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Curso Saude Bucal Para Idosos

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Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS 
CURSO: SAÚDE BUCAL PARA IDOSOS TELESSAÚDERS 
Modulo 01: CUIDADO EM SAÚDE BUCAL PARA A PESSOA IDOSA 
Ministrada por: Renato De Marchi Professor de Odontogeriatria- Faculdade de Odontologia 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
“O processo de envelhecimento populacional, no Brasil e em quase todas as regiões do mundo, 
é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) a maior conquista da 
humanidade de todos os tempos.” 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS – DÉCADA DE 1990) 
• Envelhecimento ativo; 
• Modos de viver saudáveis; 
• Responsabilidade; 
• Participação. 
BRASIL – POLÍTICAS PARA A PESSOA IDOSA 
• Lei 10.741 (2003) - Estatuto do Idoso 
• Política Nacional do Idoso 
• Conselho Nacional do Idoso 
Direito À Saúde 
• Atenção integral à saúde do idoso no SUS 
• Acesso universal, igualitário, das ações de: Promoção, prevenção e recuperação da 
saúde. 
BRASIL – POLÍTICAS PARA A PESSOA IDOSA (PNSPI) / 2006 
• Porta de entrada a Atenção Básica/Saúde da Família; 
• Territorialização e responsabilidade sobre a saúde de todas as pessoas da área de 
abrangência; 
• Instituições públicas ou privadas. 
PESSOAS IDOSAS SÃO DIFERENTES 
Grau de dependência do idoso - tipo de cuidado a ser prestado e os recursos humanos 
necessários: 
• Independentes - atividades cotidianas sem ajuda e de adaptar-se ao seu meio ambiente; 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
• Semidependentes - limitações para realizar as atividades da vida diária ou suprir suas 
necessidades psicológicas e/ou sociais e/ou econômicas; 
• Dependentes - dependem de outras pessoas ou de serviços especializados para atender a 
maioria das suas necessidades básicas, físicas ou mentais. 
MARCO REFERENCIAL 
Em março de 2004, o governo federal lançou uma Política Nacional de Saúde Bucal, com a 
marca “Brasil Sorridente”: 
• Novas diretrizes para a reorientação das concepções e práticas no campo da saúde 
bucal; 
• Propiciar um novo processo de trabalho. 
POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL 
• Primeira política do Ministério da Saúde para a saúde bucal da população brasileira; 
• Ampliar e garantir o acesso da população à assistência odontológica; 
• Construção de Centros de Referência (CEO); 
• Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD); 
• Número enorme de edêntulos (sem dentes) nesta idade; 
• (SB Brasil – 2003 – 2010). 
• Papel do profissional de Saúde e de toda a equipe de saúde bucal na Estratégia de Saúde 
da Família; 
• Programas de capacitação e promoção de saúde para cuidadores na comunidade. 
TRABALHO DAS EQUIPES 
Atribuições comuns a todos os profissionais da Equipe: 
• Planejar, programar e realizar ações de atenção; 
• Identificar e acompanhar pessoas frágeis ou em processo de fragilização; 
• Conhecer as realidades sociais e culturais; 
• Acolher a pessoa idosa de forma humanizada; 
• Preencher, entregar e atualizar a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa; 
• Realizar e participar das atividades de educação permanente em saúde. 
 
ACOLHIMENTO 
• Dirigir-se diretamente, chamar pelo nome; 
• Possível perda de audição; 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
• Utilizar linguagem clara; 
• Tempo para conversação é maior; 
• Relação de respeito – idosos são muitas vezes mais sábios, esperam ser respeitados pela 
sua idade. 
CUIDADO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA 
• Diversos atores: idoso, família, cuidador, comunidade, e equipes de atenção à saúde; 
• O cuidado é compartilhado, comunicativo, integrado; 
• Qualidade das relações – vínculo; 
• Vínculos positivos e propostas terapêuticas pactuadas. 
ATENÇÃO DOMICILIAR ÀS PESSOAS IDOSAS 
• Conjunto de ações realizadas por uma equipe interdisciplinar; 
• Restabelecer independência e preservação de autonomia 
• Internação Domiciliar 
• Assistência Domiciliar 
INTERNAÇÃO DOMICILIAR 
• Pessoas clinicamente estáveis; 
• Cuidados acima das modalidades ambulatoriais, mas que possam ser mantidas em casa; 
• Equipe específica. 
ASSISTÊNCIA DOMICILIAR 
• Pode ser realizada por profissionais da Atenção Básica/ Saúde da Família ou da atenção 
especializada; 
• Acolher as necessidades de saúde da pessoa idosa com perdas funcionais e dependência 
para a realização das atividades de vida diária. 
• DENTIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR NA 
ATENÇÃO BÁSICA 
• Situação clínica; 
• Nível de perda funcional e dependência; 
• Visitas de ACS; 
• Demanda do usuário, família, vizinhos; 
• Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa (ACS – reunião de equipe). 
INTEGRALIDADE NO CUIDADO DA PESSOA IDOSA 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
• O conhecimento sobre Saúde da Pessoa Idosa é necessário para todos os profissionais 
de saúde; 
• ATENÇÃO BÁSICA é a abordagem preferencial; 
• Toda a sociedade precisa agir de forma integrada pela saúde e proteção das pessoas 
idosas em situação de vulnerabilidade. 
REFERÊNCIAS BRASIL. 
• Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. 
SAÚDE BUCAL. Cadernos de Atenção Básica – no 17. Brasília, 2008. 
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção 
Básica. ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA. Cadernos de Atenção 
Básica – no 19. Brasília, 2006. 
• IMAGENS: Do arquivo pessoal do autor, e do banco de imagens PXHere. Disponível 
em: . Acesso em 12 out. 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
RESENHA 
SAÚDE BUCAL DA PESSOA IDOSA – MÓDULO 1 
O envelhecimento populacional é considerado uma grande conquista da humanidade, e 
está acontecendo em quase todo o planeta. A Organização Mundial de Saúde, já na década de 
90, percebeu esse processo e recomendou algumas ações fundamentais, entre elas o 
envelhecimento ativo e os modos de viver saudáveis. É fundamental compreender que nunca é 
tarde para começar, mas quanto mais cedo, melhor. Ter bons hábitos de saúde é essencial para 
um envelhecimento saudável: consumir muitas frutas e verduras, muita água, praticar atividades 
físicas e evitar o consumo de álcool e cigarro. 
Em relação aos idosos, existem os idosos dependentes, os semi dependentes e os 
dependentes. Quanto maior o grau de dependência da pessoa idosa, maior o envolvimento de 
pessoas para o seu cuidado. E daí vemos a importância do papel do cuidador de idosos. Os 
cuidadores são muitas vezes os responsáveis pelo cuidado de todos os aspectos da vida da 
pessoa idosa, o que inclui a saúde bucal. 
De um modo geral, a saúde bucal das pessoas idosas é o resultado de vários anos de 
acúmulos de risco e, portanto, de sequelas de doenças passadas. A prevenção de doenças bucais 
como cáries, doenças gengivais e de mucosas bucais, o que inclui o lábio, está 
fundamentalmente baseada na higiene diária com o uso de escova e creme dental, e o fio dental. 
Em pessoas idosas é muito frequente o uso de próteses dentárias, por isso a higiene pode ser 
mais complexa e demandar o uso de outros instrumentos como escovas interdentais, bem como 
higiene de próteses removíveis, caso estas sejam utilizadas. 
Alguns aspectos fundamentais no cuidado da pessoa idosa 
 Pessoas idosas esperam ser respeitadas, têm maior senso de dignidade. 
 É correto falar diretamente com elas, usando o nome, mesmo em presença de 
cuidadores. 
 É muito comum os idosos terem perda de audição. 
 Utilizar linguagem clara, sem jargões profissionais, principalmente na área da saúde. 
 Falar com idosos pode tomar mais tempo: eles tendem a dar respostas corretas, e por 
isso levam mais tempo pensando, antes de responder a alguma pergunta. 
 
Outros aspectos essenciais são que a família, a comunidade, os amigos, a fé - religiosa ou não -, 
são fundamentais na vida das pessoas idosas. Qualquerplano de cuidado deve envolver as 
pessoas próximas, considerar os contextos sociais e individuais e, especialmente, os níveis de 
autonomia e independência das pessoas idosas. Pessoas com baixos níveis de autonomia e 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
independência, especialmente baixos níveis de acuidade visual e motricidade, têm que receber 
cuidado individualizado, e um protocolo de higiene bucal diária deve ser implementado. 
Protocolo de higiene bucal diária em pessoas idosas dependentes 
Um protocolo de higiene bucal diária em pessoas idosas dependentes, como as 
acamadas ou as restritas ao lar, com pouca ou nenhuma capacidade para realização de 
procedimentos de higiene bucal por conta própria, envolve higienizar com escova e creme 
dental três vezes ao dia, após as refeições, e fio dental, ao menos uma vez ao dia. Em áreas de 
próteses fixas, é necessário o uso de escovas interdentais. Para próteses removíveis, estas devem 
ser retiradas da boca e higienizadas com escova diferente da utilizada para os dentes, também 
com creme dental, ou eventualmente com sabão neutro. Próteses acrílicas devem ser retiradas à 
noite, para dormir, e mergulhadas em água. Deixar as próteses acrílicas sempre em contato com 
as mucosas pode ser prejudicial, devido ao risco de desenvolvimento de doenças fúngicas na 
boca. 
Atenção aos cuidadores 
Atenção especial deve ser dada aos cuidadores de pessoas idosas. De um modo geral, 
quem cuida dos idosos são também pessoas de idade, e existe uma grande sobrecarga sobre 
estas pessoas. Principalmente em situações que envolvem demências, como a doença de 
Alzheimer, os cuidadores têm uma enorme demanda e não conseguem tempo para cuidar de si 
próprios. É fundamental que as equipes de saúde e a sociedade como um todo estejam 
preparadas para o fenômeno de envelhecimento populacional, que é muito rápido e demanda 
muito trabalho diante de praticamente nenhum preparo até o momento. Vivemos como se não 
fôssemos envelhecer e não estamos dando conta do rápido envelhecimento populacional já em 
curso em nossa sociedade. 
REFERÊNCIAS: 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. 
Saúde Bucal. Cadernos de Atenção Básica – no 17. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. 
Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Cadernos de Atenção Básica – no 19. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2006 
 
 
 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS 
CURSO: SAÚDE BUCAL PARA IDOSOS TELESSAÚDERS 
MÓDULO 02 : Aula Introdutória sobre a Boca 
Ministrado por: Renato De Marchi 
 Professor de Odontogeriatria 
Faculdade de Odontologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
 
CONHECENDO A ANATOMIA E AS CONDIÇÕES DA BOCA DAS PESSOAS IDOSAS 
O objetivo desta aula é: Apresentar as diferentes estruturas que compõe a boca, e falar 
sobre os cuidados com estas estruturas para que fiquem saudáveis e assim, cuidar para ter saúde 
na boca. 
AS DIFERENTES PARTES DA BOCA 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
LESÕES DE LÁBIO 
 
Os lábios e a parte interna das bochechas também devem ser 
observados, e feridas que não desaparecem em no máximo duas 
semanas podem ser problemas mais graves. Nestes casos, um 
dentista deve ser consultado! 
 
 
Manchas escuras podem indicar lesão muito séria, como um 
câncer de lábio Porém o tratamento precoce pode ser feito e salvar 
a vida da pessoa! 
 
 
 
 
Manchas brancas também podem ser problemas sérios, e um 
dentista ou médico deve ser procurado. 
 
 
Observe colorações diferentes nos lábios. Elas podem indicar 
lesões de diferentes naturezas, ou seja, diferentes problemas no 
lábio. Quanto mais tempo estas lesões ficarem sem tratamento, 
mais difícil é recuperar a saúde. Não perca tempo! Procure 
atendimento! 
 
 
 
 
 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
 
 
Pessoas de pele clara, principalmente, estão em maior risco de ter 
lesões de lábio. Utilize sempre protetor solar, mesmo em dias que 
não há sol, quando sair de casa. O uso de chapéu também podem 
prevenir doenças de pele e de lábios. 
 
OS DENTES 
Os dentes são os responsáveis pela mastigação, e são feitos para durar a vida toda. É 
fundamental observar os dentes em todas as suas superfícies, bem como limpar todas as áreas 
com a escova, e inclusive o espaço entre os dentes, com o fio dental. 
DESGASTE 
É muito comum que os dentes de idosos tenham uma cor amarelada, e que as raízes 
apareçam por causa da diminuição do volume da gengiva. Também é comum em idosos o 
desgaste dos dentes. 
CÁRIES 
As cáries são o resultado da ação de bactérias e de consumo de açúcar. Para evitar as 
cáries e outras doenças, incluindo as doenças da gengiva, a escovação e o uso do fio dental para 
limpar entre os dentes é a principal forma de prevenção. 
BACTÉRIAS 
As bactérias são responsáveis pelas cáries e doenças de gengiva, e o seu 
desenvolvimento é o resultado da falta de higiene. A escovação e o uso do fio dental são as 
formas de prevenir o crescimento das bactérias e assim, das doenças da boca. 
GENGIVAS 
As gengivas são estruturas que precisam de uma boa higiene, em que o fio dental é um 
elemento essencial para a saúde. Elas protegem os dentes e fazem parte do sorriso também! 
Quando ficam bactérias acumuladas nos dentes, as gengivas podem inflamar e o 
resultado é a gengivite. A gengivite tem como sintoma o sangramento. Quando há sangramento 
os dentes devem ser limpos e o fio deve ser utilizado, pois daí a higiene pode curar a doença. 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
O avanço da gengivite pode resultar em problemas maiores, como a doença periodontal. 
Essa doença pode resultar na perda dos dentes, e em muitos outros problemas de saúde como a 
diabetes e problemas circulatórios. Os sintomas são o sangramento e o afrouxamento dos 
dentes. 
PERDA DENTÁRIA 
As perdas dentárias são o resultado da destruição dos dentes por cáries, doenças da 
gengiva ou traumatismos. Dentes destruídos devem ser extraídos, para evitar que outros 
problemas aconteçam com o corpo, como infecções e inflamações. 
A perda dentária pode ser um resultado de muitas doenças, desgastes, e problemas 
enfrentados ao longo da vida. Apesar de não ser desejável, certo número de perdas dentárias 
pode não ser tão grave. Acredita-se que não há problemas se um idoso consegue manter ao 
menos 20 dentes naturais em idades avançadas. 
A saúde bucal significa alegria e felicidade em todas as idades. Poder sorrir, brincar, se 
alimentar, expressar os sentimentos e ter confiança em sua saúde é um bem a que todos temos 
direito e responsabilidade. Cuide de sua saúde em todas as idades! 
SAÚDE BUCAL 
Mesmo que os dentes tenham sido perdidos, todas as pessoas tem boca, e precisam 
cuidar da boca para ter saúde. Os dentes podem ser repostos pelo uso de próteses, que devolvem 
o sorriso e ajudam muito na mastigação, devolvendo muitas possibilidades da vida ao idoso! 
SAÚDE DO IDOSO 
Saúde da boca e saúde não são conceitos diferentes. É fundamental ter saúde na boca 
para desfrutar da vida. Cuide de sua saúde e seja feliz! 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
Aula 02: Envelhecimento E Perda De Superfície Dentária 
PERDAS DE SUPERFÍCIE DENTÁRIA 
 Erosão; 
 Abrasão; 
 Atrição. 
EROSÃO DENTÁRIA 
É a perda mineral dos dentes provocada por ácidos. 
 Não é cárie; 
 Provocada por alimentos e bebidas ácidas, principalmente refrigerantes; 
 Junto com a escovação, pode levar à destruição dos dentes; 
 Aumenta a chance de aparecimento e a velocidade de destruição dentária das cáries. 
 
DESGASTE DENTÁRIO – ATRIÇÃOÉ a perda de superfície dentária provocada pelo contato de um dente contra outro. 
 Desgaste provocado pelo contato entre os dentes - ranger dos dentes; 
 Acontece geralmente durante o sono; 
 Pode levar ao desgaste e fraturas dos dentes; 
 Se não tratado, pode resultar na perda total da estrutura dos dentes. 
 
 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
DESGASTE DENTÁRIO – ABRASÃO 
É a perda de superfície dentária provocada pela fricção de um objeto sobre o dente. 
 Desgaste provocado por escovação; 
 Pode ser também provocado pelo uso de grampos de pontes móveis. 
PREVENÇÃO 
 Uso de escovas de dentes macias; 
 Utilizar pouca pressão sobre os dentes durante a escovação. 
 
RESENHA 
RESENHA SAÚDE BUCAL DA PESSOA IDOSA – MÓDULO 2 
As diferentes partes da boca são, resumidamente: 
A. Os dentes, que são a primeira coisa em que pensamos, geralmente. Mas a boca não se 
resume aos dentes, ela tem várias estruturas de suporte, como os ossos maxilares e as 
gengivas. 
B. Gengiva, que recobre os ossos maxilares e faz parte do tecido de suporte e proteção 
dos dentes e de toda a boca. 
 C. Os lábios são como se fossem a porta de entrada da boca. A língua é um arranjo de 
músculos que permitem a fala e a alimentação, entre outras atividades. 
D. Palato, que é representado pela mucosa e pelo osso maxilar por ela recoberto, 
conhecido popularmente por ‘céu da boca’. 
E. Assoalho da boca, que é onde repousa a língua e onde surgem os ductos de glândulas 
salivares importantes. 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
Lesões de lábio: 
É importante observar que feridas que não desaparecem em duas semanas podem ser 
um problema mais grave. Algumas lesões são inflamatórias ou virais, como o herpes, mas 
lesões de longa duração devem ser investigadas. 
A. Lesões escuras de lábio: lesões escuras podem representar problemas muito graves, 
até mesmo câncer de lábio. Nesses casos, um dentista ou um médico deve ser procurado. É 
fundamental lembrar que o tratamento do câncer de lábio muitas vezes é simples e não 
envolve quimioterapia, tendo sucesso total sem deixar sequelas. O avanço das lesões de 
câncer de lábio, no entanto, pode provocar metástase, que é o espalhamento para outros 
locais do corpo, dificultando o tratamento e reduzindo a chance de sobrevida. De uma 
maneira geral, lesões iniciais são fáceis de remover e demandam pouco tratamento para sua 
resolução. Por outro lado, na medida em que avançam, sem tratamento, podem trazer o risco 
de óbito, inclusive. É essencial a prevenção desse tipo de lesão, pelo uso de protetores 
labiais contra a radiação solar. Os protetores labiais com fator de proteção contra radiação 
solar são facilmente encontrados em supermercados e farmácias, e são incolores. Muitas 
pessoas, especialmente os homens, têm preconceito contra o uso dos protetores labiais. Esse 
é um grande problema, enfrentado principalmente por pessoas que trabalham em muito 
contato com a radiação solar, como nas atividades de agricultura, construção civil, polícia 
militar, entre outras. Esse preconceito pode custar a vida de muitas pessoas, pois a 
incidência de câncer labial é bem alta, particularmente entre indivíduos de pele clara. 
B. Manchas brancas no lábio: esse tipo de manchas também pode representar problemas 
graves. Um dentista ou mesmo um médico deve ser procurado, especialmente se estas 
manchas se espalham também pelo interior da boca. Nesses casos as manchas não são o 
resultado do contato com radiação solar, mas sim, podem representar determinadas doenças 
que necessitam de diagnóstico por profissionais da Odontologia, com a maior brevidade 
possível. Podem acontecer, ao mesmo tempo, lesões claras e escuras no lábio. 
Especialmente entre fumantes é muito comum encontrarmos os dois tipos de lesão. O 
importante é ter em mente que quanto antes for procurado o atendimento, mais fácil será a 
recuperação. Frequentemente observamos pessoas que ficam aguardando o tempo passar, 
para ver se as lesões irão desaparecer. Há, entretanto, determinados tipos de câncer de lábio 
que podem evoluir muito rapidamente e levar ao óbito ou a cirurgias muito agressivas, onde 
grande parte dos tecidos do rosto e da boca são removidos como parte do tratamento. Tudo 
isso pode ser evitado com o diagnóstico precoce, feito através da busca por atendimento, 
bem como da indicação feita durante as buscas ativas, particularmente através da ação de 
Agentes Comunitários de Saúde. O medo e o desconhecimento são as principais causas de 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
óbito, quando as lesões de lábio são as doenças envolvidas. É fundamental trabalhar os 
aspectos de prevenção e proteção em saúde com a população. 
 Os dentes são os responsáveis pela mastigação, e foram feitos para durar a vida toda. É 
fundamental higienizar corretamente os dentes com escova e fio dental, todos os dias. A 
escovação deve acontecer duas a três vezes ao dia, sendo principalmente importante uma 
boa escovação à noite, antes de dormir. O fio dental deve ser utilizado ao menos uma vez ao 
dia. 
Agora vamos falar de alguns aspectos dos dentes. 
Desgaste dentário: é comum que pessoas idosas tenham desgastes nos dentes, e 
redução no volume, no tamanho da gengiva. 
As cáries são o resultado da ação de bactérias e do consumo de açúcares, ou seja, de 
higiene bucal insuficiente associada ao consumo de doces. 
 E o que são bactérias? Bactérias são pequenos seres vivos, microscópicos, que 
habitam a boca, e são responsáveis pelas doenças dos dentes e das gengivas. 
 Existem umas crenças populares de que as mulheres ‘perdem o cálcio’ dos dentes durante a 
gravidez, de que o consumo de antibióticos provoca o enfraquecimento dos dentes, e de que 
o envelhecimento naturalmente leva à perda de dentes. Essas crenças são falsas: na verdade, 
uma vez que os dentes foram formados, não há possibilidade de perderem cálcio por causa 
da gravidez; o consumo de antibióticos não enfraquece os dentes; e, por fim, o avanço da 
idade não provoca a perda dentária. Aceitar essas crenças é ter desculpas para as doenças 
bucais que, de fato, ocorrem, como as cáries e as doenças periodontais (gengivais). 
As gengivas são estruturas que protegem os dentes, e precisam de muito cuidado, 
especialmente o uso do fio dental, para prevenir doenças de gengivas e também dos dentes. 
A gengivite é uma inflamação que resulta da higiene insuficiente, e causam 
sangramento. Muito importante saber que, quando a gengiva sangra, AÍ MESMO é que 
precisamos higienizá-la muito bem. O sangramento é o principal sinal e sintoma da 
gengivite. Somente higienizar muito bem pode não resolver o problema e, portanto, se após 
uma semana de higiene bucal intensa esse sintoma não desaparecer, um dentista deve ser 
consultado. Existem também produtos de higiene bucal que servem para o controle químico 
de placa bacteriana, os enxaguatórios bucais, que podem ser utilizados como coadjuvantes 
durante o tratamento da gengivite, mas eventualmente podem provocar manchas e 
escurecimento dos dentes, então devem ser utilizados com recomendação de um dentista. 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
A periodontite é o resultado do avanço da gengivite, quando ela não é controlada. Na 
periodontite acontece à perda do suporte ósseo dos dentes, e eles podem afrouxar. Com o 
avanço desta doença, a perda dos dentes é o resultado final. Especial atenção deve ser dada 
às pessoas que fumam, ou que fumaram por muito tempo, pois o hábito de fumar está 
fortemente relacionado com o avanço da periodontite. Os efeitos provocados pelo consumo 
do tabaco são a redução da irrigação sanguínea na região terminal das artérias que irrigam 
os tecidos bucais, reduzindo assim as defesas contra a ação das bactérias que provocam a 
doença. Além disso, fumar reduz os sintomas da gengivite,o principal deles o sangramento, 
e com isso as pessoas podem não perceber que têm um problema bucal e, dessa forma, não 
buscar tratamento. Com isso, existe uma tendência de agravo da gengivite, que pode, com o 
avanço da doença para os tecidos mais profundos (ligamentos periodontais e osso alveolar), 
resultar em periodontite. A periodontite, por sua vez, avança mais rapidamente em 
fumantes, do que em não fumantes. 
A perda dentária é o resultado das doenças nos dentes, gengivas e tecidos de suporte, 
como o periodonto e os ossos maxilares, bem como, de traumatismos. Quando os dentes 
estão muito destruídos, é necessário extrair para prevenir problemas que podem ocorrer pela 
infecção, a qual pode invadir os ossos maxilares, e representar riscos maiores à saúde. Por 
essa razão, dentes muito destruídos, mesmo que não apresentem sintomas, devem ser 
recuperados, ou, se não for possível, extraídos. Existe uma crença, especialmente em alguns 
grupos, de que os dentes são naturalmente perdidos com o avanço da idade. Isso não é 
verdade: os dentes podem durar a vida toda, contanto que a higiene bucal seja realizada 
corretamente, diariamente, com o uso de escova dental e creme dental, bem como do fio 
dental. Fundamental também é visitar o dentista regularmente, e não somente quando existe 
algum sintoma. 
Mesmo que tenham sido perdidos alguns, ou mesmo todos os dentes, é possível repor 
essas perdas por meio de próteses dentárias, as quais também demandam cuidados de 
higiene. De uma forma geral, as próteses devem ser higienizadas também com escova e 
creme dental, de duas a três vezes ao dia, diariamente. Pessoas que utilizam próteses com 
estrutura de acrílico devem remover essas próteses durante a noite, e deixá-las dentro de 
uma embalagem cobertas com água. Isso é fundamental para a prevenção de fungos nas 
próteses e também nas mucosas bucais, como será discutido nos próximos módulos. A 
reposição de dentes perdidos é essencial para a recuperação da mastigação. E a mastigação 
é, por sua vez, fundamental para uma boa nutrição, como será discutido nos próximos 
módulos também. 
Perdas de superfícies dentárias 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
Além das cáries, podem ocorrer perdas de superfície dentária por outros motivos. Entre os 
principais, estão a Erosão, a Atrição e a Abrasão. 
EROSÃO dentária é o resultado de perda de superfície dos dentes pelo contato com 
ácidos. Os principais ácidos encontrados nos alimentos são as frutas cítricas – limão, 
laranja, e nos refrigerantes. São perdas minerais dos dentes que podem ocorrer mesmo sem 
a ação de cáries, mas sim, nitidamente erosões que ‘escavaram’ os dentes, deixando um 
pouco mais de esmalte, que é o tecido mais externo dos dentes, e destruindo mais 
rapidamente a dentina, que é menos resistente à dissolução ácida. 
ATRIÇÃO é o desgaste dentário, provocado pelo contato entre os dentes, ou entre os 
dentes e próteses dentárias. É o resultado do desgaste provocado pela mastigação, ao longo 
da vida. É comum, entretanto, o hábito de ranger os dentes durante o sono ou mesmo 
acordado, o que também resulta em perda mineral. 
ABRASÃO é a perda de superfície dentária ocasionada pela fricção de objetos sobre as 
superfícies dentárias. De um modo geral, o que mais frequentemente provoca a abrasão é a 
escovação. Escovação realizada com força exagerada, e com escova dental dura, são os 
principais fatores responsáveis pela abrasão. Dessa forma, recomenda-se o uso de escovas 
macias, e que a escovação seja feita de forma delicada, sem pressão excessiva. A saúde na 
boca e a manutenção de dentes durante o envelhecimento são essenciais. Ter saúde bucal 
representa as possibilidades de sorrir, de se alimentar, de se relacionar com as pessoas, e é 
essencial para a saúde como um todo. 
REFERÊNCIAS: 
 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Saúde bucal. Cadernos de Atenção Básica – no 17. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2008. 
 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Cadernos de 
Atenção Básica – no 19. Brasília: Ministério da Saúde, 2006 
 
ENTREVISTA 
1. Senhora Dilciomar, refletir sobre o significado da velhice na sociedade atual é muito 
importante. Na sua opinião, os idosos são respeitados na sociedade atual? 
O que poderia ser feito para melhorar a vida deles, nesse sentido? Nós não estávamos, 
enquanto sociedade, preparados para o descobrimento do idoso. Falando sobre Porto 
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Alegre, onde nós estamos, é a capital que detém o maior numero de idosos do Brasil, 
atualmente. Como em todo o restante do Brasil e do mundo, o idoso está ganhando espaço, 
graças aos cuidados, ao idoso se amar, descobrir-se, que não precisa ficar a frente de um 
televisor usando uma pantufa, chambre, um pijama, ou cuidando dos netos. Graças a tudo 
isso, o idoso está ganhando espaço. A mídia trata do idoso hoje, há uma preocupação dos 
jornais, do comércio em mostrar o idoso na propaganda. É bonito mostrar uma senhora de 
cabelos brancos. NÃO ESTÁVAMOS, NÃO ESTAMOS E NÃO ESTAREMOS POR UM 
LONGO TEMPO PREPARADOS PARA O IDOSO QUE VEM CHEGANDO, que está aí 
e é uma realidade. Não há respeito para com esse idoso, exatamente por não sabermos o que 
o idoso é, o que quer, qual sua proposta e o que pensa. Não há respeito no trânsito, a 
mobilidade urbana ignora o idoso, não há respeito na saúde para com o idoso, não há 
respeito cultural para com o idoso. O fato de pagarmos metade pelo ingresso de cinema, de 
teatro, não diz nada para o idoso, pois esse grupo que utiliza teatro, cinema, viagem, sempre 
usou, é o idoso que já vinha elitizado. A base da pirâmide do idoso, o idoso assalariado ou 
não assalariado, ou assalariado e explorado. Não há segurança adequada para o idoso. Ainda 
há toda uma proposta a ser feira para o idoso, de valores, pois se continuarmos assim é ELE 
QUEM VAI REINAR ABSOLUTO DAQUI A 50 ANOS. É um problema para os 
governos, mas acho que juntos podemos chegar lá, pois o idoso quer continuar trabalhando, 
sendo produtivo, o idoso cuida da mente, do corpo, do físico, do espírito, então, é um idoso 
que pode colaborar muito com a sociedade, no seu espaço, sem prejudicar o jovem, o 
adulto, o adolescente. 
2. O que podemos fazer hoje, enquanto sociedade, para melhorar essa situação? 
Campanhas esclarecedoras, usarmos da mídia não apenas para o lado comercial, mas 
também para EDUCAÇÃO. Trabalharmos na escola, com as crianças, adolescentes e 
adultos. Trabalharmos com a população e com o próprio idoso, pois também temos que nos 
educar para envelhecer. Tem que haver um processo em que a mídia tenha olhar voltado 
para o idoso, em várias campanhas, mas o governo constituído de nosso país, e alguns 
desmandos. Tem que haver de parte do governo o cuidado para com esse idoso, assim como 
se cuida da criança. O idoso merece uma atenção bem maior, que deve começar lá na 
escola, com a criança respeitando esse idoso, e tem que vir dos filhos adultos, respeitando 
esse idoso, e não o explorando. Nós, enquanto conselho municipal do idoso de Porto 
Alegre, recebemos muitas reclamações com relação ao desrespeito, seja físico, psicológico, 
a exploração do salário do idoso, pois hoje o IDOSO É COLABORADOR ATUANTE NA 
RENDA FAMILIAR, quando não é o mantenedor. Portanto, tem que haver um 
esclarecimento quanto a tudo isso, quanto até onde vão os direitos do idoso, os deveres. 
Tem que haver um grande esforço da sociedade no entendimento desse idoso, e nos 
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preparamos exatamente para a longevidade desse idoso. Permito-me dizer que podemos 
classificar a vida do idoso antes e depois do Viagra, pois a vida desse idoso mudou 
completamente após o Viagra. Temosque nos preparar para tudo isso, até mesmo para as 
doenças que as doenças que as mulheres idosas estão expostas, como as doenças 
sexualmente transmissíveis, afinal, a vida sexual ativa é uma realidade para o idoso, 
estimulado pelos remédios estimuladores sexuais, bailes, movimentos, viagens correr 
maratonas, andar de skate. Tudo isso é um apelo para o idoso. Mas precisamos de 
campanhas, de movimentação maior da sociedade, não só no sentido lúdico, mas com 
responsabilidade. 
3. A política brasileira de saúde do idoso tem por objetivo garantir a atenção integral à 
saúde das pessoas com 60 anos ou mais, promovendo a capacidade funcional e da 
autonomia, contribuindo para o envelhecimento saudável. Para a senhora, quais os 
grandes desafios para que a política do envelhecimento saudável seja uma realidade 
para, termos de fato, um envelhecimento ativo? 
É muito difícil a resposta, pois é o nosso desafio, nossa dificuldade. Cabe ao conselho 
fiscalizar, oportunizar, participar desse processo de envelhecimento ativo. Não estamos 
preparados para esse envelhecimento saudável, pois ele TRANSCENDE UMA 
CAMINHADA, ginástica, boa alimentação, envolve o espírito físico, ambiente, corpo, e nós 
não nos preparamos para isso. Temos uma saúde do idoso falha, o idoso que vai a uma 
farmácia e não consegue um remédio é um idoso que não está sendo bem atendido. Um 
idoso que tem dificuldade de caminhar na rua porque as calçadas não são adequadas. Um 
idoso que, ao atravessar uma rua, tem dificuldade, porque a sinaleira marca 6 segundos, e 
ele precisa de muito mais, é um idoso que enfrenta dificuldades. Se formos elencar todas as 
necessidades do idoso, dificulta, mas nós não podemos pensar basicamente que é isso que 
nós temos, temos que trabalhar, ir a luta, e temos que começar pelas conquistas, e fazer com 
que isso comece a acontecer. Existem políticas que são de amplitude geral, para a criança, 
para o adulto, e para o idoso também, mas específica para o idoso são poucas, uma palestra, 
um grupo que se reúne ocasionalmente, mas ainda é muito pequeno. Assim, é em todas as 
áreas, educação por exemplo, a alfabetização do adulto. MUITO IDOSO NO BRASIL 
NECESSITA SER ALFABETIZADO PARA PODER CIRCULAR, pois tem dificuldade de 
pegar um ônibus, não consegue ler. Esse idoso que poderia receber orientação que facilitaria 
essa qualidade de vida, não recebe. 
No transporte, muitas vezes o ônibus não enxergam as pessoas, passam direto. As 
pessoas sentadas nos assentos destinados às pessoas idosas muitas vezes são ocupados por 
pessoas jovens, que baixam a cabeça e fecham os olhos ao ver um idoso, e não cedem o 
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lugar. O motorista e o cobrador não podem fazer nada, e o idoso sofre amassado de pé, 
sendo empurrado. Se formos elencar todas essas situações, a qualidade de vida vai ficando 
prejudicada. 
Trabalhos como o nosso é que vão possibilitar uma qualidade de vida efetiva para o 
idoso. Ninguém trabalha sozinho, o governo deixa de cumprir sua parte, mas a sociedade 
também tem parte, a família também. Se nos unirmos e irmos com conquistas lentas, mas 
efetivas, gradualmente, para que tenha a real qualidade de vida. Para alcançar a qualidade de 
vida, ainda há uma caminhada, mas uma caminhada com muita vontade, e que nós estamos 
engajados e sabendo que vai se conquistando aos poucos. A qualidade de vida que o idoso 
tem por direito, merece e é obrigação, e a gente está lá, eu acredito. Qualidade de vida é o 
conjunto de saúde, oportunidade de usar o corpo da melhor maneira, transporte, segurança. 
Qualidade de vida e envelhecimento ativo é uma temática importantíssima, mas que ainda 
tem muitos questionamentos, muitas dúvidas, muitas respostas a serem dadas, é temeroso 
até. É muito complexo. 
4. A senhora é uma idosa muito ativa socialmente. Como é para você trabalhar em um 
conselho que cuida dos interesses dos idosos? 
Sou professora, há muitos anos afastada do magistério, aposentada depois dos 30 anos de 
trabalho. Sempre fui voluntária, não tenho cargo, não tenho remuneração. Sou de classe 
média baixa, porém, vivo com tranquilidade, me permitindo fazer esse trabalho voluntário. 
Começou pela família, depois em grupos de amigos, depois junto da igreja católica 
apostólica romana de uma paróquia, depois junto a uma comunidade, fazendo voluntariado 
junto à secretaria de cultura do município de Porto Alegre, mas representando no conselho 
do idoso, que estava na época sendo criado, porém com linha de trabalho diferente da de 
hoje. No conselho, conseguimos fazer cursos pela secretaria da cultura para os idosos sobre 
literatura, pois achávamos importante que o idoso tivesse esse outro olhar, descobrimos 
coisas maravilhosas com os idosos nesses últimos 20 anos de trabalho, a ponto de grupos de 
idosos fazerem um livro, pessoas que não tinham nem segundo grau, mas que 
ESCREVERAM UM LIVRO MARAVILHOSO SOBRE O PENSAMENTO DO IDOSO. 
Depois, participei da associação nacional de pensionistas e aposentados. Através dela, 
houve uma inscrição no conselho do idoso. Eu representei a associação junto ao conselho. O 
conselho municipal do idoso é composto de sociedade civil e sociedade governamental. São 
10 representantes da sociedade civil, e 7 da governamental, dentre elas, secretaria da saúde, 
do idoso, dos direitos humanos, do esporte e lazer, da cultura e secretaria de governança. 
Fazer parte do conselho dá direito a associação de receber o fundo municipal do idoso. Esse 
fundo é uma das maiores aquisições do conselho, pois permite à instituição fazer a captação 
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de recursos e fazer atividades de benfeitoria. O papel do conselho, hoje, praticamente supera 
em responsabilidade todas as secretarias, principalmente devido ao fundo do idoso. 
Sabemos a carga que nós temos, estamos bem conscientes, mas também estamos bem 
assessorados. Apresentamos um projeto e estamos nos habilitando a receber um certificado 
da ONU, pela primeira vez no Brasil, de CAPITAL AMIGA DO IDOSO, provavelmente 
receberemos essa certificação. O projeto já foi para a ONU, já foi apresentado, houve uma 
simpatia da ONU, veio a contrapartida deles. Já está a nível municipal e vai dar certo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS 
CURSO: SAÚDE BUCAL PARA IDOSOS TELESSAÚDERS 
MODULO 03: Farmacologia E Odontologia A Atenção Ao Idoso 
A ODONTOLOGIA E OS MEDICAMENTOS 
 Reações adversas ao uso de medicamentos podem envolver todos os órgãos e sistemas 
do organismo e são frequentemente confundidos com sinais de doenças; 
 Do mesmo modo, a boca e estruturas anexas podem ser afetadas por medicamentos. 
Saúde bucal, incluindo-se função salivar, é muito importante para a saúde como um 
todo. 
EFEITOS SISTÊMICOS DESTA RELAÇÃO 
Muitos medicamentos podem causar alterações no sabor que sentimos e, em casos severos, 
resultam em deficiências nutricionais e malnutrição. 
HIPERPLASIA GENGIVAL 
HIPERPLASIA GENGIVAL INDUZIDA POR MEDICAMENTOS. 
Inicia com um aumento do volume das papilas 
interdentais, estendendo-se para as margens vestibular e 
lingual. A remoção de placa e uma higiene bucal 
adequada podem beneficiar a recuperação e limitar em 
parte a severidade desta condição. 
 
SALIVA E SAÚDE 
A saliva é uma substância versátil que serve para diversas finalidades na boca. É um 
lubrificante que facilita a deglutição, tem a função de “limpar” a superfície dos dentes. É uma 
barreira de defesa biológica do corpo, iniciador da digestão, e estimulador do sabor. 
O fluxo de saliva reduzido é chamado de hiposalivação, enquanto a sensação de boca 
seca é definida como xerostomia. Sabe-se que a saliva está envolvida na manutenção da saúde 
da mucosa devido à sua capacidade de “prender”a água, prevenindo danos resultantes de 
desidratação da boca. 
 
 
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CÁRIES 
A saliva contém grande proporção de cálcio e fosfato, que reforçam o esmalte dental 
(camada mais externa dos dentes). 
Indivíduos que sofrem de redução na função salivar frequentemente apresentam cáries. 
CÁRIES DE RADIAÇÃO (Quando é feita radioterapia) 
Cáries de radiação são uma forma altamente destrutiva de cáries com rápido surgimento 
e progressão. Os principais fatores são redução da saliva, e problemas no funcionamento das 
glândulas salivares (produtoras de saliva). 
QUIMIOTERAPIA 
As consequências da quimioterapia incluem a mucosite 
e a candidíase. Estas complicações podem provocar dor 
e problemas nutricionais. Além disso, em geral, 
pacientes que recebem quimioterapia enfrentam uma 
forte reação no organismo, que muitas vezes tem como 
consequência a redução na produção de saliva. 
RADIOTERAPIA 
O tratamento de escolha consiste em cirurgia, radioterapia, e combinação entre ambos. 
As modificações induzidas pela exposição à radiação podem ocorrer durante a após o término 
da terapia, incluindo mucosite, candidíase, osteoradionecrose e cáries de radiação. 
TERAPIAS PARA A XEROSTOMIA 
Os estimulantes de saliva podem ser: ácidos orgânicos (ácido ascórbico, ácido málico), 
goma de mascar, parasimpaticomiméticos (ésteres de colina, inibidores de colinesterase) ou 
outras substâncias (balas de menta sem açúcar, nicotinamida etc.). 
Substitutos para a saliva podem ser: água, salivas artificiais (a base de mucina ou de 
carboximetilcelulose), leite ou azeite vegetal. Azeite de Oliva apresenta propriedades que 
representam alívio para pacientes com boca seca, incluindo atividade antimicrobiana, 
lubrificação, antiinflamatória e na prevenção de cáries. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ABDOLLAHI M; RADFAR M. A review of drug-induced oral reactions. J Contemp Dent 
Pract, v.15, n. 4, suppl. 1:, p. 0-31, Feb. 2003. 
BUDTZ-JORGENSEN E, CHUNG JP, RAPIN CH, 2001. Nutrition and oral health. Best Pract 
Res Clin Gastroenterol, v. 15, n. 6, p. 885-96, Dec. 2001. 
KAMALI F; MCLAUGHLIN WS; BALL DE; SEYMOUR RA. The effect of multiple 
anticonvulsant therapy on the expression of phenytoin-induced gingival overgrowth. J Clin 
Periodontol, v. 26, n. 12, p. 802-5, Dec. 1999. 
FETTIG, A. et al. Proliferative verrucous leukoplakia of the gingiva. Oral Surg Oral Med Oral 
Pathol Oral Radiol Endod, v. 90, n. 6, p.723-30, Dec. 2000. 
GILBERT GH; HEFT MW; DUNCAN RP. Mouth dryness as reported by older Floridians. 
Community Dent Oral Epidemiol, v. 21, n. 6, p. 390-7, Dec.1993. 
FRIEDLANDER AH; MAHLER ME. Major depressive disorder. Psychopathology, medical 
management and dental implications. J Am Dent Assoc, v. 132, n. 5, p. 629-38, May 2001. 
NAVAZESH M; CHRISTENSEN C; BRIGHTMAN V. Clinical criteria for the diagnosis of 
salivary gland hypofunction. J Dent Res, v. 71, n. 7, p. 1363-9, Jul. 1992. 
JOSHI A; PAPAS AS; GIUNTA J. Root caries incidence and associated risk factors in middle-
aged and older adults. Gerodontology, v.10, n. 2, p. 83-9, Dec. 1993. 
JENSEN SB et al. Oral mucosal lesions, microbial changes, and taste disturbances induced by 
adjuvant chemotherapy in breast cancer patients. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol 
Endod, v. 106, n. 2, p. 217-26, Aug. 2008. 
JHAM BC et al. Oral health status of 207 head and neck cancer patients before, during and after 
radiotherapy. Clin Oral Investig, v. 12, n. 1, p. 19-24, Mar. 2008. 
DAVIES AN; SHORTHOSE K. Parasympathomimetic drugs for the treatment of salivary gland 
dysfunction due to radiotherapy. Cochrane Database Syst Rev, v. 18, n. 3, CD003782, Jul. 2007. 
Review. Update in: Cochrane Database Syst Rev. 
SHIP JA et al. Safety and effectiveness of topical dry mouth products containing olive oil, 
betaine, and xylitol in reducing xerostomia for polypharmacy-induced dry mouth. J Oral 
Rehabil, v.34, n. 10, p. 724-32, Oct. 2007 
 
 
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Aula 02: NUTRIÇÃO DA PESSOA IDOSA 
MUDANÇAS COM O ENVELHECIMENTO 
 Alterações no funcionamento dos órgãos; 
 Redução na velocidade de digestão; 
 Redução na sensibilidade; 
 Redução no gosto – tendência a colocar mais sal e mais açúcar na comida; 
 Digestão mais lenta. 
 Redução na velocidade da digestão: tendência a comer menos; 
 Acúmulo de gordura, e redução da massa muscular: redução da força e risco de queda; 
 Diminuição da sensibilidade à sede; 
Uso de vários medicamentos que: 
» Reduzem a velocidade da digestão; 
» Podem prejudicar o aproveitamento dos alimentos. 
REDUÇÃO DA SEDE: Pouco consumo de água mais o uso de laxativos (laxantes), pode levar 
à desidratação e essa, sim, pode levar ao óbito. 
MALNUTRIÇÃO 
No Brasil existem muitos idosos muito magros e desnutridos. 
 Resultado da pobreza; 
 Aumenta o risco de complicações; 
 Pode gerar dependência; 
 Idosos acamados. 
CAUSAS DE MALNUTRIÇÃO NO IDOSO 
 Diminuição da capacidade da pele de produção de vitamina D; 
 Diminuição da absorção de fontes de ferro, resultando em anemia; 
 Diminuição da absorção de nutrientes da comida; 
 PERDA DENTÁRIA. 
ALTERAÇÕES SOCIOECONÔMICAS 
 Menor renda, limitando a escolha e compra de alimentos; 
 Isolamento, que pode diminuir a vontade de preparar alimentos para comer; 
 A morte de entes queridos pode favorecer aparecimento de anorexia. 
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DOENÇAS E OUTROS FATORES RELACIONADOS 
 Piora na saúde em geral: 
o Pode causar dificuldades para comprar, guardar e preparar alimentos. 
 Depressão associada à anorexia: 
o A anorexia, que pode ser causada pela perda de pessoas queridas, pode 
causar depressão; 
o A depressão também pode resultar em anorexia. 
PERDA DENTÁRIA E MALNUTRIÇÃO 
 Perda de dentes é muito frequente entre pessoas idosas; 
 Pessoas com menos dentes escolhem alimentos mais macios; 
 Alimentos fibrosos como carnes, frutas e verduras, são essenciais. 
 Alimentos macios podem ser ricos em calorias e pobres em nutrientes, como é o caso de 
alimentos a base de farinhas brancas, por exemplo; 
 Alguns tiram a sensação de fome e não alimentam, mas podem engordar; 
 Existe o risco, entre pessoas com poucos dentes, de: 
o Malnutrição; 
o Sobrepeso/obesidade. 
A escolha de alimentos macios tende a deixar de fora o consumo de verduras, frutas e 
carnes; As verduras e frutas são responsáveis pelo bom funcionamento do sistema digestivo; 
São fontes de vitaminas e minerais essenciais para a saúde. 
O consumo de alimentos processados, ou muito preparados, para amolecer a comida, 
pode levar: 
o Ao aumento do consumo de açúcar – principal responsável pelas cáries; 
o As cáries são a principal causa de perda dentária; 
o Então, é criado um ciclo de perda dentária e problemas nutricionais. 
CONSEQUÊNCIAS DA MALNUTRIÇÃO NO IDOSO 
 Perda de memória e/ou demência atrapalham a organização da alimentação; 
 Hospitalização pode reduzir o apetite, e se for prolongada resultar em emagrecimento; 
 Osteoporose – falta de cálcio e vitamina D; 
 Problemas psicológicos (falta de vitaminas do complexo B, energia); 
 Aparecimento de muitas doenças infecciosas e crônicas; 
 Óbito. 
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ENTREVISTA 
Neste módulo 3, o curso Cuidados básicos com a saúde bucal de idosos entrevista o Professor 
Júlio Baldisserotto, Odontogeriatra, professor da Faculdade de Odontologia da Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul e Professor convidado da McGill University. 
1. Professor, apesar de não existirem doenças bucais relacionadas diretamente à 
velhice, alguns problemas têm efeitos ruins que vão se acumulando e prejudicando 
o indivíduo. Na sua opinião, quais são os principais problemas de saúde bucalque 
podem surgir com maior frequência nas pessoas com 60 anos ou mais? 
Nas últimas décadas tem-se assistido a um rápido envelhecimento da população mundial. 
Este fenômeno chamado de Transição Demográfica acontece também no Brasil. E tem outro 
processo chamado de Transição Epidemiológica que está relacionado a mudança no perfil das 
doenças mais prevalentes com um grande aumento de doenças crônicas não transmissíveis 
(DCNT) especialmente em pessoas idosas e com grande repercussão na cavidade bucal e vice-
versa. Podemos citar como exemplos o aumento da prevalência de Diabetes Melitus e 
Hipertensão Arterial Sistêmica e com muitas evidencias na literatura mundial da interação 
destas doenças crônicas com a saúde bucal. A doença na gengiva e a cárie ainda se constituem 
nas principais causas de perda dentária. A idade representa um fator de risco ao 
desenvolvimento destas duas doenças. Também, as lesões da mucosa oral, o câncer bucal e a 
presença de xerostomia são as patologias orais presentes nos idosos mais frequentemente 
referidas na literatura. 
Mas todas estas alterações não devem ser atribuídas em exclusivo ao efeito direto da idade, 
pois a presença de doenças sistêmicas e de uso de muitos medicamentos frequentes nesta faixa 
etária, além de outros fatores de risco, contribuem de forma significativa para o 
desenvolvimento das patologias orais. Apesar da permanência da dentição natural durante mais 
tempo e da diminuição das doenças decorrentes das melhorias das condições de vida e da 
prestação dos cuidados de saúde, a prevalência de doenças bucais no idoso ainda é considerada 
significativa. 
2. Professor Júlio a boca, os dentes, a gengiva das pessoas mudam com a velhice? 
Existem alterações na cavidade bucal dos idosos? 
Quais são as principais alterações fisiológicas e patológicas que podem acontecer na 
cavidade bucal dos idosos? Assim como as outras partes de nosso organismo, ocorre um 
envelhecimento com mudanças fisiológicas normais na cavidade bucal e na face dos sujeitos. A 
velocidade e a intensidade destas mudanças variam de um indivíduo para outro e dependem de 
fatores internos (genéticos), e fatores externos como o estilo de vida, a alimentação, os hábitos 
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bucais, o fumo, o álcool. Por exemplo, os dentes sofrem um grande desgaste pelo uso ao longo 
da vida, assim como se tornam mais amarelados. Também, ocorre a chamada recessão gengival 
expondo as raízes dos dentes. O osso, embaixo da gengiva, muitas vezes pode ser reabsorvido 
também. 
O controle neuromuscular também pode ser afetado. Porem todas estas mudanças podem 
conviver em equilíbrio com as demais mudanças que ocorrem no corpo humano e isso é 
importante falar. Quando estas mudanças ocorrem de forma muito acelerada e associadas a 
idade e a diversos fatores de risco então elas podem favorecer o aparecimento de doenças. 
3. O idoso perde dente naturalmente? É natural perder dente na velhice? 
Definitivamente a resposta é não!!! Isto é um MITO que foi se constituindo no passado em 
função das enormes perdas dentarias encontradas na geração de idosos atuais. Este fenômeno se 
deveu ao modelo de Odontologia praticada nas décadas passadas e que era fortemente centrado 
no tratamento das doenças bucais especialmente por meio das extrações dos dentes e uso de 
dentaduras quando as pessoas tinham acesso ao tratamento. 
Outro fator importante foi as limitações do conhecimento sobre os cuidados disponíveis na 
época. Então na verdade, a maioria das perdas dentarias desta população aconteceram ainda 
antes da chegada a velhice. Sabemos que a idade representa um fator de risco ao 
desenvolvimento de doença periodontal e que uma porcentagem pequena dos indivíduos irão 
perder os seus dentes devido a outros fatores de risco de difícil controle relacionados a genética, 
fatores ambientais, etc. 
4. Na sua experiência como referência na área da Odontogeriatria, uma pessoa que 
cuida da saúde bucal desde a infância, ela fisiologicamente pode manter todos os 
dentes da boca lá na velhice? Isso é uma realidade para os idosos brasileiros, ou 
ainda não? 
A geração de idosos atuais representam uma fase de transição entre o modelo 
clinico/restaurador dominante no passado (e que ainda persiste em algumas práticas) e novas 
formas de se fazer Odontologia mais centrada nos cuidados com a promoção e manutenção da 
saúde bucal. 
 Então certamente ainda encontramos uma grande maioria de idosos com grandes perdas de 
dentes e muito tratamento com próteses e dentaduras a ser feito, mas também uma parcela 
importante de indivíduos com poucas ou até nenhuma perda dentaria. 
Assim, diante dos enormes avanços do conhecimento cientifico sobre a saúde e as doenças 
da boca e seus determinantes socioeconômicos e fatores de risco associados e estudos 
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epidemiológicos, podemos dizer que uma nova geração de adultos estará atingindo idades mais 
avançadas com grande número de dentes presentes em boca. No entanto ainda precisamos 
desenvolver conhecimento tecnológico adequado as novas necessidades de saúde bucal que 
certamente surgirão neste processo “novo” de um envelhecimento de indivíduos e de 
populações com maior longevidade de dentes naturais presentes em boca. 
Por exemplo poderia citar a perspectiva de grande aumento de caries nas raízes dos dentes 
devido a recessão da gengiva, a associação das doenças crônicas com as doenças bucais em 
especial a Doença Periodontal e uso de medicamentos e suas consequências bucais, atendimento 
de pacientes no domicilio e etc. 
RESENHA SAÚDE BUCAL DA PESSOA IDOSA – MÓDULO 3 
USO DE MEDICAMENTOS E SAÚDE BUCAL 
Existe uma relação muito forte entre o consumo de medicamentos e a saúde bucal, 
principalmente em pessoas idosas. Uma relação direta e muito conhecida é a da Hiperplasia 
Gengival relacionada ao consumo de medicamentos (fenitoina e nifedipina). De um modo geral, 
quando ocorre um grande aumento no volume da gengiva, deve ser investigado o uso destes 
medicamentos e, se estiverem em uso, é fundamental realizar uma higiene bucal excelente, para 
controlar a inflamação conhecida como gengivite. Após o término do uso destes medicamentos, 
há uma diminuição natural do volume da gengiva, voltando à condição de normalidade. 
Entretanto, existe uma associação mais forte entre o uso de medicamentos e saúde da boca. 
A saliva é essencial para a defesa dos tecidos da boca. Dentes, gengivas e mucosas são 
beneficiados pela presença de quantidades adequadas de saliva. De um modo geral, quanto mais 
medicamentos uma pessoa consome, menor a produção de saliva. Alguns medicamentos em 
especial têm grande potencial na redução do volume de saliva. É sabido que os antidepressivos 
causam esse efeito, porém não são somente os antidepressivos, mas também a associação entre 
diferentes medicamentos consumidos simultaneamente pode provocar esse efeito. Com isso, 
percebemos uma reduzida produção de saliva em pessoas idosas, que muitas vezes acumulam 
diferentes doenças crônicas e, portanto, consomem diversos medicamentos, e isso então resulta 
em diversas doenças bucais, principalmente cáries dentárias e doenças nas mucosas. 
A saliva tem a capacidade de ‘prender’ a água, evitando a desidratação da boca, mantendo 
os tecidos úmidos. A saliva também protege os dentes da perda mineral que se manifesta como 
cavidades, as cáries. A redução de produção de saliva está, portanto, também relacionada com o 
aparecimento de cáries; e em pessoas idosas, principalmente as cáries de raiz. Já as cáries de 
radiação são de rápida progressão. Isso acontece porque, com a radiação, as glândulas que 
produzem saliva param de produzir rapidamente, e os efeitos de proteção da saliva desaparecem 
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de uma hora para a outra. Indivíduos que fazemquimioterapia também podem desenvolver 
lesões de mucosa, na língua, na gengiva e no céu e assoalho da boca. Além disso, a 
quimioterapia pode resultar na redução de saliva. E isso, como já comentado, traz como 
consequência o aparecimento de doenças bucais. Portanto, especial atenção deve ser dada a 
pacientes com tratamento quimioterápico e que realizam tratamento de radioterapia. Em 
resumo, a quimioterapia e a radioterapia de cabeça e pescoço poderão reduzir drasticamente a 
produção de saliva. Quando isso acontece, podemos esperar um rápido avanço de doenças 
bucais. Nessas situações é que a odontologia deve estar muito próxima do paciente. Atualmente, 
as pessoas têm conseguido diagnosticar mais precocemente o câncer. Com isso, temos cada vez 
mais pessoas com quimioterapia, e com radioterapia de cabeça e pescoço. A odontologia tem 
um papel essencial de realizar tratamentos profiláticos, remover todos os focos de infecção, 
fazer manutenções preventivas de forma intensiva com essas pessoas, para evitar problemas 
gravíssimos que podem ocorrer, caso um profissional não esteja muito atento. 
Para pessoas com muito pouca saliva, em especial as pessoas idosas que consomem muitos 
medicamentos, é fundamental consumir muita água, para aumentar a produção de saliva. 
Existem também salivas artificiais, que podem ser manipuladas. Estas salivas são utilizadas com 
spray, que é então colocado na boca de tempos em tempos, para produzir conforto. 
NUTRIÇÃO E SAÚDE BUCAL NO ENVELHECIMENTO 
1. Mudanças que acontecem no organismo, com o envelhecimento: 
 Alterações no funcionamento dos órgãos – é possível que aconteça uma redução na 
produção de enzimas digestoras, na velocidade de eliminação e, com isso, uma demora 
maior no processo de digestão, como um todo, entre pessoas idosas. 
 Redução na velocidade de digestão – isso ocasiona uma redução no apetite, e dessa 
forma é muito comum observar, entre idosos, baixo consumo de alimentos. Esse baixo 
consumo pode desencadear carências em algumas vitaminas, proteínas, e elementos 
essenciais à manutenção da saúde. 
 Redução na sensibilidade – isso pode trazer como resultado uma redução na satisfação 
em se alimentar. Consequentemente, redução também no aporte de nutrientes. 
 Redução no gosto – pode ocasionar uma tendência a aumentar o consumo de sal e 
açúcar, a fim de condimentar ao gosto pessoal de cada um. O consumo exagerado de 
açúcar está relacionado ao desenvolvimento de cáries, e dessa forma impacta 
diretamente na saúde bucal, bem como, pode estar associado ao surgimento de diabetes. 
O consumo exagerado de sal está relacionado com o aumento da pressão arterial, o que 
pode desencadear doenças circulatórias. 
Outras mudanças: 
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 Redução na velocidade da digestão: 
o Tendência a comer menos; 
 Acúmulo de gordura, e redução da massa muscular: 
o Redução da força, risco de queda; 
o Diminuição da sensibilidade à sede 
Redução da sede: a redução na sensação de sede é muito frequente em pessoas idosas, e os 
impactos podem esperar com o baixo consumo de água são, principalmente: 
 Dor de cabeça; 
 Confusão; 
 Olhos sem brilho; 
 Pressão baixa; 
 Perda de peso; 
 Pele seca; 
 Fezes duras; 
 Pouca urina; 
 Perda de equilíbrio; 
 Cansaço; 
 Dor nos músculos. 
Fatores sociais e emocionais relacionados com a má-nutrição em idosos: 
 Redução na renda, o que limita a escolha e a compra de alimentos. 
 Isolamento, o que pode diminuir a vontade de preparar alimentos. 
 A morte de pessoas queridas pode fazer surgir a anorexia, que é a falta de vontade de 
comer que se torna crônica, podendo inclusive levar à morte. 
 Também, a presença de doenças e a falta de apoio de familiares, especialmente para 
pessoas idosas morando sozinhas, ou mesmo casais de idosos, pode complicar a compra 
e transporte de alimentos. 
 Por fim, a depressão, que é muito comum em pessoas idosas, pode levar à anorexia. E a 
anorexia também pode resultar em depressão, por conta da falta de nutrientes e, 
portanto, de energia. 
Perdas dentárias e capacidade mastigatória 
A perda dentária em razão de cáries e doença periodontal permanece prevalente em todo 
o mundo apesar do progresso na prevenção e no tratamento precoce. Além disso, a perda 
dentária é a causa mais frequente do comprometimento da mastigação (7), estando relacionada 
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com a redução da capacidade mastigatória e da percepção da habilidade mastigatória (8). 
Embora o uso de próteses totais aumente a capacidade mastigatória, esse aumento é pouco 
significativo, e a eficiência da mastigação de um usuário de dentaduras está muito longe de 
atingir a de uma pessoa dentada (7). 
Dentaduras não falham somente em compensar completamente a falta de eficiência na 
mastigação após perdas dentárias, como podem não restaurar a confiança do indivíduo na sua 
habilidade de mastigar (7). Embora próteses totais possam ajudar com aspectos estéticos e 
funcionais, até certo ponto, o déficit nas percepções neurossensoriais e na força mastigatória são 
irreversíveis (10). 
A habilidade para mastigar uma variedade de alimentos de diferentes texturas e valores 
nutricionais representa o principal benefício proporcionado pelos dentes (12), e o número e a 
distribuição de dentes naturais, assim como a presença de próteses, influenciam na facilidade e 
no conforto em mastigar (13). Adicionalmente, comer pode ser desconfortável quando houve 
perdas dentárias, e o alimento pode ser experimentado como desagradável de mastigar ou 
mesmo sem sabor, devido à presença de próteses acrílicas extensas (14). 
É ampla a evidência de que idosos com comprometimento da função mastigatória 
modificam suas dietas. Mesmo com reabilitação protética, muitos indivíduos ainda apresentam 
dificuldade na mastigação de determinados alimentos. Como consequência, se desenvolve uma 
tendência destes indivíduos consumirem alimentos mais macios ou processados (12). Os 
resultados destas análises indicam que idosos com número reduzido de dentes naturais têm uma 
dieta de baixa qualidade (7,8,14,15,16). 
Dadas as mudanças na alimentação e diminuição na biodisponibilidade de nutrientes por 
“supercozimento”, a fim de minimizar as deficiências mastigatórias, é importante saber os riscos 
e benefícios da eliminação de determinados alimentos da dieta. Muitos nutrientes 
comprovadamente oferecem proteção contra vários tipos de doenças, e o consumo excessivo de 
determinados alimentos é considerado prejudicial à saúde (7). Vegetais e frutas, por exemplo, 
são importantes fontes de fibras, vitaminas essenciais e minerais, enquanto a carne é uma 
importante fonte de proteína e ferro. Além disso, muitos nutrientes contidos nos vegetais e nas 
frutas comprovadamente oferecem proteção contra determinadas doenças (15,16). Sabe-se que 
os vegetais frescos e especialmente as verduras e as frutas se destacam pelo seu elevado 
conteúdo de folatos, e que esses alimentos podem perder até 95% desta vitamina devido à 
desnaturação provocada pelo cozimento, e que, além disso, a deficiência de folato está 
relacionada com o desenvolvimento da anemia (17). 
 A inter-relação entre saúde bucal e saúde geral está particularmente mais evidente em 
idosos, e estudos registraram que em alguns países, de um terço à metade da população idosa 
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utiliza dentaduras, enquanto mais de três quartos utiliza próteses removíveis duplas ou 
associadas com dentaduras (18), o que representa um risco para a saúde geral de idosos nestas 
condições. 
Escolhas alimentares 
 A revisão dos principais achados do National Diet and Nutrition Survey (NDNS) em 
idosos com 65 anos ou mais (1998) demonstrou que o estado bucal estava associado com a 
percepção da habilidade de comer uma variedade de alimentos,e estas dificuldades refletiram 
no volume de frutas, vegetais, nutrientes e, particularmente, fibras ingeridas (9). 
Em uma revisão de literatura, Hutton et al. (2002) observou que os alimentos mais duros 
e fibrosos como frutas, vegetais e carnes, os quais são tipicamente as maiores fontes de 
vitaminas, minerais e proteínas, foram considerados difíceis ou quase impossíveis de mastigar 
entre idosos (12). A diferença no consumo de alimentos fibrosos como frutas e vegetais é que 
representa ser a parte mais afetada pelas perdas dentárias (10). 
Um amplo volume de estudos tem sugerido que idosos edêntulos (sem dentes) têm um 
consumo de alimentos fibrosos significativamente inferior ao referido por indivíduos dentados 
deste mesmo grupo populacional (8). De acordo com uma revisão de literatura, Huttonn et al, 
(2002), indivíduos edêntulos tiveram significativamente maiores dificuldades em comer maçãs, 
tomates, verduras e nozes quando comparados com dentados, e entre os indivíduos dentados, o 
número de dentes naturais afetou significativamente a habilidade de mastigar alimentos (12). 
Em pesquisa realizada com idosos acima de 80 anos, Österberg e colaboradores (2002) 
reportaram que indivíduos com maiores perdas dentárias tiveram um consumo aumentado de 
pastas e cremes e uma menor ingestão de vegetais do que aqueles com um estado bucal mais 
preservado (20). 
O impacto das deficiências mastigatórias na seleção de alimentos pode estar relacionado 
com a preparação dos mesmos. Existe um risco de “superpreparação” de alimentos frescos (por 
exemplo, a retirada das cascas de frutas e vegetais) ou o cozimento exagerado destes últimos, 
em um esforço para fazer seu consumo mais fácil quando a capacidade mastigatória está 
reduzida (13). Além disso, muitos idosos usam processamento para tornar os alimentos mais 
fáceis para comer. Alguns tipos de processamento, como cozimentos longos, alteram o valor 
nutricional dos vegetais degradando nutrientes essenciais como Vitamina C, tiamina e folatos, 
reduzindo a biodisponibilidade esperada desses nutrientes no alimento ingerido (10). 
A seleção de alimentos mais fáceis para mastigar pode induzir o idoso a escolher 
aqueles com alto valor calórico, com a finalidade de suprir a falta de nutrientes contidos em 
cereais integrais, os quais são difíceis para mastigar. Outro fator importante poderia ser o 
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aumento do consumo de alimentos industrializados, os quais contêm grandes quantidades de 
substâncias sintéticas de segurança discutível. 
Edentulismo Edêntulos 
Têm dificuldade em mastigar alimentos fibrosos, mesmo quando utilizam próteses totais 
bem confeccionadas (3), e referem significativamente maiores dificuldades na mastigação 
quando comparados com indivíduos dentados, constituindo, portanto, o grupo que mais 
provavelmente irá alterar seus hábitos alimentares em função do estado bucal (12). 
Resultados do NDNS demonstraram que edêntulos tiveram significativamente menores 
escores de consumo de frutas, vegetais, fibras, açúcares intrínsecos não-lácteos, proteínas e 
nozes quando comparados com dentados (9). Em revisão de literatura, Hutton et al (2002), 
edentulismo sem reabilitação por próteses esteve associado significativamente com o consumo 
reduzido de carboidratos e vitamina B6, com uma tendência ao menor aporte de Vitamina B1, 
Vitamina C, fibras dietéticas, cálcio e ferro (12). 
Em outra população deste estudo, indivíduos que utilizavam dentaduras consumiram 
mais carboidratos refinados, açúcar e gorduras do que indivíduos dentados. Em uma extensa 
revisão de literatura, Ritchie et al. (2002) concluiu que edentulismo contribui para o 
empobrecimento do aporte nutricional considerando-se diversos nutrientes, na comparação com 
o consumo destes mesmos alimentos por indivíduos dentados (16). Em outra revisão da 
literatura, Hutton et al. (2002) sugerem que edêntulos apresentam carência de nutrientes 
específicos e que estas deficiências podem culminar em um aumento da incidência de várias 
desordens de saúde (12). 
Chai e colaboradores (2006) concluíram que idosas independentes que utilizam 
dentaduras e têm dificuldade em mastigar e deglutir têm um risco aumentado de desnutrição, 
fragilidade e mortalidade. Nesse estudo, o uso de próteses totais e a dificuldade em mastigar e 
deglutir estiveram associadas com uma alta proporção de idosas com baixo Índice de Massa 
Corporal (IMC), o qual representa um fator de risco para aumento na mortalidade entre idosos 
(26). 
De acordo com resultados do NHANES III, o consumo de alimentos específicos que são 
ricos em fibras e nutrientes, conhecidos por seus efeitos anticarcinogênicos e outros efeitos 
protetores sobre a saúde, estiveram diminuídos entre edêntulos em comparação com dentados 
em uma amostra representativa da população norteamericana. Especificamente, edêntulos não 
institucionalizados tiveram menores consumos de saladas, fibras e frutas do que indivíduos 
dentados (27). 
Estado bucal e Índice de Massa Corporal (IMC) 
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A inter-relação entre saúde bucal e saúde geral é mais pronunciada entre idosos. Assim, 
a saúde bucal precária pode aumentar os riscos para saúde geral, e o comprometimento das 
habilidades de comer e mastigar pode afetar o aspecto nutricional (18). Nesse contexto, manter 
uma dentição funcional e saudável na velhice pode ter um papel adicional importante em manter 
o Índice de Massa Corporal em níveis satisfatórios (11). 
Além disso, a saúde bucal debilitada pode contribuir para alterações de peso, na 
dependência da idade e de outras características populacionais. Diversos estudos realizados 
predominantemente entre populações de idosos vulneráveis (hospitalizados ou 
institucionalizados em casas geriátricas) demonstram um risco aumentado para perda de peso 
entre indivíduos com problemas bucais (16,28,29,30). 
A avaliação do estado nutricional, de grande importância na prática clínica, não dispõe 
de padrão ouro para diagnóstico das desordens nutricionais. O melhor método depende dos 
objetivos da avaliação. Desta forma, a OMS preconiza a utilização do IMC em estudos 
populacionais (31). 
Em uma pesquisa longitudinal com idosas independentes, a autoavaliação do uso de 
próteses e dificuldades em mastigar e engolir esteve associada com maior proporção de 
indivíduos com baixo IMC, o qual é um fator de risco para o aumento da mortalidade entre 
idosos (30). 
 A prevalência da magreza em idosos no Brasil, principalmente na área rural, apresenta-
se preocupante por estar dentro de limites (10% a 19%) referidos pela OMS como marcadores 
de situação de pobreza para a população adulta (31,32). 
O edentulismo pode ser um determinante de nutrição comprometida nas questões 
relativas à fragilidade de idosos, dada a deficiência de carotenóides e Vitamina C, que são 
encontrados em alimentos fibrosos como frutas e verduras, os quais têm seu consumo diminuído 
em edêntulos (30). 
Estudos do estado nutricional e peso corpóreo demonstraram resultados controversos. 
No NDNS (11), grandes diferenças no IMC foram encontradas entre indivíduos com 1 a 10 
dentes e aqueles com mais de 10 dentes naturais. Nesse trabalho, idosos com menos de 21 
dentes tiveram três vezes mais risco de ficarem obesos do que aqueles com 21 a 32 dentes nesse 
mesmo estudo (9). 
De acordo com os resultados do NHANES III, existe uma associação positiva entre o 
número de dentes, particularmente o número de pares de dentes posteriores, e o estado 
nutricional, além de uma associação inversa entre possuir de um a quatro pares de dentes 
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posteriores e o IMC. Um IMC elevado indica uma adaptação à capacidade mastigatória 
diminuída, o que pode ocasionar um maior consumo de alimentos ricos em calorias (15). 
Mojon et al. (1999)reportou que, em idosos institucionalizados com déficit funcional 
severo, a saúde bucal comprometida esteve associada com baixo IMC e baixa concentração de 
albumina sérica, que são dois marcadores de desnutrição (28). 
Em estudo conduzido por Soini e colaboradores (2003), também com idosos asilados, 
aqueles que possuíam dentes funcionais apresentaram escores de IMC adequados na 
comparação aos demais. Isto poderia estar relacionado com a habilidade em consumir diferentes 
tipos de alimentos e em não ter restrições nas escolhas alimentares (33). 
Ritchie et al. (2000) reportou que a saúde bucal é um fator de risco para perda 
significativa de peso entre idosos independentes da região de Nova Inglaterra. Mesmo ajustando 
para diversos fatores, edentulismo permaneceu um fator de risco independente para perda de 
peso durante o período de um ano (16). 
 De acordo com estes autores, diversos estudos sugerem que perdas dentárias afetam a 
qualidade dietética e o aporte nutricional de tal forma que podem aumentar o risco para diversas 
doenças sistêmicas. Além disso, uma dentição abalada pode contribuir para mudanças de peso, 
dependendo da idade e de outras características populacionais (16). 
Os efeitos de uma saúde bucal deficiente na dieta de idosos vêm sendo amplamente 
reportados, onde indivíduos com comprometimentos da saúde bucal relataram um consumo 
significativamente menor de alimentos difíceis para mastigar, como frutas e verduras, 
comparativamente aos indivíduos com uma dentição funcional (7-15). Adicionalmente, 
pesquisas realizadas com diferentes amostras de idosos indicam que o edentulismo tem 
associação com um aporte diminuído de proteínas, vitaminas e micronutrientes contidos em 
alimentos fibrosos como os cereais, frutas, verduras e carnes (15). 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS 
CURSO: SAÚDE BUCAL PARA IDOSOS TELESSAÚDERS 
MÓDULO 04: Síndromes geriátricas 
 
Os 5 “is” da geriatria 
1. Iatrogenia: são resultados de tratamentos, correto ou não. Que tem como resultado 
algum prejuízo para saúde. Estando relacionada com o consumo de medicamentos. “é 
você fazer o mal querendo fazer o bem”. 
O consumo de medicamentos é muito frequente em pessoas idosas, frequentemente apresentam 
doenças crônicas, com uso de medicamentos podem causar efeitos indesejáveis ao corpo. 
Cascata iatrogênica (medicamento combatendo o outro); Preconceito, por que se aceita muito as 
doenças, enfraquecimento, depressão, tristeza, isolamento como normal em pessoas idosas. 
2. Instabilidade postural: risco de queda, não consegue se manter firme. As quedas são 
responsáveis mais 40% das admissões em casa geriátricas e relacionadas também ao 
óbito, fratura do fêmur. 
Principais fatores: camas altas, ou baixas, grades na cama, tapetes, chão muito polido, áreas mal 
iluminadas. Como avaliar o risco de queda, como isso aconteceu (tontura, fraqueza, se uma 
perna funciona mais que a outra). 
3. Imobilidade: ficar restrito ao ambiente, cadeira de rodas ou em uma cama. 
As consequências são: depressão, confusão mental, hipotensão e constipação intestinal, 
incontinência e infecção urinária, trombose venosa e embolia pulmonar 20% das mortes em 
acamados, pneumonia e broncoaspiração, úlcera de pressão (escaras), atrofia muscular 
(sarcopenia). As orientações: mudança de decúbito (mudança) a cada 2 horas, colchão de água e 
óleos e hidratantes, curativos apropriados, aporte hídrico, metabólico e proteico. 
4. Insuficiência (cerebral): demência e depressão são as condições mais frequentes 
relacionadas perda cognitiva, perda do funcionamento cerebral da pessoa idosa. 
É normal certa perda de memória com a idade. Quando essa perda de memória passa a ser 
grave, é importante fazer um diagnostico. Depressão tem impacto muito grande no autocuidado. 
Consumo de medicamento para controlar a depressão, os antidepressivos tem efeito de reduzir a 
produção de saliva. 
Sinais de que uma pessoa pode estar com depressão: queixas somáticas desproporcionais aos 
achados dos exames clinico e complementares, alterações do comportamento e da conduta, 
perda da capacidade funcional, distúrbio de memória, reação anormal ao luto, mudanças na vida 
social, institucionalização, etilismo de inicio recente. As demências são situações devastadoras, 
tem que ser acolhidas e cuidadas. 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
5. Incontinência (urinaria e fecal): são responsáveis por grande parte das internações em 
casas geriátricas e são responsáveis por situações como depressão, isolamento, por que 
as pessoas já não querem mais sair de casa por causa da incontinência. 
O maior problema da incontinência é o descaso, existe uma estimativa que apenas 30% dos 
médicos anotam no prontuário que o idoso de fato tem incontinência ou se quer pergunta. Um 
problema é a falta de preparo dos profissionais. Tem que ser feito um diagnóstico para saber o 
porquê, e fazer o tratamento. Incontinência fecal, muito comum em mulheres. 
Reserva biológica é a capacidade que temos de suportar as agressões do ambiente. Nunca é 
tarde, quanto antes melhor! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS 
CURSO: SAÚDE BUCAL PARA IDOSOS TELESSAÚDERS 
MÓDULO 05 – Estomatologia Geriátrica 
Vídeo 01: 
O paciente idoso apresenta algumas particularidades como: 
 Doenças cardiovasculares; 
 Diabetes; 
 Mal de Alzheimer; 
 Mal de Parkinson; 
 Artrite reumatoide. 
Visto isso, o número de medicamentos são mais frequentes, sendo que muitos deles tem 
efeito adverso na cavidade bucal. 
Dentre os principais efeitos adversos podemos destacar: hipossalivação e redução da 
capacidade imunológica (corticosteroides). Além disso ao fazer a anamnese é importante 
questionar o paciente sobre os principais sintomas, como febre, perda de peso, tosse, mal estar, 
presença de linfonodos aumentados de volume (ínguas) e dor abdominal, pois estas situações 
podem estar associadas a doenças que também tem manifestações na boca. 
Outros fatores importantes que podem determinar o aparecimento de lesões na boca são a 
dificuldade de controle do biofilme e o uso de próteses removíveis, principalmente se elas 
estiverem mal adaptadas e mal higienizadas. Não podemos nos esquecer de que isso mostra um 
alto índice de edentulismo no nosso país, ou seja, um grande número de pessoas perde os dentes 
precocemente e são desdentados em função da progressão da doença cárie ou da doença 
periodontal. 
Ainda alguns fatores a serem considerados podem incluir a exposição a fatores como, fumo, 
bebidas alcoólicas e radiação UV que são importantes, por exemplo, em relação ao câncer de 
boca, pois o efeito deletério desses hábitos vão se somar ao longo da vida. Muita informação é 
coletada na anamnese, etapa também chamada de entrevista dialogada, é fundamental perguntar 
ao paciente por que ele procurou a consulta, a quanto tempo existe alteração, e se foi feito 
algum tratamento prévio. A última etapa do exame clínico é o exame físico, até esse momento 
informações importante foram coletadas, sem necessariamente tocar no paciente, ou fazer 
visualização da sua boca. 
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O exame extrabucal corresponde a avaliação da região cabeça e pescoço, avaliação de 
presença de assimetria em face, e palpação dos linfonodos associados à boca. A palpação das 
cadeias de linfonodos da região submandibular, submentoniana e cervical superficial que fica no 
pescoço, podem trazer informações bastante importantes, quando os linfonodos dessas regiões 
forem palpáveis, lisos, móveis e dolorosos, isso vai nos indicar que existe algum processo 
inflamatório acontecendo naquela região da boca

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