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Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS CURSO: SAÚDE BUCAL PARA IDOSOS TELESSAÚDERS Modulo 01: CUIDADO EM SAÚDE BUCAL PARA A PESSOA IDOSA Ministrada por: Renato De Marchi Professor de Odontogeriatria- Faculdade de Odontologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul “O processo de envelhecimento populacional, no Brasil e em quase todas as regiões do mundo, é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) a maior conquista da humanidade de todos os tempos.” ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS – DÉCADA DE 1990) • Envelhecimento ativo; • Modos de viver saudáveis; • Responsabilidade; • Participação. BRASIL – POLÍTICAS PARA A PESSOA IDOSA • Lei 10.741 (2003) - Estatuto do Idoso • Política Nacional do Idoso • Conselho Nacional do Idoso Direito À Saúde • Atenção integral à saúde do idoso no SUS • Acesso universal, igualitário, das ações de: Promoção, prevenção e recuperação da saúde. BRASIL – POLÍTICAS PARA A PESSOA IDOSA (PNSPI) / 2006 • Porta de entrada a Atenção Básica/Saúde da Família; • Territorialização e responsabilidade sobre a saúde de todas as pessoas da área de abrangência; • Instituições públicas ou privadas. PESSOAS IDOSAS SÃO DIFERENTES Grau de dependência do idoso - tipo de cuidado a ser prestado e os recursos humanos necessários: • Independentes - atividades cotidianas sem ajuda e de adaptar-se ao seu meio ambiente; Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira • Semidependentes - limitações para realizar as atividades da vida diária ou suprir suas necessidades psicológicas e/ou sociais e/ou econômicas; • Dependentes - dependem de outras pessoas ou de serviços especializados para atender a maioria das suas necessidades básicas, físicas ou mentais. MARCO REFERENCIAL Em março de 2004, o governo federal lançou uma Política Nacional de Saúde Bucal, com a marca “Brasil Sorridente”: • Novas diretrizes para a reorientação das concepções e práticas no campo da saúde bucal; • Propiciar um novo processo de trabalho. POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL • Primeira política do Ministério da Saúde para a saúde bucal da população brasileira; • Ampliar e garantir o acesso da população à assistência odontológica; • Construção de Centros de Referência (CEO); • Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD); • Número enorme de edêntulos (sem dentes) nesta idade; • (SB Brasil – 2003 – 2010). • Papel do profissional de Saúde e de toda a equipe de saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família; • Programas de capacitação e promoção de saúde para cuidadores na comunidade. TRABALHO DAS EQUIPES Atribuições comuns a todos os profissionais da Equipe: • Planejar, programar e realizar ações de atenção; • Identificar e acompanhar pessoas frágeis ou em processo de fragilização; • Conhecer as realidades sociais e culturais; • Acolher a pessoa idosa de forma humanizada; • Preencher, entregar e atualizar a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa; • Realizar e participar das atividades de educação permanente em saúde. ACOLHIMENTO • Dirigir-se diretamente, chamar pelo nome; • Possível perda de audição; Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira • Utilizar linguagem clara; • Tempo para conversação é maior; • Relação de respeito – idosos são muitas vezes mais sábios, esperam ser respeitados pela sua idade. CUIDADO À SAÚDE DA PESSOA IDOSA • Diversos atores: idoso, família, cuidador, comunidade, e equipes de atenção à saúde; • O cuidado é compartilhado, comunicativo, integrado; • Qualidade das relações – vínculo; • Vínculos positivos e propostas terapêuticas pactuadas. ATENÇÃO DOMICILIAR ÀS PESSOAS IDOSAS • Conjunto de ações realizadas por uma equipe interdisciplinar; • Restabelecer independência e preservação de autonomia • Internação Domiciliar • Assistência Domiciliar INTERNAÇÃO DOMICILIAR • Pessoas clinicamente estáveis; • Cuidados acima das modalidades ambulatoriais, mas que possam ser mantidas em casa; • Equipe específica. ASSISTÊNCIA DOMICILIAR • Pode ser realizada por profissionais da Atenção Básica/ Saúde da Família ou da atenção especializada; • Acolher as necessidades de saúde da pessoa idosa com perdas funcionais e dependência para a realização das atividades de vida diária. • DENTIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR NA ATENÇÃO BÁSICA • Situação clínica; • Nível de perda funcional e dependência; • Visitas de ACS; • Demanda do usuário, família, vizinhos; • Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa (ACS – reunião de equipe). INTEGRALIDADE NO CUIDADO DA PESSOA IDOSA Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira • O conhecimento sobre Saúde da Pessoa Idosa é necessário para todos os profissionais de saúde; • ATENÇÃO BÁSICA é a abordagem preferencial; • Toda a sociedade precisa agir de forma integrada pela saúde e proteção das pessoas idosas em situação de vulnerabilidade. REFERÊNCIAS BRASIL. • Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. SAÚDE BUCAL. Cadernos de Atenção Básica – no 17. Brasília, 2008. • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. ENVELHECIMENTO E SAÚDE DA PESSOA IDOSA. Cadernos de Atenção Básica – no 19. Brasília, 2006. • IMAGENS: Do arquivo pessoal do autor, e do banco de imagens PXHere. Disponível em: . Acesso em 12 out. 2017. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira RESENHA SAÚDE BUCAL DA PESSOA IDOSA – MÓDULO 1 O envelhecimento populacional é considerado uma grande conquista da humanidade, e está acontecendo em quase todo o planeta. A Organização Mundial de Saúde, já na década de 90, percebeu esse processo e recomendou algumas ações fundamentais, entre elas o envelhecimento ativo e os modos de viver saudáveis. É fundamental compreender que nunca é tarde para começar, mas quanto mais cedo, melhor. Ter bons hábitos de saúde é essencial para um envelhecimento saudável: consumir muitas frutas e verduras, muita água, praticar atividades físicas e evitar o consumo de álcool e cigarro. Em relação aos idosos, existem os idosos dependentes, os semi dependentes e os dependentes. Quanto maior o grau de dependência da pessoa idosa, maior o envolvimento de pessoas para o seu cuidado. E daí vemos a importância do papel do cuidador de idosos. Os cuidadores são muitas vezes os responsáveis pelo cuidado de todos os aspectos da vida da pessoa idosa, o que inclui a saúde bucal. De um modo geral, a saúde bucal das pessoas idosas é o resultado de vários anos de acúmulos de risco e, portanto, de sequelas de doenças passadas. A prevenção de doenças bucais como cáries, doenças gengivais e de mucosas bucais, o que inclui o lábio, está fundamentalmente baseada na higiene diária com o uso de escova e creme dental, e o fio dental. Em pessoas idosas é muito frequente o uso de próteses dentárias, por isso a higiene pode ser mais complexa e demandar o uso de outros instrumentos como escovas interdentais, bem como higiene de próteses removíveis, caso estas sejam utilizadas. Alguns aspectos fundamentais no cuidado da pessoa idosa Pessoas idosas esperam ser respeitadas, têm maior senso de dignidade. É correto falar diretamente com elas, usando o nome, mesmo em presença de cuidadores. É muito comum os idosos terem perda de audição. Utilizar linguagem clara, sem jargões profissionais, principalmente na área da saúde. Falar com idosos pode tomar mais tempo: eles tendem a dar respostas corretas, e por isso levam mais tempo pensando, antes de responder a alguma pergunta. Outros aspectos essenciais são que a família, a comunidade, os amigos, a fé - religiosa ou não -, são fundamentais na vida das pessoas idosas. Qualquerplano de cuidado deve envolver as pessoas próximas, considerar os contextos sociais e individuais e, especialmente, os níveis de autonomia e independência das pessoas idosas. Pessoas com baixos níveis de autonomia e Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira independência, especialmente baixos níveis de acuidade visual e motricidade, têm que receber cuidado individualizado, e um protocolo de higiene bucal diária deve ser implementado. Protocolo de higiene bucal diária em pessoas idosas dependentes Um protocolo de higiene bucal diária em pessoas idosas dependentes, como as acamadas ou as restritas ao lar, com pouca ou nenhuma capacidade para realização de procedimentos de higiene bucal por conta própria, envolve higienizar com escova e creme dental três vezes ao dia, após as refeições, e fio dental, ao menos uma vez ao dia. Em áreas de próteses fixas, é necessário o uso de escovas interdentais. Para próteses removíveis, estas devem ser retiradas da boca e higienizadas com escova diferente da utilizada para os dentes, também com creme dental, ou eventualmente com sabão neutro. Próteses acrílicas devem ser retiradas à noite, para dormir, e mergulhadas em água. Deixar as próteses acrílicas sempre em contato com as mucosas pode ser prejudicial, devido ao risco de desenvolvimento de doenças fúngicas na boca. Atenção aos cuidadores Atenção especial deve ser dada aos cuidadores de pessoas idosas. De um modo geral, quem cuida dos idosos são também pessoas de idade, e existe uma grande sobrecarga sobre estas pessoas. Principalmente em situações que envolvem demências, como a doença de Alzheimer, os cuidadores têm uma enorme demanda e não conseguem tempo para cuidar de si próprios. É fundamental que as equipes de saúde e a sociedade como um todo estejam preparadas para o fenômeno de envelhecimento populacional, que é muito rápido e demanda muito trabalho diante de praticamente nenhum preparo até o momento. Vivemos como se não fôssemos envelhecer e não estamos dando conta do rápido envelhecimento populacional já em curso em nossa sociedade. REFERÊNCIAS: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde Bucal. Cadernos de Atenção Básica – no 17. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Cadernos de Atenção Básica – no 19. Brasília: Ministério da Saúde, 2006 Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS CURSO: SAÚDE BUCAL PARA IDOSOS TELESSAÚDERS MÓDULO 02 : Aula Introdutória sobre a Boca Ministrado por: Renato De Marchi Professor de Odontogeriatria Faculdade de Odontologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul CONHECENDO A ANATOMIA E AS CONDIÇÕES DA BOCA DAS PESSOAS IDOSAS O objetivo desta aula é: Apresentar as diferentes estruturas que compõe a boca, e falar sobre os cuidados com estas estruturas para que fiquem saudáveis e assim, cuidar para ter saúde na boca. AS DIFERENTES PARTES DA BOCA Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira LESÕES DE LÁBIO Os lábios e a parte interna das bochechas também devem ser observados, e feridas que não desaparecem em no máximo duas semanas podem ser problemas mais graves. Nestes casos, um dentista deve ser consultado! Manchas escuras podem indicar lesão muito séria, como um câncer de lábio Porém o tratamento precoce pode ser feito e salvar a vida da pessoa! Manchas brancas também podem ser problemas sérios, e um dentista ou médico deve ser procurado. Observe colorações diferentes nos lábios. Elas podem indicar lesões de diferentes naturezas, ou seja, diferentes problemas no lábio. Quanto mais tempo estas lesões ficarem sem tratamento, mais difícil é recuperar a saúde. Não perca tempo! Procure atendimento! Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira Pessoas de pele clara, principalmente, estão em maior risco de ter lesões de lábio. Utilize sempre protetor solar, mesmo em dias que não há sol, quando sair de casa. O uso de chapéu também podem prevenir doenças de pele e de lábios. OS DENTES Os dentes são os responsáveis pela mastigação, e são feitos para durar a vida toda. É fundamental observar os dentes em todas as suas superfícies, bem como limpar todas as áreas com a escova, e inclusive o espaço entre os dentes, com o fio dental. DESGASTE É muito comum que os dentes de idosos tenham uma cor amarelada, e que as raízes apareçam por causa da diminuição do volume da gengiva. Também é comum em idosos o desgaste dos dentes. CÁRIES As cáries são o resultado da ação de bactérias e de consumo de açúcar. Para evitar as cáries e outras doenças, incluindo as doenças da gengiva, a escovação e o uso do fio dental para limpar entre os dentes é a principal forma de prevenção. BACTÉRIAS As bactérias são responsáveis pelas cáries e doenças de gengiva, e o seu desenvolvimento é o resultado da falta de higiene. A escovação e o uso do fio dental são as formas de prevenir o crescimento das bactérias e assim, das doenças da boca. GENGIVAS As gengivas são estruturas que precisam de uma boa higiene, em que o fio dental é um elemento essencial para a saúde. Elas protegem os dentes e fazem parte do sorriso também! Quando ficam bactérias acumuladas nos dentes, as gengivas podem inflamar e o resultado é a gengivite. A gengivite tem como sintoma o sangramento. Quando há sangramento os dentes devem ser limpos e o fio deve ser utilizado, pois daí a higiene pode curar a doença. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira O avanço da gengivite pode resultar em problemas maiores, como a doença periodontal. Essa doença pode resultar na perda dos dentes, e em muitos outros problemas de saúde como a diabetes e problemas circulatórios. Os sintomas são o sangramento e o afrouxamento dos dentes. PERDA DENTÁRIA As perdas dentárias são o resultado da destruição dos dentes por cáries, doenças da gengiva ou traumatismos. Dentes destruídos devem ser extraídos, para evitar que outros problemas aconteçam com o corpo, como infecções e inflamações. A perda dentária pode ser um resultado de muitas doenças, desgastes, e problemas enfrentados ao longo da vida. Apesar de não ser desejável, certo número de perdas dentárias pode não ser tão grave. Acredita-se que não há problemas se um idoso consegue manter ao menos 20 dentes naturais em idades avançadas. A saúde bucal significa alegria e felicidade em todas as idades. Poder sorrir, brincar, se alimentar, expressar os sentimentos e ter confiança em sua saúde é um bem a que todos temos direito e responsabilidade. Cuide de sua saúde em todas as idades! SAÚDE BUCAL Mesmo que os dentes tenham sido perdidos, todas as pessoas tem boca, e precisam cuidar da boca para ter saúde. Os dentes podem ser repostos pelo uso de próteses, que devolvem o sorriso e ajudam muito na mastigação, devolvendo muitas possibilidades da vida ao idoso! SAÚDE DO IDOSO Saúde da boca e saúde não são conceitos diferentes. É fundamental ter saúde na boca para desfrutar da vida. Cuide de sua saúde e seja feliz! Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira Aula 02: Envelhecimento E Perda De Superfície Dentária PERDAS DE SUPERFÍCIE DENTÁRIA Erosão; Abrasão; Atrição. EROSÃO DENTÁRIA É a perda mineral dos dentes provocada por ácidos. Não é cárie; Provocada por alimentos e bebidas ácidas, principalmente refrigerantes; Junto com a escovação, pode levar à destruição dos dentes; Aumenta a chance de aparecimento e a velocidade de destruição dentária das cáries. DESGASTE DENTÁRIO – ATRIÇÃOÉ a perda de superfície dentária provocada pelo contato de um dente contra outro. Desgaste provocado pelo contato entre os dentes - ranger dos dentes; Acontece geralmente durante o sono; Pode levar ao desgaste e fraturas dos dentes; Se não tratado, pode resultar na perda total da estrutura dos dentes. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira DESGASTE DENTÁRIO – ABRASÃO É a perda de superfície dentária provocada pela fricção de um objeto sobre o dente. Desgaste provocado por escovação; Pode ser também provocado pelo uso de grampos de pontes móveis. PREVENÇÃO Uso de escovas de dentes macias; Utilizar pouca pressão sobre os dentes durante a escovação. RESENHA RESENHA SAÚDE BUCAL DA PESSOA IDOSA – MÓDULO 2 As diferentes partes da boca são, resumidamente: A. Os dentes, que são a primeira coisa em que pensamos, geralmente. Mas a boca não se resume aos dentes, ela tem várias estruturas de suporte, como os ossos maxilares e as gengivas. B. Gengiva, que recobre os ossos maxilares e faz parte do tecido de suporte e proteção dos dentes e de toda a boca. C. Os lábios são como se fossem a porta de entrada da boca. A língua é um arranjo de músculos que permitem a fala e a alimentação, entre outras atividades. D. Palato, que é representado pela mucosa e pelo osso maxilar por ela recoberto, conhecido popularmente por ‘céu da boca’. E. Assoalho da boca, que é onde repousa a língua e onde surgem os ductos de glândulas salivares importantes. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira Lesões de lábio: É importante observar que feridas que não desaparecem em duas semanas podem ser um problema mais grave. Algumas lesões são inflamatórias ou virais, como o herpes, mas lesões de longa duração devem ser investigadas. A. Lesões escuras de lábio: lesões escuras podem representar problemas muito graves, até mesmo câncer de lábio. Nesses casos, um dentista ou um médico deve ser procurado. É fundamental lembrar que o tratamento do câncer de lábio muitas vezes é simples e não envolve quimioterapia, tendo sucesso total sem deixar sequelas. O avanço das lesões de câncer de lábio, no entanto, pode provocar metástase, que é o espalhamento para outros locais do corpo, dificultando o tratamento e reduzindo a chance de sobrevida. De uma maneira geral, lesões iniciais são fáceis de remover e demandam pouco tratamento para sua resolução. Por outro lado, na medida em que avançam, sem tratamento, podem trazer o risco de óbito, inclusive. É essencial a prevenção desse tipo de lesão, pelo uso de protetores labiais contra a radiação solar. Os protetores labiais com fator de proteção contra radiação solar são facilmente encontrados em supermercados e farmácias, e são incolores. Muitas pessoas, especialmente os homens, têm preconceito contra o uso dos protetores labiais. Esse é um grande problema, enfrentado principalmente por pessoas que trabalham em muito contato com a radiação solar, como nas atividades de agricultura, construção civil, polícia militar, entre outras. Esse preconceito pode custar a vida de muitas pessoas, pois a incidência de câncer labial é bem alta, particularmente entre indivíduos de pele clara. B. Manchas brancas no lábio: esse tipo de manchas também pode representar problemas graves. Um dentista ou mesmo um médico deve ser procurado, especialmente se estas manchas se espalham também pelo interior da boca. Nesses casos as manchas não são o resultado do contato com radiação solar, mas sim, podem representar determinadas doenças que necessitam de diagnóstico por profissionais da Odontologia, com a maior brevidade possível. Podem acontecer, ao mesmo tempo, lesões claras e escuras no lábio. Especialmente entre fumantes é muito comum encontrarmos os dois tipos de lesão. O importante é ter em mente que quanto antes for procurado o atendimento, mais fácil será a recuperação. Frequentemente observamos pessoas que ficam aguardando o tempo passar, para ver se as lesões irão desaparecer. Há, entretanto, determinados tipos de câncer de lábio que podem evoluir muito rapidamente e levar ao óbito ou a cirurgias muito agressivas, onde grande parte dos tecidos do rosto e da boca são removidos como parte do tratamento. Tudo isso pode ser evitado com o diagnóstico precoce, feito através da busca por atendimento, bem como da indicação feita durante as buscas ativas, particularmente através da ação de Agentes Comunitários de Saúde. O medo e o desconhecimento são as principais causas de Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira óbito, quando as lesões de lábio são as doenças envolvidas. É fundamental trabalhar os aspectos de prevenção e proteção em saúde com a população. Os dentes são os responsáveis pela mastigação, e foram feitos para durar a vida toda. É fundamental higienizar corretamente os dentes com escova e fio dental, todos os dias. A escovação deve acontecer duas a três vezes ao dia, sendo principalmente importante uma boa escovação à noite, antes de dormir. O fio dental deve ser utilizado ao menos uma vez ao dia. Agora vamos falar de alguns aspectos dos dentes. Desgaste dentário: é comum que pessoas idosas tenham desgastes nos dentes, e redução no volume, no tamanho da gengiva. As cáries são o resultado da ação de bactérias e do consumo de açúcares, ou seja, de higiene bucal insuficiente associada ao consumo de doces. E o que são bactérias? Bactérias são pequenos seres vivos, microscópicos, que habitam a boca, e são responsáveis pelas doenças dos dentes e das gengivas. Existem umas crenças populares de que as mulheres ‘perdem o cálcio’ dos dentes durante a gravidez, de que o consumo de antibióticos provoca o enfraquecimento dos dentes, e de que o envelhecimento naturalmente leva à perda de dentes. Essas crenças são falsas: na verdade, uma vez que os dentes foram formados, não há possibilidade de perderem cálcio por causa da gravidez; o consumo de antibióticos não enfraquece os dentes; e, por fim, o avanço da idade não provoca a perda dentária. Aceitar essas crenças é ter desculpas para as doenças bucais que, de fato, ocorrem, como as cáries e as doenças periodontais (gengivais). As gengivas são estruturas que protegem os dentes, e precisam de muito cuidado, especialmente o uso do fio dental, para prevenir doenças de gengivas e também dos dentes. A gengivite é uma inflamação que resulta da higiene insuficiente, e causam sangramento. Muito importante saber que, quando a gengiva sangra, AÍ MESMO é que precisamos higienizá-la muito bem. O sangramento é o principal sinal e sintoma da gengivite. Somente higienizar muito bem pode não resolver o problema e, portanto, se após uma semana de higiene bucal intensa esse sintoma não desaparecer, um dentista deve ser consultado. Existem também produtos de higiene bucal que servem para o controle químico de placa bacteriana, os enxaguatórios bucais, que podem ser utilizados como coadjuvantes durante o tratamento da gengivite, mas eventualmente podem provocar manchas e escurecimento dos dentes, então devem ser utilizados com recomendação de um dentista. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira A periodontite é o resultado do avanço da gengivite, quando ela não é controlada. Na periodontite acontece à perda do suporte ósseo dos dentes, e eles podem afrouxar. Com o avanço desta doença, a perda dos dentes é o resultado final. Especial atenção deve ser dada às pessoas que fumam, ou que fumaram por muito tempo, pois o hábito de fumar está fortemente relacionado com o avanço da periodontite. Os efeitos provocados pelo consumo do tabaco são a redução da irrigação sanguínea na região terminal das artérias que irrigam os tecidos bucais, reduzindo assim as defesas contra a ação das bactérias que provocam a doença. Além disso, fumar reduz os sintomas da gengivite,o principal deles o sangramento, e com isso as pessoas podem não perceber que têm um problema bucal e, dessa forma, não buscar tratamento. Com isso, existe uma tendência de agravo da gengivite, que pode, com o avanço da doença para os tecidos mais profundos (ligamentos periodontais e osso alveolar), resultar em periodontite. A periodontite, por sua vez, avança mais rapidamente em fumantes, do que em não fumantes. A perda dentária é o resultado das doenças nos dentes, gengivas e tecidos de suporte, como o periodonto e os ossos maxilares, bem como, de traumatismos. Quando os dentes estão muito destruídos, é necessário extrair para prevenir problemas que podem ocorrer pela infecção, a qual pode invadir os ossos maxilares, e representar riscos maiores à saúde. Por essa razão, dentes muito destruídos, mesmo que não apresentem sintomas, devem ser recuperados, ou, se não for possível, extraídos. Existe uma crença, especialmente em alguns grupos, de que os dentes são naturalmente perdidos com o avanço da idade. Isso não é verdade: os dentes podem durar a vida toda, contanto que a higiene bucal seja realizada corretamente, diariamente, com o uso de escova dental e creme dental, bem como do fio dental. Fundamental também é visitar o dentista regularmente, e não somente quando existe algum sintoma. Mesmo que tenham sido perdidos alguns, ou mesmo todos os dentes, é possível repor essas perdas por meio de próteses dentárias, as quais também demandam cuidados de higiene. De uma forma geral, as próteses devem ser higienizadas também com escova e creme dental, de duas a três vezes ao dia, diariamente. Pessoas que utilizam próteses com estrutura de acrílico devem remover essas próteses durante a noite, e deixá-las dentro de uma embalagem cobertas com água. Isso é fundamental para a prevenção de fungos nas próteses e também nas mucosas bucais, como será discutido nos próximos módulos. A reposição de dentes perdidos é essencial para a recuperação da mastigação. E a mastigação é, por sua vez, fundamental para uma boa nutrição, como será discutido nos próximos módulos também. Perdas de superfícies dentárias Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira Além das cáries, podem ocorrer perdas de superfície dentária por outros motivos. Entre os principais, estão a Erosão, a Atrição e a Abrasão. EROSÃO dentária é o resultado de perda de superfície dos dentes pelo contato com ácidos. Os principais ácidos encontrados nos alimentos são as frutas cítricas – limão, laranja, e nos refrigerantes. São perdas minerais dos dentes que podem ocorrer mesmo sem a ação de cáries, mas sim, nitidamente erosões que ‘escavaram’ os dentes, deixando um pouco mais de esmalte, que é o tecido mais externo dos dentes, e destruindo mais rapidamente a dentina, que é menos resistente à dissolução ácida. ATRIÇÃO é o desgaste dentário, provocado pelo contato entre os dentes, ou entre os dentes e próteses dentárias. É o resultado do desgaste provocado pela mastigação, ao longo da vida. É comum, entretanto, o hábito de ranger os dentes durante o sono ou mesmo acordado, o que também resulta em perda mineral. ABRASÃO é a perda de superfície dentária ocasionada pela fricção de objetos sobre as superfícies dentárias. De um modo geral, o que mais frequentemente provoca a abrasão é a escovação. Escovação realizada com força exagerada, e com escova dental dura, são os principais fatores responsáveis pela abrasão. Dessa forma, recomenda-se o uso de escovas macias, e que a escovação seja feita de forma delicada, sem pressão excessiva. A saúde na boca e a manutenção de dentes durante o envelhecimento são essenciais. Ter saúde bucal representa as possibilidades de sorrir, de se alimentar, de se relacionar com as pessoas, e é essencial para a saúde como um todo. REFERÊNCIAS: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde bucal. Cadernos de Atenção Básica – no 17. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Cadernos de Atenção Básica – no 19. Brasília: Ministério da Saúde, 2006 ENTREVISTA 1. Senhora Dilciomar, refletir sobre o significado da velhice na sociedade atual é muito importante. Na sua opinião, os idosos são respeitados na sociedade atual? O que poderia ser feito para melhorar a vida deles, nesse sentido? Nós não estávamos, enquanto sociedade, preparados para o descobrimento do idoso. Falando sobre Porto Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira Alegre, onde nós estamos, é a capital que detém o maior numero de idosos do Brasil, atualmente. Como em todo o restante do Brasil e do mundo, o idoso está ganhando espaço, graças aos cuidados, ao idoso se amar, descobrir-se, que não precisa ficar a frente de um televisor usando uma pantufa, chambre, um pijama, ou cuidando dos netos. Graças a tudo isso, o idoso está ganhando espaço. A mídia trata do idoso hoje, há uma preocupação dos jornais, do comércio em mostrar o idoso na propaganda. É bonito mostrar uma senhora de cabelos brancos. NÃO ESTÁVAMOS, NÃO ESTAMOS E NÃO ESTAREMOS POR UM LONGO TEMPO PREPARADOS PARA O IDOSO QUE VEM CHEGANDO, que está aí e é uma realidade. Não há respeito para com esse idoso, exatamente por não sabermos o que o idoso é, o que quer, qual sua proposta e o que pensa. Não há respeito no trânsito, a mobilidade urbana ignora o idoso, não há respeito na saúde para com o idoso, não há respeito cultural para com o idoso. O fato de pagarmos metade pelo ingresso de cinema, de teatro, não diz nada para o idoso, pois esse grupo que utiliza teatro, cinema, viagem, sempre usou, é o idoso que já vinha elitizado. A base da pirâmide do idoso, o idoso assalariado ou não assalariado, ou assalariado e explorado. Não há segurança adequada para o idoso. Ainda há toda uma proposta a ser feira para o idoso, de valores, pois se continuarmos assim é ELE QUEM VAI REINAR ABSOLUTO DAQUI A 50 ANOS. É um problema para os governos, mas acho que juntos podemos chegar lá, pois o idoso quer continuar trabalhando, sendo produtivo, o idoso cuida da mente, do corpo, do físico, do espírito, então, é um idoso que pode colaborar muito com a sociedade, no seu espaço, sem prejudicar o jovem, o adulto, o adolescente. 2. O que podemos fazer hoje, enquanto sociedade, para melhorar essa situação? Campanhas esclarecedoras, usarmos da mídia não apenas para o lado comercial, mas também para EDUCAÇÃO. Trabalharmos na escola, com as crianças, adolescentes e adultos. Trabalharmos com a população e com o próprio idoso, pois também temos que nos educar para envelhecer. Tem que haver um processo em que a mídia tenha olhar voltado para o idoso, em várias campanhas, mas o governo constituído de nosso país, e alguns desmandos. Tem que haver de parte do governo o cuidado para com esse idoso, assim como se cuida da criança. O idoso merece uma atenção bem maior, que deve começar lá na escola, com a criança respeitando esse idoso, e tem que vir dos filhos adultos, respeitando esse idoso, e não o explorando. Nós, enquanto conselho municipal do idoso de Porto Alegre, recebemos muitas reclamações com relação ao desrespeito, seja físico, psicológico, a exploração do salário do idoso, pois hoje o IDOSO É COLABORADOR ATUANTE NA RENDA FAMILIAR, quando não é o mantenedor. Portanto, tem que haver um esclarecimento quanto a tudo isso, quanto até onde vão os direitos do idoso, os deveres. Tem que haver um grande esforço da sociedade no entendimento desse idoso, e nos Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira preparamos exatamente para a longevidade desse idoso. Permito-me dizer que podemos classificar a vida do idoso antes e depois do Viagra, pois a vida desse idoso mudou completamente após o Viagra. Temosque nos preparar para tudo isso, até mesmo para as doenças que as doenças que as mulheres idosas estão expostas, como as doenças sexualmente transmissíveis, afinal, a vida sexual ativa é uma realidade para o idoso, estimulado pelos remédios estimuladores sexuais, bailes, movimentos, viagens correr maratonas, andar de skate. Tudo isso é um apelo para o idoso. Mas precisamos de campanhas, de movimentação maior da sociedade, não só no sentido lúdico, mas com responsabilidade. 3. A política brasileira de saúde do idoso tem por objetivo garantir a atenção integral à saúde das pessoas com 60 anos ou mais, promovendo a capacidade funcional e da autonomia, contribuindo para o envelhecimento saudável. Para a senhora, quais os grandes desafios para que a política do envelhecimento saudável seja uma realidade para, termos de fato, um envelhecimento ativo? É muito difícil a resposta, pois é o nosso desafio, nossa dificuldade. Cabe ao conselho fiscalizar, oportunizar, participar desse processo de envelhecimento ativo. Não estamos preparados para esse envelhecimento saudável, pois ele TRANSCENDE UMA CAMINHADA, ginástica, boa alimentação, envolve o espírito físico, ambiente, corpo, e nós não nos preparamos para isso. Temos uma saúde do idoso falha, o idoso que vai a uma farmácia e não consegue um remédio é um idoso que não está sendo bem atendido. Um idoso que tem dificuldade de caminhar na rua porque as calçadas não são adequadas. Um idoso que, ao atravessar uma rua, tem dificuldade, porque a sinaleira marca 6 segundos, e ele precisa de muito mais, é um idoso que enfrenta dificuldades. Se formos elencar todas as necessidades do idoso, dificulta, mas nós não podemos pensar basicamente que é isso que nós temos, temos que trabalhar, ir a luta, e temos que começar pelas conquistas, e fazer com que isso comece a acontecer. Existem políticas que são de amplitude geral, para a criança, para o adulto, e para o idoso também, mas específica para o idoso são poucas, uma palestra, um grupo que se reúne ocasionalmente, mas ainda é muito pequeno. Assim, é em todas as áreas, educação por exemplo, a alfabetização do adulto. MUITO IDOSO NO BRASIL NECESSITA SER ALFABETIZADO PARA PODER CIRCULAR, pois tem dificuldade de pegar um ônibus, não consegue ler. Esse idoso que poderia receber orientação que facilitaria essa qualidade de vida, não recebe. No transporte, muitas vezes o ônibus não enxergam as pessoas, passam direto. As pessoas sentadas nos assentos destinados às pessoas idosas muitas vezes são ocupados por pessoas jovens, que baixam a cabeça e fecham os olhos ao ver um idoso, e não cedem o Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira lugar. O motorista e o cobrador não podem fazer nada, e o idoso sofre amassado de pé, sendo empurrado. Se formos elencar todas essas situações, a qualidade de vida vai ficando prejudicada. Trabalhos como o nosso é que vão possibilitar uma qualidade de vida efetiva para o idoso. Ninguém trabalha sozinho, o governo deixa de cumprir sua parte, mas a sociedade também tem parte, a família também. Se nos unirmos e irmos com conquistas lentas, mas efetivas, gradualmente, para que tenha a real qualidade de vida. Para alcançar a qualidade de vida, ainda há uma caminhada, mas uma caminhada com muita vontade, e que nós estamos engajados e sabendo que vai se conquistando aos poucos. A qualidade de vida que o idoso tem por direito, merece e é obrigação, e a gente está lá, eu acredito. Qualidade de vida é o conjunto de saúde, oportunidade de usar o corpo da melhor maneira, transporte, segurança. Qualidade de vida e envelhecimento ativo é uma temática importantíssima, mas que ainda tem muitos questionamentos, muitas dúvidas, muitas respostas a serem dadas, é temeroso até. É muito complexo. 4. A senhora é uma idosa muito ativa socialmente. Como é para você trabalhar em um conselho que cuida dos interesses dos idosos? Sou professora, há muitos anos afastada do magistério, aposentada depois dos 30 anos de trabalho. Sempre fui voluntária, não tenho cargo, não tenho remuneração. Sou de classe média baixa, porém, vivo com tranquilidade, me permitindo fazer esse trabalho voluntário. Começou pela família, depois em grupos de amigos, depois junto da igreja católica apostólica romana de uma paróquia, depois junto a uma comunidade, fazendo voluntariado junto à secretaria de cultura do município de Porto Alegre, mas representando no conselho do idoso, que estava na época sendo criado, porém com linha de trabalho diferente da de hoje. No conselho, conseguimos fazer cursos pela secretaria da cultura para os idosos sobre literatura, pois achávamos importante que o idoso tivesse esse outro olhar, descobrimos coisas maravilhosas com os idosos nesses últimos 20 anos de trabalho, a ponto de grupos de idosos fazerem um livro, pessoas que não tinham nem segundo grau, mas que ESCREVERAM UM LIVRO MARAVILHOSO SOBRE O PENSAMENTO DO IDOSO. Depois, participei da associação nacional de pensionistas e aposentados. Através dela, houve uma inscrição no conselho do idoso. Eu representei a associação junto ao conselho. O conselho municipal do idoso é composto de sociedade civil e sociedade governamental. São 10 representantes da sociedade civil, e 7 da governamental, dentre elas, secretaria da saúde, do idoso, dos direitos humanos, do esporte e lazer, da cultura e secretaria de governança. Fazer parte do conselho dá direito a associação de receber o fundo municipal do idoso. Esse fundo é uma das maiores aquisições do conselho, pois permite à instituição fazer a captação Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira de recursos e fazer atividades de benfeitoria. O papel do conselho, hoje, praticamente supera em responsabilidade todas as secretarias, principalmente devido ao fundo do idoso. Sabemos a carga que nós temos, estamos bem conscientes, mas também estamos bem assessorados. Apresentamos um projeto e estamos nos habilitando a receber um certificado da ONU, pela primeira vez no Brasil, de CAPITAL AMIGA DO IDOSO, provavelmente receberemos essa certificação. O projeto já foi para a ONU, já foi apresentado, houve uma simpatia da ONU, veio a contrapartida deles. Já está a nível municipal e vai dar certo. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS CURSO: SAÚDE BUCAL PARA IDOSOS TELESSAÚDERS MODULO 03: Farmacologia E Odontologia A Atenção Ao Idoso A ODONTOLOGIA E OS MEDICAMENTOS Reações adversas ao uso de medicamentos podem envolver todos os órgãos e sistemas do organismo e são frequentemente confundidos com sinais de doenças; Do mesmo modo, a boca e estruturas anexas podem ser afetadas por medicamentos. Saúde bucal, incluindo-se função salivar, é muito importante para a saúde como um todo. EFEITOS SISTÊMICOS DESTA RELAÇÃO Muitos medicamentos podem causar alterações no sabor que sentimos e, em casos severos, resultam em deficiências nutricionais e malnutrição. HIPERPLASIA GENGIVAL HIPERPLASIA GENGIVAL INDUZIDA POR MEDICAMENTOS. Inicia com um aumento do volume das papilas interdentais, estendendo-se para as margens vestibular e lingual. A remoção de placa e uma higiene bucal adequada podem beneficiar a recuperação e limitar em parte a severidade desta condição. SALIVA E SAÚDE A saliva é uma substância versátil que serve para diversas finalidades na boca. É um lubrificante que facilita a deglutição, tem a função de “limpar” a superfície dos dentes. É uma barreira de defesa biológica do corpo, iniciador da digestão, e estimulador do sabor. O fluxo de saliva reduzido é chamado de hiposalivação, enquanto a sensação de boca seca é definida como xerostomia. Sabe-se que a saliva está envolvida na manutenção da saúde da mucosa devido à sua capacidade de “prender”a água, prevenindo danos resultantes de desidratação da boca. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira CÁRIES A saliva contém grande proporção de cálcio e fosfato, que reforçam o esmalte dental (camada mais externa dos dentes). Indivíduos que sofrem de redução na função salivar frequentemente apresentam cáries. CÁRIES DE RADIAÇÃO (Quando é feita radioterapia) Cáries de radiação são uma forma altamente destrutiva de cáries com rápido surgimento e progressão. Os principais fatores são redução da saliva, e problemas no funcionamento das glândulas salivares (produtoras de saliva). QUIMIOTERAPIA As consequências da quimioterapia incluem a mucosite e a candidíase. Estas complicações podem provocar dor e problemas nutricionais. Além disso, em geral, pacientes que recebem quimioterapia enfrentam uma forte reação no organismo, que muitas vezes tem como consequência a redução na produção de saliva. RADIOTERAPIA O tratamento de escolha consiste em cirurgia, radioterapia, e combinação entre ambos. As modificações induzidas pela exposição à radiação podem ocorrer durante a após o término da terapia, incluindo mucosite, candidíase, osteoradionecrose e cáries de radiação. TERAPIAS PARA A XEROSTOMIA Os estimulantes de saliva podem ser: ácidos orgânicos (ácido ascórbico, ácido málico), goma de mascar, parasimpaticomiméticos (ésteres de colina, inibidores de colinesterase) ou outras substâncias (balas de menta sem açúcar, nicotinamida etc.). Substitutos para a saliva podem ser: água, salivas artificiais (a base de mucina ou de carboximetilcelulose), leite ou azeite vegetal. Azeite de Oliva apresenta propriedades que representam alívio para pacientes com boca seca, incluindo atividade antimicrobiana, lubrificação, antiinflamatória e na prevenção de cáries. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira REFERÊNCIAS ABDOLLAHI M; RADFAR M. A review of drug-induced oral reactions. J Contemp Dent Pract, v.15, n. 4, suppl. 1:, p. 0-31, Feb. 2003. BUDTZ-JORGENSEN E, CHUNG JP, RAPIN CH, 2001. Nutrition and oral health. Best Pract Res Clin Gastroenterol, v. 15, n. 6, p. 885-96, Dec. 2001. KAMALI F; MCLAUGHLIN WS; BALL DE; SEYMOUR RA. 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J Oral Rehabil, v.34, n. 10, p. 724-32, Oct. 2007 Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira Aula 02: NUTRIÇÃO DA PESSOA IDOSA MUDANÇAS COM O ENVELHECIMENTO Alterações no funcionamento dos órgãos; Redução na velocidade de digestão; Redução na sensibilidade; Redução no gosto – tendência a colocar mais sal e mais açúcar na comida; Digestão mais lenta. Redução na velocidade da digestão: tendência a comer menos; Acúmulo de gordura, e redução da massa muscular: redução da força e risco de queda; Diminuição da sensibilidade à sede; Uso de vários medicamentos que: » Reduzem a velocidade da digestão; » Podem prejudicar o aproveitamento dos alimentos. REDUÇÃO DA SEDE: Pouco consumo de água mais o uso de laxativos (laxantes), pode levar à desidratação e essa, sim, pode levar ao óbito. MALNUTRIÇÃO No Brasil existem muitos idosos muito magros e desnutridos. Resultado da pobreza; Aumenta o risco de complicações; Pode gerar dependência; Idosos acamados. CAUSAS DE MALNUTRIÇÃO NO IDOSO Diminuição da capacidade da pele de produção de vitamina D; Diminuição da absorção de fontes de ferro, resultando em anemia; Diminuição da absorção de nutrientes da comida; PERDA DENTÁRIA. ALTERAÇÕES SOCIOECONÔMICAS Menor renda, limitando a escolha e compra de alimentos; Isolamento, que pode diminuir a vontade de preparar alimentos para comer; A morte de entes queridos pode favorecer aparecimento de anorexia. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira DOENÇAS E OUTROS FATORES RELACIONADOS Piora na saúde em geral: o Pode causar dificuldades para comprar, guardar e preparar alimentos. Depressão associada à anorexia: o A anorexia, que pode ser causada pela perda de pessoas queridas, pode causar depressão; o A depressão também pode resultar em anorexia. PERDA DENTÁRIA E MALNUTRIÇÃO Perda de dentes é muito frequente entre pessoas idosas; Pessoas com menos dentes escolhem alimentos mais macios; Alimentos fibrosos como carnes, frutas e verduras, são essenciais. Alimentos macios podem ser ricos em calorias e pobres em nutrientes, como é o caso de alimentos a base de farinhas brancas, por exemplo; Alguns tiram a sensação de fome e não alimentam, mas podem engordar; Existe o risco, entre pessoas com poucos dentes, de: o Malnutrição; o Sobrepeso/obesidade. A escolha de alimentos macios tende a deixar de fora o consumo de verduras, frutas e carnes; As verduras e frutas são responsáveis pelo bom funcionamento do sistema digestivo; São fontes de vitaminas e minerais essenciais para a saúde. O consumo de alimentos processados, ou muito preparados, para amolecer a comida, pode levar: o Ao aumento do consumo de açúcar – principal responsável pelas cáries; o As cáries são a principal causa de perda dentária; o Então, é criado um ciclo de perda dentária e problemas nutricionais. CONSEQUÊNCIAS DA MALNUTRIÇÃO NO IDOSO Perda de memória e/ou demência atrapalham a organização da alimentação; Hospitalização pode reduzir o apetite, e se for prolongada resultar em emagrecimento; Osteoporose – falta de cálcio e vitamina D; Problemas psicológicos (falta de vitaminas do complexo B, energia); Aparecimento de muitas doenças infecciosas e crônicas; Óbito. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira ENTREVISTA Neste módulo 3, o curso Cuidados básicos com a saúde bucal de idosos entrevista o Professor Júlio Baldisserotto, Odontogeriatra, professor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professor convidado da McGill University. 1. Professor, apesar de não existirem doenças bucais relacionadas diretamente à velhice, alguns problemas têm efeitos ruins que vão se acumulando e prejudicando o indivíduo. Na sua opinião, quais são os principais problemas de saúde bucalque podem surgir com maior frequência nas pessoas com 60 anos ou mais? Nas últimas décadas tem-se assistido a um rápido envelhecimento da população mundial. Este fenômeno chamado de Transição Demográfica acontece também no Brasil. E tem outro processo chamado de Transição Epidemiológica que está relacionado a mudança no perfil das doenças mais prevalentes com um grande aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) especialmente em pessoas idosas e com grande repercussão na cavidade bucal e vice- versa. Podemos citar como exemplos o aumento da prevalência de Diabetes Melitus e Hipertensão Arterial Sistêmica e com muitas evidencias na literatura mundial da interação destas doenças crônicas com a saúde bucal. A doença na gengiva e a cárie ainda se constituem nas principais causas de perda dentária. A idade representa um fator de risco ao desenvolvimento destas duas doenças. Também, as lesões da mucosa oral, o câncer bucal e a presença de xerostomia são as patologias orais presentes nos idosos mais frequentemente referidas na literatura. Mas todas estas alterações não devem ser atribuídas em exclusivo ao efeito direto da idade, pois a presença de doenças sistêmicas e de uso de muitos medicamentos frequentes nesta faixa etária, além de outros fatores de risco, contribuem de forma significativa para o desenvolvimento das patologias orais. Apesar da permanência da dentição natural durante mais tempo e da diminuição das doenças decorrentes das melhorias das condições de vida e da prestação dos cuidados de saúde, a prevalência de doenças bucais no idoso ainda é considerada significativa. 2. Professor Júlio a boca, os dentes, a gengiva das pessoas mudam com a velhice? Existem alterações na cavidade bucal dos idosos? Quais são as principais alterações fisiológicas e patológicas que podem acontecer na cavidade bucal dos idosos? Assim como as outras partes de nosso organismo, ocorre um envelhecimento com mudanças fisiológicas normais na cavidade bucal e na face dos sujeitos. A velocidade e a intensidade destas mudanças variam de um indivíduo para outro e dependem de fatores internos (genéticos), e fatores externos como o estilo de vida, a alimentação, os hábitos Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira bucais, o fumo, o álcool. Por exemplo, os dentes sofrem um grande desgaste pelo uso ao longo da vida, assim como se tornam mais amarelados. Também, ocorre a chamada recessão gengival expondo as raízes dos dentes. O osso, embaixo da gengiva, muitas vezes pode ser reabsorvido também. O controle neuromuscular também pode ser afetado. Porem todas estas mudanças podem conviver em equilíbrio com as demais mudanças que ocorrem no corpo humano e isso é importante falar. Quando estas mudanças ocorrem de forma muito acelerada e associadas a idade e a diversos fatores de risco então elas podem favorecer o aparecimento de doenças. 3. O idoso perde dente naturalmente? É natural perder dente na velhice? Definitivamente a resposta é não!!! Isto é um MITO que foi se constituindo no passado em função das enormes perdas dentarias encontradas na geração de idosos atuais. Este fenômeno se deveu ao modelo de Odontologia praticada nas décadas passadas e que era fortemente centrado no tratamento das doenças bucais especialmente por meio das extrações dos dentes e uso de dentaduras quando as pessoas tinham acesso ao tratamento. Outro fator importante foi as limitações do conhecimento sobre os cuidados disponíveis na época. Então na verdade, a maioria das perdas dentarias desta população aconteceram ainda antes da chegada a velhice. Sabemos que a idade representa um fator de risco ao desenvolvimento de doença periodontal e que uma porcentagem pequena dos indivíduos irão perder os seus dentes devido a outros fatores de risco de difícil controle relacionados a genética, fatores ambientais, etc. 4. Na sua experiência como referência na área da Odontogeriatria, uma pessoa que cuida da saúde bucal desde a infância, ela fisiologicamente pode manter todos os dentes da boca lá na velhice? Isso é uma realidade para os idosos brasileiros, ou ainda não? A geração de idosos atuais representam uma fase de transição entre o modelo clinico/restaurador dominante no passado (e que ainda persiste em algumas práticas) e novas formas de se fazer Odontologia mais centrada nos cuidados com a promoção e manutenção da saúde bucal. Então certamente ainda encontramos uma grande maioria de idosos com grandes perdas de dentes e muito tratamento com próteses e dentaduras a ser feito, mas também uma parcela importante de indivíduos com poucas ou até nenhuma perda dentaria. Assim, diante dos enormes avanços do conhecimento cientifico sobre a saúde e as doenças da boca e seus determinantes socioeconômicos e fatores de risco associados e estudos Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira epidemiológicos, podemos dizer que uma nova geração de adultos estará atingindo idades mais avançadas com grande número de dentes presentes em boca. No entanto ainda precisamos desenvolver conhecimento tecnológico adequado as novas necessidades de saúde bucal que certamente surgirão neste processo “novo” de um envelhecimento de indivíduos e de populações com maior longevidade de dentes naturais presentes em boca. Por exemplo poderia citar a perspectiva de grande aumento de caries nas raízes dos dentes devido a recessão da gengiva, a associação das doenças crônicas com as doenças bucais em especial a Doença Periodontal e uso de medicamentos e suas consequências bucais, atendimento de pacientes no domicilio e etc. RESENHA SAÚDE BUCAL DA PESSOA IDOSA – MÓDULO 3 USO DE MEDICAMENTOS E SAÚDE BUCAL Existe uma relação muito forte entre o consumo de medicamentos e a saúde bucal, principalmente em pessoas idosas. Uma relação direta e muito conhecida é a da Hiperplasia Gengival relacionada ao consumo de medicamentos (fenitoina e nifedipina). De um modo geral, quando ocorre um grande aumento no volume da gengiva, deve ser investigado o uso destes medicamentos e, se estiverem em uso, é fundamental realizar uma higiene bucal excelente, para controlar a inflamação conhecida como gengivite. Após o término do uso destes medicamentos, há uma diminuição natural do volume da gengiva, voltando à condição de normalidade. Entretanto, existe uma associação mais forte entre o uso de medicamentos e saúde da boca. A saliva é essencial para a defesa dos tecidos da boca. Dentes, gengivas e mucosas são beneficiados pela presença de quantidades adequadas de saliva. De um modo geral, quanto mais medicamentos uma pessoa consome, menor a produção de saliva. Alguns medicamentos em especial têm grande potencial na redução do volume de saliva. É sabido que os antidepressivos causam esse efeito, porém não são somente os antidepressivos, mas também a associação entre diferentes medicamentos consumidos simultaneamente pode provocar esse efeito. Com isso, percebemos uma reduzida produção de saliva em pessoas idosas, que muitas vezes acumulam diferentes doenças crônicas e, portanto, consomem diversos medicamentos, e isso então resulta em diversas doenças bucais, principalmente cáries dentárias e doenças nas mucosas. A saliva tem a capacidade de ‘prender’ a água, evitando a desidratação da boca, mantendo os tecidos úmidos. A saliva também protege os dentes da perda mineral que se manifesta como cavidades, as cáries. A redução de produção de saliva está, portanto, também relacionada com o aparecimento de cáries; e em pessoas idosas, principalmente as cáries de raiz. Já as cáries de radiação são de rápida progressão. Isso acontece porque, com a radiação, as glândulas que produzem saliva param de produzir rapidamente, e os efeitos de proteção da saliva desaparecem Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira de uma hora para a outra. Indivíduos que fazemquimioterapia também podem desenvolver lesões de mucosa, na língua, na gengiva e no céu e assoalho da boca. Além disso, a quimioterapia pode resultar na redução de saliva. E isso, como já comentado, traz como consequência o aparecimento de doenças bucais. Portanto, especial atenção deve ser dada a pacientes com tratamento quimioterápico e que realizam tratamento de radioterapia. Em resumo, a quimioterapia e a radioterapia de cabeça e pescoço poderão reduzir drasticamente a produção de saliva. Quando isso acontece, podemos esperar um rápido avanço de doenças bucais. Nessas situações é que a odontologia deve estar muito próxima do paciente. Atualmente, as pessoas têm conseguido diagnosticar mais precocemente o câncer. Com isso, temos cada vez mais pessoas com quimioterapia, e com radioterapia de cabeça e pescoço. A odontologia tem um papel essencial de realizar tratamentos profiláticos, remover todos os focos de infecção, fazer manutenções preventivas de forma intensiva com essas pessoas, para evitar problemas gravíssimos que podem ocorrer, caso um profissional não esteja muito atento. Para pessoas com muito pouca saliva, em especial as pessoas idosas que consomem muitos medicamentos, é fundamental consumir muita água, para aumentar a produção de saliva. Existem também salivas artificiais, que podem ser manipuladas. Estas salivas são utilizadas com spray, que é então colocado na boca de tempos em tempos, para produzir conforto. NUTRIÇÃO E SAÚDE BUCAL NO ENVELHECIMENTO 1. Mudanças que acontecem no organismo, com o envelhecimento: Alterações no funcionamento dos órgãos – é possível que aconteça uma redução na produção de enzimas digestoras, na velocidade de eliminação e, com isso, uma demora maior no processo de digestão, como um todo, entre pessoas idosas. Redução na velocidade de digestão – isso ocasiona uma redução no apetite, e dessa forma é muito comum observar, entre idosos, baixo consumo de alimentos. Esse baixo consumo pode desencadear carências em algumas vitaminas, proteínas, e elementos essenciais à manutenção da saúde. Redução na sensibilidade – isso pode trazer como resultado uma redução na satisfação em se alimentar. Consequentemente, redução também no aporte de nutrientes. Redução no gosto – pode ocasionar uma tendência a aumentar o consumo de sal e açúcar, a fim de condimentar ao gosto pessoal de cada um. O consumo exagerado de açúcar está relacionado ao desenvolvimento de cáries, e dessa forma impacta diretamente na saúde bucal, bem como, pode estar associado ao surgimento de diabetes. O consumo exagerado de sal está relacionado com o aumento da pressão arterial, o que pode desencadear doenças circulatórias. Outras mudanças: Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira Redução na velocidade da digestão: o Tendência a comer menos; Acúmulo de gordura, e redução da massa muscular: o Redução da força, risco de queda; o Diminuição da sensibilidade à sede Redução da sede: a redução na sensação de sede é muito frequente em pessoas idosas, e os impactos podem esperar com o baixo consumo de água são, principalmente: Dor de cabeça; Confusão; Olhos sem brilho; Pressão baixa; Perda de peso; Pele seca; Fezes duras; Pouca urina; Perda de equilíbrio; Cansaço; Dor nos músculos. Fatores sociais e emocionais relacionados com a má-nutrição em idosos: Redução na renda, o que limita a escolha e a compra de alimentos. Isolamento, o que pode diminuir a vontade de preparar alimentos. A morte de pessoas queridas pode fazer surgir a anorexia, que é a falta de vontade de comer que se torna crônica, podendo inclusive levar à morte. Também, a presença de doenças e a falta de apoio de familiares, especialmente para pessoas idosas morando sozinhas, ou mesmo casais de idosos, pode complicar a compra e transporte de alimentos. Por fim, a depressão, que é muito comum em pessoas idosas, pode levar à anorexia. E a anorexia também pode resultar em depressão, por conta da falta de nutrientes e, portanto, de energia. Perdas dentárias e capacidade mastigatória A perda dentária em razão de cáries e doença periodontal permanece prevalente em todo o mundo apesar do progresso na prevenção e no tratamento precoce. Além disso, a perda dentária é a causa mais frequente do comprometimento da mastigação (7), estando relacionada Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira com a redução da capacidade mastigatória e da percepção da habilidade mastigatória (8). Embora o uso de próteses totais aumente a capacidade mastigatória, esse aumento é pouco significativo, e a eficiência da mastigação de um usuário de dentaduras está muito longe de atingir a de uma pessoa dentada (7). Dentaduras não falham somente em compensar completamente a falta de eficiência na mastigação após perdas dentárias, como podem não restaurar a confiança do indivíduo na sua habilidade de mastigar (7). Embora próteses totais possam ajudar com aspectos estéticos e funcionais, até certo ponto, o déficit nas percepções neurossensoriais e na força mastigatória são irreversíveis (10). A habilidade para mastigar uma variedade de alimentos de diferentes texturas e valores nutricionais representa o principal benefício proporcionado pelos dentes (12), e o número e a distribuição de dentes naturais, assim como a presença de próteses, influenciam na facilidade e no conforto em mastigar (13). Adicionalmente, comer pode ser desconfortável quando houve perdas dentárias, e o alimento pode ser experimentado como desagradável de mastigar ou mesmo sem sabor, devido à presença de próteses acrílicas extensas (14). É ampla a evidência de que idosos com comprometimento da função mastigatória modificam suas dietas. Mesmo com reabilitação protética, muitos indivíduos ainda apresentam dificuldade na mastigação de determinados alimentos. Como consequência, se desenvolve uma tendência destes indivíduos consumirem alimentos mais macios ou processados (12). Os resultados destas análises indicam que idosos com número reduzido de dentes naturais têm uma dieta de baixa qualidade (7,8,14,15,16). Dadas as mudanças na alimentação e diminuição na biodisponibilidade de nutrientes por “supercozimento”, a fim de minimizar as deficiências mastigatórias, é importante saber os riscos e benefícios da eliminação de determinados alimentos da dieta. Muitos nutrientes comprovadamente oferecem proteção contra vários tipos de doenças, e o consumo excessivo de determinados alimentos é considerado prejudicial à saúde (7). Vegetais e frutas, por exemplo, são importantes fontes de fibras, vitaminas essenciais e minerais, enquanto a carne é uma importante fonte de proteína e ferro. Além disso, muitos nutrientes contidos nos vegetais e nas frutas comprovadamente oferecem proteção contra determinadas doenças (15,16). Sabe-se que os vegetais frescos e especialmente as verduras e as frutas se destacam pelo seu elevado conteúdo de folatos, e que esses alimentos podem perder até 95% desta vitamina devido à desnaturação provocada pelo cozimento, e que, além disso, a deficiência de folato está relacionada com o desenvolvimento da anemia (17). A inter-relação entre saúde bucal e saúde geral está particularmente mais evidente em idosos, e estudos registraram que em alguns países, de um terço à metade da população idosa Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira utiliza dentaduras, enquanto mais de três quartos utiliza próteses removíveis duplas ou associadas com dentaduras (18), o que representa um risco para a saúde geral de idosos nestas condições. Escolhas alimentares A revisão dos principais achados do National Diet and Nutrition Survey (NDNS) em idosos com 65 anos ou mais (1998) demonstrou que o estado bucal estava associado com a percepção da habilidade de comer uma variedade de alimentos,e estas dificuldades refletiram no volume de frutas, vegetais, nutrientes e, particularmente, fibras ingeridas (9). Em uma revisão de literatura, Hutton et al. (2002) observou que os alimentos mais duros e fibrosos como frutas, vegetais e carnes, os quais são tipicamente as maiores fontes de vitaminas, minerais e proteínas, foram considerados difíceis ou quase impossíveis de mastigar entre idosos (12). A diferença no consumo de alimentos fibrosos como frutas e vegetais é que representa ser a parte mais afetada pelas perdas dentárias (10). Um amplo volume de estudos tem sugerido que idosos edêntulos (sem dentes) têm um consumo de alimentos fibrosos significativamente inferior ao referido por indivíduos dentados deste mesmo grupo populacional (8). De acordo com uma revisão de literatura, Huttonn et al, (2002), indivíduos edêntulos tiveram significativamente maiores dificuldades em comer maçãs, tomates, verduras e nozes quando comparados com dentados, e entre os indivíduos dentados, o número de dentes naturais afetou significativamente a habilidade de mastigar alimentos (12). Em pesquisa realizada com idosos acima de 80 anos, Österberg e colaboradores (2002) reportaram que indivíduos com maiores perdas dentárias tiveram um consumo aumentado de pastas e cremes e uma menor ingestão de vegetais do que aqueles com um estado bucal mais preservado (20). O impacto das deficiências mastigatórias na seleção de alimentos pode estar relacionado com a preparação dos mesmos. Existe um risco de “superpreparação” de alimentos frescos (por exemplo, a retirada das cascas de frutas e vegetais) ou o cozimento exagerado destes últimos, em um esforço para fazer seu consumo mais fácil quando a capacidade mastigatória está reduzida (13). Além disso, muitos idosos usam processamento para tornar os alimentos mais fáceis para comer. Alguns tipos de processamento, como cozimentos longos, alteram o valor nutricional dos vegetais degradando nutrientes essenciais como Vitamina C, tiamina e folatos, reduzindo a biodisponibilidade esperada desses nutrientes no alimento ingerido (10). A seleção de alimentos mais fáceis para mastigar pode induzir o idoso a escolher aqueles com alto valor calórico, com a finalidade de suprir a falta de nutrientes contidos em cereais integrais, os quais são difíceis para mastigar. Outro fator importante poderia ser o Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira aumento do consumo de alimentos industrializados, os quais contêm grandes quantidades de substâncias sintéticas de segurança discutível. Edentulismo Edêntulos Têm dificuldade em mastigar alimentos fibrosos, mesmo quando utilizam próteses totais bem confeccionadas (3), e referem significativamente maiores dificuldades na mastigação quando comparados com indivíduos dentados, constituindo, portanto, o grupo que mais provavelmente irá alterar seus hábitos alimentares em função do estado bucal (12). Resultados do NDNS demonstraram que edêntulos tiveram significativamente menores escores de consumo de frutas, vegetais, fibras, açúcares intrínsecos não-lácteos, proteínas e nozes quando comparados com dentados (9). Em revisão de literatura, Hutton et al (2002), edentulismo sem reabilitação por próteses esteve associado significativamente com o consumo reduzido de carboidratos e vitamina B6, com uma tendência ao menor aporte de Vitamina B1, Vitamina C, fibras dietéticas, cálcio e ferro (12). Em outra população deste estudo, indivíduos que utilizavam dentaduras consumiram mais carboidratos refinados, açúcar e gorduras do que indivíduos dentados. Em uma extensa revisão de literatura, Ritchie et al. (2002) concluiu que edentulismo contribui para o empobrecimento do aporte nutricional considerando-se diversos nutrientes, na comparação com o consumo destes mesmos alimentos por indivíduos dentados (16). Em outra revisão da literatura, Hutton et al. (2002) sugerem que edêntulos apresentam carência de nutrientes específicos e que estas deficiências podem culminar em um aumento da incidência de várias desordens de saúde (12). Chai e colaboradores (2006) concluíram que idosas independentes que utilizam dentaduras e têm dificuldade em mastigar e deglutir têm um risco aumentado de desnutrição, fragilidade e mortalidade. Nesse estudo, o uso de próteses totais e a dificuldade em mastigar e deglutir estiveram associadas com uma alta proporção de idosas com baixo Índice de Massa Corporal (IMC), o qual representa um fator de risco para aumento na mortalidade entre idosos (26). De acordo com resultados do NHANES III, o consumo de alimentos específicos que são ricos em fibras e nutrientes, conhecidos por seus efeitos anticarcinogênicos e outros efeitos protetores sobre a saúde, estiveram diminuídos entre edêntulos em comparação com dentados em uma amostra representativa da população norteamericana. Especificamente, edêntulos não institucionalizados tiveram menores consumos de saladas, fibras e frutas do que indivíduos dentados (27). Estado bucal e Índice de Massa Corporal (IMC) Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira A inter-relação entre saúde bucal e saúde geral é mais pronunciada entre idosos. Assim, a saúde bucal precária pode aumentar os riscos para saúde geral, e o comprometimento das habilidades de comer e mastigar pode afetar o aspecto nutricional (18). Nesse contexto, manter uma dentição funcional e saudável na velhice pode ter um papel adicional importante em manter o Índice de Massa Corporal em níveis satisfatórios (11). Além disso, a saúde bucal debilitada pode contribuir para alterações de peso, na dependência da idade e de outras características populacionais. Diversos estudos realizados predominantemente entre populações de idosos vulneráveis (hospitalizados ou institucionalizados em casas geriátricas) demonstram um risco aumentado para perda de peso entre indivíduos com problemas bucais (16,28,29,30). A avaliação do estado nutricional, de grande importância na prática clínica, não dispõe de padrão ouro para diagnóstico das desordens nutricionais. O melhor método depende dos objetivos da avaliação. Desta forma, a OMS preconiza a utilização do IMC em estudos populacionais (31). Em uma pesquisa longitudinal com idosas independentes, a autoavaliação do uso de próteses e dificuldades em mastigar e engolir esteve associada com maior proporção de indivíduos com baixo IMC, o qual é um fator de risco para o aumento da mortalidade entre idosos (30). A prevalência da magreza em idosos no Brasil, principalmente na área rural, apresenta- se preocupante por estar dentro de limites (10% a 19%) referidos pela OMS como marcadores de situação de pobreza para a população adulta (31,32). O edentulismo pode ser um determinante de nutrição comprometida nas questões relativas à fragilidade de idosos, dada a deficiência de carotenóides e Vitamina C, que são encontrados em alimentos fibrosos como frutas e verduras, os quais têm seu consumo diminuído em edêntulos (30). Estudos do estado nutricional e peso corpóreo demonstraram resultados controversos. No NDNS (11), grandes diferenças no IMC foram encontradas entre indivíduos com 1 a 10 dentes e aqueles com mais de 10 dentes naturais. Nesse trabalho, idosos com menos de 21 dentes tiveram três vezes mais risco de ficarem obesos do que aqueles com 21 a 32 dentes nesse mesmo estudo (9). De acordo com os resultados do NHANES III, existe uma associação positiva entre o número de dentes, particularmente o número de pares de dentes posteriores, e o estado nutricional, além de uma associação inversa entre possuir de um a quatro pares de dentes Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira posteriores e o IMC. Um IMC elevado indica uma adaptação à capacidade mastigatória diminuída, o que pode ocasionar um maior consumo de alimentos ricos em calorias (15). Mojon et al. (1999)reportou que, em idosos institucionalizados com déficit funcional severo, a saúde bucal comprometida esteve associada com baixo IMC e baixa concentração de albumina sérica, que são dois marcadores de desnutrição (28). Em estudo conduzido por Soini e colaboradores (2003), também com idosos asilados, aqueles que possuíam dentes funcionais apresentaram escores de IMC adequados na comparação aos demais. Isto poderia estar relacionado com a habilidade em consumir diferentes tipos de alimentos e em não ter restrições nas escolhas alimentares (33). Ritchie et al. (2000) reportou que a saúde bucal é um fator de risco para perda significativa de peso entre idosos independentes da região de Nova Inglaterra. Mesmo ajustando para diversos fatores, edentulismo permaneceu um fator de risco independente para perda de peso durante o período de um ano (16). De acordo com estes autores, diversos estudos sugerem que perdas dentárias afetam a qualidade dietética e o aporte nutricional de tal forma que podem aumentar o risco para diversas doenças sistêmicas. Além disso, uma dentição abalada pode contribuir para mudanças de peso, dependendo da idade e de outras características populacionais (16). Os efeitos de uma saúde bucal deficiente na dieta de idosos vêm sendo amplamente reportados, onde indivíduos com comprometimentos da saúde bucal relataram um consumo significativamente menor de alimentos difíceis para mastigar, como frutas e verduras, comparativamente aos indivíduos com uma dentição funcional (7-15). Adicionalmente, pesquisas realizadas com diferentes amostras de idosos indicam que o edentulismo tem associação com um aporte diminuído de proteínas, vitaminas e micronutrientes contidos em alimentos fibrosos como os cereais, frutas, verduras e carnes (15). Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS CURSO: SAÚDE BUCAL PARA IDOSOS TELESSAÚDERS MÓDULO 04: Síndromes geriátricas Os 5 “is” da geriatria 1. Iatrogenia: são resultados de tratamentos, correto ou não. Que tem como resultado algum prejuízo para saúde. Estando relacionada com o consumo de medicamentos. “é você fazer o mal querendo fazer o bem”. O consumo de medicamentos é muito frequente em pessoas idosas, frequentemente apresentam doenças crônicas, com uso de medicamentos podem causar efeitos indesejáveis ao corpo. Cascata iatrogênica (medicamento combatendo o outro); Preconceito, por que se aceita muito as doenças, enfraquecimento, depressão, tristeza, isolamento como normal em pessoas idosas. 2. Instabilidade postural: risco de queda, não consegue se manter firme. As quedas são responsáveis mais 40% das admissões em casa geriátricas e relacionadas também ao óbito, fratura do fêmur. Principais fatores: camas altas, ou baixas, grades na cama, tapetes, chão muito polido, áreas mal iluminadas. Como avaliar o risco de queda, como isso aconteceu (tontura, fraqueza, se uma perna funciona mais que a outra). 3. Imobilidade: ficar restrito ao ambiente, cadeira de rodas ou em uma cama. As consequências são: depressão, confusão mental, hipotensão e constipação intestinal, incontinência e infecção urinária, trombose venosa e embolia pulmonar 20% das mortes em acamados, pneumonia e broncoaspiração, úlcera de pressão (escaras), atrofia muscular (sarcopenia). As orientações: mudança de decúbito (mudança) a cada 2 horas, colchão de água e óleos e hidratantes, curativos apropriados, aporte hídrico, metabólico e proteico. 4. Insuficiência (cerebral): demência e depressão são as condições mais frequentes relacionadas perda cognitiva, perda do funcionamento cerebral da pessoa idosa. É normal certa perda de memória com a idade. Quando essa perda de memória passa a ser grave, é importante fazer um diagnostico. Depressão tem impacto muito grande no autocuidado. Consumo de medicamento para controlar a depressão, os antidepressivos tem efeito de reduzir a produção de saliva. Sinais de que uma pessoa pode estar com depressão: queixas somáticas desproporcionais aos achados dos exames clinico e complementares, alterações do comportamento e da conduta, perda da capacidade funcional, distúrbio de memória, reação anormal ao luto, mudanças na vida social, institucionalização, etilismo de inicio recente. As demências são situações devastadoras, tem que ser acolhidas e cuidadas. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira 5. Incontinência (urinaria e fecal): são responsáveis por grande parte das internações em casas geriátricas e são responsáveis por situações como depressão, isolamento, por que as pessoas já não querem mais sair de casa por causa da incontinência. O maior problema da incontinência é o descaso, existe uma estimativa que apenas 30% dos médicos anotam no prontuário que o idoso de fato tem incontinência ou se quer pergunta. Um problema é a falta de preparo dos profissionais. Tem que ser feito um diagnóstico para saber o porquê, e fazer o tratamento. Incontinência fecal, muito comum em mulheres. Reserva biológica é a capacidade que temos de suportar as agressões do ambiente. Nunca é tarde, quanto antes melhor! Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS CURSO: SAÚDE BUCAL PARA IDOSOS TELESSAÚDERS MÓDULO 05 – Estomatologia Geriátrica Vídeo 01: O paciente idoso apresenta algumas particularidades como: Doenças cardiovasculares; Diabetes; Mal de Alzheimer; Mal de Parkinson; Artrite reumatoide. Visto isso, o número de medicamentos são mais frequentes, sendo que muitos deles tem efeito adverso na cavidade bucal. Dentre os principais efeitos adversos podemos destacar: hipossalivação e redução da capacidade imunológica (corticosteroides). Além disso ao fazer a anamnese é importante questionar o paciente sobre os principais sintomas, como febre, perda de peso, tosse, mal estar, presença de linfonodos aumentados de volume (ínguas) e dor abdominal, pois estas situações podem estar associadas a doenças que também tem manifestações na boca. Outros fatores importantes que podem determinar o aparecimento de lesões na boca são a dificuldade de controle do biofilme e o uso de próteses removíveis, principalmente se elas estiverem mal adaptadas e mal higienizadas. Não podemos nos esquecer de que isso mostra um alto índice de edentulismo no nosso país, ou seja, um grande número de pessoas perde os dentes precocemente e são desdentados em função da progressão da doença cárie ou da doença periodontal. Ainda alguns fatores a serem considerados podem incluir a exposição a fatores como, fumo, bebidas alcoólicas e radiação UV que são importantes, por exemplo, em relação ao câncer de boca, pois o efeito deletério desses hábitos vão se somar ao longo da vida. Muita informação é coletada na anamnese, etapa também chamada de entrevista dialogada, é fundamental perguntar ao paciente por que ele procurou a consulta, a quanto tempo existe alteração, e se foi feito algum tratamento prévio. A última etapa do exame clínico é o exame físico, até esse momento informações importante foram coletadas, sem necessariamente tocar no paciente, ou fazer visualização da sua boca. Curso Saúde Bucal para Idoso – UFRGS – Drª Ana Paula Teixeira O exame extrabucal corresponde a avaliação da região cabeça e pescoço, avaliação de presença de assimetria em face, e palpação dos linfonodos associados à boca. A palpação das cadeias de linfonodos da região submandibular, submentoniana e cervical superficial que fica no pescoço, podem trazer informações bastante importantes, quando os linfonodos dessas regiões forem palpáveis, lisos, móveis e dolorosos, isso vai nos indicar que existe algum processo inflamatório acontecendo naquela região da boca
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