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MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico com saudosa lembrança estas memórias póstumas” Essa é a nota de abertura do livro “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. É primeiro romance da segunda fase do autor, fase também conhecida como Madura ou Realista. Os livros desse período carregam traços marcantes, tais como: pessimismo profundo, análise do comportamento humano, ceticismo, fina ironia, metalinguagem e o uso de um português impecável. O romance é narrado em 1ª pessoa por Brás Cubas, a história transcorre no Rio de Janeiro do século XIX e trata da vida de Brás Cubas. O livro é considerado inovador e rompe com estilo tradicional dos escritores românticos. A partir desta obra, Machado se mostra um autor sarcástico e irônico. O enredo apresenta, logo na abertura, um narrador falecido que se apresenta como Brás Cubas, o defunto-autor. A escolha por um narrador morto tem o objetivo de garantir a isenção dos fatos narrados, pois estando morto, Brás Cubas pode falar o que quiser de qualquer pessoa e de si mesmo. Desta maneira, mesmo que contraditoriamente, é pela fantasia de um defunto-autor que se chega a um relato carregado de verdade. A estrutura da narrativa é em retrospectiva, ou seja, do fim da vida para o começo, mas o autor não segue uma cronologia correta. O enredo se mostra todo fragmentado e cheio de digressões, gerando um forte fluxo de consciência. Brás cubas narra à história de sua vida num tom confessional, fazendo um balanço dos fatos como se estivesse analisando seus lucros e prejuízos. O narrador se apresenta como uma figura mesquinha, leviana e dissimulada, fatores de personalidade condenados pelo Realismo. Desde infância Brás Cubas já se mostrava bastante genioso. Esta qualidade pode ser comprovada pelo tratamento dado ao escravo Prudêncio ou até nas iniciativas de denúncia, por pirraça, de adultério dos frequentadores de sua casa. O narrador faz, por meio de alusão ou citações, uma série de referências intertextuais, tais como: Homero, Shakespeare e Virgílio. O relato de Brás Cubas transcorre como uma análise dos seus êxitos e fracassos. SO foco está nos seus relacionamentos amorosos que não deram certo, por atitudes dele ou de suas respectivas. O livro traz um retrato de uma sociedade de aparências e por meio de uma fina ironia, Machado desmascara a sociedade burguesa do Rio de Janeiro. As relações de interesse são explicitadas na personagem Marcela (“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”). O adultério, como denúncia do casamento como uma instituição falida, está exemplificado na personagem Vigília, esposa de Lobo Neves. E o preconceito é escancarado no relacionamento de Brás Cubas com a personagem Eugênia, moça bonita, porém “coxa”. Último capítulo do livro é todo de negativas e nele Brás Cubas faz um resumo de sua vida, dizendo a não chegou a ser ministro, não foi califa, não alcançou o êxito do emplastro e também não casou. Entre tantas coisas negativas, duas ele destaca como positivas - o fato de ter conseguido viver de renda, sem precisar trabalhar, e de não ter filhos. Assim termina o livro: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.” Principais personagens: Brás Cubas: é o protagonista, típico burguês do século XIX, narrador-personagem que relata sua própria história após a morte, ficou conhecido como defunto-autor. Quincas Borba: amigo de infância de Brás Cubas, filósofo e criador da teoria do Humanitismo (“Ao vencedor, as batatas”). Marcela: uma cortesã de elite, cujas atitudes são interesseiras, de acordo com Brás Cubas, seu amor por ele teria durado “quinze meses e onze contos de réis”. Virgília: casada com Lobo Neves por interesse, torna-se amante de Brás Cubas é uma mulher bonita e sedutora. Lobo neves: amigo de Brás Cubas, deputado interessado apenas em poder, manipulado e traído pela esposa. Eugênia: moça bonita, jovem, porém “coxa” (deficiente), despertou um interesse passageiro em Brás Cubas.
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