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tcc - Drenagem urbana

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA 
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
 
 
ANALISE DAS OBRAS DE MICRODRENAGEM COMO 
SOLUÇÃO PARA OS ALAGAMENTOS NA RUA IÇARA NO 
MUNICIPIO DE XANGRI-LÁ/RS 
 
 
 
 
JAIRO LEON VICHINHESKI DE FRAGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Canoas 
2018
JAIRO LEON VICHINHESKI DE FRAGA 
 
 
 
 
ANALISE DAS OBRAS DE MICRODRENAGEM COMO 
SOLUÇÃO PARA OS ALAGAMENTOS NA RUA IÇARA NO 
MUNICIPIO DE XANGRI-LÁ/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Engenharia Civil da Universidade Luterana 
do Brasil, como requisito parcial para obtenção do 
grau de Engenheiro Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. MSc. Ricardo Ângelo Dal Farra 
 
 
 
 
 
 
Canoas 
2018
 
 
JAIRO LEON VICHINHESKI DE FRAGA 
ANALISE DAS OBRAS DE MICRODRENAGEM COMO 
SOLUÇÃO PARA OS ALAGAMENTOS NA RUA IÇARA NO 
MUNICIPIO DE XANGRI-LÁ/RS 
Canoas, 21 de novembro de 2018. 
 Prof. Ricardo Ângelo Dal Farra 
 Orientador 
 
Profa. Dra. Fernanda Macedo Pereira 
Coordenadora do Curso 
BANCA EXAMINADORA 
Prof. MSc. Ricardo Ângelo Dal Farra 
Prof. MSc. José Carlos Keim 
Prof. MSc. Humberto do Amaral Duarte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha família que 
acreditou no meu sonho e a minha 
namorada que sempre me motivou. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Aos meus pais Jairo e Luzia, pela confiança depositada em mim, ao me 
lançar em uma jornada distante da nossa realidade financeira, pelo esforço realizado 
para que eu pudesse chegar ao meu grande objetivo. 
Aos meus irmãos Luana e Max William, por todo incentivo e auxilio 
financeiro ou em alguma tarefa. 
A minha namorada Paula, pela sua cumplicidade, compreensão, paciência e 
carinho dedicados ao longo dessa difícil jornada. 
Aos meus colegas de ônibus pelo companheirismo. 
Aos meus amigos e colegas de aula por toda colaboração e cordialidade. 
Aos mestres, pela sua paciência, compreensão e incansável dedicação em 
nos passar da melhor maneira seus conhecimentos. 
E por fim ao meu orientador MSc. Ricardo Ângelo Dal Farra, por ser esse 
exemplo de profissional, dedicado, compreensivo, motivador e amigável, meu muito 
obrigado por tudo que fizeste para me auxiliar nesta etapa tão importante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Agradeço todas as dificuldades que 
enfrentei, não fosse por elas, eu não teria 
saído do lugar. As facilidades nos 
impedem de caminhar.” 
Chico Xavier 
 
 
RESUMO 
 
VICHINHESKI, J. L. F. Análise das obras de microdrenagem como solução para 
os alagamentos na Rua Içara no município de Xangri-lá/RS. 2018. Canoas. 81 p. 
Trabalho de Conclusão de Curso, Engenharia Civil, ULBRA. 
 
Xangri-lá é um município do litoral norte gaúcho, que nos últimos anos teve um 
crescimento populacional acentuado, expressivamente através de condomínios 
horizontais, afetando de forma acentuada o ciclo hidrológico da região. Devido à 
falta de planejamento do poder publico o município não possui um plano diretor de 
drenagem urbana, manual de drenagem ou dados técnicos específicos. Mas obras 
de drenagem são realizadas no município, como a da Rua Içara, para conter 
alagamentos. Este trabalho busca verificar a eficácia dos sistemas de 
microdrenagem executados na Rua Içara, bem como a definição de parâmetros para 
novos empreendimentos. Através de séries históricas de dados de chuvas de 
estações pluviométricas da região, utilizando-se do método da regionalização e 
modelagem matemática de probabilidade teórica se definiu a chuva de projeto para 
o Litoral Norte, gerando as equações para diferentes Tempos de Recorrência - TR e 
duração até 1 h. Utilizando essas equações, verificou-se a eficiência das estruturas 
executadas na Rua Içara. Constatou-se um subdimensionamento das tubulações, 
devido ao emprego de uma chuva de projeto do posto pluviométrico da Estação 
Aeroporto de Porto Alegre. A precipitação para um TR de 5 anos, nesta estação 
pluviométrica, alcança 86,5 mm/h. Já a calculada para o município com o mesmo 
tempo de retorno é de 133,2 mm/h, ou seja, 54 % acima. O estudo propõe ao poder 
público municipal a normatização de procedimentos de elaboração de projetos que 
envolvem o tema drenagem urbana, e a elaboração de um Plano Diretor de 
Drenagem. As equações geradas para as precipitações do litoral norte podem servir 
de parâmetro para aprovação e fiscalização de novos empreendimentos dentro da 
área de abrangência. 
 
Palavras-chave: Alagamentos. Obras de microdrenagem. Chuva de projeto. 
Verificação. 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1: Ciclo hidrológico ......................................................................................... 16 
Figura 2: Curvas IDF para o município de Iraí/RS. .................................................... 19 
Figura 3: Divisor de águas......................................................................................... 20 
Figura 4: Leitos de um rio. ......................................................................................... 23 
Figura 5: Escoamento superficial, efeito da urbanização. ......................................... 24 
Figura 6: Enchente, inundação e alagamento. .......................................................... 24 
Figura 7: Seção transversal de uma sarjeta. ............................................................. 27 
Figura 8: Tipos de bocas de lobo. ............................................................................. 29 
Figura 9: Alinhamento de tubos de diâmetros diferentes. ......................................... 31 
Figura 10: Poço de visita. .......................................................................................... 32 
Figura 11: Planejamento de um sistema de macrodrenagem. .................................. 33 
Figura 12: Metodologia. ............................................................................................. 36 
Figura 13: Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí ...................................................... 37 
Figura 14: Sub-bacias do Setor Sul. .......................................................................... 39 
Figura 15: Sub-bacias do Setor Norte. ...................................................................... 40 
Figura 16: Locações tradicionais de caixa de ligação. .............................................. 51 
Figura 17: Locações de redes de microdrenagem. ................................................... 52 
Figura 18: Planilha para dimensionamento da rede pluvial. ...................................... 54 
Figura 19: Tabela para obtenção de 𝑉𝑁. .................................................................. 57 
Figura 20: Condição da Rua Içara em 2014. ............................................................. 57 
Figura 21: Rua Içara em 2014. .................................................................................. 58 
Figura 22: Condição da Rua Içara em 2018. ............................................................. 58 
Figura 23: Rua Içara em 2018. .................................................................................. 59 
Figura 24: Projeto de drenagem da Rua Içara. ......................................................... 61 
Figura 25: Obra de drenagem executada na Rua Içara. ........................................... 62 
Figura 26: Delimitação das bacias de contribuição. .................................................. 63 
Figura 27: Curva IDF Litoral Norte. ........................................................................... 72 
Figura 28: Curva IDF Litoral Norte, ajustada para durações de até uma hora. ......... 73 
 
 
 
'
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1: Coeficientes de rugosidade de Manning. .................................................. 28 
Tabela 2: Fatores de redução de escoamento das sarjetas. ..................................... 28 
Tabela 3:Fatores de redução de escoamento das bocas de lobo. ........................... 30 
Tabela 4: Fases da drenagem urbana nos países desenvolvidos. ............................ 34 
Tabela 5: Estações pluviométricas litorâneas ou próximas. ...................................... 41 
Tabela 6: Equações para estimativa de posição de plotagem. ................................. 43 
Tabela 7: Função cumulativa de probabilidades da distribuição normal padrão. ...... 45 
Tabela 8: Relação entre durações ou coeficientes de desagregação. ...................... 49 
Tabela 9: Espaçamento máximo entre poços de visita ............................................. 51 
Tabela 10: Valores de C por tipo de ocupação. ........................................................ 53 
Tabela 11: Valores de C de acordo com superfícies de revestimento. ..................... 54 
Tabela 12: Estações pluviométricas utilizadas para chuva de projeto. ..................... 64 
Tabela 13: Probabilidade de excedência para série escolhida. ................................ 65 
Tabela 14: Distribuição Normal de probabilidade. ..................................................... 66 
Tabela 15: Distribuição Log-Normal de probabilidade. .............................................. 68 
Tabela 16: Distribuição Gumbel de probabilidade. .................................................... 69 
Tabela 17: Melhor ajuste. .......................................................................................... 71 
Tabela 18: Desagregação dos valores máximos diários. .......................................... 71 
Tabela 19: Valores de intensidade. ........................................................................... 71 
Tabela 20: Equações de chuva de projeto para o Litoral Norte. ............................... 73 
Tabela 21: Acréscimo de volume de chuva gerado e vazão de projeto. ................... 74 
Tabela 22: Dimensionamento das estruturas conforme projeto. ............................... 75 
Tabela 23: Dimensionamento das estruturas conforme chuva de projeto calculada. 76 
Tabela 24: Comparativo entre os diâmetros obtidos. ................................................ 77 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS 
σ - Desvio padrão 
σx ou Sx - Desvio padrão da amostra 
Ø - Diâmetro 
∆h - Diferença de altitude ao longo do curso de água principal 
σ - Desvio padrão 
∞ - Infinito 
μ - Média 
μx ou x̅ - Média da amostra 
α - Parâmetro de escala 
β - Parâmetro de posição 
π - Pi=3.14159265359 
% - Porcentagem 
A - Área 
ANA - Agência Nacional de Águas 
AULINOR - Aglomeração Urbana do Litoral Norte do Rio Grande do Sul 
BL - Boca de lobo 
BLJ - Boca de lobo de jusante 
BLM - Boca de lobo de montante 
c - Coeficiente de escoamento superficial 
CE - Caderno de Encargos 
CL - Caixa de ligação 
cm - Centímetro 
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais 
CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo 
DEP - Departamento de Esgotos Pluviais 
DN - Diâmetro nominal 
e - Exponencial 
ETA - Estação de tratamento de água 
ETE - Estação de tratamento de esgoto 
FCP - Função cumulativa de probabilidade 
FDP - Função densidade de probabilidade 
ha - Hectares 
I - Declividade média 
Icanal - Declividade do canal 
Ie - Declividade da bacia hidrográfica 
Ij - Declividade do subtrecho 
Irua - Declividade da rua 
IDF - Intensidade-Duração-Frequência 
i - Posição de plotagem 
i - Intensidade da chuva 
imáx - Intensidade máxima de chuva 
j - Numero de subtrechos 
Km - Quilômetro 
Km² - Quilômetro quadrado 
L - Comprimento 
lj - Comprimento do subtrecho 
ln - Logaritmo natural 
 
 
10 
 
m - Metro 
min - Minutos 
m/s - Metros por segundo 
m/m - Metros por metro 
m² - Metros quadrados 
m³ - Metros cúbicos 
m³/s - Metros cúbicos por segundo 
mm - Milímetros 
mm/h - Milímetros por hora 
METROPLAN - Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional 
n - Coeficiente de rugosidade de Manning 
n - Numero de posições de uma amostra 
P - Altura pluviométrica 
P (X ≥ x) - Probabilidade de excedência 
P (X ≤ x) - Probabilidade de não excedência 
PAVS - Piso de concreto intertravado 
PDDU - Plano Diretor de Drenagem Urbana 
PBH - Plano da Bacia Hidrográfica 
PMSB - Plano Municipal de Saneamento Básico 
PMX - Prefeitura Municipal de Xangri-lá 
Pmáx - Altura máxima de chuva 
POA - Porto Alegre 
PV - Poço de visita 
Q - Vazão 
Qc ou Qcanal - Vazão do conduto a seção plena 
Qmáx - Vazão máxima 
Qp ou Qproj - Vazão contribuinte 
R ou Rh - Raio hidráulico 
RS - Rio Grande do Sul 
rt1t2 - Relação entre precipitações de duração diferentes 
S - Declividade do fundo 
S - Área da seção do conduto 
SC - Santa Catarina 
SEMA - Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 
SMDU - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano 
SP - São Paulo 
t - Duração da chuva 
tb - Tempo de base 
tc - Tempo de concentração 
td - Tempo de duração 
tp - Tempo de percurso 
TR - Período de retorno 
VDN - Velocidade do escoamento a seção plena 
VN - Velocidade de escoamento a seção parcial 
X - Amostra 
x - Valor qualquer da amostra 
y - Chuva de projeto 
y - Altura da lamina d’ água na sarjeta 
y1 - Carga da abertura da guia 
z - Variável normal reduzida 
 
 
11 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 13 
1.1 JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 14 
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................. 14 
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................... 14 
1.2.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 14 
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................. 15 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................... 16 
2.1 CICLO HIDROLÓGICO ............................................................................ 16 
2.1.1 Precipitação ..................................................................................................... 17 
2.1.1.1 Chuva de projeto ............................................................................................. 18 
2.2 BACIA HIDROGRÁFICA .......................................................................... 19 
2.3 OS EFEITOS DA URBANIZAÇÃO ........................................................... 22 
2.3.1 Inundações e alagamentos ............................................................................. 23 
2.3.2 Resíduos sólidos ............................................................................................. 25 
2.3.3 Contaminação dos mananciais ...................................................................... 25 
2.4 DRENAGEM PLUVIAL URBANA ............................................................. 26 
2.4.1 Sistema de microdrenagem ............................................................................ 26 
2.4.1.1 Sarjetas ........................................................................................................... 27 
2.4.1.2 Bocas de lobo .................................................................................................. 28 
2.4.1.3 Galerias circulares ........................................................................................... 31 
2.4.1.4 Poços de visita ou de queda ............................................................................ 31 
2.4.1.5 Caixa de ligação .............................................................................................. 32 
2.4.2 Sistema de macrodrenagem ........................................................................... 32 
2.5 PLANEJAMENTO DA DRENAGEM URBANA ......................................... 33 
3 METODOLOGIA ..................................................................................36 
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MUNICÍPIO ......... 36 
3.2 SÉRIES HISTÓRICAS ............................................................................. 41 
3.2.1 Método da regionalização ............................................................................... 42 
3.2.2 Distribuição empírica de frequência .............................................................. 42 
3.2.3 Distribuição teórica de probabilidade ............................................................ 44 
3.2.3.1 Distribuição Normal ......................................................................................... 44 
3.2.3.2 Distribuição Log-Normal .................................................................................. 47 
 
 
12 
 
3.2.3.3 Distribuição de Gumbel ................................................................................... 47 
3.2.4 Determinação da curva IDF pelo método da Desagregação ......................... 48 
3.3 PROJETO DE UM SISTEMA DE MICRODRENAGEM ............................ 50 
3.3.1 Dados necessários .......................................................................................... 50 
3.3.2 Concepção geral do projeto ............................................................................ 50 
3.3.2.1 Locação dos componentes .............................................................................. 51 
3.3.3 Definição da vazão de projeto pelo Método Racional ................................... 52 
3.3.4 Dimensionamento da rede pluvial .................................................................. 54 
3.3.5 O caso Rua Içara .............................................................................................. 57 
4 RESULTADOS ..................................................................................... 64 
4.1 CHUVA DE PROJETO DO LITORAL NORTE .......................................... 64 
4.1.1 Comparativo entre chuva de projeto utilizada no projeto de drenagem da 
Rua Içara e a do Litoral Norte calculada neste trabalho ........................................ 73 
4.2 VERIFICAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO DA REDE DE 
MICRODREGNAGEM IMPLANTADA .............................................................. 74 
5 CONCLUSÕES .................................................................................... 78 
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................. 80 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 81 
 
 
13 
 
1 INTRODUÇÃO 
O município de Xangri-lá está situado na Aglomeração Urbana do Litoral 
Norte do Rio Grande do Sul (AULINOR), que foi estabelecida pela Lei Complementar 
n° 12.100, de 27 de Maio de 2004. 
Segundo o PMSB/PMX (2014 apud METROPLAN, 2004), em relação às 
outras aglomerações do Estado, a AULINOR teve um acréscimo populacional de 
43,96% em nove anos, cerca de quatro vezes a do Estado como um todo. 
Crescimento este que seu deu em predominância na faixa litorânea, 
principalmente através de condomínios horizontais, culminando em uma mudança 
significativa no comportamento das águas superficiais, alterando-se fluxos, direções 
e vazões, afetando o sistema de drenagem urbana do município. 
Sendo uma região de planície costeira, trás condições que dificultam o 
planejamento do município ao adequado manejo das águas pluviais e naturais, 
devido às baixas declividades e também ao lençol freático muito próximo a 
superfície, o que dificulta a utilização de tubulações e estruturas de maior porte. 
A drenagem urbana no município é uma atividade com várias deficiências, 
entre elas a não existência do Plano Diretor de Drenagem Urbana – PDDU, de 
cadastro topográfico da rede pluvial existente, pouca ou nenhuma manutenção das 
estruturas já construídas e falta de investimento em estruturas eficientes de manejo 
das águas pluviais. 
Por estes fatores o município tem problemas durante períodos de média e 
grande precipitação pluvial, onde se criam pontos críticos de alagamentos que 
danificam passeios públicos, pavimentos das vias e também pequenas estruturas de 
drenagem pluvial existente, causando transtornos à população. 
Com base no mapa “Localização dos pontos críticos de alagamento”, 
fornecido pelo município, se identificou uma área significativa, considerada como um 
ponto crítico de alagamento, a Rua Içara que fica em um bairro nobre do município. 
Tendo como base, estas informações, se foi a campo e constatou-se que 
obras de drenagem tinham sido realizadas para resolver o problema, as quais serão 
 
 
14 
 
analisadas neste trabalho, com o intuito de verificar sua eficácia e se tiveram o 
correto dimensionamento. 
 
1.1 JUSTIFICATIVA 
Devido à inexistência no município de um instrumento para planejamento da 
drenagem urbana (manual, PDDU), específico para região, que estabeleça critérios 
e parâmetros para futuros projetos, há uma fragilidade na aprovação e fiscalização 
de projetos e obras de drenagem no município. 
A partir do momento que obras são realizadas sem o devido planejamento, os 
problemas solucionados em dado local, são transferidos para outro, causando 
prejuízos a bens e pessoas, assim como o desperdício de recursos em projetos e 
obras ineficientes. 
O presente trabalho busca verificar como vem sendo projetadas as estruturas 
de drenagem e analisar sua eficácia. 
 
1.2 OBJETIVOS 
Os objetivos do presente trabalho são apresentados a seguir. 
 
1.2.1 Objetivo geral 
Este trabalho tem por objetivo principal analisar a eficácia das obras de 
microdrenagem realizadas para solucionar os problemas de alagamentos existentes 
na Rua Içara no município de Xangri-lá/RS. 
 
1.2.2 Objetivos específicos 
Os objetivos específicos deste trabalho são os que seguem: 
a) Caracterizar a bacia do município; 
b) Definir a chuva de projeto para o Litoral Norte; 
c) Verificar “in loco” as obras implantadas, através de cadastro expedito; 
d) Verificar a capacidade hidráulica das estruturas implantadas, utilizando 
a chuva de projeto do calculada para o município e utilizada no projeto 
executado; 
e) Analisar a eficácia das estruturas implantadas na Rua Içara; 
f) Propor melhorias estruturais. 
 
 
15 
 
 
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO 
O primeiro capítulo apresenta uma visão geral do assunto do trabalho, define 
as diretrizes de estudo do mesmo e justifica sua relevância. 
No segundo capítulo se desenvolve todo o referencial teórico, que irá 
embasar as definições finais. 
O capítulo terceiro define a metodologia utilizada, traçando as etapas de 
pesquisa, para conclusão dos resultados. 
No capítulo quatro são apresentados os resultados obtidos, através da 
metodologia exposta. 
O quinto capítulo define as conclusões adquiridas através deste estudo. 
 
 
 
16 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
Neste capitulo serão abordados assuntos inerentes à drenagem pluvial 
urbana, como conceitos e fatores influentes, sistemas de manejo e suas aplicações, 
planejamento e metodologia de cálculo. 
 
2.1 CICLO HIDROLÓGICO 
O ciclo hidrológico é o ininterrupto movimento da água entre a atmosfera e a 
superfície terrestre. Tal movimento tem como propulsor principal a energia solar 
associada à gravidade e à rotação terrestre (TUCCI et al, 2001). 
Segundo COLLISCHONN e TASSI (2008) a energia solar aquece o ar, o 
solo e as águas superficiais, esse aquecimento provoca a evaporação da água e o 
movimento das massas de ar. Em condições específicas o vapor condensado em 
forma de nuvens, precipita e volta à superfície terrestre. Ao atingir a superfície essa 
precipitação tem dois caminhos: infiltrar no solo ou escoar até atingir um curso 
d’água. A representação deste ciclo está apresentada na figura 1, a seguir: 
Figura 1: Ciclo hidrológico 
 
Fonte: ANA (2009). 
 
 
17 
 
 
 
2.1.1 Precipitação 
De forma geral a precipitação é o termo utilizado para todas as formas de 
umidade lançadas daatmosfera, tais como chuva, neve, granizo, orvalho, neblina ou 
geada, que se depositam na superfície terrestre. Do interesse da engenharia, no 
Brasil, a precipitação em forma de chuva é a mais relevante, devido a não ser 
comum à neve e as outras formas não exercem influência significativa no regime 
hidrológico de uma região (VILLELA e MATTOS, 1975). 
Segundo TUCCI et al (2001), as características da chuva são dadas pelas 
seguintes grandezas: 
a) Altura pluviométrica (P): espessura média da lâmina de água 
precipitada sobre uma região, sendo está impermeável, estanque e 
plana. Dada em milímetros; 
b) Duração (t): período de tempo, do início ao fim da precipitação. 
Normalmente adotado em minutos ou horas; 
c) Intensidade (i): quantidade de chuva em um espaço de tempo, obtida 
através da divisão da altura pluviométrica de uma chuva pela sua 
duração; 
d) Frequência de probabilidade e tempo de recorrência (Tr): Tr é o tempo 
médio que tende a precipitação analisada, ser igualada ou superada. 
Seu inverso é a frequência de probabilidade, que nada mais é do que a 
probabilidade da precipitação ser igualada ou superada em um ano 
qualquer. Tr é dado em anos e a probabilidade em porcentagem. 
 
No Brasil a obtenção da altura pluviométrica é feita através de pluviômetros 
e pluviógrafos, sendo o segundo capaz de determinar a duração e a intensidade da 
precipitação. Estes equipamentos estão distribuídos em todo o território nacional. 
Segundo TUCCI et al (2001), pluviômetro é um instrumento que fornece 
medidas diárias, sendo o aparelho mais utilizado para totalizar precipitações nesse 
período, sempre operado por uma pessoa capacitada. Já o pluviógrafo é um 
aparelho que faz a leitura das variações de uma precipitação automaticamente, ao 
longo do dia (24h), podendo este ser gráfico ou digital. 
A Agência Nacional de Águas - ANA mantem uma rede de 2.473 estações 
pluviométricas distribuídas em todo Brasil. Em suas estações as medidas da chuva 
 
 
18 
 
são realizadas por um observador, que toma nota do valor lido, uma vez ao dia, 
sempre as 07h00min da manhã (COLLISCHONN e TASSI, 2008). 
Segundo TUCCI et al (2001), as estações pluviométricas tem por objetivo, 
obter uma série de precipitações sem interrupções ao longo dos anos e também a 
verificação da variação de intensidade destas ao longo de chuvas intensas. Mas não 
é rara a existência de períodos sem informação ou com falhas nas observações, 
devido à falta de manutenção em aparelhos, erro ou não medição do próprio 
observador. Por esses motivos os dados obtidos das estações pluviométricas devem 
sofrer analises e correções antes de serem utilizados. 
 
2.1.1.1 Chuva de projeto 
Nos estudos de engenharia envolvendo chuvas, as que têm maior relevância 
são as intensas ou máximas, pois essas causam as cheias, que tem por 
consequência grandes prejuízos, como inundações, deteriorações de edifícios, 
pontes, estradas, podendo também disseminar doenças de veiculação hídrica 
(COLLISCHONN e TASSI, 2008). 
Nos estudos realizados para realização de projetos de obras hidráulicas, tais 
como vertedouros de barragens, galerias pluviais, bueiros, sistemas de drenagem, e 
outros, é fundamental analisar as grandezas que definem as precipitações máximas: 
intensidade, duração e frequência. A interação dessas grandezas é chamada de 
curva IDF, deduzida da analise estatística de dados de precipitações intensas, 
durante um período longo e representativo, obtidos de pluviógrafos ou pluviômetros 
(TUCCI et al, 2001). 
O estudo da série de dados dos pluviógrafos ou pluviômetros pode ser 
realizado por séries anuais ou parciais. As anuais tem como modo de distribuição o 
tempo, por outro lado as parciais tem como termo de distribuição a magnitude dos 
valores máximos. Para analise de intensidade máxima de precipitações, usualmente 
as séries anuais são utilizadas (VILLELA e MATOS, 1975). 
Segundo TUCCI et al (2001), para definição da curva IDF de uma 
determinada região, é fundamental ajustar uma distribuição estatística, das séries 
anuais, com base nos maiores valores de precipitação de cada ano, para uma 
determinada duração. As durações podem variar de 5, 10, 15, 30 e 60min, 1, 2, 4, 6, 
12, 18, 24 horas, dependendo da representatividade que se necessite. Para criação 
 
 
19 
 
do gráfico os seguintes passos são realizados: escolhidas as durações, se obtêm ás 
máximas precipitações anuais, com base nas séries de dados; Para cada duração 
escolhida é determinada uma frequência ou tempo de recorrência; Com a divisão da 
precipitação máxima pela sua duração, temos a intensidade. 
Através da junção dos dados em um gráfico se obtém as curvas IDF, 
conforme a figura 2 abaixo: 
Figura 2: Curvas IDF para o município de Iraí/RS. 
 
Fonte: ARBOIT, N. K. S., MANCUSO, M. A. e FIOREZE, M. (2017). 
 
2.2 BACIA HIDROGRÁFICA 
 
A bacia hidrográfica é a área de captação natural dos fluxos de água 
originados a partir da precipitação, que faz convergir os escoamentos para 
um único ponto de saída, seu exutório. A definição de uma bacia 
hidrográfica requer a definição de um curso d’água, de um ponto ou seção 
de referência ao longo deste curso d’água e de informações sobre o relevo 
da região (COLLISCHONN e TASSI, 2008). 
 
Segundo a Lei brasileira N° 9.433/97, a bacia hidrográfica é a porção de 
terra a qual se deve programar a Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação 
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Exigindo que todo 
planejamento dos recursos hídricos de uma região, como disponibilidade de água 
com qualidade adequada para futuras gerações, utilização racional da água e 
 
 
20 
 
prevenção contra catástrofes hidrológicas, deva ser realizado a partir da bacia 
hidrográfica. 
Para caracterização de uma bacia hidrográfica é necessário a analise da 
região como um todo, para isso são utilizados segundo TUCCI et al (2001) dados 
fisiográficos que podem ser obtidos através de mapas, fotografias aéreas e imagens 
de satélite. São esses dados: área, comprimentos, declividades e cobertura do solo. 
Através dos dados obtidos, se estima primeiramente a área da bacia, 
traçando o divisor de águas, que nada mais é do que uma “linha” formada pelo 
relevo, que define a precipitação que escoa ou não até a seção de referência do 
curso d’água definido, da bacia em questão (COLLISCHONN e TASSI, 2008). 
A ilustração do divisor de águas está apresentada na figura 3, conforme 
segue: 
Figura 3: Divisor de águas. 
 
Fonte: ALMEIDA (S/D). 
 
Definida a área da bacia hidrográfica verificasse a rede de drenagem, 
segundo TUCCI et al (2001), a forma mais simples é a medição do comprimento 
curso de água principal. 
Segundo COLLISCHONN e TASSI (2008), o comprimento do curso d´água 
principal está diretamente ligado ao tempo que a água demora até atingir o exutório 
da bacia, definido como tempo de concentração da bacia, uma característica muito 
 
 
21 
 
importante. Para o cálculo do tempo de concentração de pequenas bacias pode ser 
utilizada a seguinte equação: 
 
𝑡𝑐 = 57. (
𝐿3
∆ℎ
)
0,385
 Equação 1 
 
Onde: 
𝑡𝑐: Tempo de concentração (min); 
L: Comprimento total do curso de água principal (km); 
∆ℎ: Diferença de altitude ao longo do curso de água principal (m). 
 
Outro fator importante do relevo na caracterização de uma bacia 
hidrográfica, que também afeta o tempo de concentração é a declividade. 
Para obtenção da declividade dos cursos de água de todo perfil da bacia, 
segundo TUCCI et al (2001) podemos usar o conceito de declividade equivalente 
constante. A partir da formula a seguir: 
 
𝐼𝑒 = [
𝐿
∑ 𝑙𝑗. 𝐼𝑗
−1
2⁄
]
2
 Equação 2 
 
Onde: 
𝐼𝑒: Declividade da bacia hidrográfica (m/m); 
L: Comprimento total do curso de água principal em planta (m); 
𝑙𝑗: Comprimento do subtrecho (m); 
Ij: Declividade do subtrecho (m/m); 
𝑗: é o numero de subtrechos considerados no cálculo. 
 
Além dascaracterísticas apresentadas, a cobertura, ocupação, geologia e 
tipos de solo são fatores determinantes na caracterização de uma bacia hidrográfica. 
Os diferentes tipos de solo contidos na bacia e sua geologia definirá 
substancialmente a quantidade de precipitação que escoará superficialmente ou 
infiltrara no solo. A cobertura deste solo por vegetação traz grande influência sobre o 
escoamento superficial. Conforme a área da bacia for ocupada, as características de 
 
 
22 
 
escoamento naturais podem sofrer alterações, alterando o comportamento 
hidrológico da bacia (COLLISCHONN e TASSI, 2008). 
 
2.3 OS EFEITOS DA URBANIZAÇÃO 
Segundo TUCCI (2005), desde o princípio o homem buscou se instalar nas 
proximidades dos rios, áreas normalmente planas, com o objetivo de obter água 
para consumo e desfazer-se de seus dejetos com maior facilidade. Além disso, os 
rios eram a via principal de transporte, devido à falta de meios de transporte terrestre 
adequados. 
A aglomeração das pessoas nestes lugares formavam as pequenas cidades, 
incialmente rurais, posteriormente industriais, dependendo do seu desenvolvimento. 
No entanto com o passar do tempo, o desenvolvimento das cidades 
repercutiu na transição de pessoas das sociedades rurais para industriais, fazendo 
com que as aglomerações urbanas crescessem, a partir do século XIX. Esse 
processo de transição resultou em grandes desconfortos para essas aglomerações, 
como inundações, alagamentos e doenças de veiculação hídrica, devido à falta de 
infraestrutura das cidades. Com vistas a dar melhores condições à população, 
criaram-se os sistemas de drenagem de águas pluviais e de esgotamento sanitário, 
através de uma malha subterrânea de tubulações e a canalização de cursos de água 
que cruzavam as cidades, solução conhecida como higienista (BAPTISTA E 
NASCIMENTO, 2002 p. 29-49). 
Segundo TUCCI (2005), o modelo de drenagem higienista baseava-se em 
coletar água a montante e retirar as águas pluviais o mais rápido possível de 
determinado local para jusante, por canalização. 
No final do século XX a urbanização torna-se reconhecidamente um 
fenômeno mundial, a população urbana brasileira já estava em 76% do seu total. Tal 
urbanização associada às concepções higienistas, mudaram drasticamente os ciclos 
hidrológicos das cidades, principalmente reduzindo os processos de infiltração, 
assim aumentando o volume e velocidade do escoamento superficial, gerando uma 
maior vazão a jusante da bacia. Transformando gradativamente ineficiente a 
infraestrutura existente, resultando no aumento da recorrência de catástrofes 
hidrológicas (BAPTISTA e NASCIMENTO, 2002 p. 29). 
 
 
 
23 
 
2.3.1 Inundações e alagamentos 
Segundo RIGHETTO (2009), a falta de planejamento de ocupação do solo, 
sem uma legislação e fiscalização efetiva, que garantissem uma urbanização 
consciente, aliado a falta de planejamento de toda infraestrutura necessária para um 
desenvolvimento sustentável de uma cidade, são as grandes causas dos eventos 
hidrológicos como alagamentos e inundações. 
As inundações decorrentes de escoamento pluvial resultam de dois 
processos, ocupação de áreas ribeirinhas e urbanização. 
Segundo TUCCI (2005), inundações de áreas ribeirinhas são inundações 
naturais, que ocorrem quando o leito maior dos rios é atingido, devido a 
escoamentos de níveis superiores ao leito menor. No momento que a urbanização 
atinge essas áreas, seja por falta de planejamento dos municípios em relação a 
áreas de risco de inundação ou por invasão de população de baixa renda, essa 
população está exposta a perdas materiais e humanas, interrupção de suas 
atividades econômicas, a doenças de veiculação hídrica e contaminação da água. A 
figura 4 exemplifica os dois leitos naturais dos rios, conforme segue: 
Figura 4: Leitos de um rio. 
 
Fonte: TUCCI (2005). 
 
A urbanização interfere drasticamente no ciclo hidrológico de uma bacia, 
pois as obras de benfeitorias para população envolvem desmatamentos, instalação 
de redes de drenagem artificiais, aterros, confinamentos de rios, impermeabilização 
do solo, entre outros que modificam suas condições naturais de infiltração e 
escoamento. Através do desmatamento, há acréscimo de vazão na bacia, com a 
impermeabilização do solo, o tempo de concentração reduz e o volume e a 
velocidade do escoamento superficial ampliam. Esses fatores aliados a soluções 
tradicionais ou higienistas, como canalização de córregos e ampliação da 
 
 
24 
 
capacidade de rios e canais, influenciam de forma direta na ocorrência de 
inundações nas zonas urbanizadas (RIGHETTO, 2009). A figura 5 ilustra o efeito da 
urbanização no escoamento superficial. 
Figura 5: Escoamento superficial, efeito da urbanização. 
 
Fonte: TUCCI (2005). 
 
Com tudo a urbanização também causa alagamentos, um fenômeno 
hidrológico menos intenso, mas que dependendo de sua magnitude afeta 
consideravelmente a população. 
Segundo o CPRM (2017), alagamento é definido como acúmulo de água 
gerado por intensas precipitações, em regiões urbanizadas, onde o sistema de 
drenagem pluvial projetado não suporta tal vazão de escoamento gerada, devido ao 
subdimensionamento da rede ou por sua obstrução por resíduos sólidos. 
A seguir, a figura 6 conceitua a diferença entre enchente, inundação e 
alagamento: 
Figura 6: Enchente, inundação e alagamento. 
 
Fonte: CPRM (2017). 
 
 
25 
 
2.3.2 Resíduos sólidos 
No ambiente urbano os principais resíduos sólidos são os sedimentos de 
erosões de solo e os gerados pela população. 
A urbanização no seu desenvolvimento maximiza a produção desses 
resíduos, alterando o comportamento natural de transporte de resíduos da bacia 
hidrográfica. Antes de a urbanização começar, o transporte de sedimentos se da em 
uma quantidade natural, gerada pela própria bacia, após o inicio do desenvolvimento 
urbano, com as obras de benfeitorias há retiradas de vegetação que deixa o solo 
exposto e também impermeabilizações gerando erosões, aumentando o transporte 
de sedimentos, havendo pouca produção de resíduos sólidos (lixo). Durante o 
crescimento da urbanização os sedimentos ainda é a parte que mais afeta os 
sistemas de drenagem devido às novas construções, sendo uma parcela desses 
sedimentos a produção de lixo urbano. Quando a urbanização já está consolidada a 
produção de resíduos sólidos gerados pela população chega ao seu máximo, 
tornando-se uma das principais causa dos problemas de drenagem pluvial urbana 
(TUCCI, 2005). 
Ainda segundo TUCCI (2005), ás consequências principais da geração de 
sedimentos sem a devida coleta são: estrangulamento das seções de canalização, 
devido ao assoreamento, reduzindo a eficiência de escoamento de condutos, rios e 
lagos urbano e a contaminação das águas pluviais devido ao transporte de 
poluentes que se agregam nos sedimentos. 
 
2.3.3 Contaminação dos mananciais 
Segundo TUCCI (2005), a urbanização acelerada tem criado um ciclo de 
contaminação, devido aos seguintes fatores: 
a) Despejo de esgotos cloacais de residências e indústrias não tratados 
em rios, contaminando os com baixa capacidade de diluição; 
b) Aterros sanitários, construídos sem a devida impermeabilização, e em 
locais de recarga hídrica, contaminando águas superficiais e 
subterrâneas; 
c) Vazamentos de sistemas de drenagem e esgotamento sanitário, fossas 
sépticas sem filtro, contaminando águas subterrâneas; 
d) O não tratamento das águas pluviais, que transportam alta carga de 
poluição orgânica e de metais, que podem causar a poluição dos rios 
quando da ocorrência de grandes precipitações. 
 
 
26 
 
 
Dentre os fatores citados, no Brasil se destaca o lançamento de efluentes 
domésticos sem o devido tratamento, de forma ilegal nos sistemas de drenagem 
pluvial, principalmente em áreas de ocupação ilegal e de baixa renda, devido à falta 
de fiscalização dos órgãos competentes, educação e conscientização da população(RIGHETTO, 2009). 
 
2.4 DRENAGEM PLUVIAL URBANA 
Drenagem é a expressão utilizada para identificar as instalações destinadas 
a escoar a parcela de água que não é retida pela vegetação ou infiltrada pelo solo, 
denominada de água superficial, seja em rodovias, na zona rural ou na malha 
urbana (NETO, S/D). 
A drenagem pluvial urbana é formada por um conjunto de redes, dispositivos 
e equipamentos, necessários ao devido manejo e disposição final do deflúvio 
superficial. Esse sistema objetiva conservar vidas humanas e propriedades públicas 
ou privadas, proteger o pavimento de vias e obras de arte, preservar condições 
adequadas para o trafego de veículos e viabilizar o controle da erosão em áreas 
urbanas e suburbanas (CE/DEP, 2005). 
As enxurradas causadas pela precipitação direta sobre as vias públicas, 
desaguam nos bueiros instalados nas sarjetas. Estas somadas as águas oriundas 
dos coletores localizados nas residências e edificações, escoam para tubulações 
que as levam ao fundo do vale, onde o escoamento é topograficamente bem 
delimitado. O fundo do vale é definido como sistema de macrodrenagem e o sistema 
que lhe abastece, é denominado sistema de microdrenagem (NETO, S/D). 
 
2.4.1 Sistema de microdrenagem 
TUCCI (2005, p.243) afirma: “A microdrenagem é definida pelo sistema de 
condutos pluviais ou canais em nível de loteamento ou de rede primária. Este tipo de 
sistema é projetado para atender á drenagem de precipitações com risco moderado”. 
O sistema de microdrenagem é composto pelos pavimentos das ruas, guias 
e sarjetas, bocas de lobo, poço de visita, galerias e canais de pequenas dimensões. 
Exceto os pavimentos das ruas, que apenas influenciam no sistema, as estruturas 
são projetadas para conduzir as águas superficiais, até o sistema de 
 
 
27 
 
macrodrenagem e suportar precipitações com risco de até 10 anos de recorrência 
(SMDU/SP, 2012). 
2.4.1.1 Sarjetas 
Área paralela e próxima ao meio fio, que direciona o escoamento superficial 
que incide sobre a via pública, para as bocas de lobo (CE/DEP, 2005). 
Segundo PDDU/POA (2005), a capacidade de condução hidráulica de uma 
sarjeta, pode ser obtida através de duas hipóteses: água escoando por toda calha 
da via ou somente pelas sarjetas. Em ambas as hipóteses se admite uma 
declividade de 3%, para o calculo da primeira a lamina de água na sarjeta é igual a 
0,15m, já na segunda a lamina suposta é de 0,10m conforme ilustra a imagem 7 a 
seguir: 
Figura 7: Seção transversal de uma sarjeta. 
 
Fonte: PDDU (2005). 
 
 O Dimensionamento da capacidade hidráulica da sarjeta é determinado 
através da seguinte equação de Manning transformada: 
 
𝑄 =
𝐴. 𝑅ℎ2 3⁄ . 𝑆1 2⁄
𝑛
 Equação 3 
 
Onde: 
𝑄: Vazão (m³/s); 
𝐴: Área da seção transversal (m²); 
𝑅ℎ: Raio hidráulico (m); 
 𝑆: Declividade do fundo (m/m); 
𝑛: Coeficiente de rugosidade de Manning. 
 
Para determinação do “n” da formula acima, utilizasse a tabela 1 a seguir: 
 
 
 
28 
 
Tabela 1: Coeficientes de rugosidade de Manning. 
Canais revestidos n 
Canais retilíneos com grama de até 15 cm de 
altura 
0,30 - 0,40 
Canais retilíneos com capins de até 30 cm de 
altura 
0,30 - 0,060 
Galerias de concreto n 
Pré-moldado com bom acabamento 0,011 - 0,014 
Moldado no local com formas metálicas simples 0,012 - 0,014 
Galerias de concreto n 
Moldado no local com formas de madeira 0,015 - 0,020 
Sarjeta n 
Asfalto suave 0,013 
Asfalto rugoso 0,016 
Concreto suave com pavimento de asfalto 0,014 
Concreto rugoso com pavimento de asfalto 0,015 
Pavimento de concreto 0,014 - 0,017 
Pedras 0,017 
Fonte: adaptado de PDDU/POA (2005). 
 
Após o cálculo da vazão teórica Q, aplica-se a essa vazão um fator de 
redução, por segurança, levando em conta a possível obstrução de sarjetas de 
pequenas declividades por sedimentos nela depositados (SMDU/SP, 2012). Esse 
fator aumenta ou diminui conforme a declividade da sarjeta, como mostra a tabela 2: 
 
Tabela 2: Fatores de redução de escoamento das sarjetas. 
Declividade da sarjeta (%) Fator de redução 
0,4 0,50 
1 a 3 0,80 
5,0 0,50 
6,0 0,40 
8,0 0,27 
10 0,20 
Fonte: PDDU/POA (2005). 
 
2.4.1.2 Bocas de lobo 
São estruturas instaladas junto às sarjetas com a função de captar ás águas 
que por elas escoam, não permitindo que essas águas criem pontos de alagamentos 
ou invadam as calçadas, e conduzi-las até as galerias ou tubulações que irão 
maneja-las até o sistema de macrodrenagem (SMDU/SP, 2012). 
 
 
29 
 
As bocas de lobo devem ser instaladas quando a capacidade de 
escoamento da sarjeta for ultrapassada (PDDU/POA, 2005). 
A figura 8 a seguir ilustra os tipos principais de bocas de lobo: 
Figura 8: Tipos de bocas de lobo. 
 
Fonte: SMDU/SP (2012). 
 
Segundo PDDU/POA (2005), há três formulas para o calculo da capacidade 
de engolimento das bocas de lobo. 
a) Para bocas de lobo de guia, quando a lamina d’água é menor que a 
abertura da guia e para bocas de lobo com grelha, com lamina d’água 
de até 12 cm, utiliza-se a equação a seguir: 
 
𝑄 = 1,7. 𝐿. 𝑦3 2⁄ Equação 4 
 
Onde: 
𝑄: Vazão (m³/s); 
𝐿: Comprimento da soleira (m); 
𝑦: Altura da lamina d’ água (m); 
 
 
30 
 
𝑃: Perímetro do orifício da grelha (m), quando o calculo for de grelha, 
substitui-se L por P na equação. 
 
b) Para bocas de lobo de guia, quando a lamina d’ água é duas vezes 
maior que a abertura da guia, utiliza-se a equação a seguir: 
 
𝑄 = 3,01𝐿ℎ3 2⁄ . (𝑦1 ℎ)⁄
1 2⁄
 Equação 5 
 
Onde: 
𝑄: Vazão (m³/s); 
𝐿: Comprimento da abertura (m); 
ℎ: Altura da guia (m); 
𝑦1: Carga da abertura da guia (m); (𝑦1 = 𝑦 − ℎ 2)⁄ ; Para cargas de 
uma a duas vezes a altura da guia (1 < 𝑦1/ℎ < 2). 
 
c) Para bocas de lobo com grelha, com lamina d’água superior a 42 cm, 
utiliza-se a equação a seguir: 
 
𝑄 = 2,91. 𝐴. 𝑦1 2⁄ Equação 6 
 
Onde: 
𝑄: Vazão (m³/s); 
𝐴: Área da grade, descontando á área ocupada pelas barras (m²); 
𝑦: Altura da lamina d’ água na sarjeta, sobre a grelha (m). 
 
Ao valor calculado pelas equações acima, aplica-se um fator de redução de 
escoamento, devido à probabilidade de entupimento da boca de lobo e também aos 
pavimentos não serem perfeitos junto a sarjeta, devido a deterioração (SMDU/SP, 
2012). Segue os valores de redução na tabela 3, abaixo: 
 
Tabela 3: Fatores de redução de escoamento das bocas de lobo. 
Localização na 
sarjeta 
Tipo de boca de lobo % permitida sobre 
o valor teórico 
Ponto baixo De guia 80 
 
 
31 
 
Localização na 
sarjeta 
Tipo de boca de lobo % permitida sobre 
o valor teórico 
Ponto baixo 
 
Com grelha 50 
Combinada 65 
Ponto 
intermediário 
Guia 80 
Grelha longitudinal 60 
Grelha transversal ou 
longitudinal com barras 
transversais combinadas 
60 
Fonte: SMDU/SP (2012). 
 
2.4.1.3 Galerias circulares 
Tubulação subterrânea com finalidade de conduzir águas pluviais oriundas 
das bocas de lobo e das ligações pluviais domésticas (CE/DEP, 2005). 
Segundo o PDDU/POA (2005), as galerias circulares tem seu diâmetro 
mínimo limitado em 0,30m e máximo em 1,50m. São dimensionadas pela equação 
três, apresentada anteriormente, para escoar a vazão de projeto, á seção plena. A 
velocidade de escoamento máxima é determinada em função do material 
empregado na tubulação. A altura mínima do recobrimento para as galerias sem 
estrutura especial é de 1,00m. Dada necessidade de mudança de diâmetro da 
tubulação, deve-se utilizar um poço de visitas e seu alinhamento deve ser feito pela 
geratriz superior dos tubos, conforme ilustra a figura 9, que segue: 
Figura 9: Alinhamento de tubos de diâmetros diferentes. 
 
Fonte: PDDU (2005). 
 
2.4.1.4 Poços de visita ou de queda 
Elementos cuja função principal é dar acesso às redes de drenagem pluviais 
para inspeção e limpeza, conservando seu perfeito funcionamento. São 
considerados poços de queda quando o desnível entre a galeria afluente e a 
efluente for maior que 0,70m (TUCCIet al, 2001). 
A figura 10 a seguir, ilustra um poço de visita utilizado no meio da via: 
 
 
32 
 
 
Figura 10: Poço de visita. 
 
Fonte: CE/DEP (2005). 
 
2.4.1.5 Caixa de ligação 
Tem função similar ao poço de visitas, porém não pode ser acessadas por 
pessoas, são utilizadas quando dá necessidade bocas de lobos intermediárias (no 
trecho entre duas esquinas) ou para evitar a chegada de mais de quatro tubulações 
a um poço de visitas (TUCCI et al, 2001). 
 
2.4.2 Sistema de macrodrenagem 
Segundo TUCCI (2005), o sistema de macrodrenagem comporta diferentes 
sistemas de microdrenagem, em uma área de no mínimo 2 km², não sendo absoluto 
esse valor devido a diversidade das malhas urbanas. Essa definição se dá pela 
metodologia de estimativa, que para áreas menores que 2 km² se utiliza o método 
racional, que é mais simplificado e por isso utilizado para o sistema de 
microdrenagem. Já para estimar o sistema de macrodrenagem são utilizados 
modelos hidrológicos que determinam um hidrograma de escoamento, muito mais 
fiel à realidade. 
Segundo SMDU/SP (2012), o sistema de macrodrenagem é composto pelas 
estruturas principais de manejo das águas pluviais de uma bacia, como canais 
 
 
33 
 
naturais ou construídos, reservatórios de detenção ou retenção e galerias de 
grandes dimensões. Tem origem nos rios e córregos naturais, que com a 
urbanização sofrem ampliações e canalizações. Sua função é fazer a disposição 
final das águas provenientes de todos os sistemas de microdrenagem, por essa 
razão suas estruturas são maiores e projetadas para um risco maior do que no 
sistema que nele desagua. 
“O planejamento da drenagem urbana na macrodrenagem envolve a 
definição de cenários, medidas de planejamento e controle de macrodrenagem e 
estudos de alternativas de projeto” (PDDU/POA, 2005 p. 104). 
A metodologia de planejamento é ilustrada na figura 11, abaixo: 
Figura 11: Planejamento de um sistema de macrodrenagem. 
 
Fonte: PDDU/POA (2005). 
 
2.5 PLANEJAMENTO DA DRENAGEM URBANA 
Segundo TUCCI (2005), o planejamento da drenagem urbana tem três 
fases: higienista, corretiva e sustentável. Os países desenvolvidos estão na fase 
sustentável, já os em desenvolvimento, como o Brasil, encontram-se em transição 
da fase higienista para corretiva, com pouquíssimo desenvolvimento na fase 
sustentável. A tabela 4 abaixo descreve as fases de planejamento: 
 
 
34 
 
Tabela 4: Fases da drenagem urbana nos países desenvolvidos. 
Anos Período Características 
Até 1970 Higienista Abastecimento de água sem tratamento de 
esgoto, transferência para jusante do 
escoamento pluvial por canalização. 
1970-1990 Corretivo Tratamento de esgoto, amortecimento 
quantitativo da drenagem e controle do impacto 
existente da qualidade da água pluvial. Envolve 
principalmente a atuação sobre os impactos. 
1990 -? Sustentável Planejamento da ocupação do espaço urbano, 
obedecendo aos mecanismos naturais de 
escoamento; controle dos micros poluentes e da 
poluição difusa, e o desenvolvimento 
sustentável do escoamento pluvial por meio da 
recuperação da infiltração. 
Fonte: TUCCI (2005). 
 
No Brasil a drenagem urbana é caracterizada por transferir o impacto da 
urbanização a montante, para jusante, por meio de estruturas que visam o rápido 
escoamento. Quando da necessidade de intervenção por alagamento ou inundação, 
priorizam o aumento da capacidade de escoamento, não considerando seus 
possíveis impactos. Assim desencadeia uma série de novas construções para 
adequação das novas vazões, na região a jusante. Isso se dá pela falta de 
regulamentação e planejamento por parte dos órgãos públicos (PDDU/POA, 2005). 
Segundo BAPTISTA e NASCIMENTO (2002 p. 32), o planejamento e 
execução da drenagem urbana são tradicionalmente atribuídos ao poder municipal, 
sendo sua administração normalmente realizada pela secretaria de obras. No 
entanto muitas vezes essa administração se mostra frágil, do ponto de vista técnico 
e institucional, destacam-se as seguintes limitações, na maioria dos municípios 
brasileiros: 
a) Raso ou nenhum conhecimento dos sistemas de drenagem existentes; 
 
 
35 
 
b) Pouquíssimo conhecimento dos processos hidrológicos e do 
desempenho hidráulico das estruturas de drenagem já construídas; 
c) Setor técnico sem autonomia administrativa e financeira; 
d) Deficiente integração entre as diferentes esferas gerenciais da 
administração municipal. 
 
 Visando uma forma de gerenciamento mais sustentável e eficaz da 
drenagem urbana, buscando combater os efeitos da urbanização que associados a 
técnicas higienistas de drenagem pluvial, são as causas principais das inundações e 
alagamentos, criou-se o Plano Diretor de Drenagem Urbana (PDDU) uma ferramenta 
técnica com perspectiva futura, que visa nortear as decisões e ações a serem 
tomadas (SMDU/SP, 2012). 
Segundo o PDDU/POA (2005), um programa consistente de drenagem 
urbana deve conter os seguintes princípios: Plano de Desenvolvimento Urbano e 
Ambiental (PDDUA) integrado ao PDDU, nenhum usuário urbano não deve ampliar a 
cheia natural, nenhum impacto deve ser transferido para outra região, minimizar o 
impacto ambiental proveniente do escoamento pluvial, contemplar o planejamento 
de áreas a serem desenvolvidas e a densidade das urbanizadas em sua 
regulamentação, integração de medidas estruturais e não estruturas para controle 
de inundações considerando a bacia como um todo, criação de legislações 
municipais/estaduais e um manual de drenagem, informação e participação da 
comunidade nas medidas de controle, decisões publicas tomadas com consciência 
de todos integrantes do planejamento e a população, controle do escoamento na 
fonte, fiscalização constante e rigorosa e custeio pelos proprietários dos lotes 
beneficiados das medidas estruturais e de manutenção feitas. 
RIGUETTO (2009, p. 52) afirma que: 
 
Quando bem projetado, o sistema de drenagem urbana proporciona 
benefícios indiretos importantes como: redução do custo de construção e de 
manutenção de vias; melhoria do tráfego de veículos durante as chuvas; 
benefícios à saúde e à segurança pública; recuperação de terras 
inaproveitadas; menor custo de implantação de núcleos habitacionais; 
rebaixamento do lençol freático e saneamento das baixadas. 
 
 
 
36 
 
3 METODOLOGIA 
O presente trabalho será realizado através da metodologia representada na 
figura 12, que segue: 
Figura 12: Metodologia. 
 
 
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO MUNICÍPIO 
O município de Xangri-lá está inserido dentro da bacia hidrográfica do Rio 
Tramandaí (figura 13), que faz parte da Região hidrográfica das bacias litorâneas, 
junto com outras seis bacias. 
 
 
 
 
 
 
37 
 
Figura 13: Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaí 
 
Fonte: Adaptado de PBH Rio Tramandaí (2005). 
 
Segundo SEMA/RS (2018), a bacia do Rio Tramandaí conta com uma área 
de aproximadamente 3.150 km² e uma população de 220.300 habitantes, sendo 
possível na época de veraneio a população chegar a 580.000. 
Além de Xangri-lá, fazem parte da bacia os seguintes municípios: Arroio do 
Sal, Balneário Pinhal, Capão da Canoa, Cidreira, Dom Pedro de Alcântara, Imbé, 
Itati, Maquiné, Osório, Palmares do Sul, São Francisco de Paula, Terra de Areia, 
Torres, Tramandaí, Três Cachoeiras e Três Forquilhas (PMSB/PMX, 2014). 
Os recursos hídricos da bacia são utilizados principalmente para 
agricultura/irrigação e no abastecimento público, com um consumo de 92.000.000 
m³/ano e 18.000.000 m³/ano, respectivamente no ano de 2004 (PBH RIO 
TRAMANDAÍ, 2005). 
Segundo o PMSB/PMX (2014), a região de planície da bacia com menor 
altitude a qual o município de Xangri-lá faz parte é composta por um conjunto de 
lagoas interligadas ou isoladas, entre esses conjuntos existem áreas de banhado, 
que são extremamente importantes para o controle do regime hídrico sazonal. A não 
 
 
38 
 
conservação dessas áreascausam variações no regime hidrológico da bacia, 
tornando seu sistema mais vulnerável a enchentes e secas. 
O município de Xangri-lá é composto por doze sub-bacias, sendo divididas 
em sul (figura 14) e norte (figura 15). A bacia em que está o ponto de estudo deste 
trabalho é a onze, localizada no balneário de Atlântida e tem área de 294,52 ha e 
seu escoamento é em sentido ao mar (PMSB/PMX, 2014). 
 
 
 
39 
 
Figura 14: Sub-bacias do Setor Sul. 
 
Fonte: Adaptado de PMSB/PMX (2014). 
 
 
 
 
 
40 
 
Figura 15: Sub-bacias do Setor Norte. 
 
Fonte: Adaptado de PMSB/PMX (2014).
 
 
41 
 
O ponto de estudo, Rua Içara, tem aproximadamente 231 metros de 
comprimento e seu escoamento antes da realização das obras de drenagem era 
conduzido pelas sarjetas. 
 
3.2 SÉRIES HISTÓRICAS 
Para obtenção das séries históricas de chuvas máximas, utilizadas na 
determinação da chuva de projeto do município, foi utilizado o banco de dados do 
Portal HidroWeb, da Agência Nacional da Águas (ANA). 
No município existe uma estação pluviométrica denominada ETE XANGRI-
LÁ, sob o código 2950095, mas não possui dados de chuvas, então se buscou 
dados das regiões próximas ao município com regimes hídricos compatíveis. 
Através de uma busca detalhada no Portal HidroWeb, observou-se a 
dificuldade em encontrar dados em regiões mais próximas ao município, então a 
busca se estendeu além do litoral do Rio Grande do Sul, conforme ilustra a tabela 5. 
 
 
Tabela 5: Estações pluviométricas litorâneas ou próximas. 
Código Nome Período de dados N 
2950015 IMBÉ-RS Sem dados - 
2950094 ETE OSÓRIO-RS Sem dados - 
3050009 PINHAL-RS 2005-2018 1 
3050007 SOLIDÃO-RS 1984-2018 29 
2950018 LAGOA DOS QUADROS-RS 1948-1977 28 
2950038 TERRA DE AREIA-RS 1974-2005 29 
2949023 ETA CURUMIM JP-818-RS Sem dados - 
2949002 TORRES-RS 1939-1998 43 
2949022 ESTIVA DOS RODRIGUES-SC Sem dados - 
2949003 SOMBRIO-SC 1977-2018 36 
2949012 BALNEÁRIO GAIVOTA-SC Sem dados - 
 
 
42 
 
Código Nome Período de dados N 
2849063 LAGOA DA SERRA-SC Sem dados - 
2849064 BALNEÁRIO RINCÃO-SC Sem dados - 
2849020 JAGUARUNA-SC 1977-2018 33 
 
O “N” da tabela representa o número de anos em que não ouve nenhuma 
falha no registro de dados de chuva, pois somente esses dados são utilizados nas 
analises, desprezando os anos com falhas. 
 
3.2.1 Método da regionalização 
Não havendo a possibilidade de estudo das chuvas que caem dentro dos 
limites do município, utilizou-se do método da regionalização para determinação da 
chuva de projeto. 
O método consiste em criar uma série histórica de dados que represente as 
chuvas de um determinado lugar, utilizando dados de regiões próximas. No caso em 
questão foram analisados dados de seis estações pluviométricas, e escolhido cinco 
para formar a série de máximas anuais que melhor representasse a região do 
município de Xangri-lá, obtendo-se uma série de 76 anos. 
 
3.2.2 Distribuição empírica de frequência 
De acordo com VILLELA e MATOS (1975), os estudos hidrológicos não 
visam somente o conhecimento das precipitações máximas obtidas das séries 
históricas, mas essencialmente com base nessas informações prever as máximas 
precipitações que possam ocorrer em uma região, com uma frequência estabelecida, 
através de métodos probabilísticos. 
Uma ferramenta fundamental para obtenção das probabilidades é a 
distribuição empírica de frequência dos dados coletados, pois somente através dela 
somos capazes de inferir a distribuição teórica de probabilidade, que nada mais é do 
que uma extrapolação, que melhor se ajusta aos dados coletados, com intuito de 
prever com maior certeza os valores reais que foram extrapolados (ALMEIDA, 2000). 
 
 
43 
 
Segundo NAGUETTINI e PINTO (2007) a distribuição empírica de 
frequência prevê a ordenação dos dados de forma crescente para estudo de 
mínimas e decrescente para estudo de máximas e também a escolha de uma 
equação de plotagem (tabela 6) para definição da frequência de excedência, que 
corresponde à probabilidade de excedência [P (X≥x)]. 
Tabela 6: Equações para estimativa de posição de plotagem. 
Fórmula Autor Atributos de aplicação 
P (X ≥ x) =
i
𝑛 + 1
 
Weibull 
Probabilidades de excedência não 
enviesadas para todas as distribuições. 
P (X ≥ x) =
i − 0,44
𝑛 + 0,12
 
Gringorten 
Usada para quantis das distribuições de 
Gumbel. 
P (X ≥ x) =
i − 0,375
𝑛 + 0,25
 
Blom 
Quantis não enviesados para distribuições 
Normal e Log-Normal. 
P (X ≥ x) =
i − 0,5
𝑛
 
Hazen 
Usada para quantis da distribuição de Gama 
de 3 parêmtros. 
P (X ≥ x) =
i − 0,40
𝑛 + 0,20
 
Cunnane 
Quantis aproximadamente não enviesados 
para todas as distribuições. 
Fonte: Adaptado de NAGUETTINI e PINTO (2007). 
 
A probabilidade de excedência pode ser definida caso se tenha o valor da 
probabilidade de não excendência [P (X≤x)] com a seguinte fórmula: 
 
P (X ≥ x) = 1 − P (X ≤ x) Equação 7 
 
Sabendo que o tempo de retorno “Tr” é inversamente proporcional a 
probabilidade de excedência temos: 
 
𝑇𝑟 =
1
P (X ≥ x)
 𝑜𝑢 𝑇𝑟 =
1
1 − P (X ≤ x)
 Equação 8 
 
Podemos então calcular para cada valor “x” da amostra “X” o seu tempo de 
retorno, como determinar para qualquer tempo de retorno desejado a probabilidade 
de excedência ou não excedência isolando a variável desejada. 
 
 
44 
 
3.2.3 Distribuição teórica de probabilidade 
Neste trabalho foram utilizados três modelos de distribuição teórica de 
probabilidade, que são: Distribuição Normal, Distribuição Log-Normal e Distribuição 
de Gumbel. 
 
3.2.3.1 Distribuição Normal 
Segundo TUCCI et al (2001) a distribuição Normal é contínua e simétrica, 
por isso a sua média, moda e mediana são idênticas. Seu modelo tem dois 
parâmetros, a média “μ” e o desvio padrão “σ”, que para efeito de calculo são 
substituídos pela média “�̅�” e desvio padrão “𝑆𝑥” da amostra. Sua função densidade 
de probabilidade (FDP) é descrita a seguir: 
 
𝐹𝐷𝑃 = 𝑓(𝑥) =
1
𝑆𝑥√2𝜋
𝑒−0,5 (
𝑥 − �̅�
𝑆𝑥
)
2
 Equação 9 
 
Para simplificação do cálculo é utilizada a transformação linear da variável 
normal “X”, de fatores 𝜇 e σ (média e desvio padrão), através da chamada variável 
normal reduzida “z” NAGUETTINI e PINTO (2007) conforme segue: 
 
𝑍 = 
𝑥 − 𝜇
𝜎
 Equação 10 
 
A variável reduzida “z” tem 𝜇 = 0 e 𝜎 = 1, e suas funções FDP e FCP são 
respectivamente demonstradas a seguir: 
 
𝐹𝐷𝑃 = 𝑓(𝑧) =
1
√2𝜋
𝑒−0,5𝑧² Equação 11 
 
𝐹𝐶𝑃 = 𝑓(𝑧) = ∫
1
√2𝜋
 𝑒−0,5𝑧². 𝑑𝑧
𝑧
−∞
 Equação 12 
 
Segundo NAGUETTINI e PINTO (2007), a função cumulativa de 
probabilidades (FCP), que representa a probabilidade de não excedência [P (X≤x)], 
pode ser calculada por integração numérica, normalmente os valores obtidos das 
 
 
45 
 
integrações são apresentados de forma tabular, sendo correlacionados com valores 
positivos de “z”, devido à simetria dos resultados, como ilustra a tabela 7. 
Tabela 7: Função cumulativa de probabilidades da distribuição normal padrão. 
“z” 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 
0 0,5 0,504 0,508 0,512 0,516 0,5199 0,5239 0,5279 0,5319 0,5359 
0,1 0,5398 0,5438 0,5478 0,5517 0,5557 0,5596 0,5636 0,5675 0,5714 0,5753 
0,2 0,5793 0,5832 0,5871 0,591 0,5948 0,5987 0,6026 0,6064 0,6103 0,6141 
0,3 0,6179 0,6217 0,6255 0,6293 0,6331 0,6368 0,6406 0,6443 0,648 0,6517 
0,4 0,6554 0,6591 0,6628 0,6664 0,67 0,6736 0,6772 0,6808 0,6844 0,6879 
0,5 0,6915 0,695 0,6985 0,7019 0,7054 0,7088 0,7123 0,7157 0,719 0,7224 
0,6 0,7257 0,7291 0,7324 0,7357 0,7389 0,7422 0,7454 0,7486 0,7517 0,7549 
0,7 0,758 0,7611 0,7642 0,7673 0,7704 0,7734 0,7764 0,7794 0,7823 0,7852 
0,8 0,7881 0,791 0,7939 0,7967 0,7995 0,8023 0,8051 0,8078 0,8106 0,8133 
0,9 0,8159 0,8186 0,8212 0,8238 0,8264 0,8289 0,8315 0,834 0,8365 0,8389 
1 0,8413 0,8438 0,8461 0,8485 0,8508 0,8531 0,8554 0,8577 0,8599 0,8621 
1,1 0,8643 0,8665 0,8686 0,8708 0,8729 0,8749 0,877 0,879 0,881 0,883 
1,2 0,88490,8869 0,8888 0,8907 0,8925 0,8944 0,8962 0,898 0,8997 0,9015 
1,3 0,9032 0,9049 0,9066 0,9082 0,9099 0,9115 0,9131 0,9147 0,9162 0,9177 
1,4 0,9192 0,9207 0,9222 0,9236 0,9251 0,9265 0,9279 0,9292 0,9306 0,9319 
1,5 0,9332 0,9345 0,9357 0,937 0,9382 0,9394 0,9406 0,9418 0,9429 0,9441 
1,6 0,9452 0,9463 0,9474 0,9484 0,9495 0,9505 0,9515 0,9525 0,9535 0,9545 
1,7 0,9554 0,9564 0,9573 0,9582 0,9591 0,9599 0,9608 0,9616 0,9625 0,9633 
1,8 0,9641 0,9649 0,9656 0,9664 0,9671 0,9678 0,9686 0,9693 0,9699 0,9706 
1,9 0,9713 0,9719 0,9726 0,9732 0,9738 0,9744 0,975 0,9756 0,9761 0,9767 
2 0,9772 0,9778 0,9783 0,9788 0,9793 0,9798 0,9803 0,9808 0,9812 0,9817 
2,1 0,9821 0,9826 0,983 0,9834 0,9838 0,9842 0,9846 0,985 0,9854 0,9857 
2,2 0,9861 0,9864 0,9868 0,9871 0,9875 0,9878 0,9881 0,9884 0,9887 0,989 
2,3 0,9893 0,9896 0,9898 0,9901 0,9904 0,9906 0,9909 0,9911 0,9913 0,9916 
2,4 0,9918 0,992 0,9922 0,9925 0,9927 0,9929 0,9931 0,9932 0,9934 0,9936 
 
 
46 
 
“z” 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 
2,5 0,9938 0,994 0,9941 0,9943 0,9945 0,9946 0,9948 0,9949 0,9951 0,9952 
2,6 0,9953 0,9955 0,9956 0,9957 0,9959 0,996 0,9961 0,9962 0,9963 0,9964 
2,7 0,9965 0,9966 0,9967 0,9968 0,9969 0,997 0,9971 0,9972 0,9973 0,9974 
2,8 0,9974 0,9975 0,9976 0,9977 0,9977 0,9978 0,9979 0,9979 0,998 0,9981 
2,9 0,9981 0,9982 0,9982 0,9983 0,9984 0,9984 0,9985 0,9985 0,9986 0,9986 
3 0,9987 0,9987 0,9987 0,9988 0,9988 0,9989 0,9989 0,9989 0,999 0,999 
3,1 0,999 0,9991 0,9991 0,9991 0,9992 0,9992 0,9992 0,9992 0,9993 0,9993 
3,2 0,9993 0,9993 0,9994 0,9994 0,9994 0,9994 0,9994 0,9995 0,9995 0,9995 
3,3 0,9995 0,9995 0,9995 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9996 0,9997 
3,4 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9997 0,9998 
Fonte: NAGUETTINI e PINTO (2007). 
 
Ainda segundo NAGUETTINI e PINTO (2007), através do valor da 
probabilidade de não excedência [P (X≤x)], podemos determinar um valor qualquer 
“x” da amostra “X” com parâmetros 𝜇𝑥 e 𝜎𝑥, utilizando a tabela 7 e a formula que 
segue: 
 
𝑥 = 𝜇𝑥 + 𝑧𝜎𝑥 Equação 13 
 
Com o valor de [P (X≥x)], busca-se na tabela 7, o valor que correspondente 
em “z” e por fim substituímos na equação 11 para chegar ao valor de “x”. 
 
A probabilidade de não excedência pode ser definida também através da 
probabilidade de excedência, sendo feita a seguinte correlação: 
 
P (X ≤ x) = 1 − P (X ≥ x) Equação 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
3.2.3.2 Distribuição Log-Normal 
NAGUETTINI e PINTO (2007) afirma que a distribuição Log-Normal é 
contínua e assimétrica. Sendo uma variação da distribuição Normal, que aplica aos 
valores “x” dos dados coletados “X” o fator matemático “ln (𝑥)”, transformando-os 
então em uma distribuição Log-Normal, com média “𝜇ln (𝑥)” e o desvio padrão “𝜎ln (𝑥)”. 
Suas FDP e FCP são descritas a seguir: 
 
𝐹𝐷𝑃 = 𝑓(𝑥) =
1
𝑥𝜎ln (𝑥)√2𝜋
𝑒−0,5 (
ln (𝑥) − 𝜇ln (𝑥)
𝜎ln (𝑥)
)
2
𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑥 > 0 Equação 15 
 
𝐹𝐶𝑃 = P (X ≤ x) = ∫
1
𝜎ln (𝑥)√2𝜋
𝑒−0,5 (
ln (𝑥) − 𝜇ln (𝑥)
𝜎ln (𝑥)
)
2
𝑑𝑥
𝑥
−∞
 Equação 16 
 
Sabendo que a distribuição Log-Normal é uma variação da distribuição 
Normal, podemos simplificar os cálculos utilizando a tabela 7, fazendo a seguinte 
transformação do fator “z” (ALMEIDA, 2000): 
 
𝑍 = 
ln (𝑥) − 𝜇ln (𝑥)
𝜎ln (𝑥)
 Equação 17 
 
Para definição do valor de “z” aplica-se o mesmo raciocínio que foi utilizado 
na distribuição Normal, descrita pela equação 12. 
Então podemos determinar qualquer valor de “x”, da seguinte maneira: 
 
𝑥 = 𝑒𝜇ln (𝑥)+(𝑧.𝜎ln (𝑥)) Equação 18 
 
3.2.3.3 Distribuição de Gumbel 
De acordo com NAGUETTINI e PINTO (2007), a distribuição de Gumbel de 
máximos é a mais utilizada no estudo de fenômenos extremos, principalmente 
quando se trata da curva IDF. Apresenta o parâmetro de escala “α” e o parâmetro de 
posição “β”. Tais parâmetros podem ser presumidos utilizando à média “ x ” e o 
desvio padrão “𝑆𝑥” da amostra “X” (ALMEIDA, 2000) conforme descrito abaixo: 
 
 
 
48 
 
∝=
𝜋
𝑠𝑥√6
 Equação 19 
 
𝛽 = x −
0,5772
∝
 Equação 20 
 
As funções de probabilidade FDP e FCP são demonstradas abaixo: 
 
𝐹𝐷𝑃 = 𝑓(𝑥) =∝ 𝑒{−∝(𝑥−𝛽)−𝑒
−∝(𝑥−𝛽)} Equação 21 
 
𝐹𝐶𝑃 = P (X ≤ x) = 𝑒−𝑒
−∝(𝑥−𝛽)
 Equação 22 
 
A partir da equação 20 podemos determinar o valor de “x”, isolando tal 
variável da seguinte maneira: 
 
𝑥 = 𝛽 − [
ln[−lnP (X ≤ x)]
∝
] Equação 23 
 
3.2.4 Determinação da curva IDF pelo método da Desagregação 
Para determinação da curva IDF foram realizados os seguintes passos: 
a) Escolha da distribuição teórica com melhor ajuste a série de dados 
coletados, fazendo uma correlação; 
b) Definição dos tempos de retorno (Tr) necessários ao estudo; 
c) Calculo da probabilidade de não excedência para todos os tempos de 
retorno definidos anteriormente; 
d) Determinação das alturas de chuva pela formula correspondente à 
distribuição escolhida, podendo ser as equações 13, 18 ou 23; 
e) Por fim foi utilizado o método da desagregação para transformar a 
altura de chuva em intensidade, com determinada duração. 
O método da desagregação foi utilizado devido à necessidade de 
transformar dados de chuvas diárias em chuvas de 24h até 5min, que é essencial 
para determinação da curva IDF. 
TUCCI et al (2001) denomina o método da desagregação como o método 
das relações de durações, afirma que o método tem base em duas particularidades 
observadas nos estudos de curvas IDF em diversos postos pluviométricos de todo 
mundo que são: as curvas probabilísticas de durações diferentes tendem a 
 
 
49 
 
manterem-se paralelas umas as outras e uma grande correlação entre precipitações 
médias máximas de durações distintas de diferentes localidades. Sendo as relações 
de duração calculadas pela seguinte equação: 
 
𝑟𝑡1𝑡2 =
𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑡1
𝑝𝑟𝑒𝑐𝑖𝑝𝑖𝑡𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑢𝑟𝑎çã𝑜 𝑡2
 Equação 24 
 
Ainda segundo TUCCI et al (2001) os resultados médios das relações entre 
precipitações e durações para o Brasil foram tabelados pela CETESB conforme 
apresentado na tabela 8. 
Tabela 8: Relação entre durações ou coeficientes de desagregação. 
Relação Brasil 
Estados unidos 
U.S.W. Bureau 
Estados unidos 
Denver 
5min/30min 0,34 0,37 0,42 
10min/30min 0,54 0,57 0,63 
15min/30min 0,70 0,72 0,75 
20min/30min 0,81 0,84 
25min/30min 0,91 0,92 
30min/1h 0,74 0,79 
1h/24h 0,42 
6h/24h 0,72 
8h/24h 0,78 
10h/24h 0,82 
12h/24h 0,85 
24h/1dia 1,14* 1,13 
*Valor para cidade de São Paulo. 
Fonte: Adaptado de TUCCI et al (2001). 
 
Para obter a intensidade da chuva para uma duração desejada, basta dividir 
o valor calculado da chuva em mm por 24, que representa o total de horas de um dia 
e multiplicar pelo respectivo coeficiente de desagregação. 
 
 
50 
 
 
3.3 PROJETO DE UM SISTEMA DE MICRODRENAGEM 
Na concepção deu um projeto de microdrenagem, é necessário a analise de 
alguns fatores: efeitos do crescimento urbanístico, valor financeiro das propriedades 
expostas a danos por inundação, presença de trafego de pessoas e veículos, área 
livre no subsolo das vias ou passeios para instalação dos elementos pluviais, altura 
da tubulação compatível a drenar as propriedades próximas, existência de um corpo 
receptor adequado à vazão projetada e analise de diferentes soluções (CE/DEP, 
2005). 
 
3.3.1 Dados necessários 
Segundo PDDU/POA (2005), para concepção de um projeto de sistema de 
microdrenagem, são essenciais os dados a seguir: 
a) Mapas: situação da localização da área em estudo dentro do município, 
geral da bacia contribuinte com a localização da área de drenagem e o 
de planialtimetria da área do projeto; 
b) Levantamento topográfico: nivelamento geométrico de todos os pontos 
de mudança de greide, direção e esquinas das vias dentro da área em 
estudo; 
c) Cadastro: dos sistemas de drenagem existentes e outras redes de 
serviço, que venham a interferirno projeto; 
d) Urbanização: classe de ocupação do solo, quantidade de área 
impermeável projetada de ocupação dos lotes e ocupação e 
recobrimento do solo em áreas não urbanizadas da bacia; 
e) Curso d’água receptor: nível de água máximo que suporta e 
levantamento topográfico do ponto onde ocorrerá a descarga final. 
 
3.3.2 Concepção geral do projeto 
Com os dados obtidos e utilizando de critérios usuais de drenagem urbana, 
se faz um traçado prévio da rede de pluvial, deve se estudar diferentes traçados, 
valendo-se dos dados do plano diretor urbanístico, topográficos e pré-
dimensionamento hidrológico e hidráulico. A concepção do melhor traçado é a parte 
fundamental para economia global do projeto (TUCCI et al, 2001). 
 
 
 
51 
 
3.3.2.1 Locação dos componentes 
A locação dos componentes deve ser planejada de forma homogênea, 
promovendo condições adequadas de drenagem a toda área de estudo (SMDU/SP, 
2012). 
Segundo TUCCI et al (2001) os elementos que compõe o sistema de 
microdrenagem, suscetíveis a escolha de locação são: 
a) Galerias: podem ser alocadas sob o meio-fio da calçada ou no eixo da 
via pública; 
b) Bocas de lobo: devem ser alocadas nos pontos mais baixos das 
quadras, nos dois lados da via se a sarjeta não for suficiente ou quando 
a sua capacidade de engolimento for superada, de preferência em 
pontos a montante próximos a faixas de pedestres e não devem ser 
alocadas ao vértice do ângulo de interseção das sarjetas de uma 
esquina; 
c) Poços de visita: preferencialmente alocados em alternâncias de 
direção, declividade e diâmetro e nos entroncamentos de vias; 
respeitando um espaçamento máximo definido na tabela 9; 
d) Caixa de ligação: são alocadas entre bocas de lobo e antes de poços 
de visita, conforme ilustra a figura 16. 
 
Tabela 9: Espaçamento máximo entre poços de visita 
Diâmetro (ou altura do conduto) (m) Espaçamento 
0,30 120 
0,50 – 0,90 150 
1,00 ou mais 180 
Fonte: TUCCI et al (2001) 
 
Figura 16: Locações tradicionais de caixa de ligação. 
 
Fonte: SMDU/SP (2012). 
 
 
52 
 
 
A figura 17 a seguir, ilustra as formas usuais, recomendadas e não 
recomendadas de locação das redes de microdrenagem: 
 
 
 
 
 
 
Figura 17: Locações de redes de microdrenagem. 
 
Fonte: SMDU/SP (2012). 
 
3.3.3 Definição da vazão de projeto pelo Método Racional 
Segundo TUCCI et al (2001), o método mais difundido na definição da 
máxima vazão de projeto para pequenas bacias, menores que 200 ha, é o Método 
Racional, por sua simplicidade e resultados satisfatórios dentro de suas condições 
que são as seguintes: tempo de concentração da bacia é igual a duração da 
precipitação máxima, admite coeficiente de escoamento único ponderado conforme 
características da bacia e não considera o volume de cheia e a distribuição das 
vazões ao longo do tempo. 
Existem três equações para determinação da vazão de projeto, dependendo 
da área da bacia que são as seguintes (CE/DEP, 2005): 
 
 
53 
 
 
𝑄𝑝 = 2,78. 𝑐. 𝑖𝑚á𝑥. 𝐴 (para A ≤ 30 ha) Equação 25 
𝑄𝑝 = 2,78. 𝑐. 𝑖𝑚á𝑥. 𝐴
0,95 (𝑝𝑎𝑟𝑎 30 < 𝐴 ≤ 50 ℎ𝑎) Equação 26 
𝑄𝑝 = 2,78. 𝑐. 𝑖𝑚á𝑥. 𝐴
0,90 (𝑝𝑎𝑟𝑎 50 < 𝐴 ≤ 200 ℎ𝑎) Equação 27 
 
Onde: 
𝑄𝑝: Vazão contribuinte (l/s); 
𝑐: Coeficiente de escoamento superficial, ponderado; 
𝑖𝑚á𝑥: Intensidade máxima de chuva (mm/h); 
𝐴: Área contribuinte (há). 
 
Entre os dados citados acima os coeficientes de escoamento sugeridos para 
bacias urbanas segundo o PDDU/POA (2005) são ilustrados nas tabelas 10 e 11 a 
seguir: 
Tabela 10: Valores de C por tipo de ocupação. 
Descrição da área C 
Área comercial/Edificação muito densa: Partes centrais, 
densamente construídas, em cidade com ruas e calçadas 
pavimentadas. 
0,70 - 0,95 
Área comercial/Edificação não muito densa: Partes adjacentes 
ao centro, de menor densidade de habitações, mas com ruas e 
calçadas pavimentadas. 
0,60 - 0,70 
Área residencial: residências isoladas; com muita superfície livre. 0,35 - 0,50 
Área residencial: unidades múltiplas (separadas); partes 
residenciais com ruas macadamizadas ou pavimentadas. 
0,50 - 0,60 
Área residencial: unidades múltiplas (conjugadas). 0,60 - 0,75 
Área residencial: lotes com >2.000m². 0,30 - 0,45 
Área residencial: áreas com apartamentos. 0,50 - 0,70 
Área industrial: indústrias leves. 0,50 - 0,80 
Área industrial: indústrias pesadas. 0,60 - 0,90 
Matas, parques e campos de esporte, partes rurais, áreas 
verdes, superfícies arborizadas e parques ajardinados. 
0,05 - 0,20 
Parques, cemitérios, subúrbio com pequena densidade de 0,10 - 0,25 
 
 
54 
 
construção. 
Playgrounds. 0,20 - 0,35 
Pátios ferroviários. 0,20 - 0,40 
Áreas sem melhoramentos. 0,10 - 0,30 
Fonte: adaptado PDDU/POA (2005). 
 
 
 
Tabela 11: Valores de C de acordo com superfícies de revestimento. 
Superfície C 
Pavimento: asfalto 0,70 - 0,95 
Pavimento: concreto 0,80 - 0,95 
Pavimento: calçada 0,75 - 0,85 
Pavimento: telhado 0,75 - 0,95 
Cobertura de grama ou areia: plano (declividade 2%) 0,60 - 0,75 
Cobertura de grama ou areia: médio (declividade de 2 a 7%) 0,30 - 0,45 
Cobertura de grama ou areia: alta (declividade 7%) 0,50 - 0,70 
Grama, solo pesado: plano (declividade 2%) 0,13 - 0,17 
Grama, solo pesado: médio (declividade de 2 a 7%) 0,18 - 0,22 
Grama, solo pesado: alta (declividade 7%) 0,25 - 0,35 
Fonte: adaptado PDDU/POA (2005). 
 
3.3.4 Dimensionamento da rede pluvial 
Para o dimensionamento da rede coletora pluvial, é essencial a utilização de 
uma planilha de cálculos, devido ao grande número de variáveis envolvidas. O 
CE/DEP( 2005), fornece um modelo (figura 18) com tal finalidade, o qual foi utilizado 
neste trabalho. 
Figura 18: Planilha para dimensionamento da rede pluvial. 
 
 
55 
 
 
Fonte: Adaptado de CE/DEP (2005). 
Onde: 
𝑇𝑟: Tempo de retorno adotado para o projeto; 
𝑛: Coeficiente de rugosidade de Manning; 
𝑐: Coeficiente de escoamento superficial; 
Vértice: Identificação dos trechos entre PV’s; 
𝐿: Distância do trecho entre PV’s; 
Área (ha): Área de contribuição da sub-bacia adotada pelo projetista; 
Cota da rua: Obtida através de levantamento topográfico. 
𝐼𝑟𝑢𝑎: Declividade da rua, calculada através da equação 28; 
𝑡𝑐: Tempo de concentração, ao qual o primeiro é obtido com a equação 29 e 
os próximos acrescidos do valor de 𝑡𝑝; 
𝑄𝑝𝑟𝑜𝑗: Vazão de projeto ou contribuinte, determinada por uma das equações 
descritas no item 3.3.3; 
𝐷𝑁: Diâmetro nominal do conduto no trecho, adotado para suportar a 𝑄𝑝𝑟𝑜𝑗; 
𝐼𝑐𝑎𝑛𝑎𝑙: Declividade do canal, estimado de levantamentos topográficos; 
𝑄𝑐𝑎𝑛𝑎𝑙: Vazão do conduto a seção plena, definida pela equação 30; 
𝑉𝐷𝑁: Velocidade do escoamento a seção plena (equação 31); 
𝑉𝑁: Velocidade de escoamento a seção parcial obtida através da relação 
𝑄𝑝 𝑄𝑐⁄ , de acordo com a tabela (figura 19) fornecida pelo CE/DEP; 
As velocidades máximas e mínimas permitidas são 5,0 e 0,8 m/s. 
𝑡𝑝: Tempo de percurso, dada pela equação 32. 
 
 
 
56 
 
𝐼𝑟𝑢𝑎 =
Cota Montante − Cota Jusante
𝐿
 Equação 28 
 
Onde: 
𝐼𝑟𝑢𝑎: Declividade da rua (m/m); 
𝐿: Comprimento do trecho; 
 
𝑡𝑐 = 0,01947 ×
L0,77
𝐼0,385
 Equação 29 
 
Onde: 
𝑡𝑐: Tempo de concentração (min); 
𝐿: Comprimento do talvegue ou rede contribuinte (m); 
𝐼: Declividade média (m/m); 
 
𝑄𝑐 =
1
𝑛
× 𝑆 × 𝑅
2
3⁄ × 𝐼
1
2⁄ Equação 30 
 
Onde: 
𝑄𝑐: Vazão do conduto a seção plena (m³/s); 
𝑛: Coeficiente de rugosidade de Manning; 
𝑆: Área da seção do conduto (m²); 
𝑅: Raio hidráulico (m); 
𝐼: Declividade adotada para o trecho (m/m); 
 
𝑉𝐷𝑁 =
1
𝑛
× 𝑅
2
3⁄ × 𝐼
1
2⁄ Equação 31 
 
Onde: 
𝑉𝐷𝑁: Velocidade de escoamento à seção plena (m³/s); 
𝑛: Coeficiente de rugosidade de Manning; 
𝑅: Raio hidráulico (m); 
𝐼: Declividade adotada para o trecho (m/m); 
 
𝑡𝑝 =
L
60 × 𝑉𝑁
 Equação 32 
 
 
 
57 
 
Onde: 
𝑡𝑝: Tempo de percurso (min); 
𝐿: Distância

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