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Artigo e Material Complementar/Artigo e Material Complementar - A Psicologia do Comportamento Escolar.pdf Pó s- gr ad ua çã o em E du ca çã o A PSICOLOGIA DO COMPORTAMENTO ESCOLAR Rita de Cássia Spréa Uhle Diretores Diretoria Executiva Luiz Borges da Silveira Filho Diretoria Operacional Marcelo Antonio Aguilar Diretoria Acadêmica Francisco Carlos Sardo Editora Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Projeto Gráfico Evelyn Caroline dos Santos Betim Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Capa Vitor Bernardo Backes Lopes Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. Rita de Cássia Spréa Uhle RESUMO O presente artigo tem como objetivo expor os comportamentos influentes em sala de aula, apresentando suas causas, contextos e as consequências ocasionadas pelas ações e decisões dos alunos, que muitas vezes impe dem o desenvolvimento próprio e de seus colegas. Visa explanar a respeito do comportamento escolar por inter médio das teorias de aprendizagem, a fim de compreendêlo. Por meio desse reconhecimento, aplicar estratégias, assim como teorias que a psicologia proporciona para um tratamento e acompanhamento efetivo na busca de bons relacionamentos sociais, melhorando as condições em sala de aula e aperfeiçoando o aprendizado. Destaca transtornos e atitudes que influenciam o ambiente estudantil. Utiliza como fonte diversas bibliografias para compreender e basear informações a respeito do assunto. Discute questões relacionadas ao papel do educador no processo de aprendizagem e no manejo com problemas característicos no comportamento escolar, com opções de estratégias e práticas. Palavras-chave: Comportamento escolar. Psicologia. Transtornos. 1 INTRODUÇÃO O comportamento escolar é reflexo do contexto e dos relacionamentos de cada aluno. As situações mar cantes, problemáticas ou não, influenciam diretamente as ações das crianças em seu ambiente, no caso a escola, no qual precisam lidar com suas questões, colegas e professores e também se encontrar no processo de apren dizagem. Quando existem falhas, esse processo é interrompido ou distorcido, gerando prejuízos para a própria criança e para o ambiente escolar. Problemas como desatenção, transtornos emocionais ou psicológicos, traumas e até mesmo violência são entendidos como fatores determinantes no comportamento individual, que influenciam e ocasionam crises nas salas de aula. O objetivo deste trabalho é compreender esses comportamentos e indicar as possibilidades oferecidas pela psicologia no intuito de colaborar para um aprendizado dentro dos limites aceitos e, também, relacionamentos aceitáveis tanto na escola quanto em casa. Essa abordagem da psicologia comportamental escolar é necessária, uma vez que, alunos reconhecidos como preguiçosos ou desatentos na verdade podem sofrer algum distúrbio e, com a intervenção correta, podem se adequar ao padrão escolar e aprender dentro de seus limites. A relevância se dá pela necessidade de os professores reconhecerem cada tipo de transtorno, para assim lidarem da maneira mais adequada com toda a turma, identificando os conflitos, aprendendo a lidar com eles e encontrando soluções para o convívio dentro da escola. A Psicologia do Comportamento Escolar Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 4 2 TEORIAS DA APRENDIZAGEM O que é aprendizagem? Todas as mudanças relativamente permanentes no potencial de comportamento, que resultam da experiência, mas não são causadas por cansaço, maturação, drogas, lesões ou doenças (LEFRANÇOIS, 2008, p. 6). A aprendizagem pode ser considerada um resul tado da experiência vivida e vai além da definição de obtenção de informações, uma vez que as informa ções obtidas nem sempre se fazem óbvias no processo de aprendizagem. As mudanças de comportamento são evidências da ação da aprendizagem, mas isso não significa que todas as mudanças de comportamento a procedam, pois alterações resultantes de cansaço e drogas são temporárias, e não se caracterizam como prova de que houve aprendizagem. Ela implica em mudanças na capacidade de fazer algo e na disposição em realizálo. A generalização e a discriminação são importan tes na aprendizagem. A generalização diz respeito ao envolvimento com os comportamentos aprendidos anteriormente, na solução de novas situações. Nem todas as situações podem ser apresentadas em sala de aula, por isso a importância da generalização, uma vez que se ensina para generalizar (LEFRANÇOIS, 2008, p. 127). Já a discriminação complementa a generaliza ção e implica na distinção entre situações semelhantes que precisem de respostas diferenciadas, agregando valor ao aprendizado social, o que é certo fazer ou não. 2.1 Teoria científica Teoria científica é o conjunto de afirmações con gruentes que objetiva explicar determinadas observa ções. A teoria tem o propósito de avaliar, resumir e organizar fatos, assim como ser compreensível e simples para melhor compreensão. E para entender as mudan ças comportamentais existe a teoria da aprendizagem. Essa teoria, também conhecida como teoria com portamental, tem como objetivo organizar as hipóte ses, as observações feitas a respeito do comportamento humano (LEFRANÇOIS, 2008, p. 22). As teorias da aprendizagem tiveram suas origens na explicação do comportamento baseado em instin tos e emoções (LEFRANÇOIS, 2008, p. 22). Existem duas classificações para essas teorias: 2 behaviorismo – foco nos aspectos mais obje tivos do comportamento, como estímulo, resposta e recompensa. 2 cognitivismo – concentração nos conceitos biológicos, na atividade mental humana. Os psicólogos behavioristas examinam o compor tamento real e as condições que levam a tal atitude, lidam com estímulos, respostas ao comportamento. Já os psicólogos cognitivistas, sem contradizer o behavio rismo, acreditam que o comportamento humano se baseia em atividades como pensar, desejar, raciocinar, o que envolve o processo intelectual, a formação de conceitos, a memória e a percepção. 3 TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL – TCC A terapia cognitiva comportamental surgiu nos anos 60 do século XX e foi implementada pelo psi quiatra Aaron Beck. Baseiase em teorias desenvolvidas na formulação de planos de tratamento e orientação das ações do terapeuta. Possui dois princípios centrais (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 15): 2 as cognições têm uma influência controla dora sobre as emoções e os comportamentos dos indivíduos. 2 o modo como as pessoas agem ou se compor tam pode afetar profundamente seus padrões de pensamentos e suas emoções. Existem três proposições fundamentais que definem as características presentes na terapia cognitivocompor tamental (DOBSON apud KNAPP, 2004, p. 19): 2 a atividade cognitiva influencia o compor tamento. 2 a atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada. 2 o comportamento desejado pode ser influen ciado mediante a mudança cognitiva. Essa terapia tem como objetivo a correção das distorções do pensamento (KNAPP, 2004, p. 20) e se baseia na relação existente entre cognição, emoção e pensamento, responsável pelo funcionamento normal do ser humano. Knapp (2004) afirma que a TCC se apoia no pres suposto teórico de que as experiências de cada indiví duo são determinantes na interpretação das situações A Psicologia do Comportamento Escolar 5Faculdade Educacional da Lapa - FAEL em seu contexto. O que ele pensa a respeito dos acon tecimentos gera determinadas emoções e comporta mentos. Esses pensamentos que influenciam, muitas vezes, podem ser distorcidos, fato que é conhecido como distorções cognitivas. De acordo com Knapp, Se a situação é avaliada errone amente, essas distorções podem amplificar o impacto das percep ções falhas. As distorções cogni tivas podem levar o indivíduo a conclusões equivocadas mesmo quando sua percepção da situa ção está acurada. O objetivo da terapia cognitiva é corrigir as distorções do pensamento (2004, p. 20). As técnicas utilizadas na TCC auxiliam na iden tificação, na avaliação e na modificação de pensamen tos e crenças disfuncionais, pois sabese que a alteração desses pensamentos tem impactos significativos na vida do paciente. As crenças, conceitos incondicionais estabelecidos, formamse com as experiências e se con solidam durante a vida. Knapp (2004, p. 21) diz ainda que “as crenças disfuncionais são absolutistas, genera lizadas e cristalizadas; [...] sendo ativadas nos transtor nos emocionais”. 3.1 Relacionamento professoraluno sob a influência da TCC Em pesquisas realizadas a respeito da psicoterapia, Michael Lambert constatou que “o impacto do tera peuta pode ter caráter tanto positivo, quanto negativo, por isso a importância dos aspectos pessoais do pro fissional, bem como da sua formação e treinamento” (LAMBERT apud PICCOLOTO; WAINER; PIC COLOTO, 2008, p. 14). Podese traçar um paralelo entre essa pesquisa com o relacionamento vincular entre professor e aluno na sala de aula. O vínculo positivo que o professor esta belece com seu aluno influencia o seu desempenho durante todo o ano letivo. Beck sempre considerou a necessidade de alguns fatores específicos no tratamento terapêutico, tais como: calor humano, empatia, genuinidade e con fiança. A base da TCC é a utilização do questiona mento como instrumento de abordagem. Uma das características atraentes da terapia cognitivocomporta mental (TCC) é o emprego de um estilo de relação terapêutica cola borativa, simples e voltada para a ação. Embora a relação entre tera peuta e paciente não seja conside rada o mecanismo principal para a mudança como em algumas outras formas de psicoterapia, uma boa aliança de trabalho é uma parte essencialmente importante do tra tamento (BECK apud WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 33). Esses fatores específicos que Beck coloca como fundamentais no vínculo terapêutico são habilidades necessárias para o educador no ambiente escolar. A rela ção entre aluno e professor/educador define o curso do comportamento no ambiente escolar. Para os autores, há a necessidade de o profissional se envolver, demons trar compreensão e flexibilidade ao reagir às caracte rísticas singulares de sintomas, crenças e influências em cada pessoa. A colaboração entre ambos auxilia na identificação dos problemas e na busca por soluções. Essas teorias são utilizadas pelos profissionais em diversas situações, como no relacionamento e no com portamento em sala de aula. Aprendizagem social pode signifi car toda a aprendizagem que ocorre como resultado da interação social (uma definição de processo) ou o tipo de aprendizagem que está envol vido na descoberta de quais com portamentos são esperados e aceitá veis nas diferentes situações sociais (LEFRANÇOIS, 2008, p. 391). A teoria de aprendizagem social dá dois significa dos ao termo, uma aprendizagem ocorrida da intera ção social, como uma consequência, e o processo pelo qual todos aprendem. Essa aprendizagem é o conheci mento a respeito do que é aceitável socialmente. Para Guy Lefrançois, uma das mais importan tes tarefas de acompanhar o crescimento infantil é o ensinamento sobre os comportamentos adequados no aspecto social (2008, p. 373). Isso é a socialização. As instituições são consideradas as maiores influências nesse processo. E essas instituições são: família, igreja, meios de comunicação, escola. As crianças recebem delas valores e crenças que definem a cultura em que estão inseridas. Mas como uma criança aprende o que é social mente aceitável? Albert Bandura, psicólogo, dá a resposta com o termo “aprendizagem” por observação, que vem da imitação. Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 6 A teoria reconhece a enorme sig nificância da nossa capacidade de antecipar as consequências de nos sos comportamentos, de simbolizar e perceber as relações de causa e efeito. O poder dos modelos tem a ver, principalmente, com sua fun ção informativa. Os modelos nos informam não apenas como fazer certas coisas, mas também as con sequências que os nossos compor tamentos podem ter (LEFRAN ÇOIS, 2008, p. 376). Dentro da aprendizagem por observação, encon tramse alguns processos diferentes que completam essa etapa: 2 processo de atenção – a atenção é necessá ria para aprender. Segundo Brandura (apud LEFRANÇOIS, 2008), estar atento ao com portamento depende da importância dada a ele. Aquilo que é valorizado tem muita atenção. 2 processo de retenção – além de prestar atenção, é preciso lembrar o que foi visto. Existem dois tipos de representação no processo de aprendizado: visual e verbal. Ambos são importantes, porém cada um tem sua relevância para a transmissão de informações. 2 processo de reprodução motora – compor tamentos concretos são alcançados através dessa imitação, que é feita com habilidade física e intelectual. Pode promover a correção da ação ou ensinamento passado. 2 processos motivacionais – motivos são razões e causas do comportamento e, para aprender, é preciso haver motivação. Para Brandura (apud LEFRANÇOIS, 2008), não se pode definir o comportamento apenas pelas intervenções externas ou internas. Os estímulos externos não são os únicos responsáveis pelo com portamento humano, e o mesmo pode ser dito de estímulos internos. O autor acredita que existem três sistemas que, em conjunto, determinam o compor tamento das pessoas: 2 controle de estímulos – ações reflexas usa das para responder a determinados estímu los, como medo, espirro, amor, susto. 2 controle de resultados – alguns comporta mentos são controlados por suas consequên cias, são ações condicionadas. 2 controle simbólico – atividades humanas influenciadas por processos internos. Um exemplo é o pensamento, que pode afetar o comportamento das pessoas. Existem vários fatores que influenciam o compor tamento, o qual pode ser determinado por problemas, perdas e abusos. Mas, mesmo em face de situações com plicadas e desestruturadoras, há uma possibilidade de manter um bom comportamento através de cuidados, compreensão. Isso pode ser conhecido como resiliência. A resiliência, que pode ser definida como resis tência aos choques, é uma maneira de enfrentar gran des problemas. Segundo Poletti e Dobbs, a resiliência pode ocorrer em situações de risco devido a fatores de estresse e tensão. As autoras dizem não ser uma tarefa fácil acabar com todas as cicatrizes, mas os resilien tes podem viver com dignidade, ainda que tenham sofrido abusos quando crianças. Para elas, os educa dores podem enxergar de outra maneira a evolução de seus alunos, com muito mais atenção, disposição e motivação (2007, p. 17). Essa característica surge a partir do temperamento da pessoa, de seu contexto cultural, das marcas e feri das que possui, e do apoio que ela recebe. Ela está na ajuda de organizações, no amor próprio, valorização pessoal, religião e, por não ser uma constante, deve ser incentivada sempre. [...] cada um vive seus dramas e feri das de maneira única e individual. Não se pode fazer uma descrição padronizada das consequências de um trauma ou outro numa criança. A maneira pela qual ela vai superálo ou não depende de seu patrimônio genético, das circunstâncias de sua primeira infância, das mensagens que recebeu, das ligações afetivas que criou e da segurança que estas lhe fizeram sentir (POLETTI; DOBBS, 2007, p. 4041). A resiliência, como comportamento, pode ser ensinada às crianças. Ela se constrói na união dos fato res internos, por meio de mensagens verbais e visuais ou elementos externos, com a presença de adultos, acontecimentos importantes. Ela pode ser promovida nas escolas pela motivação, pois com esse incentivo a criança desenvolve competência social, aprende a con viver bem com os outros, aprende a se comunicar e busca a resolução de suas questões, estabelecendo seus objetivos e pedindo auxílio quando necessário. A Psicologia do Comportamento Escolar 7Faculdade Educacional da Lapa - FAEL As autoras acreditam que a escola é um lugar essencial para as crianças que estão sofrendo, indepen demente dos problemas (POLETTI; DOBBS, 2007, p. 50). Lá, ela precisa encontrar pessoas preocupadas com seu bemestar, assim como em casa; ter esperança, tendo uma razão para acreditar em si mesma; ter opor tunidade de participação, aumentando sua autoestima e se sentindo parte de um todo, segura, ativa e feliz. 4 GESTÃO DE RELACIONAMENTO E COMPORTAMENTO ESCOLAR Em qualquer escola, os mesmos alunos podem se comportar de maneira diferente, em diferentes cenários e com diferentes professo res. O comportamento do profes sor e o comportamento do aluno têm um efeito recíproco um sobre o outro e sobre o sempre presente “público” de colegas (ROGERS, 2008, p. 17). Bill Rogers afirma que tanto o professor quanto o aluno ensinam um ao outro pelo seu comportamento relacional diário (2008, p. 17). Rogers acredita que, ainda que professor ou o aluno estejam passsando por um dia ruim, o comportamento e a sua administração podem influenciar na ocorrência de incidentes. Uma importante ferramenta para benefícios em sala de aula é ser um profissional reflexivo, que avalia a prática e a gestão de ensino. Entretanto, muitos comportamentos inadequa dos em determinadas situações impedem que haja uma real reflexão e, até mesmo, uma mudança de posi cionamento. Rogers nomeia comportamentos secun dários atitudes como olhar de desaprovação, mau humor, irritação e rebelião e diz que estes são conside rados mais intolerantes que os comportamentos pri mários, quais sejam: não realizar tarefas, atrasos, etc. Para haver um bom desenvolvimento do grupo de alunos é necessário o estabelecimento da gestão comportamental por meio de práticas e habilidades. Durante essa fase, o professor faz um acompanhamento para destacar responsabilidades da turma, seus direitos e deveres. Existem algumas metas da gestão de compor tamento a serem alcançadas (ROGERS, 2008, p. 49): 2 reconhecer/ser responsável por seu com portamento; 2 respeitar os direitos, sentimentos e necessida des dos outros; 2 construir relações funcionais. Muitas escolas utilizam o acordo comportamental em sala de aula para estabelecer direitos e responsabili dades compartilhados. Os alunos participam, juntamente com seus professores, de “um acordo” abordando direitos, res ponsabilidades e regras em comum sobre o comportamento e aprendi zagem; as consequências principais para um comportamento inaceitá vel e uma estrutura de apoio para auxiliar os alunos quando eles estão se esforçando com seu comporta mento e aprendizagem (ROGERS, 2008, p. 51). Para que os alunos entendam o que lhes é pro posto, é preciso comunicação e linguagem adequada ao contexto, assim como uma expressão dinâmica. Quando utilizada de maneira correta, pode ser a base para relacionamentos positivos e funcionais. Existem alguns princípios básicos para o desenvolvimento dessa linguagem, entre eles podese destacar uma inte ração corretiva, declarações assertivas, tom de voz res peitoso e positivo. O processo de ensino flui à medida que o professor se apresenta interessado e envolvido no progresso de seu aluno com atitudes como encora jamento, dedicação e positivismo. De acordo com Bill Rogers, um professor precisa de habilidade para se relacionar e se comunicar com os alunos. Esses são atributos essenciais para motivar o tra balho com tarefas e relações interpessoais (2008, p. 151). Todo comportamento gera uma consequência e o professor necessita saber gerenciálas. Consequências comportamentais, como uma característica de disci plina cuidadosa, são uma tentativa do professor de ligar o comporta mento perturbador ou errado do aluno a um resultado que, espe rase, enfatizará a imparcialidade e a justiça, e até mesmo ensinará à criança alguma coisa sobre respon sabilidade final (ROGERS, 2008, p. 156). A aplicação de consequências sugere uma orga nização de resultados, permitindo aos alunos experi mentarem a reação de suas atitudes comportamentais. Assim como escolhem incomodar, optam por enfren tar as consequências geradas. As detenções também podem ser usadas para rastrear se alunos, tur Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 8 mas e professores estão passando por dificuldades. Elas são uma “advertência antecipada” de que professores experientes podem (e deveriam) oferecer apoio moral e prático (ROGERS, 2008, p. 172). Para lidar com essas reações, é preciso haver uma administração das consequências negociáveis e não negociáveis. Ambas devem ser explicadas de antemão, apresentando as questões envolvidas como compor tamentos aborrecedores frequentes ou não. Também é necessário equilibrar os aspectos disciplinares com o apoio adequado: mediação, restituição, aconselha mento e até planos de comportamento para cada aluno. 5 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL É a capacidade natural que nós, os humanos, temos para gerir nossas emoções com o objetivo de nos adaptarmos às circunstâncias de nosso ambiente; capacidade que podemos melhorar mediante a introspecção e a prática (AGÜERA, 2008, p. 91). Baron (apud AGÜERA, 2008, p. 92) define a inteligência emocional a partir de três fatores: 2 percepção da emoção – itens que reconhe cem as emoções por expressões faciais, dese nhos e relatos. 2 compreensão da emoção – itens que reco nhecem a mudança das emoções ao longo do tempo e como se misturam. 2 regulação das emoções – testes qualificado res das estratégias a serem seguidas, situações problemáticas de ordem emocional. Para Agüera (2008), a inteligência emocional é fator determinante para o sucesso profissional e até mesmo de domínios científicos. A inteligência emo cional é composta por competências; a primeira é emocional, a segunda, competência pessoal e, por fim, competência social. Com uma boa administração de ambas, é possível um contentamento individual, ape sar de dilemas, e um bom relacionamento interpessoal. Goleman (apud AGÜERA, 2008, p. 95) define a competência emocional como: uma meta habilidade composta pelas habilidades de saber contro lar os impulsos emocionais, saber desprenderse dos estados de ânimo negativos e saber adiar gratificações (2008, p. 95). 5.1 Comportamento em sala de aula A indisciplina é um problema comum em salas de aula e demanda do professor atitudes corretivas e disciplinares. A conduta indisciplinar pode ser cau sada por diversos fatores, como problemas psicológi cos, familiares, estruturação familiar e pode, também, transformarse com o contexto social em que a criança esteja inserida. As situações de indisciplina têm relação com uma perspectiva pedagógica, uma vez que problemas peda gógicos influenciam atitudes indisciplinares. Segundo Silvia ParratDayan “a disciplina é um conjunto de regras de conduta estabelecidas para man ter a ordem e o desenvolvimento normal das atividades de uma aula ou num estabelecimento escolar” (2008, p. 20). A autora diz que o conceito de indisciplina se traduz de várias maneiras e também por diversas inter pretações, existem três referências para a avaliação, a do aluno, a do professor e a da escola. A indisciplina se mostra nas condutas e nos relacionamentos interpes soa is do aluno. A avaliação é feita pela escola, por exemplo, na ausência de valores democráticos ao se declarar como tal, e da perspectiva do professor se ele obedece ou não as normas estabelecidas e sua intervenção em questões problemáticas com seus alunos. As crianças precisam, assim como todos os indiví duos, de regras para manter um bom relacionamento no ambiente em que estão inseridas, nesse caso, a escola. Quando essas regras não são devidamente assi miladas ou seguidas, existe o problema indisciplinar, o qual é associado a problemas de moral. Agir moralmente significa se con formar às regras da moral, que são exteriores à consciên cia da criança porque foram elaboradas sem ela. Mas chegará o momento em que a criança entrará em contato com essas regras. Esse momento da existência da criança é decisivo no que diz respeito à formação da disciplina (PARRATDAYAN, 2008, p. 32). As regras são necessárias ao ambiente escolar, uma vez que agem como instrumentos no processo de edu cação moral. A autora sugere que uma escola demo A Psicologia do Comportamento Escolar 9Faculdade Educacional da Lapa - FAEL crática promove e favorece a cooperação e a interação entre os alunos e que é a fonte de autonomia intelec tual e moral. Os motivos para a indisciplina podem ser encon tradas tanto nas escolas como fora delas. As causas externas podem ser influência de programas de TV, relacionamentos sociais, falta de valores e problemas familiares. Já as internas estão presentes na relação pro fessoraluno, adaptação ao contexto, perfil do aluno, interesse e habilidades. As crianças precisam, assim como todos os indivíduos, de regras para manter um bom relacionamento. De um modo geral, a indisciplina pode ser enten dida como um problema de razão social e, por isso, deve ser considerada uma questão pedagógica para ser compreendida nos relacionamentos entre professor e aluno (intervenção escolar). Ela deve ser vista não ape nas como um problema pessoal, mas como parte da responsabilidade das instituições de ensino. É na sala de aula que o aluno vai aprender tanto o conteúdo quanto o manejo de conflitos. Para combater a indisciplina nas escolas é preciso levar em consideração o desenvolvimento da criança e adotar postura e ideia construtivistas e motivacionais. Isso por meio de democracia, estímulo ao respeito, debate, atitudes que dependem da formação do pro fessor. Segundo Dayan, educar não é estabelecer exi gências às crianças, é fixar normas e supervisionar para que sejam cumpridas (2008, p. 69). Um projeto de investigação, que foi dirigido por Neuenschewander (apud PARRATDAYAN, 2008, p. 70), sugere quatro tipos de gestão de classe, com as regras sociais elaboradas: 2 soberano – equilíbrio entre regras e flexi bilidade. 2 regulamentado – pouco flexível. 2 relacional – há muita flexibilidade e pou cas regras. 2 desorganizado – não há regras ou flexibi lidade. O soberano é o mais exigente, contudo, eficaz por sua avaliação de ensino. 5.2 Habilidades sociais em sala de aula – professor e aluno Turmas difíceis de lidar podem desestruturar um bom professor, abalando a confiança dos mais expe rientes. Por essa razão, é importante contar com o apoio dos colegas no desenvolvimento de um plano de ação colegial para restabelecer a turma “difícil”. O professor precisa, por meio de habilidades, estruturar interações sociais educativas, pois seu posi cionamento – maneira de lidar com os objetivos pro postos com os alunos – pode interferir no comporta mento da sala em geral. É preciso levar em consideração algumas questões: quantos são os alunos perturbadores, quão frequentes são suas ações e quem são os líderes desse comportamento. Assim que reconhecidas, o professor pode fazer reuniões com sua turma a fim de responder à seguinte pergunta: o que podemos fazer para mudar nossa sala de aula e como? O professor pode destacar os direitos e as respon sabilidades dos alunos, provando que o comporta mento pode afetar a segurança da turma e mostrando quais as consequências de não agir conforme as regras estabelecidas. Segundo Bill Rogers (2008), os alunos devem estar cientes dos resultados da reunião e o pro fessor deve publicálos sempre que possível, de maneira positiva e estimulante. O autor oferece um roteiro de ações para lidar com o mau comportamento em sala de aula, com o apoio de colegas: 2 análise do problema – por meio de um con tato planejado, estruturado. 2 estabelecimento de objetivos – conquistar a atenção dos alunos ou habilidades particula res na linguagem da disciplina, por exemplo. 2 feedback – apresentar os resultados dos obje tivos conquistados. 2 desengajamento – o professor recebe o apoio mais distante, dandolhe a oportunidade de se ajustar às habilidades encontradas. Silvia ParratDayan acredita que o professor não pode apenas transmitir seu conhecimento, e sim guiar e acompanhar o seu aluno nas atividades, investiga ções e tentativas (2008, p. 116). Além do mais, o educador é o per sonagemchave no que se refere ao desenvolvimento de interações positivas; portanto, ele desenha, Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 10 em colaboração com toda a equipe educativa, uma estratégia que mos tre aos alunos a necessidade de escutar, de dialogar, de ter tolerân cia, de enfrentar os conflitos, de reconhecer os erros e de conseguir progressivamente a independên cia de critério ( PARRATDAYAN, 2008, p. 116117). Sentimentos, transtornos, família e acontecimen tos são peças expressivas na construção do caráter das crianças e ajudam a definir a personalidade e as ações de cada uma. Quando passam por situações embara çosas, constrangedoras ou até mesmo problemáticas, as crianças tendem a revelar suas frustrações por meio de comportamentos, assim como ocorre em momen tos de alegria. Esses comportamentos influenciam seu aprendizado e os relacionamentos sociais. Com dinamismo, trabalhos criativos e motivação, um professor pode proporcionar uma mudança em sala de aula, incentivando responsabilidade e o anseio por aprender. O profissional que cuida de uma criança com dificuldade de aprendizagem, para garantir a normali zação das aquisições de conhecimento, precisa conhe cer a maneira como se dá o aprendizado, os fatores influentes, as características pessoais e de desenvolvi mento. Somente assim terá as condições necessárias para determinar a melhor opção terapêutica. A aprendizagem, como um fenômeno psicoló gico, precisa ser compreendida em diversos fatores, tanto biológicos quanto psicossociais, já que a inte ligência interage com a emoção, agregando valor ao processo cognitivo. 5.3 Emoção na sala de aula As emoções são sinais entre animais da mesma espécie, que comunicam duas mentes entre si (HOB SON apud AGÜERA, 2008, p. 78). Essas emoções podem ser positivas ou negativas, mas sempre são traduzidas pelo comportamento social. Em uma sala de aula, os alunos estão sempre apresentando suas emoções com variados comportamentos, ansiosos por atenção, mesmo que para isso desafiem, instiguem, questionem ou, até mesmo, ofendam. Esses alunos são conhecidos como desafiadores. Esses estudantes fazem parte de um grupo que representa 5% do geral, com comportamentos carac terísticos, inconvenientes e perturbadores. Existe tam bém o grupo de alunos que participa e se dedica, o qual, segundo que segundo as estatísticas, é a maioria, 80%. O comportamento, para Rudolf Dreikurs (apud ROGERS, 2008, p. 171), dirigese a objetivos especí ficos e particulares, tendo como base a busca por acei tação social. Há crianças que procuram se adaptar por meio de comportamentos atentivos. O autor desafia os educadores a encontrarem o objetivo comportamental de seus alunos. 6 BULLYING INFLUENCIANDO O COMPORTAMENTO ESCOLAR A definição de bullying, segundo Fante: Palavra de origem inglesa, adotada em muitos países para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colo cála sob tensão; termo que concei tua os comportamentos agressivos e antissociais, utilizado pela litera tura psicológica anglosaxônica nos estudos sobre o problema da vio lência escolar (2005, p. 27). Esse fenômeno é antigo, mas professores e edu cadores só começaram a ter consciência da relevância dele a partir dos anos 70 do século XX. Conflitos entre alunos são comuns em determina das situações, porém, se essa agressividade é intencio nada, há uma influência no contexto da sala de aula, promovendo comportamentos similares. Não é um comportamento restrito a crianças de baixa renda e sua ação é percebida em muitas escolas em todo o país, sejam elas municipais, estaduais ou par ticulares. O bullying é um problema crônico, que gera baixa autoestima e dificuldades de relacionamento. Agressões marcam a personalidade e a vida de uma criança e de um jovem por toda sua vida. As consequências são diversas e podem ocasionar deci sões erradas, assim como falhas de comportamento. Questões como essas são preocupantes tanto para pais e educadores quanto para psicólogos, por isso a neces sidade de se investigar mais sobre esse tema, desco brindo causas, coibindo a violência, trazendo as infor mações relevantes a respeito do bullying para dentro das salas de aula e indicando opções de tratamento de casos relacionados. Uma reação para incidentes de bullying na escola envolve algumas características como a colaboração A Psicologia do Comportamento Escolar 11Faculdade Educacional da Lapa - FAEL e a contextualização da perspectiva. A colaboração implica uma atitude dos educadores de minimizar a problemática entre os alunos necessitados de assis tência, buscando cooperação e colaboração com uma parceria positiva no controle de problemas relaciona dos ao desrespeito e ao bullying. Já a contextualiza ção serve para indicar uma perspectiva sociocultural, otimizando uma análise dos contextos da vida social da criança. Uma forma para diminuir esses problemas é a exteriorização de pensamentos e sentimentos, o que pode transformar a visão de uma criança briguenta na de alguém que precisa de ajuda para lidar com a raiva, a frustração e a violência. Os problemas, quando exteriorizados, podem ser encarados como algo a ser controlado, o que pode gerar um sentimento de res ponsabilidade no tratamento deles. É preciso que haja o conhecimento da realidade da escola, reconhecendo as diversas formas de violência escolar. O educador deve ter como objetivo e, a partir daí, compreender seu papel para evitar e até mesmo eliminar esse tipo de atitude dentro de sala de aula. Para identificar o bullying, fazse uma investigação em sala de aula, utilizando um questionário, que pode abranger um contexto mais amplo ou ser mais espe cífico e fazer perguntas descritivas e diretas. Existem instrumentos de investigação que servem como identi ficação de alunos problemáticos, vítimas de agressões, como a redação sobre a vida familiar ou uma entrevista particular, em que o aluno é questionado sobre sua rotina e costumes familiares. Além desses aspectos, existem algumas vanta gens com o estímulo ao vínculo, como o esforço do aluno em ser o melhor que puder, a construção da autoestima, a segurança, a satisfação, o compromisso e a participação. Os educadores podem criar opor tunidades de os alunos tornarem visíveis o eu de sua preferência e sua determinação, mesmo quando todas as pessoas têm uma história problemática a respeito desses alu nos – casos de fracasso, de bullying ou de falta de respeito (BEAU DOIN; TAYLOR, 2006, p. 121). A colaboração de todos na turma é uma ação valorizada para minimizar os efeitos e as consequên cias do bullying. No entanto, para que ela aconteça, métodos de competitividade não devem coexistir. A autorreflexão também é uma ação necessária para que o contexto seja modificado. Ela traz vantagens ao permitir uma avaliação dos valores e intenções, habi lidade de atenção e percepção e melhoria do relacio namento com outras pessoas. Reconehcendo e avaliando os problemas que envolvem bullying, é o momento de alterar a realidade escolar pelas estratégias de intervenção. Esse posicio namento facilita a reflexão, promovendo a humaniza ção dos problemas, o que os torna comuns a todos e propicia um envolvimento geral na busca da solução concreta para ele. 6.1 Perfis existentes no bullying Existem três personagens envolvidos nessa reali dade: o agressor, a vítima e o espectador ou testemu nha. O perfil do agressor é caracterizado pela presença de violência, muitas vezes aprendida com adultos relacionados. Ele tem um caráter provocador e inti midador e possui dificuldades de relacionamento, pois acredita que tudo deve ser feito conforme seu desejo. A vítima é a criança tímida e retraída, que não tem capacidade de se defender, por se sentir inse gura, discriminada e excluída. Ela não se sente à vontade no ambiente escolar e pode desenvolver inúmeros distúrbios de personalidade, como se tor nar uma pessoa ansiosa, depressiva, com grandes danos à sua autoestima. Já a testemunha é a criança que não participa do ato de violência ou é submetida a ele, mas o presencia em seu cotidiano e não denuncia por insegurança ou medo da reação do agressor. Isso gera conivência e até mesmo a falsa sensação de que ações como o bullying não são tão erradas. 6.2 O papel do educador Existem diversas causas que auxiliam no envol vimento de crianças e adolescentes com bullying. Os alunos, para Beaudoin e Taylor (2006, p. 45), não são o problema, mas sim “o sentimento da falta de opções (devido aos bloqueios contextuais) [...]”. De acordo com as autoras, Os jovens envolvidos em questões de desrespeito e bullying precisam de um auxílio que eles realmente possam fazer escolhas diferentes [...] isso não significa adultos expondo opções, mas sim jovens que são convidados a realizar um processo Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 12 mais aprofundado de autoinvesti gação, dado o contexto específico de suas vidas (2006, p. 44). O educador deve considerar o contexto em que cada um de seus alunos vive e está envolvido. Não pode apenas julgar a situação pelo ato em si, mas antes conhecer as histórias, problemáticas ou não. De acordo com Beaudoin e Taylor (2006, p. 48): Se os educadores reconhecerem que nenhuma verdade efetiva pode ser descoberta, mas sim apenas a perspectiva de cada aluno e sua experiência subjetiva da situação, estabelecese um tipo bem diferente de conversa. Os alunos sentemse então ouvidos e respeitados, talvez não tentem provar nem defender nada, e criase um contexto no qual pode surgir a compreensão e a reso lução de problemas. A verdade não pode ser encontrada, mas existe uma diversidade de perspectivas a serem conheci das e analisadas. A punição para as consequências de atos irresponsáveis nem sempre é útil para modificar o comportamento do aluno, antes colaboram com as pressões, frustrações e resistência a autoridade. As punições constantes “levam professores e aluno a ficar presos em um ciclo vicioso cheio de problemas, no qual as mesmas reações se repetem” (BEAUDOIN; TAYLOR, 2006, p. 53). Para haver mudança no comportamento, as boas intenções contam e são importantes, mas por si só não são determinantes para a transformação. A presença da capacitação e do encorajamento aos alunos se faz necessária para que eles cumpram esse propósito. 6.3 Divórcio e novo casamento A separação dos pais causa sofrimento na criança, sentimento que gera marcas, as quais, se não forem per cebidas, podem ter influência no comportamento atual e futuro da criança, tanto na família quanto na escola. A autoestima é gerada pela identidade adquirida de ambos os pais e, quando há uma separação, essa identidade se perde, tornando a criança isolada e retraída. Após todo o processo de separação, a criança pre cisa se sentir segura, sabendo o que aconteceu a ela e à sua família. Por isso é preciso administrar sentimentos, informações e até o comportamento em sala de aula. Se a criança começa a apresentar mau rendimento ou um comportamento inaceitável em sala, ela pode estar passando por problemas em casa. Para trabalhar o problema de uma forma positiva, existem estratégias como: histórias e programas de TV que ajudem a turma a entender os sentimentos experi mentados em situações semelhantes. Atividades espor tivas, de lazer, podem ajudar a criança a esquecer ou a desviar seus pensamentos referentes ao problema, à frustração. Outra atividade interessante é a de expres são emocional, na qual a criança pode se expressar por meio de música, filme, arte, etc. A separação dos pais pode interferir no bom com portamento da criança e, se isso acontecer, ela preci sará de apoio para enfrentar tal situação, necessitará de alguém que a escute, que lhe dê atenção e a motive a se ocupar com as tarefas escolares. 7 INFLUÊNCIA DOS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS/EMOCIONAIS NA SALA DE AULA A criança pode sofrer transtornos psicológicos, sociais, físicos, ocasionados por perdas e frustrações. Problemas como esses estão presentes em sala de aula e precisam ser reconhecidos para serem tratados da maneira adequada. Esses transtornos podem acontecer em qualquer fase da vida, contudo, são comuns à infância, e os pro fessores devem estar preparados para receber crianças que passaram por algum problema. Situações como o ciclo inicial da escola básica, a não aceitação ou ridicu larização por parte de crianças mais velhas podem cau sar euforia, malestar e angústia. Muitas vezes a criança não se sente acolhida na escola. Para lidar com esses transtornos emocionais, não é preciso uma fórmula mágica ou um padrão preesta belecido, uma vez que cada criança tem características específicas e problemas individuais. A generosidade e a compreensão do contexto social e emocional são aliadas no reconhecimento e no tratamento de transtornos. A separação dos pais pode interferir no bom comportamento da criança. As desordens emocionais são ocasionadas, em sua maioria, por abusos. Uma criança pode passar A Psicologia do Comportamento Escolar 13Faculdade Educacional da Lapa - FAEL por situações problemáticas e ser abusada fisicamente, emocionalmente, sexualmente ou até por negligência. 2 Abuso físico: tapas, socos e queimaduras, feitos por pais, familiares ou responsáveis. 2 Abuso emocional: causado por rejeição, maus tratos. É um dos mais difíceis de ser reconhecido, pois influencia diretamente no desenvolvimento emocional da criança. 2 Abuso sexual: toques inadequados, porno grafia, ou algum envolvimento para o qual a criança não está preparada ou com o qual não consentiu. 2 Negligência: ignorância com relação às necessidades da criança, todo tipo de des cuido, como deixar de alimentar, vestir ou até mesmo cuidar da saúde da criança. O abuso pode ocorrer no ambiente escolar, sendo que pode conter as características de um mais tipos de violência. Faz parte do papel de educar estar atento aos sinais de abuso. As crianças podem apresentar problemas especí ficos e transtornos característicos, os quais dificultam o processo de aprendizagem e interrompem o desen volvimento de relações e do comportamento em sala de aula. Um transtorno conhecido e bastante comum em crianças de idade escolar é o transtorno de deficit de atenção. 7.1 Transtorno de deficit de atenção e hiperatividade – TDAH Tratase de um problema comum e constante em escolas, muitos professores e educadores ainda não sabem lidar com portadores desse transtorno. De acordo com o DSMIVTR (2002, p. 112), a definição de TDAH é a seguinte: Alguns sintomas hiperativoimpul sivos que causam comprometi mento devem ter estado presente antes dos 7 anos, mas muitos indi víduos são diagnosticados depois, após a presença dos sintomas por alguns anos [...]. Algum compro metimento deve estar presente em pelo menos dois contextos (por ex. em casa e na escola ou trabalho). [...] Deve haver claras evidências de interferência no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional próprio do nível de desenvolvi mento [...]. A criança portadora de TDAH pode apresentar vários sintomas, contudo, destacamse a desatenção, a hiperatividade ou a impulsividade, separadamente ou em conjunto. Esse transtorno, por ser crônico, não pode ser eliminado, mas tratado para que a criança com essa síndrome possa ter sua vida organizada, apresentando um comportamento funcional tanto em casa como na escola. O TDAH surge, geralmente, no início da infância e permanece durante toda a fase adulta, tendo como principais sintomas a distração e a impulsividade, além da incapacidade de relacionamento e adequação aos colegas. Mesmo que esses sintomas possam acontecer em idades diferentes, são mais acentuados na infância, e, mesmo que a criança conheça as regras estipuladas, não as obedece em situações sociais. A incidência de TDAH em crianças é muito comum, principalmente em idade escolar (6 a 12 anos). O comportamento dessas crianças pode ser exa gerado em relação às atividades (tarefas chatas, com plicadas, fáceis) e as habilidades se mostram deficien tes, gerando prejuízos nas relações sociais. Educadores que lidam com crianças portadoras desse distúrbio devem levar em consideração os sin tomas que variam de acordo com o estágio do desen volvimento da criança, para auxiliar na identificação do problema, assim como no seu tratamento. A hipe ratividade, por exemplo, é mais percebida em crianças mais jovens. Já a desatenção é percebida em crianças mais velhas, intensificandose em jovens, uma vez que o grau de atenção exigido para determinadas ativida des aumenta conforme a idade. Crianças com TDAH com prevalência de desa tenção tendem a se isolar mais, dificultando os relacio namentos e a maturação, a qual depende de habilida des sociais para existir, assim como gera uma ansiedade e resistência no envolvimento grupal. Existem algumas técnicas de avaliação que podem ser usadas para o diagnóstico do TDAH, tais como: 2 entrevistas e coleta de histórias – o histórico familiar, médico, psiquiátrico e as entrevistas com familiares e com o próprio paciente são ferramentas importantes para identificar o per fil sintomático de TDAH. São avaliadas quatro áreas: ambiente familiar, desempenho escolar, relações sociais e funcionamento pessoal. Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 14 2 observação – é uma técnica pouco utilizada, porém, eficiente, pois auxilia no acompa nhamento do paciente em situações regu lares e pode melhorar o diagnóstico. São avaliados sinais como: inquietação motora, atenção e impulsividade, habilidades sociais e de relacionamento. Além de medicamentos, existe o tratamento psi cológico que, muitas vezes, é a melhor indicação para determinados pacientes que apresentam, por exemplo, deficit de habilidades escolares. Ainda que o remédio auxilie na melhora em alguns pontos específicos, não é o suficiente. Uma intervenção utilizada com frequência no manejo do comportamento em sala de aula inclui o controle de contingência, em que a atenção positiva ou negativa do professor se faz reforço; as estratégias cognitivocomportamentais, em que são trabalhadas a autoconversa; a repetição de instruções e a aprendiza gem assistida por pares, um método eficaz no aumento das habilidades escolares (podem ser escolhidos cole gas para ajudar a copiar as tarefas). As crianças com TDAH apre sentam prejuízo no desempenho escolar em vários níveis. Assim, os programas para ensinar habilidades escolares precisam ter como alvo tanto habilidades gerais quanto específicas. As habilidades escolares geralmente são ensinadas por meio de estratégias cognitivocomporta mentais em aulas especiais ou pro fessores particulares (CONNERS, 2009, p. 83). A terapia multimodal é indicada por ser eficaz e consiste em medicamentos e tratamentos psicossociais e, além disso, há o treinamento dos pais, controle em sala de aula, reforço comportamental e terapia para habilidade social (CONNERS, 2009, p. 8687). O TDAH geralmente se apresenta com comor bidades, ou seja, outros transtornos em conjunto. Essas comorbidades podem ser: desvios de conduta, transtornos de humor (bipolaridade, depressão) e ansiedade. Quando há o diagnóstico desses transtor nos é preciso haver também um tratamento especí fico para o convívio social adequado. Uma doença comórbida bastante comum é o transtorno desafia dor de oposição. 7.2 Transtorno desafiador de oposição – TDO Esse transtorno consiste em um comportamento opositivo às figuras de autoridade e, em geral, é dire cionado a pais e professores. Há sempre uma agressivi dade latente na criança, ela discute sobre tudo e culpa outros por suas atitudes. A criança com TDO apresenta, em geral, baixa autoestima devido às frequentes críticas que recebe e pela sensação de que está sendo injus tamente criticada e punida. Esse padrão de comportamento gera consequências negativas a longo prazo, e está associado a vários marcadores de mau prognóstico na vida adulta (ROHDE; MATTOS, 2003, p. 86). O tratamento indicado para TDO é o cogniti vocomportamental, no qual acontece um acompa nhamento do paciente em questão e de sua família no conhecimento a respeito da doença e quais as maneiras possíveis para lidar com ela, tanto em casa como na escola, proporcionando assim uma vida social saudável. 7.3 Transtorno de conduta Outro transtorno possível de ser diagnosticado como comorbidade é o transtorno de conduta, no qual se reconhecem mentiras frequentes, fugas, abu sos e crueldade. Esses fatores colaboram para destruir relacionamentos sociais, familiares e escolares, prevale cendo até a idade adulta. O transtorno de conduta, de acordo com o DSMI VTR (2002), é um padrão repetitivo e persistente de comportamento, no qual são violados os direitos básicos dos outros ou as normas sociais. O transtorno envolve violar regras, causar perdas ou danos a pro priedades, defraudar ou furtar e causar danos físicos a pessoas ou a animais. O TDAH geralmente se apresenta com comorbidades, ou seja, outros transtornos em conjunto. A Psicologia do Comportamento Escolar 15Faculdade Educacional da Lapa - FAEL A investigação e a avaliação correta em relação às comorbidades pode ajudar na identificação de grupos de pacientes específicos e na busca pelo trata mento correto. Estando ciente do histórico familiar, de acontecimentos marcantes e características pesso ais do paciente, há a oportunidade de respostas para o manejo dos transtornos e a modificação cognitiva, já que esta pode ser alterada com o propósito de melho rias, tanto individuais quanto sociais. 7.4 Depressão na infância Existe ainda a depressão infantil, em que são iden tificadas alterações no comportamento, como retrai mento, irritação, desânimo e agressividade. Entre as razões existentes para o surgimento da depressão nessa fase, podem ser destacadas: o próprio diagnóstico de TDAH, baixa autoestima, aceitação da família e cole gas, assim como problemas decorrentes desse trans torno. A depressão, aliada ao TDAH, prejudica a vida estudantil da criança, gerando mais falta de atenção e interesse pelas atividades propostas em sala, como também a dificuldade de aprendizagem. A depressão nessa fase pode existir por si só ou estar associada a alguns fatores relevantes na vida da criança. De acordo com Aquino (1999, p. 65), a infância é um tempo de desenvolvimento e aprendi zagem, assim como de descoberta de oportunidades e desafios. Nesse período, a depressão é mal compreen dida. A criança se mostra infeliz, desinteressada, com a autoestima baixa. Tem a sensação de não ser amada, não se sente segura e por essa razão sofre e se afasta dos demais, o que prejudica seu desenvolvimento e sua interação com outras crianças e também familiares. Ainda segundo Aquino, o prazer é parte integral da vida de uma criança e um componente necessá rio para a aprendizagem, crescimento e divertimento (1999, p. 67). Existem alguns comportamentos que indicam a presença da depressão na vida de uma criança: frequên cia e rendimento escolar baixos, fugas de casa, problemas de relacionamento com colegas e família. Essa interação de múltiplos fatores pode ocasionar grande dificuldade educacional, gerando um aprendi zado fraco, quase inexistente. As crianças em idade escolar podem receber estrutura a apoio nesse ambiente, para lidar com sen timentos fortes e muitas vezes incompreensíveis. Os professores, unidos aos pais, podem oferecer cuida dos a fim de reduzir a reação depressiva, mostrando à criança que é amada e não ficará sozinha. Mas, além da intervenção de pais e educadores, profissionais podem colaborar nesse processo de solução do conflito, com avaliações mais aprofundadas, testes criteriosos e tera pia individual, assim como familiar. 7.5 Transtorno da ansiedade generalizada De acordo com o DSMIVTR (2002), o trans torno de ansiedade generalizada consiste em ansiedade e preocupação excessivas com diversos eventos ou ati vidades. Ocorre na maioria dos dias durante aproxi madamente seis meses, sendo que o indivíduo consi dera difícil controlar a preocupação. Esse transtorno está associado a sintomas como: irritabilidade, inquietação e dificuldade de concentra ção. A psicoterapia, terapia cognitiva comportamen tal em questão, busca conceder aos pacientes o desen volvimento de estratégias para lidar com os sintomas da ansiedade. 7.6 Transtorno alimentar A bulimia nervosa (BN) e a anorexia nervosa (AN) são distúrbios alimentares, assim como o grupo dos não definidos (Ednos), que são mais comuns entre os pacientes. A TCC para o tratamento desse transtorno tem como objetivo a redução dos sintomas. Knapp explica que “o foco cognitivo é a preocupação extrema com a forma e peso e a proposta de atitudes alternativas mais saudáveis em relação à comida, peso, forma e imagem corporal” (2004, p. 301). Barlow acredita que tanto a BN quanto a AN podem ser tratadas pela TCC, ainda que a primeira seja mais pesquisada. Para ele, as estratégias terapêu ticas se estendem a outros transtornos, como a AN (1999, p. 314). No caso da BN, o tratamento é reali zado com a psicoeducação, com informações a respeito dos sintomas da bulimia, compulsões alimentares e as consequências médicas. A AN é considerada um transtorno grave e tem seu tratamento diferenciado da BN. Um programa de TCC de três estágios foi desenvolvido para a AN. Nele se avalia a natureza do distúrbio, auxiliando na motivação para uma mudança; prescrição de obje tivos de peso; normalização de padrões alimentares; reconhecimento das crenças disfuncionais relaciona Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 16 das à comida e o trabalho com a autoestima (KNAPP, 2004, p. 302). A observação desse quadro de distúrbio alimen tar, muitas vezes, é vista em primeira instância no ambiente escolar. O banheiro é um local utilizado por várias crianças/adolescentes e estes percebem alguém realizando purgações (vômitos). Colegas notam que determinado colega nunca lancha e sempre está preo cupado com sua aparência. Por meio de comentários e em redações e composições de texto, o aluno, muita vezes, coloca a distorção cognitiva. Educadores atentos e que conhecem os sintomas tomam providências ime diatamente para ajudar o aluno. 7.7 Transtorno obsessivo compulsivo – TOC O DSMIVTR diz que O transtorno obsessivo compul sivo caracterizase por obsessões (que causam acentuada ansiedade ou sofrimento) e ou compulsões (que servem para neutralizar a ansiedade). As obsessões são ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, que são vivenciados como intrusivos e inadequados e causam acentuada ansiedade ou sofrimento. [...] As compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais cujo objetivo é preve nir ou reduzir a ansiedade ou sofri mento, em vez de oferecer prazer ou gratificação (2002, p. 443). As crenças no TOC são identificadas como dis funcionais e as técnicas cognitivas propõem a sua cor reção. Knapp mostra algumas etapas na utilização da TCC para TOC: avaliação do paciente e indicação do tratamento adequado; motivação e estabelecimento da relação terapêutica; treinamento na identificação dos sintomas; sessões de terapia com técnicas comporta mentais e cognitivas para a correção de pensamentos e crenças disfuncionais e a prevenção da recaída com a terapia de manutenção (2004, p. 196). 7.8 Transtorno de personalidade A TCC, ainda que tenha sido elaborada para o tratamento do transtorno do humor unipolar, foi estendida a outros distúrbios, como o caso do trans torno de personalidade. Esse distúrbio dificulta a interação social do seu portador, já que este não tem um bom repertório para lidar com seus pensamentos e crenças distorcidas ou disfuncionais. Ele se torna um indivíduo desconfiado e evita contato íntimo com os demais. Para Knapp (2004), esse comportamento é caracterizado como um desafio para terapeutas que lidam com pacientes que apresentam esse transtorno. Para o tratamento, a TCC foca a modificação das crenças disfuncionais, como na aplicação de outros distúrbios. Mas há algumas características que forçam uma adaptação da terapia no acompanhamento ao paciente, pois este tem problemas de relacionamento interpessoal. Por essa razão, o terapeuta se apresenta mais confrontativo. 7.9 Transtorno afetivo bipolar – TAB O transtorno bipolar é uma doença mental grave, crônica, recorrente e incapacitante. Enquanto alguns raros indivíduos podem experi mentar somente um único episó dio de mania e depressão em suas vidas, mais de 95% das pessoas com transtorno bipolar têm epi sódios recorrentes de depressão e mania ao longo da vida (GOO DWIN; JAMISON apud KNAPP, 2004, p. 318). Segundo Knapp, a TCC, no tratamento desse distúrbio, parte da premissa de que “os sentimentos e comportamentos das pessoas estão fortemente conec tados, cada um influenciando o outro” (2004, p. 319). Se há alterações no humor, com início de depressão, o comportamento será influenciado. Existem alguns objetivos específicos para o tra tamento do TAB que envolvem a psicoeducação do aluno a respeito de seu distúrbio, as dificuldades asso ciadas à doença e o fornecimento de estratégias de habilidades cognitivas a fim de lidar com os problemas cognitivos e comportamentais, que sejam associados aos sintomas depressivos e maníacos. 7.10 Transtorno de pânico (TP) Circunstâncias desagradáveis e estressantes podem ocasionar o pânico, como a morte de pessoas signifi cativas, doenças graves e conflitos. Essas ocorrências podem gerar sensações de ansiedade, característica presente no distúrbio. A técnica da TCC para o tratamento do trans torno do pânico é bem aceita entre os profissionais A Psicologia do Comportamento Escolar 17Faculdade Educacional da Lapa - FAEL da saúde e professores, e tem mostrado sua eficácia ao longo do tempo de experimentos. O modelo cognitivocomporta mental tem como foco principal o papel do medo dos sintomas físicos associados à ansiedade, das cogni ções catastróficas e da conduta evi tativa na gênese e na manutenção do transtorno de pânico (OTTO; DECKERSBACH apud KNAPP, 2004, p. 219). 8 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Dificuldade de aprendizagem é uma expressão geral que se refere a várias desordens manifestadas nos processos de aquisição de leitura, escrita, fala, compre ensão auditiva e raciocínio matemático. Essas desor dens são intrínsecas ao indivíduo, presumindose que sejam dificuldades funcionais relacionadas ao sistema nervoso central, e podem ocorrer durante toda a vida. O órgão privilegiado da aprendizagem é o cérebro. O cérebro humano é um sistema complexo, que esta belece relações com o mundo que o rodeia. Portanto, as relações entre o cérebro e o comportamento e entre o cérebro e a aprendizagem são as mesmas quando se abordam as relações com as dificuldades de aprendiza gem (DA). Fazse necessário conhecer a estrutura e o fun cionamento do cérebro para melhor compreender as suas relações dinâmicas e complexas na apren dizagem, porém, o foco deste trabalho é conhecer melhor sobre a visão da reeducação da dislexia, por uma abordagem estruturada. Atualmente, não se podem separar os aspectos psicossociológicos ou psicoculturais dos aspectos neu rofisiológicos ou neurobiológicos da concepção das dificuldades de aprendizagem. 8.1 Dislexia Quando se fala em dislexia, ainda é comum as pessoas reagirem da seguinte forma: “O que é isso? Já ouvi falar, mas não sei o que é”. A dislexia é uma dificuldade duradoura na apren dizagem da leitura e de seu automatismo em crian ças inteligentes, normalmente escolarizadas e livres de interferências causadas por disfunções visuais, auditi vas ou lesões cerebrais. Também não pode ter como causa comprometimentos de origem emocional. Vem acompanhada, quase constantemente, de grandes difi culdades na aquisição de regras ortográficas. Segundo Ciasca (2003), dislexia é a falha no processamento da habilidade da leitura e da escrita durante o desenvolvimento. É o mais incidente entre os distúrbios específicos da aprendizagem, pois tem como característica um atraso do desenvolvimento ou a diminuição em traduzir sons em símbolos gráficos e compreender qualquer material escrito. Ainda para Ciasca (2003), as dificuldades de aprendizagem ficam entre 5 e 7%, e as dificuldades escolares entre 10 e 15%. Sabese que a incidência da dislexia situase entre 10 e 15% da população, sem distinção entre raças, culturas ou condição socioeconômica. As crianças disléxicas apresentam as seguintes dificuldades: deficit perceptivo, transposições de letras e sílabas, inversões, substituições, inclusões, omissões, perseverações, confusões entre vogais, confusões entre sons surdos e sonoros. Para definir o que é dislexia, é necessário saber o significado de leitura, que é uma forma de apren dizagem simbólica, na qual mudanças podem alterar os significados das palavras. Para a comprerensão da escrita, são necessárias atenção, organização e ima gem mental. O Manual Diagnóstico de Transtornos Men tais – DSMIV (2002, p. 112) dá a seguinte definição para dislexia: Comprometimento acentuado no desenvolvimento das habilidades de reconhecimento das palavras e da compreensão da leitura. O diag nóstico é realizado somente se esta incapacidade interferir significati vamente no desempenho escolar ou nas atividades da vida diária que requerem habilidades de leitura. O diagnóstico da dislexia começa a partir da per cepção dos pais com relação à alfabetização da criança, que mostra, aparentemente, um desinteresse pela leitura ou pela escrita. Além dos problemas específi cos com a leitura, a criança passa por uma avaliação devido ao seu comportamento, resultado de um fra casso na aprendizagem. Mais que conhecer o histórico familiar e cultural da criança, é preciso observar sua leitura e escrita, se há confusão de letras, troca de sílabas e dificuldade de compreensão do texto lido. O tratamento adequado Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 18 para esse distúrbio consiste na reestruturação da lin guagem educacional e envolve uma avaliação especí fica, pois a dislexia tem causas e sintomas que variam de pessoa para pessoa. 8.2 Discalculia De acordo com a Academia Ame ricana de Psiquiatria, a discalculia é a dificuldade em aprender matemá tica, com falhas para adquirir pro ficiência adequada neste domínio cognitivo, a despeito de inteligên cia normal, oportunidade escolar, estabilidade emocional e motivação necessária (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2006, p. 202). Crianças com esse tipo de problema tendem a serem vistas como preguiçosas e desinteressadas, mas uma estimativa revela que cerca de 3 a 6% das crian ças, em geral, possui discalculia do desenvolvimento. Os sintomas mais comuns são: erros na formula ção dos números, incapacidade de realizar operações simples, dificuldades de ler corretamente e realizar operações como multiplicação e divisão. É necessário haver um acompanhamento dos alunos que apresen tam dificuldades em matemática, pois eles precisam ser estimulados com atividades para que seu desenvol vimento cognitivo e as relações dentro da sala de aula não sejam comprometidos. Duas estratégias importantes no manejo desse transtorno são: o trabalho dos conceitos numéricos, em que a criança faz associações dos símbolos à quan tidade por meio de atividades; e as operações aritmé ticas trabalhadas de maneira a incentivar a criança na percepção da soma como acréscimo, subtração pela diminuição e assim por diante. 8.3 Dispraxia Para entender o conceito de dispraxia, primeira mente devese conhecer sobre praxia, que pode ser defi nida como “a capacidade que o indivíduo tem de rea lizar um ato mais ou menos complexo, anteriormente aprendido, de forma voluntária, ou seja, sob ordem” (2006, p. 208). Segundo Ajurianguerra e Hécaen (apud ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2006, p. 212), “a dispraxia é um transtorno de atividade gestual aparecido em um indivíduo cujos órgãos de execução da ação estão intactos e que tenha pleno conhecimento do ato a cumprir”. Segundo esses autores, existem alguns tipos de dispraxia, entre elas: 2 alterações dos desempenhos motores – difi culdades motoras; 2 dispraxia construtiva – mais comum em crianças; 2 discinesia espacial – falta de organização dos movimentos; 2 dispraxias especializadas – verbal, facial, ocu lar, etc. A dispraxia é uma das causas para a dificuldade de aprendizagem escolar, já que, nessa fase, a criança se isola mais por causa de seus erros e falhas, sendo discriminada por seus colegas de classe por causa de suas limitações motoras. Isso contribui para uma baixa autoestima, o que prejudica todo o processo de desenvolvimento cog nitivo. Como tratamento, a alternativa é a educação psicomotora que dá uma noção de espaço e de como lidar com ele, por meio de exercícios ritmados, relaxa mentos e o domínio sobre o corpo. 8.4 Técnicas cognitivas comportamentais que o professor pode utilizar no ambiente escolar A psicologia do comportamento escolar utiliza muitas técnicas da terapia cognitiva comportamental. Embora sejam muito utilizadas para o tratamento de diversos transtornos, existem algumas técnicas bas tante comuns para os comportamentos em sala de aula ou no ambiente escolar. Para a utilização da terapia, existem técnicas cog nitivas que auxiliam o terapeuta no alcance de seus objetivos. Segundo Beck (apud KNAPP): [...] A terapia cognitiva não é defi nida pelas técnicas que são empre gadas, mas pela ênfase que o tera peuta dá ao papel dos pensamentos na causa e manutenção dos trans tornos (2004, p. 133). Entre as técnicas comportamentais, podem ser destacadas: 2 monitoramento – o aluno, com a ajuda do professor, controla comportamentos especí ficos. Por exemplo: com o uso do baralho das emoções. A Psicologia do Comportamento Escolar 19Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 2 programação de atividades – o professor prescreve atividades diárias que podem trazer recompensas ao aluno. 2 prescrição de tarefas graduais – como auxí lio ao aluno para que não se sinta deprimido, sugestão de atividades benéficas que ele mesmo se propõe a realizar. 2 resolução de problemas – o professor dis ponibiliza uma variedade de respostas como alternativas a situações problemáticas. Iden tificar o problema, avaliar as consequências de cada solução, escolher e colocar em prá tica a solução preferencial. 2 controle de contingências – os professo res, orientados pelo terapeuta, identificam o comportamento do aluno, cumprido por interesse, e estabelecem uma recompensa. 2 avaliação e modificação de crenças – as crenças precisam ser modificadas, para isso, utilizase o exame de vantagens e desvanta gens, experimento comportamental, etc. 2 experimento comportamental – usado com o propósito de avaliar os pensamentos e cren ças do aluno, examina os resultados de seu experimento e considera a modificação de suas crenças. A estruturação e a educação caminham unidas no processo de tratamento da TCC, pois ambas se com plementam no incentivo ao aprendizado, “mantendo o tratamento bemorganizado, eficiente e focado” (WRIGHT; BASCO; THASE, 2008, p. 59). A fim de utilizar o meio mais acertado, é preciso haver um minucioso diagnóstico, pois a criança não consegue, por mais que compreenda as circunstâncias dos problemas que enfrenta, estabelecer uma narrativa organizada para que seu terapeuta possa elaborar um diagnóstico de seu transtorno. Após esse diagnóstico, baseado em critérios e dados, o terapeuta usa a lingua gem mais acessível e compreensível à criança, desde gráfica até a teatral. Os problemas podem ter várias raízes: ser asso ciados a fatores genéticos, em que cromossomopatias podem alterar o comportamento do aluno; problemas familiares, em que abusos e traumas podem fazer a dife rença. Qual seja a fonte do problema, ele precisa ser identificado, compreendido, diagnosticado e tratado, para que o educando não tenha prejuízos na fase adulta, em relacionamentos pessoais, sociais e de trabalho. 9 CONSIDERAÇÕES Tendo como base a relação existente entre o com portamento escolar e a psicologia, compreendese que há a necessidade de um cuidado e acompanhamento maior em sala de aula, a fim de reconhecer e definir problemas a serem trabalhados com o auxílio de pro fessores, profissionais da área – terapeutas, psicólogos, psicopedagogos, etc. – e a interação de alunos e pais. Todas as ações em sala de aula refletem situações vividas pelas crianças e podem ocasionar consequên cias influentes no desenvolvimento individual e social. Por essa razão, a criança precisa aprender a se relacio nar sem que os problemas sejam fatores determinantes no processo de aprendizagem. A psicologia possui as ferramentas necessárias para identificar distúrbios que possam interromper a aprendizagem, mecanismos para lidar com as proble máticas como violência e desrespeito, que se refiram ao ambiente escolar ou familiar. Assim, é possível ame nizar marcas características, ocasionadas por diversas causas e contextos que tendem a influenciar e, até mesmo, danificar o ambiente em sala de aula por meio de comportamentos inaceitáveis, agressivos e que pre judicam as relações sociais. REFERÊNCIAS AGÜERA, L. G. Além da inteligência emocional. São Paulo: Cengage Learning, 2008. AQUINO, Julio G. Transtornos emocionais: alter nativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1999. BARLOW, D. H. Manual clínico dos transtornos psicológicos: tratamento passo a passo. Porto Alegre: Artmed, 1999. BEAUDOIN, M.; TAYLOR, M. Bullying e desres- peito: como acabar com essa cultura na escola. Porto Alegre: Artmed, 2006. CIASCA, S. M. Distúrbios e dificuldades de aprendi zagem: questão de nomenclatura. In: ______. (Org.). Distúrbios de aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. CONNERS, C. K. Transtorno de deficit de atenção/ hiperatividade: as mais recentes estratégias de avalia ção e tratamento. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. DSMIVTR. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2002. Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 20 FANTE, C. Fênomeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Verus, 2005. KNAPP, P. Terapia cognitivocomportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004. LEFRANÇOIS, G. R. Teorias da aprendizagem. São Paulo: Cengrage Learning, 2008. PARRATDAYAN, S. Como enfrentar a indisciplina na escola. São Paulo: Contexto, 2008. PICCOLOTO, N.; WAINER, R.; PICCOLOTO, L. B. Tópicos especiais em terapia cognitivocomporta- mental. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008. POLETTI, R.; DOBBS, B. A resiliência: a arte de dar a volta por cima. Petrópolis: Vozes, 2007. ROHDE, L. A.; MATTOS, P. Princípios e práticas em TDAH. Porto Alegre: Artmed, 2003. ______. Princípios e práticas em TDAH: transtorno de deficit de atenção/hiperatividade. Porto Alegre: Artmed, 2003. ROGERS, B. Gestão de relacionamento e compor- tamento em sala de aula. 2. ed. Porto Alegre: Art med, 2008. ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. dos S. Transtornos da aprendizagem. Porto Alegre: Art med, 2006. WRIGHT, J.; BASCO, M.; THASE, M. Apren- dendo a terapia cognitivocomportamental. Porto Alegre: Artmed, 2008. Material Complementar Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 22 ESTUDOS DE CASOS Para acessar os sites a seguir basta posicionar a seta sobre o link em azul e clicar. 2 O caso a seguir é fictício e tem a intenção de promover reflexão e discussão, correlacionando todos os assuntos vistos em Psicologia do Comportamento Escolar. I – Dados de identificação Nome: A. C. Data de nascimento: 1999 Idade: 09 anos e 01 mês Sexo: masculino Pai: N. C. Mãe: I. P. Escola: particular Série: 3ª série Encaminhado por: orientadora II – Queixa principal A.C. apresenta dificuldades escolares e muita distração, causando muitos problemas comportamentais em sala de aula. III – Comportamento durante as aulas A.C. é levado à escola pela de sua mãe. Possui aparência geral saudável. Interagiu inicialmente com timi- dez e durante todo o ano letivo mostrou-se disperso e hiperativo. Compreende as ordens dadas, execu- tando-as sempre que estão ao seu alcance, mostrando muita dificuldade no nível de atenção e concentra- ção. Apresenta verborragia. Quando é solicitado, reage, sendo capaz de aceitar limites impostos, porém, com muita dificuldade. Desafia as regras da sala o tempo todo. Fez vínculo positivo com a professora deste ano. Apresenta comportamento ansioso frente a conteúdos escolares. Desiste de algumas atividades em que apresenta dificuldade. V – Síntese das áreas observadas/avaliadas pelos professores 2 Apresenta dificuldade atencional em sala de aula. O que reforça a queixa da mãe, que relata que nas atividades diárias é muito desatento. 2 Sua motricidade global é razoável. Segundo a professora de educação física, esbarra nas coisas e cai com frequência, é desastrado nas atividades em grupo. 2 É destro. Copia símbolos, escreve letras e números apresentando lentidão e pouca qualidade. Apresenta letra muito feia. 2 É muito lento para copiar e depois reproduzir de memória um texto ou mesmo frases. A.C. apresenta muita dificuldade em realizar cópia do quadro em sala de aula ou de cadernos e livros. 2 A.C. interage bem, mas demonstra timidez inicial. Mostra-se capaz de manter uma relação inter- pessoal. Apresenta muita hipercinesia e comportamento impulsivo, o que lhe causa muitas situa- ções conflituosas em sala de aula. 2 Revela sentir-se superprotegido pelos familiares. Esse sentimento de superproteção faz com que se sinta, por vezes, inseguro, pois acha que seus pais não acreditam em seu potencial. Apresenta rebaixa- mento de autoestima, com características de ansiedade e insegurança. 2 Apresenta pensamentos disfuncionais, principalmente os que envolvem as crenças de desvalor, pois não acredita no seu potencial. A Psicologia do Comportamento Escolar 23Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 2 Quando não consegue realizar atividades, somatiza com dor de barriga, dor de cabeça, tonturas. 2 Diante das dificuldades encontradas em algumas avaliações, desiste indicando baixa resistência à frustração. 2 A.C. demonstrou ter consciência de suas dificuldades, não se conformando com elas, mostrando desejo de sucesso rápido e de ver logo os resultados, porém, relata não ter vontade de fazer nada para mudar a situação. Essa ideia vem das inúmeras tentativas de melhorar e não conseguir o sucesso desejado. 2 A.C. está alfabetizado. Apresenta uma leitura automatizada, porém lenta para a sua idade, o que dificulta a compreensão. Na escrita, em forma de ditado, cópia ou escrita espontânea omite: sinais diacríticos, parágrafos, letras, sílabas e apresenta desorganização espacial. 2 Demonstra, na escrita: inversões, substituições, confusões entre sons sonoros-surdos, trocas entre vogais, transposições, inserções, trocas ortográficas. 2 É capaz de fazer operações simples utilizando-se de recursos concretos (conta nos dedos). Entretanto, erra em algumas operações. Não realiza operações de divisão. 2 Em avaliações, apresenta resultado inferior nos conhecimentos de: escrita, leitura e aritmética. O quadro de A.C., ao ser observado, dá margem para alguns questionamentos feitos por meio da análise das dificuldades e técnicas de comportamento a serem utilizadas. Há melhorias que podem ser alcançadas por meio de uma intervenção adequada e, para isso, algumas orientações tanto para A.C. quanto para seus familiares devem ser passadas. Apresente sua opinião e conclusão a respeito do quadro de A.C. e quais as estratégias a serem adotadas para uma evolução, destacando as orientações a serem dirigidas ao paciente e sua família. CASOS DE REFORÇO 2 O comportamento escolar inadequado gera muita ansiedade, angústia e dificuldades escolares para os alunos. Os educadores, por vezes, sentem-se perdidos frente às situações difíceis e conflituosas que acontecem no ambiente institucional escolar. Frente aos conteúdos estudados nos artigos, textos, vídeos, filmes e exercícios, realize a atividade a seguir. Escolha um aluno que você conheceu em escola de Educação Básica (da Educação Infantil, do Ensino Fundamental ou Médio), seja ela pública ou privada, e descreva os comportamentos desse aluno. 2 Lembre-se do comportamento dele durante o horário de intervalo (recreio/lanche) e descreva os procedimentos disfuncionais conforme blocos de dificuldades de comportamento e aprendizagem. 2 Após identificar os comportamentos inadequados, anote-os e reflita se acontecem também em sala de aula. 2 Verifique se há ou não a indicação de encaminhamento para avaliação por profissional especialista. 2 Reflita sobre quais estratégias vistas no ambiente virtual você poderia utilizar com esse aluno para que melhorasse o comportamento disfuncional. Considerando os dados que você anotou sobre o aluno e conforme as suas reflexões: como os profes- sores devem agir em sala de aula com os alunos com dificuldades de comportamento? Os professores podem exigir avaliação especializada dos alunos com problemas de comportamento? Os professores devem ser escutados e participar ativamente da avaliação por profissional especialista quando o aluno foi encaminhado para avaliação pela escola? Os professores e coordenadores devem receber retorno da avaliação e orientações em como lidar, no dia a dia em sala de aula e no ambiente escolar, com os alunos diagnosticados com transtornos de comportamento? Quais seriam as limitações dos professores para com alunos que têm transtornos de comportamento? Faculdade Educacional da Lapa - FAEL 24 LEITURAS COMPLEMENTARES Os textos a seguir selecionados para leitura e desenvolvimento acadêmico retratam as produções de pes- quisadores da área. A leitura e a análise desses textos contribui para o seu conhecimento, além de subsidiar a realização das avaliações, já que as questões são elaboradas também a partir deles. Para acessar os sites a seguir basta posicionar a seta sobre o link em azul e clicar. BOLSONI SILVA, A. T.; DEL PRETTE, A. Problemas de comportamento: um panorama da área. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, São Paulo, v. 5, n. 2, p. 91103, dez. 2003. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbtcc/v5n2/v5n2a02.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2018. GEQUELIN, J.; CARVALHO, M. C. N de. Escola e comportamento antissocial. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro, ano 4, v. 11, p. 132142, 31 jul. 2007. Disponível em: <http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v11/ m337162.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2018. NOGUEIRA, R. M. C. del P. de A. A prática de violência entre pares: o bullyng nas escolas. Revista Ibero Ame- ricana, n. 37, jan./abr. 2005. Disponível em: <http://www.rieoei.org/rie37a04.htm>. Acesso em: 05 abr. 2018.
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