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Parasitologia Veterinária

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Parasitologia veterinária 
mmorenacg@gmail.com 
Sumário 
Introdução 1 
Tipos de parasitismo 1 
Ciclo vital 1 
Taxonomia 1 
Uso de sufixos 1 
Protozoologia veterinária 2 
Sarcadina (Ameba) 2 
Protozoários flagelados 2 
Giardia spp. 2 
Tritrichomonas spp. 3 
Família Trypanosomatidae 4 
Esporozoários 6 
Família Eimeriidae 7 
Família Sarcoscystidae 7 
Esporozoários sanguíneos 9 
Artropodologia 11 
Acarologia 12 
Ordem Ixodida 12 
Ácaros indutores de sarna 14 
Ordem Astigmata 14 
Ordem Actinedida 16 
Entomologia 16 
Características gerais 16 
Ordem Phtiraptera 16 
Subordem Rhyncophthirina 17 
Subordem Anoplura 17 
Subordem Ambycera e Ischnocera 17 
Ordem Siphonaptera 17 
Ordem Díptera 18 
Subordem Brachycera 18 
Subordem Nematocera 21 
Ordem Hemiptera 23 
Família Reduviidae 24 
Família Cimicidae 24 
Helmintologia 24 
Classe Cestoda 24 
Classe Trematoda 26 
Schistosoma mansoni 27 
Dicrocoelium dendriticum 27 
Fasciola hepatica 27 
Clonorchis sinensis 28 
Classe Nematoda 28 
Principais nematódeos parasitas de cães 29 
Principais nematódeos parasitas de gatos 31 
Principais nematódeos de equinos 32 
Principais nematódeos de ruminantes 32 
 
 
1 
Introdução 
Parasitismo é a relação entre dois 
elementos de espécies diferentes onde um 
deles apresenta uma deficiência metabólica 
que faz com que se associe por um período 
significativo a um hospedeiro. Por sua vez, 
habitat parasitário é o local mais provável de 
encontro de determinado parasita em seu 
hospedeiro. Em helmintos normalmente 
considera-se, quando não se especifica a fase 
de desenvolvimento, o habitat da forma 
adulta. 
Tipos de parasitismo 
➢ Acidental: quando o parasita é 
encontrado em um hospedeiro 
anormal ao esperado e não consegue 
completar o ciclo. ex: EPM em cavalo. 
➢ Errático: se o parasita se encontra 
fora do seu habitat natural. 
➢ Obrigatório: o parasita é incapaz de 
sobreviver sem seu hospedeiro. Precisa 
do hospedeiro para se desenvolver, 
mas não quer dizer que não consiga 
sobreviver fora dele. 
➢ Proteliano: expressa uma forma de 
parasitismo exclusiva de estágios 
larvares, sendo o estágio adulto de vida 
livre. 
➢ Facultativo: algumas espécies podem 
fazer ciclo em sua integra de vida livre 
e ocasionalmente podem ser 
encontrados em estado parasitário. 
Ciclo vital 
➢ Homoxeno (monoxeno): ciclo se 
completa em apenas um hospedeiro. 
ex: Giargia intestinalis. 
➢ Heteroxeno: onde são necessários 
mais de um hospedeiro para que o 
ciclo se complete, existindo pelo 
menos uma forma do parasita exclusivo 
de um tipo de hospedeiro. Quando 
existem dois hospedeiros pode ser 
chamado de dixeno, mais de dois 
hospedeiros é chamado de polixeno. 
ex: Tenia solium (larva=suíno; 
adulto=humano). 
➢ Eurixeno: baixa especificidade de 
hospedeiro, ou seja, encontrado em 
grande número de espécies. 
➢ Estenoxeno: pequeno número de 
espécies hospedeiras, podendo ser só 
uma. 
Taxonomia 
 
Uso de sufixos 
➢ Família – IDAE; ex: Ixodidae (família 
do carrapato) 
➢ Subfamília – INAE; ex: Culicinae 
(gênero Culex e Aedes, subfamília de 
musquito) 
➢ Tribo – INI; ex: Triatomini (tribo do 
barbeiro) 
Obs: A partir de gênero sempre tem 
que ser sublinhado ou em itálico. Gênero 
começa com a letra maiúscula e espécie com 
minúscula. 
 
Reino Filo Classe Ordem Família Gênero Espécie
 
2 
Protozoologia veterinária 
Sarcadina (Ameba) 
O processo evolutivo ocorre em dois estágios: trofozoítas e 
cisto. O trofozoíta é o estágio do parasita em atividade, tem uma 
forma oval e é unicelular. Por sua vez, o cisto é a forma resistente 
infectante, tendo uma forma esférica com mais de um núcleo. 
É um parasita intestinal. Quando chega no intestino delgado 
(local propício e com nutrientes) há o desincistamento e a ameba 
passa da fase cística para trofozoíta. Ao chegar no intestino grosso, a 
mudança de condição ambiental leva ao processo de encistamento. 
A condição patológica é causada pela Entamoeba histolytica ou 
outras espécies associadas ao complexo histolytica, por exemplo 
visto em cobras Entamoeba invalins. A Entamoeba histolytica causa 
patologia ao aderir à parede do intestino e lisar a célula, invadindo 
tecidos, podendo chegar a corrente sanguínea e acometer outros 
órgãos. Existem dois outros gêneros de amebas de vida livre que 
podem causar patologia: Neoglenia (N. fowleri) e Acanthamoeba (A. 
castellani). A Neoglenia invade a mucosa nasal e causa meningite, 
enquanto a Acanthamoeba invade a mucosa ocular causando 
conjuntivite, podendo levar a cegueira. 
Protozoários flagelados 
Giardia spp. 
É o flagelado mais comum no TGI humano, podendo cometer 
uma variedade de hospedeiros. Desse modo, é considerada uma 
zoonose. O processo evolutivo ocorre em duas formas: trofozoíta 
(intestino delgado) e cisto (intestino grosso). 
É um parasita intestinal que faz ciclo direto onde a forma 
trofozoíta adere na parede do intestino para se reproduzir. Esse 
processo leva cerca de três dias e é um momento de agressão que 
gera toxinas. O exame de fezes deve ser coletado por três dias, 
quando há suspeita de giardíase, pois enquanto estão aderidas não 
podem ser encontrados cistos nas fezes. Os cistos são eliminados 
nas fezes de uma a duas semanas após a infecção. A transmissão 
ocorre por água e alimentos contaminados. 
Se o individuo tiver um sistema imune comprometido e este 
não reagir à adesão do parasita, ele seguirá se reproduzindo. Desse 
modo, a patologia se agrava pelo aumento do número de parasitas e, 
consequentemente, aumento de toxinas liberadas. 
A morfologia do cisto é composta por quatro núcleos, que 
irão gerar dois trofozoítas, cada um com dois núcleos (binucleada) e 
simétricos. Além disso, é um parasita anaeróbio aerotolerante que não possui mitocôndrias e, 
portanto, não realiza ciclo de krebes e não tem citocromos. Em seu metabolismo, usam 
primeiramente a glicose e armazenam o glicogênio. Como metabólitos são gerados etanol, CO2 e 
acetato, que agem como toxinas para o hospedeiro. Além disso, apresentam variação antigênica com 
a expressão de até 180 antígenos. A porção que adere na parede do intestino é chamada de disco 
adesivo (suctorial). 
 
3 
Tritrichomonas spp. 
Pertencente a ordem Trichomonadida, é um parasita que realiza ciclo homoxeno e está 
relacionado com aborto e endometriose em bovinos, além de diarreia em gatos. 
 
O processo evolutivo desse parasita ocorre apenas em 
uma forma, a trofozoíta. Assim, por não ter uma forma resistente, 
requer contato direto para a transmissão. Sua morfologia é 
composta de três a cinco flagelos anteriores e um flagelo 
recorrente ao longo da borda de uma membrana ondulante, 
embora varie de acordo com a espécie. O blefaroplasto é a 
estrutura anterior ao núcleo que tem grânulos basais e 
cinetossomos. O axóstilo é uma estrutura de sustentação em 
forma de bastão que segue ao longo da célula. 
A diferenciação de espécies e diagnóstico é feita pelo 
número de flagelos apresentados. O material utilizado é vivo, se 
houver a fixação não será possível visualizar os flagelos e, 
portanto, diferenciar as espécies. 
A espécie Tritrichomonas foetus tem importância econômica 
(em caso de bovinos), por afetar a produtividade dos rebanhos 
infectados. Há perda econômica com o tratamento, sacrifício e 
reposição dos animais infectados e uma queda na produção. 
Por passar diretamente no momento da cópula, pode 
afetar o rebanho todo caso não seja detectado. Ademais, pode 
levar ao aborto precoce, repetição do cio (intervalos irregulares), 
piometra e infertilidade. Quando infectada, a fêmea apresenta 
sintomas semelhantes de quando está no cio (vermelhidão e 
inchaço da vulva). Assim, o touro tenta a cópula, se infecta e 
passa para as outras fêmeas do rebanho. O protozoário se aloja 
no cotilédone placentário, pegando os nutrientes e deixando 
toxinas para o feto, levando ao aborto logo na primeiracria, pois 
o tampão está aberto. A recomendação é repouso sexual durante 
o tratamento. 
A patogenia no macho se apresenta pela presença de trofozoítas no prepúcio, podendo 
apresentar discreta inflamação, além da glande com edema e corrimento. A recuperação leva de duas 
a três semanas, sendo que após o período inicial o quadro torna-se assintomático, não afetando a 
fertilidade e o libido. Não desenvolve imunidade. 
Por sua vez, em fêmeas recém-infectadas o parasita inicialmente se multiplica na vagina, 
posteriormente passando para o útero. Assim, pode causar endometrite e impedir a manutenção da 
gestação, levando a morte embrionária e reabsorção do embrião. Quando não há 
eliminação completa das membranas fetais ou mesmo do feto, pode ocorrer uma 
piometrite, que acarreta esterilidade permanente das vacas. Caso contrário, a vaca 
retorna ao cio, sendo que o parasita se mantém na vagina, podendo infectar outros 
touros. Os parasitas uterinos fluem para a vagina de forma intermitente, de modo 
geral dois ou três dias antes do estro. O principal sintoma observado é ciclos com 
intervalos irregulares. 
Outra espécie de destaque é a Tetratrichomonas gallinae, que infecta a cavidade 
oral de aves, sendo o principal hospedeiro o pombo. Causa um processo 
inflamatório composto por lesões caseosas. A patogenia ocorre em aves jovens, 
adultos não apresentam sintomas. A infecção pode ser leve ou evoluir para óbito. 
Apresenta-se como exsudato amarelado/esverdeado na cavidade oral, podendo 
➢ Trichomonas vaginalis – sistema reprodutor humano 
➢ Tetratrichomonas gallinae – sistema digestivo de aves 
➢ Tritrichomonas suis – TRS de suínos 
➢ Tritrichomonas foetus – sistema reprodutor de bovinos e TGI de felinos 
 
4 
afetar também os seios nasais, região orbital, faringe, esôfago e até o proventrículo. O diagnóstico é 
feito através de esfregaços corados das lesões e para o tratamento são usados derivados imidazólicos. 
Família Trypanosomatidae 
Protozoários sanguíneos que como característica de destaque da família apresentam apenas um 
flagelo e possuem cinetoplasto. Têm grande distinção geográfica. 
Os diferentes gêneros apresentam diferentes ciclos parasitários: 
➢ Monoxeno de insetos: Leptomonas, Herpetomonas, Crithidia, Blastocrithida e Rhynchoidomonas. 
➢ Heteroxenos (insetos e plantas): Phytomonas. 
➢ Heteroxenos (invertebrados e vertebrados): Leishmania, Endotrypanum e Trypanosoma. 
Apresentam diferentes formas evolutivas que são classificadas de acordo com 
a posição do cinetoplasto. Onde as formas amastigota e tripomastigota são 
encontradas no hospedeiro vertebrado e as formas tripomastigota e epimastigota no 
hospedeiro invertebrado. 
➢ Amastigota: flagelo não está livre, está retido dentro da célula. É uma forma 
intracelular obrigatória, por isso o flagelo não é necessário 
➢ Promastigota: cinetoplasto anterior 
➢ Epimastigota: cinetoplasto epi ao núcleo 
➢ Tripomastigota: cinetoplasmo posterior ao núcleo 
Gênero Trypanosoma 
Parasitam diversos animais como aves, répteis, anfíbios, peixes e mamíferos, sendo que os 
mamíferos são os de interesse médico veterinário. Diferentes subgêneros podem apresentar 
diferentes formas de transmissão, podendo ser contaminativa (stercoraria) ou inoculativa (saliva). 
Obs: o tatu pode se contaminar comendo o inseto, no ato da mastigação as fezes são liberadas. 
Ciclo biológico: 
➢ Formas reprodutivas: epimastigota (no tubo digestivo do vetor) e amastigota (dentro da célula 
dos mamíferos) 
➢ Formas não reprodutivas infectantes: tripomastigota metacíclico (fezes e urinas dos insetos 
vetores) e tripomastigotas circulantes (sangue dos mamíferos) 
➢ Durante a fase no hospedeiro invertebrado o protozoário se transforma em epimastigota e, no 
intestino posterior, diferencia-se em tripomastigota metacíclico (após a fissão binária) os quais 
são eliminados pelas fezes do inseto vetor. O parasita não penetra a pele intacta, somente 
através da mucosa ou ferimentos na pele. Nos mamíferos os parasitas se desenvolvem no 
interior das células, sendo liberados no sangue após o rompimento celular. O diagnóstico é 
feito a partir da observação de formas tripomastigotas, já que a forma amastigota é intracelular 
(célula de defesa ou tecido alvo). 
Cada espécie tem tropismo por um tipo de tecido, característica que pode ser utilizada para a 
diferenciação. O T. cruzi tem tropismo por células da musculatura lisa e cardíaca. 
Obs: vetor mecânico é quando o hospedeiro invertebrado ingere a forma tripomastigota e não há 
multiplicação nele, ou seja, não são encontradas formas epimastigotas. O inseto faz apenas o 
transporte da forma infectante. Um exemplo é a peste de secar. 
A metaciclogênese é a passagem de formas evolutivas para que haja a fissão binária 
(multiplicação celular). Ocorre de tripomastigota para epimastigota e depois para tripomastigota 
novamente. Como resultado a forma tripomastigota gerada é chamada de metaciclica. 
Em casos protozoários que fazem a transmissão inoculativa, eles migram para a secção salivar após a 
diferenciação em tripomastigota metacíclico. 
 
5 
 
 Espécie Doença Vetor Transmissão 
T. brucei 
Nagana Glossina spp. 
Inoculativa 
T. congolense 
T. vivax Inoculativa/mecânica 
T. b. gambiense 
Doença do sono Glossina spp. Inoculativa 
T. b. rhodisiense 
T. evansi 
Surra ou mal das 
cadeiras 
Tabanídeos Mecânica 
T. equiperdum Durina - Coito 
T. theileri Não patogênico Tabanídeos Contaminativa 
T. cruzi Doença de chagas Triatomídeos Contaminativa 
➢ Mal das cadeiras: também chamado de surra, é causado pela espécie T. evansi e é transmitido 
por tabanídeos ou moscas de estábulo. O protozoário tem afinidade por células do tecido 
nervoso. Ocorre em equinos. 
➢ Peste de secar: também chamada de nagana, é comum em bovinocultura leiteira. O 
protozoário causador é especialmente o T.vivax e ocorre por processo mecânico/acíclico 
realizado pelas moscas de estábulo ou tabanídeos. 
➢ Durina: causada pelo protozoário T. equiperdum, é o único do gênero que é transmitido pelo 
contato direto. Ocorre em equinos. 
Gênero Leishmania 
São parasitas intracelulares obrigatórios, acometendo especialmente macrófagos. Apresentam 
apenas duas formas evolutivas: amastigota (hospedeiro vertebrado e invertebrado) e promastigota 
(hospedeiro invertebrado). Por não ter formas circulantes no sangue, o esfregaço sanguíneo não é um 
bom método de diagnostico. 
Apenas um gênero de inseto é responsável pelo ciclo biológico na américa central e do sul, o 
mosquito flebotomíneo Lutzomyia spp. (mosquito palha), onde a principal espécie é a L. longipalpis. Na 
Europa, Ásia e norte da África, pode ser transmitida por mosquitos do gênero Phlebotomus. A saliva 
desses insetos contém componentes com atividade antiinflamatória, anticoagulante, vasodilatadora e 
imunossupressora, que interferem com a atividade microbicida dos macrófagos, facilitando a 
disseminação do parasita pelo organismo do hospedeiro. 
As diferentes espécies do gênero são divididas em complexos de acordo com a sintomatologia 
causada, sendo divididas em leishmaniose cutânea (causa lesões na pele) e leishmaniose visceral (ou 
calasar; atinge fígado, baço, rim, medula, linfonodos e etc). A L. braziliensis é a mais comum causadora 
 
6 
de leishmaniose cutânea no Brasil, enquanto a L. donovani chagasi é a mais comum de leishmaniose 
visceral. Além disso, o gênero pode ser dividido em dois subgêneros: Leishmania e Viannia. 
Ciclo biológico: Os mamíferos são infectados através da saliva do vetor contendo as formas 
promastigotas metacíclicos. O protozoário é rapidamente internalizado pelas células de defesa e 
diferenciam-se na forma amastigota. Dentro da célula de defesa, a forma amastigota se multiplica por 
divisão simples e eventualmente rompe a membrana da mesma, sendo liberada novamente na 
circulação e infectando uma nova célula de defesa. Ao fazer hematofagia em um individuo 
contaminado,o mosquito recebe essas células de defesas infectadas. No intestino do inseto ocorre a 
metaciclogênese e os promastigoras metaciclicos aderem ao epitélio intestinal para não serem 
excretados, posteriormente migrando para esôfago e faringe. Depois seguem para a glândula salivar e 
são liberados na próxima hematofagia. 
 
Sintomas: alopecia; crescimento exagerado da unha; lesões semelhantes às vistas nos humanos, 
sendo que em cães é comum em áreas com menos pelo, mais susceptíveis a picadas do inseto. 
Esporozoários 
Protozoários parasitas intracelulares obrigatórios que apresentam dois processos evolutivos 
(esquizogonia e gametogonia) e um processo de diferenciação celular (esporogonia). 
 
O processo biológico básico que acontece em todas as famílias pertencentes se baseia nas três 
fases do parasita: esquizogonia, gametogonia e esporogonia. 
➢ A esquizogonia é o processo que gera sintomatologia no hospedeiro por realizar lesão celular. 
Formas trofozoítas infectam a célula e diferenciam-se em esquizoítas e depois em merozoítas. 
Os merozoítas são liberados na lise celular e são responsáveis por infectar novas células ou 
iniciar o processo de gametogonia. É esse processo que determina o grau de morbidade da 
doença, estando relacionado com o número de tecidos atingidos e de processos 
esquizogônicos. 
➢ A gametogonia é dividida em diferenciação sexual e fecundação, onde um gamonte gerado é 
diferenciado em microgamonte ou macrogamonte. O microgamonte é composto por diversos 
microgametas e representa a célula masculina. Por sua vez, o macrogamonte é formado por 
➢ Esquizogonia ou merogonia: reprodução assexuada. Processo patológico por causar lesão 
celular. 
➢ Gametogonia ou gametogênese: reprodução sexuada. Ocorre no hospedeiro definitivo. 
➢ Esporogonia ou esporulação: processo de diferenciação onde o oocisto liberado se transforma 
em oocisto maduro com a formação de esporozoítas (forma infectante responsável pela 
iniciação da esquizogonia). Ocorre no ambiente. 
 
7 
apenas um microgameta e representa a célula feminina. A fecundação de um microgameta com 
um macrogameta leva a formação de um ovo ou zigoto, que depois se diferencia em oocisto. 
Pode ocorrer no hospedeiro vertebrado ou invertebrado, mas só ocorre no hospedeiro 
definitivo. Por exemplo, na malária ocorre no inseto, enquanto no toxoplasma ocorre no gato 
e na babésia no carrapato. 
➢ A esporogonia é a diferenciação celular do oocisto liberado pelo hospedeiro definitivo no 
ambiente. O oocisto não esporulado se diferencia primeiro em oocisto em esporulação 
(esporocisto) e depois em um oocisto esporulado (contém esporozoítas). Os esporozoítas são 
as formas infectantes. Quando o oocisto entra no corpo do hospedeiro, a membrana é lisada 
liberando os esporozoítas, que entram na célula e se diferenciam em trofozoítas, que é a forma 
capaz de absorver nutrientes e energia, ou seja, capaz de realizar o processo de esquizogonia. 
Os esporozoítas são distinguidos por seu complexo apical. É a porção que se liga a célula do 
hospedeiro, garantindo a entrada. Contém alta especificidade tanto de célula alvo como de 
hospedeiro. 
Em relação aos esporozoários intestinais, podem ser divididos em duas famílias com relevância 
médico veterinária: Eimeriidae e Sarcocystidae. 
Família Eimeriidae 
Protozoários de ciclo homoxeno, ou seja, a esquizogonia e gametogonia ocorrem no intestino 
de apenas um hospedeiro. O exame diagnóstico deve ser realizado na fase de gametogonia 
(assintomática), uma vez que é quando o hospedeiro está liberando oocistos. A esquizogonia é 
intracelular e por isso não é possível ser identificada. 
Os gêneros de destaque são: Eimeria spp., Isospora spp., Tizzeria spp., Wenyonella spp., 
Cryptosporidium spp. 
 
Família Sarcoscystidae 
 Realizam ciclo heteroxeno onde no hospedeiro intermediário ocorre a esquizogonia e no 
hospedeiro definitivo a gametogonia. O hospedeiro definitivo é assintomático e responsável por 
liberar o oocisto. Três espécies de destaque: Toxoplasma gondii, Neospora caninum e Sarcocystis 
neurona. 
Toxoplasma gondii 
Os hospedeiros definitivos são os felídeos, portanto só ocorre a gametogonia neles. Existem 
duas formas de contaminação: através de oocistos presentes em fezes de felídeos ou comendo a 
carcaça de um animal contaminado. Os carnívoros tem um papel de destaque para esse protozoário. 
Ciclo biológico no hospedeiro definitivo: Os felinos se infectam através da ingestão de animais 
infectados, usualmente roedores, cujos tecidos contém taquizoítas ou bradizoítas; embora também 
possa ocorrer a transmissão direta de oocisto entre felinos. A ingestão de bradizoítas é a via mais 
importante e resulta na eliminação de maior quantidade de oocistos. Após a ingestão, a parede do 
 
8 
cisto é digerida no estômago do gato e no epitélio intestinal os bradizoítas são liberados e iniciam um 
ciclo esquizogônico e gametogônico, culminando na produção de oocistos em um período de três a 
dez dias. Os oocistos são eliminados durante apenas uma ou duas semanas. 
 
Ciclo biológico no hospedeiro intermediário: parte do ciclo ocorre extra-intestinalmente e 
resulta na formação de taquizoítas e bradizoítas (únicas formas encontradas em hospedeiros não–
felinos). A infecção pode ocorrer de duas maneiras: 
➢ Ingestão de oocisto esporulado: esporozoítas liberados penetram na parede intestinal e se 
disseminam pela via hematogênica. Esse estágio invasivo e proliferativo presente nas células do 
sistema imune são chamados de taquizoítas por realizarem a multiplicação de forma rápida. O 
processo de multiplicação é feito em um vacúolo intracelular e se chama de brotamento ou 
endodiogenia (uma célula forma dois indivíduos). Essa é a fase aguda da doença. Os taquizoítas 
atingem um tecido alvo e nele se inserem. É formada uma membrana cística/cisto em volta 
deles e a endodiogenia passa a ser lenta, desse modo passam a ser chamados de bradizoítas. 
Esse cisto é uma forma latente da doença que o sistema imune mantém sob-controle. Se há 
uma baixa de imunidade, esse cisto pode se romper, liberando os bradizoítas que se tornam 
ativos e recuperam as características invasivas dos taquizoítas, levando a uma nova infecção 
aguda. 
➢ Transmissão de hospedeiro intermediário para hospedeiro intermediário: pode ocorrer a 
ingestão de bradizoítas ou taquizoítas através da ingestão de carne de um hospedeiro 
intermediário contaminado. O ciclo é semelhante ao que ocorre quando se ingere o oocisto. 
Obs: vacas também podem liberar taquizoítas através do leite para os bezerros. 
Os cistos formados por bradizoítas podem ser observados em órgãos viscerais como pulmões, 
rins, fígado, entretanto, são mais prevalentes no tecido muscular, neuronal e globo ocular. O sistema 
imune controla a infecção, porém não age sobre os cistos, mantendo a infecção latente. Agentes 
medicamentosos, assim como o sistema imune, têm dificuldade de penetrar no sistema nervoso 
central, dificultando o tratamento. 
Neospora caninum 
Conhecido como toxoplasma like, tem um ciclo 
evolutivo similar ao Toxoplasma gondii. A diferença 
entre eles é o hospedeiro definitivo, que no caso do N. 
canium são os canídeos (especialmente o cachorro). Os 
hospedeiros intermediários mais sensíveis a infecção 
são os bovinos. O cachorro pode ser considerado 
também hospedeiro intermediário caso ocorra a 
ingestão de oocisto. Nesse caso, pode atingir o sistema 
nervoso e levar a paralisia dos membros posteriores. 
 
9 
Sarcocystis neurona 
O gambá é o hospedeiro definitivo desse protozoário. Tem tropismo por células musculares, 
formando cistos na musculatura. Nos equinos pode atingir o sistema nervoso, acarretando em 
paralisia dos membros posteriores, doença chamada de EPM. 
 
Esporozoários sanguíneos 
São divididos entre maláricos e não maláricos, ambos tendo um comportamento heteroxeno 
obrigatório onde o hospedeiro invertebrado é um hematófago (inseto ouácaro). A diferença entre o 
malárico e o não malárico é que o primeiro produz o pigmento hemozoína como resultado do seu 
metabolismo dentro da célula sanguínea. Para esses esporozoários a gametogonia pode ocorrer parte 
em um hospedeiro e outra no outro hospedeiro, variando de acordo com o gênero. 
As famílias Plasmodiidae, Haemoproteidae, Parahaemoproteidae e Leucocytozidae pertencem 
ao grupo classificado como malárico, enquanto a família Babesidae é a principal classificada como não 
malárica. 
Família Plasmodiidae 
Protozoário com desenvolvimento de esquizogonia e parte da gametogonia (diferenciação 
sexual) no hospedeiro vertebrado. Nos membros dessa família, a esquizogonia começa fora da 
hemácia, sendo dividida então em pré-eritrocítica e eritrocítica. Os hospedeiro invertebrados que 
participam desse ciclo são os membros da família Culicidae (Anophelinae para mamíferos e Culicinae 
para aves). 
Ciclo biológico: O mosquito transmite esporozoítas por meio da sua secreção salivar no 
momento da hematofagia. Os esporozoítas procuram as células alvo através da corrente sanguínea e 
invadem as células epiteliais hepáticas (fígado). A esquizogonia pré-eritrocitária ocorre nessas células 
alvo, podendo fazer mais de um processo. Cada merozoíta resultante infecta uma hemácia e faz o 
processo esquizogônico eritrocítico (esse processo também pode ser realizado mais de uma vez). 
Cada espécie tem um tempo específico de processo esquizogônico eritrocítico, levando a febres com 
intervalos regulares. Os plasmódios fazem a diferenciação sexual dentro da hemácia, portanto o 
individuo torna-se fonte de infecção para um novo mosquito. Quando o mosquito faz hematofagia em 
um individuo contaminado, ingere hemácias contaminadas com gametócitos. A fecundação dos 
gamontes ocorre no mosquito e o zigoto formado torna-se móvel (oocineto) e instala-se na parede 
estomacal do mosquito. É formada uma membrana cística e começa o processo de esporulação. A 
membrana desse cisto se rompe e os esporozoítas liberados migram para a glândula salivar. 
O diagnóstico é feito através de esfregaço podendo ser reconhecidas as fazes de esquizogonia 
eritrocíticas e gametogonia. 
Obs: o protozoário pode passar despercebido realizando a esquizogonia pré-eritrocítica por anos. 
 
10 
 
Duas espécies dessa família que merece destaque são: 
→ Plasmodium (Laverania) falciparum – causa a malária terçã maligna que pode levar a óbito. A 
febre ocorre a cada três dias. 
→ Plasmodium (Plasmodium) vivax – causa a malária terçã benigna. Caracterizada pela deformação 
das hemácias. É benigna, pois produz menos merozoítas no fígado do que a P. falciparum. 
Família Haemoproteidae 
É vista frequentemente em pombos, sendo apenas encontrada em aves e não em mamíferos. O 
ciclo biológico é semelhante ao da família Plasmodiidae, entretanto, a esquizogonia é feita em apenas 
um processo e ocorre fora da hemácia (exoeritrocitária), geralmente no pulmão e no fígado. A 
diferenciação sexual ocorre na hemácia do hospedeiro vertebrado e a fecundação e esporogonia em 
dípteros pupípara (Pseudolynchia canarienses). 
Família Parahaemoproteidae 
Semelhante a família Haemoproteidae, é vista apenas parasitando aves, especialmente aves 
aquáticas. A diferença entre as duas famílias é o hospedeiro invertebrado, que nesse caso é o 
mosquito borrachudo (Simuliidae). 
Família Leucocytozoidae 
Similar às outras famílias classificadas como maláricas. É vista especialmente em aves aquáticas. 
A grande peculiaridade dessa família é que as células alvo são os leucócitos. 
Família Babesidae 
Principal família classificada como não malárica. O gênero Babesia é o de maior importância 
médico veterinária. Tem como hospedeiro invertebrado os carrapatos (Ixodida). Os merontes têm 
números pares de merozoítas (díade). 
Ciclo biológico: os esporozoítas presentes na saliva dos carrapatos são injetados durante o 
repasto. Esporozoítas penetram nas hemácias e se diferenciam em trofozoítas. A reprodução 
assexuada intra-eritrocitária no hospedeiro ocorre por fissão binária e tem como resultado a 
formação de merozoítas. Esses merozoítas se diferenciam em gamontes, que são ingeridos por um 
novo carrapato. Após a ingestão, no hospedeiro invertebrado os gamontes formam protrusões 
(corpos raiados) e fazem a fecundação, gerando o zigoto. Esse zigoto torna-se móvel (cineto) que 
deixa o TGI e penetra em vários tecidos do vetor, inclusive os ovos (em fêmeas), chamada de 
transmissão transovariana. Há a formação de vários cinetos (esporocinetos), onde alguns penetram as 
células das glândulas salivares e realizam a esporogonia. Formam-se milhares de esporozoítas que são 
liberados na saliva (transmissão estadial). 
 
11 
 
 
A espécie B. canis é a única forma considerada grande patogênica. Além de formar díade, pode 
formar também tétrade (4 merozoítas) e rosácea (8 merozoítas). Além disso, tanto a B. canis, quanto 
a B. bovis podem levar ao acúmulo de eritrócitos nos capilares do cérebro, produzindo sintomatologia 
nervosa de hiperexcitabilidade e incoordenação. 
De forma geral, a sintomatologia começa de uma a duas semanas depois que o carrapato 
começou a hematofagia. Os principais sintomas são decorrentes da rápida destruição da hemácia, 
sendo hemoglobinemia, febre e hemoglobinúria. Em bovinos, os movimentos ruminais cessam e pode 
ocorrer aborto. Em animais previamente expostos a uma espécie de babésia de baixa patogenicidade, 
a sintomatologia pode ser moderada ou inaparente. 
Em áreas endêmicas o animal jovem primeiramente adquire imunidade de forma passiva, no 
colostro da mãe e, como resultado, com frequência sofre apenas infecções transitórias com discreta 
sintomatologia. 
Epidemiologia: 
➢ A B. bovis é considerada uma babésia pequena (geralmente são mais patogênicas que as 
grandes) e, em geral, é considerada a mais patogênica em bovinos. 
➢ A B. equi é mais patogênica que a B. caballi. Além de febre e anemia, pode causar também 
icterícia e hemoglobinúria. 
➢ A babesiose em suínos foi descrita apenas no sul da Europa, África e Ásia. Por sua vez, a 
babesiose em gatos foi descrita apenas na África, podendo causar anemia e icterícia. 
➢ A B. canis é a única espécie considerada grande que é supervirulenta. 
Artropodologia 
 Os artrópodes são classificados em quatro grupos: Insecta (três pares de pata), Arachnida 
(quatro pares de pata), Crustacea (cinco pares de pata) e Myriapoda (mais de cinco pares de pata). 
**As patas estão sempre localizadas na porção torácica. 
➢ Bovinos: B. bovis e B. bigenia 
➢ Equinos: B. caballi e B. equi 
➢ Cães: B. canis e B. gibsoni 
➢ Gatos: B. feles 
➢ Suínos: B. penoncitoi e B. trautmanni 
➢ Ovinos e caprinos: B. motasi e B. ovis 
 
12 
Acarologia 
Subclasse Acari, taxonomicamente incluída na classe Arachnida. São caracterizadas por seu 
corpo indiviso, onde o tagma é composto do Gnathosoma (aparelho bucal que faz a fixação) e 
Idiosoma (porção corporal). 
São seres ametábolos, ou seja, não sofrem metamorfose (diferenciação do corpo entre 
estágios), fazem apenas muda (ecdise). 
Estágios evolutivos: 
 
Ordem Ixodida 
São chamados de carrapatos. Parasitas restritamente hematófagos. 
A pata 1 desses animais tem no tarso um órgão chamado de órgão de 
Haller, responsável pela detecção da temperatura, luminosidade e 
concentração de CO2. O Gnathosoma tem o hipostônio armado (com 
dentes), responsável pela adesão do carrapato durante a hematofagia. 
É dividido em duas famílias principais: 
Ixodidae Argasidae 
Carrapato duro Carrapato mole 
Escudo dorsal Sem escudo dorsal 
Gnathosoma anterior 
Gnathosoma 
ventral 
Fêmea faz apenas uma 
postura 
Fêmea realiza 
múltiplas posturas 
Família Ixodidae 
O comportamento parasitário pode ser dividido em xênia e xevia, onde xênia é referente ao 
número de hospedeiros e xevia é em relação à especificidade. 
➢ Homoxeno: O parasita sofre ecdise no próprio animal. Entra como 
larvae sai como adulto (fêmea cai para por ovos). No ambiente 
podem ser encontradas fêmeas (que acabaram de fazer a postura), 
ovos e larvas (que acabaram de eclodir). 
➢ Heteroxeno: sai do animal para sofrer ecdise no ambiente. 
 
Diferentes estratégias de controle são necessárias para o controle de carrapatos que fazem 
ciclo homoxeno e heteroxeno. Em ciclos heteroxenos é mais eficaz medicar quando há estágios 
larvares e ninfas. Aplicar o remédio em animais que contém a fase adulta é inútil, uma vez que o 
macho já iria se desprender e morrer, e a fêmea sai do corpo para fazer a postura. Além disso a 
fêmea pode passar aos ovos resistência ao medicamento. 
 
 
Ovo → Larva → Ninfa → Adulto 
 
13 
Ciclo biológico: 
1. Neolarvas: são larvas que acabaram de sair do ovo e ainda não se alimentaram. Produzem 
feromônios para ficarem unidas e têm geotropismo negativo. 
2. Metalarvas: são larvas que já fizeram a primeira alimentação e ficaram regurgitadas, portanto 
são maiores que as neolarvas. 
3. Neoninfa: ninfas que acabaram de sofrer ecdise e ainda não se alimentaram. 
4. Metaninfa: ninfas ergugitadas. 
5. Neoandro: macho adulto que ainda não se alimentou. 
6. Neógina: fêmea adulta que ainda não se alimentou 
7. Gonandro: macho alimentado que se desprendeu e está pronto para copular com as fêmeas 
(partenóginas) que ele atraiu para próximo. 
8. Partenógina: fêmea que está se alimentando (momento em que o macho faz a cópula). 
9. Telógina: fêmea ergugitada pronta para realizar a postura. 
10. Quenógina: fêmea pós postura, portanto perto da morte. 
Obs: A principal diferença entre o macho e os outros estágios evolutivos é que apenas ele tem o 
escudo completo. 
Rhipicephalus (Boophilus) microplus 
É o carrapato do boi. Quando este hospedeiro está indisponível, pode ser encontrando 
parasitando outros ruminantes ou equinos. Realiza ciclo homoxeno e tende a se localizar na base da 
cauda, barbela, peito e face interna da coxa no animal. 
Rhipicephalus (Rhipicephalus) sanguineus 
É um carrapato adaptado a urbanização. Fez um ciclo heteroxeno e é geotropicamente 
negativo em todas as fases. É o carrapato do cachorro, embora já tenha sido citado parasitando aves, 
mas especialmente humanos (devido à relação cão-homem). As larvas tentem a se alojar no pescoço e 
os adultos na parte interna do pavilhão auditivo e espaços interdigitais. 
Dermacentor nittens 
Carrapato da orelha do cavalo, embora já tenha sido visto parasitando outros equinos, 
bovinos, caninos e felinos. Faz ciclo homoxeno e pode ser encontrado também na crina ou na face 
interna da pata do animal. 
Amblyomma spp. 
Realiza ciclo heteroxeno e é polixévico (tem baixa especificidade de hospedeiro). Tem como 
característica um Gnathosoma mais forte, favorecendo sua baixa especificidade. Pode ser visto 
parasitando inúmeros hospedeiros, como bovinos, caninos, felinos, equinos, répteis e etc. 
Obs: Amblyomma cajennense é a espécie popularmente conhecida como carrapato estrela. 
Família Argasidae 
É conhecido como carrapato mole (não 
apresenta escudo dorsal). A cutícula desse carrapato 
tem estruturas (cavidades ou espinhos). 
Diferentemente do carrapato duro, este é mais 
encontrado no oriente (Ásia). Os adultos possuem 
um Gnathosoma ventral, enquanto formas imaturas 
apresentam Gnathosoma dorsal. Além disso, são 
carrapatos de comportamento permanente, 
portanto a muda (ecdise) ocorre no corpo do 
animal. 
Argas sp. 
É predominante em aves (galiformes) e 
possuem hábitos noturnos. A postura é fragmentada, podendo por  700 ovos ao longo de 8 a 10 
posturas. 
Otobius megnini 
As formas imaturas são encontradas em orelha de bovinos. Por sua vez, os adultos não se 
alimentam, ficam no chão e seu metabolismo é reduzido. São homoxenos e possuem uma cutícula 
espinhosa. 
 
14 
Ornithodoros sp. 
Conhecido como carrapato do chão, apenas os adultos sobem no animal para se alimentar. 
Comum em animais silvestres. Possuem uma cutícula granulosa. Na África são mais comuns e 
conhecidos por causar a peste suína. Algumas espécies são destacadas para certos hospedeiros como: 
O. braziliensis no porco do mato; O. rostratus em coelhos, ratos, saguis e homem; O. talaje em porco, 
porco do mato e homem. 
Importância médica veterinária dos Ixodidas 
Em relação a importância da medicina veterinária no Brasil, os carrapatos da família Ixodidae 
tem maior destaque, embora alguns da família Argasidae também tenham relevância. 
Como consequência da presença de ectoparasitas como os Ixodidas, alguns danos podem 
ocorrer no hospedeiro, sendo eles: transmissão de patógenos, Inoculação de toxinas e danos diretos 
(exsanguinação e induzir miíase). 
➢ Toxicóides epiteliotrópicos: Amblyomma cajennense. 
➢ Toxicóides neurotrópicos: Rhipicephalus (Boophilus) microplus e Ixodes holocylus (típico da 
Austrália). O I. holocylus libera uma toxina volátil com meia vida curta, porém pode levar a 
óbito touros e crianças em 48h. É comum também em felinos e bovinos. 
➢ Toxicóides hematotrópicos: Dermacentor nittens (o sangue fica bem fluído). 
Espécie de carrapato Patógenos 
Rhipicephalus (Boophilus) microplus Babesia bigmina; Babesia bovis; Anaplama 
marginale 
Rhipicephalus (Rhipicephalus) sanguineus Babesia canis; Rangelia vitalli; Hepatozoon 
canis; Ehrlichia spp. 
Dermacentor nittens Babesia equi; Babesia caballi 
Amblyomma cajennense Babesia equi; Babesia caballi; Anaplasma 
marginale; Ricketsia ricketsii; Flavivirus; 
Cowdria ruminantum; Borrelia burgdorferi 
Amblyomma maculatum Ricketsia conorii 
Amblyomma aureolatum Borrelia burgdorferi; Rangelia vitalli 
Argas miniatus Borrelia anserina; Aegyptanella pullorum 
Ornithodoros sp. Ricketsia rickettsi; Borrelia brasiliensis; Borrelia 
recurrentis 
Otobius megnini Coxiella burneti 
Ácaros indutores de sarna 
Ordem Astigmata 
São ácaros que não possuem estigma respiratório, ou seja, a respiração ocorre pela cutícula. 
Como consequência da falta de estigma, o Idiosoma é pouco esclerotizado (muito fino), exceto na 
parte da coxa (apódemas), onde há um reforço da esclerotina, conferindo resistência ao movimento. 
As patas são ambulacrais, ou seja, possuem uma ventosa que é utilizada para garantir melhor o 
deslocamento e adesão no corpo. 
A forma do corpo varia de acordo com a família, se adequando ao local de 
parasitismo. Desse modo, podemos encontrar sarnas com o corpo redondo ou 
alongado. 
Família Sarcoptidae 
As principais espécies são: Sarcoptes scabiei e Notoedres cati. Ambas são 
causadoras de sarnas profundas, ou seja, são escavadoras de pele. Desse modo, 
possuem um Gnathosoma curto, um Idiosoma globuloso, corpo com espinhos/estrias 
e suas patas 3 e 4 são pouco desenvolvidas. 
Sarcoptes scabiei 
É um parasita de mamíferos e causa a sarna sarcóptica ou escabiose. A fêmea é 
escavadora e produz galerias na pele do hospedeiro, formando lesões, que 
desencadeiam uma resposta inflamatória no hospedeiro e, portanto, um maior fluxo 
 
15 
de nutriente. Além de ser classificada como uma zoonose, é também uma doença ocupacional em 
médicos veterinários. 
As fêmeas depositam os ovos nessas galerias formadas. As larvas e ninfas tem um geotropismo 
negativo, ou seja, se mantém nas galerias formadas e apenas ascendem para a superfície da pele para 
sofrer a ecdise (muda). A patologia está associada com a presença da fêmea, por só ela fazer a 
escavação e causar lesão. A mesma é mais ativa a noite e o seu processo de escavação costuma 
começar ao redor dos olhos. O diagnóstico é feito através da observação das fêmeas em raspado de 
pele, onde pode-se observar uma abertura anal terminal em formato de V, típica da espécie. 
Notoedres cati 
Similar a S. scabiei, porém é típica de gatos, tendo inicio da escavação nas orelhas e se 
espalhando pela face. Outra diferença entre elas é a abertura anal, onde na N. cati pode ser observada 
dorsalmente. Essa diferença é utilizada no diagnóstico diferencial.Família Psoroptidae 
São consideradas sarnas superficiais, ou seja, não escavam e  não formam galerias. O 
gnathosomo é mais longo (cônico) e mais ativo. Sua cutícula não possui espinhos e seu Idiosoma é 
ovalado. Apresentam pedicelo (pré-tarso) com ventosas para facilitar a mobilidade. Em machos a pata 
4 é menor e dá espaço para uma abertura copulatória. O diagnóstico é conclusivo a partir da 
observação dessa característica específica dos machos. 
Psoroptes equi 
É típico de pavilhão auricular de coelhos, podendo acometer também 
outros mamíferos e outras partes do corpo. No cavalo é comum observar na 
face e no dorso, enquanto em ovelhas a cabeça costuma a ser o local 
primeiramente atingido. O ambulacro possui um pedicelo trissegmentado e seu 
Gnathosoma é muito cônico. Se alimentam do exsudato celular decorrente da 
perfuração da epiderme (superficial). É chamada de sarna psoróptica. 
Chorioptes bovis 
Comum em animais de produção, podendo causar lesões em membros 
inferiores, como na pata, e ascender. O pedicelo se diferencia do P. equi por 
não ser segmentado e as ventosas pouco desenvolvidas. Causa a chamada sarna 
carióptica. 
Otodectes cynotis 
Comum em cães, gatos e furões, especialmente no pavilhão auditivo, portanto é também 
chamada de Ácaro de ouvido, embora o nome correto seja Otoacaríse. No pavilhão auditivo de um 
animal infectado é possível observar uma secreção otorréica (preta). Em sua morfologia pode-se 
observar um Gnathosoma pequeno com um pedicelo do ambulacro curto e não segmentado e 
ventosas robustas. É classificado como um ácaro micófago pela sua relação com infecções fúngicas. 
Família Knemidocoptidae 
É um ácaro típico de aves, em especial calopsitas e canários, 
comum em bicos e pés. Em sua morfologia observa-se patas curtas, 
apodemas propodossomais e um Idiosoma globuloso. É um ácaro 
profundo, embora não abra orifícios na pele, apenas utiliza a própria 
estrutura do estrato corne para se infiltrar. Causa a sarna 
Knemodocóptica, sarna podal ou sarna de bico. O principal gênero 
é o Knemidocoptes spp., que apresenta escamas na cutícula e iniciam 
um processo infeccioso caseoso. 
 
16 
Ordem Actinedida 
São ácaros que possuem abertura respiratória na base do Gnathosoma. O seu Gnathosoma é 
curto. Causa a chamada sarna dermodécia ou dermodiciose. Suas lesões não produzem crosta. O 
ácaro se aloja no folículo piloso, podendo viver até como comensal, porém pode causar alopecia, 
especialmente no rosto. 
Família Demodicidae 
Possuem o corpo alongado com histerosoma estriado, patas telescopadas e Gnathosoma 
curto. A pata é pouco desenvolvida pois não precisam andar, são levados pela secreção pilosa. Pode 
ocorrer a transmissão mamária do filho (não é transmamária) no ato da amamentação, quando o 
filhote encosta o focinho na teta da mãe, onde os folículos pilosos estão infectados. O aporte 
glandular na teta favorece a sobrevivência do ácaro nesse local. 
Entomologia 
Características gerais 
Insetos são artrópodes com o corpo diviso (tagmas - cabeça, tórax e abdômen). Possuem três 
pares de pata (hexápodas), um em cada metâmero torácico. Além disso, na cabeça é encontrado um 
par de antenas, que é utilizado para classificar ordens. Podem ou não ter asas, sendo usado o sufixo 
ITERA, para os que possuem asa, e APTERA, para os que não possuem asa. 
Além da diferenciação pelas antenas, podem também ser diferenciados de acordo com o seu 
metabolismo, baseado na metamorfose. São chamados de hemimetábolos aqueles que não realizam 
uma metamorfose completa, portanto, são capazes de manter o mesmo comportamento fisiológico 
com diferenças morfológicas discretas. Nesse caso não possuem a fase de larva, tendo apenas os 
estágios de ovo, ninfa e adulto. Os insetos que realizam uma metamorfose completa são chamados de 
holometábolos. Desse modo, são capazes de sofrer transformações fisiológicas e morfológicas 
completas. Embora possuam o estágio de larva, não passam pelo estágio de ninfa. Seu ciclo consiste 
em ovo, larva, pupa e adulto. A pupa é o momento de transição larva-adulto, onde o inseto se abriga 
em um casulo e não se alimenta. 
Apenas quatro ordens apresentam importância na medicina veterinária, sendo elas: Phtiraptera 
(piolho), Siphonoptera (pulga), Diptera (moscas, mutucas e mosquitos) e Hemiptera (barbeiro). 
Ordem Phtiraptera 
Como observado no sufixo do nome, são ápteros, ou seja, não possuem asas. Como 
características gerais destacam-se o corpo achatado dorsoventralmente, presença de garras nas 
extremidades das patas, o metabolismo hemimetábolo e o fato de serem parasitas obrigatórios, tendo 
uma relação específica com o hospedeiro, e permanentes, necessitam da troca de calor para manter a 
sua temperatura. Além disso, os ovos podem ser chamados de lêndeas. São representados por quatro 
subordens de importância, onde duas são sugadoras (hematófagas) e duas mastigadoras (podendo ser 
de pêlo ou de pena). 
As fêmeas depositam o ovo com uma substância mucoide e gelatinosa que ao entrar em 
contato com o O2 do ambiente endurece, desse modo o piolho se torna mais aderido. As ninfas N1 
não se alimentam, pois ainda não possuem uma peça bucal enrijecida. A N2, por sua vez, possui uma 
peça bucal adaptada, porém ainda não está completa. Somente na N3 a peça bucal se torna enrijecida 
e completa, permitindo a alimentação 100%. O parasita se torna adulto a partir do momento em que 
a cópula pode acontecer (aparelho reprodutor completo). 
As infecções por piolhos acarretam em prurido na pele, que gera coceira. Esse prurido pode 
ocorrer pelo caminhar, no caso dos piolhos mastigadores, ou pela própria sucção dos hematófagos. 
Normalmente a sintomatologia ocorre em casos de infestação maciça, podendo levar a sintomas 
como coceira, alopecia, escoriações e automutilações. Em casos de infestações por piolhos sugadores, 
pode ocorrer anemia. 
 
17 
Infestações maciças em ambientes de granjas pode levar a letargia, diminuição do ganho de 
peso ou diminuição na produção de ovos, que como consequência tem uma queda na produção geral 
da empresa. Em geral, as infestações maciças estão associadas com animais jovens, idosos, com algum 
comprometimento de saúde ou relacionado com um ambiente insalubre. 
 
Subordem Rhyncophthirina 
Piolho sugador típico de elefantes e rinocerontes. Ainda não foram identificados 
representantes no Brasil. 
Subordem Anoplura 
Piolho sugador de mamíferos. Altamente espécie específico. Caso parasite uma espécie que 
não o seu hospedeiro habitual, o sangue consumido pode cristalizar no interior do seu tubo digestivo 
e o parasita morre. 
Subordem Ambycera e Ischnocera 
São piolhos mastigadores. Os que mastigam penas são chamados de malófagos e possuem 
garras em formato de pinça. Por sua vez, os que mastigam pêlo são chamados de tricófagos. 
Encontrados em galinhas domésticas, além de outros mamíferos, pode acarretar em perda de 
produção em granjas. 
Ordem Siphonaptera 
Assim como os Phtiraptera, são insetos que não possuem asa e o 
corpo é achatado, a diferença é que nos Siphonapteras o corpo é 
achatado lateralmente. Além disso, possuem o terceiro par de patas 
maior que os demais, adaptado para saltar, e nas patas apresentam unhas, 
propícias para andar. São insetos holometábolos, hematófagos (forma 
adulta) que apresentam uma relação de parasitismo de baixa 
especificidade com o hospedeiro, podendo também ser parasitas 
temporários ou permanentes. Os gêneros que são parasitas temporários 
descem do corpo do hospedeiro para fazer a postura, enquanto os 
permanentes apenas lançam os ovos para o solo, sem precisar sair do 
corpo do hospedeiro; Desse modo, ambos os ovos são depositados no 
ambiente. 
 
Amblycera Ischnocer Anoplura Rhyncophthirina 
 
18 
As larvas se alimentam de matéria orgânica (saprófagas) e sua morfologia consiste em um 
corpo coberto de cerdas e sem patas. As pupas formam um casulo dematéria orgânica para realizar o 
processo de pupação. 
As espécies de maior importância na medicina veterinária são: 
➢ Ctenophalides felis (comum em gatos) 
➢ Ctenophalides canis (comum em cães com tropismo maior por climas frios) 
Obs: As espécies C. canis e C. felis podem copular e gerar um descendente fértil, sendo este 
classificado como uma subespécie. 
➢ Xenopsylla cheopis (pulga do rato, transmissora de Yersinia pestis) 
➢ Pulex irritans 
➢ Tunga penetrans (Popularmente conhecido como bicho do pé – acarreta Tungíase) 
O destaque dessas espécies na medicina veterinária ocorre especialmente por serem vetores 
de diversos agentes infecciosos como: 
➢ Yersinia pestis, carreada pela pulga Xenopsylla cheopis, bactéria causadora da peste 
negra/bubônica 
➢ Salmonella spp. – Salmonelose 
➢ Rickettsia spp., causando tifo exantemático, encontrada nas fezes da Xenopsylla cheopis 
➢ Franciella tularensis, causadora da tularemia, nesse caso as pulgas são apenas vetores mecânicos 
➢ Vírus causador da mixomatose dos coelhos, onde o hospedeiro se contamina pelas peças 
bucais contaminadas das pulgas 
➢ Dipylidium caninum, cestódeo que pode ter como hospedeiro intermediário as pulgas 
Ctenophalides felis, Ctenophalides canis e Pulex irritans 
➢ Diptalenoma reconditum, onde os Ctenophalides felis e Ctenophalides canis são hospedeiros 
intermediários. Embora não seja um verme patogênico, pode ser confundido com a 
dirofilariose. 
Além disso, as pulgas se destacam também por causar reações de hipersensibilidade, 
normalmente do tipo I, onde animais sensibilizados podem desencadear prurido, dermatite e 
infecções secundárias. Em gatos podem acarretar em dermatite miliar e em cães dermatite alérgica 
por picada de pulga (DAPP). Infestações muito grandes são encontradas em animais velhos ou com 
doenças crônicas debilitantes. 
Ordem Díptera 
Insetos que apresentam dois pares de asa, um desenvolvido chamado de mesotorácico e um 
não adaptado para vôo chamado de metatorácico. O metatorácico é utilizado para o deslocamento 
de ar. Apresentam um metabolismo holometábolo. Podem ser divididos em duas subordens, a 
Brachycera (que são as moscas e mutucas) e a Nematocera (mosquitos). 
Subordem Brachycera 
A etiologia da nomenclatura faz referencia a característica de possuírem antenas (cera) curtas 
(brachy), que é uma das principais diferenças para a subordem nematocera. Assim como todos os 
dípteros, apresenta uma região torácica desenvolvida composta de dois segmentos (mesomotos). 
 
 
19 
Os insetos pertencentes a essa subordem podem ser classificados em duas infraordens de 
acordo com a morfologia de suas antenas, sendo elas: Tabanomorpha (mutucas- apresentam antenas 
furcadas) e Muscomorpha (moscas- apresentam antenas aristas). 
 
Infraordem Tabanomorpha 
Conhecidas informalmente como mutucas, são insetos que possuem a antena furcada 
composta de um flagelo segmentado e voltado para frente. Apenas uma família dessa infraordem 
possui importância medico veterinária, que é a Tabanidae. Nessa família as fêmeas são hematófagas e 
ovíporas. A hematofagia ocorre por lambedura, onde o inseto faz um corte na pele do hospedeiro e 
lambe o sangue extravasado. Os ovos são depositados em ambiente aquático. 
Com uma extensa zoofilia, pode parasitar preguiças, ungulados domésticos e animais silvestres. 
Em menor frequência, podem ser observadas em aves, repteis e anfíbios. 
Apresentam hábitos diurnos, em especial nas horas mais quentes do dia, podendo sofrer 
influencia sazonal. Os machos se alimentam de seiva vegetal e flores, onde ingere substancias 
açucaradas. 
A importância dessa família se deve ao fato de que além da picada ser dolorosa, irritativa e 
poder acarretar em quadros de anemia, redução de peso e redução na produção; podem ainda 
carrear diversos patógenos, como por exemplo: Trypanosoma vivax, Anaplasma sp, Bacillus antrax, 
Franciella tularensis, Anemia infecciosa equina (AIE), cólera suína, Clostridium perfingens e Loa loa (um 
verme que não é encontrado no Brasil). 
Ciclo biológico: As fêmeas realizam postura dos ovos em plantas próximas a locais com 
abundância de água. Os ovos formam uma massa enrijecida. As larvas são mastigadoras e aquáticas e 
fazem 9 mudas ao longo de 2 meses a 1 ano. 
Infraordem Muscomorpha 
Os insetos dessa infraordem são divididos em dois grupos: aqueles que possuem uma peça 
bucal afuncional e os que possuem uma peça bucal funcional. 
➢ Moscas com a peça bucal afuncional: 
A peça bucal das moscas está diretamente ligada com a condição biológica. Quando a mosca 
tem peça bucal afuncional, ela não se alimenta. O tempo de vida desses insetos é bem curto, duram 
em torno de uma semana após saírem do casulo, o tempo necessário apenas para a cópula e postura 
dos ovos. As larvas que desempenham o papel parasitário, que vão extrair a fonte de energia (se 
alimentam). Portanto, essas são moscas que fazem miíase obrigatória. 
Os estágios das larvas são diferenciados através de seus espiráculos 
respiratórios. Cada espaço dentro do espiráculos é uma fenda respiratória. A 
quantidade de fendas está em harmonia com o estágio da larva, desse modo, a L1 possui 
apenas uma fenda, enquanto a L3 terá três fendas. Os espiráculos ficam na extremidade 
posterior da larva, sempre voltadas para o exterior corporal. Quando cobre-se o local 
da ferida, as larvas tem necessidade de vir para o exterior para respirar. 
Essas não são moscas de dentro de casa, sendo mais comuns em pastos, abrigos e campos. São 
comumente encontradas em ambientes que o animal passa a maior parte do seu tempo. 
Assim como todos os membros da ordem Diptera, as moscas Muscomorphas tem um 
processo de desenvolvimento holometábolo. Especificamente, o estágio de larva possui 3 
diferenciações (L1-L3), onde o tempo de desenvolvimento da larva é específico de cada espécie. As 
larvas dessa infraordem podem ser saprófagas, biontófagas, necrobiontófagas ou necrófagas. Os 
adultos e pupas não se alimentam e os ovos podem ser depositados em matéria orgânica ou sobre o 
corpo de animals. 
Tabanomorpha Muscomorpha 
 
20 
Três famílias dessa infraordem merecem destaque pela sua importância na medicina 
veterinária, a Oestridae, Cuterebtidae e a Gasterophilidae. 
Família Oestridae 
A espécie de importância é a Oestrus ovis. A fêmea podem ser diferenciadas morfologicamente 
pois têm espaço entre os dois olhos (dicópticos), enquanto nos machos o espaço é menor 
(holópticos). A cabeça de ambos é prateada. Essas moscas possuem uma certa especificidade de 
hospedeiro, desse modo, a miíase é observada apenas em ovinos, especificamente no nariz, onde 
ocorre uma atração pelo calor da respiração. 
As fêmeas são larvíporas (postura de larvas) e não conseguem voar grandes distâncias. As 
larvas se alimentam do tecido vivo, portanto classificadas como biontófagas. Os três estágios larvares 
são encontrados no nariz de ovinos e podem levar até 9 meses para chegar ao seio nasal. Suas fendas 
respiratórias são em formatos de placas. 
Sua principal importância me medicina veterinária é o fato de causar miíase obrigatória e 
primária em cavidade nasal de ovinos. Como tratamento não se deve matar a larva, pois ela 
permanecerá na cavidade nasal e causar obstrução, portanto indica-se a extração da mesma. 
Família Cuterebtidae 
A principal espécie dessa família é a Dermatobia hominis, também conhecida mosca de berne. 
Assim como a Oestrus ovis, a D. Hominis não voa grandes distâncias e é pouco encontrada no ambiente 
domiciliar/urbano. Ao contrário das outras moscas, essa espécie não deposita os ovos diretamente no 
corpo de um animal. As fêmeas fazem a ovipostura em um inseto forético, que seja mais ativo, este 
por sua vez deposita os ovos ao pousar em um animal. O inseto forético escolhido preferencialmente 
é zoófilo, ativo, com hábitos diurnos e hematófago. 
Quando o ovo é colocado no animal, a L1 rompe a membrana e se transfere parao corpo do 
mesmo. O calor corpóreo é que estimula a larva a se alojar. As larvas invadem o tecido, 
aproveitando-se de animais com pêlo e se desenvolvem dentro do folículo piloso, onde todos os 
estágios larvares irão permanecer. A larva são biontófagas e, portanto, se alimentam do tecido vivo. 
A miíase causada por essas larvas é a principal razão de sua importância na medicina 
veterinária e são classificadas como furunculosas, além de serem obrigatórias, primárias e histozóicas. 
Por ser um corpo estranho, o organismo tenta combater a presença da larva, causando um processo 
inflamatório. A larva fica em média 50 dias dentro do folículo. 
Família Gasterophilidae 
O gênero de destaque dessa família é Gasterophilus spp. onde os animais de escolha para a 
ovipostura são os equinos. Assim como nas demais famílias supracitadas, as larvas são biontófagas e se 
desenvolvem no TGI de equinos. 
As moscas da espécie G. intestinalis fazem a postura dos ovos na pata do animal, uma vez que 
este morde para se coçar, o ovo entra na boca e com a fricção se rompe. As larvas L1 e L2 se 
desenvolvem no estômago e a L3 no duodeno. Por sua vez, as moscas da espécie G. nasalis depositam 
os ovos nos pêlos do lábio interior e, após a eclosão, as larvas migram para dentro da boca. Nessa 
espécie a larva L2 é encontrada no estômago e a L3 no duodeno. 
Por último, a espécie G. haemorroidalis também faz a postura dos ovos próximo a comissura 
labial e entram pela boca com o alimento. As L1 e L2 se desenvolvem no estômago e duodeno, 
enquanto a L3 se desenvolve no reto. Essa fixação no reto para realizar a muda, aumenta o 
peristaltismo e pode acarretar em um quadro de prolapso retal. As pupas saem nas fezes do animal e 
ficam protegidas pelo dejeto. 
Em todos os casos, para cada processo de muda, é necessário que as larvas se fixem na 
mucosa, gerando uma lesão. Desse modo, como consequência as larvas induzem miíase gástrica e 
intestinal, podendo evoluir para um quadro de cólica ou prolapso retal. 
➢ Moscas com peça bucal funcional: 
Três famílias de moscas que possuem peça bucal funcional apresentam importância significativa 
na medicina veterinária, sendo elas: Muscidae, Calliphoridae e Sarcophagidae. 
Família Muscidae 
Essa família é representada por duas subfamílias principais, a Muscinae (lambedoras) e 
Stomoxydinae (sugadoras), onde três espécies se destacam, a Musca domestica, Stomoxys calcitrans e 
Haematobia irritans. 
 
21 
A Musca domestica é assim chamada por coabitar o ambiente domiciliar, onde encontra fonte 
inesgotável de alimento. Esta é uma mosca lambedora que se alimenta de restos de comida (matéria 
orgânica, especialmente açucaradas). A ovipostura ocorre em lixo, dejeto animal e etc. As larvas dessa 
mosca têm um rápido desenvolvimento e passam pelos três estágios nesse local onde os ovos foram 
depositados, sendo saprófagas se alimentam da matéria orgânica. A principal importância dessa 
espécie é por ser um forético de Dermatobia hominis, além de vetor mecânico para patógenos, como a 
Giárdia, Habronema muscae e Habronema megastoma. Além disso, é um indicador de manejo sanitário 
inadequado. 
As moscas da espécie Stomoxys calcitrans são também conhecidas como mosca dos estábulos, 
por ter um comportamento peridomicilar e ser comum em locais de criação doméstica de animais. A 
forma adulta faz hematofagia. As fêmeas fazem a ovipostura preferencialmente em dejetos de animais, 
mas também em restos de alimentos e palha. A sua importância está associada não só com as 
consequências normais de insetos hemofágicos, como incomodo, irritação e perda de peso, mas 
também com o fato da abertura da ferida ser atrativa para outras moscas realizarem postura. Além 
disso, são importantes vetores mecânicos e biológicos para diversos patógenos, carreando 
Trypanosoma vivax, Trypanosoma evansi e participando do ciclo do Habronema microstoma. Por fim, 
podem também servir como foréticos para as Dermatobia hominis. 
 Por fim, Haematobia irritans são também chamadas de mosca dos chifres, costumam habitar o 
ambiente rural e peridomiciliar. Estas apresentam um comportamento permanente no corpo do 
animal, saindo apenas para realizar a ovipostura e se alimentando através de hematofagia. É um 
parasita exclusivo de bovinos, em que as fêmeas realizam a ovipostura no dejeto fresco do animal e as 
larvas se desenvolvem no mesmo. É um destaque por provocar bastante injúria no corpo do 
hospedeiro, pelo tempo que fica nele, e uma depreciação do couro, causando prejuízo econômico. 
Além disso, o animal pode ter perda de peso, incomodo e irritação com a presença da mesma. Pode 
também agir como um forético para Dermatobia hominis e transmitir o patógeno Stephanofilaria stilesi. 
Família Calliphoridae 
São as conhecidas moscas varejeiras. Apesar de ser uma família extensa, o principal gênero é o 
Cochlyomia. Se alimentam por lambedura de matéria orgânica ou secreção corporal (natural ou 
patológica). As fêmeas realizam postura no corpo do animal, no momento em que vão fazer a 
lambedura. Nesse gênero, duas espécies correlacionadas se sobressaem, a Cochlyomia hominivorax e a 
Cochlyomia macellaria. 
A Cochlyomia hominivorax causa miíase primária em umbigo de bezerro. Possui um 
característico brilho azul metálico. Quando a mosca deposita os ovos, rapidamente as larvas rompem 
a membrana e começam a se alimentar de tecido vivo (biontófagas). As larvas passam por todos os 
estágios no corpo do animal e no momento de pupação saem deixando uma ferida aberta. 
Nessa ferida aberta a mosca da espécie Cochlyomia macellaria aproveita para se alimentar do 
tecido necrosado (necrobiontófagas). Por se alimentar apenas da matéria orgânica necrosada, elas não 
aumentam a ferida. As larvas são depositadas na ferida e também se alimentam do tecido necrosado, 
tendo o seu desenvolvimento completo no corpo do animal. 
Assim, ambas as espécies são importantes por causar miíase (sendo uma primária e outra 
secundária) histozóicas ou celozóicas. 
Família Sarcophagidae 
São moscas que apresentam tórax com faixas escuras e abdômen com manchas quadriculadas. 
Realiza larvipostura, onde as larvas podem ser necrobiontófagas, necrófagas ou saprófagas. Os adultos 
podem se alimentar de matéria orgânica e substancias açucaradas. A fêmea pode realizar larvipostura 
em alimento, porém é mais comum que seja em dejeto. Sua importância provém da capacidade de 
causar miíase facultativa e sencundária, além de ser um potencial forético para Dermatobia hominis e 
ser vetor mecânico de alguns patógenos. 
Subordem Nematocera 
São conhecidos como mosquitos. Em algumas espécies apenas as fêmeas 
são hematófagas e o reconhecimento do sexo é feito pela antena, onde a da fêmea 
é pilosa e do macho plumosa. 
Apresentam três tipos de comportamento parasitário: zooantropofilia 
(ambiente ao redor de casas); zoofilia (afinidade por animais- ambiente silvestre 
 
22 
porém pode acometer humanos); e antropofilia (afinidade por humanos- pode parasitar cães e gatos, 
o nome é dado por se adaptar ao ambiente urbano). 
Além disso, são classificados também de acordo com o seu comportamento reprodutivo, 
podendo ser: Autogenia (não precisam de sangue) ou anautogenia (precisam de sangue para produzir 
ovos); concordância (produzir ovo na ingestão de sangue) ou discordância gonotrófica (só produzem 
ovos após hematofagia). 
Desse modo, quatro famílias são principais por sua interação com humanos e animais, sendo 
elas a Simuliidae, Ceratopogonidae, Psychodidae e Culicidae. 
Família Simuliidae 
Conhecido popularmente como borrachudo ou puins, é um inseto considerado aquático por 
estar presente próximo a cachoeiras ou rios (necessita de água em movimento e limpa) e realizarem a 
ovipostura em ambiente aquático ou em plantas aquáticas. Os adultos se alimentam duas vezes, pela 
manhã e pela tarde. Seu aparelho bucal é constituído de lâminas, o que torna a picada dolorosa.As larvas são consideradas filtradoras, pois se alimentam de resíduos presentes na água, 
através de uma peça bucal mastigadora. Elas se fixam em substratos através de ventosas. Quando se 
alimentam, produzem uma substancia gelatinosa que posteriormente formará um casulo flutuante para 
a pupa. 
Além do interesse medico veterinário pela sua picada dolorosa, podem causar a síndrome de 
altamira (lesões cutâneas) e transmitir patógenos, como Onchocerca volvulus, Mansonella ozzardi e 
Leucocytozoon sp. 
Família Ceratopogonidae 
Também conhecido como maruins, apresentam uma peça bucal cortadora. São encontrados 
em lugares com água parada, como lagos e mangues. As fêmeas têm o formato do corpo segmentados 
e arredondados e realizam postura em plantas próximas a água. Os ovos são depositados em massa, 
apresentando uma forma cilíndrica. As larvas rompem a membrana dos ovos e dentro da água passam 
por três estágios. As larvas necessitam de local com muita matéria orgânica disponível para se 
alimentar e especificamente não tecem casulo. Os adultos tem hábitos vespertinos com uma atividade 
maior em períodos de lua cheia. 
A importância veterinária decorre de danos à pele e transmissão de patógenos, como 
Arbovírus e Onchocera. 
Família Psychodidae 
Nessa família está contida a subfamília Phlebotominae, que tem grande importância. São 
conhecidos como mosquito palha ou birigui. As fêmeas são hematófagas e realizam ovipostura em 
ambiente úmido e escuro, como folhas em decomposição, raízes de árvore e etc. 
Diferentemente de outros Nematoceras, as lavas dos Phlebotominios não se desenvolvem em 
ambiente aquático e passam por quatro estágios. As larvas se alimentam de matéria orgânica, sendo 
consideradas saprófagas. No sudeste do Brasil são comumente encontradas em cemitérios. Os 
adultos apresentam comportamento crepuscular e noturno, se alimentando na ausência de luz. 
Se destacam pela importância na transmissão de diversos patógenos, incluindo a Leishmania sp., 
Bortonella baciliformis, Endotrypanum e, especificamente para répteis, Sauroleishmania. 
Família Culicidae 
As fêmeas dessa família são hematófagas e necessitam de sangue para realizar a postura. É 
dividida em duas subfamílias, Anophelinae e Culicinae, que abrangem três gêneros de grande 
importância, Anopheles, Aedes e Culex. 
O gênero Anopheles também é conhecido como o mosquito prego, pela angulação 
característica que a fêmea faz no momento da hematofagia. Os adultos apresentam comportamento 
alimentar crepuscular/noturno, onde o macho é fitófago, se alimentando apenas de seiva vegetal. As 
fêmeas realizam ovipostura diretamente na água, ovo por ovo separadamente. Os ovos possuem uma 
cutícula transparente (flutuador) que age como “bóia” mantendo-os próximos da superfície da água. 
 
23 
As larvas não possuem sifão respiratório, apenas um prolongamento 
dos espiráculos respiratórios, no momento em que necessitam de oxigênio 
se mantem paralela a água. Para se alimentar, as larvas se movimentam 
constantemente, mandando matéria orgânica para a boca. As larvas passam 
por quatro estágios até se tornarem pupas. 
A pupa, assim como as larvas, se movimenta pela água, mesmo que 
essa não se alimente. Também vem a superfície de tempos em tempos para 
respirar, porém ao invés de terem espiráculos respiratórios, as pupas 
possuem trombas respiratórias. 
Esse gênero é destacado por transmitir diversos patógenos 
importantes, como Plasmodium spp., Dirofilaria immitis e Arbovírus. 
Os gêneros Culex e Aedes pertencem a subfamília Culicinae. A 
principal característica é que as larvas possuem sifão respiratório. 
No gênero Culex a postura dos ovos é feita sob a água e estes se 
mantém agregados em um aspecto de jangada característico, pois não 
possuem flutuador. As larvas crescem em ambiente aquático com pouca 
movimentação e riqueza de matéria orgânica. 
Assim como no gênero Anopheles, as pupas apresentam trombas 
respiratórias. Os adultos, por sua vez, apresentam hábitos noturnos e no 
momento em que a fêmea realiza a hematofagia o seu abdômen quase 
encosta no corpo do animal. A fêmea não necessariamente realiza a 
postura próximo ao local de alimentação. 
Esse gênero é de grande relevância por transmitir diversos patógenos, dentre eles os 
Arbovírus, Dirofilaria immitis, Plasmodium spp. e Wurchereria bancrofit (nematoide causador da 
elefantíase ou filariose linfática). 
O gênero Aedes é composto de três principais espécies que tem a capacidade de transmitir 
importantes patógenos, como os vírus da dengue, zika, chikungunya e da febre amarela e o nematoide 
Wurchereria bancrofit. As espécies são: Aedes aegypti (presente em ambiente urbano), Aedes scapularis 
(típico de ambiente rural/matas) e o Aedes albopictus (vive no ambiente de transição rural/urbano – 
principal transmissor de febre amarela). 
Todos os adultos pertencentes ao gênero Aedes têm hábitos alimentares diurno e apresentam 
escamas brancas. As fêmeas depositam os ovos separadamente em água, porém em casos de falta de 
água, elas podem depositar os ovos em ambientes apenas úmidos. Estes podem se manter viáveis por 
até 400 dias e quando houver água, ocorre a estimulação no ovo para que a larva rompa a membrana. 
As larvas precisam necessariamente de ambiente aquático para se desenvolver e apresentam um sifão 
respiratório cônico. 
Ordem Hemiptera 
São insetos de comportamento colonial. É nessa ordem que os percevejos e barbeiros estão 
incluídos. Uma característica especial desse grupo é a conformação do aparelho bucal, que é 
representado por um rostro (haustellum), constituído por um lábio segmentado. Esse rostro pode ser 
diferenciado de acordo com os hábitos alimentares do inseto. Em hematófagos o rostro é retilíneo e 
trissegmentado, os predadores apresentam um rostro trissegmentado curvo e, por último, os 
fitófagos possuem o rostro tetrassegmentado longo. 
Outra característica morfológica que os diferencia é a configuração e estrutura das asas 
anteriores, onde são metade rígida e metade flácida, chamadas de hemélitros. 
Considerados hemimetábolos, não realizam metamorfose completa. As ninfas 
passam por quatro estágios de desenvolvimento e é no terceiro, N3, que a asa começa a 
se desenvolver, ainda que não seja funcional, chamada de cotoalado. 
Uma característica particular é que as fêmeas, após a postura, protegem os ovos até que esses 
eclodam e, a partir dai, as ninfas que já eclodiram cuidam dos ovos que ainda estão no processo. Além 
disso, nos hemipteros predadores aquáticos, as fêmeas realizam a postura dos ovos em cima do 
macho, e esses os carregam até eclodirem. 
Duas famílias têm grande interesse médico veterinário que são: Reduviidae (barbeiros) e 
Cimiciade (percevejos). 
 
24 
Família Reduviidae 
Presente nessa família, está a subfamília Triatominae, que é onde os gêneros Triatoma, 
Panstrongylus e Rhodnius estão classificados. Esses são os gêneros de importância, pois podem ser 
encontrados em ambiente periurbano e rural, e são responsáveis por transmitir o protozoário 
causador da doença de chagas, o Trypanosoma cruzi. Assim, são insetos antropolíticos, hematófagos 
desde ninfa. Estas se alimentam diversas vezes, enquanto o adulto se alimenta apenas uma vez (por 
mais tempo). São insetos de hábitos noturnos e ao longo do dia permanecem em locais não visíveis. 
Podem ser diferenciados pelo posicionamento da antena, onde no gênero Triatoma a antena se 
encontra na metade da região pré-ocular, em Panstrongylus próximo ao olho e em Rhodnius na região 
do clípeo, bem afastado dos olhos. 
Família Cimicidae 
São os conhecidos percevejos. Sua principal importância é por se tornar um problema em 
granjas, onde infestações podem interferir na postura de ovos das aves e acarretar em prejuízo 
econômico. São insetos alados, ou seja, não apresentam nem a asa hemélitro. Seu comportamento 
alimentar é de hematofagia exclusiva e de hábito noturno. O principalgênero é o Cimex, embora o 
Ornitochoris apresente alguma importância. 
 Helmintologia 
É o estudo de vermes endoparasitas microscópios. Seu reconhecimento é feito através dos 
ovos ou larvas que são eliminados. Nem todos são parasitas obrigatórios, alguns não apresentam 
comportamento parasitário e, portanto, representam uma menor importância na medicina 
veterinária. São divididos em dois subfilos: os Platelmintos (achatados) e nematelmintos (cilíndricos); 
onde três classes são de interesse na medicina veterinária, a Nematoda, Cestoda e Trematoda. 
Classe Cestoda 
Os membros dessa classe são endoparasitas 
heteroxenos obrigatórios (com raras exceções). 
Os adultos são parasitas de vertebrados e as larvas 
tanto de vertebrados como de invertebrados 
também. Como morfologia geral apresentam 
corpo achatado, portanto sendo pertencentes ao 
subfilo dos platelmintos, em forma de fita, dividido 
em segmentos, além de não possuir cavidade oral 
ou tubo digestório. A cabeça é globular, composta 
por um escólex, que sustenta os órgãos de fixação, 
um pescoço curto não segmentado e uma cadeia 
de segmentos posterior chamada de estróbilo, 
onde cada segmento é denominado de proglote. 
As proglotes são continuamente produzidas 
a partir do pescoço, se tornando sexualmente 
maduras à medida que passam para a extremidade 
distal da tênia. É um verme hermafrodita, assim, as proglotes possuem um ou dois conjuntos de 
órgãos reprodutores, podendo realizar autofecundação ou fecundação cruzada (troca de proglotes 
entre vermes parasitando um mesmo hospedeiro). As proglotes passam por três estágios: imaturos, 
maduros ou gravídicos. São as gravídicas que se desprendem e são excretadas pelas fezes. 
Por não apresentarem tubo digestivo, absorvem nutrientes do intestino do hospedeiro através 
da cutícula, por isso são achatados, desse modo apresentam uma maior superfície de contato. O 
principal nutriente absorvido é o açúcar. 
A região do escólex pode ter ventosa ou sulcos que os vermes usam para aderir ao 
intestino do hospedeiro para não serem eliminados pelo movimento peristáltico. Em Taenia 
spp. também há uma região com rostelo, que são espinhos. 
 
25 
Principais cestódeos de interesse na medicina veterinária 
Cestódeos 
Hosp. 
Final 
Larva 
Hosp. 
Intermediário 
Local da 
larva 
T. saginata Homem Cysticercus bovis Bovinos Músculos 
T. solium Homem Cysticercus celullosae 
Suínos e 
homem 
Músculos 
T. multiceps Cão Coenurus cerebralis 
Ovinos e 
bovinos 
SNC 
T. hydatigena Cão Cysticercus tarnuicollis 
Ovinos, 
bovinos e 
suínos 
Peritoneo 
T. ovis Cão Cysticercus ovis Ovinos Músculos 
T. serialis Cão Coenuros serialis Coelhos 
Tecido 
conectivo 
T. taeniformis Gato Cysticercus fasciolaris 
Camundongo e 
Rato 
Fígado 
Echinococcus 
granulosus 
Cão Cisto hidático 
Ovinos e 
homem* 
Fígado e 
pulmão 
*O homem é apenas um hospedeiro acidental 
Os diferentes tipos de formas de larvas são caracterizados pela sua morfologia e composição 
do interior. Cysticercus são cistos com líquido contendo apenas um escólex invaginado aderido, além 
disso quando são parasitas de um hospedeiro invertebrado são chamados de Cysticercoide. Coenurus 
são cistos com líquido contendo inúmeros escólex invaginados. Por fim, o cisto Hidátide é grande e 
cheio de escólex livres ou na parede, repleto de epitélio germinativo. 
Cestódeos fazem um ciclo biológico heteroxeno, podendo haver um ou mais hospedeiros 
intermediários. O hospedeiro intermediário se infecta ingerindo as proglotes gravídicas que contem 
os ovos, enquanto o hospedeiro definitivo se contamina ingerindo o tecido contendo as larvas dos 
vermes. 
Exclusivamente para a T. solium, além do ser humano poder se infectar ingerindo tecido animal 
contaminado, também pode ocorrer a ingestão de proglotes gravídicas e este irá se portar como 
hospedeiro intermediário. 
Dipylidium caninum é um cestóide de importância na medicina veterinária pois afeta cães e gatos 
e o hospedeiro intermediário é a pulga. É o gênero de tênia mais comum em animais domésticos. O 
ciclo começa quando a pulga ingere o ovo do parasita durante o estágio de larva. Ao se desenvolver e 
subir no corpo do animal para se alimentar, o animal pode ingeri-la acidentalmente e se contaminar 
com o cistecercoides alojados na cavidade abdominal da pulga. Estes animais posteriormente irão 
eliminar proglotes gravídicas no ambiente e contamina-lo. 
 
Echinococcus granulosus 
 
26 
 
 
Classe Trematoda 
São platelmintos que apresentam ventosas e o corpo com escamas/espinho não segmentados. 
Assim como os pertencentes a classe Cestoda, são hermafroditas, porém os Trematodas apenas 
realizam autofecundação. O ciclo de vida é heteroxeno, onde um o hospedeiro é vertebrado e um é 
invertebrado (moluscos). 
Quando parasitam bovinos, o quadro é assintomático, sendo identificado apenas no momento 
do abate, por ser um animal de grande porte. Por sua vez, ovinos e caprinos costumam apresentar 
Taenia spp. 
Dipylidum caninum 
 
27 
quadro clínico. Costumam ter tropismo por ductos biliares (fígado) e podem ser chamadas de 
fascíolas. 
A morfologia geral dessa classe é a presença de uma 
ventosa oral, usada para se fixar no hospedeiro, podendo 
também apresentar uma ventosa acetubular com diferentes 
posicionamentos. Além disso, o sistema reprodutor é composto 
por dois testículos e um ovário. 
O hospedeiro invertebrado é sempre um molusco, sendo 
que a infecção no hospedeiro vertebrado não ocorre pela 
ingestão do caramujo. O H.I. serve apenas de reservatório para a 
larva se desenvolver e passar do estágio de miracídio para 
cercária. O miracídio pode penetrar ativamente no caramujo, em 
um ambiente aquático. Quando cercária, estes saem ativamente 
do molusco e, depois de algum tempo, aderem a vegetação, 
perdendo a cauda e tornando-se um cisto chamado de 
metacercária, estágio infectante para o hospedeiro vertebrado. 
Podem ser observadas algumas variações no ciclo 
dependendo do gênero e espécie do verme. 
Schistosoma mansoni 
A infecção ocorre ativamente pelo 
miracídio. Produz esporocistos de primeira e 
segunda geração e não produz rédia, dos 
esporocistos logo se forma a cercária. Esta sai do 
molusco e no ambiente aquático a sua cauda se 
torna bifurcada, passando a ser chamada de 
furcocercárias, que são as formas infectantes que 
penetram ativamente pela pele do hospedeiro 
vertebrado. O seu desenvolvimento ocorre nos 
vasos sanguíneos. Alguns animais podem ser 
reservatórios para humanos. 
Schistosoma mansoni é o único trematoda 
que não apresenta corpo achatado ventralmente. 
A forma adulta não é hermafrodita, porém vivem 
em constante cópula. O hospedeiro vertebrado 
elimina ovos através das fezes. 
Dicrocoelium dendriticum 
Essa espécie se desenvolve em um caramujo terrestre e , portanto, não produz esporocistos 
nem rédias. O molusco ingere o ovo com miracídio, que se desenvolve no hepatopancreas. O 
hospedeiro vertebrado é infectado pela ingestão do molusco. Durante o ciclo pode haver mais de um 
hospedeiro invertebrado. É um parasita de ovinos, bovinos, coelhos e cervídeos, tento um tropismo 
por fígado. 
Fasciola hepatica 
Nessa espécie, a larva e o miracídio penetram ativamente no molusco aquático. Seu nome já 
indica que estas têm tropismo por células hepáticas. Pode ser considerada uma zoonose, tem grande 
relevância na medicina veterinária. O molusco hospedeiro é um caramujo Lymnaea spp. A infecção no 
hospedeiro vertebrado pode ocorrer através da ingestão de verduras e legumes mal lavados. 
 
28 
 
Clonorchis sinensis 
A grande diferença no ciclo dessa espécie é que o encistamento ocorre em um segundo 
hospedeiro intermediário, como girinos, peixes, outros caramujos e etcs. O hospedeiro definitivo se 
infecta a partir da ingestão de um hospedeiro intermediário infectado. Os humanos se infectam 
majoritariamente pela ingestão de peixe cru. É um verme intestinal.

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