segundo In Sarlet24, o fato de se “desprenderem, em princípio, da 
figura do homem-indivíduo como seu titular, destinando-se a proteção de 
grupos humanos (família, povo e nação), e caracterizando-se, 
consequentemente, como direitos de titularidade coletiva ou difusa”, o que 
significa que pertence a e ao mesmo tempo a todos. Explica Barroso25, que: 
 
(...) tais interesses caracterizam-se por pertencerem a uma série 
indeterminada de sujeitos e pela invisibilidade de seu objeto, de 
forma que a satisfação de um de seus titulares implica a 
satisfação de todos, do mesmo passo que a lesão de um só, ipso 
facto, lesão da inteira coletividade. 
 
Este novo grupo de direitos é fruto de novas reivindicações fundamentais do 
ser humano, que surgem como consequência das mudanças tecnológicas, do 
estado crônico de guerra, do avanço dos processos industriais e econômicos, da 
descolonização e de outras marcas da contemporaneidade que provocaram, e 
ainda provocam, profundos reflexos para os direitos fundamentais. Esta nova 
concepção de mundo, traz consigo uma nova onda de bens ou interesses 
comuns à toda a humanidade e assim de titularidade coletiva, “muitas vezes 
indefinida ou indeterminável, o que se revela, a título de exemplo, 
especialmente ao meio ambiente.”26 
 
 
22 Idem, p. 94. 
23 Segundo a teoria geracional dos direitos humanos (Bobbio), os direitos humanos fundamentais 
passaram por diversas transformações tanto em seu conteúdo e quanto aos seus titulares. Estes direitos 
não sofrem alternância ou são substituídos, mas acumulam-se, expandem-se. 
24 (SARLET, 2003, p. 52). 
25(BARROSO, 1992, p. 49) 
26 (SARLET, 2003, p. 54). 
 
 
 
O Supremo Tribunal Federal reconheceu esta nova dimensão dos direitos 
fundamentais e definiu o direito ao meio ambiente como um direito 
metaindividual, caracterizando-o "como um típico direito de terceira geração 
que assiste, de modo subjetivamente indeterminado, a todo o gênero humano,circunstância essa que justifica a especial obrigação – que incumbe ao Estado e 
à própria coletividade - de defendê-lo e de preservá-lo em benefício das 
presentes e futuras gerações".27 
 
Na Constituição brasileira o direito fundamental ao meio ambiente saudável 
encontra seu fundamento no art. 22528, mas, não se esgota neste dispositivo, 
espalhando-se por toda a Constituição, relacionando-se a outros bens ou 
interesses de naturezas diversas e também constitucionalmente tutelados. 
Segundo Sampaio: 
 
(...) pode-se falar no Brasil de um direito fundamental ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, assim como se pode referir 
a uma “ordem ambiental” que completa e condiciona “a ordem 
econômica” e que, por topologia, integra-se na “ordem social”. 
 
O direito fundamental ao meio ambiente saudável pode ser contemplado em 
sua dimensão objetiva e/ou subjetiva. Na primeira dimensão reconhece-se o 
meio ambiente como núcleo axiológico (valorativo), como instituição protegida, 
como dever estatal, da sociedade e dos indivíduos e na segunda, toma-se por 
base a sua natureza dúplice: como direito individual e de liberdade e como 
direito de prestação. Com relação dimensão subjetiva: 
 
Entre suas faculdades estão, portanto, o prazer contemplativo, a 
exploração racional dos recursos e o simples viver em um 
 
27 ADI 3.540-MC, rel. min. Celso de Mello, julgamento em 1º-9-2005, Plenário, DJ de 3-2-
2006. 
28 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial 
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
 
http://www.stf.jus.br/jurisprudencia/IT/frame.asp?PROCESSO=3540&CLASSE=ADI%2DMC&cod_classe=555&ORIGEM=IT&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M&EMENTA=2219
 
 
 
ambiente são. Mas, como seu objeto é indivisível, as faculdades 
podem ou devem ser contingenciadas pelo igual direito de todos – 
das presentes e futuras gerações. Por isso mesmo, a face coletiva 
do direito tem precedência sobre a face individual. 
 
 
Na Constituição Brasileira, o meio ambiente como direito fundamental é 
reconhecido na sua dimensão objetivo-subjetiva, ou seja, como direito subjetivo 
individual e coletivo, e como dever do Estado e da sociedade. Nesta última 
dimensão a realização do direito fundamental ao meio ambiente sadio para 
todos depende diretamente da ação do Estado em sua tripla função: legislativa, 
executiva e judicial. 
 
Ao poder executivo foi reservada uma ampla gama de 
competências na efetivação da tutela ambiental, remarcando-se, 
no particular, seus poderes regulamentar e de polícia, cujo 
exercício, em certos casos, poderá ser exigido judicialmente na 
hipótese de omissão em agir...paralelamente a um certo 
esvaziamento de sua atuação normativa, o legislativo tem 
acentuado seu papel de controle do Poder Executivo. É bem de 
ver, no entanto, que em matéria ambiental existe uma vasta 
legislação à espera de ser atualizada para incorporar as modernas 
preocupações como a natureza ecológica. O Poder Judiciário é o 
guardião supremo da efetividade das normas 
constitucionais...Além dos clássicos direitos subjetivos, que são 
aqueles referentes a titular determinado, as duas últimas décadas 
incorporaram o conceito de interesses difusos, para designar 
situações jurídicas de proveito que são desfrutadas por número 
indeterminado de pessoas.29 
 
 
 
29 (BARROSO, 1992, p. 71). 
 
 
 
A todo direito devem corresponder garantias ao seu pleno exercício. Neste 
sentido, o meio ambiente saudável, como direito fundamental tem garantias e 
instituições aptas a tutela-lo em suas peculiaridades. A ação popular e a ação 
civil são ações judiciais que visam dar concretude aos mandamentos 
constitucionais. 
 
Na onda dos novos direitos vêm as novas garantias, aptas a tutelar o novo de 
forma efetiva. A ação popular não é instrumento novo, a novidade é a sua 
previsão na Constituição como uma garanta fundamental30. Segundo 
Machado31: 
 
A diferença primordial da tutela jurisdicional subjetiva, via ação 
popular, das demais de índole individualista está no fato de que 
esta última funda-se num interesse próprio", e no caso da ação 
popular "o ressarcimento não se faz em prol do indivíduo, mas sim 
indiretamente em favor da coletividade, por se tratar de um bem 
indivisível e de conotação social. 
A ação popular ambiental, como garantia fundamental, tem aplicação imediata 
de acordo como o princípio previsto no art. 5º, §1º da Constituição, muito 
embora o legislador constituinte tenha incluído a expressão “na forma da lei”. A 
norma infraconstitucional que regula a ação popular – lei 4717/65 – foi 
recepcionada pela Constituição de 88 e segundo Gilmar Mendes32, “a ação 
popular é instrumento típico de cidadania e somente pode ser proposta pelo 
cidadão, aqui entendido como aquele que não apresente pendências no que 
concerne às obrigações cívicas, militares e eleitorais quem, por lei, seja 
exigíveis”. 
 
 
30 Art. 5º, LXXIII: "Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a 
anular ato lesivo patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural ficando o autor, salvo 
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência 
31 (MACHADO, 2015, p. 117) 
32 MENDES, G.F. (2008). Curso de Direito Constitucional. Saraiva, Rio de Janeiro. P. 545. 
 
 
 
Este instrumento de tutela de interesse público, como instrumento de 
cidadania, tem por objeto anular atos lesivos não só ao meio ambiente, mas 
também ao patrimônio público, à moralidade pública e ao patrimônio histórico e 
cultural. 
 
A ação civil pública, instituída pela Lei 7.347, de 24.7.1985, é outro instrumento 
de tutela do direito ao meio ambiente como direito metaindividual. Sua 
finalidade é a responsabilidade por danos patrimoniais e morais causados não 
só ao meio ambiente, como também a outros interesses difusos, como o do 
consumidor, artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, além de outros 
previstos na lei. 
Na defesa dos interesses difusos, o Ministério Público tem função institucional, 
como previsto no art. 129, III da CRFB. Muito embora a tutela e defesa destes 
direitos não seja exclusividade do M.P., já que ele a compartilha com União, os 
Estados, Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de 
economia mista e associações ambientais. Segundo Machado33, 
 
Ganha muito o meio ambiente em ter como um dos atores da 
ação civil pública um Ministério Público bem preparado, munido de 
poderes para uma atuação eficiente e independente. O inquérito 
civil, atribuição constitucional do Ministério Público, servirá para 
uma apurada colheita de provas para embasar a ação judicial. 
Aponte-se que essa Instituição vem propondo uma grande 
quantidade de ações civis públicas ambientais em que no polo 
passivo estão os Governos Federal ou Estaduais, além de 
poderosas empresas públicas ou privadas. 
 
Os direitos fundamentais, com centralidade em nossa Constituição (art. 1º, 
inciso III), devem ser respeitos, garantidos e realizados e nesta tarefa 
conjugam-se direitos formalmente reconhecidos, garantias e instituições, todos 
integrados na busca da efetividade social destes direitos. 
 
33 (MACHADO, 2015, p. 120) 
 
 
 
Exercícios de fixação 
Pergunta 1: O meio ambiente, ecologicamente equilibrado, é: 
a) Um bem de uso especial 
b) Um bem de domínio útil 
c) Um bem de uso comum do povo. 
d) Um bem dominical. 
 
Pergunta 2: Visando à anulação de ato lesivo ao meio ambiente, a ação 
popular pode ser intentada: 
a) por qualquer cidadão. 
b) apenas peloMinistério Público. 
c) apenas pelos juízes singulares. 
d) apenas pelas organizações da sociedade civil. 
e) por qualquer cidadão, pelas organizações da sociedade civil, pelo Ministério 
Público e pelos juízes singulares de ofício 
 
Pergunta 3: Em defesa do meio ambiente, o STF assim se pronunciou: O 
direito à integridade do meio ambiente típico direito de terceira geração 
constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do 
processo de afirmação dos direitos humanos, a expressão significativa de um 
poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade, mas num 
sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social. Tendo 
o texto acima como referência, assinale a opção correta com base nas 
disposições legais de defesa do meio ambiente. 
a) Em atendimento ao princípio do poluidor pagador, previsto no direito positivo 
brasileiro, a Política Nacional do Meio Ambiente determina a proteção de áreas 
ameaçadas de degradação. 
b) A defesa do direito ao meio ambiente equilibrado nasceu a partir da 
Declaração de Estocolmo, em 1972, cujas premissas são marcadamente 
biocêntricas. 
c) O objeto de proteção do direito ambiental concentra-se nos fatores bióticos e 
abióticos, que devem ser tratados isoladamente. 
 
 
 
d) Em razão do tratamento dispensado ao meio ambiente pelo texto 
constitucional, depreende-se que é exigido dos cidadãos, predominantemente, 
um non facere em relação ao meio ambiente. 
e) O direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado afasta 
eventual tentativa de desafetação ou desdestinação indireta. 
 
Pergunta 4: A Constituição de 1988inclui entre os princípios da ordem 
econômica da República Federativa do Brasil a: 
Opção a: defesa do meio ambiente. 
Opção b: defesa do meio ambiente, dos recursos naturais e das populações 
tradicionais que os utilizam. 
Opção c: defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de 
elaboração e prestação. 
 Opção d: defesa do meio ambiente e dos recursos naturais, inclusive mediante 
proteção dos conhecimentos das populações tradicionais que contribuem para o 
patrimônio ecológico do país. 
Opção e: defesa do meio ambiente, inclusive mediante concessão de benefícios 
aos métodos de produção que promovam o desenvolvimento sustentável. 
Referências 
 
BARROSO, L. R. A proteção do meio ambiente da Constituição brasileiro. 
Revista da Procuradoria-Geral do Estado, 1992. 
FERRI, C.; GRASSI, K. Princípios de direito ambiental e estado 
constitucionalista: a incorporação do conceito de estado de direito ambiental na 
teoria do estado constitucionalista e o papel dos princípios de direito ambiental. 
In: MALINVERNI, C. E. (Org.). Princípios do direito ambiental: articulações 
teóricas e aplicações. Caxias do Sul: EDUCS, 2013. 
MACHADO, P. A. L. M. Direito ambiental brasileiro. 23. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2015. 
 
 
 
SAMPAIO, J. A. L.; WOLD, C.; NARDY, A. J. F. Princípios do direito 
ambiental. Belo Horizonte: Ed. Del Rey, 2003. Cap. III. 
SARLET, I. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2003. 
 
Aula 5: Direito Constitucional Internacional do meio 
ambiente 
Introdução 
 
É a Constituição que estabelece os limites da atuação política, seja em nível 
interno como no plano internacional e a Constituição de 1988 tem este duplo 
olhar, estabelecendo os limites do exercício da soberania no plano interno e no 
plano internacional. O direito constitucional internacional tem como objeto o 
conjunto de normas constitucionais que repercutem na ordem jurídica 
internacional, limitando e regulamentando as atividades externas do Estado e 
neste sentido funcionam como mecanismo de comunicação entre o plano 
internacional e o plano interno, no qual o respeito, a proteção e a realização da 
dignidade da pessoa humana assumem função central. 
 
Nesta aula conheceremos o direito internacional do meio ambiente, sua 
evolução, seus principais instrumentos e sua relação com ordem jurídica 
brasileira, compondo, de acordo com o direito constitucional internacional e sua 
interpretação pelo Supremo Tribunal Federal, o direito ambiental brasileiro. 
 
Sendo assim, esta aula tem como objetivos: 
 
1. Compreender os fundamentos e as normas do direito constitucional 
internacional e sua interpretação pelo Supremo Tribunal Federal. 
2. Conhecer o direito internacional do meio ambiente, sua evolução e 
principais instrumentos 
 
 
 
3. Compreender a relação do direito internacional do meio ambiente com o 
direito ambiental brasileiro, através do direito constitucional internacional 
 
Conteúdo 
5.1. Direito constitucional Internacional e o meio ambiente como um direito 
humano fundamental 
As mudanças ocorridas contemporaneamente trouxeram duas importantes 
inovações para o Direito: a ascendência da Constituição para o centro do 
ordenamento jurídico, como já vimos na aula 1 e a expansão das normas que 
regem as relações no plano internacional. O direito internacional, antes 
destinado manter a coexistência pacífica entre os Estados, tendo como 
finalidade evitar ou fazer cessar os conflitos, garantindo a paz e a segurança, 
passa a ser um conjunto denso e extenso de normas que regulam a complexa 
sociedade internacional, não mais restrita apenas aos Estados e à algumas 
poucas organizações internacionais, mais uma sociedade que agrega diversos 
sujeitos e atores nas suas inter-relações no plano internacional. 
 
Neste contexto, os Estados não são mais independentes, embora soberanos, 
não podendo mais podendo seu destino alheio aos interesses de outros entes 
da sociedade internacional. Diante de uma economia de mercado global os 
Estados tornam-se interdependentes dos demais atores e neste sentido a 
Constituição passa a ser um guia também para as relações internacionais, um 
comando destinado ao chefe de Estado nas suas relações com outros entes no 
plano internacional. Este comando seria constituído por um conjunto específico 
e peculiar de normas jurídicas que repercutem na ordem jurídica internacional é 
que é chamado de direito constitucional internacional. Elas situam-se num 
 
 
 
plano intermediário, entre o interno e internacional 
 
O direito constitucional internacional então, segundo Celso Mello34, é “o 
conjunto das regras constitucionais e regras de direito interno que têm um 
alcance internacional.” Neste sentido, a grande controvérsia se dá quanto à 
natureza e eficácia destas normas. No Brasil, dado que estas normas são guias 
para a ação do chefe de Estado na sua relação com outros entes no plano 
internacional elas seriam de natureza principiológica e sua eficácia ainda é 
tímida, sendo inclusive classificadas como normas programáticas, já que seriam 
programas de ação direcionados ao chefe de Estado. Neste sentido, afirma o 
Ministro do STF Celso de Mello: 
 
Sob a égide do modelo constitucional brasileiro, mesmo cuidando-
se de tratados de integração, ainda subsistem os clássicos 
mecanismos institucionais de recepção das convenções 
internacionais em geral, não bastando, para afastá-los, a 
existência da norma inscrita no art. 4º, parágrafo único, 
da CR, que possui conteúdo meramente programático e 
cujo sentido não torna dispensável a atuação dos instrumentos 
 
34 MELLO, Celso D. de A. (2000). Direito Constitucional Internacional: uma introdução. 2ª edição. 
Renovar, p. 5. 
 
 
 
constitucionais de transposição, para a ordem jurídica doméstica, 
dos acordos, protocolos e convenções celebrados pelo Brasil no 
âmbito do Mercosul." (CR 8.279-AgR, Rel. Min. Presidente Celso 
de Mello, julgamento em 17-6-1998, Plenário, DJ de 10-8-2000 
 
 
Segundo Carmem Lucia Antunes Rocha35, temas como a preservação dos 
direitos humanos conduziram à necessidade de redimensionar

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