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Mandado de Segurança

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EXCELENTISSÍMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 3ª VARA DE EXECUÇÃO FISCAL DE BELÉM.
Processo n.º 0832027-45.2019.8.14.0301
A.P DAS CHAVES COMÉRCIO E INDÚSTRIA – ME, já devidamente qualificada nos autos em epígrafe, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por sua procuradora ao final assinada, nos autos do MANDADO DE SEGURANÇA, impetrado contra ato do DIRETOR DE ARRECADAÇÃO E INFORMAÇÃO FAZENDÁRIA DA AGÊNCIA DE ARRECADAÇÃO DA SECRETÁRIA DE FAZENDA DO ESTADO DO PARÁ (SEFA-PA) E ESTADO DO PARÁ, também qualificados, inconformado, data vênia, com a sentença que denegou a segurança e revogou medida liminar, com fundamento nos artigos 1.009 e seguintes do CPC de 2015 interpor RECURSO DE APELAÇÃO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO, com fulcro nos artigos 1.009 e seguintes do CPC, pelos fatos e fundamentos jurídicos adiante expostos.
Requer seja recebido o presente recurso de apelação em duplo efeito, em conformidade com os artigos 1.012 e 1.013 e do CPC de 2015.
Pugnando por sua admissibilidade, requer o seu regular processamento e subida à apreciação do Egrégio Tribunal de Justiça do Pará, que ao final reformará a sentença guerreada.
Respeitosamente, pede deferimento.
Belém/PA, sexta-feira, 17 de julho de 2020.
Hellen Carolina dos Santos Vieira
Advogada
OAB/PA 20.082
EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARÁ.
MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0832027-45.2019.8.14.0301
APELANTE: A.P DAS CHAVES COMÉRCIO E INDÚSTRIA – ME
APELADO: DIRETOR DE ARRECADAÇÃO E INFORMAÇÃO FAZENDÁRIA DA AGÊNCIA DE ARRECADAÇÃO DA SECRETÁRIA DE FAZENDA DO ESTADO DO PARÁ (SEFA-PA) E ESTADO DO PARÁ
RAZÕES RECURSAIS,
Ilustres Julgadores,
1 – DA TEMPESTIVIDADE
	Como a sentença que denegou a segurança pretendida foi publicada em 26/06/2020 e o prazo para interposição do Recurso de Apelação de 15 dias úteis irá começar em 29.06.2020, contados apenas em dias úteis, em razão do novo CPC, é certo que o mesmo expirar-se-á em 17/07/2020, sendo desta forma, tempestivo o presente recurso.
2 – DO PREPARO
	O APELANTE está sob o pálio da Justiça Gratuita, assim, isento do preparo recursal.
3. DO INTERESSE RECURSAL
	Em breve e apertada síntese, temos que o referido Mandado de Segurança foi impetrado originalmente pela APELANTE na 3ª Vara de Execução Fiscal de Belém – PA, contra ato do DIRETOR DE ARRECADAÇÃO E INFORMAÇÃO FAZENDÁRIA DA AGÊNCIA DE ARRECADAÇÃO DA SECRETÁRIA DE FAZENDA DO ESTADO DO PARÁ (SEFA-PA) E ESTADO DO PARÁ, que suspendeu a inscrição Estadual da APELANTE junto à secretaria de Fazenda do Estado do Pará, o que a impediu o pleno exercício das atividades mercantis desenvolvidas como a emissão de notas fiscais para acobertar as operações mercantis por ela realizadas.
	Infelizmente, contrariando toda a expectativa da APELANTE, a segurança pleiteada foi negada.
	Entendeu a Ilma. Juíza, para negar a segurança que: “Isto porque, da análise dos autos, em especial das informações prestadas pela autoridade coatora (ID Num. 12673896), agente estatal, que goza, portanto, da presunção de legitimidade e veracidade de suas asserções, a razão pela qual se deu a suspensão da Inscrição Estadual não tem relação apenas com a existência de débitos tributários, mas sim porque a impetrante deixou de apresentar a DIEF (Declaração Econômica Fiscal) do período de 02/2019 e 03/2019, relatando, ainda, que as DIEFs competência 04/2019 e 07/2019 foram entregues com atraso e que a DIEF 08/2019 encontra-se em aberto, uma vez que teve seu envio rejeitado pelo sistema da SEFA por haver inconsistência nas informações registradas”, decidindo o feito nos seguintes termos:
Assim, o impetrante não comprovou cabalmente o que alega na inicial, ônus processual que lhe compete, uma vez que os atos administrativos em geral gozam de presunção de legitimidade e veracidade. 
Diante do exposto, denego a segurança pleiteada e, por via de consequência, revogo a medida liminar concedida nos presentes autos (ID Num. 12077115), nos termos da fundamentação.
	Contudo, não obstante todo o respeito e admiração devida a Ilma. Juíza sentenciante, não há como prosperar a ser mantida a decisão guerreada, eis que contrária a melhor direito e jurisprudência aplicáveis ao caso, como restará demonstrado ao final desta explanação.
4. DA TUTELA RECURSAL
Sabe-se que o art. 300 e seguintes, como o artigo 932 do CPC de 2015, preveem os requisitos para a concessão da antecipação da tutela recursal pelo relator, quais sejam a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Tais probabilidade são definidas no seguinte: No que tange a probabilidade do direito da Apelante, esta encontra materialização em todo arcabouço fático probatório que elencou em sua pela inicial, todos estes trazido aos autos com fundamento em legislação federal e na própria Constituição Federal.
Neste mesmo sentido, há evidente perigo de dano, uma vez que a sentença revogou a decisão liminar que determinava ao Apelado que “autoridade coatora promova a reativação/regularização da Inscrição Estadual da autora, Inscrição Estadual nº 15.221.946-3, para o exercício regular de sua atividade econômica;”. Desta feita, se a tutela recursal não for concedida por Vossa Excelência, a Apelante poderá ter maiores prejuízos caso a demanda recursal seja julgado procedente mais a frente. Ou seja, não só o perigo de dano ao Apelante está explícito que deixará de emitir suas notas fiscais, paralisando as suas atividades econômicas, como também há inequívoco risco ao resultado útil do processo caso não haja uma intervenção judicial imediata.
5. DA FUNDAMENTAÇÃO RECURSAL
	De acordo com o artigo, 5º, LXIX e LXX, da Constituição da República de 1988, e com a vigente Lei n.º 12.016, de 07 de agosto de 2009, o mandado de segurança é uma ação constitucional voltada à proteção de direito líquido e certo, não amparável por habeas corpus ou habeas data, na hipótese de ilegalidade ou abuso de poder por parte de autoridade pública ou de agente que esteja no exercício de atribuições do Poder Público.
HELLY LOPES MEIRELES leciona que: 
Quando a lei alude direito líquido e certo, está exigindo que esse direito se apresente com todos os requisitos para seu reconhecimento e exercício no momento da impetração. Em última análise, direito líquido e certo é direito comprovado de plano. Se depender de comprovação posterior, não é líquido nem certo, para fins de segurança. Evidentemente, o conceito de liquidez e certeza adotado pelo legislador do mandado de segurança não é o mesmo do legislador civil (CC, art. 1533). É um conceito impróprio e mal expresso alusivo a precisão de comprovação do direito quando deveria aludir a precisão e comprovação dos fatos e situações que ensejam o exercício desse direito. Por se exigir situações e fatos comprovados de plano é que não há instrução probatória no mandado de segurança (...) (in Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública... 30 ed. São Paulo: Malheiros, 2007. pp. 38-39).
 In casu, o APELADO sustenta que a inscrição estadual da APELANTE foi suspensa em decorrência do não cumprimento de obrigação acessória de entrega de Declarações Econômicas Fiscais (DIEF).
Nobre julgadores, foi juntado no juízo a quo e neste presente recurso o comprovante de suspensão de inscrição estadual o qual gerou para a APELANTE a proibição de emissão de envio de notas fiscais eletrônicas, supostamente realizada pela não comprovação da regularidade fiscal da entrega de Declarações Econômicas Fiscais (DIEF) e pela suposta existência de um débito fiscal que está sendo discutido em juízo.
O documento juntado aos autos de n.º 10986018 registra perfeitamente a suspensão do CNPJ da empresa por inaptidão, o que acarreta o bloqueio da emissão da Nota Fiscal.
Para o professor Hugo de Brito Machado, as sanções são “restrições ou proibições impostas ao contribuinte, como forma indireta de obriga-lo ao pagamento de tributo”. (Sanções Políticas no Direito Tribuário. In: Revista Dialética de Direito Tributário, n.º 30, p. 46, mar.1998).
Veja-se que a sanção política é um meio transverso paracobrança de débito, que impede a discussão do próprio valor eventualmente devido. Sem dúvida, o devedor que é ameaçado prefere quitar a dívida e prosseguir com suas atividade, do que ingressar com uma ação judicial para discutir a legalidade da cobrança.
Infelizmente, conquanto inconstitucionais, as sanções políticas são largamente praticadas pela Administração Tributária, que indiretamente obtém de maneira coativa o cumprimento da obrigação tributária. 
Ora, a Constituição da República de 1988, em seu art. 170, assegura a todos a livre concorrência e o livre exercício da atividade econômica que, só podem ser mitigados pro expressa previsão legal.
Ademais, o art. 5º, XIII da carta Magna eleva o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão como direito fundamental.
Por isso, toda a forma de imposição estatal que nãos seja autorizada pela Constituição e que venha, de alguma forma, impor restrições ao livre exercício de atividade econômica pelo cidadão é inconstitucional.
Com efeito, a prática de suspender a inscrição estadual da APELANTE, impedindo-a de exercer livremente a sua atividade empresarial, em razão de descumprimento de obrigação tributária, é sistemática e vigorosamente repelida pelos Tribunais, sendo inclusive objeto de várias súmulas do STF:
SÚMULA 70 
É INADMISSÍVEL A INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO COMO MEIO COERCITIVO PARA A COBRANÇA DE TRIBUTO.
SÚMULA 323 
É INADMISSÍVEL A APREENSÃO DE MERCADORIAS COMO MEIO COERCITIVO PARA PAGAMENTO DE TRIBUTOS.
SÚMULA 547 
NÃO É LÍCITO À AUTORIDADE PROIBIR QUE O CONTRIBUINTE EM DÉBITO ADQUIRA ESTAMPILHAS, DESPACHE MERCADORIAS NAS ALFÂNDEGAS E EXERÇA SUAS ATIVIDADES PROFSSIONAIS.
Desse modo, a imposição, pela autoridade fiscal, de restrições de índole punitiva, quando motivada tal limitação pela mera inadimplência do contribuinte, revela-se contrária às liberdades garantidas pela Constituição da República: livre concorrência e livre exercício da atividade econômica.
Diante disso, dúvidas não restam que, no âmbito do STF, a questão está assentada: o Fisco não pode tomar medidas administrativas que impeçam a atividade econômica de seus contribuintes com o fito de exigir o cumprimento de obrigações tributárias.
Também no STJ, o posicionamento não é diferente, em relação às sanções políticas. Confiram-se a Súmula 127, STJ: 
Súmula n. 127: "É ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado". 
Instado a apreciar a matéria, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu de forma reiterada a matéria, aqui citada analogicamente:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. PERIGO DE DANO. FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. BLOQUEIO DE INSCRIÇÃO ESTADUAL E NEGATIVA DE AUTORIZAÇÃO PARA EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS. PROIBICAO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ECONÔMICA. ILEGALIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO. I. Demonstrada a relevância dos fundamentos da impetração e a ameaça de perigo de dano irreparável ou de difícil reparação, concede-se a liminar em Mandado de Segurança. II. A proibição de emissão de notas fiscais eletrônicas pelo Poder Público encontra óbice no princípio constitucional da livre atividade econômica conforme preceitua o art. 170 da CR/88, dispondo a Administração Fazendária de meios próprios para a cobrança do tributo devido pelo contribuinte. III. Resta configurado o periculum in mora na medida em que a suspensão da inscrição estadual bem como a proibição de emissão de notas fiscais (DAPI), pode gerar danos econômicos e comerciais irreversíveis, de modo a impedir o regular exercício das atividades econômicas da empresa. (TJ-MG - AI: 10024132503970001 MG, Relator: Washington Ferreira, Data de Julgamento: 01/04/2014,  Câmaras Cíveis / 7ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 04/04/2014)
Desse entendimento acima, é possível vermos que não há duvidas sobre a plausibilidade de ilegalidade por parte da APELADA em suspender a Inscrição da empresa APELANTE, com o simples foco em receber divida ativa que ainda está sendo discutida em juízo de Execução Fiscal e sob alegações de não apresentação de Declarações Econômicas Fiscais. Todavia tal ato serve tão somente para prejudicar a empresa APELANTE, trazendo a ela grandes prejuízos comerciais, que podem futuramente se tornar insuportáveis.
É pertinente informar que as declarações Econômicas Fiscais da APELANTE encontram-se em dias. Contudo, a única irregularidade perante a empresa APELANTE é tão somente uma Dívida Ativa que está sendo discutida perante a 3ª Vara de Execuções Fiscais, sob o n.º do processo 0084156-70.2013.8.14.0301.
Assim, como não há outra irregularidade, pendente tão somente aquela que está sendo discutida em juízo, não pode o Requerido suspender a inscrição estadual da APELANTE com o único propósito de, por via transversa e ao arrepio da lei, compeli-la ao pagamento de débitos que ainda estão sendo discutidos em juízo. Além de absolutamente inconstitucional, faz-se contrária à jurisprudência pacífica dos Tribunais, que, de forma uníssona, rejeita a adoção de medidas que, com o único propósito de cobrar tributos, impedem o exercício da livre iniciativa e de qualquer trabalho, ofício ou profissão, assegurado pelos artigos 1º, inciso IV, 5º, inciso XIII, e 170 da Magna Carta, parágrafo único:
 
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.”
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.”
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvos nos casos previstos em lei.”
Tais disposições constitucionais caracterizam-se como dogma fundamental, pois impedem que o Estado atue com arbítrio em suas relações com os contribuintes que exercem profissões e atividades lícitas.
Cumpre destacar, por oportuno, que, no caso vertente o impetrado sequer observou os procedimentos prescritos pelo RICMS do Estado do Pará no tocante à suspensão da inscrição estadual. O artigo 150, do referido diploma legal, traz as hipóteses de suspensão, sendo certo que não há previsão para sua incidência na hipótese de existência de débitos tributários. Já o artigo 154, do mesmo regulamento, veicula as hipóteses de “Inaptidão da Inscrição” e, em nenhuma delas, consta que a existência de débitos pode acarretar a referida inaptidão.
De ressaltar, ainda, que, a suspensão da inscrição estadual foi feita de forma unilateral, sem propiciar, previamente, a APELANTE o exercício das garantias constitucionais da ampla defesa e contraditório. Absolutamente nulo, senão vejamos:
“EMENTA TRIBUTÁRIO.         PROCESSO ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DA INSCRIÇÃO ESTADUAL. NULIDADE. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DOS POSTULADOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA.
1. É nulo ato judicial que suspende a inscrição estadual de contribuinte quando, no procedimento administrativo tributário que ensejou punição, em flagrante contrariedade aos preceitos do contraditório e da ampla defesa, não foram apreciadas as impugnações apresentadas.
2. Recurso ordinário provido.” (STJ, RMS nº 15.204/ES, 2ª Turma, Rel. Min. João Otávio Noronha, j. 04.10.2005)
“EMENTA TRIBUTÁRIO - APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA - SUSPENSÃO DE INSCRIÇÃO FISCAL ESTADUAL - IMPOSSIBILIDADE- LIVRE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ECONÔMICA - RECURSO PROVIDO.
1       - A Fazenda Pública não pode utilizar-se da suspensão de inscrição fiscal do contribuinte como meio de coagi-lo a pagar tributos ou cumprir obrigações acessórias, inviabilizando o exercício de sua atividade econômica, em afronta ao disposto no artigo 170, parágrafo único, primeira parte, da Constituição da República.
2       - Sentença reformada.” (TJ-ES, Apel. nº 24030170476, 1ª Câmara Cível, Rel. Des. Annibal de Rezende Lima, j. 02.07.2013)
“Agravo de instrumento – negativa de liminar em MS – indevida suspensão preventiva da inscrição estadual no cadastro de contribuintes do ICMS – o Estado pode autuar eventuais crimes fiscais que forem apurados, mas não pode impedir o livre exercício de uma atividade aparentemente lícita – art. 19 da Portaria CAT 95/2006 não veda a concessão de efeito suspensivo para os casos de “suspensão” da inscrição estadual – decisão reformada.” (TJ-SP, AI nº 0142171-63.2012.8.26.0000, 12ª Câmara de Direito Público, Rel. Des. Venicio Salles, j. 07.11.2012)
Outro não é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Pará:
“EMENTA AGRAVO DE INSTURMENTO. TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. SUSPENSÃO DA INSCRIÇÃO ESTADUAL. PROIBIÇÃO DE EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS. LIMINAR CONCEDIDA PELO JUÍZ “A QUO”. LIVRE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. OBSERVÂNCIA DAS SÚMULAS 70 E 547 DO STF. DECISÃO MONOCRÁTICA NEGANDO SEGUIMENTO AO RECURSO.” (AI nº 0002587-09.2015.8.14.0000, 3ª Câmara Cível Isolada, Rel. Des. Roberto Gonçalves de Moura, j. 27.04.2015)
Dessa forma, demonstra-se claramente que o ato da autoridade APELADA, consistente na suspensão da inscrição estadual da APELANTE, além de ferir preceito constitucional, configura verdadeiro abuso de poder e ilegalidade já reconhecida reiteradamente por nossos Tribunais.
Portanto, comprovada a inexistência de justo motivo para a suspensão da inscrição estadual, bem como a inviabilização da atividade comercial da APELANTE, que pode a qualquer momento ficar impossibilitada de emitir notas fiscais para acobertar suas operações mercantis, faz-se imprescindível o reconhecimento da Apelação concedendo o Mandando de segurança e liminar de segurança para determinar à autoridade coatora permaneça com à regularização da situação cadastral até uma decisão definitiva do processo n.º 0084156-70.2013.8.14.0301 da 3ª Vara de Execução Fiscal.
6. DOS REQUERIMENTOS
Em face do exposto requer: 
a) Conceda a ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECUSAL, liminarmente em caráter de urgência, com intuito de impedir que o Apelado suspenda a Inscrição Estadual da Apelante, fazendo com que a Apelante fique impossibilitada de emitir notas fiscais;
b) A intimação do Apelado para que, querendo, apresente contrarrazões;
c) A admissibilidade deste recurso;
d) Que seja dado provimento ao presente recurso para reformar a sentença e conceder a segurança pleiteada para que o APELADO se abstenha de suspender a inscrição estadual da APELANTE, proibindo a mesma de emitir as notas fiscais necessárias para o bom andamento da empresa, que em caso de não concessão ela será compelida a encerrar as suas atividade, fechando as suas portas e causando enormes prejuízos de caráter financeiro e psicológicos aos proprietários da empresa que são pessoas idosas e que dependem tão somente dessa única renda.
Respeitosamente, pede deferimento.
Belém/PA, sexta-feira, 17 de julho de 2020.
Hellen Carolina dos Santos Vieira
Advogada
OAB/PA 20.082

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