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Teoria Geral do Direito Constitucional Eficácia, aplicação e organização do Estado Prof. Me. Alexandre Guimarães Melatti Unidade de Ensino: 02 Competência da Unidade: Compreender os conceitos relativos à forma federativa de Estado e assimilar a classificação das normas constitucionais, a partir da eficácia, entendendo as especificidades da intervenção federal. Resumo: A partir da classificação das normas constitucionais, analisaremos a forma federativa de Estado e da federação brasileira pela ótica da CF/88. Ao final, estudaremos a intervenção federal. Palavras-chave: Federação; Eficácia; Aplicabilidade; Intervenção federal. Título da Teleaula: Eficácia, aplicação e organização do EstadoTeleaula nº: 02 Contextualização • Qual a classificação das normas constitucionais? • O que é forma federativa de Estado? • Como dá-se o contexto da federação brasileira, de acordo com o sistema constitucional vigente a partir da CF/88? • O que é intervenção federal? Introdução Introdução Você sabia que dentro da CF/88 existem normas cuja eficácia e a aplicabilidade geram efeitos distintos? Umas podem ser aplicadas de pronto; outras, exigem regulamentação. Introdução A norma jurídica é composta por diferentes elementos, que se prendem a aspectos distintos de sua realidade. • Destaca-se, 3 dimensões: a VALIDADE, a VIGÊNCIA e a EFICÁCIA. Validade Para alguns autores... VALIDADE = EXISTÊNCIA ...mas também: VALIDADE = observância das regras de procedimento pré-estabelecidas para a sua criação. • Importância do respeito ao PROCESSO LEGISLATIVO (iniciativa, competência, tramitação, quórum, sanção, promulgação, publicação, etc.). Validade A validade CESSA: • REVOGAÇÃO – Outra norma jurídica; • INCONSTITUCIONALIDADE– na forma/procedimento, ou no conteúdo – pelo Judiciário, com sua consequente EXCLUSÃO do ordenamento jurídico pelo Legislativo; • IMPORTANTE: a exclusão da norma inconstitucional é de competência do Senado Federal • Art. 52, X, CF/88. Vigência VIGÊNCIA = propriedade da norma de incidir sobre a realidade, exigindo a conformação dos fatos ao seu enunciado. • IMPORTANTE: a norma considerada válida nem sempre será vigente; p. ex.: PERÍODO DA VACATIO LEGIS • IMPORTANTE: a revogação NÃO cancela a vigência passada. Eficácia EFICÁCIA = capacidade que a tem de produzir os efeitos pretendidos por seu enunciado textual. • A doutrina convencionou tratar da eficácia das normas, sob 3 diferentes enfoques: • EFICÁCIA TÉCNICA; • EFICÁCIA JURÍDICA; • EFICÁCIA SOCIAL. Eficácia EFICÁCIA TÉCNICA: • Presença FORMAL das condições necessárias para que a norma produza os efeitos que pretende produzir; AUSÊNCIA DE OBSTÁCULOS FORMAIS. • NÃO possuem eficácia técnica, por ex., as normas que dependam de REGULAMENTAÇÃO POSTERIOR. • Ex.: direito de greve do servidor público, nos termos da lei (art. 37, VII, CF/88). Eficácia EFICÁCIA JURÍDICA: • Produção dos efeitos relativos ao ordenamento jurídico em que a norma se insere, em relação aos demais textos normativos com os quais ela se relacione. • Ex.: art. 5º, XLVII, CF/88 (proibição de penas) que IMPEDE a criação de leis nesse sentido. Eficácia EFICÁCIA SOCIAL: • Observância da norma pela sociedade, em análise histórica de sua vigência. EFEITOS CONCRETOS. • Ex.: art. 6º, IV, CF/88: SALÁRIO MÍNIMO > moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, para o trabalhador e toda a sua família. • INOBSERVÂNCIA = INEFICÁCIA Classificação das normas constitucionais Classificação das normas Teoria da APLICABILIDADE (José Afonso da Silva). As normas constitucionais podem ser classificadas, de acordo com sua eficácia, em: • EFICÁCIA PLENA; • EFICÁCIA CONTIDA (reduzível); • EFICÁCIA LIMITADA. Classificação das normas EFICÁCIA PLENA: • aplicabilidade DIRETA, IMEDIATA e INTEGRAL. Ex.: art. 18, § 1º, CF/88 (capital é Brasília). EFICÁCIA CONTIDA: • aplicabilidade DIRETA, IMEDIATA mas REDUZÍVEL. Ex.: art. 5º, XIII, CF/88 (livre exercício da profissão nos termos da lei). EFICÁCIA LIMITADA: • aplicabilidade INDIRETA e MEDIATA. • Programáticas (art. 6º, dir. sociais); • Organizacionais (art. 134, § 1º, criação das defensorias públicas). Síndrome da inefetividade E quando o Legislativo NÃO cria a lei necessária à norma constitucional de eficácia LIMITADA? • CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE • CONCENTRADO >>> ADO • DIFUSO >>> Mandado • de Injunção Estado e Federação Estado POVO: • elemento pessoal (distinção entre os conceitos de POPULAÇÃO e NAÇÃO). TERRITÓRIO: • elemento espacial (compreende os limites das FRONTEIRAS, do SUBSOLO e do ESPAÇO AÉREO). PODER/SOBERANIA: • elemento político (exercido pelo GOVERNO, que varia a depender do regime adotado). Formas de Estado ESTADO UNITÁRIO: CENTRO DE PODER que se estende sobre todo o povo e território. Eventual descentralização ocorre por DELEGAÇÃO do poder central, que detém o controle e a capacidade de REVOGAÇÃO (França, Chile, Uruguai, Paraguai, etc.). • Possibilidade de DESCENTRALIZAÇÃO CONSTITUCIONAL criação de REGIÕES FIXAS (Itália). Formas de Estado FEDERAÇÃO: descentralização espacial do poder com a criação de ENTES AUTÔNOMOS, com REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS (Brasil, EUA, Canadá, Índia, Alemanha). • FEDERAÇÃO CENTRÍPETA: • EUA (confederação e posterior federação). • FEDERAÇÃO CENTRÍFUGA: • Brasil (estado unitário e posterior federação). Federação 1. AUTONOMIA DOS ENTES FEDERADOS. 2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL ÚNICA. 3. REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS. 4. PARTICIP. DOS ENTES NA VONTADE FEDERAL (SENADO). 5. NÃO HÁ SECESSÃO. 6. INTERVENÇÃO FEDERAL. A federação brasileira na CF/1988 FEDERALISMO DE INTEGRAÇÃO: • Superioridade hierárquica da União sobre os demais entes federados (período militar/CF de 1967). FEDERALISMO DUALISTA: • repartição drástica de competências entre a União e os Estados, sem que haja espaço para colaboração (início dos EUA). FEDERALISMO COOPERATIVO: • Colaboração de todos os entes federados, na concretização dos objetivos e metas constitucionais (realidade atual/CF/88). Alteração da forma de Estado Descrição da situação-problema Art. 1º A República FEDERATIVA do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito. FORMA FEDERATIVA DE ESTADO Seria possível alterar a forma de Estado, migrando para a forma de ESTADO UNITÁRIO, por meio de EC? Resolução da situação-problema Seria possível alterar a FORMA FEDERATIVA DE ESTADO, por meio de EMENDA CONSTITUCIONAL, para a implementação da FORMA UNITÁRIA DE ESTADO? NÃO! Art. 60, § 4º, I CF/88 • § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I. A forma federativa de Estado. Qual o princípio que norteia a repartição de competências na Constituição? Entes federativos União UNIÃO territorial, jurídica e política, de todos os demais entes da federação. • BENS próprios (art. 20) – mar territorial, recursos minerais, lagos e rios interestaduais, etc.; • COMPETÊNCIAS privativas administrativas e legislativas (arts. 21 e 22) – relações internacionais, direito civil, penal, processual, eleitoral, trabalhista, etc.; • PODERES Legislativo, Executivo e Judiciário próprios. Estados-membros COMPETÊNCIAS RESIDUAIS (art. 25, § 1º) – o que não houver sido atribuído à UNIÃO ou aos MUNICÍPIOS. • BENS próprios (art. 26); • COMPETÊNCIAS comuns administrativas e legislativas (arts. 23 e 24) – zelar pela Constituição; promoção e implementação de direitos sociais; etc.; • PODERES Legislativo, Executivo e Judiciário; • CRIAÇÃO ou EXTINÇÃO por CISÃO, FUSÃO, INCORPORAÇÃO. OU DESMEMBRAMENTO. (art. 18, § 3º) • – aprovação da população e do Congresso (plebiscito e Lei Complem.). Municípios Elevados a ENTES FEDERADOS pela CF/88; organização autônoma por LEI ORGÂNICA (art. 29) • COMPETÊNCIAS comuns administrativas e privativas legislativas (arts.23 e 30) – zelar pela Constituição; promoção e implementação de direitos sociais; assuntos de interesse local; suplementação legislativa; etc.; Municípios PODERES Legislativo e Executivo próprios – (NÃO há Poder Judiciário municipal); • CRIAÇÃO ou EXTINÇÃO por CISÃO, FUSÃO, INCORP. OU DESMEMBR. (art. 18, § 4º) – aprovação da população e da Assembleia Legislativa (plebiscito e Lei Estadual). DF Criado para ABRIGAR A CAPITAL FEDERAL e evitar a CONFUSÃO TERRITORIAL com outros entes federados. • COMPETÊNCIAS comuns administrativas e legislativas (arts. 23 e 24) – zelar pela Constituição; promoção e implementação de direitos sociais; direito tributário, orçamento; etc.; DF PODERES Legislativo e Executivo próprios – • (NÃO há Poder Judiciário distrital); • CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS – MP, Judiciário e polícias mantidas pela União; representantes no Senado; inexistência de municípios; etc. Territórios Federais NÃO são entes da federação. • Art. 18, § 2º Os Territórios Federais INTEGRAM A UNIÃO, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. • NÃO existem atualmente – extinção pela CF/88 (Fernando de Noronha, Roraima e Amapá). Intervenção Federal Intervenção Federal Origem: •Federalismo norte-americano (Constituição de 1787) •A guerra civil dos Estados Unidos (1861-1865) é um dos primeiros registros de intervenção federal. Intervenção Federal Fundamentos: • I. Manter a integridade nacional; • II. Repelir invasão estrangeira ou de uma • unidade da fed. Em outra; • III. Pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; • IV. Garantir o livre exercício dos Poderes nas unidades da Federação; Intervenção Federal Fundamentos: •V. Reorganizar as finança da unidade da Federação [...] (inadimpl. de 2 anos/repasse aos municípios); •VI. Prover execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; Intervenção Federal Fundamentos: • VII. Assegurar a observância de princípios constitucionais: a) Forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) Direitos da pessoa humana (dignidade + direitos fundamentais); c) Autonomia municipal; d) Prestação de contas da administração pública direta e indireta; e) Aplicação do mínimo exigido da receita em educação e saúde. Intervenção nos Municípios pelo Estado Fundamentos: • I. Deixar de se paga, sem motivo, dívida por mais de 2 anos; • II. Não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; • III. Não tiver sido aplicado o mínimo em educação e saúde; Intervenção nos Municípios pelo Estado Fundamentos: • IV. O TJ der provimento a representação (princípios da Const. Est., execução de lei, ordem ou decisão judicial). • ATENÇÃO: a União JAMAIS pode intervir nos municípios dos Estados; apenas nos municípios dos territórios federais (não se aplica atualmente). Classificação das intervenções Intervenção: classificação ESPONTÂNEA: decretada de ofício pelo Presidente da República. Possível nas hipóteses dos incisos I, II, III e V do art. 34. • É obrigatória a consulta dos Conselhos da República (art. 89) e da Defesa Nacional (art. 91); • O decreto especificará a amplitude, o prazo e as condições da intervenção e nomeará interventor. • IMPORTANTE: submissão do texto ao Congresso Nacional, no prazo máximo de 24 horas (art. 36, § 1º). Intervenção: classificação PROVOCADA (SOLICITAÇÃO OU REQUISIÇÃO): na hipótese do inciso IV do art. 34 – livre exercício dos poderes – ou inciso VI – deixar de cumprir ordem ou decisão judicial – o Executivo e o Legislativo solicitarão, e o Judiciário requisitará (art. 36, I e II) a intervenção ao Presidente da República. • IMPORTANTE: a solicitação pode ou não ser acatada pelo Presidente da República (discricionariedade); já a requisição é vinculante. Intervenção: classificação PROVOCADA (POR REPRESENTAÇÃO): na hipótese do inciso VII do art. 34 – violação aos princípios sensíveis – o PGR – Procurador Geral da República moverá RI – Representação Interventiva, junto ao STF, em controle concentrado de constitucionalidade. • IMPORTANTE: também aqui, caso o STF reconheça a violação e a consequente necessidade de intervenção, o Presidente da República fica vinculado. Intervenção Federal Apresentação da SP Uma das características da forma federativa é a possibilidade de INTERVENÇÃO FEDERAL da União nos Estados. Esta possibilidade de caráter excepcional se encontra prevista expressamente pela Constituição Federal de 1988. Os dispositivos constitucionais que tratam da intervenção, possuem eficácia plena, contida ou limitada? Resolução da SP • Retomando a classificação das normas constitucionais, vemos que os dispositivos que tratam da intervenção federal (arts. 34 a 36 da CF/88) podem ser classificados, em sua maioria, como normas de eficácia PLENA, pois possuem aplicabilidade direta, imediata e integral. • No entanto, alguns dispositivos constituem normas de eficácia LIMITADA, pois dependem de legislação infraconstitucional que os regulamente (art. 34, V, “b”; art. 35, II). Ainda há norma de eficácia CONTIDA, que admite limitação pela lei: art. 36, § 4º Já existiu intervenção federal no Brasil após 1988? Interação • FEVEREIRO/2018 INÉDITO: pela 1ª vez desde a CF/88, é decretada intervenção federal da União sobre um dos Estados da federação. Fonte: https://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2018-08-22/intervencao-federal-rio-de-janeiro-datafolha.html Interação • Decreto n.º 9.288 de 16 de fevereiro de 2018 • Art. 1º Fica decretada intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro até 31 de dezembro de 2018 (prazo) • • § 1º A intervenção de que trata o caput se limita à área de segurança pública [...] (amplitude); • • 2º O objetivo da intervenção é pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado • do Rio de Janeiro (art. 34, III). Recapitulando... Recapitulando • Classificação das normas constitucionais • Federação • Entes federados • Intervenção Federal
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