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Conceitos básicos da psicologia jurídica -3

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Conceitos Básicos - Psicologia Jurídica
Perspectivas Clássicas da Psicologia:
-Psicanálise;
O principal nome dessa perspectiva é Sigmund Freud (1856-1939). Neurologista 
austríaco, revolucionou a Psicologia ao pesquisar a chamada neurose da histeria, um 
comportamento humano de complexa natureza e de difícil entendimento pela ciência. Sua 
teoria, no entanto, foi muito além dos casos práticos e constitui-se como um dos ramos mais 
desenvolvidos da psicologia. Seus argumentos principais são: 
 - Os conflitos psíquicos são manifestações teatrais, que se apresentam de forma 
simbólica nos indivíduos como sintomas corporais. Exemplos: convulsões e paralisias; 
 - Os seres humanos não são tão racionais como se supunha, pois o livre-arbítrio não 
passa de uma ilusão. Em alguns momentos, são as pulsões do nosso inconsciente que 
determinam a nossa ação; 
 - O inconsciente, portanto, influencia nossa ação. Nossos impulsos sexuais, nossos 
desejos reprimidos, nossas memórias traumáticas, podem produzir efeitos não racionais nas 
condutas; 
 - Portanto, em nossa vida social, podemos verificar situações em que temos os impulsos 
se manifestando. Exemplos: sonhos, manias, sintomas de doenças. 
 Para desvendar esse inconsciente, Freud criou a psicanálise, uma técnica de livre 
associação em que o paciente deita-se em um divã e relembra seus sonhos e memórias. 
DESTAQUE: A construção do conceito de inconsciente foi revolucionário no pensamento de 
Freud. Ou seja, não existiria simplesmente o biológico e racional. 
ATUALIDADE: Hoje a psicanálise se estabelece em novos e criteriosos argumentos 
científicos. Continua sendo, portanto, uma das mais importantes correntes da Psicologia
-Comportamental (behaviorismo);
A partir da década de 1920 uma nova corrente começa a se desenvolver no âmbito da 
Psicologia. Trata-se de uma vertente iniciada a partir do psicólogo norte-americano John B. 
Watson (1878-1958), responsável por defender que “a psicologia é o estudo dos 
comportamentos observáveis, mensuráveis”. Dizia: 
Dê-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem formadas, e meu próprio mundo 
especificado para criá-los e eu vou garantir a tomar qualquer uma ao acaso e treiná-lo 
para se transformar em qualquer tipo de especialista que eu selecione - advogado, 
médico, artista, comerciante-chefe, e, sim, mesmo mendigo e ladrão, 
independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências, habilidades, vocações 
e raça de seus antepassados (Watson, 1924, p. 104).
 Para outro psicólogo desta tradição, o norte-americano B. F. Skinner (1904-1990), o 
comportamento humano poderia ser alterado por condicionamento. Ou seja, se eu promover um 
reforço/estímulo ao longo da vida de uma pessoa (positivo ou negativo) eu posso provocar uma 
mudança de comportamento na mesma. De que forma:
DESTAQUE: Skinner defendia que um comportamento inaceitável poderia ser alterado para outro socialmente e juridicamente aceitável, a partir de estímulos.
ATUALIDADE: O Behaviorismo foi uma corrente forte na psicologia até a década de 1960. Depois desse momento novas teorias passaram a entender o comportamento como algo mais complexo, entendendo o indivíduo não apenas como um receptor de experiências humanas.
-Gestalt.
Esta corrente começou a se desenvolver no início do século XX na Alemanha, pelos psicólogos Max Wertheimer (1880-1943) e Kurt Koffka (1886-1941). Ficou muito famosa com Wolfgang Köhler (1887-1967), nascido na Estônia. Gestalt, em alemão, significa “forma” ou “configuração”. Assim, no argumento da Gestalt, é relevante considerar a existência de uma relação entre objeto percebido e a própria percepção humana. Conforme descreveram seus pensadores, o processo da percepção identifica-se entre os estímulos fornecidos pelo meio em que vivemos e a resposta que damos a estes estímulos. O comportamento humano é compreendido, assim, a partir do que é percebido pelo indivíduo e como isto é percebido.
DESTAQUE: Os behavioristas estudavam o comportamento pela relação estímulo-resposta e desconsideravam os conteúdos conscientes. Já os gestaltistas defendem que o comportamento deveria ser observado em seus aspectos mais globais e que o estudo da psicologia deveria levar em consideração as condições que alteram a percepção do estímulo.
 
O normal e o patológico:
-Contribuições de Freud;
-Neurose – Psicose – Esquizofrenia – Psicose maníaco-depressiva;
Texto extra:
Freud contribuiu significativamente para o estudo do normal X patológico. Para este autor, o que distingui o normal do patológico não é uma questão de natureza (essência), e sim uma questão de grau. Ou seja, pessoas normais e pessoas “anormais” possuem as mesmas estruturas de personalidade, entretanto, no indivíduo dito “anormal” alguns estímulos possíveis de serem identificados são responsáveis por provocarem distúrbios. Sobre o tema, Freud estabeleceu a seguinte classificação:
- Neurose: os sintomas desse distúrbio são expressões simbólicas de um conflito psíquico que tem suas raízes na história infantil do indivíduo;
- Psicose: caracteriza-se por um delírio mais ou menos sistematizado, articulado sobre um ou vários temas. Não existe deterioração da capacidade intelectual. Exemplos: delírios de perseguição e de grandeza;
- Esquizofrenia: caracteriza-se pelo afastamento da realidade. O indivíduo entre em um processo de “centramento” em si mesmo, ficando, pouco a pouco, preso ao seu mundo interior. O distúrbio revela uma incoerência ou desagregação no pensamento, das ações e da efetividade. Os delírios são acentuados e mal sistematizados. Existe, finalmente, uma progressão na deterioração intelectual do indivíduo.
- Psicose maníaco-depressiva: caracteriza-se pela oscilação entre o estado de extrema euforia (mania) e o estado depressivo (melancolia). No estágio da depressão, o indivíduo perde o interesse pelo outro, por si mesmo, e as vezes pode cometer o suicídio.
Em conclusão, podemos entender que Freud estabeleceu uma relação entre os quadros médicos e a psicologia da doença mental, isso através da sua psicanálise. Concluiu que a doença mental seria uma desorganização da personalidade, conforme identificado nos exemplos acima demonstrados. Para cada quadro médico corresponderia um GRAU diferente de desorganização da personalidade.
 
DEBATE: Qual seria o exato ponto de diferença entre o normal e o patológico? Para a psicologia cultural, esse ponto não existe, pois o conceito de normal é uma construção de cada cultura, em determinado tempo histórico.
Transtornos de Personalidade:
-Personalidade – Conceito:
Totalidade relativamente estável e previsível dos traços emocionais e comportamentais que caracterizam a pessoa na vida cotidiana, sob condições normais.
 
Texto extra:
Pode ser definida como a “totalidade relativamente estável e previsível dos traços
emocionais e comportamentais que caracterizam a pessoa na vida cotidiana, sob condições normais”.
Lembramos que o Direito e sua expressão normatizada estão diretamente interessados na manutenção da harmonia social, de modo que ações contrárias às regras de conduta apresentam quase sempre uma resposta jurídica pré-determinada. Portanto, se a personalidade se expressa em relação ao contexto social, é fundamental para o Direito conhecer sobre a personalidade humana.
Basicamente, temos o seguinte: se uma ação ultrapassa os limites da normatização estamos diante do ilícito e das suas sanções aplicáveis. Se essa ação, no entanto, foi causada por um transtorno de personalidade, a resposta jurídica será aplicada diferentemente para cada caso concreto. Para a Psicologia, a personalidade estável e previsível não é imutável. Sob condições de elevado estresse, por exemplo, podemos registrar mudanças de personalidade. Esse fenômeno, inclusive, tem se tornado uma marca das sociedades atuais, nas quais vários fatores contribuem para essas mudanças psicológicas (medo, crimes, pandemia, trabalho em excesso).
-Transtornos – Conceito:
Padrões de comportamento profundamente arraigados que se manifestam como respostasinflexíveis a uma ampla série de situações pessoais e sociais.
Texto extra:
Definem-se como “padrões de comportamento profundamente arraigados que se
manifestam como respostas inflexíveis a uma ampla série de situações pessoais e sociais”. Não corresponde, portanto, a uma específica doença cerebral. Trata-se, pois, de um comportamento social ou ocupacional comprometido por algum fator da vida cotidiana. Na situação de transtorno uma ou mais características da personalidade do indivíduo predominam ostensivamente. Ela sofre uma “perda da flexibilidade situacional”, ou seja, seu repertório comportamental de adaptação à vida diminui consideravelmente.
Classificação Internacional de Doenças (úteis ao Direito):
-Transtorno de personalidade paranoide: o indivíduo sempre interpreta de maneira errada ou distorce as ações das outras pessoas, demonstrando desconfiança sistemática e excessiva. O comportamento é generalizado. Ele pode adotar medidas de segurança acintosas, inoportunas e ofensivas.
 
-Transtorno de personalidade dependente: o indivíduo torna-se incapaz de tomar, sozinho, decisões relevantes para sua vida. Pode ter sérios prejuízos por não conseguir decidir ou encontrar quem possa decidir por ele.
 
-Transtorno de personalidade emocionalmente instável: o indivíduo oscila entre comportamentos extremamente opostos. Mantém relacionamentos instáveis e muito intensos com outras pessoas. Por não controlar os impulsos, pode produzir muita violência.
 
-Transtorno de personalidade antissocial: também denominado de psicopatia, sociopatia, transtorno de caráter, etc. Geralmente essas pessoas têm reduzida tolerância à frustração, o que conduz à violência fácil e gratuita. O mecanismo de defesa que desenvolvem transfere a culpa por seus atos a outras pessoas ou a própria sociedade. Normalmente, a punição pelos atos praticados por aqueles que sofrem esse distúrbio não produz muito efeito prático. A marca desse transtorno não é a violência praticada, e sim a habitualidade e outros elementos de personalidade que se verificam nas a

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