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ATOS ADMINISTRATIVOS 02

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Aula 02
Direito Administrativo p/ TRE-PE (Analista Judiciário - Área Judiciária)
Professor: Daniel Mesquita
Direito Administrativo p/ TRE-PE ʹAnalista 
Judiciário Judiciário. 
Teoria e exercícios comentados 
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AULA 02: Atos administrativos. 
 
 
SUMÁRIO 
1) INTRODUÇÃO À AULA 02 2 
2) ATOS ADMINISTRATIVOS 3 
2.1 CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO. 3 
2.2 ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO; TEORIA DOS MOTIVOS 
DETERMINANTES; PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. 12 
2.3 ATRIBUTOS (OU CARACTERÍSTICAS) DO ATO ADMINISTRATIVO. 40 
2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 60 
2.4.1 EXISTÊNCIA, VALIDADE, EFICÁCIA E EXEQÜIBILIDADE 60 
2.4.2 VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE 63 
2.4.3 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES DOS ATOS ADMINISTRATIVOS. 75 
2.5 ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE 84 
2.5.1 ATOS ADMINISTRATIVOS NORMATIVOS 84 
A. DECRETOS 84 
B. INSTRUÇÕES NORMATIVAS, REGIMENTOS, REGULAMENTOS, 
RESOLUÇÕES E DELIBERAÇÕES 86 
2.5.2 ATOS ADMINISTRATIVOS ORDINATÓRIOS 87 
2.5.3 ATOS ADMINISTRATIVOS NEGOCIAIS 89 
2.5.4 LICENÇA E ALVARÁ 90 
2.5.5 PERMISSÃO E AUTORIZAÇÃO 92 
2.5.6 ADMISSÃO, APROVAÇÃO, VISTO E HOMOLOGAÇÃO 93 
2.5.7 ATOS ADMINISTRATIVOS ENUNCIATIVOS 94 
2.5.8 CERTIDÕES 94 
2.5.9 PARECERES 95 
2.5.10 ATESTADOS 96 
2.5.11 APOSTILA 96 
2.5.12 ATOS ADMINISTRATIVOS PUNITIVOS 96 
3) TEORIA DAS NULIDADES NO DIREITO ADMINISTRATIVO. 101 
3.1 ATOS ADMINISTRATIVOS NULOS, ANULÁVEIS E INEXISTENTES. 101 
3.2 TEORIAS MONISTA (OU UNITÁRIA) E DUALISTA. 103 
3.3 VÍCIOS DO ATO ADMINISTRATIVO. 104 
3.4 DESCONSTITUIÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 108 
3.4.1 INVALIDAÇÃO 109 
3.4.2 REVOGAÇÃO 118 
3.5 CONVALIDAÇÃO (OU SANATÓRIA) 138 
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4) RESUMO DA AULA. 144 
5) QUESTÕES 156 
6) REFERÊNCIAS 178 
 
 
 
 
 
 
 
1) Introdução à aula 02 
 
Que bom que você veio para nossa aula de Direito Administrativo 
para o concurso de TRE-PE – Analista Judiciário. 
Nesta aula falaremos sobre o seguinte assunto: “5 Atos 
administrativos. 5.1 Conceito. 5.2 Fatos da administração, atos da 
administração e atos administrativos. 5.3 Requisitos ou elementos. 5.4 
Atributos. 5.5 Classificação. 5.6 Atos administrativos em espécie. 5.7 
Extinção dos atos administrativos: revogação, anulação e cassação. 5.8 
Convalidação. 5.9 Vinculação e discricionariedade. 5.10 Atos 
administrativos nulos, anuláveis e inexistentes. 5.11 Decadência 
administrativa. 5.12 Jurisprudência aplicada dos tribunais superiores..”. 
Não se esqueça de que, ao final, você terá um resumo da aula e as 
questões tratadas ao longo dela. Use esses dois pontos da aula na 
véspera da prova! 
Chega de papo, vamos à luta! 
 
 
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2) Atos Administrativos 
 
2.1 Conceito de ato administrativo. 
 
 
Antes de conceituarmos ato administrativo, lembrando que não há 
conceito legal e sim doutrinário, devemos distinguir os conceitos de fato 
e de ato, de modo que a ideia do ato administrativo fique clara. 
Fato: é acontecimento sem qualquer interferência da vontade 
humana, como no caso de eventos da natureza. Ato, por sua vez, é 
manifestação de vontade praticada pelo homem. 
Se “ato” é manifestação da vontade humana, “atos 
administrativos” são declarações humanas (e não meros fenômenos 
da natureza), unilaterais (as bilaterais constituem contratos), expedidas 
pela administração pública ou por particular no exercício de suas 
prerrogativas, com o fim imediato de produzir efeitos jurídicos 
determinados, em conformidade com o interesse público, sob regime de 
direito público e sujeitas a controle. Exemplos: aplicação de uma pena 
de multa em razão do excesso de velocidade; a desapropriação de uma 
área privada; o tombamento de um patrimônio de relevância histórica. 
Fernanda Marinela destaca que os serviços ou atividades 
controlados por computadores, como, por exemplo, as centrais 
controladoras dos semáforos da cidade, hipótese em que a própria 
máquina emite ordens de “pare” ou “siga”, são atos jurídicos e 
administrativos, embora não decorram de uma verdadeira manifestação 
de vontade humana. 
Como já visto, ato é diferente de fato, por isso não 
confunda ato administrativo com fato administrativo (acontecimentos 
que produzem efeitos jurídicos relevantes para o Direito 
Administrativo), cujos exemplos são: a morte de um funcionário que 
gera vacância de um cargo; a destruição de uma escola pública em 
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razão da chuva; a mudança de lugar de certo órgão público; a cirurgia 
realizada por um médico em um hospital público; etc. Ademais, para 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, se o fato não produz qualquer efeito 
jurídico no Direito Administrativo, ele é denominado fato da 
administração. 
Os atos administrativos podem ser anulados e revogados dentro 
dos limites do Direito, em quanto os fatos administrativos não admitem 
nem anulação nem revogação. Por fim, os atos administrativos gozam 
de presunção de legitimidade, enquanto os fatos não. 
Por outro lado, importante destacar o conceito trazido por Marinela 
de ato da administração, que é todo ato praticado pela Administração 
Pública, mais especificamente pelo Executivo, no exercício da função 
administrativa, podendo ser regido pelo direito público ou pelo direito 
privado. Note que esse conceito tem sentido mais amplo do que o de 
ato administrativo, que necessariamente deve ser regido pelo direito 
público. 
A autora continua dizendo que os atos da administração podem 
ser: 
a) Atos privados da Administração. Exs: doação, permuta, compra 
e venda, locação 
b) Atos materiais: condutas que não contêm manifestação de 
vontade, constituindo apenas em uma execução, configurando 
fatos administrativos e não atos administrativos. Exs: demolição 
de uma cassa, apreensão de mercadoria, realização de um 
serviço 
c) Atos administrativos 
Ficam excluídos do conceito de atos da administração os atos 
administrativos não praticados pela Administração, como é o caso, por 
exemplo, de alguns atos praticados por concessionárias prestadoras de 
serviços públicos. 
 
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A prescrição e da decadência são institutos que produzem efeitos 
jurídicos em razão da soma de dois elementos: o decurso do tempo e a 
inércia do titular do direito. Assim, não representam nem evento da 
natureza nem conduta material, tendo sido reconhecidos de forma 
pacífica como fatos jurídicos em sentido estrito, ou fatos jurídicos 
objetivos. 
Voltando ao conceito de “ato administrativo”, para quem gosta de 
demonstrar seu apurado conhecimento jurídico em provas subjetivas,citando doutrinadores de renome, colacionamos a definição de ato 
administrativo da professora Di Pietro: 
“pode-se definir o ato administrativo como a declaração do 
Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos 
imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de direito 
público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário” (2009, p. 196) 
 
Na tentativa de melhor definir o ato administrativo, Marinela fixa 
alguns pontos fundamentais, tais como: a vontade, que deve 
necessariamente emanar de um agente público no exercício de sua 
função administrativa, o que o distingue do particular; seu conteúdo, 
que deve propiciar efeitos jurídicos sempre com um fim público; e, por 
fim, o regime, que deve ser de direito público. 
 
O aluno não pode se esquecer de que, além do Poder Executivo, os 
órgãos que compõem o Poder Judiciário e o Legislativo também editam 
atos administrativos (ex: quando o Tribunal de Justiça realiza uma 
licitação para a compra de papel e de impressora, quando a Assembleia 
Legislativa contrata uma empresa de engenharia para fazer uma 
reforma etc.). Também não pode se esquecer de que a Administração 
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Pública pode editar atos regidos pelo direito privado quando, por 
exemplo, uma empresa estatal vende os bens produzidos por ela no 
mercado num ambiente de livre concorrência. 
Assim, existem atos administrativos que não são atos da 
administração e vice-versa. 
Por fim, vale destacar a valiosa lição de Bandeira de Mello (2010, 
p. 413-416) acerca do silêncio da Administração quando esta não se 
pronuncia quando deve fazê-lo. Para o ilustre administrativista, o 
silêncio não é ato jurídico, mas um fato jurídico administrativo, pois não 
houve qualquer manifestação. 
Para a doutrina majoritária, o silêncio administrativo não produz 
nenhum efeito, salvo quando a lei – reconhecendo o dever da 
Administração de agir, atribui esse resultado, admitindo-se, nesse caso, 
a possibilidade de uma anuência tácita, ou até, de efeito denegatório do 
pedido, contrariando o interesse de peticionário. Nessas hipóteses – em 
que a lei atribui efeito ao silêncio – o mesmo não decorre do silêncio e 
sim da previsão legal. 
 
Normalmente, o silência é um ato irregular da Administração, pois 
o administrado tem o direito de obter uma resposta de suas solicitações 
e requerimentos dirigidos à Administração. Essa resposta obrigatória 
está prevista no texto constitucional (art. 5º, XXXIV), o qual define o 
direito de petição, que abrange não somente a possibilidade de 
requerer, como também a certeza de obter uma resposta, 
caracterizando-se, dessa maneira, como um dever para o 
administrador. 
Assim, se após o prazo fixado em lei a Administração não fornecer 
as informações solicitadas, o administrado pode questionar a conduta 
do agente público junto ao Judiciário, pois ele descumpriu o dever legal 
de decidir. 
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Atualmente, a Lei n. 12.527/11 (lei do acesso a informação) regula 
o tema da seguinte forma: 
 
Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o acesso 
imediato à informação disponível. 
§ 1o Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma disposta 
no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deverá, em prazo não 
superior a 20 (vinte) dias: 
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar a 
reprodução ou obter a certidão; 
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, do 
acesso pretendido; ou 
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu 
conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o 
requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o interessado da 
remessa de seu pedido de informação. 
§ 2o O prazo referido no § 1o poderá ser prorrogado por mais 10 (dez) dias, 
mediante justificativa expressa, da qual será cientificado o requerente. 
 
 
 O STJ manifestou-se: “1. O ‘direito de petição aos 
poderes públicos em defesa de direitos e contra ilegalidade ou abuso de 
poder’, assegurado pelo art. 5º, XXXIV, I, da CF, tem natureza 
instrumental: é direito, assegurado ao cidadão, de ver recebido e 
examinado o pedido em tempo razoável e de ser comunicado da 
decisão tomada pela autoridade a quem é dirigido. Nele não está 
contido, todavia, o direito de ver deferido o pedido formulado (...)” 
(RMS 16.424/DF, STJ – Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 
julg: 05.04.2005, DJ: 18.04.2005). 
 
 
 
 
 
Questões de 
concurso 
 
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1. (CESPE - 2013 - DEPEN - Especialista - Todas as 
áreas) A função administrativa, ou executiva, é exercida 
privativamente pelo Poder Executivo. 
Além do Poder Executivo, os órgãos que compõem o Poder 
Judiciário e o Legislativo também editam atos administrativos. 
Gabarito: Errado. 
 
2. (CESPE – 2013 – TJDFT – Oficial de Justiça) A 
designação de ato administrativo abrange toda atividade desempenhada 
pela administração. 
O ato administrativo não abrange toda atividade desempenhada 
pela administração, representando apenas uma parcela da atuação da 
administração. 
Logo, está INCORRETA. 
 
3. (CESPE - 2013 - DEPEN - Agente Penitenciário) Um 
banco estatal que celebra com o particular um contrato para 
fornecimento de cheque especial pratica um ato administrativo. 
Se “ato” é manifestação da vontade humana, “atos 
administrativos” são declarações humanas (e não meros fenômenos 
da natureza), unilaterais (as bilaterais constituem contratos), expedidas 
pela administração pública ou por particular no exercício de suas 
prerrogativas, com o fim imediato de produzir efeitos jurídicos 
determinados, em conformidade com o interesse público, sob regime de 
direito público e sujeitas a controle. 
O ato praticado não visa o interesse público, mas de particulares, 
por isso está errado!! 
 
4. (CESPE – 2010 - MPS – Técnico Em Comunicação 
Social – Rel. Públicas) Quando um banco estatal celebra, com um 
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cliente, um contrato de abertura de conta-corrente, está praticando um 
ato administrativo. 
Cumpre ressaltar que nem toda ação da Administração Pública é 
tida como ato administrativo. Os atos administrativos são 
manifestações, unilaterais, quando a Administração age como tal, tendo 
assim, superioridade, prerrogativas e supremacia em relação ao 
particular. As empresas estatais (empresas públicas e sociedades de 
economia mista) são submetidas ao mesmo regime jurídico das demais 
empresas privadas (regime jurídico de direito privado). Desta forma, os 
atos praticados por estas não são considerados atos administrativos, 
mas atos privados da Administração. Assim se enquadra o contratode 
abertura de conta-corrente. 
Gabarito: Errado. 
 
5. (CESPE - 2012 - ANATEL – Analista) A formalização de 
contrato de abertura de conta-corrente entre instituição financeira 
sociedade de economia mista e um particular enquadra-se no conceito 
de ato administrativo. 
Vimos que atos de empresas estatais se enquadram como ato 
privado da administração, pois não é unilateral e também não possui 
prerrogativas. 
Gabarito: Errado. 
 
6. (CESPE – 2012 – TJ/AL – Analista Judiciário – 
Administrativa) Todo ato praticado no exercício da função 
administrativa consiste em ato da administração. 
 
Vimos que os “atos administrativos” são declarações humanas, 
unilaterais, expedidas pela administração pública ou por particular no 
exercício de suas prerrogativas, com o fim imediato de produzir efeitos 
jurídicos determinados, em conformidade com o interesse público, sob 
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regime de direito público e sujeitas a controle. Os atos administrativos 
são espécies do gênero atos da administração. Entre os atos da 
administração temos: os atos de direito privado; os atos materiais da 
administração; atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor; os atos 
políticos; os contratos; os atos normativos; e os atos administrativos 
propriamente ditos. 
Gabarito: Certo. 
 
7. (CESPE - 2012– TJ/AL – Analista Judiciário – 
Administrativa) Os atos políticos não se sujeitam ao regime jurídico 
constitucional. 
Todo ato da administração está sujeito ao regime constitucional. 
Lembre-se de que os atos políticos não são considerados atos 
administrativos. 
Gabarito: Errado. 
 
8. (CESPE - 2010 - CETURB/ES - Advogado) Atos praticados 
pela administração valendo-se de suas prerrogativas e regido pelas 
normas de direito público são exemplos de atos administrativos, não 
podendo ser classificados, portanto, como atos da administração. 
A primeira parte do enunciado está correta. No entanto, se os atos 
citados são atos administrativas, consequentemente são atos da 
administração, já que são espécies destes últimos. 
Gabarito: Errado. 
 
9. (CESPE - 2012 – TJ/AL – Analista Judiciário – 
Administrativa) De acordo com os critérios objetivo, funcional ou 
material, ato administrativo corresponde ao ato praticado no exercício 
concreto da função administrativa que é editado exclusivamente por 
órgãos administrativos. 
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Sabemos que o sentido objetivo, material ou funcional da 
administração pública denota a própria atividade administrativa 
exercida pelo Estado. Desta forma, por tal critério, o ato administrativo 
surge do exercício dessa função que poderá ser editado por órgão ou 
entidade administrativa, bem como pelos delegatários dos serviços 
públicos, ou seja, particulares no exercício delegado da função 
administrativa. 
Gabarito: Errado. 
 
10. (CESPE - 2011 – STM – Analista Judiciário – 
Administração) Os atos administrativos têm origem no Estado ou em 
agentes investidos de prerrogativas estatais. 
Vimos que se pode definir o ato administrativo como a declaração 
do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos 
imediatos, com observância da lei. 
Gabarito: Certo. 
 
11. (CESPE - 2012 – TJ/AL – Analista Judiciário – 
Administrativa) Os atos administrativos incluem os despachos de 
encaminhamento de papéis e os processos. 
Os despachos não são manifestações unilaterais de vontade da 
administração revestidas de prerrogativas públicas, ou seja, são 
considerados meros atos. 
Gabarito: Errado. 
 
 
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2.2 Elementos do ato administrativo; teoria dos 
motivos determinantes; procedimento 
administrativo. 
 
O que vamos estudar agora são os elementos que constituem os 
atos administrativos, sem eles o ato administrativo não completa seu 
ciclo de formação ou são considerados, até mesmo, a depender do 
elemento faltante, inexistente. Alguns doutrinadores preferem usar a 
expressão “requisitos”, outros a expressão “pressupostos”. Assim, se a 
sua prova trouxer no enunciado o termo “requisitos ou pressupostos do 
ato administrativo” saiba que a questão está tratando dos elementos do 
ato administrativo. 
A doutrina do direito administrativo brasileiro diverge quanto aos 
elementos que compõem os atos administrativos. Em razão disso, o 
critério mais seguro para se utilizar em uma prova de concurso é o do 
art. 2º da Lei nº 4.717/65. Para essa lei, os elementos do ato 
administrativo são: competência, forma, objeto, motivo e finalidade. 
Isso não quer dizer que o aluno deve marcar errado se 
apresentada na questão que o sujeito, e não a competência, é um dos 
elementos do ato administrativo. 
O que você deve levar para a prova é que os elementos do ato 
administrativo são o SUJOMOFOFI = Sujeito, objeto, motivo, forma e 
finalidade; ou o COMFIFOMOB = Competência, finalidade, forma, 
motivo e objeto. 
Nesse ponto, Di Pietro (2009, p. 202) informa, com razão, que a 
competência é um atributo do sujeito que pratica o ato e, além desse 
atributo, ele deve ter a capacidade para realizá-lo. Desse modo, mais 
adequado falar-se que o sujeito – e não a competência – é um dos 
elementos do ato administrativos. 
 
a) Sujeito ou competência (SUJ ou COM) 
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Sujeito é aquele que pratica o ato. Ele deve ter capacidade e 
competência para a prática do ato. A primeira se verifica das normas 
de direito civil (idade, sanidade mental etc.). Já a competência, no 
direito administrativo, decorre da Constituição, das leis e atos 
normativos. Esses diplomas não só definem o plexo de competências, 
mas impõem aos seus titulares o dever de exercê-las em prol do 
interesse público. 
*Pensou em sujeito – pense em capacidade e 
competência!* 
 
O sujeito competente deve ser necessariamente um agente 
público, que é o conceito mais amplo encontrado na doutrina, 
consistindo em qualquer pessoa que exerça de forma temporária ou 
permanente, com ou sem remuneração, uma função pública, devendo 
estar, de alguma forma, ligado à Administração Pública. 
Além disso, é necessária a análise da capacidade jurídica desse 
agente e do ente a que ele pertence, a quantidade de atribuições do 
órgão que o produziu, a competência do agente emanante e a 
inexistência de óbices à sua atuação no caso concreto, tais como 
afastamentos legais, impedimentos e outros. 
Aqui já entramos em um ponto que pode ser explorado na 
prova: o estudo da competência para a prática do ato administrativo. 
Portanto, SINAL DE ALERTA! 
Segundo Marinela, entende-se por competência o conjunto de 
atribuições das pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, fixado pelo 
direito positivo, representando a esfera de atuação de cada um deles; é 
o círculodefinido por lei dentro do qual podem os administradores 
exercer legitimamente sua atividade. 
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 A competência para a prática de atos administrativos 
não se presume, dependendo sempre de previsão legal. 
Importante observar as características da competência exercida 
pelo sujeito que pratica o ato administrativo. Mencionamos aqui as 
características da competência trazidas por Alexandrino (2010, p. 437), 
com fundamento na doutrina brasileira, especialmente em Bandeira de 
Mello: 
 de exercício obrigatório; 
A competência representa regra de exercício obrigatório para 
os órgãos e agentes públicos, sempre que caracterizado o 
interesse público. Portanto, exercitá-la não é livre decisão de 
quem a titulariza; trata-se de um poder-dever do 
administrador. 
 irrenunciável; 
Com base no princípio da indisponibilidade do interesse 
público, o administrador que recebe uma competência legal 
não pode renunciá-la para deixar de exercê-la. 
Fundamenta-se em dois artigos da Lei nº 9.784/99: 
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos 
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, 
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, 
segurança jurídica, interesse público e eficiência. 
 Parágrafo único. Nos processos administrativos serão 
observados, entre outros, os critérios de: 
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total 
ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; 
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos 
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de 
delegação e avocação legalmente admitidos. 
 
 intransferível; 
O exercício da competência não admite transação ou acordo, 
descabendo repassá-la a outrem, salvo quando 
expressamente autorizado por lei. 
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 imodificável pela vontade do agente; 
O administrador não pode, por intermédio de ato 
administrativo, dilatar ou restringir sua competência, 
considerando que sua fonte definidora é a lei, logo um ato 
superior na estrutura do ordenamento jurídico. 
 imprescritível 
O não exercício não extingue a competência, ou seja, mesmo 
que a competência não seja utilizada, independente do 
tempo, o agente continuará sendo o competente. 
 improrrogável 
Se o sujeito competente não exerce a competência, ela não 
se transfere ao órgão incompetente que praticou o ato. Isso 
porque, quem confere a competência é a lei. Assim, o agente 
não pode revogar uma lei pelo seu costume. 
 
CUIDADO: O concursando nunca pode se esquecer de 
que, apesar das características de irrenunciabilidade e 
intransferibilidade, a competência pode ser objeto de delegação e 
avocação. 
A delegação é um instrumento de descentralização administrativa 
(art. 11 do Decreto-lei nº 200/67) e não importa em transferência de 
competência, tanto é que a autoridade delegante pode avocar a 
competência delegada a qualquer momento (art. 2º, parágrafo único, 
do Decreto nº 83.937/79). Assim, o ato de delegação não retira a 
competência da autoridade delegante que continua competente 
cumulativamente com a autoridade delegada; tal transferência também 
é passível de revogação a qualquer tempo, devendo também ser 
publicado no órgão oficial. 
Deve-se observar que a delegação de competência normalmente é 
realizada para agentes de plano hierárquico inferior. Contudo, a lei 
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também a admite para o mesmo plano hierárquico, quando não 
existirem impedimentos, sendo conveniente em razão de circunstâncias 
de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Essa 
hipótese aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados 
aos respectivos presidentes (art. 12 da Lei nº 9.784/99). 
O ato de delegação exige publicação oficial e deverá especificar as 
matérias e os poderes transferidos, definindo os limites de atuação do 
delegado, a duração e os objetivos da delegação, além dos recursos 
cabíveis e demais ressalvas que o delegante entender convenientes. 
 
MUITO CUIDADO – EXCEÇÃO À REGRA DA DELEGAÇÃO: 
 
A Lei nº 9.784/99 (art. 13), que regula o processo administrativo 
no âmbito da Administração Pública Federal, proíbe a delegação da 
competência: 
 
(a) de editar atos normativos; 
(b) de decidir recursos administrativos; e 
(c) das matérias de competência 
exclusiva do órgão ou autoridade. 
 
Por essa razão, os atos de delegação e os demais atos praticados 
em razão dessa ilegalidade pela autoridade que a recebeu são 
considerados inválidos. 
 
 
IMPORTANTE: Dos demais dispositivos da Lei nº 
9.784/99 e do Decreto nº 83.937/79, extraem-se as seguintes 
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conclusões que já foram cobradas em inúmeras provas de concursos, 
são elas: 
 o ato de delegar pressupõe a autoridade para subdelegar; 
 pode haver delegação de competências a órgãos não 
subordinados; 
 a delegação pode ser parcial; 
 ela deve ser feita por prazo determinado; 
 a autoridade delegante pode permanecer com o poder de 
exercer a competência de forma conjunta com a delegatária. 
 
Segundo Marinela, o fenômeno da avocação ocorrerá quando a 
autoridade superior, que inicialmente era incompetente, atrai para a 
sua esfera de competência a prática de um determinado ato. Enquanto 
na delegação há transferência, na avocação há atração. 
Importante ressaltar que, para a realização desse evento, 
pressupõem-se um sistema de hierarquia e a inexistência de 
competência exclusiva. Veja o art. 15 da Lei nº 9.784/99: 
 
 Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes 
devidamente justificados, a avocação temporária de competência atribuída a 
órgão hierarquicamente inferior. 
 
Por fim, com relação à competência, o aluno deve ter em mente 
que, quando o agente público atua fora de sua esfera de competência, 
ocorre o excesso de poder (Alexandrino, 2010, p. 440). 
 
b) Forma (FO) 
Além do elemento sujeito ou competência, existe o elemento 
forma. 
Conforme destaca Marinela, a exteriorização da vontade é condição 
para que o ato administrativo produza efeitos no mundo jurídico, 
considerada como instrumento de sua projeção, representando 
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elemento que integra a própria formação do ato e é fundamental para 
completar o ciclo de existência. 
Entretanto, para o ato administrativo ser válido, nãobasta a 
manifestação da vontade, sendo necessário que seja realizado de 
acordo com as exigências definidas pela lei (formalidades específicas do 
ato), cuja ausência gera vício de legalidade, com sua consequente 
invalidação. 
Em regra, os atos administrativos representam o resultado de um 
procedimento administrativo prévio, formado por uma série de atos 
formais que levam a um provimento final, observando o princípio 
constitucional do devido processo legal. 
Para completar as exigências da forma, a doutrina aponta, ainda, a 
motivação, enquanto correlação lógica entre o motivo, o resultado do 
ato e a previsão legal. Isso mesmo! A motivação decorre da forma. 
Com relação à motivação, Di Pietro (2009, p. 207) destaca que ela 
tem duas acepções: 
a) em sentido estrito: a forma é considerada como a exteriorização 
do ato, ou seja, o modo pelo qual a declaração se apresenta; 
b) em sentido amplo: a forma inclui “todas as formalidades que 
devem ser observadas durante o processo de formação da 
vontade da Administração, e até os requisitos concernentes à 
publicidade do ato”. 
A regra, estabelecida no art. 22 da Lei n. 9.784/99, é o 
informalismo do ato administrativo. Entretanto, esse princípio não 
chega ao ponto de aplicar no direito administrativo o princípio do direito 
privado da liberdade de formas. Pelo contrário, aplica-se o princípio da 
solenidade, segundo o qual os atos administrativos devem observar os 
procedimentos de formação previstos na lei. 
Assim, o informalismo só se aplica se a forma ou o procedimento 
formal não estiverem expressamente previstos em lei. 
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Interessante notar que a motivação pode ser feita por meio de 
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, 
informações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte 
integrante do ato (art. 50, §2º, da Lei nº 9.784/99). É a chamada 
motivação per relationem ou aliunde, na qual as razões para a 
prática do ato não constam no ato em si, mas em um documento a que 
o ato faz referência. 
Os atos administrativos deverão ser formalizados por escrito, 
independentemente de qualquer previsão específica. Contudo, essa 
regra não é absoluta, admitindo-se que esses atos, excepcionalmente, 
sejam praticados de outra maneira, desde que expressamente 
autorizados por lei. Exemplos: gestos realizados pelo guarda de 
trânsito; palavras da polícia de segurança; art. 60, parágrafo único, da 
Lei nº 8.666/93 (possibilidade de contrato administrativo verbal, 
atendidas as condições legais). 
Quanto ao vício na forma, vamos observar o que diz Marinela: 
“Considerando que a forma dos atos administrativos é definida por lei, não se 
admite que o administrador deixe de observá-la, sob pena de invalidação do 
ato por vício de legalidade. Todavia, a adequação dessa forma legal exige 
sempre uma carga de comedimento e razoabilidade por parte do intérprete, 
do aplicador da norma, para evitar exageros desnecessários. 
Em algumas circunstâncias, o defeito de forma representa mera 
irregularidade sanável, o que ocorre quando o vício não atinge qualquer 
esfera de direito, merecendo, nessa hipótese, a correção pelo instituto da 
convalidação, como acontece com o ato administrativo formalizado por 
portaria, quando deveria ser por ordem de serviço, segundo a exigência da 
lei.” 
 
c) Objeto (O) 
Em seguida, ainda com relação aos elementos do ato 
administrativos apresentados na Lei nº 4.717/65, destacamos o 
objeto. 
O objeto é o conteúdo material, o resultado prático, é o que o ato 
realiza, é a resposta às seguintes perguntas: “O quê é o ato?”, “Para 
quê serve o ato?”. O objeto deve ser lícito, certo e moral. 
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O objeto é o ato em si mesmo considerado, representa o efeito 
jurídico imediato que o ato produz, o que este decide, certifica, opina, 
atesta. Esse elemento configura a alteração no mundo jurídico que o 
ato administrativo se propõe a processar. Exemplos: em uma licença 
para construir, o objeto é o “permitir que o interessado edifique 
legitimamente – o concedo a licença”; na aplicação de uma multa, o 
objeto é a “aplicação efetiva da penalidade”; em uma nomeação, o 
objeto é o “admitir o indivíduo no serviço público – atribuir um cargo a 
alguém”. 
 
Objeto e conteúdo são utilizados pela maioria dos 
doutrinadores como expressões sinônimas. 
 
 
Segundo Marinela, o objeto pode ser dividido em: 
a) objeto natural: é o efeito jurídico que o ato produz, sem 
necessidade de expressa menção, é uma consequência natural 
do ato; 
b) objeto acidental: é o efeito jurídico que o ato produz, em 
decorrência de cláusulas acessórias apostas ao ato pelo sujeito 
que o pratica, como, por exemplo, o termo, a condição ou um 
encargo. 
 
d) Finalidade (FI) 
Além do sujeito (ou competência), da forma e do objeto, a 
finalidade é outro elemento do ato administrativo. 
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Assim como a forma, a finalidade pode ser analisada sob duas 
acepções (que já foram objeto de cobrança em concurso público): 
a) em sentido estrito, a finalidade é o resultado específico que o 
agente quer alcançar com a prática do ato, é o efeito que ele 
deseja produzir ao praticar o ato; é a finalidade específica, 
prevista pela lei, tendo em vista que, para cada propósito que a 
Administração pretende alcançar, existe um ato definido em lei. 
Exemplo: não é possível remover um servidor com a finalidade 
de puni-lo, ainda que se trate de autoridade competente para 
praticar tanto a remoção, quanto a punição; o vício decorre do 
descumprimento da finalidade específica da remoção que não é 
punir, mas sim acomodar deficiências e necessidades do serviço 
público. 
b) em sentido amplo: a finalidade se confunde com o interesse 
público, com o bem comum, qualquer que seja o resultado 
esperado pelo sujeito, a finalidade dele é a consecução do 
interesse público, representando o fim mediato do ato 
administrativo (lembrando que o fim imediato é o objeto). 
Exemplo: na nomeação de um servidor, o objetivo é aumentar o 
quadro da Administração, buscando dar maior eficiência ao 
serviço. 
Portanto, se o ato administrativo perseguir interesses ilícitos ou 
contrários ao interesse coletivo, estará eivado de vício de 
finalidade, denominado desvio de finalidade, e deverá ser 
retirado do ordenamento jurídico. 
Se o agente se valeu de um ato para atender finalidade diversa da 
prevista no ordenamento, esse ato será inválido em razão do desvio de 
poder. 
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Bandeira de Mello (2010, p. 407) observa que o desvio de poder 
pode se manifestar de duas formas: (a) o agente busca finalidade 
alheia ao interesse público; (b) o agente busca uma finalidadede 
interesse público, mas alheia à prevista para o ato que utilizou. O 
desvio de poder (vício na finalidade) e o excesso de poder (vício na 
competência) são espécies do gênero abuso de poder (Alexandrino, 
2010, p. 440) 
Assim, temos o importante quadro – SINAL DE ALERTA: 
 
 
e) Motivo (MO) 
O motivo é outro elemento do ato administrativo e pode ser 
definido como a causa imediata do ato administrativo, representando as 
razões que justificam a edição do ato; é a situação de fato (ocorrida no 
mundo empírico, ou seja, conjunto de circunstâncias fáticas que levam 
à prática do ato) e de direito (previsão legal ou o princípio) que 
determina a prática do ato (Alexandrino, 2010, p. 444). 
A análise da vinculação e da discricionariedade é de fundamental 
importância no estudo do motivo e do objeto do ato administrativo. Nas 
hipóteses de vinculação, a situação de fato já está delineada pela norma 
legal, nada mais cabendo ao agente a não ser praticar o ato, tão logo 
seja configurada. Ele atua como executor da lei, em virtude do princípio 
da legalidade. Exemplo: licença para exercer atividade profissional em 
todo o território nacional. 
Quando da discricionariedade, a lei não delineia a situação fática, 
mas transfere ao agente a verificação de sua ocorrência, atendendo a 
Desvio de poder – vício na 
finalidade 
Abuso de poder 
Excesso de poder – vício na 
competência 
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critérios de caráter administrativo – conveniência e oportunidade – vale 
dizer, é o agente que elege a situação fática ensejadora da vontade, 
permitindo, assim, maior liberdade para definição do motivo do ato, 
sem se afastar dos princípios administrativos. O autor do ato pode 
traçar as linhas que limitam o objeto de seu ato, mediante a avaliação 
do motivo declarado. Exemplo: autorização para funcionamento de um 
circo em praça pública. 
Exemplos: remoção de um servidor público que pode ter como 
motivo a ausência de trabalho suficiente no local em que está lotado; 
dissolução de uma passeata tumultuosa que tem como motivo a 
perturbação da ordem pública – o tumulto; interdição de uma fábrica 
poluente que tem como motivo a existência real de poluição da 
atmosfera causada por essa empresa. 
Segundo Marinela, para a legalidade do motivo e, por conseguinte, 
validade do ato administrativo, exige-se: 
a) materialidade do ato, isto é, o motivo em função do qual foi 
praticado o ato deve ser verdadeiro e compatível com a 
realidade fática apresentada pelo administrador. 
b) correspondência do motivo existente que embasou o ato com o 
motivo previsto na lei. 
c) congruência entre o motivo existente e declarado no momento 
da realização do ato e o resultado prático desse ato, que 
consiste na soma do objeto com a finalidade do ato. 
 É possível concluir que o motivo será ilegal e o ato 
administrativo será inválido quando o fato alegado não for verdadeiro, 
isto é, o motivo não existir; quando não existir compatibilidade entre o 
motivo declarado no ato e a previsão legal; quando inexistir 
congruência entre o motivo e o resultado do ato e, por fim, quando o 
motivo depender de um critério subjetivo de valoração do administrador 
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e este extrapolar os limites legais, vale dizer, não for razoável e 
proporcional. 
 
CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR FINALIDADE COM MOTIVO NEM 
COM OBJETO!!! O motivo do ato administrativo é composto pelas 
razões de fato e de direito, que levam à prática do ato, portanto é uma 
ocorrência que antecede ao próprio ato. De outro lado, a finalidade 
sucede à prática do mesmo, porque corresponde a algo que a 
Administração quer alcançar com a edição do ato. Por fim, o objeto 
consiste no resultado da prática do ato, o que ele faz em si mesmo. 
 
Motivo Finalidade objeto 
Razões de fato e de 
direito, que levam à 
prática do ato 
Resultado específico 
(o efeito) que o 
agente quer alcançar 
com a prática do ato 
O que o ato faz no 
mundo exterior. 
 
A soma do objeto com a finalidade compõe o resultado do ato 
administrativo. Ambos são vetores desse resultado, que é composto 
pelo seu fim mediato – a finalidade – que é sempre o interesse público, 
aspecto invariável do ato, e pelo seu fim imediato – o objeto – que é 
variável, conforme o resultado prático buscado pelo agente. 
Exemplos trazidos por Marinela: na hipótese da dissolução de uma 
passeata tumultuosa, tem-se o motivo que é o tumulto, o objeto que é 
a dissolução propriamente dita e a finalidade que é a proteção da ordem 
pública; na hipótese de interdição da fábrica poluidora da atmosfera, o 
motivo é a efetiva poluição com o prejuízo para o ar atmosférico, o 
objeto é o fechamento da empresa e a finalidade é a proteção da 
salubridade pública. 
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Em resumo, diante de certa situação de fato ou de direito (motivo), 
a autoridade pratica certo ato (objeto – efeito jurídico imediato) para 
alcançar determinado resultado (finalidade – efeito jurídico mediato). 
 
Nesse tema, quatro pontos são relevantes para 
concursos públicos: (I) diferenciar conceitualmente motivo, móvel e 
motivação; (II) possível motivação posterior do ato administrativo, em 
hipóteses excepcionais; (III) o fundamento da motivação dos atos 
administrativos; e (IV) a teoria dos motivos determinantes. 
(I) A diferenciação conceitual mais exata entre motivo, móvel, 
motivação é dada por Bandeira de Mello (2010, p. 399). 
Ele observa que motivo se distingue de móvel porque este designa 
a representação subjetiva, psicológica, interna; a intenção do agente ao 
praticar o ato. O motivo decorre da situação objetiva, real, empírica, ou 
seja, ocorrida no mundo dos fatos e externa ao agente. 
O mesmo autor ensina também que o motivo não se confunde com 
a motivação, pois esta é a justificativa formalizada pelo agente para a 
prática do ato e decorre do princípio da transparência. 
 O motivo é o fato e o fundamento jurídico que 
justificam a prática do ato, enquanto a motivação tem um enfoque mais 
amplo. A motivação é a justificativa da edição do ato. Ela exige da 
Administração o dever de justificar seus atos, de expor as razões do ato 
para o mundo exterior, apontando-lhes os fundamentos de direito e de 
fato, assim como a correlação lógica entre esses fatos ocorridos e o ato 
praticado, demonstrando a compatibilidade da conduta com a lei. Enfim, 
exige um raciocínio lógico entre o motivo, o resultado do ato e a lei. 
 temos o seguinte quadro conceitual: 
Motivo Móvel Motivação 
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Causa imediata dos atos 
administrativos ocorrida no 
mundo dos fatos. 
Intenção do 
agente ao 
praticar o ato. 
Justificativa 
formalizada pelo 
agente para a práticado ato. 
 
 
(II) Para o entendimento majoritário da doutrina e da 
jurisprudência, o que se registra adequado ao atual contexto legal, a 
motivação é obrigatória em praticamente todos os atos 
administrativos, ou seja, não é necessária a motivação em todos os 
atos administrativos. 
Nas hipóteses em que a motivação é obrigatória, é imprescindível 
que ela seja prévia ou contemporânea à prática do ato. 
A motivação posterior à prática do ato só é admitida em hipóteses 
excepcionais, conforme reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça no 
seguinte julgado divulgado no Informativo STJ nº 529: 
O vício consistente na falta de motivação de portaria de remoção ex officio de 
servidor público pode ser convalidado, de forma excepcional, mediante a 
exposição, em momento posterior, dos motivos idôneos e preexistentes que 
foram a razão determinante para a prática do ato, ainda que estes tenham 
sido apresentados apenas nas informações prestadas pela autoridade coatora 
em mandado de segurança impetrado pelo servidor removido. De fato, a 
remoção de servidor público por interesse da Administração Pública deve ser 
motivada, sob pena de nulidade. Entretanto, consoante entendimento 
doutrinário, nos casos em que a lei não exija motivação, não se pode 
descartar alguma hipótese excepcional em que seja possível à Administração 
demonstrar de maneira inquestionável que: o motivo extemporaneamente 
alegado preexistia; que era idôneo para justificar o ato; e que o motivo foi a 
razão determinante da prática do ato. Se esses três fatores concorrem, há de 
se entender que o ato se convalida com a motivação ulterior. Precedentes 
citados: REsp 1.331.224-MG, Segunda Turma, DJe 26/2/13; MS 11.862-DF, 
Primeira Seção, DJe 25/5/09. AgRg no RMS 40.427-DF, Rel. Min. Arnaldo 
Esteves Lima, julgado em 3/9/2013. 
 
 
Concluindo, para os atos administrativos em que a motivação é 
obrigatória e esta não for realizada, o ato será ilegal e deve ser retirado 
do ordenamento jurídico, ocorrendo o mesmo quando a motivação é 
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apresentada após a prática do ato. De outro lado, para as hipóteses em 
que a motivação é facultativa (porém aconselhável), a sua ausência não 
prejudica a validade do ato, podendo ser apresentada posteriormente. 
 
 
(III) O fundamento da motivação dos atos administrativos é 
tema que pode auxiliar o aluno no momento de julgar itens de alta 
complexidade. Por isso, é de fundamental importância que o aluno 
absorva esse ponto da matéria. 
Para isso, partimos do voto do Ministro Ricardo Lewandowski, do 
STF, no julgamento do RE 589998. Ao analisar a necessidade de se 
motivar o ato administrativo que demite empregado de empresa 
pública, afirmou o Ministro que a obrigação de motivar os atos 
decorreria, “especialmente, do fato de os agentes estatais lidarem com 
a res publica, tendo em vista o capital das empresas estatais — 
integral, majoritária ou mesmo parcialmente — pertencer ao Estado, 
isto é, a todos os cidadãos. Esse dever, ademais, estaria ligado à 
própria ideia de Estado Democrático de Direito, no qual a legitimidade 
de todas as decisões administrativas tem como pressuposto a 
possibilidade de que seus destinatários as compreendam e o de que 
possam, caso queiram, contestá-las. No regime político que essa forma 
de Estado consubstancia, seria preciso demonstrar não apenas que a 
Administração, ao agir, visou ao interesse público, mas também que 
agiu legal e imparcialmente” (texto extraído do Informativo STF nº 576 
– o julgamento ainda não foi concluído em razão do pedido de vista do 
Ministro Joaquim Barbosa). 
Por fim, com relação ao elemento motivo do ato administrativo, 
pedimos, mais uma vez, que o aluno ligue o SINAL DE ALERTA!, pois 
passamos a tratar da teoria dos motivos determinantes. 
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(IV) A teoria dos motivos determinantes dispõe que a validade 
do ato se vincula aos motivos – fáticos e legais – indicados como seu 
fundamento. Os motivos enunciados pelo agente aderem ao ato e a sua 
ocorrência deve ser provada e deve ser suficiente para justificá-lo. Caso 
os motivos sejam inexistentes ou falsos, o ato será inválido. Esse é o 
entendimento que se extrai do ROMS 29774, julgado pela 2ª Turma do 
Superior Tribunal de Justiça, e do MS 11741, julgado pela 1ª Seção da 
mesma Corte. 
 
Seja o ato discricionário ou vinculado, o motivo declarado vincula o 
ato para todos os efeitos jurídicos. A partir daí, os órgãos de controle 
internos e externos podem avaliar a legitimidade do ato também com 
relação aos motivos que ensejaram a sua prática, mesmo que 
desnecessária a expressa declaração do motivo. Havendo 
desconformidade entre os motivos determinantes e a realidade, o ato 
pode ser retirado do ordenamento. 
Foi isso que ocorreu no ROMS 29774, acima indicado. O STJ 
declarou nulo o ato da administração de reduzir unilateralmente o valor 
pago às escolas que realizam cursos para a obtenção da CNH em 
percentual muito superior ao verificado como necessário pelo estudo 
técnico da própria administração. Esse estudo foi, justamente, o 
utilizado pela administração como motivação para a redução do valor do 
contrato com as escolas. 
 O administrador pode praticar o ato administrativo 
sem declarar o motivo nas hipóteses em que este não for exigido. 
Porém, se ainda assim decidir declará-lo, o administrador fica vinculado 
às razões de fato e de direito que o levaram à prática do ato. Exemplos: 
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1 - se um determinado administrador decide exonerar um servidor 
ocupante de cargo em comissão, alegando como motivo a necessidade 
de redução de despesas com folha de pagamento, cumprindo regra para 
racionalização da máquina administrativa, prevista no art. 169 da CF, 
ele não poderá nomear outra pessoa para o mesmo cargo, em 
decorrência da teoria dos motivos determinantes, que exige a 
veracidade e o cumprimento do motivo alegado; 2 - determinado 
governador de um Estado tem uma filha que está namorando um rapaz, 
servidor público estadual, que não é de seu agrado, fazendo com que 
ele decida removê-lo para uma cidade bem distante, alegando 
necessidades do serviço, quando, na verdade, o administrador deseja 
prejudicar o relacionamento. 
Importante lembrar que há uma situação excepcional em que se 
admite a possibilidade de mudança do motivo alegado, quando ficarem 
mantidas as razões de interesse público. Isso ocorre no caso da 
desapropriação. Se, por exemplo, o Estado resolve desapropria um 
terreno para a construção de uma escola, declara essa razão no decreto 
expropriatório e, posteriormente, decide construir um hospital no local. 
No caso, o motivo se alterou, mas se mantiveram as razões de 
interesse público. Houve o que a doutrina e a jurisrprudência chama de 
tredestinação lícita, não representando violação à teoria dos motivos 
determinantes. 
 
Veja um julgado sobre a tredestinação lícita, divulgado no 
Informativo 331 do STJ: 
 
DESAPROPRIAÇÃO. TREDESTINAÇÃO LÍCITA.Cuida-se de recurso interpostocontra acórdão do TJ-SP que entendeu não haver desvio de finalidade se o 
órgão expropriante dá outra destinação de interesse público ao imóvel 
expropriado. Para a Min. Relatora não há falar em retrocessão se ao bem 
expropriado for dada destinação que atende ao interesse público, ainda que 
diversa da inicialmente prevista no decreto expropriatório. A Min. Relatora 
aduziu que a esse tipo de situação a doutrina vem dando o nome de 
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“tredestinação lícita” - aquela que ocorre quando, persistindo o interesse 
público, o expropriante dispensa ao bem desapropriado destino diverso do 
que planejara no início. Assim, tendo em vista a manutenção da finalidade 
pública pecualiar às desapropriações, a Turma negou provimento ao recurso. 
Precedentes citados: REsp 710.065-SP, DJ 6/6/2005, e REsp 800.108-SP, DJ 
20/3/2006. REsp 968.414-SP, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 
11/9/2007. 
 
 
Por fim, com relação ao conceito de procedimento 
administrativo, mais uma vez invocamos a lição de Di Pietro. A 
professora ensina (2009, 197) que determinados atos são preparatórios 
de um ato principal, mesmo assim, esses atos são considerados atos 
administrativos, pois integram um procedimento ou fazem parte de um 
ato complexo. 
Assim, procedimento administrativo seria o rito legal a ser 
percorrido pela Administração para a obtenção de efeitos regulares de 
um ato administrativo principal. 
Importante deixar claro que adotamos os elementos do ato 
administrativo segundo a definição legal (Lei nº 4.717/65) e a lição da 
maioria da doutrina do direito administrativo (Di Pietro, José dos Santos 
Carvalho Filho, Vicente Paulo etc.). 
Não ignoramos a lição de Bandeira de Mello de que há outros 
elementos do ato administrativo, quais sejam: conteúdo (para o autor, 
o conteúdo é o próprio ato, se diferenciando do objeto, porque este 
seria sobre o que trata o ato), causa (relação entre o motivo – fato – e 
o conteúdo do ato sob o enfoque da finalidade conferida pela lei), 
requisitos procedimentais (percurso percorrido pelo ato até a sua 
edição), formalização (modo específico pelo qual o ato administrativo 
deve ser externado) e pertinência à função administrativa (só é ato 
administrativo aquele que seja afeto às atividades administrativas). 
Não abordaremos profundamente a lição desse doutrinador, pois 
ele representa posição isolada no direito administrativo nesse ponto. 
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1) Súmula nº 510 do STF: “Praticado o ato por autoridade, no 
exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de 
segurança ou a medida judicial”. 
2) “(...) 1. Segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, em 
havendo motivo para a edição do ato exoneratório, fica o Administrador 
vinculado ao motivo, cuja existência e validade podem ser submetidas à 
apreciação do Poder Judiciário. (...)” (RMS 27.520 (2008/0171892-6), 
STJ – Sexta Turma, Rel.ª Min.ª Maria Thereza de Assis Moura, DJe: 
21.03.2012). 
3) “(...)1. Os atos discricionários da Administração Pública 
estão sujeitos ao controle pelo Judiciário quanto à legalidade formal e 
substancial, cabendo observar que os motivos embasadores dos atos 
administrativos vinculam a Administração, conferindo-lhes legitimidade 
e validade. 2. ‘Consoante a teoria dos motivos determinantes, o 
administrador vincula-se aos motivos elencados para a prática do ato 
administrativo. Nesse contexto, há vício de legalidade não apenas 
quando inexistentes ou inverídicos os motivos suscitados pela 
administração, mas também quando verificada a falta de congruência 
entre as razões explicitadas no ato e o resultado nele contido’ (MS 
15.290/DF, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, julg: 26.10.2011, 
DJe: 14.11.2011). 3. No caso em apreço, se o ato administrativo de 
avaliação de desempenho confeccionado apresenta incongruência entre 
parâmetros e critérios estabelecidos e seus motivos determinantes, a 
atuação jurisdicional acaba por não invadir a seara do mérito 
administrativo, porquanto limita-se a extirpar ato eivado de ilegalidade. 
4. A ilegalidade ou inconstitucionalidade dos atos administrativos podem 
e devem ser apreciados pelo Poder Judiciário, de modo a evitar que a 
descricionariedade transfigure-se em arbitrariedade, conduta ilegítima e 
suscetível de controle de legalidade. 5. ‘Assim como ao Judiciário 
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compete fulminar todo o comportamento ilegítimo da Administração que 
apareça como frontal violação da ordem jurídica, compete-lhe, 
igualmente, fulminar qualquer comportamento administrativo que, a 
pretexto de exercer apreciação ou decisão discricionária, ultrapassar as 
fronteiras dela, isto é, desbordar dos limites de liberdade que lhe 
assistiam, violando, por tal modo, os ditames normativos que assinalam 
os confins da liberdade discricionária’ (Celso Antônio Bandeira de Mello, 
in Curso de Direito Administrativo, Editora Malheiros, 15ª edição). (...) 
(AgRg no REsp 1.280.729/RJ, STJ – Segunda Turma, Rel. Min. 
Humberto Martins, julg: 10.04.2012, DJe: 19.04.2012). 
4) “(...) 3. Em um ato administrativo discricionário, A 
Administração Pública possui uma certa margem de liberdade para 
escolher os motivos ou a postura a ser adotada. Todavia, onde houver a 
necessidade de motivação, não poderá a administração deixar de 
explicitar quais foram as razões que lhe conduziram a praticar o ato. 4. 
A necessidade de motivação ocorre em benefício dos destinatários do 
ato administrativo, em respeito não apenas ao princípio da publicidade 
e ao direito à informação, mas também para possibilitar que os 
administrados verifiquem se tais motivos realmente existem. Não é 
outra a ratio essendi da teoria dos motivos determinantes. (...) (AgRg-
AG-REsp. 94.480, STJ – Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, 
DJe: 19.04.2012). 
Creio que, até o momento, podemos acertar cerca de 20% (vinte 
por cento) das questões relativas a ato administrativo nos concursos. 
Isso não é o bastante para a aprovação num certame. Por isso, vamos 
em frente! 
 
 
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12. (CESPE – 2015 – MPU - Técnico do MPU - Segurança 
Institucional e Transporte) O servidor responsável pela segurança da 
portaria de um órgão público desentendeu-se com a autoridade superior 
desse órgão. Para se vingar do servidor, a autoridade determinou que, 
a partir daquele dia, ele anotasse os dados completos de todas as 
pessoas que entrassem e saíssem do imóvel. 
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue. 
Na situação apresentada, a ordem exarada pela autoridade superior é 
ilícita, por vício de finalidade. 
 Ocorre o abuso de poder na modalidade DESVIO. O agente tem 
poder para tal, porém o faz com finalidadediversa. 
Gabarito – Certo. 
 
 
13. (CESPE – 2015 -DPE-PE - Defensor Público) Julgue o item 
que se segue, a respeito de atos administrativos. 
Em obediência ao princípio da solenidade das formas, o ato 
administrativo deve ser escrito, registrado e publicado, não se 
admitindo no direito público o silêncio como forma de manifestação de 
vontade da administração. 
 Pessoal, o silêncio da administração pública só pode ser ato 
administrativo se na lei houver previsão legal. Simples assim! 
Gabarito – Errado. 
 
14. (CESPE – 2009 - TRF 5ª Região - Juiz Federal 
Substituto) Analise a seguinte situação hipotética: Pedro, autoridade 
superior, delegou determinada competência a Alfredo com o propósito 
de descentralizar a prestação do serviço público e assegurar maior 
rapidez nas decisões, uma vez que Alfredo tem um contato mais direto 
com o objeto da delegação. 
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Nessa situação, Alfredo somente pode subdelegar a competência se 
Pedro deixou essa autorização consignada de forma expressa no ato de 
delegação. 
 
O art. 11 do DL 200/67 dispõe que “a delegação de competência 
será utilizada como instrumento de descentralização administrativa, 
com o objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, 
situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a 
atender”. 
Ocorre que, o Decreto nº 83.937/79, que regulamenta o 
dispositivo, afirma, em seu art. 6º que “o ato de delegar pressupõe a 
autoridade para subdelegar, ficando revogadas as disposições em 
contrário constantes de decretos, regulamentos ou atos normativos em 
vigor no âmbito da Administração Direta e Indireta”. Assim o item está 
errado. 
15. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário - 
Taquigrafia - Específicos) Nem todo ato administrativo necessita ser 
motivado. No entanto, nesses casos, a explicitação do motivo que 
fundamentou o ato passa a integrar a própria validade do ato 
administrativo como um todo. Assim, se esse motivo se revelar inválido 
ou inexistente, o próprio ato administrativo será igualmente nulo, de 
acordo com a teoria dos motivos determinantes. 
A teoria dos motivos determinantes de aplica tanto aos atos 
vinculados quanto aos discricionários. De acordo com Hely Lopes 
Meirelles o ato discricionário confere ao administrador uma margem de 
liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não 
sendo obrigatória a motivação. No entanto, se houver tal 
fundamentação, o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da 
necessidade de observância da Teoria dos Motivos Determinantes. 
Resposta: certo. 
 
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16. (CESPE - 2013 - TJ-RR - Titular de Serviços de Notas e 
de Registros) A competência, irrenunciável, pode ser delegada a 
outros órgãos ou titulares, ainda que estes não sejam hierarquicamente 
subordinados ao órgão originalmente competente, quando for 
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, 
econômica, jurídica ou territorial. 
Observem que essa questão caiu para Titular de Serviços de Notas 
e de Registros e que vocês tem pleno conhecimento para responder. É 
um boa questão, pois tem um peguinha interessante. Não confundam a 
característica “irrenunciável” com “exclusiva”. Eu explico. Todas as 
competências administrativas são irrenunciáveis. O agente não 
pode simplesmente abrir mão delas. 
Acontece que algumas competências são delegáveis, enquanto 
outras jamais poderão ser delegadas, ou seja, são exclusivas (ex: 
decisão de recurso e elaboração de ato normativo). 
Se alguém pensou em marcar a questão como errada por conta do 
termo “irrenunciável”, deve lembrar que essa é uma característica de 
todos os atos. 
Portanto, a resposta está correta. 
 
17. (CESPE/2011 – PC/ES – Perito Papiloscópico) O poder 
legal conferido ao agente público para o desempenho específico das 
atribuições de seu cargo constitui um requisito do ato administrativo, ou 
seja, o requisito da competência. 
A competência é de fato o requisito ou elemento do ato 
administrativo que se traduz no poder legal conferido ao agente público 
para o desempenho específico das atribuições de seu cargo. 
Gabarito: Certo. 
 
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18. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle 
Externo) A decisão de recurso administrativo pode ser objeto de 
delegação. 
Abra o olho! Você não pode errar esse tipo de questão destacada 
em aula! 
A Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito 
da Administração Pública Federal, proíbe a delegação da 
competência: 
(d) de editar atos normativos; 
(e) de decidir recursos administrativos; e 
(f) das matérias de competência 
exclusiva do órgão ou autoridade. 
Gabarito: Errado 
 
19. (CESPE - 2012 – DPE/RO – Defensor Público) A 
competência, um dos elementos do ato administrativo, é irrenunciável, 
salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos; entre as 
hipóteses cabíveis de delegação inclui-se a edição de decretos 
normativos. 
É verdade que a competência é um dos elementos ou requisitos do 
ato administrativo, sendo irrenunciável, salvo os casos de delegação e 
avocação legalmente admitidos. No entanto, a Lei nº 9.784/99, que 
regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública 
Federal, proíbe a delegação da competência de editar atos normativos. 
Gabarito: Errado. 
 
20. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário) A 
delegação da competência para a realização de um ato administrativo 
configura a renúncia da competência do agente delegante. 
Como disse em aula, a delegação é um instrumento de 
descentralização administrativa (art. 11 do Decreto-lei nº 200/67) e não 
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importa em transferência de competência, tanto é que a autoridade 
delegante pode avocar a competência delegada a qualquer momento 
(art. 2º, parágrafo único, do Decreto nº 83.937/79). 
Gabarito: Errado. 
 
 
21. (CESPE - 2010 – MPS – Agente Administrativo) A 
competência é delegável, mas não é passível de avocação. 
De acordo com o art. 11, da Lei nº 9.784/99, a competência é 
irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi 
atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação 
legalmente admitidos. Portanto, é possível tanto a delegação quanto a 
avocação de competência. 
Gabarito: Errado. 
 
 
22. (CESPE - 2013 - TCE-RO - Agente Administrativo) A 
motivação de um ato administrativo é o pressuposto fático e jurídico 
que enseja a prática do ato. O motivo de um ato administrativo é a 
exposição escrita da razão que determinou a prática do ato. 
Motivo 
Causa imediata dos atos 
administrativos ocorrida no mundo 
dos fatos. 
Motivação 
Justificativa formalizada pelo 
agentepara a prática do ato. 
 
Gabarito: Errado. 
 
23. (CESPE - 2012 – TJ/AC – Juiz) O motivo, como 
pressuposto de fato que antecede a prática do ato administrativo, será 
sempre vinculado, não havendo, quanto a esse aspecto, margem a 
apreciações subjetivas por parte da administração. 
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O motivo pode ser expresso em lei ou a lei pode dar margem para 
escolha (decisão). Portanto, o motivo pode ser um elemento vinculado 
ou discricionário. 
Gabarito: Errado 
 
24. (CESPE - 2013 - MJ - Analista Técnico) O motivo do ato 
administrativo não se confunde com a motivação estabelecida pela 
autoridade administrativa. A motivação é a exposição dos motivos e 
integra a formalização do ato. O motivo é a situação subjetiva e 
psicológica que corresponde à vontade do agente público. 
 
Como vimos, o motivo se distingue de móvel porque este designa a 
representação subjetiva, a intenção do agente ao praticar o ato. O 
motivo decorre da situação ocorrida no mundo dos fatos. 
Gabarito: Errado. 
 
25. (CESPE - 2010 – INSS – Perito Médico Previdenciário) 
A alteração da finalidade do ato administrativo expressa na norma legal 
ou implícita no ordenamento da administração caracteriza o desvio de 
poder. 
Caracteriza o desvio de finalidade ou de poder a alteração da 
finalidade expressa ou implicitamente imposta no ordenamento legal. 
Gabarito: Certo. 
 
26. (AFCE – TI – CESPE/2010) Sempre que a lei 
expressamente exigir determinada forma para que um ato 
administrativo seja considerado válido, a inobservância dessa exigência 
acarretará a nulidade do ato. 
A forma é considerada elemento vinculado, ou seja, a forma é 
prescrita ou não vedada em lei. No entanto, quando a lei não a exigir 
como essencial, mesmo tendo sido adotada outra forma, o ato não será 
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considerado nulo. Por outro lado, sempre que a lei expressamente a 
exigir, a inobservância acarretará a nulidade do ato. 
Gabarito: Certo. 
 
27. (CESPE - 2014 - PGE-BA - Procurador) No que se refere aos 
atos administrativos, julgue os itens subsequentes. O ato de 
exoneração do ocupante de cargo em comissão deve ser fundamentado, 
sob pena de invalidade por violação do elemento obrigatório a todo ato 
administrativo: o motivo. 
 
Cargo em comissão é de livre nomeação e exoneração, ou seja, 
não precisa de motivo para destituir o cargo. 
Gabarito: Errado 
 
 
28. (CESPE - 2014 - CADE - Nível Médio) Acerca de organização 
administrativa e ato administrativo, julgue o item a seguir. Considere 
que, após a realização de uma correição, tenha sido detectado vício de 
finalidade em ato administrativo editado pelo diretor de departamento 
de uma agência reguladora, situação que foi, então, comunicada ao 
presidente da entidade. Nessa situação, tendo avocado para si a 
competência, o presidente poderá convalidar o referido ato 
administrativo. 
 
Pessoal, a convalidação só atinge os vícios sanáveis de Forma e 
Competência. Vício de Finalidade o ato é anulado. 
Gabarito: Errado. 
 
 
29. (CESPE - 2014 - PGE-BA - Procurador) No que se refere aos 
atos administrativos, julgue os itens subsequentes. Incorre em vício de 
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forma a edição, pelo chefe do Executivo, de portaria por meio da qual 
se declare de utilidade pública um imóvel, para fins de desapropriação, 
quando a lei exigir decreto. 
Considera-se vício de forma a ilegalidade na forma do ato 
administrativo ocorre quando a forma prevista em lei não for 
observada. 
Gabarito: Correto. 
2.3 Atributos (ou características) do ato 
administrativo. 
 
Os atos administrativos, como manifestação do Poder Público, 
possuem atributos que os diferenciam dos atos privados e lhes 
conferem características peculiares. Para a maioria da doutrina, os 
atributos são a presunção de legitimidade ou de veracidade, a 
autoexecutoriedade e a imperatividade, embora alguns doutrinadores 
incluam um quarto atributo, a tipicidade. 
O primeiro ponto que costuma cair em concurso relativo 
aos atributos é a sua diferenciação com relação aos elementos. 
Enquanto estes são necessários para a própria formação e validade do 
ato, aqueles são as características comuns aos atos administrativos. 
De modo geral, a doutrina identifica os seguintes atributos dos atos 
administrativos – você observará que eles formam a sigla PAI: 
 
 presunção de legitimidade (e veracidade) – presunção juris 
tantum (= presunção jurídica relativa, que pode ser ilidida caso exista 
prova em contrário, cabendo o ônus a quem alega a ilegitimidade ou 
ilegalidade do ato) de que os atos estão adequados ao direito e 
verídicos quanto aos fatos. Decorre do princípio da legalidade. 
Conseqüências disso: auto-executoriedade e inversão do ônus da prova 
(Alexandrino, 2010, p. 458); 
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Os atos administrativos presumem-se: legais, isto é, compatíveis 
com a lei, legítimos, porque coadunam com as regras da moral, e 
verdadeiros, considerando que os fatos alegados estão condizentes com 
a realidade posta. Essa presunção permite que o ato produza todos os 
seus efeitos até qualquer prova em contrário. 
Assim, o ato administrativo, ainda que ilegal, produzirá 
todos os seus efeitos como se válido fosse até a declaração de 
ilegalidade e sua retirada do ordenamento jurídico. 
 
Marinela traz os seguintes fundamentos que são utilizados para 
justificar a presença desse atributo: 
a) a existência de um procedimento prévio, com a obediência às 
formalidades que precedem a sua edição, constituindo, ao 
menos no plano teórico, uma garantia de observância à lei; 
b) o fato de ser uma forma de expressão da soberania do Estado, 
portanto, a autoridade que pratica o ato o faz como 
manifestação da vontade do povo, o que, por si só, é suficiente 
para legitimar a sua prática; 
c) decorre da necessidade de assegurar celeridade no 
cumprimento dos atos administrativos; 
d) esses atos se sujeitam a um rigoroso controle realizado dentro 
da própria Administração e pelo Judiciário, sempre com a 
finalidade de garantir a obediência à lei, impedindo a 
manutenção de atos ilegais, não restando justificativa para a 
sua realização; 
e) por fim, a própria aplicação do princípio da legalidade que, para 
o direito público, estabelece que o administrador só pode fazer o 
que a lei autoriza ou determina, cabendo a ele a sua tutela, o 
que justifica a presunção desses atos. 
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