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PROVA ORAL MAGISTRATURA FEDERAL – TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
PONTO 1 
Conteúdo
CONSTITUCIONAL: Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. Ordem Econômica e Financeira. Princípios Gerais da Atividade Econômica. Política Urbana. Política Agrícola e Fundiária. Reforma Agrária. Sistema Financeiro Nacional.	2
TRIBUTÁRIO: Sistema Constitucional Tributário Brasileiro. Elementos Constitutivos. Características. Crédito Tributário. Constituição. Suspensão. Extinção. Garantias. Privilégios. Administração Tributária. Exclusão. Planejamento Tributário.	22
ADMINISTRATIVO: Direito Administrativo. Conceito. Fontes. Interpretação e Aplicação da Lei Administrativa. Serviço Público. Conceito. Princípios. Autorização. Concessão. Permissão. Intervenção do Estado no Domínio Econômico. Caracteres Jurídicos. Garantias. Usuário. Extinção. Privatização. Agências Reguladoras.	60
PENAL - Introdução ao Direito Penal. Conceito, caracteres e função de Direito Penal. Princípios básicos. Relações com outros ramos do Direito. Direito Penal e política criminal. Criminologia. Crimes contra a pessoa (Código Penal). Crimes de Imprensa (Lei n. 5.250, de 9 fevereiro de 1967). Consequência da decisão do STF (não recepção da lei). Crimes de manipulação genética (Lei n. 8.974, de 5 de janeiro de 1995). Crimes contra o patrimônio (Código Penal). Crimes contra a propriedade imaterial: crimes contra a propriedade intelectual (Código Penal) e crimes contra o privilégio de invenção, contra as marcas e patentes e de concorrência desleal (Lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996).	153
PREVIDENCIÁRIO: Seguridade. Natureza, fontes e princípios. Eficácia e interpretação das normas de Seguridade.	251
CIVIL: Lei de Introdução às normas de Direito Brasileiro. Norma Jurídica: Conceito e Eficácia. Lei: Requisitos. Aplicação. Interpretação. Vigência. Eficácia Temporal. Direito Adquirido. Ato Jurídico Perfeito e Coisa Julgada como Garantias Constitucionais e o Direito Intertemporal. Prescrição e Decadência.	258
COMERCIAL: Direito Comercial. Origem. Evolução Histórica. Autonomia. Fontes. Características. Teoria da Empresa. Correlação e Distinção entre os Conceitos de Empresário, de Empresa e de Estabelecimento.	271
INTERNACIONAL PÚBLICO: DIP. Origem. Evolução histórica. Fontes.	288
INTERNACIONAL PRIVADO: Fontes do Direito Internacional Privado. As regras de conexão e os princípios da disciplina (ordem pública e direitos adquiridos). A LINDB e tratados ratificados pelo Brasil contendo regras de conexão.	299
PROCESSO CIVIL - Direito e os Conflitos de Interesses. Princípios Gerais do Processo Civil. Fontes. Lei Processual Civil. Eficácia. Aplicação. Interpretação. Direito Processual Intertemporal. Critérios. Processo Cautelar. Princípios Gerais. Poder Cautelar do Juiz. Medidas Cautelares Inominadas. Procedimentos Cautelares Específicos. Arresto. Sequestro. Caução. Exibição. Produção Antecipada de Provas. Justificação. Atentado. Tutelas de Urgência nos Tribunais. Busca e Apreensão. Protestos. Notificações. Interpelações..324
PROCESSO PENAL - Processo em geral. Direito processual penal: conceito e características. Princípios do processo penal. Fontes do direito processual penal. Aplicação do direito processual penal: lei processual no tempo e no espaço. Imunidades e prerrogativa de função. Interpretação da lei processual penal. Processo penal e Constituição. Convenções e tratados de Direito Processual Internacional relativos ao Processo Penal. Relações jurisdicionais com autoridades estrangeiras. Carta rogatória. Homologação de sentença estrangeira. Extradição, expulsão e deportação. Cooperação internacional em matéria penal....................334
AMBIENTAL. Conceito. Objeto. Princípios fundamentais. Recursos hídricos.................................................397
DIREITOS HUMANOS - Definição de direitos humanos. Princípios. Características. Sujeitos. Objeto. Fontes............................................................................................................................................................406 
ECONÔMICO. Conceito. Objeto. Competência legislativa. A decadência e a prescrição aplicadas às relações de consumo...................................................................................................................................................409
Princípios Institucionais da Magistratura: Poder Judiciário..............................................................421 
CONSTITUCIONAL: Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. Ordem Econômica e Financeira. Princípios Gerais da Atividade Econômica. Política Urbana. Política Agrícola e Fundiária. Reforma Agrária. Sistema Financeiro Nacional.
1)DIREITO CONSTITUCIONAL: “É a ciência encarregada de estudar a Teoria das Constituições e o ordenamento positivo dos Estados.” (BULOS, 2010p. 56). Para Pinto Ferreira é a ciência positiva da Constituição. Sempre a constituição será o centro. 
	Constitucionalismo: 
André Ramos Tavares (2006) sintetiza que “numa primeira acepção, emprega-se a referência ao movimento político-social com origens históricas bastante remotas, que pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. Numa segunda acepção, é identificado com a imposição de que haja cartas constitucionais escritas. Tem-se utilizado, numa terceira acepção possível, para indicar os propósitos mais latentes e atuais da função e posição das constituições nas diversas sociedades. Numa vertente mais restrita, o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado”. 
A primeira ideia de constitucionalismo está associada às pioneiras limitações ao poder do Estado. As raízes desse “movimento constitucional” são encontradas entre os hebreus, para quem as leis dos homens estariam limitadas pelos comandos divinos. Os povos hebreus, juntamente com as cidades-estados gregas formam o denominado constitucionalismo antigo. 
A segunda vertente do constitucionalismo aparece na idade média, com o surgimento da Magna Carta do Rei João Sem-Terra, de 1215. Ainda que seja mais identificada como um Documento instituidor de privilégios, a Magna Carta de 1215 representou, sem dúvida, uma limitação do poder real, tendo importância histórica para a evolução do constitucionalismo. 
O marco do constitucionalismo moderno está ligado a dois grandes acontecimentos do Séc. XVIII, símbolos da limitação do poder estatal, a saber: Constituição norte-americana, de 1787, e Revolução Francesa de 1789, e na consequente elaboração da Constituição francesa de 1791. 
André R. Tavares pontua que este novo modelo de constitucionalismo caracteriza-se “a) pela publicidade, permitindo amplo conhecimento da estrutura do poder e garantia de direitos; b) pela clareza, por ser um documento unificado, que afasta incertezas e dúvidas sobre os direitos e os limites do poder; c) pela segurança, justamente por proporcionar a clareza necessária à compreensão do poder.
O constitucionalismo moderno foi fortemente influenciado pelo iluminismo, movimento cultural surgido na Europa cujos expoentes, entre os quais se destaca Locke, Hobbes, Rousseau, Montesquieu, defendiam que as crenças religiosas e o misticismo, típicos da Idade Média, deveriam ceder espaço ao racionalismo. É a própria sociedade quem deve traçar seu rumo e decidir por quem e como deve ser governada, o que era inconciliável com a moral religiosa até então sedimentada. 
Por sua vez, o constitucionalismo contemporâneo surgiu após o fim da 2ª Guerra Mundial, quando o mundo ocidental sentiu a necessidade de reformular o conceito de Constituição, de maneira a não mais admitir como legítima a ação estatal que fragilizasse a dignidade da pessoa humana e outros valores como a justiça a paz social, ainda que supostamente amparada na lei. A ordem é que nenhum ordenamento jurídico, por mais democrático que se intitule, possa violar os direitos fundamentais, possa desrespeitar o postulado da dignidade humana, considerado valor universal pela Declaraçãodos Direitos de 1948. 
Não é por outra razão que o prof. André R.Tavares insere o constitucionalismo atual no fenômeno mais amplo da globalização, no qual qualquer ameaça à paz mundial afetará o interesse de todas as nações 
NeoConstitucionalismo: 
Daniel Sarmento registra que este conceito foi formulado sobretudo na Espanha e na Itália, mas que tem repercutido na doutrina brasileira a partir da divulgação da obra Neoconstitucionalismo, organizada pelo mexicano Miguel Carbonell, em 2003. Seus adeptos buscam embasamento em Dworkin, Alexy, Peter Härbele, Gustavo Zagrebelsky, Ferrajoli e Carlos Santiago Nino, mesmo que nenhum deles tenha se definido como neoconstitucionalista.
O fenômeno ocorrido na Europa Ocidental do pós-guerra foi o panorama histórico que ensejou seu advento. Sarmento destaca que “A percepção de que as maiorias políticas podem perpetrar ou acumpliar-se com a barbárie, como ocorrera no nazismo alemão, levou as novas constituições a criarem ou fortalecerem a jurisdição constitucional. (...)” As constituições do pós-guerra são marcadas por elevado teor axiológico, caracterizadas, ainda, pela abertura e indeterminação semântica, importando em sua aplicação pelo Judiciário a partir de novas técnicas e estilos hermenêuticos.
	
Assim, muitos dizem que moral e direito têm uma conexão necessária, cujo significado último é: “norma terrrivelmente injusta não tem validade jurídica, independentemente do que digam as fontes autorizadas do ordenamento”(frase de Gustav Radbruch, citada por Sarmento).
No Brasil, esse movimento só iniciou com a CF/88, eis que até então as constituições não eram vistas como autênticas normas. Neste contexto, os adeptos (Luís Roberto Barroso, Lênio Streck, Ana Paula de Barcellos etc.) e críticos (Dimitri, Humberto Ávila etc.) do neoconstitucionalismo apontam suas principais características como sendo: valorização dos princípios, adoção de métodos ou estilos mais abertos e flexíveis na hermenêutica jurídica, com destaque para a ponderação, abertura da argumentação jurídica à moral, reconhecimento e defesa da constitucionalização do Direito e do papel de destaque do Judiciário na Agenda de concretização dos valores constitucionais.
Sarmento aponta as principais críticas ao neoconstitucionalismo como sendo: (a) a de que seu pendor judicialista é antidemocrático; (b) a de que sua preferência por princípios e ponderação, em detrimento de regras de subsunção, é perigosa, sobretudo no Brasil, em função de singularidades de nossa cultura; e (c) a de que ele pode gerar uma panconstitucionalização do Direito, em detrimento da autonomia pública do cidadão e da autonomia privada do indivíduo.
O autor citado defende um neoconstituconalismo pensado como uma teoria constitucional que, sem descartar a importância das regras e da subsunção, abra espaço para os princípios e ponderação, tentando racionalizar o seu uso; seja visto como uma concepção que, sem desprezar o papel protagonista das instâncias democráticas na definição do Direito, reconheça e valorize a irradiação dos valores constitucionais pelo ordenamento, bem como a atuação firme do Judiciário para proteção e promoção dos direitos fundamentais e dos pressupostas da democracia; seja concebido como uma visão que conecte o Direito com exigências de justiça e moralidade crítica, sem enveredar pelas categorias metafísicas do jusnaturalismo.
	2) Constituição (conceito):
A palavra constituição, em sentido comum, está relacionada ao conjunto de elementos que constituem, que constroem determinado objeto. Do ponto de vista jurídico, a constituição é o documento que estabelece e disciplina o conjunto de elementos essenciais ao Estado. Se o Estado vai ser constituído, será necessário tratar de seus elementos (humano – povo, físico – território e político – soberania ou governo; há doutrinadores que acrescentam um 4o. elemento que é a finalidade (Mazzuoli)), que serão tratados pela CONSTITUIÇÃO.
O vocábulo constituição, em seu significado de ordenamento político do Estado, existe desde os primórdios. Aristóteles distinguia as leis do Estado daquelas que estabeleciam os seus alicerces e fundamentos. Cícero e Maquiavel, igualmente, distinguiam entre normas fundamentais e demais normas.
Não resta dúvida de que o termo Constituição é resultado de uma evolução histórica. Não obstante, tal como concebida hoje, a Constituição provém do racionalismo do século XVIII. Documentos elaborados anteriormente, como a Magna Carta (1215), que alguns autores afirmam terem sido formas rudimentares de leis fundamentais, não podem ser consideradas como Constituições, eis que o poder ainda não havia sido unificado nas mãos do Estado e não se poderia falar em Estado do Direito, estruturado por leis vigentes para toda a população. (Walber de Moura Agra).
No séc. XVIII, surge o PENSAMENTO ILUMINISTA. Supremacia do indivíduo. Impera a não-intervenção do Estado (LAISSEZ-FAIRE). MONTESQUIEU (ESPÍRITO DAS LEIS, marcou a ideia de separação dos poderes). São marcos fundamentais do constitucionalismo: 1787 (Constituição dos Estados Unidos[footnoteRef:1]) e 1789 (Revolução Francesa). Somente aqui começa a surgir a noção de constituição escrita. [1: 
] 
A doutrina aponta que Abade de Sieyès foi o formulador do conceito moderno de Constituição (através da publicação do livro “O que é o Terceiro Estado?”). Destaca-se, em seu pensamento, o deslocamento de eixo de legitimidade do poder político – antes calcado em bases teocráticas – para um substrato de legitimidade alicerçado na soberania da nação.
A partir do Séc. XIX, teve início o que se chamou de CONCEITO IDEAL DE CONSTITUIÇÃO (CANOTILHO):
 Toda nação deveria ter uma constituição que, por sua vez, deveria ter 03 elementos:
 Sistema de garantias da liberdade (implementado a partir da existência de direitos individuais e da participação popular no parlamento),
 Princípio da separação dos poderes (Montesquieu) e
 Forma escrita.
Esses elementos irradiaram por todo o mundo, com algumas variações: constituições não escritas, estados fundamentalistas. 
Já no Séc. XX, surgiu a ideia da RACIONALIZAÇÃO DO PODER, já não basta a previsão dos direitos fundamentais, é preciso garantir condições mínimas para que um poder democrático possa subsistir (crise econômica, minorias raciais em conflito, agitação extremista, ausência de tradição liberal e outros).
OBJETO DA CONSTITUIÇÃO: é a disciplina dos elementos constitutivos do Estado (meios de aquisição do poder, sistema de governo, forma de governo). Questão é saber se o objeto é DINÂMICO ou ESTÁTICO. É sempre dinâmico, porque a sociedade humana está sempre em evolução, sempre se modificando. 
	Existe Constituição sem Estado? Existe Estado sem Constituição?
	
	Estado sem CF (formal): Todo Estado sempre teve constituição material. A constituição formal, como nós a entendemos, surge apenas no século XVIII, mas ainda nos dias atuais é possível identificar Estados sem a existência de constituições formais (ex.: Inglaterra e Israel).
	CF sem Estado: Na União Europeia teve início um processo de criação de uma constituição europeia. A adoção de uma constituição não estava acompanhada da adoção de um Estado Europeu (seria a possibilidade da adoção de uma constituição sem a existência de um Estado correspondente.
	Conceito de constituição segundo José Afonso da Silva: “consiste em um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício do Poder, o estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua atuação.”
	CONCEPÇÕES DO CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO: [maneiras de encarar o fenômeno constitucional]
	1) CONCEPÇÃO SOCIOLÓGICA [Ferdinand Lassale – Essência da Constituição] - constituição é a soma dos FATORES REAIS DO PODER. Para LASSALE, constituição é o conjunto de forças sociais politicamente atuantes por sua múltipla natureza, econômica, cultura, militar, religiosa, profissional etc. Faz distinção entre Constituição real e Constituição escrita.
	CONSTITUIÇÃO REAL: é a constituição que reflete a soma dos fatores reais de poder de uma sociedade.
	CONSTITUIÇÃOESCRITA – é a constituição que não reflete os fatores reais de poder, por isso denominada mera FOLHA DE PAPEL. Se a CONSTITUIÇÃO ESCRITA vai DE ENCONTRO à CONSTITUIÇÃO REAL (SOMA DOS FATORES REAIS DE PODER), ocorrerá a prevalência DESTA em detrimento DAQUELA. Ex: limitação da taxa de juros a 12% ao mês.
	-Crítica: preocupa-se apenas com a dimensão FATO. A concepção sociológica não reconhece a constituição como instrumento de alteração da realidade, segundo sua visão, o único papel da constituição seria reconhecer fatores reais de poder existentes.
	2) CONCEPÇÃO POLÍTICA [Carl Shmitt – Teoria da Constituição] - constituição deve refletir as decisões políticas fundamentais (estrutura do Estado, direitos fundamentais). Faz distinção entre CONSTITUIÇÃO e LEI CONSTITUCIONAL.
	CONSTITUIÇÃO – é a DECISÃO POLÍTICA FUNDAMENTAL, esteja ou não no texto constitucional. Entende-se como DECISÃO POLÍTICA FUNDAMENTAL aquela que se refere aos assuntos relacionados à estrutura mínima do Estado como, por exemplo, a separação dos poderes, os direitos e garantias fundamentais (critério do CONTEÚDO). 
	LEI CONSTITUCIONAL – algo que está no texto constitucional, mas que não seja decisão política fundamental. Tem conteúdo de lei e forma de texto constitucional. A lei constitucional é o texto escrito que consagra normas que formalmente se submetem a um processo de elaboração diferenciada. (critério FORMAL)
	Carl Schmit escreve sobre a teoria DECISIONISTA (CONCEPCIONISTA), criado para situações anormais do Estado de Exceção (o nada jurídico). Segundo tal teoria, o direito só existe por essa decisão política que o permitiu existir, independente do que foi decidido. A CF é intangível, enquanto as leis constitucionais podem ser suspensas no estado de exceção. 
	- Pressuposto do Ordenamento Jurídico: DECISÃO POLÍTICA SOBERANA, que antecede a elaboração da própria CF, razão pela qual é ILIMITADO, pois á a decisão política soberana que define a própria CF, não sendo derivado dela. 
	- Pode Inexistir Estado ou Direito, mas sempre haverá a POLÍTICA (vontade política, preexistente da unidade política, que é a Nação);
		- soberano é quem decide sobre o Estado;
Decisionismo	- não fundamenta regimes totalitários de exceção, mas foi usado (ex. nazismo);
		- Soberano	- Democracia: Povo
				- Monarquia: Rei
	3) CONCEPÇÃO JURÍDICA [Hans Kelsen – Teoria pura do direito] - constituição é norma pura, puro dever-ser, dissociada de qualquer fundamento sociológico, político ou filósofo. Faz distinção entre o SENTIDO JURÍDICO-POSITIVO e o SENTIDO LÓGICO-JURÍDICO.
	JURÍDICO-POSITIVO: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem (pirâmide das leis – princípio da compatibilidade vertical entre as normas inferiores e superiores). Quem escreveu muito sobre esse princípio foi o MAURICE HAURIOU. No topo da pirâmide, há uma norma suprema que impõe a compatibilidade para todas as inferiores, essa norma é a CONSTITUIÇÃO.
LÓGICO-JURÍDICO: a norma inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for superior. A constituição encontra o seu fundamento de validade, NÃO NO DIREITO POSTO, mas, no plano PRESSUPOSTO LÓGICO, tendo natureza jurídica, mas, em plano pressuposto, ou seja, a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, que é a constituição no sentido lógico-jurídico.
	
CONCEPÇÕES MODERNAS: Além das concepções clássicas, existem outras 03 concepções ou teorias, mais modernas:
TEORIA DA FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO (KONRAD HESSE[footnoteRef:2], no livro a força normativa da constituição) – é uma resposta ao Lassale. A constituição escrita NÃO necessariamente será a parte mais fraca no embate, pode ser que a constituição escrita seja capaz de redesenhar a soma dos fatores reais de poder, ela pode modificar o conjunto de forças da sociedade, modificando a sociedade; não existe interpretação constitucional desvinculada dos problemas concretos. [2: A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: a Constituição tem uma força normativa, não sendo somente uma folha de papel (LASSALLE). As questões jurídicas somente serão convertidas em questões de poder, caso não haja a satisfação de determinados pressupostos. O autor reconhece a existência de uma VONTADE DA CONSTITUIÇÃO, não só há a vontade do poder, há também a vontade da própria constituição. Deve ser reconhecida a força normativa da Constituição, sob pena de ser confundida com a Sociologia ou a Ciência Política. Não pode haver o isolamento entre a norma e a realidade, como propõe o positivismo. A constituição jurídica e a constituição real complementam-se, condicionam-se mutuamente, mas não dependem, pura e simplesmente, uma da outra.] 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO SIMBÓLICA (MARCELO NEVES, no livro constitucionalização simbólica) – a utilização da norma constitucional como símbolo, o legislador constituinte quando elabora o texto, tinha a real intenção de concretizar o que escrevia ou a intenção era somente entregar um símbolo à sociedade. Será que a constituição é para ser efetiva ou é para ser um símbolo. Nas constituições ditatoriais, também existe rol de direitos fundamentais, que não ocorrem no mundo dos fatos.
CONSTITUIÇÃO ABERTA (PAULO BONAVIDES, CARLOS ROBERTO CIRQUEIRA CASTRO) – o objeto da constituição é sempre dinâmico. A constituição deve ser o documento dinâmico que não será enclausurado em si mesmo. As necessidades sociais vão se espalhar por outros ramos, sob pena de ficar ultrapassada e ser condenada à morte. Está repleta de conceitos abertos: casa, meio ambiente ecologicamente equilibrado.
	3) CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES:
	1)critério: QUANTO AO CONTEÚDO
	a)CONSTITUIÇÃO FORMAL – constituição é toda norma que tenha passado por um processo de formação próprio. O simples fato de constar no corpo do texto constitucional já garante o status de norma constitucional, ainda que a matéria por ela tratada seja sem relevância. [ex.: art. 242, §2º, CF]
	
	b)CONSTITUIÇÃO MATERIAL – constituição é toda norma cujo conteúdo trate de uma das matérias de índole constitucional, como, por exemplo, organização do Estado, divisão dos poderes, direitos e garantias fundamentais.
	2)critério: QUANTO À FORMA
	a)CONSTITUIÇÃO ESCRITA OU INSTRUMENTAL – é a constituição sistematizada por um ÚNICO texto escrito (critério de Canotilho, José Afonso, Pedro Lenza e Alexandre Moraes)
	Alguns doutrinadores diferenciam CONSTITUIÇÃO ESCRITA CODIFICADA (constituição escrita que se encontra sistematizada em um documento único) e CONSTITUIÇÃO ESCRITA NÃO CODIFICADA OU CONSTITUIÇÃO LEGAL (constituição escrita que não se encontra sistematizada em um documento único). 
Com isso, alguns sustentam que, atualmente, o Brasil se enquadraria na Constituição LEGAL, em razão da EC 45/04 sobre tratados internacionais de direitos humanos (equiparação à emenda constitucional). 
 
	b)CONSTITUIÇÃO NÃO ESCRITA, COSTUMEIRA, CONSUETUDINÁRIA OU HISTÓRICA – é a constituição que não é sistematizada através em um ÚNICO texto escrito.
	“Atualmente a Constituição inglesa é praticamente toda escrita (“case law” e “staturoty Law”), de modo que os costumes (constitucional conventions) passaram a ser mera tradição. 
	Paulo Bonavides sustenta que hoje praticamente inexistem Constituição totalmente costumeira (sem existir textos) 
	3)critério: QUANTO À ORIGEM OU POSITIVAÇÃO
	a)CONSTITUIÇÃO PROMULGADA, DEMOCRÁTICA OU POPULAR - é a constituição elaborada pelo povo, fruto de uma Assembleia Constituinte. 
	b)CONSTITUIÇÃO OUTORGADA, NÃO DEMOCRÁTICA OU IMPOSTA - é a constituição imposta de maneira unilateral pelo agente revolucionário.
	-constituições brasileiras outorgadas: [1.824]; [1.937]; [1.967]; [EC 1/69].
	c)CONSTITUIÇÃO CESARISTA OU PLEBISCITÁRIA (Bonapartistas) - consulta popular depois que o texto esteja escrito, na verdade, é um referendo e não um plebiscito, que é anterior à tomada de decisão e à elaboração do texto.
	d)CONSTITUIÇÃO PACTUADA - é a constituição elaborada em decorrência do pacto realizado entre os vários titulares do poder constituinte que, em conjunto, elaboram a constituição. Compromisso de duas forças rivais (Monarquiae burguesia)
	CONSTITUIÇÃO: promulgada
	CARTA: outorgada	
	4)critério: QUANTO À ESTABILIDADE (alterabilidade, mutabilidade, consistência) 
	a)CONSTITUIÇÃO RÍGIDA - é a constituição que somente poderá ser alterada por meio de um processo legislativo específico, mais dificultoso que aquele utilizado para alteração do texto infraconstitucional. CF de 88. 
	b)CONSTITUIÇÃO FLEXÍVEL OU PLÁSTICA - é a constituição que pode ser alterada sem a necessidade de um processo específico e diferenciado. O processo legislativo de alteração da norma constitucional e da norma infraconstitucional é o mesmo. Exemplos: Constituição inglesa – soberania do parlamento (statute law); Estatuto do império da Itália de 1.848, e Constituição soviética de 1.924. Logo, não há hierarquia entre norma constitucional e legal, não havendo que se falar em controle de constitucionalidade. 
	c)CONSTITUIÇÃO SEMI-RÍGIDA OU SEMI-FLEXÍVEL - é a constituição que exige que apenas uma parte do seu texto seja alterado por processo legislativo diferenciado e mais dificultoso, quanto ao restante do texto é possível a alteração pelo procedimento ordinário.
Exemplo: Constituição de 1.824 (ÚNICA QUE não foi rígida) 
OBSERVAÇÃO: Constituição escrita não significa Constituição rígida. Pode haver Constituições escritas e ao mesmo tempo flexíveis. Constituição histórica não significa Constituição flexível. Em verdade, as Constituições históricas geralmente são rígidas.
	CONSTITUIÇÃO IMUTÁVEL (permanente, granítica ou intocáveis) – constituição que não admite alteração de seu texto.
	-a vontade constituinte se exaure na constituinte.
	-não existem mais, são “relíquias históricas” é necessário que a constituição acompanhe as evoluções sociais.
	CONSTITUIÇÃO FIXA - somente o poder constituinte originário é que pode alterar o texto constitucional.
	
	CONSTITUIÇÃO SUPER-RÍGIDA – [Maria Helena Diniz] é a constituição que possui um núcleo intangível.
	-para Alexandre de Moraes a CF/88, em decorrência da existência de cláusulas pétreas, deveria ser classificada como superrígida.
	-crítica: as cláusulas pétreas podem ser alteradas, o que o texto constitucional veda é a alteração tendente à eliminação delas do ordenamento.
	5)critério: QUANTO À EXTENSÃO
	a)CONSTITUIÇÃO SINTÉTICA (BREVE, SUMÁRIA, SUCINTA, BÁSICA)-
	b)CONSTITUIÇÃO ANALÍTICA (LONGA, AMPLA, EXTENSA DESENVOLVIDA, AMPLA)
	6)critério: QUANTO À FINALIDADE (Manoel Gonçalves)
	a)CONSTITUIÇÃO GARANTIA - constituição negativa; se destina tão somente a garantir direitos, estabelece liberdades públicas (direitos fundamentais de primeira geração/dimensão). Ex: Constituições liberais burguesas As constituições concisas assim o são em decorrência da finalidade adotada para a constituição, no caso uma constituição garantia.
	b)CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE (ANALÍTICA, PROGRAMÁTICA)- Além de estabelecer direitos individuais e sociais, prevê normas conhecidas como programáticas(tipo de norma de eficácia limitada), que procuram fixar metas, programas, políticas públicas, como valores a serem perseguidos pelo ente estatal, para o FUTURO. 
Principal teórico é o CANOTILHO, no livro constituição dirigente e vinculação do legislador, mas o próprio Canotilho fez um novo prefácio, afirmando que a constituição dirigente MORREU. Porque na realidade contemporânea, há outros mecanismos que são responsáveis pela programação da sociedade, a CF não é mais o único instrumento, no livro, CANOTILHO e a constituição dirigente. Existe o direito internacional e a constituição da comunidade européia.
	c)CONSTITUIÇÃO BALANÇO- De conotação socialista, oriunda principalmente da ex-União Soviética, representa um estágio no desenvolvimento das forças produtivas, porque são essas forças econômicas que moldam o arcabouço jurídico. Inspirada na teoria dos “fatores reais de poder”, de Lassale, ela deve registrar a organização estabelecida em determinado momento histórico. Com a evolução das forças econômicas deve haver uma alteração na estrutura jurídica, de modo que a Constituição sobra reflexo da infraestrutura econômica. (AGRA).
7) Quanto ao critério ontológico:
Existe ainda a CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA, que foi feita pelo KARL LOEWENSTEIN. Ele vai cotejar a constituição com o processo político:
NORMATIVA – o processo político da sociedade se ajusta à constituição, ou seja, a constituição que se impõe ao processo político;
NOMINAL – tem nome de constituição, mas cede ao processo político, ela se amolda a ele;
SEMÂNTICA – serve aos interesses dos detentores do poder político e não ao povo.
	
	8) Critério: QUANTO À IDEOLOGIA
	a)CONSTITUIÇÃO ORTODOXA –constituição elaborada com base em uma única linha ideológica.
	b)CONSTITUIÇÃO ECLÉTICA – elaborada com base em várias linhas de pensamento distintos. Possui várias contradições. Ex: CF BRA.
	9) Critério: QUANTO AO SISTEMA (Diogo de Figueiredo)
	a)CONSTITUIÇÃO PRINCIPIOLÓGICA –predominam os princípios (CF Brasil)
	b)CONSTITUIÇÃO PRECEITUAL – predominam as regras.
	10) Critério de André Tavares
	a)CONSTITUIÇÃO LIBERAL – Constituição negativa (liberdade públicas – direitos de 1. Dimensão) 
a)CONSTITUIÇÃO SOCIAL – Constituição positiva (direitos sociais – direitos de 2. Dimensão) 
	
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
	ORIGEM
	PROMULGADA (POPULAR)
	FORMA
	ESCRITA
	EXTENSÃO
	ANALÍTICA (PROLIXA)
	CONTEÚDO
	FORMAL (pode passar a ser considerada mista – bloco de constitucionalidade em função da EC 45)
	MODO DE ELABORAÇÃO
	DOGMÁTICA (CODIFICADA)
	ALTERABILIDADE
	RÍGIDA
	DOUTRINADORES
	MANUEL GONÇALVES
	CF GARANTIA, CF DIRIGENTE
	RAUL HORTA
	CF EXPANSIVA
	LOWENSTEIN
	CF NORMATIVA
	PINTO FERREIRA
	REDUZIDA (CRITÉRIO SISTEMÁTICO) ECLÉTICA (CRITÉRIO IDEOLÓGICO)
	4) ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO**** [CLASSIFICAÇÃO FEITA POR José Afonso]
	1)ELEMENTOS ORGÂNICOS: regulamentam a estrutura do Estado e do Poder.
	2)ELEMENTOS LIMITATIVOS: limitam a atuação do poder estatal e dão a tônica do Estado de Direito. Ex: direitos e garantias fundamentais.
	3)ELEMENTOS SÓCIOIDEOLÓGICOS: identificam a ideologia adotada pelo constituinte. Normas que revelam o caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado Social, intervencionista.
	4)ELEMENTOS DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL: asseguram a vigência das normas constitucionais em situações de conflito, garantem a defesa da constituição, do Estado e das instituições democráticas, premunindo os meios e as técnicas contra a sua alteração e infringência. Ex: estado de defesa, STF como tribunal constitucional, intervenção federal.
	5)ELEMENTOS FORMAIS DE APLICABILIDADE: estabelecem regras de aplicação da constituição. Ex: preâmbulo, ADCT.
	6) ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA ****– TÍTULO VII – ARTS. 170 A 192, DA CRFB
A ordem econômica indica o conjunto de normas tendentes a disciplinar o fenômeno econômico. É o plexo normativo, de natureza constitucional e infraconstitucional, no qual são fixadas a opção por um modelo econômico e a forma como deve se operar a intervenção do Estado no domínio econômico.
EROS ROBERTO GRAU define o Direito Econômico como sendo “o sistema normativo voltado à ordenação do processo econômico, mediante a regulação, sob o ponto de vista macrojurídico, da atividade econômica, de sorte a definir uma disciplina destinada à efetivação da política econômica estatal.”
Volta-se o Direito Econômico, portanto, à regulação macroeconômica, tais como: a renda nacional, emprego, preços, consumo, poupança, investimentos etc. Assim, do ponto de vista macrojurídico, permite-se destacar o Direito Econômico das normas jurídicas que tomam o fato econômico sob a ótica microjurídica (individual), por exemplo: o Direito Comercial, do Consumidor, do Trabalho etc.
Fundamentos da Ordem Econômica:
a) valorização do trabalho humano; e
b) livre-iniciativa
Finalidade da ordem econômica: assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social, afastando-se assim de um estado absenteísta nos moldes do liberalismo.
Os princípios gerais da atividade econômica estão previstos nos incisosdo art. 170CF/88.
	
****Princípios Gerais da Atividade Econômica****
	1)SOBERANIA NACIONAL
	A afirmação da soberania nacional econômica não supõe o isolamento econômico, mas antes, pelo contrário, a modernização da economia – e da sociedade – e a ruptura de nossa situação de dependência em relação às sociedades desenvolvidas.
	A previsão do art. 219 da CF (mercado interno como patrimônio nacional) representa uma decorrência do PRINCÍPIO DA SOBERANIA NACIONAL.
	2)PROPRIEDADE PRIVADA
	
	3)FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
	A propriedade transforma-se em PODER/DEVER. Daí que o proprietário DEVE TER PRODUTIVIDADE, GERAR RIQUEZA.
	Impõe ao proprietário o dever de exercê-la (a propriedade) em benefício de outrem e não, APENAS, de não a exercer em prejuízo de outrem. A função social da propriedade atua como fonte da imposição de comportamentos positivos – prestação de fazer, portanto, e não, de não fazer – ao detentor do poder que deflui a propriedade (Eros).
	 
	4)LIVRE CONCORRÊNCIA
	A ordem econômica requer um mercado competitivo, indispensável ao modelo capitalista. Assim, o princípio da livre concorrência impõe ao Estado abrigar uma ordem econômica fundada na rivalidade dos entes exploradores do mercado. Por este princípio, o mercado deve ser explorado pela maior quantidade de agentes possíveis, e o Direito deve garantir a entrada e a capacidade de concorrer a quem quer explorá-lo. A livre concorrência garante melhores condições de competitividade entre as empresas, forçando-as a um constante aprimoramento dos seus métodos tecnológicos, dos seus custos, enfim, na procura constante de criação de condições mais favoráveis ao consumidor. A CF diz que a lei deve reprimir o abuso de poder econômico que visar a dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros (art. 173, §4º).
- Livre iniciativa: é a possibilidade de todos poderem exercer a atividade econômica;
- Livre concorrência: cuida das regras do exercício da atividade econômica, para que o seu livre funcionamento não reste turbado pelo abuso do poder econômico;
	SÚMULA 646 STF: OFENDE o PRINCÍPIO DA LIVRE CONCORRÊNCIA LEI MUNICIPAL que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.
	5)DEFESA DO CONSUMIDOR
	6)DEFESA DO MEIO AMBIENTE
	
Traz a ideia de desenvolvimento sustentável, de modo que a atividade econômica deve estar orientada pela proteção e defesa do meio ambiente. Observar que a EC nº42/2003 estabeleceu, no art. 170, VI, CF, na defesa do meio ambiente, a possibilidade de tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.
	-o princípio justifica a assinatura do PROTOCOLO DE KYOTO, que estabelece compromisso com níveis de emissão de carbono na atmosfera.
	-outra situação que tem o PRINCÍPIO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE como fundamento é a existência de leis ambientais domésticas que exigem AUTORIZAÇÕES PRÉVIAS de órgãos ambientais (RIMA, etc). Complementa-se com leis urbanísticas (Estatuto da Cidade, Plano Diretor, Zoneamento, etc)
	
	7)REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS E SOCIAIS
	-o dispositivo justifica POLÍTICAS PÚBLICAS que favoreçam REGIÕES MAIS POBRES DO PAÍS e PLANOS e ÓRGÃOS DE DESENVOLVIMENTO E DE PLANEJAMENTO como SUDENE, SUFRAMA, BADESUL, etc;
	-viabiliza políticas públicas de redistribuição de renda (fome zero, bolsa escola, prouni, políticas afirmativas, etc).
	8)PLENO EMPREGO
	Requer a plena utilização dos recursos produtivos, especialmente no sentido de propiciar trabalho a todos quantos estejam em condições de exercer uma atividade produtiva.
	Aponta José Afonso da Silva que a esta norma “(...) [se] harmoniza, assim, com a regra de que a ordem econômica se funda na valorização do trabalho humano. Isso impede que o princípio seja considerado apenas como mera busca quantitativa, em que a economia absorva a força de trabalho disponível, como o consumo absorve mercadorias.” (Curso..., p. 771).
Trata-se de norma programática, estabelecendo um objetivo a ser atingido por meio atividade ulterior do legislador infraconstitucional. Exemplo: opção pela prioridade na manutenção dos empregos na nova lei de falências (Lei nº 11.101/2005), coloca o regime jurídico de insolvência empresarial em sintonia com os princípios constitucionais da ordem econômica.
	9)TRATAMENTO FAVORECIDO PARA AS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE
	Devem ser constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
	- forma de implementação de IGUALDADE MATERIAL no mercado.
	PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS :
	a) SUBSIDIARIEDADE: o poder público só pode atuar no mercado em situações constitucionais expressamente previstas. A regra é a de que o mercado deve ser resultado da atuação privada. [art. 173, CF]
	b) IGUALDADE: A Constituição estabelece a igualdade também na exploração da atividade econômica pelo Estado frente aos particulares e mesmo entre os próprios particulares, mas permite exceções: PROIBIÇÃO DO ABUSO DE PODER DE MERCADO, PROTEÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS.
	c) DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: resultado de políticas de pleno emprego. Amartya SEN fala em direito fundamental ao desenvolvimento.
	d) DEMOCRACIA ECONÔMICA: politização da economia.
	e) LIVRE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ECONÔMICA: deve ser observada a lei regulamentadora da profissão (OAB, CRM, CREA, etc.), registros em órgãos ambientais, sanitários, etc.
	CF Art. 170 (…) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
	RESPONSABILIDADE DO ESTADO EM RAZÃO DE DANOS DECORRENTES DA INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 
	-STF: jurisprudência atual [RE 422.941] [STJ - REsp 744.077; 614.048]
	Ainda que a intervenção seja legítima é possível que o agente econômico busque indenização. Responsabilidade objetiva do Estado – danos decorrentes de atos estatais comissivos, lícitos ou ilícitos, caracterizam responsabilidade objetiva.
Fixação de preços em valores abaixo da realidade e em desconformidade com a legislação aplicável ao setor: empecilho ao livre exercício da atividade econômica, com desrespeito ao princípio da livre iniciativa.
III.- Contrato celebrado com instituição privada para o estabelecimento de levantamentos que serviriam de embasamento para a fixação dos preços, nos termos da lei. Todavia, a fixação dos preços acabou realizada em valores inferiores. Essa conduta gerou danos patrimoniais ao agente econômico, vale dizer, à recorrente: obrigação de indenizar por parte do poder público. CF, art. 37, § 6º. IV. -Prejuízos apurados na instância ordinária, inclusive mediante perícia técnica. V. - RE conhecido e provido.
	6)POLÍTICA URBANA.**** ARTS. 182 E 183, DA CRFB
	A política urbana objetiva desenvolver as funções sociais da cidade e garantir o bem-estar da população, que, em geral, são a habitação e a livre circulação. O plano diretor do Município irá determinar quando a propriedade urbana cumprirá sua função social (art. 182, parágrafo 2, da CRFB).
PLANO DIRETOR: de acordo com o art. 182, §1, da CF, o Plano Diretor, obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana;
	A política urbana comporta duas dimensões: a) o desenvolvimento da rede de cidades (dimensão interurbana) e b) o desenvolvimento urbano no quadro do território municipal (intra-urbana). O art. 182 contemplou apenas esta última hipótese (intra-urbana) 
	Caso seja descumprida a função social da propriedade urbana (não edificação, não utilização ou subutilização), a Constituição autoriza a aplicação sucessiva das seguintes penas, a fim de viabilizar o aproveitamento adequado da área inserida no Plano Diretor:
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 4º- É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,      sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
	1) parcelamento e edificação compulsórios
	Para a incidência dessa sanção é necessário que o Município tenha plano diretor, ainda que possua menos de 20.000 habitantes.
	A lei 10257/2001, o Estatuto da Cidade, disciplina o procedimento anterior à desapropriação. A área sujeita a esta sanção tem que ser não parcelada, não edificada ou subutilizada. Cabe ao Poder executivo municipal notificar o dono do imóvel, devendo posteriormente averbar no Registro de Imóveis.
	A notificação tem como efeito dar início ao prazo de 1 ano para que o dono do imóvel apresente projeto de uso adequado do bem. Após o protocolo deste projeto tem um novo prazo de 2 anos a partir da aprovação pata implementá-lo. Caso não adote tais medidas inicia-se a progressividade do IPTU.
	2) progressividade de IPTU no tempo
	A progressividade do IPTU depende de lei específica, a alíquota aplicada em um ano não pode exceder o dobro da alíquota do ano anterior, observado o limite de 15%.
	Se, decorridos 5 anos do início do IPTU progressivo, o dono do imóvel não der destinação social, o imóvel poderá ser desapropriado.
	3)DESAPROPRIAÇÃO SANCIONATÓRIA POR DESCUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA (OU DESAPROPRIAÇÃO URBANA SANCIONATÓRIA)
	-legitimidade ativa: decretada pelo MUNICÍPIO em razão do não cumprimento da função social da propriedade urbana, diante do não atendimento às exigências fundamentais de ordenação da cidade, expressas no Plano Diretor (após as medidas do art. 182, §4.º, I e II)
	-indenização: a indenização é paga por títulos da dívida pública com prazo de resgate de até dez anos
	O Município tem o prazo de 5 anos para proceder ao adequado aproveitamento do imóvel desapropriado, a contar da sua incorporação ao patrimônio público, sob pena de improbidade administrativa.
	USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL URBANO OU PRO MISERO
	Não se exige a boa-fé e justo título. Prazo de 5 anos. Não pode ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano. Área limitada a 250 m2. Imóvel utilizado para moradia
	Existem dois critérios que diferenciam o imóvel urbano do imóvel rural:
	• Localização: é o critério topográfico – onde o imóvel se localiza; estando em município com mais de 20.000 habitantes, será considerado imóvel urbano;
	• Destinação: critério adotado pelo Estatuto da Terra, em que pouco importa a localização; havendo atividade rural, o imóvel será considerado rural. A Constituição Federal/88 não recepcionou o critério da destinação (utilizado pelo Estatuto da Terra), então será considerado urbano todo imóvel que estiver localizado em área urbana.
	A área do imóvel urbano, para ser objeto dessa usucapião, deverá possuir até 250m2. Caso o imóvel possua mais de 250m2, deve-se adotar o usucapião legal– aguardar o tempo previsto na lei para após, se for o caso, usucapir. Para todas as modalidades de usucapião, a posse deve obrigatoriamente ser justa (não violenta, não clandestina e não precária).
	O imóvel deve ainda servir de moradia própria ou familiar e ser o único; o possuidor deve estar na posse do imóvel por, no mínimo, cinco anos ininterruptos, não se admitindo a soma do prazo pelos antecessores. A Constituição Federal/88 exige que a própria pessoa esteja no imóvel por cinco anos, salvo nos casos de sucessão por morte.
Enunciados da IV Jornada de Direito Civil que constam do Livro do Couto:
Enunciado 313 – Arts.1.239 e 1.240. Quando a posse ocorre sobre área superior aos limites legais, não é possível a aquisição pela via da usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir.
317 – Art. 1.243. A accessio possessionis, de que trata o art. 1.243, primeira parte, do Código Civil, não encontra aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma legal, em face da normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191, respectivamente.
	7) POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA. ARTS. 187 A 191, DA CRFB***
a) Política agrícola: é a política que orienta, no interesse da economia rural, a atividade agropecuária, traçando planos, com a finalidade de harmonizá-la com o processo de industrialização do país e de melhorar a utilização da terra, implementando a produção, o aproveitamento da mão-de-obra rural e a colonização oficial e rural, atualizando a legislação e adaptando-a aos planos e programas de ação governamental, e ainda, elevando o nível de vida rural e concedendo benefícios e estímulos. 
b) Política fundiária: A política fundiária, por sua vez, difere da política agrícola, sendo um capítulo, uma parte especial desta, tendo em vista o disciplinamento da posse da terra e de seu uso adequado (função social da propriedade). Nesse contexto, a política fundiária deve visar e promover o acesso à terra daqueles que saibam produzir, dentro de uma sistemática moderna, especializada e profissionalizada.
	DISTINÇÃO: a política agrícola não importa modificação na estrutura das relações de produção e de propriedade fundiária e tem por objetivo propiciar facilidades, benefícios e incentivos. 
Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente: 
I - os instrumentos creditícios e fiscais;
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização;
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
IV - a assistência técnica e extensão rural;
V - o seguro agrícola;
VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
VIII - a habitação para o trabalhador rural.
§ 1º - Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
§ 2º - Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária.
	USUCAPIÃO CONSTITUCIONAL RURAL OU PRO LABORE
	Art. 191, CF; art. 1.239; NCC
	Não se exige boa-fé e justo título.
	Prazo de 5 anos. Não pode ser proprietário de imóvel rural ou urbano. Área limitada a 50 hectares. Moradia deve estar associada à produtividade do bem. 	
	
	8) REFORMA AGRÁRIA**** – ARTS. 184 A 186, DA CRFB
	
CONCEITO: de acordo com o §1º, do art. 1º, da Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra), “considera-se reforma agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade”.
Dessa forma, a reforma agrária deve ser entendida como o conjunto de notas e planejamentos estatais mediante intervenção do Estado na economia agrícola com a finalidade de promover a repartição da propriedade e renda fundiária.
A luta dos movimentos sociais pela reforma agrária tem fundamento constitucional. A reforma agrária não é questão ideológica, ela é um valor constitucionalmente reconhecido.
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 
§ 2º - O decretoque declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. 
§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. 
§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.
§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.
Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: 
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva. 
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
	Competência: União.
	Indenização: prévia e justa, mediante resgate de títulos da dívida pública em até 20 anos, a partir do segundo ano.
	Benfeitorias úteis e necessárias: devem ser pagas em dinheiro (observância do regime de precatórios é necessária).
Indenização das benfeitorias úteis de necessárias na desapropriação para reforma agrária e a necessidade de precatórios: o art. 184, § 1º da CF determina que o pagamento das benfeitorias necessárias e úteis deve ser feito em dinheiro, enquanto que o valor da terra nua será ressarcido em TDA. A discussão é se esse pagamento “em dinheiro” deve, ou não, ser realizado por meio dos precatórios (art. 100, CF). O entendimento do STF é de que o pagamento das benfeitorias úteis e necessárias deverá ser feito em atendimento ao art. 100 da CF, ou seja, deverá ocorrer por meio de precatório.
	-STJ - movimento popular visando implantar a reforma agrária configura direito coletivo, expressão da cidadania.
	INDENIZAÇÃO X COBERTURA FLORESTAL DA ÁREA DESAPROPRIADA - discussão quanto à inclusão do valor da área de preservação permanente no valor a ser indenizado em decorrência da desapropriação.
	a) IMPOSSIBILIDADE: somente haverá indenização se a ÁREA PUDER SER EXPLORADA ECONOMICAMENTE. A COBERTURA FLORESTAL em ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, por ser insuscetível de EXPLORAÇÃO ECONÔMICA, não deve contar no CÁLCULO DE INDENIZAÇÃO por DESAPROPRIAÇÃO. Art. 12, caput e parágrafo 2, da lei 8.629/93.
 
	STJ: o STJ, em diversas oportunidades, tem entendido que o valor atribuído à COBERTURA FLORESTAL, quando for INSUSCETÍVEL DE EXPLORAÇÃO ECONÔMICA, deve ser excluído da indenização. Apenas se houver plano de manejo aprovado para a área será possível a indenização.
	b)POSSIBILIDADE: sob pena de se ferir o PRINCÍPIO DA JUSTA INDENIZAÇÃO, o VALOR DA INDENIZAÇÃO deverá considerar as MATAS EXISTENTES, até mesmo aquelas integrantes de COBERTURA VEGETAL sujeita a PRESERVAÇÃO PERMANENTE.
	 STF: a área de cobertura vegetal sujeita à limitação legal e, consequentemente, à vedação de atividade extrativista não elimina o valor econômico das matas protegidas. Desapropriação por interesse social: inclusão, na indenização, da área de preservação permanente: precedentes.
	INDENIZAÇÃO E JAZIDA MINERAL: o STJ entendeu que, havendo legítima autorização, licença ou concessão, uma vez inviabilizada pelo Poder Público a exploração da jazida, há DIREITO À INDENIZAÇÃO, ainda que não exercida a atividade de exploração naquele momento. Trata-se na verdade, de indenização por LUCROS CESSANTES.
	9) SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
	Art. 192. O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL, estruturado de forma a PROMOVER O DESENVOLVIMENTO EQUILIBRADO DO PAÍS e a SERVIR AOS INTERESSES DA COLETIVIDADE, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por LEIS COMPLEMENTARES que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
	Há dois sistemas financeiros regulados na CF: a) o público, que envolve finanças e orçamentos públicos (art. 163 a 169); b) e o parapúblico, denominado Sistema Financeiro Nacional (art. 192). 
“O sistema financeiro nacional é entendido como o conjunto de órgãos, entidades e pessoas jurídicas que lidam com o fluxo de dinheiro e títulos, incluindo atividades que envolvam circulação de valores, incluindo o mercado financeiro em sentido estrito, de crédito, de câmbio e de capitais, bem como seguros, consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança.”
(José Paulo de Baltazr Jr., p. 259). 
	Objetivos:
	-DESENVOLVIMENTO EQUILIBRADO DO PAÍS
	-SERVIR AOS INTERESSES DA COLETIVIDADE
	-normatização: LEIS COMPLEMENTARES.
	-EC n 40/03: Desconstitucionalização da matéria relativa aos juros.
	
ESTABELECIMENTO DE LIMITES À POLÍTICA TARIFÁRIA PRATICADA PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 
	- o Banco Central estabeleceu limites às tarifas bancárias.
	-fundamentação:
	PARA A LIMITAÇÃO DAS TARIFAS BANCÁRIAS
	-[art. 192, CF] - o sistema financeiro nacional deve ser estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade.
	-[art. 170, capu, CF] – uma das finalidades que deve ser assegurada pela ordem econômica é a justiça social.
	-[art. 170, V, CF] – um dos princípios que deve ser observado pela ordem econômica é a defesa do consumidor.
	
	JUROS CONVENCIONAIS E INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS - prevalece o posicionamento de que a LEI DE USURA não é aplicada. Conforme o ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO NOS TRIBUNAIS, cabe ao CONSELHO MONETÁRIO a limitação da TAXA DE JUROS. [art. 4º, IX, Lei 4.595/64] Porém, a JURISPRUDÊNCIA limita a TAXA DE JUROS aplicada de forma ABUSIVA, o parâmetro que tem utilizado é a TAXA MÉDIA UTILIZADA PELO MERCADO, PRINCÍPIO DA BOA-FÉ e USOS E COSTUMES.
	STJ (súmula): é defeso ao juiz rever de ofício as cláusulas abusivas em contratos bancários.
	
	STJ (súmula): As instituições financeiras não se limitam ao limite de 12% para a cobrança de juros remuneratórios.
	-Capitalização dos juros bancários: - discussão quanto à periodicidade da capitalização dos juros bancários:
	a)CAPITALIZAÇÃO ANUAL: aplicação do ART. 591, NCC;
	b)CAPITALIZAÇÃO MENSAL: aplicação da MP Nº 2.170-36/2001.
	-STJ: decidiu que não se aplica o ART. 591 DO NCC em matéria de CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS BANCÁRIOS. Mesmo para os contratos de agentes do SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL celebrados posteriormente à vigência do novo Código Civil, que é lei ordinária, os juros remuneratórios não estão sujeitos à limitação, devendo ser cobrados na forma em que ajustados entre os contratantes.
	fundamento: prevalece a norma especial da MP sobre a norma geral do NCC.
	Tem-se, assim, que a partir de 31/3/2000 é facultado às instituições financeiras, em contratos sem regulação em lei específica, desde que expressamente contratado, cobrar a capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual, direito que não foi abolido com o advento da Lei n. 10.406/2002
	JUROS MORATÓRIOS NOS CONTRATOS BANCÁRIOS NÃO REGIDOS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA: STJ sumulou entendimento de que nos CONTRATOS BANCÁRIOS NÃO REGIDOS POR LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA, os JUROS MORATÓRIOS poderão ser fixados em até 1% AO MÊS. (SÚMULA 379 STJ)
	Ficam de fora da abrangência do novo mecanismo legal contratos como os da cédula rural.
	
	ADMINISTRADORAS DE CARTÃO DE CRÉDITO - as EMPRESAS ADMINISTRADORAS DE CARTÃO DE CRÉDITO são consideradas INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, por isso não se submetem às disposições da LEI DE USURA. [Súmula 283 STJ]
RESUMO
	**Conceito de ConstituiçãoCONCEITO IDEAL DE CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO MODERNO [CANOTILHO]
	
	a) DOCUMENTO ESCRITO
	Maior segurança aos governados quanto às arbitrariedades praticadas pelos governantes.
	b) PREVISÃO DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
	A história da evolução do constitucionalismo é semelhante à história da evolução dos direitos fundamentais. São conceitos que caminharam juntos na evolução da história humana. 
	c)LIMITAÇÃO AO PODER POR MEIO DE PROGRAMAS CONSTITUCIONAIS
	Conceito de constituição segundo José Afonso da Silva: “consiste em um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício do Poder, o estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua atuação.”
	** CLASSIFICAÇÃO DA Constituição
	
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
	ORIGEM
	PROMULGADA (POPULAR)
	FORMA
	ESCRITA
	EXTENSÃO
	ANALÍTICA (PROLIXA)
	CONTEÚDO
	FORMAL (pode passar a ser considerada mista – bloco de constitucionalidade em função da EC 45)
	MODO DE ELABORAÇÃO
	DOGMÁTICA (CODIFICADA)
	ALTERABILIDADE
	RÍGIDA
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	*****ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO**** [CLASSIFICAÇÃO FEITA POR José Afonso]
	1)ELEMENTOS ORGÂNICOS (estrutura do Estado)
	2)ELEMENTOS LIMITATIVOS (garantias fundamentais)
	3)ELEMENTOS SÓCIOIDEOLÓGICOS: (Estado individualista e o Estado Social, intervencionista.)
	4)ELEMENTOS DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL (garantem a defesa da constituição, Ex: estado de defesa, STF como tribunal constitucional, intervenção federal.)
	5)ELEMENTOS FORMAIS DE APLICABILIDADE (regras de aplicação da constituição. Ex: preâmbulo, ADCT).
	***ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA ****– TÍTULO VII – ARTS. 170 A 192, DA CRFB
	****Princípios Gerais da Atividade Econômica****
	1)SOBERANIA NACIONAL
	2)PROPRIEDADE PRIVADA
	3)FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
	4)LIVRE CONCORRÊNCIA
	5)DEFESA DO CONSUMIDOR
	6)DEFESA DO MEIO AMBIENTE
	7)REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS E SOCIAIS
	8)PLENO EMPREGO
	9)TRATAMENTO FAVORECIDO PARA AS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE
	****POLÍTICA URBANA.****
	A política urbana objetiva desenvolver as funções sociais da cidade e garantir o bem-estar da população, que, em geral, são a habitação e a livre circulação. O plano diretor do Município irá determinar quando a propriedade urbana cumprirá sua função social (art. 182, parágrafo 2, da CRFB).	A política urbana comporta duas dimensões: a) o desenvolvimento da rede de cidades (dimensão interurbana) e b) o desenvolvimento urbano no quadro do território municipal (intra-urbana). O art. 182 contemplou apenas esta última hipótese (intra-urbana) 
	**Política agrícola: é a política que orienta, no interesse da economia rural, a atividade agropecuária, traçando planos, com a finalidade de harmonizá-la com o processo de industrialização do país e de melhorar a utilização da terra, elevando o nível de vida rural e concedendo benefícios e estímulos. 	
	***Política fundiária: A política fundiária, por sua vez, difere da política agrícola, sendo um capítulo, uma parte especial desta, tendo em vista o disciplinamento da posse da terra e de seu uso adequado (função social da propriedade). 
	DISTINÇÃO: a política agrícola não importa modificação na estrutura das relações de produção e de propriedade fundiária e tem por objetivo propiciar facilidades, benefícios e incentivos. 
	****REFORMA AGRÁRIA****
	
CONCEITO: de acordo com o §1º, do art. 1º, da Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra), “considera-se reforma agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade”.
	****SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ****
	Art. 192. O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL, estruturado de forma a PROMOVER O DESENVOLVIMENTO EQUILIBRADO DO PAÍS e a SERVIR AOS INTERESSES DA COLETIVIDADE, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por LEIS COMPLEMENTARES que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)
	Há dois sistemas financeiros regulados na CF: a) o público, que envolve finanças e orçamentos públicos (art. 163 a 169); b) e o parapúblico, denominado Sistema Financeiro Nacional (art. 192). 
	Objetivos:
	-DESENVOLVIMENTO EQUILIBRADO DO PAÍS
	-SERVIR AOS INTERESSES DA COLETIVIDADE
	-normatização: LEIS COMPLEMENTARES.
	-EC n 40/03: Desconstitucionalização da matéria relativa aos juros.
	
TRIBUTÁRIO: Sistema Constitucional Tributário Brasileiro. Elementos Constitutivos. Características. Crédito Tributário. Constituição. Suspensão. Extinção. Garantias. Privilégios. Administração Tributária. Exclusão. Planejamento Tributário. 
	 Sistema Constitucional Tributário brasileiro. Elementos Constitutivos. Características.
A Constituição Federal tem um capítulo próprio para regular o Sistema Tributário Nacional (Capítulo I do Título VI; arts. 145 – 161), que nada mais é do que um complexo de normas (regras e princípios) que regulam as garantias e as obrigações dos contribuintes, bem como as regras que devem ser observadas pelos entes políticos quando da implementação e cobrança dos tributos, isto é, no processo produtivo de leis tributárias, mormente no que tange às competências tributárias. O sistema constitucional tributário, na definição de Geraldo ATALIBA, “é o conjunto de princípios constitucionais que informa o quadro orgânico de normas fundamentais e gerais de Direito Tributário vigentes em determinado país.”
	Elementos Constitutivos do Sistema Constitucional Tributário brasileiro [TRATAMENTO DO DIREITO TRIBUTÁRIO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL]
- DISCRIMINAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS;
- CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS EM ESPÉCIES E SUB-ESPÉCIES;
- ESTABELECIMENTO DA REGRA MATRIZ DAS VÁRIAS ESPÉCIES E SUB-ESPÉCIES DE TRIBUTOS;
- LIMITAÇÃO DO EXERCÍCIO DAS COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS;
	I)PRINCÍPIOS;
	II)IMUNIDADES.
- REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS.
	Características do Sistema Constitucional Tributário brasileiro: RIGIDEZ (não dá a Lei Maior ao legislador ordinário liberdade para desenhar-lhe qualquer traço fundamental) E COMPLEXIDADE. 
Define a constituição Federal o campo de cada uma dessas pessoas dotadas de competência tributária; exaustão e complexidade -; traça a Constituição Federal, nos artigos destinados ao estudo do Sistema tributário Nacional, todos os contornos do sistema, pouco relegando à legislação ordinária. Tal característica é habitualmente considerada, pelos estudiosos do Direito Tributário, como sendo conseqüência da rigidez. Em verdade, alguns doutrinadores afirmam que o sistema tributário nacional é um verdadeiro subsistema, que trata dos aspectos da imposição tributária pelo Estado, dos poderes exercidos por este na esfera tributária e das garantias dos contribuintes perante estes poderes.
	Direito Constitucional Tributário (Hugo, pgs. 50 – 58)
	Coloca Hugo que mesmo antes da Constituição de 1988 a relação necessária de subordinação do Direito Tributário ao Direito Constitucional já existia, tendo, já em 1960, Geraldo Ataliba disposto: 
“Como em todos os ramos do Direito, o tributário subordina-se visceralmente ao direito constitucional. Nele encontrando diretrizes, critérios e princípios informativos essenciais.
	O trato de quase todas as questões concretas de direito tributário, principalmente no Brasil – dado a feição rígida de nosso sistema constitucional tributário -	 exige, como preliminar, exame de aspectos constitucionais.
	Observação importante está em que o direito constitucional cuida precipuamente de limitar o poder tributário e condicionar seu exercício. Essa limitação tem dupla direção: é no sentido de fixar os lindes das competências entre os entes tributantes e conter estas competências (ou seu exercício) diante de certos direitos individuais mínimos, protegidos eficazmente por meio do remédio constitucional que se erige em sua garantia (mandado de segurança).”
	
	Com relação à hierarquia,Hugo de Brito expõe que dessa posição hierárquica decorrem limitações ao intérprete e ao aplicador e até mesmo ao elaborador das normas tributárias. Acrescenta que a limitação – imposta ao elaborador das normas - abrange a impossibilidade de alteração de conceitos, vale dizer, a regra segundo a qual os conceitos utilizados em uma norma de hierarquia superior não podem ser alterados por norma de hierarquia inferior, porque isto implicaria a destruição da hierarquia normativa. O que se está a dizer é que as normas constitucionais possuem uma densidade semântica mínima, que deve ser respeitada. 
	Adentrando na questão ligada às disposições constitucionais em matéria tributária, o autor coloca que se a Constituição partilha o poder de tributar entre pessoas jurídicas de direito público interno, e assim refere-se aos tributos de uma e aos das outras, com certeza estabelece a matéria de fato que o legislador de cada uma delas poderá utilizar para definir a hipótese de incidência do tributo de sua competência, isto é, o tributo que pode ser criado e cobrado por cada uma delas. A essa matéria de fato, constitucionalmente definida como limite da competência para a instituição do tributo, o autor denomina de âmbito constitucional do tributo (doutrinadores como Roque Carraza utilizam a expressão Perfil Constitucional do tributo ou norma-padrão de incidência ou arquétipo do tributo). Âmbito constitucional do tributo, como um conceito de direito positivo, é a delimitação da competência para instituir o tributo vista em determinadas normas de determinado ordenamento jurídico. Assim, se estamos em face da Constituição que atribui a competência para uma pessoa jurídica de direito público interno para instituir imposto sobre produtos industrializados, o significado da expressão produtos industrializados, compondo a delimitação da competência atribuída, delimita o âmbito constitucional desse imposto, e assim por diante. 
	
 Crédito Tributário. Constituição. Suspensão. Extinção. Garantias. Privilégios. Administração Tributária. Exclusão
1. CRÉDITO TRIBUTÁRIO
O crédito tributário representa o momento de exigibilidade da relação jurídico-tributária. Seu nascimento ocorre com o lançamento tributário (art. 142 do CTN), o que nos permite defini-lo como uma obrigação tributária “lançada” ou, com maior rigor terminológico, obrigação tributária em estado ativo. Observe o dispositivo, em sua parte inicial:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. (Grifo nosso)
 Com efeito, o lançamento é o instrumento que confere a exigibilidade à obrigação tributária (a inscrição em dívida ativa e extração da CDA confere exeqüibilidade), quantificando­-a (aferição do quantum debeatur) e qualificando-a (identificação do an debeatur). Em outras palavras, esta, sendo ilíquida e inexigível, carece dos atributos de certeza e liquidez, que se dão pela atuação do Fisco, por meio do lançamento. Com a formalização deste, não há que se falar em “obrigação tributária”, mas em crédito tributário.
Desse modo, o crédito tributário é a obrigação tributária tornada líquida e certa por intermédio do lançamento. Nesse passo, diz­-se, seguindo a linha de entendimento do STJ, que “o crédito tributário não surge com o fato gerador. Ele é constituído com o lançamento (artigo 142 do CTN)”. (REsp 250.306/DF, 1ª T., rel. Min. Garcia Vieira, j. 06­-06­-2000).
O fato gerador apenas constitui a obrigação tributária da qual decorrerá o crédito tributário. Portanto, tomando por base a tese encampada pelo do CTN (e adotada pelo Professor Ricardo Alexandre), é possível visualizar os dois momentos ora analisados da seguinte forma
2. LANÇAMENTO
Conceito: é o ato documental de cobrança por meio do qual se declara a obrigação tributária nascida do fato gerador, constituindo-se o crédito tributário. O lançamento é, como diz o art. 142 do CTN, ato privativo da autoridade fiscal. Isso porque é o modo de formalização do crédito tributário que é feito independentemente do reconhecimento do débito pelo contribuinte e mesmo contrariamente ao entendimento deste.
Natureza jurídica: o lançamento possui natureza jurídica mista:
•	Declaratória da Obrigação Tributária
•	Constitutiva do Crédito Tributário
Efeitos: o lançamento produz efeitos ex tunc (retroativos), pois o lançamento sempre se refere a evento passado, retroagindo no tempo para constituir crédito decorrente de obrigação surgida em momento pretérito. O lançamento é realizado em determinado momento na linha do tempo, mas sempre com os olhos voltados para um instante passado, o da ocorrência do fato gerador da respectiva obrigação.
Ato ou procedimento
Segundo a lei: procedimento
Segundo a doutrina: A maioria da doutrina entende que o lançamento é ato administrativo, apesar de ser resultante de um procedimento. O Professor Paulo de Barros entende que o lançamento é ato jurídico. Já Eduardo Sabbag entende que se trata de procedimento.
 
É ato administrativo vinculado.
Competência para lançar: é sempre ato privativo do Fisco. Leandro Paulsen refere que a constituição do crédito tributário pode ser feita por ato privativo do Fisco (lançamento) ou por ato de particular que faz as vezes do lançamento (declarações e outras confissões de débito)
Como os mais puristas afirmam que as competências privativas, ao contrário das exclusivas, são delegáveis, o mais correto, a rigor, seria afirmar que o Auditor Fiscal da Receita Federal tem competência exclusiva para lançar, pois tal competência é indelegável e insuscetível de avocação. 
Este é um dos fundamentos que justifica o entendimento do Supremo Tribunal Federal segundo o qual não se pode propor ação penal por crime de sonegação fiscal antes da conclusão do procedimento de lançamento (término do processo administrativo porventura instaurado), pois o juiz não tem competência para decidir acerca da existência ou não do crédito tributário cuja sonegação é alegada.
Outras formas de constituição do crédito tributário.
1) Declaração do contribuinte: “É inteiramente equivocada a afirmação, ainda corrente, de que o lançamento, feito pela autoridade fiscal, é instituto indispensável e sempre presente nos fenômenos tributários e que, ademais, é o único modo para efetivar a constituição do crédito tributário [...] não atribui ao Fisco a exclusividade de constituir o crédito tributário, nem está erigindo o lançamento como única forma para a sua constituição. A exclusividade, a que se refere o dispositivo, diz respeito apenas ao lançamento, mas não à constituição do crédito. [...] Ora, essa formalização (= constituição do crédito tributário) pode ocorrer por vários modos. Em primeiro lugar, pelo lançamento, nas suas diversas espécies. [...] Mas há outras formas de constituição do crédito tributário. "O fato de o cidadão-contribuinte não poder efetuar o lançamento não significa que ele não possa constituir o crédito tributário", observou, com inteira razão, Denise Lucena Cavalcante [...] A modalidade mais comum de constituição do crédito tributário sem que o seja por lançamento é a da apresentação, pelo contribuinte, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF” (extrato do voto no REsp 962379/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Seção, j. em 22/10/2008). 
Paulsen: Declarado o débito, portanto, resta formalizada a existência e liquidez do correspondente crédito. A jurisprudência é pacífica no sentido de que as declarações de débitos tributários cumprem o papel de formalização da existência do respectivo crédito. Neste sentido a Súmula 436 STJ: “A entrega da declaração pelo contribuinte, reconhecendo o débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer oura providência por parte do fisco”.
Formas de constituiçãopor declaração do contribuinte: a) declaração no lançamento por homologação; b) realização de depósito judicial em ações preventivas; c) declaração de compensação (há repercussão geral quanto à incidência da multa ex lege no caso de indeferimento); d) confissão de dívida para fins de parcelamento
2) Sentença trabalhista. Segundo o art. 114, VIII, CF, a Justiça do Trabalho deve promover a execução de ofício das contribuições sociais decorrentes das sentenças que proferir. Neste caso, a sentença trabalhista transitada em julgado constitui o crédito tributário.
Funções do lançamento:
a) verificar a ocorrência do fato gerador;
b)	identificar o sujeito passivo (art. 97, III, CTN);
c) determinar a matéria tributável (Base de Cálculo): visa reproduzir o espectro material de incidência, ou seja, ater­-se ao elemento nuclear do tributo exigível. Com o lançamento, permite­se a aferição do an debeatur (o “se devido”);
d) calcular o montante do tributo devido: permite­-se a aferição do quantum debeatur (o “quanto devido”).;
e)	aplicar a penalidade (multa), se for o caso: Nessa medida, o lançamento particulariza, concretamente, a exigibilidade da multa, definida, normativa, restritiva e abstratamente, na lei tributária (art. 97, V, CTN).
Legislação formal e material aplicável ao procedimento de lançamento: 
Quanto à estrutura da obrigação tributária (aspecto material) aplica-se a lei vigente ao momento do fato gerador, porém normas relativas procedimentos, prerrogativas ou formalidades adstritas ao lançamento (sem relação direta com o aspecto material) poderão ser aplicadas retroativamente. Observação: o aspecto pessoal (identificação do sujeito passivo) integra a estrutura da obrigação tributária e, por isso, não pode ser alvo retroação (não pode retroagir norma que atribui responsabilidade a terceiros)
Taxa de câmbio aplicável ao procedimento de lançamento: Art. 143 do CTN. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.
Alteração do lançamento regularmente notificado: após a realização do lançamento, a autoridade administrativa precisa comunicá-lo oficialmente. É a notificação que confere efeitos ao lançamento realizado (STJ: é imprescindível que conste da notificação o prazo para defesa que o contribuinte dispõe para apresentar impugnação). Com a notificação, o lançamento se presume definitivo. A regra passa a ser que o mesmo não mais será alterado. O CTN traz, em seu art. 145, as exceções:
a) impugnação pelo sujeito passivo: A impugnação constitui, portanto, uma maneira legal de se insurgir contra a pretensão do Fisco, instaurando um litígio; tudo em plena consonância com as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. O objetivo do sujeito passivo com a impugnação é desconstituir ou alterar o lançamento realizado. O acatamento total ou parcial da impugnação formulada terá como consequência a anulação (ou alteração) do lançamento realizado. O Superior Tribunal de Justiça entende irregular a notificação e, por conseguinte, nulo o lançamento a que esta visava a dar eficácia, quando não se abre prazo para que o sujeito passivo, querendo, exerça seu direito de impugnação (REsp 1.227.676/PR). Registre-se, contudo, que a impugnação pelo sujeito passivo pode resultar em agravamento da exigência contra ele formalizada se, por exemplo, em diligência ou perícia determinada pela autoridade julgadora, for verificada alguma incorreção ou omissão. Nessa hipótese, será realizado um lançamento suplementar, com a consequente devolução do prazo para impugnação relativa à parte modificada. Não há, portanto, proibição de alteração para pior (reformatio in pejus) no processo administrativo fiscal, uma vez que, nessa seara, deve ser observado o princípio da verdade material;
b) recurso de ofício e recurso voluntário: O instituto que o CTN denominou “recurso de ofício” corresponde ao que hoje a doutrina processualista denomina “remessa necessária”, ou “reexame necessário”, ou “duplo grau obrigatório”. Em se tratando de processo administrativo fiscal, se o sujeito passivo discordou de lançamento realizado, impugnando-o, e a autoridade julgadora do processo administrativo instaurado, concordando total ou parcialmente com os argumentos da impugnação, desconstituiu total ou parcialmente o crédito, liberando o contribuinte de montante acima de determinado valor (denominado “valor de alçada”), o processo necessariamente será remetido à segunda instância (na esfera federal o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais);
c) iniciativa de ofício da autoridade administrativa: Verificado um vício no ato praticado, tem a Administração Tributária o poder-dever de corrigi-lo, independentemente de provocação do particular, em homenagem ao princípio da legalidade e ao seu corolário, o princípio da autotutela.
Erro de direito e erro de fato – possibilidade de alteração do lançamento. 
Art. 146 do CTN. A modificação introduzida (...) nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada (...) quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. 
Erro de direito: Segundo o STJ, com essa regra o legislador tentou evitar a revisão de lançamentos já realizados com base no chamado “erro de direito”. O novo critério jurídico, escolhido pelo Fisco, na atividade de lançamento, só poderá ter efeitos ex nunc, com aplicação exclusiva a casos futuros, prestigiando-se a boa-fé do contribuinte. Posto isto, é incabível o lançamento suplementar motivado por erro de direito. Súmula 227/TFR: “A mudança de critério jurídico adotado pelo fisco não autoriza a revisão de lançamento”. STJ: “aceitando o Fisco a classificação feita pelo importador no momento do desembaraço alfandegário ao produto importado, a alteração posterior constitui-se em mudança de critério jurídico vedado pelo CTN”.
Assim, a administração pode alterar o critério jurídico adotado por considerar o anterior errado e cobrar o tributo eventualmente devido. Entretanto, se o lançamento (sempre individual e concreto) já foi realizado, a administração não pode alterar o critério jurídico adotado, pois lhe é vedada a revisão por “erro de direito”, de forma que o novo critério somente poderá ser adotado para os fatos geradores supervenientes à inovação (art. 146 do CTN).
Erro de fato: Registre-se que o chamado “erro de fato” pode e deve justificar a revisão do lançamento já realizado, com observância do prazo decadencial previsto no art. 173 (cinco anos). O “erro de fato” se refere às circunstâncias objetivas que não dependem de interpretação normativa para sua verificação. 
Observação: Entendimento sedimentado no STJ, “o depósito judicial para suspender a exigibilidade do crédito tributário já o constitui; razão pela qual o lançamento fiscal em relação ao valor depositado é desnecessário. Assim, não há que se falar em decadência do crédito tributário por não ter sido lançado em relação ao crédito discutido pelo Fisco”. (EREsp 898.992-PR) 
3. MODALIDADES DE LANÇAMENTO
 
3.1. LANÇAMENTO DIRETO OU DE OFÍCIO: o Fisco dispõe dos dados suficientes para efetuar a cobrança e assim o faz, dispensando o auxílio do contribuinte. Ex: IPTU, IPVA e contribuições de melhoria. Importante lembrar que o lançamento é ainda feito de ofício para solucionar problemas decorrentes de omissões, erros ou fraudes que justificam a realização de novo lançamento. Está previsto no artigo 149 do CTN.
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade

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