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Psicologia Comportamental - VIOLÊNCIA APRENDIDA

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NOME: PATRÍCIA FERNANDES LOURENÇO BORGES 
TURMA: SERVIÇO SOCIAL 1 
 
 
PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL – VIOLÊNCIA APRENDIDA 
 
Podemos confundir a história da violência com a história do próprio homem. 
Isso levou a embates filosóficos de correntes opostas onde enquanto para alguns os 
homens são essencialmente bons e o meio que os corrompe, outros defendem 
radicalmente o oposto, que esse seria essencialmente mau e o processo civilizatório o 
tornaria com menos propensão a violência. 
A psicologia comportamental nesse contexto surge inicialmente como uma terceira via, 
onde o homem era visto como uma tábula rasa onde seria possível molda-lo 
livremente em qualquer coisa caso os condicionamentos fossem corretamente 
empregados. Isso fica deveras claro para Watson e outros behavioristas considerados 
metodológicos, podendo ser claramente percebido na frase: 
 
"Dê-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e meu 
próprio mundo especificado para criá-los e eu vou garantir a tomar 
qualquer uma ao acaso e treiná-lo para se transformar em qualquer 
tipo de especialista que eu selecione - advogado, médico, artista, 
comerciante-chefe, e, sim, mesmo mendigo e ladrão, 
independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências, 
habilidades, vocações e raça de seus antepassados. (Watson) 
 
Pouco depois outra corrente propõe o que ficou conhecido como o behaviorismo 
radical, liderada por Burrhus Frederic Skinner, conhecido como B. F. Skinner, foi um 
psicólogo behaviorista, inventor e filósofo norte-americano, considerava o livre arbítrio 
uma ilusão e ação humana dependente das consequências de ações anteriores. 
Baseia-se na ideia de que o aprendizado ocorre em função de mudança no 
comportamento manifesto, onde para ele tudo era reduzido ao comportamento, 
embora esse não negue os níveis de seleção filo e ontogenética dos indivíduos. 
Skinner sistematicamente descreveu o mentalismo como um obstáculo para a 
resolução dos problemas humanos. Segundo ele, a adoção desse modelo explicativo 
acabaria por encobrir as variáveis críticas, acessíveis e manipuláveis, que estariam na 
base da produção e/ou manutenção dos problemas sociais, especialmente os 
comportamentais. 
Skinner (1990) argumenta, ainda, que o fenômeno comportamental só será conhecido 
em todas as suas dimensões, com a reunião dos saberes produzido pela Etologia, 
pela Análise do Comportamento e por uma parte da Antropologia (encarregadas dos 
acima citados três níveis de contingências, respectivamente) e pela Fisiologia 
(encarregada do organismo que se comporta). 
A palavra chave da teoria de Skinner é comportamento. 
De acordo com Skinner, o seu interesse está em compreender o comportamento 
humano, não e manipulá-lo. 
É importante salientar que para Skinner seria o meio o principal responsável por 
selecionar os comportamentos que seriam reforçados em decorrência das interações 
que tenderiam a reforçar ou punir determinados comportamentos, fazendo assim que 
aumente ou reduza a chance que esses comportamentos sejam novamente repetidos. 
Para Skinner, algo que aumente a chance da ocorrência de um comportamento é 
considerado um reforçador, esse podendo ser positivo ou negativo, porém isso essas 
palavras não apresentam a menor relação com valores morais sobre determinados 
atos. Positivo estaria relacionado com a adição de um estimulo enquanto negativo 
teria relação com a retirada de um estimulo do ambiente. Por exemplo: uma criança 
fazendo birra em um supermercado porque quer receber um doce da mãe, quando a 
mãe entrega o doce para a criança e diz que será a última vez que ela fará isso, na 
verdade o que ela acabou de fazer foi reforçar o comportamento birra, com um reforço 
positivo que nesse caso é o doce. Ao passo que um reforçador negativo, se da quando 
um estimulo aversivo é retirado do ambiente. Imaginemos que a uma criança 
encontra-se fazendo birra para não almoçar, por no prato ter uma porção de espinafre. 
No momento que a mãe retira o espinafre do prato, ela novamente acabou de reforçar 
o comportamento de birra, agora por um reforçador negativo, tendo em mente que ela 
retirou o estimulo aversivo, nesse caso o espinafre, do prato da criança. 
O mesmo raciocínio vale para punição; quando a criança está fazendo birra e a mãe 
lhe aplica algumas palmadas, ela está lhe aplicando uma punição positiva, pois 
adicionou o estimulo aversivo palmada a situação. Enquanto em outro momento a mãe 
decide retirar o celular da criança por ela se encontrar fazendo birra, nesse caso 
aconteceu uma punição negativa, pois foi retirado um reforçador da criança, nesse 
caso o celular. Vale destacar que segundo Skinner a punição ensinaria apenas o 
organismo a evitar o estimulo aversivo enquanto o reforço levaria a ampliação de 
repertório e a internalização de novos comportamentos. 
Com base nisso podemos pensar uma parte do problema da violência a luz da 
psicologia comportamental. Uma criança que vive em um ambiente violento, pode em 
algum momento começar a brigar na escola em decorrência do bullying constante. Se 
quando ela começa a responder o bullying com violência a frequência que ele ocorre 
reduz, é muito provável que agora em outras situações como essa, a criança irá 
responder novamente com violência, tendo em vista que diminuiu a ocorrência de um 
estimulo aversivo, nesse caso o bullying. 
Se pensarmos em uma outra situação onde ocorre acentuada desigualdade social, por 
vezes um adolescente estará com fome. Nesse contexto ele começa a praticar 
pequenos furtos, fazendo com que assim ele consiga dinheiro para se alimentar 
melhor. Mais uma vez a chance do comportamento de roubar pequenos furtos 
aumenta consideravelmente, tendo em vista que o estimulo aversivo fome, foi retirado. 
Em um terceiro cenário, um adolescente é convidado a participar de um famoso 157 
(assalto a mão armada), ao realizar o assalto, o mesmo é parabenizado por alguns 
outros membros da comunidade por quem ele nutre admiração. Nesse caso, o elogio 
funcionará como um reforçador positivo, que aumentará a probabilidade que ele repita 
novamente esse tipo de situação. 
Outro ponto importante para pensarmos a questão da violência, nos foi fornecido por 
Albert Bandura e seu clássico experimento do João bobo. Foi um experimento feito, 
que usou como um estudo de agressão, um experimento sobre aprendizagem de 
padrões comportamentais agressivos. Bandura propõe que comportamentos são 
aprendidos socialmente observando e imitando outras pessoas. No estudo do “João 
Bobo” ele queria ver se a observação de comportamentos agressivos levaria a 
imitação dos mesmos comportamentos por crianças. As crianças foram colocadas em 
grupos, sendo três grupos no total: um dos grupos era o modelo observando a 
agressão, outro grupo o modelo observando a não agressão, por último o grupo de 
controle sem nenhum modelo. O modelo de agressão, crianças do grupo iria observar 
adultos que agem de forma agressiva em direção ao “Jõao Bobo”, um palhaço inflável, 
perfurando, batendo com um martelo, jogando o boneco no chão e gritando. Os 
modelos de não agressão ignoraram o “João Bobo” e brincaram com os demais 
brinquedos da sala. Em seguida, as crianças foram colocadas em uma sala com um 
“João Bobo” e outros brinquedos e observaram por 20 minutos, os resultados 
mostraram que as crianças do grupo de agressão eram muito mais propensas a se 
envolverem com comportamentos agressivos com o “João Bobo” em comparação com 
os grupos de não agressão e de controle. Isso apoia a teoria de aprendizagem social 
em que crianças observam os comportamentos dos modelos de referência e os 
imitam. 
Bandura nos mostra que uma criança que nunca teve contato com o João bobo, ao 
observar um adulto realizando um comportamento violento para com o boneco irá 
repetir novamente esse comportamento violento, ao passo que uma criança que não 
observa um adulto exibindo tais comportamentos,simplesmente tende a ignorar ou 
muita das vezes abraçar o boneco. Isso nos mostra outro processo importante 
conhecido como modelação, ou seja, o papel do modelo para a reprodução de novos 
comportamentos. 
Pensando agora na questão da violência, uma criança que presencia o pai praticando 
violência doméstica para com a mãe, tem grandes chances de reproduzir o mesmo 
comportamento quando possuir um companheiro. Da mesma forma que, um 
adolescente que observa toda a ostentação que normalmente acompanha a questão 
do tráfico em algumas comunidades, pode acabar se sentindo compelida a participar. 
Claro que não podemos esquecer que cada pessoa é única e deve ser olhada na sua 
especificidade, é importante que tomemos cuidado para não marginalizar esses 
grupos que vivem em situações onde são frequentemente mais expostos a 
criminalidade. Porém também não podemos fechar os olhos para o fato que a 
violência em locais onde os recursos são mais escassos, normalmente atinge 
porcentagens mais elevadas do que em locais onde as pessoas possuem uma 
condição que lhes permita uma vida mais digna. Por isso é imprescindível que se 
cobre por parte dos governantes a efetivação de políticas públicas que visem reduzir a 
imensa desigualdade social presente em nossa sociedade, fazendo com que assim 
todos tenham condição de exercer a sua cidadania com dignidade. 
Os comportamentos violentos são gerados por ambientes coercitivos. A punição é 
usada para tentar, por definição, reduzir a frequência desses padrões. Mas tais 
padrões foram gerados previamente e continuam a ser gerados. O combate à 
violência por meio do aumento e eficiência das vias de repressão mascara o problema 
original: De onde vêm os marginais? Qual a gênese de um crime? Qualquer combate 
sério ao problema deveria começar com um amplo e rigoroso diagnóstico dos 
diferentes tipos de crime, suas fontes e suas variáveis ambientais históricas e 
imediatas de controle. Esse mapeamento funcional deveria ser usado para uma 
política preventiva, na qual mudanças reais e profundas nos arranjos sociais e 
econômicos fossem implementadas, melhores condições de saúde, educação, 
emprego, moradia, saneamento básico, lazer, etc. para todos. Funcionalmente, acesso 
aos reforçadores primários e condicionados disponíveis em um grupo.

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