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DIREITO-EDUCACIONAL-1

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Prévia do material em texto

2 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4 
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................... 5 
1.1 Conceito de educação .......................................................................... 7 
1.2 Educação e Direito ............................................................................. 10 
1.3 Direito à educação ............................................................................. 11 
1.4 Diferença entre Legislação do Ensino e Direito Educacional ............. 13 
2 EDUCAÇÃO .............................................................................................. 14 
2.1 A educação, com seus aspectos sociais e individuais, é ponte que leva 
de um comportamento a outro ............................................................................... 14 
2.2 Educação nacional e formação do cidadão ........................................ 15 
2.3 Objetivo primordial da educação ........................................................ 16 
2.4 Importância das leis que regulam o ensino ........................................ 17 
3 SÍNTESE HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA 17 
4 COMENTÁRIOS AOS PRINCÍPIOS E DISPOSITIVOS 
CONSTITUCIONAIS ................................................................................................. 23 
4.1 O conteúdo político norteador da educação nacional ........................ 23 
4.2 Competência para legislar sobre educação ....................................... 24 
4.3 Competência comum.......................................................................... 25 
4.4 Competência concorrente para legislar .............................................. 26 
4.5 Intervenção nos estados e nos municípios ......................................... 27 
4.6 Competência dos municípios ............................................................. 28 
5 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: APONTAMENTOS SOBRE O 
DIREITO SOCIAL DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO ............................................... 29 
5.1 Educação Pública no Brasil: uma história de encontros e desencantos
 31 
5.2 Qualidade da Educação ..................................................................... 32 
 
3 
5.3 A Educação com Base nas Leis Federais .......................................... 33 
5.4 A Educação e o ECA .......................................................................... 34 
5.5 A Educação à Luz da Constituição Federal ........................................ 35 
6 DIREITO EDUCACIONAL E LEGISLAÇÃO DO ENSINO: A 
COMUNICAÇÃO INTERTEXTUAL ........................................................................... 37 
6.1 O Estado Democrático, os Direitos Fundamentais Prestacionais e a 
Ordem da Cidadania Qualificada ........................................................................... 39 
6.2 Educação: Direito de Todos e Dever do Estado ................................. 40 
6.3 Princípios-Pilares do Conhecimento e da Educação Escolar de 
Qualidade Social .................................................................................................... 43 
6.4 As deslinearidades sociais e a Educação como alavanca para a 
igualação de direitos .............................................................................................. 44 
6.5 Responsabilidades do Estado: Equalização e Qualidade .................. 45 
7 CATEGORIAS ATRIBUTIVAS DA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE COMO 
DIREITO FUNDAMENTAL ........................................................................................ 47 
7.1 Dimensão do Respeito aos Direitos Individuais ................................. 47 
7.2 Dimensão da Pertinência ................................................................... 50 
7.3 Dimensão da Relevância .................................................................... 50 
7.4 Dimensão da eficiência - Dimensão da eficácia ................................. 51 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 53 
 
 
 
4 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
5 
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
A Lei, por si, não muda a realidade, mas indica caminhos, orienta o cidadão e 
a sociedade dos seus direitos, propiciando a exigência do que nela está contido. 
O Direito Educacional é o conjunto de normas, princípios, leis e regulamentos 
que versam sobre as relações de alunos, professores, administradores, especialistas 
e técnicos, enquanto envolvidos, mediata ou imediatamente, no processo ensino-
aprendizagem. É o conjunto de normas, de todas as hierarquias: Leis Federais, 
Estaduais e Municipais, Portarias e Regimentos que disciplinam as relações entre os 
envolvidos no processo de ensino aprendizagem. 
 
 
Fonte: institutoelm.com.br 
O Direito Educacional enfatiza três contornos principais: 
a) o conjunto de normas reguladoras dos relacionamentos entre as partes 
envolvidas no processo-aprendizagem; 
b) a faculdade atribuída a todo ser humano e que se constitui na prerrogativa 
de aprender, de ensinar e de se aperfeiçoar e 
c) o ramo da ciência jurídica especializado na área educacional. 
A Educação como Direito Social na Constituição Federal está disposta em seu 
art. 6º, que preconiza que são direitos sociais: a educação, a saúde, o trabalho, o 
 
6 
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados. No art. 205 dispõe que: 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida 
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho. 
A Educação é direito público subjetivo, e isso quer dizer que o acesso ao ensino 
fundamental é obrigatório e gratuito; o não oferecimento do ensino obrigatório pelo 
Poder Público (federal, estadual, municipal), ou sua oferta irregular, importa 
responsabilidade da autoridade competente. Compete ao Poder Público recensear os 
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou 
responsáveis, pela frequência à escola. 
Quanto à competência, os Municípios atuarão prioritariamente no ensino 
fundamental e na educação infantil. Os Estados e o Distrito Federal atuarão 
prioritariamente no ensino fundamental e médio. 
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96, 
a Educação Básica compreende a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino 
Médio. As suas modalidades são: educação especial, educação de jovens e adultos, 
educação profissional, educação indígena, educação do campo. 
A competência do Sistema Federal é elaborar o Plano Nacional de Educação e 
assegurar o processo nacional de avaliação do rendimento escolar em todos os níveis 
e sistemas de educação. Ao Sistema Estadual cabe assegurar o ensinofundamental 
e oferecer com prioridade o ensino médio. Cabe ao Sistema Municipal assegurar o 
ensino infantil e oferecer com prioridade o ensino fundamental. 
A LDBEN 9394/96, assinala como diretrizes: a inclusão, a valorização da 
diversidade, a flexibilidade, a qualidade e a autonomia, assim como, a competência 
para o trabalho e a cidadania. 
A flexibilidade que a LDBEN oferece é garantida à escola, ao professor e ao 
aluno através de: recuperação paralela. Art.24; progressão parcial. Art.24; avanços 
em cursos e séries. Art.24; aproveitamento de estudos. Art.24; organização da escola: 
séries, semestres, ciclos, módulos. Art.23; organização das turmas: idade, série. 
Art.24; currículo: 25% parte diversificada totalmente organizada pela escola. Art.26, 
Art.27. 
 
7 
A competência para o trabalho e exercício da cidadania é garantida no artigo 
22 da LDBEN, quando o trabalho é entendido como produção cultural, artística, social 
e econômica e cidadania é entendida como resultado da formação integral do sujeito, 
ou seja, a formação ética, estética, política, cultural e cognitiva. 
Devemos lembrar que existem outras reivindicações que se impõem no mundo 
contemporâneo, como por exemplo, a dignidade do ser humano, a igualdade de 
direitos, a recusa categórica de formas de discriminação, a importância da 
solidariedade e a capacidade de vivenciar as diferentes formas de inserção 
sociopolítica e cultural. 
Poderíamos aqui elencar citações sobre o direito à educação, sem querer, no 
entanto “fechar questão”, colocaremos em foco, a necessidade de proposta de uma 
política educacional que contemple uma decisiva revisão das condições salariais dos 
professores, com aumentos reais para os ativos e inativos, assim como uma estrutura 
de apoio que favoreça o desenvolvimento do trabalho educacional1 
1.1 Conceito de educação 
O termo educação tem sido utilizado com diferentes significados ou 
concepções por toda a história, até porque a educação é um fenômeno social e 
universal, sendo uma atividade humana necessária a existência e funcionamento de 
todas as sociedades. Aliás, cada sociedade cuida da formação dos indivíduos, 
auxiliando no desenvolvimento de suas capacidades física, intelectual e espiritual. 
Convém ressaltar que a dificuldade inicial para conceituar educação deve-se 
ao fato da existência de diferentes acepções de educação no processo histórico. 
Resultado, também, dos diferentes modos de conhecer, tais como vulgar, teológico, 
filosófico, histórico e, ainda, pelas ciências, tais como a pedagogia, psicologia, 
biologia, sociologia, antropologia, direito, política etc. 
Contudo, segundo Paul Moroe, os gregos foram os primeiros a formular as 
concepções de educação como desenvolvimento intelectual da personalidade e 
preparação para cidadania. Aliás, dentre as normas de Sólon estabelecidas por volta 
de 638-558 a.C., consta a de que todos os pais deveriam ensinar os filhos a ler e 
escrever e as mulheres a frequentar escolas. Acrescenta-se que Sócrates (469-339) 
 
1 Texto extraído do link: http://educador.brasilescola.uol.com.br/politica-educacional/o-direito-
educacional-direito-educacao.htm. 
 
8 
foi o primeiro filósofo a definir o problema do conflito entre a velha e a nova educação 
grega, entre o interesse social e individual. Ele tomou como ponto de partida, o 
princípio básico da doutrina sofista: “O homem é a medida de todas as coisas”. Se o 
homem é a medida de todas as coisas, conclui Sócrates, a primeira obrigação de todo 
homem é procurar conhecer-se a si mesmo. 
Também, ainda do ponto de vista histórico vale lembrar que, no primeiro 
momento, temos a concepção de educação como necessidade de vida, vinculada aos 
valores morais, religiosos e aos costumes. Aqui, trata-se da educação tradicional, 
como um conjunto de práticas educativas baseadas no princípio da autoridade, que 
atribuía ao mestre o papel essencial na instrução e fazendo com que a criança 
adquirisse hábitos conforme as exigências do meio social. Surge, no segundo 
momento, a concepção de educação como possibilidade de desenvolvimento da 
pessoa para qualificá-la para o trabalho e o exercício da cidadania. Trata-se da 
educação nova, concepção pedagógica que, reagindo contra os métodos tradicionais, 
centra a obra educativa na criança: a sua atividade própria, as necessidades da sua 
idade, os seus gostos ou interesses pessoais. 
Cabe indagar: educação, instrução e ensino significam a mesma coisa ou tem 
os mesmos objetivos? A Constituição de 1988 emprega o termo “educação” (caput do 
art. 205), mas utiliza frequentemente a expressão “ensino” nos arts. 206 e 208 
(Educação escolarizada). Um pouco diferente a lei ordinária de Diretrizes e Bases da 
Educação (Lei nº 9.394/96) utiliza poucas vezes a expressão “ensino”, mas 
frequentemente emprega o termo “educação”. 
A dicotomia de um lado a educação, do outro a instrução, tem sua origem na 
educação grega. Na polis ou cidades-estados, a educação cabia a um pedagogo e 
era ministrada no próprio lar, cujo objetivo primeiro era a formação do caráter e da 
integridade moral das crianças e adolescentes. Já a instrução cabia ao professor e 
englobava conhecimentos básicos de matemática, escrita etc. e ocupava lugar 
secundário. 
No caso brasileiro, a expressão “instrução” foi utilizada durante o Brasil colônia, 
Brasil Império e, ainda, na república velha. Somente na década de 30 surge a 
expressão “educação no manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (Brasil, 1932), 
que proclamava expressamente o direito de cada indivíduo à sua educação integral”, 
independentemente da sua condição econômica e social, de que decorre logicamente 
para o Estado que o reconhece e o proclama, o dever de considerar a educação, na 
 
9 
variedade de seus graus e manifestações, como uma função social e eminentemente 
pública, que ele é chamado a realizar, com a cooperação de todas as instituições 
sociais. 
Em seguida, a Constituição de 1934 incorporou a expressão educação no seu 
texto, que foi seguida pelas constituições posteriores. No que diz respeito ainda ao 
direito à educação, em particular, a Carta das Nações Unidas de 1945 menciona a 
educação ou instrução nos artigos 13, 55, 57, 62, 73, 76, 83 e 88. 
A instrução leva o aluno a adquirir conhecimentos, informações e técnicas 
necessárias para a prática de uma profissão ou atividades em geral, aspectos 
informativos, menos complexos e de domínio de certo nível de conhecimento. Porém, 
nem todos aqueles, que dominam uma técnica, através da instrução, ou tem 
habilidade profissional, podem ser considerados como educados. Além disso, embora 
haja uma unidade entre educação e instrução, são processos diferentes, pois se pode 
instruir sem educar e educar sem instruir, embora devam caminhar juntas e integrar-
se. 
A educação engloba a instrução, mas é muito mais ampla, abrange os aspectos 
materiais, imateriais e as atividades culturais, esportivas, lazer, envolvendo a família, 
o Estado e a sociedade (art. 205 da Constituição Federal). Sua finalidade é tornar os 
homens mais íntegros, a fim de que possam usar da técnica que receberam com 
sabedoria, aplicando-a disciplinadamente. A educação é o processo que visa 
capacitar o indivíduo a agir conscientemente diante de situações novas de vida, com 
aproveitamento de experiências anteriores. Neste sentido, o professor Pedro Demo 
diz que educar é diferente de ensinar, a educação precisa formar rebeldes, é deles 
que precisamos para mudar a sociedade. 
Contudo, “não se pode educar sem, ao mesmo tempo, ensinar, uma educação 
sem aprendizagem é vazia.” (apud. Muniz, p.9). O ensino corresponde a ações, 
planejamento, organização, direção e avaliação da atividade didática. Ele é o principal 
meio e fator da educação – ainda que não o único – contém a instrução, mas 
corresponde ações, meios e condições para realizá-la, associado àsnecessidades do 
mercado de trabalho. Aliás, quando usamos o termo “educação escolar”, referimo-nos 
a ensino. Aqui, o principal direito de todo estudante, engajado em uma relação de 
ensino-aprendizagem é o direito ao ensino, até porque o legislador constitucional 
optou pela expressão ensino no art. 206 da Constituição Federal de 1988. 
 
10 
Hoje, aquele que instrui também tem a responsabilidade de educar. Segundo 
Paulo Freire a educação que liberta é aquela que faz com que o aluno desenvolva 
uma consciência crítica e participe ativamente no processo de aprendizagem, pois só 
assim o homem torna-se, efetivamente, livre. Continua o autor “ensinar não é transferir 
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua construção”. 
(2003, p. 22). Acrescenta Paulo Freire: “quem ensina aprende ao ensinar e quem 
aprende ensina ao aprender”. 
Enfim, prevalece o entendimento de que a educação e o ensino devem 
caminhar juntos, integrados na sociedade do conhecimento, que exige um cidadão 
instruído, qualificado para o trabalho, educado e participativo. 
1.2 Educação e Direito 
 
Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com 
Onde há sociedade, há direito. Da mesma forma podemos afirmar onde há 
seres humanos há educação. Sempre houve direito, isto é, normas de conduta para 
disciplinar o comportamento humano, primeiro a educação natural ou informal, com 
base nos valores morais e religiosos, depois a educação de forma organizada e 
formal, com a participação do Estado e da sociedade, tendo o direito como um 
instrumento de garantia da convivência social. 
Assim, pode-se perceber que existe uma relação entre educação e direito. 
Segundo a educadora Patrice Canivez, a educação dos cidadãos supõe um mínimo 
 
11 
de conhecimento do sistema jurídico e das instituições. O cidadão deve, para os atos 
mais simples da vida, conhecer os princípio e leis, que fixam seus direitos e deveres 
e distinguir os casos em que se aplicam. 
Todos aqueles que lutam ou atuam na defesa do direito à educação encontram 
no Direito um instrumento pedagógico-didático e jurídico fundamental, não apenas 
para disciplinar o comportamento humano, mas, sobretudo um instrumento para 
garantir a igualdade de condições para acesso e permanência na escola. 
Enfim, a educação tem uma dimensão jurídica cujo estudo ainda está pouco 
desenvolvido, mas necessário a cultura pedagógica e a formação dos profissionais da 
educação, daí a importância do Direito Educacional. Contudo a reflexão sobre as 
relações entre educação e direito não pode ser feita desvinculada do compromisso de 
pensar a sociedade, até porque o direito à educação faz parte das preocupações tanto 
de educadores quanto de juristas, pois não é um campo específico do conhecimento. 
Além disso, o objeto de estudo do direito à educação tem bases históricas. 
1.3 Direito à educação 
O direito à educação como proteção da vida não tem fronteiras, por ser anterior 
e superior a qualquer norma ou lei e necessário a todos os povos e nações. Aliás, sob 
qualquer aspecto, que se queira analisar a educação, ela é indispensável ao ser 
humano, para que a pessoa tenha uma vida digna, por isso a importância do direito à 
educação. 
Embora não seja nosso propósito apresentar o direito à educação nas 
constituições brasileiras, não podemos deixar de destacar a importância da 
Constituição promulgada em 1934, até porque a expressão direito à educação surgiu 
em meados do século XX, o que havia antes era apenas o termo instrução. 
A Constituição de 1934 foi a primeira a incluir um capítulo específico, com 11 
artigos sobre educação. Ela tratava sobre vários assuntos importantes na área da 
educação, tais como reconheceu o direito à educação como direito de todos, 
obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário, direito social, direito público 
subjetivo, organização dos sistemas educacionais, ensino religioso, liberdade de 
cátedra e vinculação de recursos, os de impostos na manutenção e no 
desenvolvimento dos sistemas de ensino, vinculou uma percentagem de recursos 
federais, que deveriam ser aplicados exclusivamente na educação. 
 
12 
Vale destacar a importância do Movimento da Educação Nova. Na realidade, 
foi a onda mais poderosa na história da educação brasileira na defesa do direito à 
educação, até porque, entre outras contribuições, ele influenciou a elaboração da 
Constituição de 1934. Em 1932, um grupo de educadores lançou o manifesto dos 
Pioneiros da Educação Nova: Este documento apresenta ideias, propostas e soluções 
que, a partir de então, foram sendo aplicadas à educação brasileira. Aqui, entre outros 
podemos destacar os educadores Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando de 
Azevedo. 
Além desse fato, em 1933 o jurista e filósofo Pontes de Miranda publicou uma 
obra inédita na área de sociologia jurídica com o título “Direito à Educação”, 
ressaltando a importância da escola única e de todos, a qual todo povo deve exigir. 
Ele propõe que o Estado reconheça os 5 (cinco) novos direitos do homem: direito à 
subsistência, direito ao trabalho, direito à educação, direito à assistência e direito ao 
ideal. Afirma o jurista que os cinco direitos devem ser executados todos 
simultaneamente. O direito à educação é o terceiro dos novos direitos do homem. 
Segundo o autor, “deem tudo mais, mas não doem educação, com igualdade e escola 
para todos – e não deram nada. A ausência de direito voltará.” (Miranda, 1933: p. 6) 
Na Constituição de 1988, direito à educação passa a ter uma dimensão jurídico-
social como direito social fundamental (arts. 6º e 205 da Constituição Federal), mas 
também dimensão política, pedagógica e ética, responsabilizando a família, o Estado 
e a sociedade, estabelecendo ainda três objetivos. 
A maioria dos doutrinadores e, ainda a própria legislação, como se vê, 
consideram o direito à educação um direito social, até porque a proteção desse direito 
era garantida apenas no âmbito do direito público como direito fundamental Todavia, 
esta concepção de direito à educação exigia a intervenção e ação do Estado, que no 
processo histórico e na prática não ocorreu satisfatoriamente, uma vez que não existia 
punição para o Estado, caso não proporcionasse para todos a educação gratuita e 
obrigatória. 
Mas com o advento da Constituição de 1988 modificou-se esta situação, uma 
vez que agora está prevista na Lei Magna punição para o Estado, caso não 
proporcione a educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que 
a ela não tiveram acesso na idade própria (art. 206, inciso I; art. 208, inciso I, § 1º § 
2º da CF). Aliás, direito à educação corresponde, também, ao direito de matrícula 
 
13 
como direito constitucional fundamental que todos têm e o dever da família e do 
Estado de efetuá-la e garanti-la na educação básica (art. 4º, inciso I; art. 6º da LDB) 
Hoje se ampliaram as concepções do direito à educação e a responsabilidade 
social com a educação. A educação é um processo de toda sociedade – não só da 
escola – afeta todas as pessoas e instituições, até porque toda sociedade educa 
quando transmite ideias, valores, conhecimento e quando busca novas ideias, valores, 
conhecimentos2. 
1.4 Diferença entre Legislação do Ensino e Direito Educacional 
 
Fonte: xml.editorapreparatoria.com.br 
No primeiro sentido, temos um conjunto de normas que vão desde leis federais, 
estaduais e municipais até pareceres do Conselho Nacional de Educação, decretos 
do Poder Executivo, portarias ministeriais, estatutos e regimentos das escolas, que 
constituem a conhecida e tradicional disciplina Legislação do Ensino, a qual é parte 
integrante, mas restrita, do Direito Educacional, pois não inclui nem a unidade 
doutrinária, nem a sistematização de princípios, nem tampouco a metodologia que 
estrutura um corpo jurídico pleno.2 Texto extraído do link: 
http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13083. 
 
14 
Não há, portanto, como confundir Legislação do Ensino com Direito 
Educacional: enquanto aquela se limita ao estudo do conjunto de normas sobre 
educação, este tem um campo muito mais abrangente e "pode ser entendido como 
um conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos sistematizados que objetivam 
disciplinar o comportamento humano relacionado à educação" como conceituou 
Álvaro Melo Filho. 
2 EDUCAÇÃO 
A Educação é a manifestação cultural que, de maneira sistemática e 
intencional, forma e desenvolve o ser humano. A Educação é mais do que aquisição 
e transmissão de conhecimentos; é processo de humanização e capacitação para a 
vida. 
A Educação constitui-se, portanto, no processo pelo qual o ser humano, por um 
lado, adquire conhecimentos e desenvolve sua capacidade intelectual, sua 
sensibilidade afetiva e suas habilidades psicomotoras. Por outro lado, é também o 
processo pelo qual ele transmite tudo isso para outra pessoa. A Educação engloba, 
pois, de forma indissociável, tanto os processos de aprendizagem quanto os de 
ensino, e envolve, normalmente, dois interlocutores, o educando e o educador, ou o 
educando e algum meio educativo. 
Dessa forma, a Educação se confunde com o próprio processo de 
humanização, pois é a capacitação do indivíduo tanto para viver civilizadamente e 
produtivamente, quanto para formar seu próprio código de comportamento e para agir 
coerentemente com seus princípios e valores, com abertura para revisá-los e 
modificar seu comportamento quando mudanças se fizerem necessárias. 
2.1 A educação, com seus aspectos sociais e individuais, é ponte que leva de 
um comportamento a outro 
Ao educar-se, o indivíduo passa por mudanças comportamentais que o levam 
da ignorância para o conhecimento; da impotência para a potencialidade; da 
deficiência, inclusive física e mental, para a reabilitação; da incapacidade para a ação 
eficiente e a habilitação profissional; da incompetência para a eficácia; da 
 
15 
inconsciência para a consciência de si mesmo e de seu papel na sociedade; da 
amoralidade e imoralidade para a ética e a moral. 
Assim, a Educação tem o seu lado individual, que envolve a formação e o 
desenvolvimento da personalidade de cada indivíduo, bem como o lado social, pois 
toda educação escolar, analisada c o m o processo sociocultural, normalmente, está 
ligada a u m projeto nacional. 
Daí podermos falar também em educação nacional, a qual tem tanto o seu lado 
universal e individual, quanto o regional e, no caso do Brasil, também o estadual e o 
municipal. 
2.2 Educação nacional e formação do cidadão 
A este respeito, é interessante relembrarmos a lição de Newton Sucupira: 
A ideia que nós fazemos de educação nacional parte desta verdade evidente 
de que na realidade não há formação do homem abstrato, não pode haver 
educação desvinculada das motivações concretas e dos objetivos de uma 
determinada sociedade. Não se pode pensar o processo de humanização do 
homem independentemente de um povo, de uma cultura, de uma 
circunstância histórica, de uma comunidade nacional. Por isso, a cada 
configuração histórico-cultural corresponde uma auto compreensão do 
homem e, consequentemente, toda educação que nela se elabore, mesmo 
visando à realização do homem em suas dimensões universais, reflete, 
necessariamente, o espírito de sua época, a vida e a alma de sua cultura. Por 
outro lado, a formação do homem está ligada à dialética do indivíduo e da 
cultura. Esta é certamente uma expressão da atividade criadora do homem, 
mas é também espírito objetivo e objetivado e, como tal, ela oferece as 
condições e os elementos necessários para a realização do espírito subjetivo, 
isto é, o indivíduo se forma através de sua cultura ao mesmo tempo que 
contribui para enriquecê-la e modificá-la acrescentando novos valores que 
por sua vez vão se tornar bens de formação para outras gerações. (...) Com 
isso não pretendemos que a formação do homem se esgote na imanência de 
uma cultura nacional. Seria absurdo fazer da nação um absoluto, fons et origo 
de todos os valores. Queremos ressaltar apenas que o homem não é uma 
universalidade abstraía e que se ele tende de si ao universal é através de 
objetivações históricas distintas e particulares. 
É, assim, através da Educação nacional, que se forma tanto o homem nos 
sentido individual e universal, quanto o cidadão de uma nação, o qual, quando 
efetivamente educado, contribui, a seu modo, para o desenvolvimento da sociedade 
onde vive. Mas, como continua ensinando o mestre Sucupira, 
isto não quer dizer que atribuamos à educação uma força e um poder capaz, 
por si só, de transformar a sociedade em que se insere, mas que dentro da 
dinâmica total da cultura ela é na verdade um importante instrumento de 
realização dos fins a que ela se propõe. É que toda educação ajustada e 
 
16 
atuante mantém com a cultura a que ela serve uma relação dialética de 
concordância e assimilação, de crítica e de superação. 
2.3 Objetivo primordial da educação 
 
Fonte: unidea.com.br 
É importante se deixar claro que o objetivo primordial da educação é despertar 
e proporcionar o crescimento da criticidade (entendida esta como a capacidade de 
crítica da história, da realidade e das ideologias e de autocrítica) e da criatividade, que 
impulsionam o homem a tentar a conquista, por si mesmo e com seus semelhantes, 
da sua liberdade e a evoluir, no mundo e com o mundo, descobrindo o micro e o 
macrocosmos, inventando interferências e transformações na realidade, e 
transcendendo a si mesmo, tendendo para a sua plena realização. 
É também evidente que cada um de nós, o Estado (como estrutura que 
representa os interesses maiores da sociedade) e o Governo (que representa 
interesses conjunturais dos grupos majoritários no exercício do poder), temos o direito 
de esperar algo (diferente de alienação) do processo organizado e formal de 
educação, que se desenvolve por meio do ensino e em instituições apropriadas para 
sua efetivação, sejam da rede privada, sejam da rede pública. 
 
17 
2.4 Importância das leis que regulam o ensino 
As causas das falhas na busca de mudanças de comportamento através dos 
processos de ensino-aprendizagem desenvolvidos em sala de aula são tanto 
sistêmicas quanto não sistêmicas; muitas são estruturais e, outras, conjunturais. 
Essas causas podem, em alguns aspectos, depender da legislação vigente. 
Esta, se engessada e retrógrada, pode ser um empecilho ao desenvolvimento dos 
indivíduos como pessoas humanas e das sociedades; se aberta e voltada para o 
futuro, pode ser instrumento positivo a alavancar o progresso de cada um e da 
humanidade, contribuindo para a produção e a divulgação da Cultura e para o 
desenvolvimento científico e tecnológico, pessoal e profissional. 
Entendendo-se, pois, a Educação como processo de informação e formação 
do homem, por meio de mudanças de comportamento visando ao desenvolvimento 
pessoal, organizacional, econômico, político, social e cultural, e, pela pesquisa e 
divulgação, objetivando a evolução científica e tecnológica, entende-se, também, a 
importância das leis que regulam o ensino, principalmente das que definem os 
princípios e as dimensões de seus sistemas e dão as diretrizes e bases que norteiam 
sua organização e seu funcionamento, como é o caso da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional3. 
3 SÍNTESE HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL BRASILEIRA 
Com a chegada dos portugueses ao Brasil e a insubordinação dos nativos à 
coroa – que precisava dos indígenas para a exploração do pau-brasil –, a coroa 
decidiu que os índios precisavam ser catequisados. Por isso, ela enviou uma missão 
jesuíta com o intuito de ensinar aos nativos os costumes e a religião de Portugal. O 
marco inicial da sistematização do ensino pode ser considerado a vinda da juntamissionária católica em 1549, além disso a sistematização de transmissão de 
conhecimentos é indissociável da história da Companhia de Jesus. 
Porém, com o fracasso da missão e a expulsão dos jesuítas em 1759, foram 
instauradas as reformas pombalinas, as quais instituía o ensino laico e público através 
 
3 Texto extraído do livro: Direito Educacional e educação no século XXI: com comentários à 
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de Elias de Oliveira Motta. 
 
18 
das Aulas Régias – os conteúdos baseiam-se nas Cartas Régias. A data de 
implantação oficial do ensino público no Brasil foi em 1772, porém, o Ensino Religiosa 
nas escolas foi mantido. 
Durante quase 300 anos da história do país, as mulheres e os escravos – 
oriundos da África, não tinham direito ao acesso à educação. Os homens brancos 
estudavam nos colégios religiosos ou iam para a Europa. 
Com a vinda da família real ao país no início do século XIX, houve uma ruptura 
com a situação do sistema educacional anterior. Dom João VI, para preparar terreno 
para sua estadia no Brasil, abriu Academias Militares, Escolas de Medicina, Biblioteca 
Real e a Imprensa Régia. Em 1816 foi criada a Escola Nacional de Belas Artes, 
influenciada por artistas franceses. 
Porém, a educação ainda foi tratada com importância secundária. Somente em 
1909 foi criada a primeira Universidade Brasileira, a Universidade Federal do 
Amazonas. A USP (mais importante universidade no Brasil atualmente), foi fundada 
em 1934. 
Já no Império, a Constituição de 1824 manteve o princípio da liberdade de 
ensino, sem restrições, e a intenção de “instrução primária gratuita a todos os 
cidadãos”. Em 15 de outubro de 1827 foi aprovada a primeira lei sobre o Ensino 
Elementar e a mesma vigoraria até 1946 (quando a lei fracassou por motivos 
econômicos, técnicos e políticos). Em 1827, surge a primeira lei sobre educação das 
mulheres, permitindo que as mesmas frequentassem as escolas elementares, 
entretanto, as instituições de ensino mais adiantado eram proibidas a elas. 
Em 1834 (Ato Adicional que emendou a Constituição) houve a reforma que 
deixava o ensino elementar, secundário e de formação dos professores a cargo das 
províncias, enquanto o poder central cuidaria do Ensino Superior. Em 1879 houve a 
reforma de Leôncio de Carvalho que propunha dentre outras coisas o fim da proibição 
da matrícula para escravos, mas que vigorou por pouco tempo. Em 1879, as mulheres 
têm autorização do governo para estudar em instituições de ensino superior, mas as 
que seguiam este caminho eram criticadas pela sociedade. Com a instauração da 
República em 1889, a educação passou por várias reformas, porém, as mudanças 
continuavam seguindo princípios adotados pelo Novo Regime: centralização, 
formalização e autoritarismo. 
Durante a Primeira República, entre 1889 a 1930 foram feitas cinco reformas: 
a Reforma Benjamim Constant, a Reforma Epitácio Pessoa, a Reforma Rivadavia, a 
 
19 
Reforma Carlos Maximiliano e a Reforma João Luiz Alves – de âmbito nacional do 
ensino secundário, com o intuito de implantar um currículo unificado para todo o país. 
Até a época entre 1911 e 1915 as classes de Ensino reuniam alunos de todas 
as idades, além disso, o Ensino Secundário era visto como um preparatório para o 
Ensino Superior. Nessa época surgiu o conceito de “Grupo Escolar” (o qual reunia 
escolas isoladas de uma região comum). E as classes passaram a distribuir os alunos 
em séries, o chamado “Ensino Seriado”. 
A década de 1920, na área da educação, foi um período de grandes iniciativas. 
Foi a década das reformas educacionais. Não havia ainda um sistema organizado de 
educação pública, como é hoje a rede de ensino. Um dos movimentos mais 
importantes da época ficou conhecido com o nome de Escola Nova. Grandes temas 
e grandes figuras ficaram associados a esse movimento. A defesa de uma escola 
pública, universal e gratuita se tornou sua grande bandeira. Até o final da década 
1920, havia quase 70% de analfabetos entre a população com mais de 15 anos de 
idade no país. 
Em 1924 foi fundada a Associação Brasileira de Educação (ABE), que a partir 
de 1932 foi dominada pelos adeptos da Escola Nova. 
A partir de 1930 (início da Era Vargas), surgem as reformas educacionais mais 
modernas. Com o Decreto 19.402 de 14 de novembro de 1930, foi criado o Ministério 
dos Negócios da Educação e Saúde Pública. O Ministro Francisco Campos reformou 
o Ensino Secundário (Reforma Campos). 
Em 1932 alguns intelectuais brasileiros como Lourenço Filho, Fernando de 
Azevedo e Anísio Teixeira, dentre outros, assinaram o “Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova”. 
Diante do mundo moderno, capitalista e que passou por uma avassaladora 
guerra, os intelectuais ligados à área da educação declararam insuficiência da 
pedagogia tradicional. Concluíram, então, que as instituições escolares deveriam ser 
atualizadas de acordo com a nova realidade social. 
Tanto a constituição de 1934 como o manifesto de 1932 traçaram pela primeira 
vez as linhas mestras de uma política educacional brasileira. Contudo, a constituição 
de 1934 durou pouco e foi substituída pela de 1937, imposta por Getúlio Vargas. A 
constituição de 1934 foi a primeira a incluir um capítulo especial sobre a educação, a 
mesma trata da educação no seguinte artigo: 
 
20 
Art. 149. A educação é direito de todos e deve ser ministrada, pela família e 
pelos Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e a 
estrangeiros domiciliados no País, de modo que possibilite eficientes fatores 
da vida moral e econômica da Nação, e desenvolva num espírito brasileiro a 
consciência da solidariedade humana. 
Em 1942, o ministro Gustavo Capanema incentivou novas leis de reforma do 
Ensino, que ficaram conhecidas como “Reforma Capanema”. Nesse ano surgiram a 
Lei Orgânica do Ensino Industrial e a Lei Orgânica do Ensino Secundário, além de ter 
sido fundado o SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Com a lei 
orgânica, o Ensino Secundário foi dividido em três modalidades: Clássico, Científico e 
Normal (ensino profissionalizante, porém considerado dentro do ensino secundário). 
Em 1937, com a implementação da ditadura varguista e a substituição da 
constituição de 1934, é possível perceber as consequências da organização e 
implementação de uma política de Estado para a educação baseado nas reformas 
propostas pelo Ministro da Educação Gustavo Capanema. Ocorreu um crescimento 
percentual das matriculas em relação à população total brasileira e também, uma 
diminuição relativa do analfabetismo. 
Com o fim do Estado Novo, surgiu a Constituição de 1946 e que trouxe 
dispositivos dirigidos à educação, como a gratuidade para o Ensino Primário. Em 
1948, também surgiu a discussão para uma Lei de Diretrizes Básicas, a partir da 
proposta do deputado Clemente Mariani. A constituição de 1946 trata da educação no 
seguinte artigo: “Art. 166 – A educação é direito de todos e será dada no lar e na 
escola. Deve inspirar-se nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade 
humana”. 
Nesse período, foi implementado a Lei de Diretrizes e Bases de Educação pelo 
governo João Goulart. Além disso, novos debates surgiram em torno do tema 
educação, como a defesa dos interesses dos proprietários de escolas privadas. Nesse 
período, o movimento estudantil cresceu com maior atuação da União Nacional dos 
Estudantes (UNE). 
O debate, que girava em torno da legitimação da educação privada era apoiada 
pelos conservadores, como o famoso jornalista Carlos Lacerda e por uma ala da Igreja 
Católica. 
O debate em torno da Lei de Diretrizes e Bases da Educação foi retomado no 
Governo do Presidente Juscelino Kubitschek. Nesse contexto, é de suma importância 
 
21 
destacar o papel empenhado pela Igreja Católica, que desde período colonial 
participava ativamente da educação no Brasil.Fonte: www.cfn.org.br 
Entretanto, após a entrada do Estado no ensino público, a instituição 
anteriormente citada perdeu seu prestígio político. Por isso, além do interesse da 
presença/ausência do ensino religioso no currículo escolar, a Igreja também tinha 
interesses nos recursos públicos para a educação escolar. 
Mesmo com toda campanha a favor a escola pública, as forças conservadoras, 
as quais tinham maior representação no Congresso, saiu vitoriosa e em 1961 foi 
promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 4.024). A lei, prevaleceu o 
modelo de política educacional já em vigência. Nesse modelo, o Estado custeava 
parte das despesas das escolas particulares e não criava novas oportunidades 
escolares fora dos grandes centros urbanos. 
Assim sendo, esse sistema estava longe de suprir as necessidades reais da 
população no que tange a gestão da política educacional. A pouca permanência dos 
estudantes brasileiros na escola e o elevado índice de analfabetismo, sobretudo no 
interior, foram alguns problemas não resolvidos pelo Governo, naquela época. 
Após o golpe em 1964 e a implantação da Ditadura Militar, houve um aumento 
do autoritarismo marcado na área da educação com o banimento de organizações 
estudantis como a UNE – União Nacional dos Estudantes –, considerada 
 
22 
“subversivas”. Em 1969, foi tornado obrigatório o ensino de Educação Moral e Cívica 
em todos os graus de ensino. O Decreto 68 908/71 criou o “Vestibular Classificatório”, 
garantindo a vaga nas universidades apenas até o preenchimento das vagas 
disponíveis. O Movimento Brasileiro de Alfabetização foi criado em 1967, objetivando 
diminuir os níveis de analfabetismo entre os adultos. A reforma dos ensinos 
fundamental e médio foi feita durante o governo Médici, com a Lei 5 692/71. Em 1982, 
a Lei 7 044/82 retirou a obrigatoriedade do Ensino Profissionalizante nas Escolas de 
Ensino Médio. 
Durante sua gestão, Robert McNamara (1968-1981) afirmou ser a educação 
uma indústria que necessitava de revolução tecnológica. Reconhecia sua 
necessidade básica, mas havia outros problemas. A expansão horizontal da educação 
como necessidade para todos e essencial para o desenvolvimento econômico, mas 
qualitativa para uns poucos eleitos, foi um procedimento perverso e constante. Essa 
política de exclusão sintomática ficou evidente quando o Banco Mundial exteriorizou 
as estratégias de investimentos no ensino técnico profissional e o desenvolvimento de 
um sistema de educação tecnológica média superior. Pretendiam, assim, instituir, 
através da legislação, mecanismos para deter o crescimento da demanda pelo ensino 
superior. (Silva, 2002: 58) 
Nessa época, disciplinas como filosofia foram banidas do 2º grau e outras como 
História e Geografia foram aglutinadas no chamado “Estudos Sociais”. E a educação 
superior foi restrita a uma pequena fração da sociedade. 
Nessa época, a escola privada ganhou forças após o Governo investir em 
bolsas para os estudantes, pois o ensino público não tinha cobertura suficiente, e, 
além disso, a evasão escolar abriu margens para as empresas privadas receberem 
recursos do governo para realizarem o que as escolas públicas em sua maioria não 
faziam – é importante salientar que as instituições privadas possuíam isenção de 
impostos (instituídos na Constituição de 1946 e reforçado nas emendas promulgadas 
durante a ditadura militar). Por isso, pode-se concluir que o dinheiro que poderia ser 
investido na ampliação e expansão do ensino público foi destinado ao empresariado. 
É marcante, nessa época, as lutas contra a censura por parte dos estudante e 
intelectuais. A UNE, que foi banida, atuou de forma clandestina contra a Ditadura 
Militar, organizando protestos contra o governo entre outras coisas. Alguns 
professores universitários e outros intelectuais (pessoas ligadas a jornais, a arte, a 
 
23 
música, advogados e até mesmo políticos), também atuaram de forma clandestina e 
sutil para driblar a censura imposta pelo regime. 
Após o regime militar, e a retomada da democracia no final da década de 80, a 
educação mereceu destaque na Constituição Brasileira de 1988, que em seus 
dispositivos transitórios dava o prazo de dez anos para a universalização do Ensino e 
a erradicação do analfabetismo. 
Ainda em 1996 surgiu a nova LDB – Lei das Diretrizes Básicas, que instituiu a 
Política Educacional Brasileira. Nessa época, também foi criado o Conselho Nacional 
de Educação, substituindo o antigo Conselho Federal de Educação que havia surgido 
em 1961 e havia sido extinto em 1994. 
Em 1996, foi criado o FUNDEB (Fundo de Manutenção do Ensino 
Fundamental) que depois de dez anos foi substituído pelo FUNDEF, que obriga os 
Estados e Municípios a aplicarem anualmente um percentual mínimo de suas receitas 
onde 60% pelo menos é para pagamento do pessoal do magistério. Em fevereiro de 
2006, foi aprovada a lei nº 11.274, que aumentou a duração do ensino fundamental 
de oito para nove anos.4 
4 COMENTÁRIOS AOS PRINCÍPIOS E DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS 
4.1 O conteúdo político norteador da educação nacional 
A Constituição de 1988, como consta de seu preâmbulo, foi promulgada 
para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos 
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de urna 
sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social 
e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das 
controvérsias. 
Tais valores devem ser balizadores de qualquer análise, comentário ou 
interpretação que se faça da legislação secundária, pois foram eles que inspiraram os 
próprios princípios constitucionais. 
Além desses valores, os fundamentos da República Federativa do Brasil e os 
seus objetivos fundamentais devem ser aqui transcritos, pois são esses três aspectos 
 
4 Texto extraído do link: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/evolucao-
sistema-educacional. 
 
24 
que devem ser tanto o ponto de partida como a bússola de todo o conteúdo político 
da educação nacional. 
Não se deve entender a educação de maneira simplista, como um mero 
instrumento de reprodução infalível e automático da ideologia da classe dominante, 
tese bastante difundida há algumas décadas e fundamentada em um determinismo 
histórico já sepultado. Mas também não se pode vê-la como algo neutro. 
Inegavelmente, a educação tem o seu conteúdo político e, às vezes, até ideológico e 
partidário, mas não é, como a encaram de maneira simplista alguns grupos idealistas, 
o meio mais importante e fácil para se fazer urna revolução. 
O caráter político claro que deve acompanhar todo o processo educativo 
nacional está descrito na própria Constituição, em seu art. 1º, que enumera os cinco 
fundamentos sobre os quais a República Federativa do Brasil se constitui como um 
Estado democrático de direito: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político; 
Completa esse caráter político da educação nacional os objetivos constantes 
do art. 3° de nossa Carta Magna: 
I - construir urna sociedade livre, justa e solidaria; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais 
e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Os Constituintes, após definirem com essas rápidas pinceladas o perfil do 
Estado que a Nação brasileira almeja construir, passaram a sintetizar os demais 
princípios de cada área, dentre elas a de educação. A seguir, transcrevemos os 
dispositivos constitucionais, cujos conteúdos dizem respeito a questões educacionais 
e servem d e fundamento parao Direito Educacional, e, após cada um deles, faremos 
os devidos comentários. 
4.2 Competência para legislar sobre educação 
Art. 22 . Compete privativamente à União legislar sobre: 
 
25 
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; 
Esse mandamento da nossa Constituição deixa claro que as leis de caráter 
geral sobre a educação brasileira, que definem diretrizes e fixam bases, só podem ser 
elaboradas, privativamente, pela União, isto é, nenhum estado ou município pode 
traçar diretrizes e bases da educação nacional, o que é lógico, levando-se em conta 
ser o Brasil urna federação. 
Assim, o art. 22 é uma decorrência natural da existência de diversas esferas de 
competência na estrutura organizacional da República Federativa do Brasil, e ele se 
faz necessário para expressar e garantir o próprio princípio da hierarquia das leis. 
O Congresso Nacional é, pois, o local apropriado, constitucionalmente, para 
apreciar e votar tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional quanto 
qualquer outra da caráter geral, cuja vigência e obrigatoriedade deva abranger todo o 
território nacional. 
Consequentemente, cabe também à União, por meio do Ministério da 
Educação - MEC e de seu Conselho Nacional de Educação - CNE, que substituiu o 
antigo Conselho Federal de Educação - CFE, interpretar o texto legal e baixar normas 
complementares que, com força de lei, terão validade nacional, como decretos, 
portarias ministeriais e resoluções e pareceres do CNE. 
Aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, dentro da esfera de ação de 
cada um, cabe legislar de forma complementar, derivada e supletiva, e até de forma 
concorrente, desde que respeitada a LDB, como veremos nos dois próximos itens. 
4.3 Competência comum 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios: 
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à 
tecnologia, à pesquisa e à inovação; 
Fica claro, pela simples leitura e interpretação literal deste artigo, qual é o seu 
significado, ou seja, tanto a União, como os estados, o Distrito Federal e os municípios 
têm competência (entendida está mais como obrigação) para oferecer os meios 
adequados de acesso à educação, podendo, portanto, cada um deles no âmbito de 
seus serviços, legislar a respeito. 
 
26 
No título "Da Ordem Social", art. 211, tal competência é distribuída entre os três 
sistemas educacionais: o federal, o estadual e o municipal, cabendo à União, além da 
organização do sistema federal de ensino (mais ensino superior e técnico), uma ação 
supletiva e de colaboração técnica e financeira com os demais sistemas. Os 
municípios ficaram responsáveis por uma atuação prioritária no ensino fundamental e 
na educação infantil, enquanto os estados cuidarão mais do ensino médio e 
fundamental. 
Proporcionar os meios de acesso à educação é, pois, um dever do Estado, que 
está mais detalhado no art. 208 da Constituição. 
4.4 Competência concorrente para legislar 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, 
desenvolvimento e inovação; 
Apesar da legislação de caráter federal relativa as diretrizes e bases da 
educação ser competência privativa da União, a Constituição deixa expresso, neste 
artigo, que os estados e o Distrito Federal, quando se trata de educação, cultura, 
ensino e desporto, têm também competência para legislar concorrentemente, salvo o 
previsto no art. 22 já comentado. 
No entanto, para que essa liberdade de legislar concorrentemente não leve a 
confutes, é necessário que o legislador de cada esfera respeite a hierarquia das leis, 
não podendo, por exemplo, urna lei estadual contrariar urna outra federal já publicada 
anteriormente. Havendo choque entre elas prevalecerá a de maior hierarquia, ou seja, 
a federal. 
As unidades da federação, por meio de seus respectivos Poderes Executivos e 
Legislativos, bem como dos órgãos normativos de seus sistemas educacionais, os 
conselhos estaduais que forem mantidos ou quaisquer outros que venham a ser 
criados, deverão aprovar a legislação conexa – que terá vigência na área de 
competência de cada um – e baixar as normas complementares essenciais para o 
bom funcionamento de suas organizações educacionais. 
Assim, as normas específicas para o adequado funcionamento dos sistemas 
de ensino de cada unidade federada serão definidas por elas próprias, de vez que, 
além de a Constituição Federal prever essa possibilidade, a própria LDB, pelo seu 
 
27 
espirito efetivamente descentralizador, deu mais força aos estados, ao Distrito Federal 
e até aos municípios. 
4.5 Intervenção nos estados e nos municípios 
Art. 34. A União não intervira nos Estados nem no Distrito Federal, exceto 
para: 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos 
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: 
III- não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos 
de saúde; 
O previsto no art. 35 foi uma forma eficiente introduzida na Carta de 1969, e 
repetida em 1988 pelos Constituintes, para garantir que um percentual mínimo 
(exigido pela Constituição) da receita de cada município seja efetivamente gasto na 
manutenção e desenvolvimento do ensino. 
Assim, o município que quiser se eximir do cumprimento desta ordem 
constitucional, poderá sofrer intervenção estadual; ou da União, se pertencer a um 
Território Federal. 
O percentual mínimo a que se refere o inciso III do art. 35 está expresso no 
caput do art. 212. 
Apesar dessa rigidez com os municípios, os Constituintes de 1988 não deram 
o mesmo tratamento aos estados membros. A União não tinha, portanto, o poder para 
intervir em um Estado que desobedecesse a obrigatoriedade prevista no art. 212. No 
entanto, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, bem como no Poder 
Executivo foi-se formando uma corrente para defender a intervenção, pelo Governo 
Federal, nas unidades da Federação que não aplicassem o percentual constitucional 
mínimo de suas receitas com manutenção e desenvolvimento do ensino. 
O sucesso desse movimento se consolidou, em setembro de 1996, com a 
aprovação da Emenda Constitucional n° 14, a qual modificou o art. 34, acrescentando, 
no inciso VII, a alínea "e", a qual prevê a possibilidade de intervenção pela União nos 
estados que não aplicarem o mínimo exigido da receita resultante de impostos 
estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
 
28 
Uma das razões para a aprovação desse acréscimo foi a necessidade de 
equidade no tratamento dado aos estados e aos municípios pela União. Se os Estados 
podem intervir nos municípios pelo justo motivo apontado no art. 35, nada mais justo 
do que a União também poder intervir nos estados se eles incorrerem no mesmo 
motivo que, em ambos os casos se constituí em afronta as mesmas determinações 
constitucionais. 
Esta responsabilidade da União é decorrente do fato de ela também ter, nos 
termos do inciso IV do art. 23 da Constituição Federal, a competência de proporcionar 
os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência. 
O mecanismo da intervenção, nos parece, será fator decisivo para inibir as 
autoridades estaduais e municipais competentes em relação à possibilidade de 
descumprimento da norma constitucional e de negligência em relação aos recursos 
para a educação. 
4.6 Competência dos municípios 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
VI - manter, com a cooperação técnicae financeira da União e do Estado, 
programas de educação infantil e de ensino fundamental; 
Esse artigo esclarece bem que a manutenção de programas de educação 
infantil e de ensino fundamental é uma competência municipal, cabendo à União e 
aos estados prestar colaboração técnica e financeira. 
A União e os estados não deveriam, portanto, atuar diretamente na execução 
de programas de educação infantil e de ensino fundamental, e nem na sua 
manutenção. Aliás, essa disposição é repetida no §2° do art. 211, da Constituição de 
1988, cujo §1° define como competência da União prestar assistência técnica e 
financeira aos estados e aos municípios, especialmente para o atendimento prioritário 
à escolaridade obrigatória, ou seja, para o desenvolvimento do ensino fundamental. 
A Emenda Constitucional n° 14, de 1996, alterou a redação do art. 211, 
estabelecendo que "Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e 
na educação infantil." Ampliou-se assim, a área de atuação dos municípios também 
para o atendimento de crianças de zero a três anos de idade, em creches, pois o pré-
escolar abrange crianças de quatro a seis anos. 
 
29 
Assim, estabelecer e manter programas de educação infantil e de ensino 
fundamental é, no campo da educação, a missão primordial das municipalidades 
brasileiras. É, na realidade, um enorme desafio para o qual os municípios precisam 
ser devidamente preparados pelos sistemas estadual e federal de ensino, por meio 
de assessoramento técnico e de apoio financeiro, que poderá se concretizar, c om 
amplas perspectivas de sucesso, ao serem colocadas em prática as medidas 
constantes do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, com a 
redação dada pela Emenda Constitucional n° 14, de 1996. 
5 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS: APONTAMENTOS SOBRE O 
DIREITO SOCIAL DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO 
 
Fonte: interneeduca.com.br 
Antes de adentrar no contexto que envolve as Políticas Públicas Educacionais, 
tem-se o entendimento do que vem a ser Política Pública, que a partir da etimologia 
da palavra se refere ao desenvolvimento a partir do trabalho do Estado junto à 
participação do povo nas decisões (Oliveira, 2010). 
Sob este entendimento conceitua-se que: 
se “políticas públicas” é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer, 
políticas públicas educacionais é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de 
fazer em educação. Porém, educação é um conceito muito amplo para se 
tratar das políticas educacionais. Isso quer dizer que políticas educacionais é 
um foco mais específico do tratamento da educação, que em geral se aplica 
 
30 
às questões escolares. Em outras palavras, pode-se dizer que políticas 
públicas educacionais dizem respeito à educação escolar (Oliveira, 2010). 
É importante observar que as Políticas Públicas Educacionais não apenas se 
relacionam às questões relacionadas ao acesso de todas as crianças e adolescentes 
as escolas públicas, mas também, a construção da sociedade que se origina nestas 
escolas a partir da educação. Neste entendimento, aponta-se que as Políticas 
Públicas Educacionais influenciam a vida de todas as pessoas. 
No Brasil, com ênfase para a última década a expressão Políticas Públicas 
ganhou um rol de notoriedade em todos os campos, fala-se de Políticas Públicas para 
a educação, saúde, cultura, esporte, justiça e assistência social. No entanto, tais 
políticas nem sempre trazem os resultados esperados, pois somente garantir o acesso 
a todos estes serviços públicos não significa que estes tenham qualidade e, que 
efetivamente, os usuários terão seus direitos respeitados (Setubal, 2012). 
Diante destes aspectos tem-se que as Políticas Públicas se voltam para o 
enfrentamento dos problemas existentes no cotidiano das escolas, que reduzem a 
possibilidade de qualidade na educação. No entanto, somente o direcionamento 
destas para a educação não constitui uma forma de efetivamente auxiliar crianças e 
adolescentes a um ensino de melhor qualidade, posto que existam outros pontos que 
também devem ser tratados a partir das Políticas Públicas, como os problemas de 
fome, drogas e a própria violência que vem se instalando nas escolas em todo o Brasil 
(Quadros, 2008). 
Quando se fala em Políticas Públicas na educação a abordagem trata-se da 
articulação de projetos que envolvem o Estado e a sociedade, na busca pela 
construção de uma educação mais inclusiva e de melhor qualidade, ou seja, que 
resgate a construção da cidadania (Giron, 2008). 
Tem-se que o sistema educativo adotado e as Políticas Públicas direcionadas 
para a educação, são elementos que demonstram a preocupação do país com o seu 
futuro, pois somente o ensino público gratuito, inclusivo e de qualidade pode construir 
uma sociedade em que as diferenças socioculturais e socioeconômicas não são tão 
díspares (Freire, 1998). 
Neste sentido, tem-se que as Políticas Públicas Educacionais estão 
diretamente ligadas a qualidade da educação e, consequentemente, a construção de 
uma nova ordem social, em que a cidadania seja construída primeiramente nas 
famílias e, posteriormente, nas escolas e na sociedade. 
 
31 
5.1 Educação Pública no Brasil: uma história de encontros e desencantos 
A escola pública brasileira vem demonstrando, especialmente, nas últimas 
décadas um processo de desenvolvimento no contexto organizacional e de gestão, 
partindo do princípio que a democracia gera qualidade e oportunidade a todos também 
no âmbito escolar. Porém, a educação pública necessita mais do que oferecer 
escolas, é imprescindível ter docentes conscientes de seu papel educacional, tanto 
quanto social, bem como sejam oferecidas as crianças oportunidades de 
aprendizagem a partir da construção de conhecimento (Bolzano, 2004). 
A luta por uma escola cidadã no Brasil é envolvida por uma história de 
encontros e desencantos em que nem sempre o foco dos projetos é a qualidade da 
educação e a construção da cidadania, isto é: 
ao evidenciar um conjunto de concepções, práticas e estruturas inovadoras, 
a experiência da escola cidadã aponta possibilidades de uma educação com 
qualidade social, não redutora à dinâmica mercantil. O desenvolvimento de 
uma cultura participativa, de uma inquietação pedagógica com a não-
aprendizagem, da busca dos aportes teóricos da ciência da educação, 
legitima a ideia de que a não-aprendizagem é uma disfunção da escola e que 
a reprovação e a evasão são mecanismos de exclusão daqueles setores 
sociais que mais necessitam da escola pública. Isso levou à convicção da 
necessidade de reinventar a escola, de redesenhá-la de acordo com novas 
concepções. Os avanços na formação em serviço evidenciaram aos 
educadores que a estrutura convencional da escola está direcionada para 
transmissão, para o treinamento e para a repetição, tendendo a neutralizar 
as novas proposições pedagógicas, no máximo transformando-as em 
modismos fugazes. Por isso, embora essenciais, não bastam apenas 
mudanças metodológicas, novidades teóricas, a adesão aos princípios de 
uma escola inclusiva, democrática, com práticas avaliativas voltadas ao 
sucesso do educando, é indispensável ainda a superação da estrutura 
taylorista-fordista, redefinindo os espaços, os tempos e os modelos de 
trabalho escolar (Azevedo, 2007). 
Neste sentido, se observam que as transformações vivenciadas no cenário 
educacional, especialmente, nas escolas públicas nas últimas décadas, estão 
diretamente ligadas às mudanças ocorridas nos campos político, social econômico e 
cultural, que originam uma nova situação nas condições de vida da sociedade, seja 
no campo social ou econômico (Furghestti, 2012). 
Compreender a necessidade de qualidade na educação e buscar a construção 
desta qualidade somente ocorre quando a escola cumpre com seu papel social e 
educacional, pois, quando a escola não cumpre efetivamente seu papel (Saviani, 
2010). 
 
32 
Esta realidade de desencanto com a educaçãobrasileira assegura a esta um 
status de baixa qualidade, seja no contexto de toda a estrutura organizacional e 
educacional vivenciada, seja nos resultados de desempenho dos estudantes no 
processo ensino-aprendizagem. 
5.2 Qualidade da Educação 
A qualidade na educação é elemento complexo devido a sua abrangência e 
necessidade de ter nas características físicas da escola, nos docentes e na didática 
de ensino fatores que possibilitem a construção desta qualidade. Isto não significa 
dizer que nenhuma criança ou adolescente fique fora da sala de aula é, importante 
que exista qualidade nesta escola básica, oferecida para todos (Bolzano, 2004). 
Com a necessidade de construir uma sociedade mais justa, digna e cidadã as 
discussões sobre a qualidade da educação se exacerbaram, neste campo tem-se que: 
a qualidade do ensino tem sido foco de discussão intensa, especialmente na 
educação pública. Educadores, dirigentes políticos, mídia e, nos últimos 
tempos, economistas, empresários, consultores empresariais e técnicos em 
planejamento têm ocupado boa parte do espaço dos educadores, emitindo 
receitas, soluções técnicas e, não raro, sugerindo a incompetência dos 
educadores para produzir soluções que empolguem a qualificação do ensino. 
Essa invasão de profissionais não identificados ou não envolvidos com as 
atividades do campo educacional merece uma reflexão. Não se trata aqui de 
preconizar o monopólio da discussão da educação aos educadores, mas de 
registrar a intensa penetração ideológica das análises, dos procedimentos e 
das receitas tecnocráticas à educação (Azevedo, 2007). 
A qualidade da educação, especialmente nas escolas públicas não podem ser 
construídas com base unicamente em políticas quantitativas e privatizadoras, em que 
a escola particular seja símbolo de eficiência, mas em programas que tenham no 
resgate da qualidade da escola pública a sua força para alcançar efetivamente um 
melhor nível educacional. 
No Brasil a eficiência das escolas públicas, que poderiam ser traduzidas em 
qualidade educacional, está intimamente ligada a influência tecnicista dos americanos 
e do humanismo republicano. Porém, este humanismo é contraditório, pois não tem 
por objetivo a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres e, sim, de 
seus direitos, fazendo surgir um paternalismo que oprime a escola a oferece educação 
e não educação de qualidade (Liberati, 2004). 
 
33 
Esta qualidade não é alcançada com uma educação institucionalizada que 
busca fornecer conhecimento já pronto para que as crianças e os adolescentes 
continuem a propagação desta sociedade mercantilizada, mas deve buscar a geração 
e transmissão de valores éticos, morais e cidadãos que efetivamente são construtores 
de novos conhecimentos e de uma sociedade a luz da cidadania (Furghestti, 2012). 
5.3 A Educação com Base nas Leis Federais 
Embora as Leis 11.114/2005 e 11.274/2006 possam ser compreendidas como 
instrumentos de avanço na educação, há que se avaliar que as mudanças na 
educação brasileira iniciaram-se com a LDB 9.394/1996, que constituíram a fonte de 
ações para um novo olhar das políticas públicas na educação (Furghestti, 2012). 
Considera-se importante comentar que a LDB 9.394/1996 foi um marco nos 
rumos da educação brasileira, consubstanciando em seu art. 2º que: 
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de 
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno 
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e 
sua qualificação para o trabalho (Brasil, 1996). 
A luz desta avaliação tem-se que as leis 11.114/2005 e 11.274/2006, trouxeram 
mudanças, porém não alteraram na essência a LDB 9.394/1996 devido a sua 
importância no campo dos avanços para a educação e de leis a ela direcionadas. 
Dentre as principais inovações das Leis Federais nº 11.114/2005 e 
11.274/2006, está à garantia de que a educação oferecida a todas as crianças e 
adolescentes na escola pública brasileira será de qualidade, pois não basta apenas 
acesso à escola é preciso oportunidade de aprendizagem e construção de 
conhecimento. 
No que concerne à garantia de qualidade da educação, tem-se: 
[...] o inciso IX do art. 4º da LDB dispõe que: “o dever do Estado com a 
educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: [...] IX – 
padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e 
quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao 
desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem” (Azevedo, 2007) 
A LDB apresentou que o ensino de qualidade está diretamente ligado a 
diversos fatores, como a quantidade de alunos em sala de aula; a disponibilidade de 
recursos materiais, humanos e didáticos em sala de aula e a contextualização da 
 
34 
escola com a sociedade, especificamente, com a comunidade em que se encontra 
inserida (Furghestti, 2012). 
5.4 A Educação e o ECA 
 
Fonte: kroton.vteximg.com.br 
O ECA pode ser considerado um dos grandes marcos do Direito brasileiro, 
sendo um divisor de águas, não apenas nas questões de proteção aos direitos de 
menores em confronto com a lei, mas também, nos aspectos que envolvem a 
educação. 
A origem do ECA assim como da LDB de 1996 se alicerçaram em uma 
necessidade de liberdade e direitos negados nas décadas anteriores: 
Nas décadas de 1970 e 1980, durante a ditadura militar pós AI-5 e até pouco 
depois da sua queda, teve lugar um longo processo de reorganização das 
forças sociais no Brasil, que levou ao surgimento de diversos movimentos 
sociais setoriais, à formação de novas organizações político partidárias de 
base e expressão popular nunca vista, como o caso do Partido dos 
Trabalhadores, e que culmina com o processo da Assembleia Nacional 
Constituinte (em diante ANC) de 1986, e da promulgação de algumas leis 
setoriais posteriores, como o Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, 
e a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996 (Mancilla, 2006). 
Considera-se que tanto o ECA, quanto a LDB foram precedidos por uma 
mobilização social que continha ânsias sociais, especialmente, no campo da 
educação e da democracia. Assim, ambas as leis influenciaram grandemente no novo 
 
35 
posicionamento da educação pública que intentou o resgate da proteção dos direitos 
de crianças e adolescentes. 
A educação no ECA está priorizada nos arts. 4º e 54, sendo que o primeiro trata 
dos direitos essenciais de crianças e adolescentes e deveres do Estado e de toda a 
sociedade que deve protegê-los: 
Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder 
público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, 
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária. 
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: 
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não 
tiveram acesso na idade própria; 
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; 
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino; 
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de 
idade; 
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação 
artística, segundo a capacidade de cada um; 
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente 
trabalhador; 
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas 
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e 
assistência à saúde. 
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. 
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua 
oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente. 
§ 3ºCompete ao poder público recensear os educandos no ensino 
fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, 
pela frequência à escola. (Brasil, 1990). 
Sob o manto protetor da lei, o ECA buscou inovar por possibilitar que crianças 
e adolescentes a partir do seu direito de inserção a escola e ensino de qualidade, 
partindo do princípio que um bom nível de educação permite profundas mudanças 
socioculturais e políticas (Oliveira, 2003). 
Falar da educação em relação ao ECA é, antes de mais nada, propagar uma 
das principais preocupações deste estatuto, pois ele traz em seu bojo a essência do 
processo ensino-aprendizagem de crianças e adolescentes, enquanto direito social. 
5.5 A Educação à Luz da Constituição Federal 
A Constituição Federal brasileira de 1988, considerada a mais humana de todos 
os tempos, trouxe em seu bojo abordagens importantes para a educação. 
 
36 
Não obstante aponta-se que a Constituição Federal não traz somente o acesso 
à escola, mas o pleno desenvolvimento das pessoas a partir da educação, o que 
denota a pertinência de uma educação de qualidade. Sendo que a CF em seu art. 
205, VII, menciona a “garantia de padrão de qualidade” do ensino, ou seja, não apenas 
o acesso de crianças e adolescentes a escola, mas um ensino de qualidade. Garantia 
está também presente no inciso IX do art. 4º da LDB. 
Ao tratar sobre a educação à luz da Constituição Federal, tem-se que segundo 
a “[...] legislação brasileira, o direito à educação engloba os pais, o Estado e a 
comunidade em geral e os próprios educandos, mas é obrigação do Estado garantir 
esse direito, inclusive quando o assunto é qualidade. [...]” (Cabral, 2012). 
Em consonância com a Constituição Federal de 1988 a educação pública de 
qualidade é obrigação do Estado, sendo ainda o acesso ao ensino fundamental 
obrigatório e gratuito, um direito público subjetivo (Brasil, 1988). 
A Constituição Federal em seu art. 6º também preceitua que a educação faz 
parte dos direito sociais. Neste enfoque quando é negado a qualquer criança ou 
adolescente o seu direito de frequentar uma escola e receber um ensino de qualidade, 
possibilitando a construção de valores que o levam ao exercício da cidadania, se está 
negando um direito social amparado na Constituição Federal. 
Deste modo, conclui-se que as discussões sobre o que é qualidade na 
educação remontam a diversos aspectos, pois tem-se que esta qualidade origina-se 
de diversos indicadores: a qualidade da estrutura predial, organizacional e humana 
das escolas, além do aporte metodológico e didático que possibilita aos docentes 
oferecer um processo ensino-aprendizagem qualitativo. 
As Políticas Públicas Educacionais são de extrema importância no que se 
relaciona a tornar o ensino fundamental público mais qualitativo, em todos os âmbitos 
formando assim, verdadeiros cidadãos. 
O Brasil passou nas décadas de 70 e 80 por um processo de impedimento do 
crescimento intelectual e escolar. Neste sentido, a Constituição Federal de 1988, o 
Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990 e a LDB 9.394/1996 foram 
instrumentos da reconstrução de um país efetivamente democrático, em que a 
educação não apenas torna-se um direito de crianças e adolescentes, mas um dever 
do Poder Público, família, escola e toda a sociedade. 
 
37 
As alterações da LDB 9.394/1996 nos anos de 2005 e 2006, não modificaram 
a sua essência que constitui o alicerce de uma educação pública de qualidade 
efetivamente formadora de cidadãos aptos a construir uma nova sociedade. 
Aponta-se deste modo, que a Constituição Federal de 1988 se difere da maioria 
das constituições e instrumentos internacionais, não apenas tratou da educação, mas 
fez menção expressa a necessidade de que se ofereça uma educação pública de 
qualidade e acessível a todos. Sob o manto protetor deste instrumento, tornou-se 
assim, a educação de qualidade, um direito social5. 
6 DIREITO EDUCACIONAL E LEGISLAÇÃO DO ENSINO: A COMUNICAÇÃO 
INTERTEXTUAL 
Conforme já ressaltado, deve-se estabelecer as fronteiras semânticas entre 
Legislação do Ensino e Direito Educacional. Este possui unidade doutrinária, 
marcação teórica, sistematização de princípios e, ainda, metodologias estruturadoras 
de um corpo jurídico pleno e coerente. De acordo com conceituação de Melo Filho 
(1983, p.54), 
[...] pode ser entendido como um conjunto de técnicas, regras e instrumentos 
jurídicos sistematizados que objetivam disciplinar o compartilhamento 
humano relacionado à educação. 
A legislação do Ensino, por outro lado, é “uma pletora de normas que vão desde 
leis federais, estaduais, municipais, decretos do Poder Executivo, portarias 
ministeriais até estatutos e regimentos das escolas”. Importa dizer que o Direito 
Educacional compreende a Legislação do Ensino, porém, não se esgota nela. 
Pode-se afirmar que o Direito Educacional, a par do desenvolvimento da 
educação, resulta do próprio desenvolvimento das ciências jurídicas, na perspectiva 
posta por Paulo NADER (1996), segundo a qual 
[...] a árvore jurídica, a cada dia que passa, torna-se mais densa, com o 
surgimento de novos ramos que, em permanente adequação às 
transformações sociais, especializam-se em sub-ramos (NADER, 1996, p.2). 
 
5 Texto extraído do link: http://periodicos.ufc.br/labor/article/view/6627/4851. 
 
38 
Esta concepção hospeda-se in totum no pensamento do jurista Celso Afonso 
Bandeira de MELLO (1995, p.23), ao formular a seguinte definição lapidar para ramo 
do Direito: 
Diz-se que há uma disciplina jurídica autônoma quando corresponde a um 
conjunto sistematizado de princípios e normas que lhe dão identidade, 
diferenciando-se das demais ramificações. 
Como disciplina recente no palco acadêmico, o Direito Educacional extrapola 
os limites da legislação, entendida esta como “uma coleção de leis esparsas, e 
encorpa um sistema jurídico dotado de unidade doutrinária e precisos objetivos...”, 
para usar expressões de Sussekind e Boaventura (1996, p.46). 
Em conclusão, o Direito Educacional compõe o campo do Direito Positivo ao 
ocupar-se do universo constituinte do ordenamento normativo coativo do complexo 
campo da educação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) 
põe-se como código central deste ordenamento, desdobrada e complementada por 
um entranhado de leis conexas e estatutos normativos complementares. Todo este 
universo legal e normativo enraíza-se na seção especial da Constituição Federal, 
cujos princípios fundantes aí se veem inscritos. 
Ao lado do direito público subjetivo à educação, há o dever do Estado não 
apenas de garantir este direito, mas também de assegurar, à cidadania concreta, o 
acesso à justiça para postular, quando for o caso, tal direito. Ferraz (1982/1983, p.28-
29.) é conclusiva nesta percepção, como se vê: 
Existe o direito educacional no sentido objetivo, ou seja, no sentido de um 
conjunto, de um riquíssimo conjunto de normas e princípios jurídicos 
regulamentadores da atividade educacional, desenvolvidas pelo Estado e pelas 
pessoas e entidades particulares, por ele autorizadas e fiscalizadas. Tais normas e 
princípios possuem uma suficiente especificidade para merecer tratamento científico 
por parte da dogmática jurídica, sendo considerados uma categoria e um capítulo do 
direito administrativo, quando não numa linha mais ambiciosa, um ramo dessa 
disciplina, ou até mesmo, uma disciplina autônoma, exatamente porque a matéria 
tratada por essas leis – a educação – é de uma tal especificidade, de uma tal 
dignidade, diz tão de perto o respeito ao maior interesse da criatura humana, que é a 
educação, que deveria ser regulada em capítulo à parte, para bem, até mesmo, do 
Poder Judiciário, na hora de aplicar a lei. 
 
39 
6.1 O Estado Democrático, os Direitos Fundamentais Prestacionais e a Ordem 
da Cidadania Qualificada 
A concepção de

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