Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Processual Civil V Guia 01 Prof. Flávio Porpino Cabral de Melo Jurisdição Voluntária 1. ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO a. A jurisdição é una e indivisível. b. Qualquer “divisão” da jurisdição em diferentes espécies utiliza de critérios com a finalidade meramente acadêmica Jurisdição Voluntária 1.2. JURISDIÇÃO PENAL OU CIVIL a. matéria penal - haverá jurisdição penal; b. a jurisdição civil é ampla, pois abrange, ao menos em tese, todas as matérias que não sejam penais. Jurisdição Voluntária 1.2. JURISDIÇÃO PENAL OU CIVIL Pergunta: Se o critério para “definir” a jurisdição é a natureza do direito material, por que não se falar também em jurisdição trabalhista, jurisdição eleitoral, jurisdição penal militar? Jurisdição Voluntária 1.3. JURISDIÇÃO SUPERIOR OU INFERIOR a. Jurisdição inferior: Ela é exercida pelo órgão jurisdicional que enfrenta o processo desde o início, ou seja, aquele que tem competência originária para a demanda Jurisdição Voluntária 1.3. JURISDIÇÃO SUPERIOR OU INFERIOR b. Jurisdição superior: É exercida em hipótese de atuação recursal dos tribunais. Jurisdição Voluntária 1.3. JURISDIÇÃO SUPERIOR OU INFERIOR b. Jurisdição superior: Pergunta: Os tribunais podem tanto exercer jurisdição superior como inferior, a depender da situação em concreto? Jurisdição Voluntária 1.4. JURISDIÇÃO COMUM E ESPECIAL A. Jurisdição especial É a exercida pelas chamadas “Justiças especiais”, que tem a fixação constitucional de sua competência em virtude da matéria que será objeto da demanda judicial. Jurisdição Voluntária 1.4. JURISDIÇÃO COMUM E ESPECIAL B. Jurisdição Comum Definida residualmente, ou seja, tudo o que não for de competência dessas justiças especiais será de competência da Justiça Comum, falando-se nesse caso de jurisdição comum. Jurisdição Voluntária 2. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA A mais tradicional das “divisões” da jurisdição é aquela estabelecida entre jurisdição contenciosa e jurisdição voluntária, inclusive sendo a única expressamente consagrada no Código de Processo Civil. Jurisdição Voluntária 2. JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA A. Jurisdição tradicional É a contenciosa; B. Jurisdição voluntária É a excepcional. Jurisdição Voluntária 3. CARACTERÍSTICAS 3.1. Obrigatoriedade Na jurisdição voluntária está concentrada a maioria das ações constitutivas necessárias, nas quais, existe uma obrigatoriedade legal de atuação da jurisdição. Jurisdição Voluntária 3. CARACTERÍSTICAS 3.1. Obrigatoriedade É interessante notar que essa obrigatoriedade é decorrência exclusiva da previsão legal, significando uma opção do legislador. CARACTERÍSTICAS 3.2. Princípio inquisitivo A inquisitoriedade é significativa, podendo ser percebida em determinadas realidades da jurisdição voluntária que não existem na jurisdição contenciosa: CARACTERÍSTICAS 3.2. Princípio inquisitivo (a) o juiz poderá dar início de ofício a determinadas demandas de jurisdição voluntária, afastando-se o rigorismo do princípio da demanda (inércia da jurisdição), apesar de o art. 720 do Novo CPC prever que o procedimento de jurisdição voluntária terá início por provocação do interessado, do Ministério Público e da Defensoria Pública; CARACTERÍSTICAS 3.2. Princípio inquisitivo (b) maiores poderes instrutórios do juiz, que poderá produzir provas mesmo contra a vontade das partes; CARACTERÍSTICAS 3.2. Princípio inquisitivo (c) o juiz poderá decidir contra a vontade de ambas as partes, o que é impossível na jurisdição contenciosa, na qual alguma das partes deverá ter a sua pretensão acolhida, ainda que parcialmente; CARACTERÍSTICAS 3.2. Princípio inquisitivo (d) o juiz pode julgar utilizando-se de juízo de equidade; CARACTERÍSTICAS 3.2. Juízo de equidade Art. 723, parágrafo único, do CPC/15: o juiz não é obrigado a observar o critério da legalidade estrita, podendo adotar em cada caso concreto a solução que reputar mais conveniente ou oportuna. CARACTERÍSTICAS 3.2. Juízo de equidade Pergunta: Qual é a exata definição de “juízo de equidade”, em especial quando comparado com o juízo de legalidade? CARACTERÍSTICAS 3.2. Juízo de equidade Resposta: Para os defensores da teoria da jurisdição voluntária como uma atividade administrativa exercida pelo juiz, a previsão ora analisada afasta o princípio da legalidade, permitindo que o juiz resolva inclusive contra a letra da lei. CARACTERÍSTICAS 3.2. Juízo de equidade Resposta: A fundamentação da decisão é relevante nessa situação como forma de justificar a não aplicação da lei. CARACTERÍSTICAS 3.3. Participação do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica O Ministério Público será intimado, desde que presentes algumas das situações previstas pelo art. 178 do Novo CPC. CARACTERÍSTICAS 3.3. Participação do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana CARACTERÍSTICAS 3.4. NATUREZA JURÍDICA A. teoria clássica/administrativista O juiz não exerce atividade jurisdicional na jurisdição voluntária. Trata-se, na visão dessa corrente, de mera administração pública de interesses privados, exercendo o juiz, portanto, uma atividade administrativa. CARACTERÍSTICAS 3.4. NATUREZA JURÍDICA B. teoria revisionista/jurisdicionalista, Apesar de contar com peculiaridades que a distinguem da jurisdição contenciosa, na jurisdição voluntária o juiz efetivamente exerce a atividade jurisdicional. CARACTERÍSTICAS 3.4.1. Inexistência de caráter substitutivo Na jurisdição voluntária não há caráter substitutivo considerando-se que o juiz não substitui a vontade das partes pela vontade da lei quando profere sua decisão, tão somente integrando o acordo de vontade entre as partes para que possa gerar seus regulares efeitos jurídicos. CARACTERÍSTICAS 3.5.2. Inexistência de aplicação do direito ao caso concreto Na jurisdição voluntária não há propriamente a aplicação do direito material ao caso concreto para resolver um conflito existente entre as partes, até mesmo porque esse conflito não existe. CARACTERÍSTICAS 3.5.2. Inexistência de aplicação do direito ao caso concreto A sentença proferida pelo juiz apenas integra juridicamente o acordo de vontades das partes homologando-o, autorizando-o ou aprovando-o, o que permite que sejam produzidos os efeitos jurídicos previstos em lei e pretendidos pelas partes. CARACTERÍSTICAS 3.5.2. Inexistência de aplicação do direito ao caso concreto Crítica: Chiovenda indica que a jurisdição é entendida como a atuação da vontade concreta do direito objetivo. CARACTERÍSTICAS 3.6. Ausência de lide Não existe na jurisdição voluntária um conflito de interesse entre as partes, porque as vontades são convergentes. CARACTERÍSTICAS 3.6. Ausência de lide Ambas as partes pretendem obter o mesmo bem da vida; têm a mesma pretensão, mas precisam da intervenção do Poder Judiciário para que esse acordo de vontades produza os efeitos jurídicos almejados. CARACTERÍSTICAS 3.6. Ausência de lide A jurisdição voluntária mais do que se afastar da lide, não a utiliza como condição de sua atuação, significando dizer que, havendo ou não a lide, existirá necessidade de atuação judicial por meio da jurisdição voluntária. CARACTERÍSTICAS 3.7. Não há partes, mas meros interessados Não há partes, somente interessados, porque nela só existem sujeitos, que pretendem obter um mesmo bem da vida e, portanto, não estão em situação antagônica na demanda judicial. CARACTERÍSTICAS 3.8. Não há processo, mas mero procedimento Afirma-se na doutrina administrativista que não existe processo na jurisdição voluntária, mas mero procedimento. CARACTERÍSTICAS 3.8. Não há processo, mas mero procedimento Crítica 01: Existe processo, porque a regra na jurisdição voluntária é a existência de uma relação jurídica processual que se desenvolva por meio deum procedimento em contraditório, observadas todas as garantias fundamentais do processo CARACTERÍSTICAS 3.8. Não há processo, mas mero procedimento Crítica 02: não existe somente processo jurisdicional, mas também legislativo e administrativo, sendo o processo tema pertencente à teoria geral do direito. CARACTERÍSTICAS 3.9. Inexistência de coisa julgada material A teoria administrativista sempre defendeu a ausência de coisa julgada material na jurisdição voluntária e, como consequência, a inexistência de atividade jurisdicional desenvolvida pelo juiz. CARACTERÍSTICAS 3.9. Inexistência de coisa julgada material No CPC/1973 havia previsão legal para embasar seu entendimento, já que o art. 1.111 do diploma legal revogado previa que a sentença proferida no processo de jurisdição voluntária poderia ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorressem circunstâncias supervenientes. CARACTERÍSTICAS 3.9. Inexistência de coisa julgada material A sentença proferida em jurisdição voluntária não pode ser absolutamente instável, revogável ou modificável a qualquer momento e sob qualquer circunstância. Alguma estabilidade ela deve gerar, até mesmo por questão de segurança jurídica. CARACTERÍSTICAS 3.9. Inexistência de coisa julgada material Aparentemente acolhendo a teoria defendida de existência de coisa julgada material nas decisões de mérito da jurisdição voluntária, o Novo CPC não contém previsão a respeito do tema, sendo lícito concluir que se passará a aplicar nessa espécie de jurisdição as mesmas regras de coisa julgada material aplicáveis à jurisdição contenciosa. Procedimentos de Jurisdição Voluntária Arts. 726 usque 770 do CPC: a) notificação e interpelação; b) alienação judicial; c) extinção consensual de união estável e matrimônio, e alteração do regime de bens do matrimônio; d) testamento e codicilos; e) herança jacente; f) bens do ausente; Procedimentos de Jurisdição Voluntária Arts. 726 usque 770 do CPC: g) coisas vagas; h) interdição; i) tutela e curatela; j) organização e fiscalização das Fundações; k) ratificação dos protestos marítimos e dos processos testemunháveis formados a bordo.
Compartilhar