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Transtorno Bipolar

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Centro Universitário Anhanguera de Niterói
UNIAN
Psicologia
 
 Ana Carolina da F. Alexandre
 Fabiane Vital Moreira
 Niterói
 2020.1
Trabalho sobre Transtorno bipolar da disciplina Psicopatolia II apresentado ao Centro Universitário Anhanguera de Niterói 
Professora: Caroline Carvalho
 Niterói
2020.1
Introdução:
O transtorno bipolar (TB) é um dos quadros nosológicos mais consistentes ao longo da história da medicina e as formas típicas (euforia – mania, depressão) da doença são bem caracterizadas e reconhecíveis, permitindo o diagnóstico precoce e confiável. De acordo com os manuais de classificação diagnóstica, o TB caracteriza-se pela ocorrência de episódios de humor alternados, os quais variam em intensidade, frequência e duração. Os episódios de humor podem variar entre episódio depressivo maior, maníaco, misto e hipomaníaco. Atualmente, define-se o TB como uma doença crônica e complexa, com acometimento gradual do cérebro e da saúde, que, em geral, atinge 1,5% da população, podendo alcançar 3 a 5%, se aceita a proposta de espectro bipolar feita por Akiskal. Essa proposta amplia a incidência da doença na população e estende os critérios diagnósticos. Considerando se a alta prevalência do TB na população e seu impacto na vida dos portadores, bem como os gastos gerados ao Sistema de Saúde, estudos que venham a colaborar com a compreensão dos mecanismos envolvidos no TB são importantes, tanto do ponto de vista clínico quanto do social. Além disso, por exemplo, o Sistema de Saúde Brasileiro pode beneficiar-se em termos de qualidade de vida para o cidadão e na prevenção de aposentadorias precoces nos portadores de TB(KAPCZINSKI; ANDREAZZA; SALVADOR, 2008).
Desenvolvimento:
No que se refere ao conceito moderno de doença bipolar, seu início deu-se na França, na metade do século XIX, quando Falret e Baillarger, de maneira independente, descreveram formas alternantes de mania e depressão (ALCANTARA et al., 2003; AKISKAL, 2005; DEL-PORTO, DEL-PORTO; 2005). 
No entanto, foi Emil Kraepelin que, ao final do século XIX, separou as psicoses em dois grupos (demência precoce e insanidade maníaco-depressiva). Este autor introduziu o termo “estados mistos” (1896), enfatizando a importância do quadro clínico do curso da doença e dos fatores psíquicos e sociais. Além disso, incluiu as formas leves da doença, as quais chegam ao limite do temperamento. Assim, pode-se dizer que foi Kraepelin que deu início a uma compreensão do TB, que mais tarde foi aprimorada, chegando às concepções que temos atualmente de espectro bipolar (DEL-PORTO; DEL-PORTO, 2005; AKISKAL, 2005) 
O conceito de espectro bipolar passou a ser discutido a partir da década de 1970. Hagop Akiskal trabalhou esse conceito, propondo subdivisões do TB, descrevendo sete tipos diferentes do transtorno. Ao ser ampliado o conceito de TB, a extensão das depressões unipolares reduz significativamente (AKISKAL, 2005; DEL-PORTO; DEL-PORTO, 2005). Para Lima et al. (2005) a introdução do conceito de espectro do TB, ainda que precise ser melhor definida, vem ampliar significantemente estimativas, fronteiras diagnósticas e a prevalência do transtorno na população em geral, sendo a sua validação importante para que ações específicas em Saúde Pública possam ser conduzidas, visando à adequada prevenção e tratamento aos pacientes, além de ampliar o conhecimento sobre o transtorno. Contudo, apesar de importante, esse conceito ainda não foi introduzido nos sistemas de classificações diagnósticas de transtornos mentais.
Conforme critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV-TR (APA, 2002), os transtornos bipolares fazem parte dos transtornos do Eixo I e dividem-se em TB-I, TB-II e Transtorno Ciclotímico, além dos Transtornos do Humor Bipolar sem outra especificação – TB-SOE. No TB-I, ocorre um ou mais episódios maníacos ou mistos geralmente, seguidos por episódios depressivos maiores. No TB-II, também ocorrem episódios depressivos maiores, porém, acompanhados por, pelo menos, um episódio hipomaníaco. Já no Transtorno Ciclotímico, são necessários, pelo menos, dois anos com numerosos períodos de sintomas depressivos que não preenchem critérios para episódio depressivo maior. Além disso, têm-se os episódios mistos, nos quais há presença de sintomas de mania/hipomania e de depressão, que se apresentam simultaneamente 
O TB é reconhecido como um transtorno crônico. Compreende-se por patologia crônica aquela que é recorrente e incurável, que pode ser tratada e controlada via medicamentos e mudanças nos hábitos de vida (SUPPES; DENNEHY, 2009). O período de não manifestação ou de remissão dos sintomas bipolares de humor é identificado como período eutímico. Nesse período, espera-se que o indivíduo esteja funcionalmente ativo em sua rotina (SOUZA, 2005).
Caracterização da doença
O humor elevado ou irritável pode ser classificado como mania ou hipomania, dependendo de sua gravidade e da presença de sintomas psicóticos. Classifica-se como mania o estado severo de humor elevado ou irritabilidade, associado ou não a sintomas psicóticos, que provocam alterações no comportamento e na funcionalidade do indivíduo. A duração do estado de mania deve ser de no mínimo uma semana, estando o humor elevado ou irritabilidade presente na maior parte do dia, quase todos os dias. O critério de duração mínima é dispensável se a hospitalização se fizer necessária. Na hipomania as elevações de humor e os distúrbios comportamentais/funcionais são menos graves e com duração mais breve que o estado de mania (quatro dias consecutivos), o que geralmente não coloca a pessoa perante atenção médica. No entanto, a hipomania pode progredir para a mania.1 Cabe destacar que a presença de sintomas psicóticos é sempre indicativa de quadro grave e, ainda que os demais sintomas de ativação não sejam tão proeminentes, automaticamente descarta a possibilidade de episódio hipomaníaco. Este é um engano cometido com frequência na clínica psiquiátrica, principalmente entre profissionais menos experientes.
De modo semelhante ao Transtorno Depressivo, apesar da variação no humor ser um aspecto marcante no Transtorno Bipolar, existem muitos outros aspectos que devem ser considerados. No polo oposto, os quadros de depressão do TB, também chamados de Episódio Depressivo Maior, são caracterizados pelo humor deprimido ou perda de interesse/prazer por quase todas as atividades durante pelo menos duas semanas. Além disso, o indivíduo pode apresentar perturbações nas funções vegetativas, incluindo: alterações no apetite ou peso, no padrão de sono e atividade psicomotora; diminuição da energia; sentimento de culpa e/ou desvalia; dificuldade para pensar ou concentrar-se ou tomar decisões; pensamentos recorrentes sobre a morte, ideação, planos ou mesmo tentativas suicidas.
O especificador “com características mistas” se aplica a situações em que ocorrem durante a vigência de um episódio maníaco, hipomaníaco ou depressivo pelo menos três sintomas relacionados ao polo oposto de humor. Em função do prejuízo acentuado e da gravidade clínica da mania plena, o DSM 5 recomenda adotar o diagnóstico de episódio maníaco com características mistas para os indivíduos que apresentam sintomas que satisfazem simultaneamente os critérios de mania e depressão.
Tratamentos do Transtorno Bipolar
O tratamento do transtorno bipolar é devidamente em três fases: Aguda, continuação e manutenção. Os objetivos do tratamento da fase aguda são: tratar mania sem causar depressão e/ou consistentemente melhorar depressão sem causar mania. A fase de continuação tem como meta: Estabilizar os benefícios, reduzir os efeitos colaterais, tratar até a remissão, reduzir a possibilidade de recaída e aumentar o funcionamento global. Finalmente, os objetivos do tratamento de manutenção são: prevenir mania e/ou depressão e maximizar recuperação funcional, ou seja, que o paciente continue em remissão.
O surgimento de sintomasna fase de continuação constitui em uma recaída enquanto que, se acontecesse na fase de manutenção, seria uma recorrência. Embora na maior parte do tempo o tratamento clinico do transtorno bipolar ocorra durante a fase de manutenção existem poucas evidências empíricas para orientar que drogas deveriam ser utilizadas para manter a eutimia. Quando o paciente responde ao tratamento instituindo na fase aguda, as mesmas drogas usualmente continuam a ser utilizadas no tratamento profilático. No caso do tratamento bipolar o que acontece com os pacientes após o episodio maníaco/ou depressivo ter sido controlado no ensaio clinico que aborda eficácia não tem recebido a atenção desejada em termos de acompanhamento sistemático na literatura.
O uso de antidepressivo e antipsicoticos na fase de manutenção do transtorno bipolar e bastante comum na pratica clinica, entretanto a literatura contem poucos dados sobre a eficácia e segurança dessas drogas no tratamento de longo prazos desses pacientes. Esta revisão basear-se à na melhor evidencia disponível, principalmente em revisões sistemáticas e ensaios clínicos controlados. Entretanto, muitas questões relativas ao tratamento da fase de manutenção ainda não foram respondidas por meio de estudos abertos serão usados com referência. Os únicos ensaios clínicos controlados envolvem pacientes com transtorno bipolar tipo I. Dados sobre subtipos de pacientes, como bipolares tipo II e cicladores rápidos, são raros na literatura. Em muitos ensaios clínicos há uma ênfase excessiva em significância estatística em detrimento do que aquele achado representa em termos de melhora clinica do que aquele achado representa em termos de melhora clinica do paciente. Assim, uma redução de um ou dois pontos em uma escala pode ser extremamente significativa em termos estatísticos, mas apenas representando uma pequena melhora do estado geral do paciente.
A ideal da medicina baseada em evidencia seria que a decisão clinica fosse a união da evidencia baseada em pesquisa mais os fatores individuais do paciente. Entretanto, outros fatores influenciam na decisão clinica da prescrição medicamentos.
Uso de estabilizadores do humor 
Os critérios para definir um estabilizador do humor são: ser eficaz na mania e em estados mistos, tratar depressão aguda bipolar, reduzir a freqüência /ou gravidade de recorrências maníacas/ou depressivas, não piorar mania ou depressão ou induzir mudança ou ciclagem rápida.
Lítio
O lítio e um agente que possui mais evidencias como tratamento de manutenção no transtorno bipolar, prevenindo recaída de mania mais freqüentemente que de depressão.Entretanto,o lítio e também um antidepressivo.Ele ainda reduz o risco de suicídio,em uma metanalise, o lítio demonstrou diminuir o risco de o paciente cometer suicídio.
Valproato
O valproato foi a primeira droga, após o lítio, a demonstrar que tem efeito no tratamento de manutenção do transtorno bipolar. Em um estudo, embora os tratamento (valproato,lítio e placebo) não tenham mostrado diferença estatisticamente significativa no tempo para ocorrer uma recorrência,valproato revelou ter efeito profilático melhor que o lítio em medidas secundarias.
Outros estudos demonstram que o valproato sozinho ou em combinação tem eficácia equivalente ao lítio e possivelmente maior que a carbamazepina.
Carbamazepina
Uma serie de estudos já foi publicado relacionados a carmazepina e a oxcarbamazepina comprofilaxia do transtorno bipolar.
O lítio mostrou-se melhor que a carmazepina em morbilidade interepisódica interespdica, axas de desistência.
Lamotrigina
A lamorigina demonstrou ser tão eficaz quanto o lítio no tratamento de manutenção dos pacientes com transtorno bipolar.
Topiramato 
Cinco estudos negativos controlados por placebo falharam. E útil como medicamentos adjuvante e na redução.
Gabapentina
Dois densaios clínicos controlados por placebo falharam em demonstrar um desfecho clinico favorável. Não e usado como droga de primeira linha para tratamento de manutenção do transtorno bipolar.
Outras drogas
Metilfenidato
Mostrou-se eficaz em 11 de 14 pacientes com depressão bipolar 
Ômega3
Os ácidos ômega3 produziram uma remissão significativa mais longa do que placebo em alguns pacientes bipolares.
Pramipexole
Há relatos de pacientes com depressão bipolar resistente em que a introdução da pramipexole produziu uma melhora
Tiabagina
Tiabagina pode ser uma droga útil como terapia adjunta do transtorno bipolar, continuado ser eficaz por diversos meses.
F31 Transtorno afetivo bipolar
CID 10-F31. 5
Transtorno efetivo bipolar, bipolar, episodio atual depressivo grave com sintomas psicóticos.
	
Referencia:
Link:
https://www.researchgate.net/profile/Vinicius_Borges2/publication/317901795_Transtorno_bipolar_uma_revisao_dos_aspectos_conceituais_e_clinicos_Bipolar_disorder_a_review_of_conceptual_and_clinical_aspects/links/59510afea6fdccebfa6c81e8/Transtorno-bipolar-uma-revisao-dos-aspectos-conceituais-e-clinicos-Bipolar-disorder-a-review-of-conceptual-and-clinical-aspects.pdf
amazonaws.com/academia.edu.documents/51819894/Transtorno_Bipolar_-_Reflexoes_sobre_o_diagnostico_e_tratamento.PDF?response-content-disposition=inlin
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44461999000600005&script=sci_arttext
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - Practice Guideline for the Treatment of Patients with Bipolar Disorder. 2nd. APA, Washington, DC, 2002. [ Links ]

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