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ATIVIDADE DE CAMPO – AULA 4 DOUGLAS RIOS DE ARAUJO. 201802081411 Durante Esta atividade será realizada durante a aula, de modo que "discentes e docente debaterão a respeito do caso e de possíveis soluções, para realização e entrega da atividade de campo". Caso concreto Caso concreto. Descrição A atividade de campo consiste na resolução de um caso concreto extraído de uma notícia veiculada pela internet e contempla os temas estudados nas aulas 1 a 4. Objetivo Por meio da articulação entre o(s) roteiro(s) de estudo(s) e a atividade pretende-se que você seja capaz de: • Compreender a natureza jurídica dos direitos da personalidade. • Analisar quais pessoas (naturais/jurídicas – privadas/públicas) recebem a tutela e proteção dos direitos da personalidade. • Correlacionar e confrontar os princípios constitucionais aplicados ao direito ao esquecimento. Competências/habilidades Por meio da articulação entre o(s) roteiro(s) de estudo(s) e a atividade pretende-se que você seja capaz de desenvolver as seguintes competências/habilidades: Autoaprendizagem. Pesquisa Articulação entre teoria e prática Desenvolvimento A atividade de campo consiste na resolução do caso concreto a partir dos temas estudados nas aulas 1 a 4. Para a realização e entrega desta atividade de campo discentes e docente debaterão a respeito do caso e de possíveis soluções. Leia a notícia abaixo e responda, de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas Como o julgamento em torno de um crime de 1958 pode impactar a forma que os cidadãos são expostos (e lembrados) na rede Por PAULA SOPRANA. Disponível em: < https://epoca.globo.com/tecnologia/experiencias- digitais/noticia/2017/08/temos-direito-ao-esquecimento.html > Atualizado em: 24/08/2017 - 15h56 - Atualizado 08/09/2017 17h43. Em 1958, Aida Curi, uma adolescente de 18 anos, sofreu agressão sexual, desmaiou e foi jogada com vida da cobertura de um prédio em Copacabana, no Rio de Janeiro. O crime virou manchete e foi dramatizado, no início dos anos 2000, no programa Linha direta, da TV Globo. Sua família entrou com um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedindo o direito ao esquecimento acerca da tragédia, cuja brutal dor foi revivida com a transmissão do programa, décadas depois. O relator, ministro Luis Felipe Salomão, negou o recurso, mas entendeu que havia espaço para debater a possibilidade de tal direito no país. Alegou, entre outros pontos, que, "diferentemente de uma biografia não autorizada", o cerne do programa foi o crime, não a vítima ou sua imagem. O caso agora está no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Dias Toffoli. Devido a sua importância para decisões futuras, será julgado como paradigma de repercussão geral, ainda sem data definida. A depender da conclusão, o Brasil poderá caminhar para a criação de um novo direito. Em junho, Toffoli convocou uma audiência pública para o debate, o que popularizou o tema na sociedade civil. A Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB-DF) sediou, na segunda-feira (21), um fórum sobre o assunto com a presença da presidente do STF, Cármen Lúcia. Na Europa, chama a atenção de juristas uma disputa entre França e Google, cujas consequências da decisão final podem se estender para além do continente. O tema tem apelo por diferentes eventos e motivos, mas talvez o que mais atrai seja a possibilidade de informações relacionadas a um cidadão desaparecerem em uma época de linchamentos virtuais repentinos e de reputações postas em risco nas primeiras páginas do Google. Apesar de, no Brasil, o assunto vir à tona por um caso pré-digital, o que a Justiça decidir daqui para a frente terá uma dimensão para além do público da mídia impressa e da TV. Afinal, o julgamento nos buscadores da internet é perene. Há iniciativas relativas ao direito ao esquecimento – inclusive uma iniciativa legislativa de autoria do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha –, mas é a discussão do Supremo que encabeça o debate. Quando se pensa em esquecimento, é fácil imaginar que qualquer conteúdo negativo relativo a uma pessoa vire passível de fácil exclusão, mas ofensas, discurso de ódio e mentiras não necessariamente são cobertos pelo guarda-chuva desse direito. No entendimento de Gustavo Binenbojm, advogado e professor da Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o direito ao esquecimento trata https://epoca.globo.com/tecnologia/experiencias-digitais/noticia/2017/08/temos-direito-ao-esquecimento.html https://epoca.globo.com/tecnologia/experiencias-digitais/noticia/2017/08/temos-direito-ao-esquecimento.html http://epoca.globo.com/politica/expresso/noticia/2017/06/stj-discute-relatoria-de-processos-da-lava-jato.html http://epoca.globo.com/tudo-sobre/noticia/2016/10/dias-toffoli.html http://epoca.globo.com/tudo-sobre/noticia/2016/09/carmen-lucia.html http://epoca.globo.com/vida/experiencias-digitais/noticia/2015/11/o-tribunal-do-facebook.html http://epoca.globo.com/tudo-sobre/noticia/2016/05/eduardo-cunha.html http://epoca.globo.com/tecnologia/experiencias-digitais/noticia/2017/02/ha-um-aumento-sistematico-de-discurso-de-odio-na-rede-diz-diretor-do-safernet.html da veiculação de informações verdadeiras, obtidas por meios lícitos. "É a ideia de que haveria um direito fundamental a que alguém, em virtude do decurso do tempo, pudesse impedir o acesso a determinada informação sobre fatos pretéritos, desabonadores, embaraçosos ou desagradáveis", disse no evento da OAB em Brasília. A discussão brasileira se espelha no modelo europeu, que tem uma das determinações mais emblemáticas acerca do tema: o caso do espanhol Mario Costeja González contra o jornal La Vanguardia e o Google. González pleiteou na Justiça a exclusão de links no Google que apontavam para uma notícia de 1998 sobre um leilão judicial de seu apartamento para o pagamento de dívidas com a Previdência. Quinze anos depois, com a situação financeira já regularizada, González se aborrecia ao ver seu nome atrelado a uma informação desatualizada. Por não se tratar de um fato de interesse público, o Tribunal de Justiça da União Europeia determinou, em 2014, a possibilidade de os cidadãos solicitarem a retirada de dados pessoais da internet a partir do direito ao esquecimento. A notícia permanece no site até hoje. "O Brasil busca importar esse conceito, mas é preciso lembrar que isso foi feito amparado em uma legislação de dados pessoais", diz André Giacchetta, do Pinheiro Neto Advogados. Aqui não há lei específica, embora tramite um projeto com potencial de aprovação no Congresso. Sem norma, também não dispõe de uma autoridade independente, como na Europa, competente para julgar procedimentos relativos à proteção de dados pessoais, o que dificultaria o êxito da aplicação do direito ao esquecimento nessa configuração. Giacchetta pondera que informações inverídicas, relacionadas à vida privada, bem como a veiculação de conteúdos pornográficos não consentidos são solucionáveis na internet. Em relação ao último caso, o Artigo 21 do Marco Civil da Internet crava que os provedores de aplicações devem retirar o material após a notificação da vítima. O gargalo legal existe para casos públicos, verdadeiros e antigos, quando o Supremo tem agido de acordo com a peculiaridade de cada caso. Na defesa pela criação do direito ao esquecimento estão entidades como a ONG Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM). Na audiência pública do STF, em junho, o advogado Gustavo Mascarenhas questionou a possibilidade de uma pessoa reconstruir sua vida e ressocializar-se quando seu nome sempre vem carregado de um aposto: "a vítima ou o agressor ou o parente da vítima ou do agressor do crime tal". Para que não permaneçam como "inimigos públicos da sociedade", o instituto defendeque a identidade de agentes envolvidos em um crime não sejam relacionadas a novos materiais jornalísticos ou documentais feitos após cinco anos do cumprimento ou da extinção da pena, ampliando a norma para sites de busca: "obrigados a deixar de indexar novos links quando atingido esse marco temporal". Na corrente de defesa ao esquecimento também está Anderson Schreiber, procurador do Estado do Rio de Janeiro. Apesar de considerar o termo inadequado, já que gera uma conotação de controle dos fatos, ele refuta a ideia de que direito ao esquecimento seja sinônimo ou desculpa para o enterro de acontecimentos de interesse público histórico. "Funciona como uma proteção individual contra uma recordação opressiva de um fato desatual" que impede o desenvolvimento de personalidade. Nesse sentido, a crítica é, basicamente, à imprensa. Um preso deve sempre ser lembrado como ex-preso? Para Deborah Duprat, subprocuradora-geral da República, "ninguém pode viver em uma pena perpétua", o que não lhe dá o direito sobre o esquecimento dos fatos. "Do contrário, perderemos uma http://epoca.globo.com/tecnologia/experiencias-digitais/noticia/2017/07/quanto-valem-seus-dados-pessoais.html http://epoca.globo.com/tecnologia/experiencias-digitais/noticia/2017/07/quanto-valem-seus-dados-pessoais.html http://epoca.globo.com/vida/experiencias-digitais/noticia/2016/02/pornografia-de-vinganca-crime-rapido-trauma-permanentee.html http://epoca.globo.com/vida/experiencias-digitais/noticia/2016/02/pornografia-de-vinganca-crime-rapido-trauma-permanentee.html das dimensões mais importantes do Direito Penal, que não é a punição, mas o caráter pedagógico e persuasivo da pena", diz. O risco de censura é a maior bandeira da corrente contra o direito ao esquecimento, seja pelo Estado (como cita o advogado Eduardo Mendonça, alegando que ele se tornaria um "editor das informações da sociedade"), seja pelo impedimento da livre circulação de informações. Cármen Lúcia, que foi relatora do julgamento da ADI 4815, sobre biografias não autorizadas, evitou uma conclusão sobre o processo em questão, mas o foco de seu discurso é no equilíbrio entre a preservação da liberdade individual e da informação. Para ela, as tendências da psicologia e da própria democracia mostram que, se fomos uma sociedade construída sob a ideia de que é preciso esquecer, "hoje é preciso lembrar". "Temos a oportunidade de discutir o que é a memória de alguém que precisa ser resguardada e que não pode ser discutida. E o que não pode ser guardado porque não constitui memória individual, mas memória coletiva", diz a ministra. Hoje, cabe à história – seja por meio de estudiosos, pesquisadores ou jornalistas – definir qual memória é coletiva e importante para a identidade de um país. Com o direito ao esquecimento, a privacidade pode passar a competir com a liberdade de expressão. Caberá apenas ao indivíduo entender se sua memória será de interesse público no futuro? Informações outrora públicas serão excluídas dos motores de busca caso viralizem e subam para as primeiras páginas do Google? Será possível resgatar a história de Aida Curi sem citar o nome de Aida Curi?" Ante o exposto, com base nos estudos realizados nas aulas 1 a 4, responda de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas: a) Qual a natureza jurídica do direito a ser esquecido? É diretamente ligado ao princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, bem como os direitos fundamentais previstos no artigo 5, inc. X da CF/88, também tutelado pelo artigo 21 do Código Civil. Onde prevê, em síntese que ninguém é obrigado a conviver para sempre com erros do passado. b) É possível estabelecer previamente o que deve ser esquecido? Como já exposto no questionamento anterior, o direito ao esquecimento está ligado a dignidade da pessoal humana e outros direitos fundamentais, assim, determinada pessoa não pode ser lembrada e ligava eternamente por fato praticado no passado. Diante disso, é possível que o agente escolha qual evento que deseja ser esquecido para que isso não venha causar-lhe danos recorrentes, assim como leciona Rosenvald, vejamos: “[...] o direito de não ser lembrado eternamente pelo equívoco pretérito ou por situações constrangedoras ou vexatórias, ao ponto de a pessoa desejar que o evento seja esquecido ou que, ao menos, o assunto não seja reavivado por qualquer membro da sociedade[...]”. c) Este direito é aplicável no nosso ordenamento jurídico? Sim, apesar de ser um tema bastante discutido, com correntes doutrinárias e jurisprudenciais divergentes, em que pese ter previsão intrínseca na CF/88, o direito ao esquecimento é aplicável em nosso ordenamento jurídico e com diversas jurisprudências sobre tal assunto. Ainda, importante para a aplicação do direito ao esquecimento no Brasil foi a edição do enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal que incutiu no direito brasileiro a primeira previsão expressa do direito ao esquecimento: “A tutela da dignidade da pessoa humana na http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2015/06/o-stf-decreta-o-fim-da-censura-biografias.html sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento”. Este enunciado abriu portas para uma futura positivação desse direito tão importante. d) Como se aplicar o princípio da Dignidade da Pessoa Humana com a liberdade de informação e demais direitos e garantias fundamentais? Para tanto, faz-se necessário a aplicação do princípio da proporcionalidade ao se tratar de conflitos entre princípios, para que seja avaliado até que ponto liberdade de imprensa pode adentrar na vida privada e o princípio da dignidade da pessoa humana servir como limitador dessa liberdade de imprensa. e) Embora o caso Aída Curi não verse sobre conteúdo disponibilizado na Internet, a decisão final do Supremo Tribunal Federal poderá impactar em publicações através dos meios digitais, como jornais, sites de pesquisas, blogs entre outros? Sim, a decisão do STF pode impactar diretamente em tais publicações, fazendo com que estas sejam excluídas para que o direito a esquecimento seja efetivamente praticado. Produto/Resultado A resolução da atividade de campo, caso concreto, deverá ser entregue ao professor de forma manuscrita na data determinada por ele. A resposta deverá ser objetiva e fundamentada com a indicação dos dispositivos legais aplicáveis, doutrina e jurisprudência.
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