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1 FACULDADE EDUCACIONAL ARAUCÁRIA MARIELLY SIQUEIRA PROPOSTA DE DESEMULSIFICAÇÃO DE EFLUENTE OLEOSO DE UMA INDÚSTRIA METALMECÂNICA PARA FINS DE DESTINAÇÃO CURITIBA 2017 2 MARIELLY SIQUEIRA PROPOSTA DE DESEMULSIFICAÇÃO DE EFLUENTE OLEOSO DE UMA INDÚSTRIA METALMECÂNICA PARA FINS DE DESTINAÇÃO Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à conclusão do Curso de Engenharia Ambiental da Faculdade Educacional Araucária Orientador: Prof. Marcelo Zawadzki Bueno CURTIBA 2017 3 TERMO DE APROVAÇÃO MARIELLY SIQUEIRA PROPOSTA DE DESEMULSIFICAÇÃO DE EFLUENTE OLEOSO DE UMA INDÚSTRIA METALMECÂNICA PARA FINS DE DESTINAÇÃO Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel no curso de Engenharia Ambiental da Faculdade Educacional Araucária pela seguinte banca examinadora: Coordenador do curso _________________________ Marcelo Zawadski Bueno Banca examinadora _________________________ Prof. Marcelo Zawadski Bueno (orientador) _________________________ Prof.ª Alinne Mizukawa _________________________ Prof. Rafael Delgado Curitiba, 08 de Dezembro de 2017. 4 Dedico este trabalho a minha Mãe e meu Pai, sem eles nada disso seria possível. 5 AGRADECIMENTO Agradeço ao meu Professor Orientador pela paciência e pela compreensão, afinal em muitas oportunidades foi difícil decidir entre trabalho e faculdade. Agradeço também por todo o apoio técnico e aprendizado durante o período de realização deste trabalho. Agradeço aos meus amigos pela paciência e por saberem que eu não poderia estar presente em todos os momentos, mas que me apoiaram e me inundaram de pensamentos positivos para continuar. Agradeço aos meus colegas de curso, que sempre me regaram de boas energias e risadas nos momentos mais difíceis. Agradeço aos demais professores do curso por nos dar amparo e ajuda nos momentos decisivos para a finalização do trabalho, por serem maleáveis para que fosse possível conciliar aulas e pesquisa. Agradeço aos meus pais, por terem me apoiado e me dado uma educação impecável, sem a qual jamais seria possível alcançar o que estou alcançando neste momento. Agradeço ao meu namorado pela enorme paciência e por entender que a conclusão deste trabalho significava muito para mim e por ter me apoiado e não deixado desistir em certos momentos. E também pelo empréstimo da internet no meio de uma mudança, sem dúvida foi primordial. Agradeço a todas as energias boas que o universo emana e todo acalento que Deus nos dá quando estamos passando por períodos em que não acreditamos em nós mesmos, e que o objetivo parece estar tão longe que pensamos por vezes em desistir, porém graças a iluminação que recebemos é possível sim chegar onde se almeja. 6 Aquele que depois de três milênios não é capaz de se ter na própria conta estará fadado a viver uma vida de ignorância. Goethe 7 RESUMO Processos industriais do ramo metalmecânica, possuem uma geração alta de resíduos potencialmente poluidores, como os resíduos líquidos oleosos, gerados nos processos de usinagem. Estes resíduos possuem cargas orgânicas altas e seus volumes de geração causam grandes dispêndios financeiros para que o gerador o envie para uma destinação ambientalmente adequada. O processo de desemulsificação e coagulação de efluentes e emulsões oleosas é uma das alternativas para redução da carga orgânica deste efluente possibilitando um tratamento adequado para minimizar os impactos ambientais e financeiros. O mercado apresenta inúmeros agentes coagulantes convencionais, como o sulfato de alumínio, cloreto férrico, policloreto de alumínio entre outros, porém o tratamento utilizando estes coagulantes pode conferir ao lodo sais metálicos e tornar mais difícil sua destinação, por isso à utilização de coagulantes orgânicos como o tanino vem sendo pesquisada e aplicada a algumas situações inclusive no tratamento de efluentes oleosos. Para o presente projeto, que se baseia em um estudo de caso aplicado a uma indústria metalmecânica, foram verificadas através de ensaios de Jartest a eficiência da remoção de DQO, Cor, Turbidez e Óleos e graxas com o processo de tratamento utilizando-se do coagulante orgânico tanino. Também foi verificado o volume de lodo gerado pelo processo de tratamento e quais seriam os custos aproximados para manutenção mensal de um sistema de tratamento para considerar viável ou não e verificar se haveria uma redução de custos se comparado ao sistema adotado pela empresa objeto de estudo atualmente. Os resultados apresentados pela aplicação do tanino como coagulante atingiram 90 e 97% de remoção para cor e turbidez e, 38% de remoção de DQO e 56% de remoção para óleos e graxas. Comparados estes resultados com a utilização de tanino para outros tipos de efluentes a remoção se apresentou dentro dos resultados já encontrados em outras pesquisas. E se comparados aos outros tipos de coagulantes, a eficiência é em alguns casos até maior. Para a geração de lodo, foi possível separar uma fração sólida representativa de menos de 5% do volume total do efluente, o que segundo a literatura é um bom volume de geração. O tanino se apresenta como uma alternativa para coagulação de efluentes com cargas altas de DQO, óleos e graxas, cor e turbidez sendo eficiente e evitando que mais metais sejam agregados ao lodo do tratamento. Palavras chave: Efluentes oleosos. Tanino. Coagulantes orgânicos. Jartest. 8 ABSTRACT Industrial processes in the metalworking industry have a high generation of potentially polluting waste, such as the liquid oil residues, generated in the machining processes. These wastes have high organic loads and their generation volumes cause large financial expenses for to send to an environmental appropriate destination. The process of emulsion breaking and coagulation of waste water and oil emulsions is one of the alternatives to reduce the organic load of this oil waste water, allowing an adequate treatment to minimize the environmental and financial impacts. There are many conventional coagulating agents, such as aluminum sulphate, ferric chloride, aluminum chloride among others, but the treatment using these coagulants can impart to the sludge metal salts and make it more difficult to dispose of them. Therefore the use of organic coagulants as the tanino has been researched and applied to some situations including the treatment of oil waste water. For the present project, which is based on a case study applied to a metalworking industry, the efficiency of the removal of chemical oxygen demand, Color, Turbidity and Oils and greases with the treatment process using the coagulant organic, tanino in Jartest. It was also verified the volume of sludge generated by the treatment process and what would be the approximate costs for monthly maintenance of a treatment system, to consider feasible or not, and to verify if there would be a reduction of costs when compared to the system currently adopted by the company object of study. The results presented by the application of the tanino as coagulant reached 90 and 97% of remove for color and turbidity and, 38% of remove of chemical oxygen demand and 56% of removal for oil and greases. Comparing these results with the use of tanino for other types of waste water the removal was presented within the results already found in other studies. And if compared to other types of coagulants, the efficiency is in some cases even higher.For the generation of sludge, it was possible to separate a representative solid fraction of less than 5% of the total volume of the effluent, which according to the literature is a good volume of generation. Tannin presents as an alternative for the coagulation of effluents with high chemical oxygen demand, oil and greases, color and turbidity being efficient and avoiding that more metals are added to the sludge of the treatment. Keywords: Oil Waste Water. Tanino. Organic Coagulants. Jartest. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - Esquema de coprocessamento de resíduos. ......................................... 20 FIGURA 2 – Emulsões oleosas. (a) Óleo em água (O/A). (b) Água em óleo (A/O)... 22 FIGURA 3– Desestabilização de emulsões oleosas. ................................................ 25 FIGURA 4 – Métodos de tratamento de efluentes industriais. .................................. 26 FIGURA 5– Esquema de tratamento físico-químico .................................................. 27 FIGURA 6 – Esquema de formação de coágulos e flocos. ....................................... 31 FIGURA 8 – Fossos e canaletas de recalque. .......................................................... 39 FIGURA 9– Fossos de recalque presentes nas linhas de usinagem. ....................... 39 FIGURA 10 - Tanque primário de armazenamento.. ................................................. 40 FIGURA 11– Tanques de armazenamento interno de efluentes . ............................. 41 FIGURA 12 – Esquema de Coleta, transporte e destinação. .................................... 41 FIGURA 12 – Esquema simplificado do Jartest com a utilização do Tanino ............. 47 FIGURA 13 – Procedimento de desague de lodo em bancada. ................................ 48 FIGURA 14 – Efluente bruto nos jarros para os testes. ............................................ 50 FIGURA 15 – Testes realizados 04/10/2017 (1b,2b e 3b). ........................................ 52 FIGURA 16 – Formação de flocos após a dosagem de polímero aniônico. .............. 53 FIGURA 17 – Comparação de utilização de polímero. .............................................. 54 FIGURA 18 – Teste 1d (dosagem de 7500ppm Tanino e 6000ppm polímero). ........ 54 FIGURA 19 – Teste 3d. ............................................................................................. 55 FIGURA 20 – Teste 5d .............................................................................................. 55 FIGURA 21 – Comparação entre os testes 1d e 3d com o efluente bruto. ............... 56 FIGURA 23 – Verificação visual de permanência de cor no efluente tratado. ........... 59 FIGURA 23 - Procedimento de desagua do lodo. .................................................... 64 FIGURA 24 – Lodo após o desague. ........................................................................ 65 FIGURA 25 – Cálculo de densidade do efluente através da relação massa volume. 65 FIGURA 27 – Pesagem do lodo após o desague. ..................................................... 66 10 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Comparativo dos coagulantes e seus residuais. ................................. 30 QUADRO 2– Classificação dos resíduos e destinação final. .................................... 36 QUADRO 3 – Gastos totais com o resíduo. .............................................................. 38 QUADRO 4 – Coleta de amostras ............................................................................. 45 QUADRO 5 - Detalhamento dos produtos utilizados. ................................................ 46 QUADRO 6 – Dados Jartest. ..................................................................................... 51 QUADRO 7– Comparação da eficiência do tanino em diferentes efluentes. ............ 61 QUADRO 8 – Comparação de remoção de Cor e Turbidez em diferentes efluente. 61 LISTA DE FLUXOGRAMAS FLUXOGRAMA 1– Processo de tratamento de efluentes oleosos............................ 42 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1– Comparativo de custos com destinação de resíduos. ......................... 37 GRÁFICO 2– Custos versus geração de efluente oleoso. ........................................ 37 GRÁFICO 3 – Porcentagem de redução dos parâmetros analisados. ...................... 58 11 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Quantificação dos resíduos gerados na empresa objeto de estudo. ..... 35 TABELA 2 – Caracterização de efluente bruto. ......................................................... 57 TABELA 3 – Resultados para análises do efluente clarificado. ................................. 57 TABELA 4– Eficiência do Tanino (Tanfloc SG) ......................................................... 60 TABELA 5 – Valores calculados através dos volumes encontrados de reagentes. .. 67 TABELA 6 - Valores de produtos químicos. ............................................................. 67 TABELA 7 - Custos com destinação de lodo............................................................ 68 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 15 1.1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 15 1.1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 15 1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 17 2.1 GESTÃO AMBIENTAL NAS GRANDES INDÚSTRIAS ...................................... 17 2.2 CLASSES DE RESÍDUOS GERADOS EM PROCESSOS INDUSTRIAS ........... 18 2.2.1 Resíduos Perigosos Classe I ........................................................................... 18 2.2.2 Coprocessamento de resíduos classe I............................................................ 19 2.2.3 Resíduos Não Perigosos Classe II ................................................................... 20 2.2.3.1 Não inertes .................................................................................................... 20 2.2.3.2 Inertes ......................................................................................................... 20 2.4 EMULSÃO OLEOSA ........................................................................................... 21 2.5 TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO DE ÓLEO E EMULSÕES ........................... 23 2.5.1 Rerrefino ........................................................................................................... 23 2.5.2 Quebra de emulsão oleosa por método físico-químico .................................... 24 2.6 TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS ................................................ 25 2.6.1 Técnicas de tratamento através de processos biológicos ................................ 26 2.6.2 Físicos-químicos .............................................................................................. 27 2.6.2.1 Ajuste do pH .................................................................................................. 28 2.6.2.2 Coagulação ................................................................................................... 28 2.6.2.3 Floculação ..................................................................................................... 30 2.7 CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES ............................................................... 31 3 MÉTODO DE PESQUISA ...................................................................................... 33 3.1 DELINEAMENTOS DA PESQUISA ....................................................................33 3.2 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA ........................................................................ 33 3.2.1 Características do local de estudo ................................................................... 33 3.2.2 Critérios para escolha do local ......................................................................... 34 3.2.2.1 Levantamento dos resíduos gerados ............................................................ 34 3.2.2.2 Análise de custo ............................................................................................ 36 13 3.2.2.3 Geração do resíduo estudado ....................................................................... 38 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS .................................................... 42 3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS ................................................... 43 4 METODOLOGIA DE ANÁLISES ........................................................................... 45 4.1 COLETA DE AMOSTRAS ................................................................................... 45 4.2 PRODUTOS QUÍMICOS ..................................................................................... 46 4.3 REALIZAÇÃO DO JARTEST .............................................................................. 46 4.5 DESÁGUE DE LODO .......................................................................................... 47 4.6 ANÁLISES LABORATORIAIS ............................................................................. 49 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 50 5.1 REALIZAÇÃO DE JARTEST ............................................................................... 50 5.2 REALIZAÇÃO DAS ANÁLISES DO EFLUENTE ................................................. 56 5.3 VOLUME DE LODO ............................................................................................ 63 5.4 COMPARAÇÃO DE CUSTOS ............................................................................. 67 6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 69 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 71 ANEXO I ................................................................................................................... 76 ANEXO II .................................................................................................................. 77 ANEXO III ................................................................................................................. 78 14 1 INTRODUÇÃO Um dos maiores desafios das atuais grandes indústrias é assegurar que o seu processo produtivo seja garantido, mas que concomitantemente as leis e regulamentos ambientais sejam atendidos. O desafio é ainda maior para empresas que possuem a certificação ambiental ISO 14.001 que têm como requisito a procura da melhoria contínua em seu processo e isso incluem as tratativas aos possíveis impactos ambientais gerados por suas atividades, consequentemente abrangendo o gerenciamento dos resíduos (NICOLELLA et al, 2004). Uma das grandes causas de poluição proveniente do ramo das indústrias metalmecânicas é a destinação dos resíduos provenientes do processo produtivo. Muitos destes resíduos se enquadram, segundo a NBR 10.004/2004, como sendo resíduos classe I, ou seja, perigosos e que oferecem algum risco ao meio ambiente e aos seres humanos e, assim, necessitam de tratamento e disposição final adequada, para que seus impactos ao meio ambiente sejam minimizados (ABNT, 2004). É necessário que se encontrem formas de tratamento e disposição final que ofereçam aos grandes geradores destes resíduos uma solução prática e aplicada a cada situação de disposição final. Dentre os resíduos gerados nos processos produtivos industriais, os resíduos líquidos oleosos ou efluentes oleosos apresentam uma dificuldade particular a partir do momento que precisam ser tratados e destinados, visto que em processos produtivos mistos existem diferentes tipos de óleos utilizados como, por exemplo, os integrais, emulsionáveis, fluidos sintéticos, fluidos semissintéticos e gasosos. Isto acarreta em grandes dispêndios financeiros aos grandes geradores, pois os volumes de geração são altos e estes resíduos são enviados para tratamento externo, em empresas terceirizadas, as quais normalmente utilizam-se de tratamento para a quebra de emulsão e separação da água e óleo presentes no efluente. O tratamento por quebra de emulsão é eficaz, mas é realizado dentro das empresas de destinação, o que torna necessário o transporte destes resíduos até o local de tratamento o que gera por sua vez altos custos de transporte e a destinação em si (DIAS, 2000). 15 Assim, este trabalho visa avaliar as características do efluente gerado por uma indústria metalmecânica objetivando a redução do volume encaminhado para tratamento e destinação final por meio da utilização de métodos de desemulsificação e coagulação. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral Reduzir o volume de efluente líquido oleoso enviado para destinação externa em uma indústria metalmecânica por meio de testes de desemulsificação e coagulação. 1.1.2 Objetivos Específicos Realizar ensaios de desemulsificação e coagulação do efluente bruto; Caracterizar o efluente bruto e do efluente final tratado, obtendo as concentrações de DQO, óleos e graxas, cor e turbidez Calcular o volume da fração sólida (lodo) obtido após a aplicação do método de desemulsificação e coagulação; Apresentar uma simulação da redução dos custos mensais de destinação por meio da redução do volume de efluente encaminhado para tratamento. 1.2 JUSTIFICATIVA Uma das alternativas para uma possível redução do risco ambiental e de recursos financeiros para a destinação dos resíduos líquidos oleosos é realizar o 16 tratamento do mesmo dentro do site gerador, por meio de uma estação de tratamento de efluentes composta por processos físico-químicos, responsáveis por aumentar a tensão superficial entre óleo e água presentes na emulsão, causando então a quebra da mesma. Este procedimento permite que ocorra a desemulsificação do efluente. Com o auxilio de agentes coagulantes é possível então separar duas frações do efluente, a líquida e a sólida, em forma de lodo. A fração líquida pode então apresentar concentrações menores de certos parâmetros, como Demanda Química de Oxigênio (DQO), óleos e graxas, cor e turbidez, tornando-se assim aceitável para o envio ao sistema de tratamento de efluentes biológicos já existente na indústria objeto de estudo. Com o tratamento no site de geração, há uma redução no risco inerente ao transporte deste resíduo líquido, pois uma vez que o efluente é tratado, busca-se uma geração de lodo significativamente menor do que a geração do efluente oleoso como um todo. O lodo gerado pode ser então encaminhado de uma forma mais segura para a destinação final, visto que lodos de estações de tratamento físico-químicas quando corretamente desaguados possuem características pastosas e não líquidas, o mesmo pode ser destinado de várias formas sendo uma delas o coprocessamento em fornos de clínquer. Considerando todos os riscos e dispêndios envolvidos com a destinação de resíduos líquidos oleosos, uma das alternativas para que sejam minimizados, é a adequação de um tratamento que reduza as cargas de contaminantes do efluente e torne possível seu tratamento na estação convencional já citada. A utilização de etapas de tratamento dentro do site gerador do efluente é uma das alternativas para a solução do problema existente. 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 GESTÃO AMBIENTAL NAS GRANDES INDÚSTRIASSegundo Maimon (1999), a gestão ambiental pode ser definida como um conjunto de procedimentos, com o objetivo de gerir e administrar uma organização em seu relacionamento com o meio ambiente. É a ferramenta que a empresa utiliza tanto interna como externamente para que a qualidade ambiental do seu produto e serviços seja alcançada. D’Avingon (1996) afirma que além de ser um conjunto de procedimentos com o intuito de atingir a qualidade ambiental, é necessário para isso que a alta direção das empresas definam quais são os compromissos com as questões ambientais. Fazer a pergunta de qual é o real relacionamento a empresa com o meio ambiente? De que forma a empresa trata as questões ambientais e qual é o nível de conscientização ambiental que a mesma almeja? São questionamentos importantes para o autor, sem eles a questão da implantação de uma política ambiental e uma cultura ambiental dentro de organizações se torna mais difícil. Cagnin (2000) define a ISO 14001 como uma norma de adesão voluntária que contém os requisitos necessários para a implementação de um sistema de gestão ambiental em uma organização. Sua implementação busca melhorar o desempenho dos empreendimentos por meio da utilização eficiente dos recursos utilizados e da redução da geração de resíduos, ganhando assim vantagem competitiva no mercado e a confiança das partes interessadas, que são todos que de alguma forma possuem interação com o processo. Segundo a norma ISO 14.001/15 Sistema de Gestão Ambiental é a parte do sistema de gestão de um empreendimento, utilizado para gerenciar os aspectos e os possíveis impactos de um processo, cumprir requisitos legais e outros requisitos e abordar as oportunidades e os riscos ambientais inerentes ao processo. Segundo a cartilha da ABNT lançada em 2015, a ISO 14.001 exige que as empresas considerem todas as questões ambientais relativas às suas operações, como a poluição do ar, questões referentes à água e ao esgoto, a gestão de resíduos, a contaminação do solo, a mitigação e adaptação às alterações climáticas 18 e a utilização e eficiência dos recursos. Assim como todas as normas de sistemas da gestão, a ABNT NBR ISO 14001 inclui a necessidade de melhoria contínua dos sistemas de uma empresa e a abordagem de questões ambientais. 2.2 CLASSES DE RESÍDUOS GERADOS EM PROCESSOS INDUSTRIAS 2.2.1 Resíduos Perigosos Classe I Segundo a NBR 10.004 resíduos perigosos são aqueles que em função das suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas podem causar risco a saúde pública e riscos ao meio ambiente. Dentre os riscos a saúde pública, estão riscos de mortalidade e incidência de doenças. E os riscos ao meio ambiente, inerentes a falta de gerenciamento, que podem causar diferentes tipos de contaminação. Para Oliveira et al (2003), os resíduos sólidos são classificados através de amostragens por ensaios físico-químico, comparando os resultados a NBR 10.004. Ainda segundo a NBR 10.004 os resíduos que apresentam as características acima citadas, verificadas através de testes de laboratório e comparadas com os Anexos A e B da norma, onde constam os constituintes que classificam o resíduo como perigoso, estes são denominados como resíduos Classe I. As características que conferem periculosidade ao resíduo são: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade. No ramo industrial, as indústrias metalmecânicas representam o segmento da manufatura de seus produtos em quatro fases principais: usinagem, limpeza, soldagem e acabamento. O processo mais relevante ambientalmente é o da usinagem, que consiste basicamente na retirada de partes indesejadas de uma peça metálica o que permite moldar determinada peça para seu devido uso (DANDOLINI, 2001). O processo de usinagem ocorre através do corte da peça metálica por uma ferramenta específica. O atrito gerado entre a ferramenta e a peça provoca o aumento excessivo de calor o que pode prejudicar o processo. Qualquer medida 19 utilizada para diminuir a temperatura aumenta a vida útil do ferramental (FERRARESI, 2010). Para minimizar o problema das altas temperaturas são utilizados os fluidos de corte para a usinagem, também conhecidos como fluidos refrigerantes ou óleo solúvel. A sua utilização ocorre na dosagem dos fluidos entre a peça, a ferramenta e os cavacos gerados no processo (DANDOLINI, 2001). 2.2.2 Coprocessamento de resíduos classe I Existem várias formas de destinação de resíduos classe I e uma delas é o coprocessamento. A ideia principal do coprocessamento permite que diferentes tipos resíduos, sejam usados como matéria-prima ou combustível para a fabricação do cimento. Isso traz benefícios para o meio ambiente, pois deixa-se de enviar resíduos a aterros e ainda se utiliza um recurso totalmente renovável como combustível. (BARBOSA, 2016). Conforme a RESOLUÇÃO CONAMA 264 de 1999, a atividade de coprocessamento consiste na aplicação de resíduos industriais como meio de substituir parcialmente o combustível tradicional (óleo, coque, carvão). Pode-se verificar então que há economia de recursos energéticos, além de um tratamento para resíduos. Os produtos com alto Poder calorífico são tratados de forma a produzirem dois processos em um só, ou seja, além da queima há também o tratamento térmico do resíduo (LEMOS, 2009). O esquema de utilização do coprocessamento em fornos de cimento pode ser verificado pela FIGURA 1 - Esquema de coprocessamento de resíduos.FIGURA 1. . 20 FIGURA 1 - Esquema de coprocessamento de resíduos. FONTE: KOMATSU, 2004. 2.2.3 Resíduos Não Perigosos Classe II 2.2.3.1 Não inertes São aqueles resíduos que não se enquadram nas características previstas na NBR 10.004 para os resíduos Classe I, porém, podem apresentar combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água (FERREIRA, 2003). 2.2.3.2 Inertes Para Ferreira (2003), são aqueles resíduos que após testes de lixiviação e solubilidade em água, segundo a NBR 10.006, suas concentrações não oferecem 21 riscos ao meio ambiente e a saúde pública, pois as concentrações resultantes da água não ultrapassam limites de potabilidade. 2.4 EMULSÃO OLEOSA Emulsão é definida como a mistura de dois compostos imiscíveis ou pouco miscíveis, aos quais passam por processos de emulsificação, seja por quebra de tensão superficial entre os dois compostos ou seja a dosagem de agentes tensoativos que causam a emulsão de um líquido com outro (MONTEIRO, 2006). A emulsão água e óleo só ocorre em caso de quebra de tensão superficial da água e óleo com a dosagem de agentes tensoativos. Este fenômeno acontece devido a organização molecular do óleo e da água e a ligação não ocorre sem interferência, pois as moléculas de água são polares e as de óleo são apolares. Porém existem óleos com características de solubilidade em água, o que torna desnecessário a dosagem de agentes tensoativos (ROSA, 2002). Como já mencionado, emulsões oleosas ocorrem sobre algumas circunstâncias. Em processos de usinagem a utilização de fluidos de corte solúveis em água ocorre em larga escala. O emprego de fluido de corte aumenta a vida do ferramental, minimiza a geração de calor durante o processo de atrito para a usinagem, auxilia na remoção dos cavacos e geralmente melhora a eficiência do processo (ALVES e OLIVEIRA, 2007). Segundo SCHONS (2008) as emulsões que possuem óleo disperso na forma de gotículas em fase aquosa são classificadas como do tipo óleo em água (O/A), já quando o meio disperso é a água, na forma de gotículas em meio ao óleo é classificada como emulsão (A/O). A FIGURA 2 demonstra a diferença de cada um dos tipos de emulsão. 22 FIGURA 2 – Emulsões oleosas. (a) Óleo em água (O/A). (b) Água em óleo (A/O). Fonte: SCHONS, 2008. Segundo Alves e Oliveira(2007), a utilização de fluídos de corte, ou óleo solúvel, faz da indústria metalmecânica o ramo com maior potencial de causar danos ao meio ambiente. Vários riscos ao meio ambiente são inerentes ao processo de utilização destes fluidos, como vazamentos em todas as etapas de manejo, contaminação do solo através de passivos ambientais e a contaminação de rios caso o resíduo oleoso não seja tratado da forma correta. Os resíduos oleosos ou efluentes oleosos são extremamente prejudiciais ao meio ambiente, pois necessitam de um tratamento específico e complexo para que seja possível a redução suas propriedades contaminantes e tóxicas ao meio ambiente. Os hidrocarbonetos existentes em resíduos líquidos oleosos reduzem a oxigenação e a penetração da luz natural nos cursos de água. Este processo se dá pela formação de um filme insolúvel na superfície, causando grandes impactos para os ecossistemas aquáticos (SANTO, 2010). Os efluentes oleosos, nada mais são dos que os resíduos gerados por desperdícios, vazamentos, troca de óleo e descarte de máquinas. Este resíduo deve ter a destinação correta para que sejam evitados os danos ambientais já citados, visto que segundo a NBR 10.004, Anexo E, é considerado um resíduo perigoso e tóxico. 23 2.5 TRATAMENTO E RECUPERAÇÃO DE ÓLEO E EMULSÕES Quando se aborda o tema de tratamento de efluentes oleosos o estudo das formas que permitem que a desestabilidade destas emulsões é de suma importância. Pois ao se conseguir transformar a emulsão em duas fases líquidas há a possibilidade de separação e retirada de uma delas do meio (SCHONS, 2008). As fases separadas podem ser tratadas de maneiras diferentes facilitando o sucesso em sua eficiência, garantindo que o efluente seja descartado de forma a não prejudicar o meio ambiente, e que os recursos como o óleo presente nesses efluentes seja reaproveitado passando por um processo de reciclagem. 2.5.1 Rerrefino O óleo lubrificante acabado ou usado é considerado fonte de matéria prima para a fabricação de novos óleos lubrificantes. A Resolução CONAMA nº 362/05 trata especificamente da questão de coleta e recuperação de Óleo Lubrificante Usado ou Contaminado (OLUC). O princípio da reciclabilidade de óleos utilizado no Brasil deve ser respeitada por todos aqueles processos que utilizam o óleo lubrificante (ORTEGA, 2014). Para Ortega (2014) a importância da reciclagem do óleo está justamente nos impactos ambientais que este resíduo pode causar ao meio ambiente, na alta qualidade do produto final do rerrefino, já que por mais que o OLUC passe por processos de reciclagem, suas características no novo óleo não se alteram mantendo a qualidade do produto e também serve como estratégia para a autossuficiência com relação a extração de petróleo para a fabricação de óleo. Os óleos lubrificantes perdem sua função com a presença de contaminantes internos ou externos assim como também com a dosagem de aditivos, mas o processo de rerrefino consegue recuperar estas características funcionais do óleo lubrificante. Porém, a concentração de óleo lubrificante tem que ser maior do que a das impurezas para que o processo seja eficiente. A mistura de muitos óleos ou a dosagem de muitos aditivos acabam impossibilitando o processo de reciclagem. Por 24 este motivo a utilização e separação dos óleos é uma das partes importantes do processo, pois emulsões com alto grau de contaminação o rerrefino pode não ser possível (TRISTÃO, 2005). 2.5.2 Quebra de emulsão oleosa por método físico-químico Para Monteiro (2006) a quebra de emulsão é uma forma de tratamento de efluentes oleosos através da dosagem de produtos químicos e processos físicos que promovem a separação do óleo e da água. Os processos de quebra de emulsão podem se dividir em três estágios: Quebra de emulsão; Separação do óleo; e Tratamento da fase aquosa; A dosagem de ácidos na emulsão promove a degradação dos emulgadores ou agentes emulsificantes. Este processo provoca a queda do pH para um valor próximo a 2, os emulgadores são eliminados do meio ocasionando a separação da fase aquosa e oleosa. A desestabilização da emulsão permite que a dosagem de agentes coagulantes realize a aglomeração das impurezas presentes na emulsão. Realizando a sedimentação ou flotação destes coágulos (MONTEIRO, 2006). O tratamento físico-químico para cada tipo de emulsão pode variar com relação a concentração e características de cada óleo solúvel e cada mistura existente no efluente. Para Shaw (1975), a desestabilização de uma emulsão pode ocorrer de quatro formas diferentes: Coagulação, através da dosagem de um eletrólito inorgânico que reduz as forças de repulsividade entre os coloides do meio e permite que os mesmos se agrupem; Floculação, através da dosagem de agentes floculantes conhecidos como polímeros, os mesmos possuem alta massa molar, o que permite que os coloides se agreguem por meio de uma ligação covalente. 25 Creaming (sedimentação), ocorre quando as gotas de óleo do meio são enviadas para a superfície devido a diferença de densidade entre a água e o óleo. As mesmas ficam agrupadas, porém sem formar coloides. Coalescência, as partículas que passam pelo creaming se aproximam de forma a coalescer irreversivelmente formando um aglomerado de óleo separado da água. As formas de desestabilização de emulsões descritas acima podem ser verificadas na FIGURA 3. FIGURA 3– Desestabilização de emulsões oleosas. FONTE: (SCHONS, 2008). 2.6 TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS O tratamento de efluentes em indústrias visa à remoção de contaminantes que podem causar a poluição de corpos d’água após o descarte dos efluentes gerados nos processos. Os processos mais utilizados para o tratamento de efluentes industriais envolvem métodos biológicos, físicos e químicos conforme podem ser demonstrados pela FIGURA 4 (FREIRE et al, 2000). 26 FIGURA 4 – Métodos de tratamento de efluentes industriais. FONTE: (FREIRE et al, 2000). 2.6.1 Técnicas de tratamento através de processos biológicos Os processos biológicos de tratamento de efluentes são os mais comuns e mais baratos, são realizados utilizando-se de microrganismos de degradam a matéria orgânica dos efluentes gerados. O tratamento biológico se divide em dois tipos: aeróbio e anaeróbio. (SCARASSATI et al, 2003). Nos processos anaeróbios, onde não há a presença de oxigênio, este tratamento é realizado por bactérias as quais não dependem do oxigênio, sendo dispensada estruturas de aeração no meio. Bactérias facultativas ou estritamente anaeróbias degradam compostos orgânicos complexos convertendo-os em metano, dióxido de carbono e outros subprodutos (CAMPOS et al, 2006). Para Araújo et al (2010), no tratamento aeróbio a presença de oxigênio é indispensável para a respiração bacteriana. Para que o tratamento receba oxigênio é necessário a utilização de aeradores mecânicos ou elétricos para a injeção de oxigênio no meio. O efluente a ser tratado entra no sistema permanecendo um tempo geralmente menor do que sistemas anaeróbios. As vantagens de um tipo para o outro dependem muito das características do efluente tratado. 27 2.6.2 Físicos-químicos Estações de tratamento compostas por processos físico-químicos são comumente utilizadas para a realização de tratamento de efluentes industriais, visto que as propriedades destes efluentes em sua maioria, não contemplam processos biológicos. Altas concentrações de contaminantes, só são removidas com a dosagem de produtos químicos que realizam a coagulação e floculação das impurezas da água, tornando-as propícias à separação por meio da sedimentação (GIORDANO, 2004). Para Giordano (2004) são considerados como processos físico-químicos aqueles que utilizam produtos químicos comoagentes de coagulação e floculação, neutralização de pH e outros adaptáveis ao tratamento. A dosagem de produtos causam reações químicas que promovem a remoção dos materiais suspensos no efluente. A FIGURA 5 apresenta um exemplo de uma estação de tratamento físico- química. Onde são demonstradas as etapas de dosagem de agentes coagulantes e floculantes e o processo de decantação. FIGURA 5– Esquema de tratamento físico-químico FONTE: SACTUN, 2017. 28 2.6.2.1 Ajuste do pH Para o tratamento físico-químico é necessário o ajuste do pH do efluente para que o agente coagulante seja capaz de agrupar as substâncias dispersas no meio. Segundo Metcalf e Eddy (2016), cada reagente se adapta a uma faixa de pH, assim como as características de cada efluente influenciam no pH ideal para tratamento. Portanto deve-se realizar os testes como o Jar Test para que se tenha conhecimento de qual faixa de pH deve ser atendida nesta etapa. 2.6.2.2 Coagulação Segundo Metcalf e Eddy (2016) a coagulação está inserida nos processos unitários químicos para tratamento de efluentes, onde envolve todas as reações e mecanismos envolvidos na desestabilização química de partículas, formando assim partículas maiores através de uma floculação pericinética, termo definido pelos autores como a agregação de partículas com dimensões de 0,001 a 1 μm. Na etapa de coagulação, é necessário um esquema de agitação do meio, pois a coagulação é uma reação rápida com o meio. A dosagem de produtos químicos neutraliza as forças elétricas superficiais dos sólidos suspensos e dissolvidos e assim anula as forças repulsivas, fazendo com que os sólidos se agrupem formando pequenos coágulos. Em estudos foi observado que o processo de polimerização após a hidrólise dos coagulantes ocorre em um curto espaço de tempo. A mistura rápida para que ocorra a reação é de suma importância para que os colóides se agreguem. Este processo é ainda mais importante quando são utilizados os sais metálicos convencionais como agentes coagulantes, como os compostos de ferro e alumínio (METCALF E EDDY, 2016). 29 2.6.2.2.1 Coagulantes convencionais x orgânicos Como já citado, os compostos convencionalmente utilizados como agentes coagulantes em tratamento de água e efluentes são os sais inorgânicos de ferro e alumínio. As ações dos íons hidrolisados dos metais causam a desestabilização dos coloides de três formas (METCALF E EDDY, 2016): Adsorção e neutralização das cargas; Adsorção e ponte entre partículas;e Varredura de flocos emaranhados; Para Pedroso (2009) a dosagem dos sais coagulantes provoca a redução da eletropositividade dos coloides facilitando então a formação de flocos. Apesar da larga utilização dos agentes coagulantes mencionados, o tanino também está ganhando espaço entre as diferentes formas de tratamento físico- químico do meio. O tanino, que é retirado de uma planta chamada Acacia mearnsii de Wildemann sendo considerado portanto um coagulante/floculante orgânico (MANGRICH et al, 2013). O mecanismo de coagulação das águas naturais com esses polímeros teoricamente independe da acidez ou alcalinidade da água e ocorre através de atrações eletrostáticas entre as partículas das impurezas e as moléculas do coagulante desequilibradas eletricamente, formando então os coágulos. O mecanismo é análogo aos dos polieletrólitos, são polímeros naturais constituídos de grandes cadeias carbônicas, com moléculas eletricamente positivas ou negativas, podendo se transformar em coagulantes catiônicos ou aniônicos, dependendo das cargas elétricas presentes no meio de tratamento (VAZ, 2009). A grande diferença entre os coagulantes convencionais, sais metálicos, e os coagulantes orgânicos como o tanino, é o residual gerado pelos mesmos. Pois o principal entrave, e talvez o maior desafio do tratamento, é a geração de grandes quantidades de lodo proveniente da sedimentação das impurezas (MANGRICH et al, 2013). A reação entre os sais metálicos e o seu residual pós-tratamento em comparação com o tanino pode ser observada por meio do QUADRO 1. 30 Composto Químico Fórmula Forma Precipitado Sulfato de Alumínio Al2(SO4)3 Líquido Hidróxido de Alumínio Cloreto de Alumínio AlCl3 Líquido Hidróxido de Alumínio Cloreto Férrico FeCl3 Líquido Hidróxido Férrico Sulfato Férrico Fe2(SO4)3 Granular Hidróxido Férrico Tanino -- Líquido Sem residual QUADRO 1 – Comparativo dos coagulantes e seus residuais. FONTE: Adaptado de Metcalf e Eddy (2016). Os hidróxidos são gerados através das reações os quais se tornam insolúveis em água e precipitam junto aos coágulos (METCALF e EDDY, 2016). 2.6.2.3 Floculação A etapa de floculação é responsável pelo agrupamento dos pequenos coágulos e partículas coloidais formados na etapa anterior, para isto também são dosados produtos químicos como polímeros, que possuem cadeias moleculares grandes e são capazes de formar flocos maiores com peso específico suficiente para a decantação das impurezas garantindo assim que haverá uma separação do efluente tratado destes flocos. A floculação deve ocorrer em um tanque com agitação lenta, pois os flocos podem ser quebradiços e frágeis. A FIGURA 6 demonstra a ação de formação de coágulos e flocos e sua posterior decantação (FURLAN, 2008). 31 FIGURA 6 – Esquema de formação de coágulos e flocos. FONTE: NATURALTEC, 2017. 2.7 CARACTERIZAÇÃO DE EFLUENTES Segundo Metcalf e Eddy (2016) as principais composições de efluentes, seja de origem doméstica ou industrial são os dejetos de higiene humana, águas de banho, processamento de alimentos e de produtos, bem como uma enorme variedade de características puramente industriais dependendo de cada processo realizado. Alguns parâmetros são de suma importância para garantir a caraterização efetiva do efluente e o melhor método de tratamento, seja físico, químico ou biológico. Dois parâmetros de grande importância para o presente projeto são: DBO e DQO: A Demanda Bioquímica de Oxigênio e a Demanda Química de Oxigênio representam o teor de matéria orgânica presente em um efluente. A matéria orgânica é responsável pelo consumo de oxigênio presente na água então é uma medida do grau de contaminação de um efluente ou corpo d’água. A DQO mensura a quantidade total de matéria orgânica presente na alíquota analisada, seja a matéria orgânica biodegradável ou não. Já a DBO representa apenas a fração biodegradável da alíquota (VON SPERLING, 2005). Óleos e graxas: Os óleos e graxas são comumente encontrados em efluentes domésticos e industriais, se lançados em corpos d’agua junto com os efluentes, os mesmos podem causar iridescência nas superfícies impedindo a entrada de luz e troca gasosa, além de se acumular nas margens de rios e lagos e 32 contribuir para a degradação ambiental. Podem ser divididos de duas formas, nos óleos e graxas vegetais e nos minerais (BUCO e CRUCILLO, 2009). Cor: Segundo Von Sperling (2005) a cor é composta pelos sólidos dissolvidos na água ou no efluente. Isto ocorre naturalmente pela degradação da matéria orgânica e antropogenicamente por resíduos industriais e esgotos domésticos. Turbidez: A turbidez é medida pelo grau em que interfere a passagem de luz através da água ou do efluente. É causada pelos sólidos em suspensão presentes no efluente e assim como a cor, é causada naturalmente por partículas de rochas e argilas, algas e microrganismos. Mas despejos industriais agravam a situação natural em que a turbidez ocorre no meio ambiente aquático (VON SPERLING, 2005). Metcalf e Eddy (2016), definem os orgânicos biodegradáveis presentes nas amostras de DBO e DQO são compostos principalmente por proteínas, carboidratos e gorduras e se não tratados podem criar ambientes sépticos em corpos d’água com o consumode oxigênio. Porém seu tratamento é mais fácil que os compostos orgânicos não biodegradáveis. A relação DBO/DQO em um efluente sanitário é de cerca de 50%, já para efluentes industriais esta relação não se aplica devido a diferentes características dos processos produtivos (VON SPERLING, 2005). Altos valores para cor e turbidez interferem diretamente nas concentrações de DBO e DQO de um efluente, pois os sólidos, sejam eles, suspensos ou dissolvidos contribuem para aumentar a demanda de oxigênio do efluente ou da água. As análises destes parâmetros possibilitam verificar quais são os níveis de remoção necessários para possibilitar um descarte correto do efluente conforme determina a Resolução CONAMA nº 430/11. 33 3 MÉTODO DE PESQUISA 3.1 DELINEAMENTOS DA PESQUISA Pode-se classificar esta pesquisa como exploratória e descritiva, pois buscou- se obter maiores informações acerca da temática de tratamento de efluentes/resíduos oleosos na empresa escolhida, uma vez que no histórico da empresa nunca houve nenhum estudo semelhante. O estudo de caso é um dos métodos de pesquisa mais apropriados para pesquisas exploratórias (GIL, 2008). A pesquisa buscou, igualmente, descrever os fenômenos e relações encontradas sobre a temática de tratamento de efluentes/resíduos oleosos, cujas informações e dados serão essenciais para a comparação com a literatura e, posteriormente, a sugestão de melhorias. Pesquisas descritivas têm como característica o emprego de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionários ou observações (GIL, 2008). 3.2 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA Segundo Yin (2001), trata-se de um estudo de caso único, da Empresa X, do ramo de metalmecânica. Este estudo de caso seguiu os pressupostos de Roesch (1999 apud CHAVES JUNIOR, 2007), pois se trata de um estudo diagnóstico- prognóstico, visando um melhoramento da rotina de tratamento de efluentes oleosos, levantando pontos para que seja melhorado o desempenho ambiental. 3.2.1 Características do local de estudo O local escolhido para a realização do estudo trata-se de uma indústria do setor metalmecânica do ramo da usinagem, tratamento térmico e pintura de eixos e sistemas de transmissão para carros pesados. A empresa está situada no município 34 de Araucária, no estado do Paraná, e possui cerca de 650 funcionários. Está no mercado desde 2004 e possui sede em Detroit nos Estados Unidos. Dentre seus principais insumos estão presentes peças pré-usinadas e os mais variados tipos de produtos químicos, como graxa, óleo solúvel, ácidos e fosfatos. 3.2.2 Critérios para escolha do local O critério para a escolha da indústria em questão foi justamente a necessidade de uma alternativa que minimize o volume de resíduos liquidos oleosos destinados mensalmente, minimizando assim os custos e o risco ambiental inerente ao processo. Em média são gerados 100 m³ de efluentes por mês e atualmente este resíduo é encaminhado para empresa terceirizada realizar o tratamento. 3.2.2.1 Levantamento dos resíduos gerados Dentro de processos produtivos industriais são gerados inúmeros tipos de resíduos. Dentre estes pode-se citar os Classe I e os Classe II. Cada tipo de resíduo gerado possui uma forma de manejo diferente, pois são gerados em diferentes partes do processo e possuem características de interação com o meio ambiente diferentes. Os resíduos gerados pela empresa objeto de estudo e suas respectivas quantidades de geração no ano de 2016, podem ser observados no TABELA 1. 35 TABELA 1 - Quantificação dos resíduos gerados na empresa objeto de estudo. GERAÇÃO DE RESÍDUO EM TONELADA – 2016 P ap el P lá st ic o M ad ei ra O rg ân ic o s Só l. C o n t. C ai xa d e go rd u ra B o rr a Su c. al u m in io C av .a ço C av . a lu m ín io Ef lu en te o le o so TON Jan 17,20 4,90 21,50 4,86 4,42 0,00 2,26 1,22 137,21 17,68 110,70 321,95 Fev 12,24 4,58 20,00 4,95 4,36 2,44 0,00 0,00 122,16 7,16 84,30 262,19 Mar 24,34 4,62 23,50 5,10 3,56 0,00 0,00 0,00 207,52 17,70 70,46 356,80 Abr 17,74 2,90 24,90 5,36 4,10 2,42 2,02 0,00 123,00 19,80 82,88 285,12 Mai 24,78 7,46 19,40 5,40 0,00 1,97 0,00 0,00 150,05 28,78 87,02 324,86 Jun 20,56 5,10 19,80 5,52 4,51 0,00 0,00 1,28 170,86 21,38 73,70 322,71 Jul 17,28 4,44 24,50 5,56 4,70 2,06 0,00 0,00 167,70 22,84 120,60 369,68 Ago 24,80 8,22 27,22 5,43 4,9 0,00 0,00 1,16 224,59 22,20 79,76 398,28 Set 30,74 8,48 27,12 5,21 0 1,98 0,00 0,00 229,50 22,58 133,54 459,15 Out 19,48 4,36 16,28 5,14 4,84 0,00 4,38 0,00 224,05 11,88 60,00 350,41 Nov 26,60 7,14 21,82 4,98 5,04 2,24 0 0,00 220 23,84 60 371,66 Dez 34,28 8,9 31,68 4 3,88 0 0 1,21 193 21,6 115,86 414,41 M é d ia 22,50 5,93 23,14 5,13 3,69 1,09 0,72 0,41 180,80 19,79 89,90 353,10 To ta l 270,04 71,10 277,72 61,51 44,31 13,11 8,66 4,87 2169,64 237,44 1078,82 4237,22 Fonte: AUTOR, 2017. Como pode-se observar, os resíduos com maior geração, respectivamente, são: cavaco de aço, efluente oleoso, madeira, papel e papelão, cavaco de alumínio, plástico, orgânicos, sólidos contaminados, caixa de gordura, sucata metálica e borra. O QUADRO 2 representa o tipo de destinação de cada um destes resíduos e a classificação do mesmo segundo a NBR 10.004 de 2004. 36 Resíduo Classificação Destino Papel Classe II Reciclagem Plástico Classe II Reciclagem Madeira Classe II Utilização como combustível Orgânicos Classe II Alimentação de suínos Sólidos contaminados Classe I Co-processamento Caixa de gordura Classe II Aterro Borras Classe I Co-processamento Sucata de alumínio Classe II Reciclagem Cavaco de aço Classe II Reciclagem Cavaco de alumínio Classe II Reciclagem EFLUENTE OLEOSO Classe I Quebra de Emulsão QUADRO 2– Classificação dos resíduos e destinação final. Fonte: Dados fornecidos pela Empresa X. 3.2.2.2 Análise de custo Atualmente um dos grandes problemas das indústrias metalmecânicas está diretamente voltado a questão dos custos de destinação de seus resíduos, já que muitos deles são considerados Classe I e sendo assim, sua destinação se torna onerosa devido as características de periculosidade e riscos ao meio ambiente. Os custos relativos a destinação destes resíduos no ano de 2016 estão demonstrados pelo GRÁFICO 1 , cujo os dados foram fornecidos pela empresa estudada. 37 GRÁFICO 1– Comparativo de custos com destinação de resíduos. FONTE: Dados fornecidos pela Empresa X, 2016. Baseando-se na análise das características dos resíduos gerados o efluente oleoso perde apenas para o cavaco de aço em termos de quantidade gerada conforme a Tabela 1. Os gastos com a destinação do efluente oleoso, se comparados com os outros resíduos, representam cerca de 64% dos custos médios mensais de destinação total. O efluente oleoso é o resíduo que mais impacta nos orçamentos e que ao mesmo tempo oferece um grande risco ao meio ambiente. No GRÁFICO 2 podem-se observar isoladamente os gastos comparados com a quantidade gerada do efluente oleoso no ano de 2016. GRÁFICO 2– Custos versus geração de efluente oleoso. 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 110,00 120,00 130,00 140,00 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000 Ja n Fe v M ar A b r M ai Ju n Ju l A go Se t O u t N o v D e z To n e la d as R e ai s CUSTO X GERAÇÃO EMULSÃO OLEOSA - 2016 Peso Custos 38 FONTE: AUTOR, 2017. Além do custo com a destinação do efluente é necessário considerar também os gastos com destinação de lodo de fundo ou borra oleosa e a limpeza dos tanques de armazenamento deste resíduo. Geralmente é realizada uma limpeza por ano nos tanques, sendo que de acordo com o histórico levantado, os gastos giramem torno dos valores apresentados pelo QUADRO 3. GASTOS ATUAIS Serviço de Limpeza de tanques anual Destinação anual borra oleosa Destinação média mensal emulsão Gasto total médio anual R$ 27.200,00 R$ 15.000,00 R$15.000,00 R$222.200,00 QUADRO 3 – Gastos totais com o resíduo. FONTE: AUTOR, 2017. 3.2.2.3 Geração do resíduo estudado Como já citado o processo produtivo da empresa objeto de estudo utiliza grandes volumes de óleo de corte, óleo lubrificante, óleo hidráulico, graxas entre outros. O insumo mais utilizado é o óleo de corte, que possui características de emulsão com a água. Ele é utilizado nas linhas de usinagem de peças de alumínio e aço. Nestes dois casos são utilizados óleo de corte sintético e semissintético devido a diferença do material usinado. Além dos óleos do processo, há uma linha de pintura que gera resíduo do desengraxe das peças para posterior pintura. Este resíduo do desengraxe confere ao efluente oleoso um pH básico. Dentro da fábrica existem canaletas e sistemas de recalque nas linhas de usinagem. São seis fossos no total conforme representados FIGURA 7. Os efluentes são bombeados para um tanque primário de armazenamento no interior da fábrica com capacidade de 10m³ (FIGURA 8 e FIGURA 9). 39 FIGURA 7 – Fossos e canaletas de recalque. FONTE: Layout fornecido pela empresa objeto de estudo. FIGURA 8– Fossos de recalque presentes nas linhas de usinagem. FONTE: Imagens fornecidas pela Empresa X. 40 FIGURA 9 - Tanque primário de armazenamento. A) Tubulação de recalque dos fossos. B) Ponto para descartes diversos da fábrica. FONTE: Imagens fornecidas pelas Empresa X. Todo o óleo descartado é bombeado para este tanque de armazenamento primário e posteriormente encaminhado por tubulações aéreas para quatro tanques de armazenamento com capacidade de 54m³ cada. Estes tanques estão situados em uma área externa da fábrica conforme layout da FIGURA 10. O resíduo de desengraxe por sua vez é descartado diretamente nestes tanques externos, pois as canaletas e fossos de coleta estão presentes apenas na área fabril de usinagem. 41 FIGURA 10– Tanques de armazenamento interno de efluentes ou resíduos oleosos. FONTE: Layout fornecido pela empresa objeto de estudo. A coleta deste resíduo é terceirizada e ocorre diretamente dos tanques representados na FIGURA 10 conforme o esquema de coleta e transporte da FIGURA 11. O tratamento por sua vez é realizado na cidade de Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba/PR. FIGURA 11 – Esquema de Coleta, transporte e destinação. FONTE: Autor, 2017. A tecnologia de tratamento do resíduo consiste em um sistema de quebra de emulsão e separação de fases, representado pelo FLUXOGRAMA 1. Fluxo de entrada do efluente oleoso e tanques de armazenamento 42 FLUXOGRAMA 1– Processo de tratamento de efluentes oleosos. FONTE:.EMPRESA, 2017 Atualmente a empresa de estudo não possui um sistema de tratamento que possa substituir esta destinação, a mudança do local de tratamento deste resíduo pode-se apresentar uma alternativa válida para a minimização de todos os custos já citados. Com a implantação de um sistema de tratamento dentro do site gerador, o volume do efluente pode sofrer uma diminuição, tendo uma possibilidade diferenciada de tratamento. 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS Para a coleta dos dados, essencialmente qualitativos, foram seguidas as recomendações de Yin (2001) da seguinte forma: 43 a) Observação não-participante: Para Marconi e Lakatos (2007), a observação é uma técnica de coleta de dados que utiliza os sentidos para a obtenção de informações acerca de um objeto de estudo. Os sentidos são utilizados para examinar e avaliar as características, por exemplo, de um determinado local ou atividade. No caso da observação não participante, o observador avalia e os dados levantados sem interferir nas atividades e elementos observados. No presente projeto, serão observados os locais de geração do resíduo, dos locais de armazenamento de resíduos, das coletas do resíduo oleoso gerado, do local atual de destinação do resíduo, dos possíveis locais de instalação do projeto da estação. b) Fotografias: As fotografias são registros dos locais de estudo e aplicação do projeto e fazem parte da pesquisa documental de determinado assunto, visto que fará parte da compilação de dados do projeto em questão (VERGARA, 1990). Fotografias das áreas de armazenamento de resíduos líquidos oleosos, fotografias de coletas com caminhão tanque, fotografia dos processos de destinação utilizados atualmente. c) Documentos: A pesquisa documental pode muitas vezes ser confundida com uma revisão bibliográfica (RAUPP e BEUREN, 2003). Porém, neste caso a documentação levantada será de propriedade da própria empresa e a mesma disponibilizará para que o projeto seja embasado em documentos e dados reais. Planilha de controle de geração de resíduos líquidos oleosos, planilha de controle de custos com destinação de resíduos, avaliação de riscos ambientais, relatório de vazamentos de óleo. 3.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS Os dados foram analisados da seguinte forma: a) Qualitativos: Os levantamentos qualitativos foram realizados durante as fases de observação e obtenção de imagens, o método de avaliação foi realizado através de recorte temático. Para Collis e Hussey (2005) recortes temáticos são os dados e 44 informações importantes e relevantes ao assunto pesquisado, retirando do levantamento apenas o que é necessário. As amostras do efluente foram avaliadas visualmente através da verificação realizada no Jartest, com relação a formação de flocos e geração de lodo, portanto sendo uma análise qualitativa realizada no laboratório de química da FACEAR Campus Sitio Cercado. b) Quantitativos: Foram utilizados gráficos e tabelas para realizar o comparativo entre o efluente bruto e o pós desemulsificação e coagulação. Como os parâmetros: DQO, DBO, COR, TURBIDEZ, ÓLEOS E GRAXAS e pH. c) As amostras do efluente bruto e tratado foram analisadas em laboratório autorizado portador de Certificado de Cadastramento de Laboratórios (CCL). 45 4 METODOLOGIA DE ANÁLISES 4.1 COLETA DE AMOSTRAS O local de coleta escolhido foi o ponto de recalque entre os tanques de armazenamento do efluente na empresa, por ser um local de fácil acesso e a coleta ser realizada diretamente da bomba, o que ocasiona a mistura do efluente, isso garante que o mesmo possua características homogêneas As amostras foram coletadas sempre um dia antes da coleta do resíduo pelos caminhões, isso para garantir um efluente com alta carga de contaminantes, ou seja, com o maior tempo de residência nos tanques, pois a contribuição do efluente para os tanques de armazenamento, conforme observado no local, é constante. Sendo que logo após a coleta do caminhão, o efluente que chega aos tanques através do recalque da fábrica, possui características de efluente novo, o que não representa o pior caso de tratamento. No QUADRO 4 estão descritos os dias de coleta, a temperatura ambiente e os volumes coletados. DATA TEMPERATURA VOLUME 13/09/2017 19°C 6L 04/10/2017 20°C 20L 18/10/2017 23°C 20L 20/10/2017 18°C 20L QUADRO 4 – Coleta de amostras As amostras que não foram analisadas no Jartest no dia da coleta por isso foram armazenadas em refrigeração a 4°C respeitando o que está estabelecido pela NBR 9898, de amostragem de efluentes e água. Sendo que as amostras enviadas para análise laboratorial, até o seu envio para o laboratório as mesmas também ficaram sob refrigeração. 46 4.2 PRODUTOS QUÍMICOS Para os testesforam utilizados os produtos químicos Tanfloc SG, Ácido Sulfurico, Ácido Clorídrico, Polímeros aniônico e catiônico, onde suas concentrações estão detalhadas no QUADRO 5. PRODUTO MARCA CONCENTRAÇÃO Tanino (Tanfloc SG) Tanac Concentração comercial de 34 a 34% Ácido Sulfúrico - 15% Ácido Clorídrico - 20% Polímero Aniônico Tanac 0,02% Polímero Catiônico Procytek 0,02% QUADRO 5 - Detalhamento dos produtos utilizados. 4.3 REALIZAÇÃO DO JARTEST O jartest equipamento de bancada utilizado para simular as etapas de coagulação, floculação e formação de lodo de uma estação de tratamento físico- química convencional. Neste são dosadas concentrações e quantidades diferentes de produtos químicos em diferentes faixas de pH para verificação visual da melhor combinação para o tratamento. Para esta pesquisa foi utilizado o jartest com três jarros de 2 litros de capacidade cada. O coagulante escolhido foi o Tanfloc® (marca comercial) a base de tanino comercializado pela Empresa Tanac®. Os polímeros aniônico e catiônico e ácidos como sulfúrico e clorídrico. A eficiência da coagulação com o Tanino e coagulantes orgânicos, geralmente não necessitam de ajuste de pH em águas naturais ou efluentes de característica simples (PEDROSO, 2009) . Porém, devido as características complexas do efluente analisado, foram testadas várias faixas de pH para a 47 coagulação e floculação. O esquema resumido do Jartest utilizando o tanino pode ser verificado na FIGURA 12. FIGURA 12 – Esquema simplificado do Jartest com a utilização do Tanino (Tanfloc). Fonte: Autor, 2017. 4.5 DESÁGUE DE LODO O lodo gerado através da realização do Jartest, foi submetido a um sistema de deságue a nível de bancada. Este sistema foi realizado de acordo com Richter (2010). Neste sistema utiliza-se um funil de Buchner, papel filtro e uma fonte de vácuo. Conforme ilustrado na FIGURA 13. Dosagem de Tanfloc em agitação rápida. Dosagem de polímero para formação dos flocos. Agitação lenta. 48 FIGURA 13 – Procedimento de desague de lodo em bancada. FONTE: RICHTER, 2010. Neste procedimento o lodo é colocado sobre o papel filtro dentro do funil de Buchner, o vácuo é acionado e o lodo é compactado sob o filtro fazendo com que toda a água contida no mesmo seja succionada pelo sistema, sendo possível então identificar qual é a fração realmente sólida do lodo. Para o cálculo de densidade do efluente e posterior verificação do volume de lodo gerado, foi utilizada a fórmula de densidade representada pela EQUAÇÃO 1 – Fórmula de densidade. 49 4.6 ANÁLISES LABORATORIAIS As análises laboratoriais do efluente tratado foram realizadas por laboratório qualificado, portador de Certificado de Cadastro de Laboratório (CCL), documento concedido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para análises químicas e biológicas de efluentes. Foram enviadas três amostras do efluente tratado e uma do efluente bruto para as análises de DQO, OG, Cor e Turbidez. O método utilizado foi baseado no Standard Methods (2012). 50 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 REALIZAÇÃO DE JARTEST Foram realizados ao todo 15 testes utilizando o método do Jartest. A FIGURA 14 mostra o efluente bruto antes dos testes. FIGURA 14 – Efluente bruto nos jarros para os testes. As primeiras amostragens foram realizadas para a verificação visual da formação de flocos de acordo com o pH utilizado e verificação do polímero com o qual fosse obtido melhor resultado na formação dos flocos. O QUADRO 6 apresenta os testes realizados, pH, quantidade e tipo de produtos utilizados em cada uma das etapas de Jartest. 51 DATA TESTE pH I CORREÇÃO DE PH QT (mL) pH II COAGULANTE QT (mL) FLOCULANTE QT (mL) PH f 13/09/2017 1a 9,82 HCl 20% 12 7,86 Tanfloc 9 Catiônico 9 7,56 2a 9,82 H2SO4 100% 5,5 3,2 Tanfloc 11,5 Catiônico 9 6,45 3a 9,82 H2SO4 100% 6 2,65 Tanfloc 9 Aniônico 9 2,35 04/10/2017 1b 9,64 H2SO4 15% 16 8,33 Tanfloc 12 Aniônico 12 7,75 2b 9,65 H2SO4 15% 30 7,30 Tanfloc 12 Catiônico 12 6,61 3b 10 H2SO4 15% 25 6,01 Tanfloc 25 Aniônico 9 5,28 18/10/2017 1c 9,76 H2SO4 15% 40 5,95 Tanfloc 21 Aniônico 12 5,21 2c 9,76 H2SO4 15% 35 6,35 Tanfloc 15 Catiônico 9 5,91 3c 9,76 H2SO4 15% 38 6,18 Tanfloc 18 Aniônico 9 5,68 20/10/2017 1d 9,83 H2SO4 15% 38 6,15 Tanfloc 15 Aniônico 12 5,76 2d 9,80 H2SO4 15% 40 5,86 Tanfloc 18 Aniônico 9 5,86 3d 9,80 H2SO4 15% 50 5,01 Tanfloc 12 Aniônico 8 4,65 4d 9,82 H2SO4 15% 35 6,40 Tanfloc 18 Aniônico 9 5,58 5d 9,80 H2SO4 15% 40 6,13 Tanfloc 15 Aniônico 9 5,23 6d 9,81 H2SO4 15% 45 5,89 Tanfloc 12 Aniônico 9 5,11 QUADRO 6 – Dados Jartest. (pH I: pH Inicial; pH II: pH após a dosagem de acidulante; QT: Quantidade; pH f: pH fina do efluente) 52 Nos testes realizados foram verificadas várias faixas de pH. Como nos testes 3a e 1b com pHs 2,65 e 8,33 respectivamente, foram utilizadas essas faixas distintas de pH para que se fosse possível definir após isso qual seria o pH ideal para a presente amostra. Ao realizar o teste 3b foi possível verificar que o coagulante reagiu de uma forma melhor com um pH próximo a 6. Conforme FIGURA 15. FIGURA 15 – Testes realizados 04/10/2017 (1b,2b e 3b). Após a definição de testes com o pH próximo a 6, foi verificado então quais seriam os volumes de coagulante e qual seria o polímero mais adequado a aplicação no presente efluente. Conforme demonstrado no QUADRO 6 foram utilizados polímeros catiônico e aniônico, visualmente foi verificado que a formação de flocos ocorreu de forma mais satisfatória com o polímero Aniônico, pois ao se dosar o polímero foi possível observar uma velocidade muito maior na formação de flocos grandes e consistentes, o que pode ser verificado na FIGURA 16. 53 FIGURA 16 – Formação de flocos após a dosagem de polímero aniônico. (Teste 3b 04/10/2017). A comparação visual de formação de flocos pode ser observado na FIGURA 17, onde nos testes 1c e 3c foi utilizado polímero aniônico e no 2c catiônico. Conforme o pH das três amostragens foi mantido próximo a 6 e a dosagem de Tanfloc® das amostras 2c e 3c também foi próxima em mL, optou-se então por utilizar-se apenas o polímero aniônico para os seguintes testes. 54 FIGURA 17 – Comparação de utilização de polímero (testes 1c, 2c e 3c, respectivamente da esquerda para a direita). FONTE: O Autor. Definidos os reagentes e o pH, os quais foram, pH próximo a 6 e polímero aniônico, a avaliação então foi realizada para verificação do volume necessário de cada um dos reagentes para uma boa coagulação e floculação. Tendo como base as amostragens 1d, 3d e 5d (realizadas dia 20/10/2017), o volume de coagulante utilizado ficou entre 12 e 15mL, ou seja 6000 e 7.500ppm respectivamente, e a dosagem de polímero aniônico ficou entre 9 e 12mL, 4500 e 6000ppm, sendo possível observar uma boa coagulação e floculação (FIGURA 18, FIGURA 19 e FIGURA 20). FIGURA 18 – Teste 1d (dosagem de 7500ppm Tanino e 6000ppm polímero). 55 FIGURA 19 – Teste 3d (dosagem de 6000 ppm de Tanino e 4000ppm de polímero). FONTE: O Autor. FIGURA 20 – Teste 5d (dosagem de 7500ppm de Tanino e 4500ppm de Polímero). 56 5.2 REALIZAÇÃO DAS ANÁLISES DO EFLUENTE Após a realização da última campanha de amostragem, as três melhores amostras foram enviadas para a análise laboratorial dos parâmetros verificados, DQO, OG, Cor e Turbidez. Não foram realizadas mais amostragens laboratoriais de caracterização dos outros Jartests realizados nas datas 13/09, 04/10 e 18/10 devido ao curto espaço de tempo para as análises de DQO e OG, desta forma foi necessário o enviodas mesmas ao laboratório. Como estas análises possuem um custo, que foi arcado pela Empresa X, a mesma só autorizou que fossem realizadas estas três análises. A escolha das amostras foi feita visualmente através da clarificação e volume de lodo gerado. Estas foram escolhidas entre 6 amostras produzidas no dia, as mesmas foram realizadas sob condições normais de temperatura e pressão, assim como todos os testes realizados. Uma representação da clarificação do efluente após a amostragem pode ser observada pela FIGURA 21. FIGURA 21 – Comparação entre os testes 1d e 3d com o efluente bruto. FONTE: O Autor. 57 Também foi enviada para análise uma amostra do efluente bruto para caracterização dos parâmetros analisados. A TABELA 2 representa os resultados obtidos para o efluente bruto. TABELA 2 – Caracterização de efluente bruto. Efluente Bruto Parâmetro 20/10/2017 DQO (mgO2/L) 14.500,00 OG (mg/L) 255,00 TURBIDEZ (UNT) 3.169,10 COR (hz) 4000,00 Os resultados obtidos para as amostras de tratado analisadas podem ser observados na TABELA 3. Os laudos fornecidos pelo laboratório podem ser consultados nos ANEXOS I, II e III deste trabalho. TABELA 3 – Resultados para análises do efluente clarificado. Parâmetro Teste 1d Teste 3d Teste 5d DQO (mgO2/L) 8.700,00 8.900,00 9.400,00 OG (mg/L) 111,50 228,90 240,80 TURBIDEZ (UNT) 440,00 389,00 340,00 COR (hz) 140,00 63,00 58,00 A eficiência de redução dos parâmetros analisados para cada teste pode ser verificado pelo GRÁFICO 3. 58 GRÁFICO 3 – Porcentagem de redução dos parâmetros analisados. Para o teste 1d foi possível uma redução de 40% da DQO, que representou uma remoção de 5.800mgO2/L de concentração de DQO, sendo o melhor ensaio para DQO e também para remoção de óleos e graxas, alcançado uma remoção de 56%. Assim como se alcançaram resultados positivos para a redução dos outros parâmetros. Os testes 2d e 3d apresentaram um valor de 98% de redução de turbidez, para cor o melhor ensaio foi o 3d, apresentando 98% de redução, porém nestas mesmas amostras houve uma redução baixíssima de óleos e graxas. Sendo que a diferença nos testes foi de 46% e 50% respectivamente, se comparados com o teste 1d. Esta diferença pode estar ligada a dosagem de polímero, no teste 1d foram dosados 12 mL de polímero, e nos testes 3d e 5d, 8 e 9 mL respectivamente. A dosagem um pouco maior de polímero no teste 1d pode ter sido responsável por agregar uma concentração maior de óleos e graxas ao lodo. A redução de DQO de um efluente está diretamente ligada à remoção dos sólidos presentes no efluente, sejam eles suspensos ou dissolvidos. Através dos resultados, é possível uma análise da relação entre a remoção de DQO, Cor e Turbidez. Segundo Metcalf e Eddye (2016) a DQO é composta pelo total de matéria 40% 39% 35% 56% 10% 6% 89% 90% 92% 96% 98% 98% Teste 1d Teste 2d Teste 3d Redução dos parâmetros DQO OG COR TURBIDEZ 59 orgânica suscetível a degradação por oxigênio, ou seja, todo o sólido suspenso e dissolvido contribuem para a DQO. FIGURA 22 – Verificação visual de permanência de cor no efluente tratado. Para o embasamento dos resultados obtidos com a coagulação do efluente utilizando tanino, foi necessária uma pesquisa bibliográfica para comparação dos resultados obtidos, porém logo se mostrou difícil encontrar estudos especificamente sobre efluentes oleosos e a aplicação do tanino, sendo necessária então uma comparação de eficiência de remoção de DQO, Cor e Turbidez, utilizando o tanino, para outros tipos de efluentes industriais. Os resultados obtidos por Vaz (2009), para o tratamento de efluentes industriais de galvanoplastia, foram positivos com relação à utilização de coagulantes a base de Tanino. A TABELA 4 apresenta os resultados para remoção de Cor e Turbidez por diferentes tipos de coagulantes, incluindo o Tanfloc SG a base de Tanino. O autor adotou como melhor volume de dosagem de coagulante uma faixa de 300 a 400ppm. 60 TABELA 4– Eficiência do Tanino (Tanfloc SG) na remoção de cor e turbidez em efluente de galvanoplastia. Coagulante % remoção de cor % remoção de cor Sulfato de Alumínio 98,13 98,78 Cloreto Férrico 32,30 94,63 Quitosana 98,68 99,44 Moringa 90,30 92,90 Tanfloc SG 95,90 99,13 Acquapol C1 96,69 98,72 FONTE:Adaptado de VAZ (2009). Com os testes realizados, o autor teve uma média de remoção de DQO do efluente de 26%, sendo que a DQO encontrada para o efluente estudado foi de, em média, 200mgO2/L. O mesmo concluiu que para o efluente analisado, a eficiência de remoção da DQO realizada pelo Tanfloc SG e pelo Sulfato de Alumínio (coagulante convencional) foi equiparável. Ressaltando que o coagulante por ter base orgânica facilita a destinação do lodo gerado. Em um estudo realizado por Lucyk et al (2015), para a tratabilidade de um efluente proveniente de um abatedouro de aves, foi alcançado uma remoção de Cor e turbidez de em média 80 e 90% respectivamente com a dosagem do coagulante orgânico. Para efluentes industriais o tanino tem se apresentado uma boa alternativa para a minimização das concentrações de contaminantes no efluente. Para o presente projeto, objetivou-se realizar os testes para verificar se os índices de remoção dos parâmetros escolhidos para avaliação. O QUADRO 7 apresenta a comparação dos resultados médios encontrados pelos autores para a remoção da DQO. 61 Produto Campos et al (1996) Vaz (2009) Presente projeto Tanino - - 38% Sulfato de Aluminio 38% 37,03% - Cloreto Férrico 40% Resultado desprezível - QUADRO 7– Comparação da eficiência do tanino em diferentes efluentes industriais. FONTE: O Autor. Para as análises de remoção de DQO para o cloreto férrico, Vaz (2009) obteve um resultado desprezível devido ao fato de que o cloreto férrico aumentou a concentração de DQO no meio, isso pela ineficiência da coagulação do efluente industrial proveniente da galvanoplastia. Para a remoção de cor e turbidez do efluente, a comparação com os resultados obtidos pelos outros autores, pode ser visualizada no QUADRO 8. Cor Turbidez Produto Vaz (2009) Lucyk (2015) Presente Vaz (2009) Lucyk (2015) Presente Tanino 95,90% 84,67% 90,33% 99,13% 94,3% 97,33% Cloreto Férrico 98,13% - - 98,78% - - Sulfato de Alumínio 32,3% 94,63% - 78% - QUADRO 8 – Comparação de remoção de Cor e Turbidez em diferentes efluentes industriais. ( - ) Parâmetro não foi analisado no estudo. FONTE: O Autor. Mesmo com a diferença dos efluentes analisados, foi possível verificar através dos resultados obtidos que a eficiência da remoção dos parâmetros analisados, com a utilização do tanino se compara muito a utilização dos coagulantes convencionais. A comparação com o estudo realizado por Campos et al (1996), teve como objetivo verificar as eficiências da remoção de contaminantes pelos coagulantes convencionais. 62 O tratamento com desemulsificação e coagulação do efluente oleoso, não objetiva o lançamento do efluente em corpos receptores ou rede de coleta de esgoto, e sim reduzir a carga dos contaminantes do meio como uma primeira etapa de tratamento, sendo necessário então na sequência um tratamento para atender os parâmetros de lançamento. Para o resultado médio encontrado de 8.800mgO2/L, a literatura prevê que esta carga é passível a tratamento biológico, desde que misturado com um efluente sanitário, o que faria com que as características do mesmo fossem diluídas e a relação DBO/DQO fosse adequada (SANTO, et al 2010). Para Von Sperling (2005), o tratamento mais adequado a cada efluente sempre será verificado através das concentrações de cada um dos parâmetros presentes
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