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GABRIELA MARQUES - CINEMA PARADISO 01 06 2020

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Câmpus de Três Lagoas
 Teorias da Narrativa
 Profª Drª Kelcilene Grácia-Rodrigues
	
GABRIELA MARQUES ALVES
Atividade Avaliativa 
Análise da categoria temporal do filme “Cinema Paradiso”
2020
O presente trabalho tem como objetivo apresentar, de forma sintética, uma análise da categoria temporal do filme “Cinema Paradiso”, tendo como suporte o texto do Benedito Nunes, com o complemento de Carlos Reis e Ana Cristina e as discussões em sala de aula. Nessa análise será avaliado se os textos teóricos foram entendidos e se conseguimos aplicar as teorias no filme, contemplando as classificações de ordem, duração e frequência da temporalidade. 
O filme analisado é produzido pelo italiano Giuseppe Tornatore, lançado em 1988, sendo um alterego do cineasta se identificando profundamente com o personagem Salvatore. Numa noite chuvosa o protagonista recebe a notícia da morte de Alfredo e automaticamente recorda de seu amigo que era responsável pelo “Cinema Paradiso”, onde o garoto reconhecido como Totó era acolhido. Alfredo é visto como uma figura paterna para o menino, pois o pai foi morto na guerra e a mãe não era tão amorosa, então encontra no cinema e em Alfredo, o motivo de fugir de sua realidade. A história narrada conta com um caprichado roteiro e utiliza da metalinguística para mencionar referências ao próprio cinema. 
A história começa na mãe de Salvatore tentando ligar para avisar a morte de Alfredo, assim que chega em casa, deita-se e é recebido com a triste notícia, então trovões e raios compõe a cena como se esses flashs de luz fossem a consciência retomando o passado dele. Totó era coroinha da igreja, mas passava as tardes no único cinema da cidade, onde todos os moradores se encontravam para assistirem os filmes – única fonte de entretenimento – escapando dos problemas, falta de dinheiro e a pós-guerra. O projecionista fica responsável por operar as câmeras e cortar os filmes nas cenas de beijos que o Padre não permitia, então o amor do garoto pelo mundo fantasiado faz com que nasça uma amizade com Alfredo. 
O menino começa a frequentar a cabine do projecionista tentando aprender tudo sobre o manuseio da máquina, porém num dia projetando o filme para todos na parede de uma casa o equipamento pega fogo colocando a vida de Alfredo em risco, mas o pequeno garoto a salva. A queimadura provocada no rosto do senhor deixa-o cego, assim tornando Totó o mais novo projecionista do Cinema Paradiso. Na adolescência além de todos os problemas vividos pelo garoto, surge um novo: sua vida amorosa, por seu único amor pela linda Elena não ser correspondido.
A partir desse momento vemos um Totó que não encara mais a vida com a magia – parecendo no filme nunca ter esquecido Elena – vai para Roma servir ao exército, quando retorna encontra uma cidade deserta, então seu amigo Alfredo observando seu sofrimento sugere que ele saia da cidade para viver uma vida de esperança para valer o seu potencial, pedindo para que o jovem nunca mais retornasse. O pedido de Alfredo sobre o distanciamento do garoto para outro lugar era com a esperança de que se reencontrasse e renascesse, para executar seu sonho pela paixão pelo cinema. Após retornar, trinta anos depois, suas lembranças parecem vivas naquele lugar, vivenciando não apenas o enterro de seu querido amigo, mas a demolição do cinema e o presente que foi lhe entregue. 
Para desenvolver está análise é preciso entender que a diegese segundo Genette é o termo para designar o universo espacial-temporal no qual a história se desenrola. O aspecto de ordem está na compreensão das conexões entre o tempo contado, o significado, o significante e a narrativa, isto é, a articulação temporal. O aspecto de duração é o ritmo da narrativa e a alternância de situações no meio do discurso, e, por fim, o aspecto da frequência que relaciona a diegese e a narrativa, como a narrativa transcreve a história, quando é interrompida, repetida, reduz etc. A beleza de uma narrativa não está no “o que se conta”, e sim, no “como se conta”, o modo da manipulação artística e a forma que a narrativa vai se construindo. 
A construção da narrativa pode ser denominada como uma sintagmática narrativa fragmentada, pois a ordem que os fatos são narrados não mantem uma ordem cronológica linear, tendo fragmentados do passado e voltando para o momento que a história iniciou. A narrativa se inicia com fatos que pertencem ao desfecho da história, ou seja, começou pelo presente para desenvolver a narrativa contando sua história no passado, isto é, usou do recurso “in ultima res”. As marcas discursivas possibilitam delimitar a idade de Salvatore quando sua mãe diz “(...) faz mais de 30 anos que ele não vem aqui” podendo estar na casa dos 50 anos. 
A anacronia é o termo dado para todo o tipo de alteração da ordem dos eventos da história, ou seja, é um dos domínios da organização temporal da narrativa como observa Genette. A prolepse corresponde a todo movimento de antecipação pelo discurso de eventos cuja história é posterior ao presente da ação, no filme podemos notar que há esse recurso quando Alfredo promete para Totó as fitas e quando volta a cidade é entregue a ele o presente que seu amigo lhe deixou. Então aquelas cenas de beijo dos filmes que eram cortados e que tanto gostaria de assistir é contemplado no final do filme com cada uma delas. 
A anisocronia tem relação com a velocidade do tempo, entende-se a toda alteração seja no discurso ou duração da história, tendo quatro processos narrativos: pausa, sumário, extensão e elipse. No filme “Cinema Paradiso” encontramos duas – elipse e sumário – a elipse é compreendida no campo da duração, a velocidade do discurso ao tempo da história, faz o processo de supressão de lapsos temporais, assim, no filme encontramos esse recurso na parte em que após o acidente Alfredo aparece na cabine de projeção, Totó com 7 anos, Alfredo passa a mão por seu rosto e 10 anos se passam. 
O sumário é um resumo da história, de tal modo que o tempo aparece reduzido no discurso, está ligada a resumo dos acontecimentos de ações não tão relevantes, este, encontramos em alguns pontos, como, no começo do filme em que o padre está tocando o sino para que Alfredo corte as partes dos beijos dos filmes, mostra várias sínteses dos filmes e apenas o sino tocando, ai do sino que padre está tocando pula para os sinos da igreja badalando entrando outra cena. Outra parte é quando o cinema pega fogo, fazendo um resumo na recuperação de Alfredo e a construção do novo cinema. Há também a cena em que Totó vai para Roma servir ao exército, onde todo esse percurso e tempo é sintetizado. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Blog sobre Estrutura Narrativa. Disponivel em: < http://elementosnarrativa.blogspot.com/2010/06/estrutura-narrativa_20.html> Acesso em 20/05/2020.
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. 2 ed. São Paulo: Editora Ática S.A.1995.
REIS, Carlos. LOPES, Ana Cristina M. Dicionário de Teoria da Narrativa. São Paulo: Editora Ática S.A. – 1988. 
Site Obvious – Resumo sobre filme. Disponível em: < http://lounge.obviousmag.org/dona_efemera_e_dona_perpetua/2013/08/cinema-paradiso-e-a-beleza-da-setima-artedo-beijo-e-da-amizade.html> Acesso em 25/05/2020.
TORNATORE, Giuseppe. Cinema Paradiso. Filme disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=lNSDY9fbDJI> Acesso em 06 de maio de 2020.

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