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Gabriela Reis Viol Infecção do Trato Urinário • Ocorre em torno de 150 milhões de ITU no mundo e 6 bilhões de dólares são gastos por ano nos EUA em ITU. • 30% das mulheres entre 20 e 40 anos apresentam pelo menos 1 episódio na vida, sendo a recorrência um problema. A incidência em mulheres jovens é de 0,5 a 0,7 episódios por pessoa por ano. • Infecção do trato urinário é quase uma exclusividade do sexo feminino. Nos homens é menos frequente (5 a 8 infecções para cada 10 mil habitantes). Isso ocorre porque o trato urinário deles é protegido contra infecção urinaria, a uretra peniana longa associada a secreção prostática que é bactericida gera proteção. • A ITU nos homens é mais comum no 1º ano de vida devido a uma alteração anatômica congênita presente em alguns, que é a válvula de uretra posterior e depois dos 40 devido hipertrofia prostática (retenção urinária = “xixi parado dá mosquito”). Ou seja, o mais comum é ITU no homem antes do primeiro ano de vida ou após os 40 anos. • É importante entender que qualquer alteração no trato urinário seja do homem ou da mulher, que leva a retenção urinária predispõe a infecção urinária. • O diagnóstico é feito a partir dos sintomas de infecção urinária + agente infecioso (cultura de urina positiva). • É importante saber diferenciar a cistite da pielonefrite a partir dos sintomas: Cistite • Infecção do trato urinário inferior que cursa com: disúria (dor ao urinar: pode ser total, inicial ou terminal); polaciúria (urina toda hora e aos poucos), urgência miccional, dor suprapúbica, hematúria macroscópica e terminal. A disúria e a hematúria terminal são muito importantes para o diagnóstico. observação: perguntar durante a anamnese: quando dói? no início, durante ou ao final (para diferenciar cistite de vaginite). Nas vaginites a disúria geralmente é inicial. Nas cistites é do início ao fim ou terminal. Gabriela Reis Viol Epidemiologia DiagnósticO Pielonefrite • Infecção trato urinário superior que cursa com: febre, dor lombar unilateral (principais) e comprometimento estado geral. Além disso, o paciente pode apresentar mialgia, perda apetite, náusea e vômito. • A pielonefrite é sempre unilateral (é quase impossível a bactéria ascender aos dois rins ao mesmo tempo). A dor lombar é diferente da cólica renal. Na pielonefrite o rim está inflamado com a cápsula distendida e possui uma dor pulsátil, o doente se sente incomodado, porém não é tão intensa quanto a cólica renal. • No exame clínico: punho percussão – do lado da pielonefrite é positiva. • Alguns doentes que estão com muita mialgia sentem dor em tudo e pode confundir e achar que é positiva dos dois lados. Pielonefrite é unilateral. observação: o diagnóstico diferencial entre cistite e pielonefrite é clínico. No diagnóstico de infecção urinária é necessário ter sintomas de infecção urinária, sejam eles baixos ou altos, associados com uma urocultura positiva. No paciente sintomático (sintomas baixos ou altos) considera-se uma urocultura positiva quando tiver crescimento maior ou igual a 102 unidades formadoras de colônia/ml. O diagnóstico depende dos sintomas, a cultura é complementar, não se trata exame e sim paciente doente. • Nos pacientes portadores de infecção urinária a sensibilidade da piúria é muito alta. • Virtualmente não existe infecção urinária sem piuria. Toda infecção urinária tem que ter piúria — alta sensibilidade e alto valor preditivo negativo. Entretanto, a especificidade é baixa (50%) e o valor preditivo positivo (consequentemente) também, ou seja, se não analisa o contexto clínico tem-se 50% de chance de ser infecção urinária e 50% de não ser. Por isso a importância de analisar os sintomas. • É importante saber que existem outras situações, além da ITU, que podem cursar com piúria, como: 1. Contaminação: a mulher tem fluxo vaginal e no momento que a urina passa pode carrear um pouco desse fluxo que contém piócitos, gerando a piúria sem ITU. 2. Inflamação fora do trato urinário: as mais frequentes são as ginecológicas. 3. Doenças inflamatórias (não ITU) no trato urinário: como por exemplo glomerulonefrites que geram piúria. • É muito importante tomar cuidado para que não haja erros diagnósticos apenas pela presença da piúria. Gabriela Reis Viol Piúria x INfecção Urinária • Bacteriúria: é a presença de bactéria na urina. • Bacteriúria significativa: é a contagem de colônia maior que 105 unidades formadoras de colônia/ml. • É importante entender que não é preciso de bacteriúria significativa para fazer diagnóstico de infecção urinaria — paciente com sintoma de infecção urinária com contagem de colônia maior que 10² já é suficiente. • O paciente com bacteriúria significativa que não apresenta sintoma tem uma bacteriúria assintomática. Ou seja, para o diagnóstico de bacteriúria assintomática o doente precisa estar assintomático e ter cultura de urina com crescimento bacteriano maior que 105. • Como já foi falado, deve-se tratar o paciente e não o exame. Em alguns casos pode ocorrer bacteriúria sem ITU. Dessa forma, bacteriúria assintomática na maioria das vezes não é tratada. • Essa situação é comum em até 2 a 5% das mulheres jovens e 15 a 25% das mulheres idosas. • Caso a mulher tome antibióticos para bacteriúria assintomática pode acontecer 2 situações: I. Ela pode passar a ter sintomas (disúria, hematúria), porque o uso de antibióticos exterminou a flora habitual da bexiga e permitiu que ela fosse invadida por uma bactéria mais virulenta, transformando uma bacteriúria assintomática em uma infecção urinaria sintomática. II. A paciente pode fazer o uso de antibiótico e ao repetir a cultura ainda ter presença de bactérias. Dessa forma o médico troca o medicamento diversas vezes até que quando essa paciente desenvolver uma pielonefrite com bactéria multirresistente não terá remédio eficaz devido a adaptação bacteriana. Quando tratar uma Bacteriúria Assintomática? • Gravidez: toda mulher grávida deve ser avaliada e se tiver, deve ser tratada sempre, pois bacteriúria assintomática na gravidez está relacionada com prematuridade, baixo peso ao nascer e maior transformação para pielonefrite. • Imunossuprimidos: rim único (transplantado renal) • Pacientes que serão submetidos a procedimentos urológicos invasivos deve-se pesquisar bacteriúria assintomática e se tiver deve tratar, pois se disseminar a bactéria pode gerar uma sepse. • Paciente com cirurgia para colocar prótese, para evitar implantação de bactérias na prótese. • Crianças com refluxo vesico-ureteral (não é consenso: alguns tratam outros não). Gabriela Reis Viol Bacteriúria Assintomática • A ITU pode ser desde uma bacteriúria assintomática a um quadro de pielonefrite e sepse. Dessa forma, o espectro é muito grande. I. Bacteriúria assintomática (≥ 105 ufc/ml). II. Síndrome Uretral Aguda (≥ 10² ufc/ml). III. Cistite Bacteriana Aguda (≥ 105 ufc/ml). IV. Pielonefrite Aguda. V. Abscesso Renal/Perinefrético. observação: a síndrome ureteral aguda e a cistite ureteral aguda são englobas em um só grupo, mas alguns autores ainda separam as duas. O sintomas são os mesmo, o que diferencia é a contagem de colona. • Independente da apresentação clínica, as ITU são divididas em complicadas e não complicadas, sendo a maioria das cistites não complicadas. Complicadas • Alteração anatômica e/ou funcional das vias urinárias: cálculo urinário obstruindo ureter, doente prostático, bexiga neurogênica. • Portadores de DM. • Imunossuprimidos. • Gravidez. • Sexo masculino. observação: complicada não é no sentido de gravidade. É a presença ou ausência desses fatores acima. Isso vai ditar o espectro de antibiótico a ser usado e durante quanto tempo. As não complicadas são tratadas com dose única ou no máximo 3 dias de antibiótico. As complicadas são com medicação de amplo espectro e de 7 a 14 dias. • Além disso, elas podem ainda ser classificadas como: episódio isolado e recorrentes:Recaída • É a piora de uma infecção urinária preexistente, isso é importante na prevenção, são infecções consecutivas pelo mesmo agente. Ou é sinal que a bactéria era resistente ao antibiótico ou alteração anatômica ou funcional que não permite que a infecção se cure. Gabriela Reis Viol Classificação da ITu • Precisa de cultura para saber se a bactéria era resistente ao antibiótico usado, e se era, deve- se fazer uma avaliação do trato urinário com imagem para ver se ele tem fator obstrutivo ou corpo estranho como tumor. Reinfecção • Infecção recorrente (sintomas baixos ou altos), por bactérias de cepas diferentes, com urina estéril entre 2 episódios. • A principal bactéria responsável pelas infecções urinárias, tanto ambulatorial quando hospitalar é a Escherichia coli. • Isso tem uma importância clínica grande, pois o antibiótico tem que ser eficaz contra E. coli. • Na mulher sexualmente ativa depois da E. coli a bactéria mais frequente é o Staphylococcus saprophyticus. Depois vem as outras enterobacteriaceas. • A infecção urinária é monobacteriana. Todas as vezes que em uma cultura de urina crescer mais de uma bactéria deve-se pensar primeiramente em contaminação da amostra que não foi colhida corretamente e por isso está crescendo 2 ou 3 tipos de bactérias diferentes. A segunda possibilidade é corpo estranho no trato gênito urinário, como por exemplo um paciente sondado, com cálculo nas vias urinárias, tumor nas vias urinárias. A terceira causa de infecção urinária polimicrobiana é a presença de uma fístula entre o trato urinário e o trato genital ou entre o trato urinário e o intestino, como por exemplo um paciente com Doença de Crohn (doença fistulizante). • De uma maneira geral infecção urinária é monobacteriana e a bactéria mais frequente é a E. coli. Nas infecções urinárias complicadas a bactéria mais frequente também é a E. coli. Independente da infecção ser ambulatorial ou hospitalar, complicada ou não complicada a mais comum é a E. coli. • No intestino existe enterobactérias uropatogênicas, sendo a mais comum a E. coli. Essa bactéria é capaz de colonizar a região peri-ureteral e o vestíbulo vaginal. Vale ressaltar que essa colonização não tem relação com falta de higiene visto que existem receptores para a bactéria nessas regiões, sendo fácil a colonização. • Durante o intercurso sexual, essa bactéria que está presente na região peri-ureteral e no vestíbulo vagina, é inoculada na bexiga. Dessa forma, é fácil entender por que a maioria das cistites surgem após a primeira relação sexual. Gabriela Reis Viol MicrobioloGia PaTogenIa • Quando a bactéria alcança a bexiga, existem duas possibilidades: I. O ambiente ser hostil para a bactéria e durante a micção (principal mecanismo de proteção da bexiga contra infecção urinária) a E.coli é carreada. Ou seja, a bactéria chega a bexiga e percebe que não tem um ambiente propício para sua fixação no urotélio e dessa forma é eliminada e não ocorre a ITU. II. O ambiente ser propício, com receptores para suas fímbrias, facilitando a ligação no urotélio da bexiga, dando inicio a infecção urinária/cistite bacteriana. • A partir da bexiga a bactéria pode ascender pelo ureter até alcançar o rim, iniciando o processo inflamatório supurativo que é a pielonefrite. Por esse motivo seria impossível uma pielonefrite bilateral já que a chance de a bactéria ascender simultaneamente pelo ureter esquerdo e direito é quase nula. Dessa forma, entende-se por que a pielonefrite é sempre unilateral. • Essa patogenia deve ser explicada para a paciente, pois ela não entende o motivo de ter infecção urinária. Isso também faz a paciente entender por que após a relação sexual é importante urinar. • A higiene vaginal é importante, mas não previne infecção urinária, muito pelo contrário, quando se faz higiene em excesso (com ducha por exemplo) pode acabar inoculando a bactéria. • Então, deve ser uma higiene habitual, com água e sabonete. • O mais importante é urinar após a relação sexual. Para lavar a bexiga (principal mecanismo de proteção). observação: nas crianças deve-se evitar fazer a limpeza de trás para frente já que isso "traz" a bactéria para a frente e como a E. coli possui muita mobilidade pode penetrar no trato urinário mesmo sem atividade sexual. Entre 15 e 50 anos de idade • Atividade sexual. • Diafragma. • Espermicida. • Antimicrobianos: uso de antimicrobianos prévios — tratamento de bacteriúria assintomática. • ITU prévia. • História materna de ITU: talvez esteja relacionado com a transmissão de receptores para E.coli. Mulher que possui ITU de repetição pode transmitir para as filhas. Gabriela Reis Viol Fatores preDisponenTes nas Mulheres De 50 a 70 anos • Deficiência de estrógeno: a redução do estrógeno altera o tropismo da região vulvoperineal e facilita a infecção urinária. • O tratamento preventivo é água e o estrógeno loção intravaginal, uma a duas vezes por semana, que melhora o trofismo da região e impede novas infecções. • Cirurgia urogenital. • Incontinência. • Cistocele. • Urina residual. • Alterações anatômicas ou funcionais do trato urinário. Após 70 anos • Cateter. • Incontinência. • Cirurgia urogenital. • Demência. • Antimicrobianos • Quando a paciente chega com queixas de disúria, polaciúria, dor suprapúbica, urgência miccional e hematúria tem-se 50% de chance de ter uma infecção urinária. • Quando esses sintomas de irritação vesical estão associados a ausência de fluxo e/ou irritação vaginal, a probabilidade de infecção urinaria aumenta par 90%. • Portanto, uma paciente com dor, queimação e ardência ao urina tem chance de 50% de ser uma ITU. Em seguida deve-se perguntar se tem fluxo vaginal, dispareunia ou irritação vaginal. Se a resposta for positiva para uma dessas 3, como por exemplo um corrimento amarelado ou dor durante a relação sexual, provavelmente será infecção ginecológica e não urinária. Entretanto, se a paciente possuir os sintomas durante a micção sem a presença dos sintomas ginecológicos supracitados, tem-se 90% de chance de ser ITU. • Portanto, o diagnóstico de infecção urinária baixa/cistite passa por manifestações clínicas de irritação vesical sem queixa ginecológica. Não pode ter fluxo vaginal, não pode ter dispareunia e nenhuma irritação vaginal. Várias pacientes acham que tem infecção urinária de repetição e na verdade tem herpes genital de repetição, que gera dor ao urinar e é tratada com antibiótico. Gabriela Reis Viol Reconhecendo… Cistite aguda não complicada • Cistite eventual ou com pelo menos 2 meses de intervalo entre o atual e o episódio anterior, com sintomas urinários baixos (disúria predominantemente terminal ou total, polaciúria e/ou dor supra-púbica) acompanhados ou não de hematúria; ausência de fluxo e/ou irritação vaginal, de febre, dor lombar e de critérios de ITU complicada com exame físico normal. • O tratamento desses pacientes é feito por 3 dias sem necessidade de exames laboratoriais. • Portanto, mulher caracteristicamente com cistite não complicada não pede exame, o diagnóstico é pré clínico. Tratar durante 3 dias ou com dose única e então a paciente estará liberada. Caso ela retorne, s o l i c i t a - s e e x a m e s complementares. Cistite aguda complicada • Apresentação clínica igual a da cistite aguda não complicada, associada a condições prévias que aumentam o risco de falência do tratamento: ITU em homens, mulheres com mais de 65 anos, diabete mellitus, gravidez, nefrolitíase com obstrução, sintomatologia por mais de 7 dias, Gabriela Reis Viol TratamenTo Primeira linha Segunda linha macrodantina 100mg vo 8/8h 5d fosfomicina 3g vo dose única norfloxacina 400mg vo 12/12h 3d smx/tmp 800/160mg vo 12/12h 3d amox/clav 850mg vo 12/12h 3-7d cefaclor bd 500mg vo 12/12h 3-7d cefalexina 500mg vo 6/6h 3-7d anormalidades anatômicas e/ou funcionais do trato urinário que dificultem o livre trânsito da urina. • O tratamento deveráser por 7 a 10 dias e tem necessidade de cultura prévia. • Portanto, se tem uma paciente com cistite bacteriana aguda complicada, trata-se por 7 a 10 dias e antes de iniciar pede-se uma cultura de urina. Então deve-se receitar o remédio, mas orientar para tomar apenas após colher a urina para cultura. Enquanto a cultura fica pronta já pode ir tomando ATB já que 80% dos casos de infecção urinária são causados por por E. coli. Gabriela Reis Viol Tratamento oral ciprofloxacina 500mg 12/12h 7-14d levofloxacina 750mg/dia 5d Tratamento Venoso ciprofloxacina 400mg 12/12h 7-14d levofloxacina 750mg 24/24h 5d ceftriaxona 1g 24/24h 7-14d pipe/tazo 4,5g 6/6h 7-14d meropenem 1g 8/8h 7-14d cefepima 1g 12/12h 7-14d Dessa forma, é prescrito um antibiótico que tem espectro contra E. coli. Quando a cultura estiver pronta, verifica se era sensível ou não. • É considerado infecção urinária de repetição quando a mulher tem 3 ou mais infecções urinárias no período de 1 ano. • Diante de uma mulher que chega com infecção urinária recorrente, a primeira coisa é confirmar se é infecção urinária. Tem que ter sintomas de irritação vesical na ausência de queixas ginecológicas. • A maioria das mulheres que vão ao ambulatório com ITU de repetição tem na realidade uma infecção ginecológica que provoca disúria e polaciúria. Então a primeira coisa é ter certeza do diagnóstico. Depois saber se é uma recaída ou uma infecção. • RECAÍDA: é a piora de uma infecção urinária previamente existente, ou seja, é a mesma bactéria. Ou foi utilizado o antibiótico e a bactéria era resistente a ele, por isso a doente não melhorou, ou foi utilizado o antibiótico certo, mas a paciente tem uma anormalidade nas vias urinárias, mecânica ou funcional, que não permitiu esterilizar a bexiga. Então pacientes com recaída vão para pesquisa urológica com tomografia ou urografia ou USG pra ver o que esta acontecendo. Nessas doentes o tratamento geralmente é de 4 a 6 semanas com dose plena de antibiótico. • REINFECÇÃO: aqui é onde encontra-se o maior número de mulheres com infecção urinária recorrente, são as que tem reinfecção. A paciente tem uma infecção urinária hoje, faz o tratamento, melhora e daqui a 2, 3, 6 meses tem outra infecção urinária. Pode ser até por E.coli, mas provavelmente se verificar a cepas, elas serão diferentes. Diante de uma paciente com reinfecção a pergunta é: “você usa diafragma ou espermicida?” Se ela usar um ou outro, até que se prove o contrário as reinfeções estão acontecendo por esta razão, então deve-se abolir o uso. De uma coisa ou de outra. Se ela não usar nenhum dos dois perguntar se tem mais ou pelo menos 3 infecções urinárias por ano, se a resposta for sim ela é candidata a profilaxia pós coital ou profilaxia contínua. • Dentre as formas de PREVENÇÃO destaca-se: reconhecer e afastar os fatores de risco, aumentar a ingesta hídrica, cranberry (proantocianidinas inibem a aderência da E. Coli ao uroepitélio), lactobacilos (supositórios vaginais inibindo o crescimento de uropatógenos), vacinas (URO-VAXOM), estrogênio vaginal na menopausa. • Profilaxia pós coital: como existe uma íntima relação entre infecção urinária e intercurso sexual (a doente te fala “tenho relação hoje e amanhã sinto dor pra urinar”) nessas pacientes a profilaxia pós coital funciona bem. A orientação é acabar a relação sexual e ir ao banheiro urinar e tomar 1 cp de bactrim. Se tiver relação sexual todo dia complica, mas o habitual é ter 2/3 relações por semana, então nessas doentes a profilaxia pós coital funciona. Gabriela Reis Viol InFecção uRinária recOrrente • Ou pode ser feito a profilaxia contínua: usa-se uma pequena dose de sulfametoxazol/ trometoprim diariamente a noite, independente de relação sexual, toma-se meia dose. • Caso a paciente tenha menos ou até 2 infecções por ano não é candidata a profilaxia, devendo ser feito o tratamento isolado de cada uma. • O tratamento contínuo deve ser feito por 6 meses a 1 ano. Depois, deve ser suspenso e se continuar fazendo ITU o tratamento continuo recomeça e deve ser feito quase que por toda a vida. • A patogenia da infecção urinária é por via ascendente, bactéria na vagina, cai na bexiga, chega no ureter e vai pro rim. • Então todo paciente com pielonefrite tem que ter história recente de cistite? NÃO. A infecção urinária baixa na pielonefrite pode ser assintomática e a paciente já se manifesta com pielonefrite. • Então, não necessariamente para o diagnóstico de pielonefrite tem que ter uma cistite 5, 10, 15 dias antes. Gabriela Reis Viol antimicrobiano Dose efeito sobre flora vaginal smx/tmp norfloxacin nitrofurantoína sulfa cefalexina cefaclor 40mg/200mg 200mg 50-100mg 500mg 125-250mg 250mg + + - - - - PieLonefrite aGuda Indicações de hospitalização • Perda da via oral: em medicina, todo doente que perdeu a via oral fica no hospital, independente da doença. Se o doente está vomitando ele fica. Não manda doente vomitando pra casa, pois ele vai continuar vomitando, vai voltar desidratado e a medicação via oral não vai ser eficiente. Doente que vomita fica, pelo menos até parar o vômito. • Intolerância a medicamentos. • Pielonefrite aguda em homem: cistite aguda em homem é complicado. A pielonefrite aguda em homem é igual internação, pois até que se prove o contrário ele tem alguma obstrução urinária que vai talvez precisar de intervenção urológica. • Pielonefrite aguda na gravidez. • P ie lone f r i t e assoc iada a anormalidades anatômicas e/ o u funcionais do trato urinário: paciente com clinica de pielonefrite (paraplégico por exemplo). • Pielonefrite associada a sepse grave ou choque séptico. • P i e l o n e f r i t e a g u d a e m imunossuprimidos. Gabriela Reis Viol bacterioscopia usg urocultura positiva sinais obstrutivos avaliação urológica sem sinais obstrutivos Iniciar tratamento c/ atb boa resposta us tc anormal re(avaliação) urológica manter tratamento resposta Insatisfatória antibioticoterapia antibiograma 2 Antibioticoterapia empírica Gabriela Reis Viol Tratamento Venoso ciprofloxacina 400mg 12/12h 7-14d levofloxacina 750mg 24/24h 5-7d ceftriaxona 2g 24/24h 7-14d meropenem 1g 8/8h 7-14d cefepima 1g 12/12h 7-14d pipe/tazo 4,5g 6/6h 7-14d amicacina 15mg/kg 24/24h 5-14d gentamicina 5mg/kg 24/24h 5-14d Gabriela Reis Viol
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