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Pilares das Políticas 
de Compliance I
SLIM GUIDE | AULA 01
Pilares das Políticas 
de Compliance
GISLENE CABRAL
Já presenciamos uma série de escândalos corpora-
tivos e como o apetite ao risco, a falta de controles 
e a ausência da ética foram algumas das razões que 
contribuíram para o declínio de empresas que apa-
rentavam ser sólidas e perenes. Estes casos trazem à 
tona os temas abordados nesta disciplina, que serão 
abordados tanto de vista conceitual quanto às impli-
cações práticas no ambiente competitivo.
Fala-se muito em governança corporativa e embora o 
tema não seja tão novo, recebe cada vez mais desta-
que no mundo empresarial e contribui com o desen-
volvimento de uma maior consciência da alta gestão. 
Mas onde entram os Programas de Compliance nes-
se contexto?
Compliance não é um ativo fixo pelo qual é possível 
atestar rapidamente se o bem ainda existe, se está 
em boas condições de uso ou se está sendo utilizado 
de acordo com suas características. Refere-se a um 
conjunto de ações relacionadas ao investimento em 
pessoas, processos e conscientização, além de ser 
um dos pilares da boa governança corporativa.
Compliance tem origem no termo “Comply” que 
em inglês significa “agir em sintonia com as re-
gras”, ou seja, possui alinhamento entre suas 
políticas de gestão, assim controles internos e 
externos para que estejam em conformidade 
com as normas e ambiente regulatório. 
Por meio de um Programa de Compliance, bus-
ca-se assegurar que todas as políticas e dire-
trizes estabelecidas para seu negócio estejam 
cumprindo as imposições dos órgãos de regula-
mentação, dentro de todos os padrões exigidos 
de seu segmento, nas diferentes esferas, seja 
ética, ambiental, trabalhista, fiscal, contábil, fi-
nanceira, jurídica, previdenciária, etc.
Em termos de sua gestão, nada adianta investir nes-
tes pontos sem atribuir indicadores de desempe-
nho para monitoramento das atividades. Sem estas 
informações, ficará impossível garantir se de fato a 
empresa está em conformidade. Para tanto, é im-
prescindível que as empresas determinem KPIs (Key 
Performance Indicators) de Compliance e realmente 
possuam um programa efetivo de monitoramento, 
como abordaremos ao longo de nossas aulas.
PILARES DE PROGRAMAS DE 
COMPLIANCE
Um Programa de Compliance pode ser definido como 
um sistema complexo e organizado que integra di-
versos componentes organizacionais que interagem 
entre si, tanto internamente quando com o ambien-
te externos. É um sistema que depende de pessoas, 
processos, sistemas de informações, documentos, 
ações e indicadores de gestão.
Segundo os requerimentos do Federal Sentencing 
Guidelines, os componentes ou pilares mínimos de 
um Programa de Compliance:
1
Suporte 
da alta 
administração
4
Controles 
Internos
7
Investigações 
Internas
2
Avaliação 
de Riscos
5
Treinamentos 
e Comunicação
8
Due 
Diligence
3
Código de 
Conduta de 
Políticas de 
Compliance
6
Canais de 
Denúncias
9
Monitoramento 
e auditoria
INDICADORES DE MONITORAMENTO 
E GESTÃO DE PROGRAMAS DE 
COMPLIANCE
Para a efetividade e aferição de cumprimento dos 
Pilares de Compliance, tão essencial quanto a sua 
implantação de um programa de integridade corpo-
rativa, é a sua gestão por meio de indicadores, que 
devem ser monitorados e utilizados como ferramen-
ta de melhora da gestão empresarial.
A organização e os responsáveis pela condução do 
programa darão suporte na escolha das esferas de 
monitoramento, como exemplo: financeiro, clientes, 
colaboradores e processos.
Estudo realizado em 2006 pela PWC verificou que, 
de 73 instituições analisadas, apenas 41% trabalha-
vam com os KPIs para a área de Compliance, 38% 
os utilizavam para análises preventivas, 18% 
começaram a utilizar e desenvolver os indicadores e 
3% não os havia definido.
Nessa pesquisa foram listados indicadores chaves de 
desempenho:
 ● INDICADORES DE TREINAMENTO: treinamento 
fornecido x planejado, quantidade de funcionários 
que realizaram o treinamento x quantidade de fun-
cionários elegíveis na organização, rotatividade de 
funcionários x tempo para treinar os funcionários 
admitidos, dentre outros relacionados à gestão de 
pessoas.
 ● TESTES REALIZADOS X PLANEJADOS: depen-
dendo da estrutura de Compliance implantada na 
organização, a função pode contemplar a execução 
de testes nas áreas com objetivo de mitigar os riscos 
de sanções regulatórias e de reputação, garantindo a 
aderência à regulamentação e às políticas internas. 
Como exemplo de teste, é possível citar o de avaliar 
um percentual dos clientes que iniciaram relacio-
namento no mês para garantir que o procedimen-
to “conheça o seu cliente” tenha sido devidamente 
executado.
 ● REVISÃO DE AUDITORIA: os trabalhos de au-
ditoria fornecerão indicadores importantes para 
que Compliance avalie, acompanhe pontos em não 
conformidade, fragilidade nos controles internos e 
a velocidade na correção das falhas, e assim, tenha 
uma percepção sobre a evolução da aderência à cul-
tura de Compliance e melhoria no sistema de contro-
les internos da organização.
 ● RESULTADO DOS EXAMES DOS REGULADORES: 
avaliações satisfatórias em supervisões dos regula-
dores representam indicadores do trabalho desen-
volvido pela área de Compliance e sua adequação às 
melhores práticas de mercado.
 ● AVALIAÇÃO COMPLETA DO MONITORAMENTO 
DE COMPLIANCE: da mesma forma os resultados de 
revisões de auditoria na área permitirão entender o 
grau e evolução dos trabalhos realizados e o grau de 
adesão da organização à cultura de Compliance por 
meio da disseminação atribuída à função.
 ● AGILIDADE DO COMPLIANCE: em relação às mu-
danças nas políticas e procedimentos, este indicador 
permite avaliar a rápida adequação às normas exter-
nas reduzindo o risco, ou seja, risco de sanções regu-
latórias pelo não cumprimento destas.
Além dos indicadores levantados na pesquisa, apre-
sento abaixo demais pontos de monitoramento que 
também são importantes:
 – PAGAMENTO DE INDENIZAÇÕES (AÇÕES 
ADVERSAS): realizar estudo e acompanhamento 
para identificar a natureza dos problemas que ori-
ginaram as indenizações e alertar os responsáveis 
quanto à correção dos fatos geradores;
 – CÓDIGO DE CONDUTA: comprovação de entrega 
e leitura do Código de Conduta e demais documen-
tos de conhecimento obrigatório do empregado;
 – CANAL DE DENÚNCIAS: acompanhar as denún-
cias e alertar os responsáveis quanto à correção dos 
fatos geradores;
 – POLÍTICAS E PROCEDIMENTOS INTERNOS: apu-
rar e acompanhar a atualização de políticas e 
procedimentos;
 – CULTURA COMPLIANCE: quantidade de cursos 
realizados para os empregados sobre disseminação 
da cultura do Compliance;
 – ACOMPANHAR FATOS ANORMAIS: entenda-se 
por fatos anormais a realização de ações efetuadas 
pelos empregados que são contrárias às políticas e 
procedimentos da organização.
Com implantação de um sistema de indicadores 
(KPIs) para monitoramento e o compromisso de to-
das as partes para o efetivo cumprimento do pro-
grama de Compliance, haverá uma maior segurança 
dos funcionários, acionistas e stakeholders quanto 
à prevenção de desvios de conduta e resguardo da 
integridade da empresa.
Um ponto importante a destacar é que independen-
temente do programa de monitoramento que a em-
presa decidir adotar, a alta administração deverá ser 
envolvida desde o início do processo, pois sem o seu 
apoio é provável que não exista sucesso na adoção 
do respectivo programa.
Se a empresa já possui a consciência de que identifi-
car e monitorar os indicadores é tema de grande re-
levância para garantir uma “Cultura de Compliance” 
na organização, não há dúvidas de que a empresa 
está no caminho e entende o que significa uma boa 
governança corporativa.
PARA SABER M
AIS
Documento publicado pelo Basel 
Committee on Banking Supervision – 
Bank for International Settlements – BIS 
(Comitê da Basileia), em 2005, denominado 
“Compliance and the Compliance Functions 
Banks”, que determinou as recomendações 
sobre a função de Compliance em formade 
princípios.
Há um detalhamento destes princípios no li-
vro “Compliance 360º”, onde os autores Ana 
Paula P. Candeloro, Maria Balbina Martins 
De Rizzo e Vinícius Pinho fizeram uma livre 
tradução deste documento.
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