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Sistemas de Esgotamento Sanitário e Tratamento de Efluentes Industriais livro

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SISTEMAS DE ESGOTAMENTO 
SANITÁRIO E TRATAMENTO DE 
EFLUENTES INDUSTRIAIS
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03
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1.
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2
Ana Claudia Guedes Silva
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2020
SISTEMAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO E 
TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS
1ª edição
3
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Revisor
Jessica Klarosk Helenas Perin
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
__________________________________________________________________________________________ 
Silva, Ana Claudia Guedes
S586s Sistemas de esgotamento sanitário e tratamento de
efluentes industriais/ Ana Claudia Guedes Silva, – Londrina:
 Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020.
 43 p.
 ISBN 978-65-86461-13-8
1.Efluentes industriais 2. Esgotamento sanitário 
I. Título. 
 
CDD 628.445 
____________________________________________________________________________________________
Jorge Eduardo de Almeida CRB: 8/8753
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
mailto:editora.educacional%40kroton.com.br%20?subject=
http://www.kroton.com.br/
4
SUMÁRIO
Qualidade da água e sistemas de abastecimento ___________________ 05
Estações de tratamento e sistemas de esgotamento ________________ 21
Acepção e tratabilidade dos efluentes industriais ___________________ 37
Tecnologias e inovações no tratamento de efluentes _______________ 52
SISTEMAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO E TRATAMENTO 
DE EFLUENTES INDUSTRIAIS
5
Qualidade da água e sistemas de 
abastecimento
Autora: Ana Claudia Guedes Silva
Leitora crítica: Jessica Klarosk Helenas Perin
Objetivos
• Compreender a caracterização da água, bem 
como sobre seus padrões de potabilidade e 
balneabilidade, segundo a legislação vigente.
• Definir e exemplificar os sistemas de abastecimento, 
captação e distribuição da água.
• Caracterizar e expor os principais métodos de 
tratamento da água, detalhando os níveis primário, 
secundário e terciário.
6
1. Características da água
As características que a água possui são reflexos de todos os processos 
envolvidos no ambiente em que se encontra, sejam advindos de ação 
antrópica (processos erosivos, por exemplo) ou simplesmente de ação 
natural (percolação no solo). Isso pode alterar diversos parâmetros de 
qualidade, tal como a turbidez da água.
Dessa maneira, é necessária a caracterização da água, utilizando 
diversos parâmetros que são obtidos por uma série de análises e 
apresentam, em geral, características quantificáveis da qualidade da 
água. Quando fora dos limites estabelecidos para o determinado uso, 
indicam a necessidade de algum processo de tratamento, a fim de que 
a água se adeque a qualidade requerida. A seguir serão detalhados, 
em três grupos, os parâmetros mais representativos para qualidade da 
água.
1.1 Características físicas das águas
a. Temperatura: quantidade de calor; é um parâmetro importante, 
pois influencia diretamente em algumas propriedades da água, 
como na densidade, viscosidade e oxigênio dissolvido. Este 
último, com reflexos diretos sobre a vida aquática. Além disso, 
a temperatura pode variar conforme o recebimento de energia 
solar, bem como pelas ações humanas, tais como despejos 
industriais e águas de resfriamento.
b. Sabor e odor: podem ser resultantes de causas naturais, como 
algas, vegetação em decomposição, bactérias, fungos, compostos 
orgânicos, gases como sulfídricos e sulfatos; e também por 
agentes artificiais, por exemplo: esgotos domésticos e industriais.
c. Cor: resultante da existência de substâncias dissolvidas. Pode ser 
causada por ferro, manganês ou pela decomposição da matéria 
orgânica na água.
7
d. Sólidos: em suspensão ou dissolvidos. Sólidos em suspensão: 
partículas que permanecem retidas após o processo de filtração. 
Podem ser divididos em sólidos dissolvidos, que são partículas que 
passam através do filtro e representam a matéria em solução ou 
em estado coloidal presente na amostra; sólidos sedimentáveis, 
porção dos sólidos que se sedimenta sob ação da gravidade em 
um recipiente.
e. Turbidez: presença de material em suspensão (não dissolvido), 
como argila, silte, substâncias orgânicas finamente particuladas e 
microrganismos. A turbidez não deve ser confundida com cor, pois 
representa a medida de interferência da passagem de luz pela 
amostra.
f. Condutividade elétrica: capacidade que a água possui de conduzir 
corrente elétrica. Este parâmetro está relacionado com a presença 
de substâncias dissolvidas na água, que se dissociam em íons. 
Sendo maior a condutividade, quanto maior for a concentração de 
íons na mesma.
1.2 Características químicas das águas
a. pH (potencial hidrogeniônico): representa o equilíbrio entre íons 
H+ e íons OH-. Pode variar de zero a 14. A água é ácida se o pH 
for inferior a sete, neutra se pH igual a sete, ou alcalina se pH 
maior do que sete. O pH da água pode variar de acordo com sua 
origem e características naturais, mas também pode ser alterado 
pela introdução de substâncias que venham a se decompor ou 
alterar quimicamente suas características. Águas com pH muito 
ácido podem ser corrosivas e as de pH muito alcalino tendem a 
formar incrustações nas tubulações. A vida aquática é altamente 
dependente das flutuações de pH, sendo estável na faixa de seis a 
nove.
b. Alcalinidade: causada por sais, principalmente o cálcio; indica 
a capacidade da água de neutralizar os ácidos, isto é, expressa 
8
a capacidade de resistir a mudanças do pH (efeito tampão); 
em teores elevados, proporciona sabor desagradável à água, 
influenciando na eficiência dos processos de tratamento da água.
c. Dureza: resulta da presença, principalmente de sais, como cálcio 
e magnésio, ou de outros metais bivalentes, mas com menor 
intensidade. Em teores elevados, causa sabor desagradável e 
efeitos laxativos; provoca incrustações em tubulações e caldeiras. 
Classificação das águas, em termos de dureza de carbonatos 
(CaCO3) (Tabela 1) (BRASIL, 2014, p. 22):
Quadro 1 – Classificação das águas em relação à concentração 
carbonato de cálcio (CaCO3), expresso em mg/L
Valores de concentração de 
carbonatos (CaCO3)–mg/L
Classificação da água
Menor que 50. Mole ou branda.
Entre 50 e 150. Com dureza moderada.
Entre 150 e 300. Dura.
Maior que 300. Muito dura.
Fonte: BRASIL (2014).
d. Cloretos: geralmente provindos da dissolução de minerais ou 
da intrusão de água do mar; podem também ser oriundos dos 
esgotos domésticos ou industriais; em altas concentrações 
conferem sabor salgado à água e propriedades laxativas.
e. Ferro e manganês: originam-se da dissolução de compostos do 
solo ou de despejos industriais, resultando em uma coloração 
avermelhada à água quando o ferro está em concentrações mais 
elevadas, ou marrom, quando as concentrações de manganês 
são mais elevadas, manchando roupas e outros produtos 
industrializados, além deconferir sabor metálico. Águas com 
altas concentrações de ferro favorecem o desenvolvimento das 
ferrobactérias, que podem causar maus odores.
9
f. Nitrogênio: na água, o nitrogênio pode ser encontrado nas mais 
diversas formas. As mais relevantes são:
• Nitrogênio molecular (N2): nitrogênio gasoso. Continuamente 
sujeito a perdas para a atmosfera (volatilização). Algumas 
espécies de algas fixam o nitrogênio atmosférico, que auxilia 
em seu desenvolvimento e crescimento, mesmo quando as 
outras formas de nitrogênio não estão disponíveis na massa 
líquida.
• Nitrogênio orgânico: pode ser formado por nitrogênio 
na forma dissolvida, isto é, por compostos nitrogenados 
orgânicos; ou também na sua forma particulada, juntamente 
com a biomassa de organismos.
• Amônia (NH3): encontrada em condições de anaerobiose; serve 
ainda como indicador do lançamento de esgotos; altamente 
tóxico para a fauna aquática.
g. Fósforo: é encontrado no ambiente aquático, nas formas orgânica 
e inorgânica. A orgânica pode estar solúvel, compreendendo 
em uma matéria orgânica dissolvida ou particulado, juntamente 
com uma biomassa de microrganismos. A inorgânica pode estar 
presente na forma solúvel em sais de fósforo ou particulado, 
presente em compostos minerais, como apatita. Em razão de sua 
baixa disponibilidade natural na água, é o nutriente limitante para 
o crescimento de plantas aquáticas. Quando este nutriente não 
é mais um fator limitante, ocorre um crescimento em excesso, 
caracterizando-se o fenômeno conhecido como eutrofização, que 
prejudica e até impossibilita, em alguns casos, a utilização da água.
h. Oxigênio dissolvido: é um dos parâmetros mais utilizados para 
expressar a qualidade de um ambiente aquático, pois as variações 
nos teores de oxigênio dissolvido estão associadas a processos 
físicos, químicos e biológicos que ocorrem nos corpos d’água. 
Para a manutenção da vida aquática aeróbia são necessários 
10
teores mínimos de oxigênio dissolvido de 2 mg/L a 5 mg/L 
(exigências diferentes para cada organismo). A concentração 
mínima necessária para sobrevivência das espécies piscícolas é de 
4 mg/L para a maioria dos peixes. Em condições de anaerobiose 
(ausência de oxigênio dissolvido), ocorre a mortandade de peixes 
e outras espécies que necessitam de oxigênio e começa a ocorrer 
a presença de maus odores (BRASIL, 2014, p. 25).
i. Matéria orgânica: a presença em quantidades elevadas pode 
causar mal odor, turbidez e aumento no consumo de oxigênio 
dissolvido pela ação dos microrganismos, em que, para a 
quantificação, são utilizados indicadores indiretos da quantidade 
de matéria orgânica na água: Demanda Bioquímica de Oxigênio 
(DBO) e Demanda Química de Oxigênio (DQO).
A DBO e a DQO indicam a demanda de oxigênio necessária para 
estabilizar a matéria orgânica contida na amostra de água. Por isso, 
são indicadores indiretos, não medem a matéria orgânica diretamente, 
medem o consumo de oxigênio que é exercido por ela. A estabilização 
completa da matéria orgânica exige um tempo de vinte dias, porém, 
convencionou-se um período de incubação de cinco dias a temperatura 
de 20 ºC, denominada assim de DBO5,20.
A diferença entre DBO e DQO está no tipo de matéria orgânica 
estabilizada. Enquanto a DBO se refere exclusivamente à matéria 
orgânica biodegradável, ou seja, estabilizada por atividade 
microbiológica, a DQO engloba, além da matéria orgânica biodegradável, 
também a degradação da matéria orgânica por meio de processos 
químicos. Dessa maneira, o valor da DQO é sempre superior ao da DBO.
1.3 Características microbiológicas das águas
a. Escherichia coli: espécie de bactéria que está presente no intestino 
humano e de animais de sangue quente, sendo eliminada nas 
11
fezes em números muito elevados (105 a 107 células/g), segundo 
Trevisan (2017). Quando a água é caracterizada contendo 
Escherichia coli, há indicação clara de que está contaminada com 
fezes e, consequentemente, se encontra fora dos padrões para 
consumo humano, por exemplo.
b. Coliformes totais: o grupo dos coliformes inclui bactérias de 
origem não exclusivamente fecal, podendo ocorrer naturalmente 
no solo, em águas naturais e em plantas, por exemplo. Em climas 
tropicais, os coliformes apresentam capacidade de se multiplicar 
na água, dependendo da temperatura.
 Assim, na avaliação da qualidade de águas naturais, os coliformes 
totais têm valor sanitário muito limitado. Sua aplicação restringe-
se a avaliação da qualidade da água tratada, na qual sua presença 
pode indicar falhas, como uma tubulação rompida, ou ainda a 
presença de nutrientes em excesso em reservatórios que não 
foram limpos devidamente, mas não indicam a contaminação por 
fezes (coliformes fecais são os indicadores disso).
c. Algas e cianobactérias: se fazem presentes em lagos, reservatórios 
e cursos d’água, são responsáveis por parcela significativa da 
concentração de oxigênio dissolvido na água.
d. Protozoários: esses organismos estão relacionados com doenças 
de transmissão hídrica em que produzem cistos ou oocistos 
resistentes às condições do ambiente, tais como Giardia, 
Toxoplasma e Cryptosporidium.
2. Padrões de potabilidade e balneabilidade
Os padrões de potabilidade são diferentes dos de balneabilidade, 
que também não são iguais aos constituídos para uso na irrigação 
ou na indústria. Mesmo entre os usos industriais do mesmo ramo, 
pois existem requisitos variáveis de qualidade em função do processo 
aplicado no tratamento.
12
No Brasil, os padrões de potabilidade (água de abastecimento humano) 
ficam a cargo do Ministério da Saúde, que estabelece diversos requisitos 
por meio da Portaria de Consolidação (PRC) n. 5, publicada em 03 de 
outubro de 2017 (BRASIL, 2017), que revogou a Portaria n. 2.914, de 
dezembro de 2011.
Além de dispor de padrões para todas as características da água 
(Quadro 2), com seus devidos limites máximos e amostragens 
requeridas, os anexos da PRC n. 5/2017, trazem diversos parâmetros 
quanto a outras substâncias químicas que trazem prejuízo à saúde, 
como o chumbo, cujo valor máximo permitido é de 0,01 mg/L.
Quadro 2 – Alguns parâmetros presentes na PRC n. 5/2017 do 
Ministério da Saúde.
Microbiológicos
Tipo de água Parâmetro Valor máximo permitido
Consumo humano. Escherichia coli. Ausência em 100 mL.
Na saída do tratamento. Coliformes totais. Ausência em 100 mL.
No sistema de distribuição. Escherichia coli. Ausência em 100 mL.
Turbidez
Desinfecção (águas subterrâneas). 1,0 uT em 95% das amostras.
Filtração rápida (convencional 
ou simplificado). 0,5 uT em 95% das amostras.
Filtração lenta. 1,0 uT em 95% das amostras.
Fonte: BRASIL, 2017.
Balneabilidade de um referido local é a possibilidade de serem exercidas 
atividades de contato primário, como banho e atividades esportivas em 
suas águas, sendo assim, é quando a qualidade da água está de acordo 
com este uso. A balneabilidade ou não de um local é determinada a 
partir da quantidade de bactérias do grupo coliforme, presente na água, 
sendo feitas análises que quantificam os coliformes totais e fecais.
A resolução que delibera padrões para a balneabilidade é a Resolução 
n. 274, de 29 de novembro de 2000, do Conselho Nacional do Meio 
13
Ambiente (CONAMA), que, de forma simples, categoriza classes de 
qualidade para este fim, de acordo com análises de coliformes fecais 
(termotolerantes). Dessa maneira, fica definido (BRASIL, 2000):
• Excelente: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras 
obtidas, em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas 
no mesmo local, houver, no máximo, 250 NMP (número mais 
provável) coliformes fecais (termotolerantes) ou 200 NMP 
Escherichia coli ou 25 NMP enterococos por 100 mL.
• Muito boa: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras 
obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas 
no mesmo local, houver, no máximo, 500 NMP coliformes 
fecais (termotolerantes) ou 400 NMP Escherichia coli ou 50 NMP 
enterococos por 100 mL.
• Satisfatória: quando em 80% ou maisde um conjunto de amostras 
obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas 
no mesmo local, houver, no máximo 1.000 NMP coliformes 
fecais (termotolerantes) ou 800 NMP Escherichia coli ou 100 NMP 
enterococos por 100 mL.
O atendimento dos requisitos citados não classifica categoricamente que 
a balneabilidade está assegurada, fazendo-se necessário o atendimento 
de alguns requisitos complementares, também dispostos na resolução 
CONAMA 274 (BRASIL, 2000).
3. Sistemas de abastecimento de água (SAA)
Sistema de Abastecimento de Água (SAA) é o conjunto de obras, 
instalações e serviços, destinados a garantir aos seus usuários a 
qualidade e quantidade de água adequados às suas necessidades, seja 
para os mais diversos fins, como: consumo, serviços públicos, consumo 
industrial e outros usos previstos.
14
Seguindo o fluxo da própria água, o SAA inicia pela retirada da água 
de um corpo hídrico (captação), o transporte da água bruta (adução), 
adequação de sua qualidade (tratamento), transporte e fornecimento 
à população (distribuição). Dependendo do projeto realizado, alguns 
dispositivos podem ser requeridos no SAA, como estações elevatórias, 
reservatórios, entre outros.
3.1 Componentes de um SAA
Manancial: manancial ou corpo hídrico é a fonte de água doce utilizada 
para atender necessidades dos usuários do sistema. A escolha correta 
do manancial passa pela avaliação da vazão necessária (quantidade), 
além da qualidade. Isso implicará também na escolha dos métodos de 
tratamento a serem utilizados (BRASIL, 2015, p. 79).
Captação: constituído por um conjunto de estruturas e dispositivos 
(tubulações, motobombas etc) posicionados, normalmente, junto ao 
manancial para retirar água destinada ao sistema. Tem como função 
fornecer ao sistema, água em quantidade suficiente com a melhor 
qualidade para que possa suprir a demanda (BRASIL, 2015, p. 84).
Estação de tratamento de água (ETA): conjunto de instalações e 
equipamentos destinados a realizar a adequação da qualidade da água 
que será distribuída aos usuários. O tratamento de água, normalmente, 
é caracterizado por métodos físico-químicos, podendo variar os métodos 
de acordo com a qualidade da água bruta. O sistema convencional 
de tratamento de água é o mais utilizado e compreende etapas de 
coagulação, floculação, decantação, filtração rápida, desinfecção, 
fluoretação e correção do pH (BRASIL, 2015, p. 110).
Adutoras: são tubulações de grande diâmetro, que tem por objetivo 
conduzir a água para as demais unidades do sistema. É responsável 
pela interligação entre a captação e a estação de tratamento (adutora 
de água bruta), e o (s) reservatório (s), a rede de distribuição (adutora 
15
de água tratada), porém, não distribuem a água entre as unidades 
consumidoras (BRASIL, 2015, p. 105).
Estações elevatórias: são dispositivos que utilizam motobombas 
para transportar água, quando a mesma não pode ser feita por meio 
da força gravitacional ou até mesmo para elevar a pressão na rede 
de distribuição. Seu uso demanda de muita energia e os custos de 
manutenção são muito elevados. Dessa maneira, sempre que há a 
possibilidade de se utilizar apenas a força gravitacional no transporte, é 
recomendada (BRASIL, 2015, p. 141).
Reservatórios de distribuição: são componentes que tem por 
finalidade suprir as variações de consumo dos usuários ao longo do 
dia (reservação), manter a pressurização adequada da rede e garantir 
a ininterrupção do abastecimento em caso de paralização de algum 
dos serviços, falhas de tratamento, falta de energia e rompimento de 
adutoras, por exemplo. Outro ponto importante é garantir reservas de 
água para uso em combates a incêndios, item obrigatório (BRASIL, 2015, 
p. 133).
Redes de abastecimento: são constituídas por tubulações, órgãos e 
acessórios, que disponibilizam água de forma ininterrupta e com qualidade 
adequada as unidades consumidoras. Trata-se do componente mais caro 
na implantação do sistema, devido sua extensão, grande movimentação 
de solo e maquinário empregado. Também são as de maior dificuldade de 
acesso para manutenções, pois se encontram enterradas e distribuídas em 
vias públicas normalmente (BRASIL, 2015, p. 134).
4. Principais métodos de tratamento da água
O tratamento da água deverá ser realizado apenas se demonstrada 
sua necessidade e sempre que a purificação for necessária. Por isso, a 
16
seleção de processos de tratamento para obtenção de água potável deve 
ser feita de modo a permitir a remoção ou redução de determinados 
constituintes da água bruta, até alcançar as características ideais para 
uso.
Desse modo, os principais condicionantes na escolha dos processos 
unitários para a potabilização são: a natureza da água bruta, que está 
diretamente ligado as características físico-químicas e microbiológicas 
do manancial; e a qualidade final da água tratada.
As tecnologias de tratamento apresentam, basicamente, três fases: 
clarificação, filtração e desinfecção. Clarificação envolve as etapas 
de coagulação, floculação e decantação/ flotação, cujo objetivo é 
primordialmente a remoção dos sólidos suspensos e de parcela 
dos sólidos dissolvidos. Posteriormente, a filtração visa a remoção 
de sólidos em suspensão, bem como a remoção de bactérias e 
cistos de protozoários. Já a desinfecção, presta-se a inativação dos 
microrganismos ainda resultantes, como bactérias e vírus, segundo 
Libânio (2010, p. 146).
A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) n. 
357/2005, define os tipos de tratamentos específicos de acordo com a 
classificação do manancial, apresentada a seguir (BRASIL, 2005):
• Classe especial: necessita apenas do tratamento de desinfecção.
• Classe 1: aplica-se o processo simplificado, composto por 
clarificação realizada por meio de filtração; desinfecção; correção 
de pH (quando necessário) e adição de flúor (fluoretação).
• Classe 2: emprega-se o processo convencional, constituído por 
clarificação, com utilização de coagulação; floculação; decantação/ 
flotação; filtração seguida de desinfecção; correção de pH e 
fluoretação.
17
• Classe 3: com possível utilização dos processos, convencional 
ou avançado, sendo que no avançado há o uso de técnicas 
de remoção e/ou inativação de constituintes refratários aos 
processos convencionais de tratamento, que podem conferir à 
água características, como: cor, odor, sabor, atividade tóxica ou 
patogênica.
Vale ressaltar que para qualquer processo utilizado, faz-se o uso do 
tratamento preliminar, que consiste na remoção de sólidos grosseiros 
por meio de sistemas de gradeamento.
Assim, analisando os tratamentos requeridos para água, percebe-se 
que pode haver ou não a etapa de coagulação química. Caso haja a 
inexistência da coagulação, o tratamento é realizado por filtração lenta, 
com posterior desinfecção, correção do pH e fluoretação.
Com o emprego da coagulação química, a tecnologia de tratamento 
passa a ser associada a filtração rápida, em que pode haver duas 
variantes desse sistema, precedendo a etapa de filtração:
1. Com a inexistência da unidade de decantação ou flotação para 
sedimentação dos flocos, que se divide em: sem unidade de 
floculação presente, denominada de filtração direta em linha; 
ou com a operação unitária de floculação, conhecida apenas 
como filtração direta. Esses sistemas podem conter dois filtros 
rápidos dispostos em séries, operando em sentido ascendente ou 
descendente, chamados de dupla filtração ou filtração em dois 
estágios.
2. Existência da unidade para retenção dos flocos por decantação ou 
flotação: Nesse caso, o tratamento é denominado convencional, 
em que há contemplação das etapas de coagulação, floculação, 
decantação ou flotação, filtração, desinfecção e fluoretação, 
segundo Telles (2013, p. 268).
18
Entretanto, muitos compostos solúveis em água são resistentes à 
biodegradação, necessitando, portanto, de um tratamento avançado 
para eliminação de tais compostos. Esse tratamento emprega técnicas 
como a oxidação com oxigênio,permanganato de potássio, cloro, 
dióxido de cloro ou ozônio; uso de carvão ativado em pó, precipitação 
química, membranas filtrantes, adsorção, osmose reversa, luz 
ultravioleta e/ou ozonificação, que visam remoção de cor, turbidez, 
algas, gases, compostos voláteis, oxidação de íons metálicos (tais como 
ferro e manganês) e remoção total ou parcial de dureza (íons Ca+2 Mg+2 
na forma de bicarbonatos, sulfatos e cloretos), segundo Libânio (p. 24-
34, 2010).
5. Tratamento primário, secundário e terciário
Como citado anteriormente, a escolha do tipo de tratamento de água 
para abastecimento depende da qualidade do manancial em que a 
água bruta será captada. Diferente para as águas residuárias, em que 
a escolha do tipo ou nível de tratamento depende da quantidade e 
qualidade das águas residuais, a qualidade que se pretende obter 
depois do tratamento e as características do local de descarga.
Assim, o tratamento de efluentes consiste em três fases, segundo Von 
Sperling (2008, p. 249):
• Tratamento primário: visa a remoção de sólidos em suspensão 
sedimentáveis e, em decorrência, parte da matéria orgânica em 
suspensão (DBO suspensa ou particulada). É usual a utilização 
de mecanismos físicos, tais como decantação e caixa de areia, 
bem como adição de componentes químicos para ajudar na 
floculação, ou seja, para que os flocos se tornem maiores e que 
sua sedimentação seja facilitada.
19
• Tratamento secundário: o objetivo principal dessa etapa é a 
remoção de matéria orgânica dissolvida (DBO solúvel ou filtrada) 
e DBO suspensa e, porventura, nutrientes. Nesse tratamento, tem 
predomínio do processo biológico, realizado por bactérias aeróbias 
e anaeróbias, que degradam os compostos orgânicos resultantes 
do processo anterior, sendo realizado por meio de lodos ativados, 
lagoas de estabilização, wetlands, filtro anaeróbio, reator anaeróbio 
de fluxo ascendente (UASB) e/ou reatores com biofilmes.
• Tratamento terciário: objetiva a remoção de nitrogênio e fósforo, 
organismos patogênicos, compostos não biodegradáveis, 
metais pesados, sólidos inorgânicos dissolvidos e em suspensão 
remanescente não removidos em sua totalidade nos processos 
anteriores. Nessa etapa, há utilização de lagoas de maturação e 
polimento, cloração, ozonificação, radiação ultravioleta, filtração 
com membranas e/ou uso de alcalinizantes.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidação n. 5, 
de 28 de setembro de 2017. Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde – FUNASA. Manual de 
saneamento. 4. ed. Brasília, DF, 2015. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/
biblioteca-eletronica/publicacoes/engenharia-de-saude-publica/-/asset_publisher/
ZM23z1KP6s6q/content/manual-de-saneamento?inheritRedirect=false. Acesso em: 
2 mar. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde – FUNASA. Manual 
de controle da qualidade da água para técnicos que trabalham em ETAS. 
Brasília, 2014. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/
manualcont_quali_agua_tecnicos_trab_emetas.pdf. Acesso em: 2 mar. 2020.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente–
CONAMA. Resolução CONAMA n. 274, de 29 de novembro de 2000. Publicada no 
DOU, n. 18, de 25 de janeiro de 2001, Seção 1, p. 70-71. Brasília, DF, 2000. Disponível 
em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=272. Acesso em: 2 
mar. 2020.
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20
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente–
CONAMA. Resolução CONAMA n. 357, de 25 de março de 2005. Publicada no 
DOU, n. 053, de 18/03/2005, p. 58-63. Brasília, DF, 2005. Disponível em: http://
www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acesso em: 2 mar. 2020.
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. 3. ed. rev. e 
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TELLES, D. D. Ciclo ambiental da água: da chuva à gestão. 1. ed. São Paulo, SP: 
Edgard Blucher Ltda., 2013.
TREVISAN, G. de M. Remoção de coliformes e ascaris lumbricoides em sistema 
de wetland construído de fluxo vertical. Dissertação de mestrado. Universidade 
Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2017.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de 
esgotos. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, 
UFMG, vol. 1, 3. ed., 2008.
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459.
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459.
21
Estações de tratamento e 
sistemas de esgotamento
Autora: Ana Claudia Guedes Silva
Leitora crítica: Jessica Klarosk Helenas Perin
Objetivos
• Caracterizar efluente sanitário conforme suas 
características, bem como seus padrões de 
lançamento após o tratamento.
• Compreender os parâmetros para o 
dimensionamento de estações de tratamento de 
água e esgoto. 
• Diferenciar efluente doméstico de industrial, assim 
como estabelecer o conceito de águas pluviais.
• Compreender os tipos de sistemas de esgotamento 
sanitário, citando suas peculiaridades e 
características. 
• Enquadrar os corpos de água em classes, segundo 
os usos preponderantes da água e a legislação 
vigente. 
22
1. Dimensionamento para elaboração de 
estações de tratamento de água e efluente
Para o dimensionamento de estações de tratamento de água e efluente são 
necessárias várias avaliações prévias a serem consideradas, dentre elas: 
a qualidade da água ou efluente a ser tratado, o tamanho da população 
a ser atendida e o orçamento disponível para execução da obra, pois isso 
influenciará diretamente na escolha da tecnologia a ser utilizada.
Desse modo, serão apresentadas, a seguir, diretrizes gerais para 
a elaboração desses projetos, mais especificamente os principais 
parâmetros a serem seguidos para o dimensionamento, que atestarão o 
correto dimensionamento das unidades e, por consequência, o potencial 
de bom funcionamento do sistema.
Devida sua importância, são listados em normativas que devem ser 
seguidas, como a Norma Brasileira (NBR) 12.216, de 1992, que traz 
as condições para projetos de estações de tratamento de água para 
abastecimento público; e a NBR 12.209, de 2011, que relata as condições 
para projetos de estações de tratamento de esgoto sanitário (ABNT, 
1992; ABNT, 2011).
1.1 Parâmetros de projeto de Estações de Tratamento 
de Água (ETA)
O sistema convencional é a metodologia mais utilizada no Brasil, pois é 
robusto no que diz respeito às variações de qualidade de água, sendo 
composto pelos dispositivos: mistura rápida, floculação, decantação e 
filtração rápida. Os parâmetros de projetos em cada operação serão 
descritos a seguir:
• Unidade de mistura rápida: possui a finalidade de promover 
a dispersão do coagulante na água para que haja a redução das 
23
forças de separação das partículas coloidais e suspensas, sendo 
a calha Parshall um dispositivo eficiente para esse processo, 
segundo Richter (2012). A mistura deve ser a mais homogênea 
e rápida possível para que hajacoagulação e, por isso, a NBR 
12.216/1992 recomenda um gradiente de velocidade alto (entre 
700 s-1 e 1100 s-1) e um tempo de dispersão baixo (inferior a um 
segundo) (ABNT, 1992).
• Floculação: processo em que as partículas coaguladas ou 
desestabilizadas se aglomeram para formar flocos maiores. 
Assim, o processo de agregação das partículas depende do 
tempo de contato e do gradiente de velocidade, que deve ser 
menor, se comparado ao processo de mistura rápida (máximo 70 
s-1 no primeiro compartimento e mínimo 10 s-1 no último). Essa 
diminuição de velocidade é obtida por meio do aumento da largura 
e da profundidade do canal do floculador, bem como à disposição 
de dispositivos direcionais de fluxo ao longo do seu percurso, tal 
como chicanas, que conferem a água movimentos horizontais, 
verticais ou helicoidais, objetivando sua perda de carga.
• Decantação: nessa etapa, ocorre a sedimentação das partículas 
floculentas, havendo a separação das partículas sólidas em 
suspensão na água pela ação da gravidade, que se depositam 
na parte inferior da unidade onde se realiza esse processo, 
denominadas usualmente de decantadores ou tanques de 
decantação. Na decantação, os principais parâmetros de projeto 
são a velocidade de sedimentação e o tempo de detenção, sendo 
classificados segundo a NBR 12.216/1992, de acordo com a vazão 
que passa pela unidade de tratamento (ABNT, 1992).
• Filtração: a existência da operação de coagulação na ETA conduz 
a utilização de filtração rápida, que possui funcionamento físico-
químico para a separação de impurezas em suspensão na água, 
mediante sua passagem por um meio poroso, onde há variação das 
camadas filtrantes com a utilização de diversos materiais granulares. 
24
Os parâmetros básicos de projeto para as unidades filtrantes são: 
taxa de filtração, obtida por meio de filtro-piloto. Quando não for 
possível tal teste, adotar, para filtro de camada simples, 180 m3.m-2.d-1; 
e para filtro de camada dupla, 360 m3.m-2.d-1; espessura, tamanho 
efetivo e coeficiente de uniformidade das camadas filtrantes e 
suporte determinados por ensaios em filtro-piloto, quando os ensaios 
não são realizados, pode ser utilizada a especificação básica para tais 
parâmetros da NBR 12.216/1992 (ABNT, 1992).
• Desinfecção, fluoretação e correção de pH: essa é última etapa do 
tratamento de água, que recebe cloro (gás ou líquido) para eliminar 
microrganismos causadores de doenças, cuja concentração e tempo 
de contato variam conforme a temperatura e pH da água tratada, 
devendo-se garantir que seja fornecida com um teor mínimo de 
cloro residual livre de 0,2 mg L-1 em toda a extensão do sistema de 
distribuição; além do valor máximo permitido 1,5 mg.L-1 de flúor 
para prevenção a incidência de cáries, conforme a Portaria de 
Consolidação (PRC) n. 5, publicada em três de outubro de dois mil e 
dezessete; e, se necessário, a aplicação de cal hidratada ou virgem, 
a fim de corrigir o pH da água, estabilizando-a para que fique o mais 
próximo da neutralidade (pH 7) (BRASIL, 2017).
1.2 Parâmetros de projeto de estações de tratamento 
de esgoto (ETE)
No que tange a efluentes, principalmente os domésticos, há um 
consenso na utilização de processos microbiológicos para o tratamento, 
principalmente, pelo clima do Brasil ser favorável e seu custo de 
operação ser reduzido quando comparado a processos físico-químicos.
Além disso, leva-se em consideração o tamanho da área que pode ser 
utilizada e os custos energéticos e de operação. Essas ponderações se 
fazem necessárias, pois, diferentemente do tratamento de água, os 
tratamentos de efluentes possuem diversas tecnologias que são muito 
utilizadas em todo o território nacional.
25
Os tratamentos de efluentes, normalmente, dispõem de unidades de 
remoção de sólidos grosseiros (grades e/ou peneiras), remoção de areia 
e sólidos facilmente sedimentáveis (desarenador), decantação primária 
(tanque de decantação), processos de remoção de matéria orgânica 
(lodos ativados, Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente–UASB, filtros 
biológicos, entre outas tecnologias diferentes).
Sendo assim, serão apresentados os parâmetros de projeto de 
alguns dos muitos sistemas largamente utilizados para tal fim. Esses 
parâmetros são os recomendados pela NBR 12.209, de 2011, e devem 
ser seguidos em todos os projetos dessa natureza (ABNT, 2011).
1.2.1 Remoção de sólidos grosseiros
A remoção de sólidos grosseiros é realizada por grades de barras ou 
peneiras, tendo o objetivo de proteger contra obstruções bombas, 
tubulações e a ETE como um todo.
Segundo a NBR 12.209/2011, as grades e peneiras devem ser inclinadas 
com ângulos de 45º a 60º para facilitar a limpeza, se for manual (para 
vazões até 100 L.s-1); e de 60º a 90º para limpeza mecanizada (ABNT, 2011).
A limpeza sempre deve ser realizada quando a perda de carga atingir 
0,15 m para dispositivos com limpeza manual ou 0,10 m para limpeza 
mecanizada. Lembrando que a perda de carga é considerada para 
grades com 50% de obstrução.
1.2.2 Remoção de areia
O desarenador é um dispositivo que, como o próprio nome diz, tem 
como objetivo remover areia e outros sólidos de maior peso que são 
facilmente sedimentáveis, ou seja, sólidos com diâmetro maior que 0,2 
mm e densidade aparente de 2,65 g.cm-3 (ABNT, 2011).
26
Para que isso ocorra, o fluxo de efluente deve ser mais lento para 
possibilitar a decantação, por isso, a NBR 12.209/2011 recomenda que 
a velocidade de escoamento esteja entre 0,25 a 0,40 m.s-1, caso seja 
de fluxo horizontal e seção retangular (o mais usual). A profundidade 
do canal deve ser, no mínimo, de 0,20 m, para que haja depósito de 
material sedimentado, além de funcionar com uma taxa de aplicação 
superficial de 600 a 1300 m3.m-2.d-1 (ABNT, 2011).
1.2.3 Decantação primária
Utilizada, principalmente, em sistemas de lodos ativados convencional 
e de filtros biológicos, tendo como objetivo a redução da passagem de 
sólidos inertes que não foram retirados anteriormente, para as unidades 
posteriores, por meio do uso de tanques de decantação.
O principal parâmetro para esta unidade é a taxa de aplicação 
superficial, já que refletirá a eficiência do processo. Quanto maior a taxa, 
menor a eficiência. Sendo assim, as etapas subsequentes a esta unidade 
que são mais sensíveis a sólidos, como filtros biológicos, necessitam de 
taxas de aplicação mais reduzidas (até 60 m3.m-2.d-1). Já para sistemas 
com lodos ativados, pode-se utilizar taxas de aplicação superficial até 90 
m3.m-2.d-1 sem perda de eficiência do sistema (ABNT, 2011).
1.3 Processos biológicos de remoção de matéria 
orgânica
1.3.1 Filtros biológicos
É um sistema que utiliza um meio suporte como forma de gerar área 
para a adesão dos microrganismos que entrarão em contato com o 
efluente a ser tratado (normalmente utiliza brita como meio suporte).
27
Há várias configurações desse tipo de tratamento de alta e baixa taxa, 
com recirculação do efluente, filtros dispostos em série, seguidos de 
decantador. A escolha do método varia conforme a necessidade de 
eficiência de remoção de matéria orgânica.
Sistemas de filtros com meio suporte de brita devem possuir uma 
camada de até três metros de profundidade, sendo a taxa de aplicação 
superficial, o parâmetro principal de dimensionamento e operação do 
mesmo, variando de 1,2 kg/m².d para filtros de alta taxa até 0,3 kg/m².d 
para filtros de baixa taxa (ABNT, 2011).
1.3.2 Reator anaeróbio de fluxo ascendente com manta 
de lodo - UASB
É um sistema anaeróbio de remoção de matéria orgânica, que tem como 
vantagem seu baixo requisito de área e a possibilidade da produção de 
biogás para aproveitamento energético.
Se tratando de um sistema biológico, o TDH é um parâmetro muito 
importante, em que a NBR 12.209/2011 recomenda valores entre 6 h 
(para temperatura do esgoto superior a 25 ºC) a 10 h (para temperatura 
do esgoto entre 15 a 17 ºC) e profundidade útil do reator de 4 a 6 m 
(ABNT, 2011).
Além disso, a mesma norma cita que, como o sistema atua sobfluxo 
vertical, a velocidade ascensional na câmara de digestão não deve 
ultrapassar 0,7 m.h-1, para vazões médias, e sendo inferior a 1,2 m.h-1 
quando operado em vazão máxima.
Diferentemente dos filtros anaeróbios, o reator UASB não necessita de 
decantação primária, bem como sua eficiência de remoção de DBO é 
limitada (em torno de 70%) em relação aos outros tratamentos. Por isso, 
recomenda-se, conforme da eficiência desejada, um pós-tratamento 
28
que pode variar em processos aeróbios, anaeróbios e físico-químico, 
segundo Von Sperling (2014).
1.3.3 Lodos ativados
É um sistema aeróbio com biomassa suspensa que utiliza pouca área, 
porém, tem altos custos de operação devido a injeção de ar que se faz 
necessária. Sistema muito utilizado por sua robustez e qualidade final 
do efluente, que se divide em fluxo contínuo (convencional e aeração 
prolongada) e intermitente.
No caso de lodos ativados, o TDH não é fator determinante, mas sim 
a idade de lodo, que, segundo a NBR 12.209 de 2011, deve-se varia de 
dois a quatro dias para sistemas de alta taxa, de quatro a quinze dias 
para sistemas de baixa taxa, e acima de dezoito dias para sistemas de 
aeração prolongada (ABNT, 2011).
Outro parâmetro importante, citado pela norma, é a relação A/M 
(alimento/microrganismos), sendo: 0,70 a 1,10 kg DBO aplicada/kg 
SSV.d para sistemas de alta taxa; de 0,20 a 0,70 kg DBO aplicada/kg 
SSV.d para sistemas de baixa taxa; e menor ou igual a 0,15 kg DBO 
aplicada/kg SSV.d para sistemas com aeração prolongada (ABNT, 
2011).
2. Sistemas de Esgotamento Sanitário (SES)
Por definição, segundo Nuvolari (2011), é um conjunto de instalações 
que compreende, entre outras coisas, condutos, caixas de passagem, 
que tem por finalidade coletar, transportar e condicionar o efluente 
sanitário (esgoto doméstico) para uma disposição final ambientalmente 
adequada, de forma contínua e segura.
29
Assim, pode-se inferir que os objetivos principais desse sistema são o 
controle e/ou a erradicação de doenças de veiculação hídrica, a melhora 
da qualidade de vida da população, bem como da qualidade ambiental, 
seja em ambientes aquáticos ou terrestres.
2.1 Tipos de SES
Os SES podem ser classificados de duas formas: de acordo com o 
número de usuários atendidos pelo sistema ou por meio do que será 
transportado, ou seja, por sua finalidade de transporte.
A classificação de acordo com o número de usuários é feita por sistemas 
chamados de: coletivo (atende vários usuários); ou individual (atende 
apenas um usuário), que tem um sistema inteiro que compreende 
captação, transporte, tratamento e disposição final do efluente 
(respeitando devidamente a escala de produção do mesmo).
Por consequência, o sistema coletivo atende mais de um usuário, sendo 
mais empregado em cidades, loteamentos, condomínios, entre outros, 
pois há um rateio dos custos de implantação e a necessidade de apenas 
um sistema de tratamento. Por sua vez, segundo Jordão e Pessôa 
(2011), esse sistema pode ser subdividido de acordo com a finalidade de 
transporte:
• Sistema unitário: em alguns países, é chamado de sistema 
combinado e, como o próprio nome diz, é um sistema unificado/ 
combinado, com apenas uma única rede, que transporta as 
águas residuárias domésticas, industriais e as águas pluviais. 
Trata-se de um sistema com menor custo de implantação, pois 
é necessária apenas uma rede, porém, é um sistema ineficiente 
para a realidade brasileira devido aos altos índices pluviométricos 
e, consequentemente, o incremento de vazão que prejudica o 
sistema de tratamento.
30
• Sistema separador parcial: conhecido também como misto, 
separa parcialmente as águas pluviais e o esgoto, pois as águas 
que caem no interior dos terrenos e telhados das construções 
ainda são enviadas a rede coletora. Sistema com melhor 
eficiência que o unitário, porém, ainda não é o melhor adaptado 
ao Brasil devido ao elevado índice pluviométrico.
• Sistema separador absoluto: neste modelo, utiliza-se dois 
sistemas separados: um para as águas pluviais e outro para 
o esgoto/ efluente. É o sistema mais utilizado no Brasil, pois 
preserva as cargas orgânicas do efluente (não dilui o efluente 
com água da chuva), possibilita a implantação de redes de 
menor diâmetro e do uso de pré-moldados na obra, facilitando 
a execução do sistema por etapas e para futura ampliação, 
além de demandar uma estação de tratamento mais compacta, 
tornando-o um sistema mais barato, apesar do ônus de 
escavações para a implantação de duas tubulações separadas 
ser maior.
2.2 Partes integrantes dos SES
Os SES, normalmente, são constituídos pelos coletores, coletores 
principais, coletores tronco, interceptor, emissário, estações de 
tratamento de efluentes (ETE) e, por vezes, estações elevatórias (EE) e 
sifões invertidos, além de dispositivos anexos a rede, como poços de 
visitas (PV), caixas de passagem (CP), tubos de inspeção (TI); e tubos de 
inspeção e limpeza (TIL) (Figura 1).
31
Figura 1 – Esquema de alguns constituintes básicos do SES
Fonte: elaborada pela autora.
Os coletores são tubulações, sob conduto livre, que recebem ligações 
ao longo do seu traçado. Os condutos livres, diferentemente dos 
condutos forçados, operam sob pressão atmosférica, apresentando uma 
superfície livre de contato com a parede da tubulação, pois parte da 
tubulação está preenchida por esgoto e parte por ar.
Cada ligação residencial recebe efluente, à medida que os dispositivos 
sanitários vão recebendo os despejos correspondentes às águas 
utilizadas para os diversos fins, de acordo com Nuvolari (2011).
Os chamados coletores principais atuam também sob conduto livre, 
como a maior parte da rede de esgotamento, e recebem efluentes das 
ligações residenciais ao longo de seu trecho, sendo, normalmente, de 
maior diâmetro que os coletores prediais.
O coletor tronco tem diâmetro maior que os coletores principais e só 
recebe contribuições deles, que conduz os efluentes para o interceptor, 
canalização que tem por finalidade coletar todo o efluente dos coletores 
tronco.
32
Quando um interceptor deixa de receber contribuições e passa a ser 
apenas uma tubulação com a finalidade de condução do efluente 
para o ponto de lançamento ou tratamento, esta passa a ser chamada 
de emissário, recebendo apenas contribuições na extremidade à 
montante.
3. Classificação dos efluentes
Os esgotos, usualmente, são classificados em dois principais grupos: 
os esgotos sanitários e industriais. Os primeiros são constituídos 
essencialmente de despejos domésticos, além de uma parcela de 
água pluvial e de infiltração e, eventualmente, uma parcela não 
significativa de despejos industriais, sendo de características bem 
distintas.
Os esgotos domésticos ou domiciliares são aqueles gerados, 
principalmente, em residências, edifícios comerciais, instituições ou 
qualquer edificação que contenha instalações de banheiros, lavanderias, 
cozinhas ou outro dispositivo que utilize água para fins domésticos. 
Segundo Jordão e Pessôa (2011), são compostos essencialmente da água 
de banho, urina, fezes, papel, restos de comida, sabão, detergentes e 
águas de lavagem.
Os esgotos industriais são originados de qualquer etapa de utilização da 
água no processamento do produto, limpeza do ambiente, bem como 
dos efluentes sanitários do estabelecimento industrial.
Em virtude das águas residuárias industriais possuírem características 
próprias, devido a variação em função do processo industrial empregado 
e da matéria prima utilizada, cada indústria deverá ser considerada 
separadamente, uma vez que seus efluentes diferem até mesmo entre 
processos industriais similares.
33
3.1 Características do esgoto sanitário e padrão de 
lançamento de efluentes após o tratamento
Em geral, quando não possuem despejos industriais, os esgotos 
domésticos apresentam, em sua composição, grande quantidade de 
água (cerca de 99%) e apenas 1% de sólidos (sedimentáveis e não 
sedimentáveis) e substâncias dissolvidas. Além dessas característicasbásicas, segundo Jordão e Pessôa (2011) e Nuvolari (2011), podemos 
citar como propriedades típicas: DBO, variando de 100 a 400 mg L-1; 
e pH variando entre 6,5 e 7,5 para esgoto fresco e inferior a 6,0 para 
esgotos sépticos ou velhos. Importante ressaltar que os parâmetros 
mencionados são após o ponto de mistura entre as águas do rio e do 
efluente tratado.
Se atentarmos que o padrão de lançamento do efluente deve estar de 
acordo em primeira instância com a Resolução CONAMA n. 430, de 2011, 
que dispõe sobre as condições e padrões de lançamento dos mesmos, 
verificamos que a legislação afirma que a qualidade do efluente lançado 
no corpo receptor não poderá ser inferior ao padrão de qualidade 
d’água da classe do rio em questão. Já para rios onde não houve o 
enquadramento em classes, a Resolução CONAMA n. 357 de 2005 
considera para corpos de água doce, todos como sendo classe 2, até seu 
efetivo enquadramento (BRASIL, 2005; 2011).
3.2 Enquadramento do corpo receptor
Como mencionado anteriormente, para o lançamento de um efluente 
em um corpo receptor, este não deve apenas atender os padrões de 
lançamento, mas necessita também estar de acordo com a qualidade da 
água do corpo receptor.
Conforme artigo 9º da Lei n. 9.433, de 1997, o enquadramento dos 
corpos de água em classes, mediante principais usos da água, visa 
34
garantir, para águas continentais, qualidade compatível com os usos 
mais exigentes a que forem destinadas, bem como reduzir os custos das 
ações que objetivam o combate à poluição das águas, por meio de ações 
preventivas permanentes (BRASIL, 1997).
Além disso, a Resolução CONAMA n. 357, de dezessete de março de 
dois mil e cinco, regulamenta o artigo referido, que tipifica além das 
diferenças e classificações de água doce, salina e salobra, as cinco 
classes que caracterizam a qualidade das águas doces (BRASIL, 2005).
A classificação das águas doces vai desde as de melhor qualidade 
(classe especial) até as de qualidade inferior (classe 4). Também são 
estabelecidos valores de oxigênio dissolvido e DBO para cada classe 
(Quadro 1).
Quadro 1 – Padrões de Oxigênio Dissolvido (OD) e DBO para 
classificação águas doces e sua classe, segundo a Resolução 
CONAMA n. 357/2005
Águas doces
Classe
Valores de 
Oxigênio 
Dissolvido (OD)
DBO máxima
Especial - -
1 até 6 mg/L 3 mg O2/L 
2 até 5 mg/L 5 mg O2/L 
3 até 10 mg/L 4 mg O2/L 
4 superior a 2,0 mg/L -
Fonte: adaptado de Brasil (2005).
Ademais, a Resolução CONAMA n. 430, de treze de maio de dois mil 
e onze, altera parcialmente e complementa a Resolução n. 357/2005, 
informando, em um dos seus artigos, que a capacidade de suporte do 
corpo receptor é a concentração máxima de determinado poluente que 
o curso d’água pode receber, tendo em vista a qualidade da água e seus 
usos determinados pela classe de enquadramento (BRASIL, 2011).
35
A mesma resolução também menciona que os efluentes não poderão 
conferir ao corpo receptor características de qualidade, em desacordo 
com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu 
enquadramento, ou seja, os efluentes que serão lançados em rios de 
melhor classe (maior qualidade de água), são efluentes que devem ter 
passado por um tratamento mais rigoroso.
Esse enquadramento tem por finalidade principal a não alteração da 
qualidade da água do corpo receptor, já que esta alteração resulta, 
impreterivelmente, em degradação do ambiente e, consequentemente, 
perda de qualidade ambiental do mesmo.
Referências Bibliográficas
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36
NUVOLARI, A. Esgoto sanitário – coleta, transporte e reuso agrícola. 2. ed. São 
Paulo: Edgard Blucher. 2011.
RICHTER, C. A. Água: métodos e tecnologia de tratamento. 1 ed. São Paulo: Editora 
Blucher, 2012.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de 
esgotos. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, 
UFMG, vol. 1, 1. ed., 2014.
37
Acepção e tratabilidade dos 
efluentes industriais
Autora: Ana Claudia Guedes Silva
Leitora crítica: Jessica Klarosk Helenas Perin
Objetivos
• Caracterizar e classificar os efluentes industriais; 
expondo também, os especiais.
• Reportar as etapas do tratamento de efluentes, 
dando enfoque aos gerados na indústria.
• Apresentar os padrões de lançamento das 
águas residuárias industriais após o tratamento, 
relacionando o enquadramento do corpo hídrico 
receptor.
38
1. Efluentes industriais
É considerado efluente industrial todo e qualquer tipo de resíduo líquido 
orgânico e inorgânico gerado nas operações e processos de alguma 
atividade industrial, tais como: das lavagens de máquinas e instalações; 
dos sistemas de resfriamento e geradores de vapor; e águas usadas 
diretamente no processo industrial, como também das águas pluviais 
poluídas e das utilizadas nos sanitários, lavanderias e refeitórios do 
estabelecimento industrial.
A generalização dos parâmetros qualitativos das águas residuárias 
industriais torna-se difícil, devido sua caracterização estar correlacionada 
ao tipo e porte da indústria, da matéria-prima usada, bem como do 
processo utilizado na mesma.
Assim, mesmo que duas indústrias fabriquem essencialmente o mesmo 
produto, o efluente gerado pode ter características muito diferentes 
entre si, considerando a variação das matérias-primas. Devido a essa 
variabilidade qualitativa dos efluentes industriais, há a necessidade 
de que sejam avaliados individualmente, nos mais diversos ramos 
manufatureiros. Só após obter a informação de caracterização será 
possível definir o tipo de tratamento a ser aplicado, bem como a seleção 
das tecnologias que serão utilizadas.
A seguir, serão detalhadas as características dos efluentes industriais, 
exemplificando-os e classificando-os.
1.1 Características e classificação dos efluentes 
industriais
Os principais parâmetros a serem analisados paracaracterizar os 
efluentes industriais, visando seu tratamento, são:
39
• Sólidos: podem estar em suspensão ou dissolvidos no efluente, 
sendo de composição orgânica ou inorgânica. Sua classificação, 
segundo Von Sperling (2014, p. 88), pode ser sobre a natureza 
química, representado por sólidos voláteis, de composição 
orgânica; e sólidos não voláteis, conhecidos também como fixos, 
de composição inorgânica ou mineral. O impacto do lançamento 
de efluente in natura pode provocar a formação e depósito de 
lodo nos corpos hídricos, em função da concentração de sólidos 
sedimentáveis e a interferência da passagem de luz nas águas 
naturais, com consequente alteração no ciclo biodinâmico daquele 
meio, devido a concentração de sólidos suspensos e dissolvidos.
• Indicadores de matéria orgânica: a matéria orgânica pode-se 
encontrar suspensa ou dissolvida no efluente, estando nas formas 
de proteínas (moléculas de aminoácidos); carboidratos (como 
açúcar, celulose e amidos); e lipídios (substâncias orgânicas à base 
de óleos, graxas e gorduras), gerados na indústria.
• Normalmente, a matéria orgânica é medida de forma indireta pela 
demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e pela demanda química 
de oxigênio (DQO), sendo que a relação entre os valores de DBO 
e DQO (DBO/DQO) indica a parcela de matéria orgânica que pode 
ser estabilizada biologicamente. Tanto a DBO quanto a DQO são 
expressas em mg/L.
• pH: o termo pH expressa a intensidade da condição ácida (pH < 7) 
ou básica (alcalina) de um determinado meio (pH > 7). Assim, o pH 
de um efluente industrial pode afetar diretamente os ecossistemas 
naturais, trazendo mortandade de fauna e flora aquática, tornando 
o meio ácido ou básico conforme a origem da água residuária. 
Trata-se de um parâmetro que influi decisivamente na escolha 
do processo de tratamento e, por isso, geralmente, procede-se 
à neutralização do pH dos efluentes industriais antes de serem 
submetidos ao tratamento biológico.
40
• Temperatura: é o parâmetro de controle da poluição térmica, 
advindo de métodos para perda de energia calorífica 
(resfriamento) ou de reações exotérmicas (aquecimento), ocorridas 
nas águas utilizadas no processo industrial. Assim, esse parâmetro 
pode alterar a concentração de oxigênio dissolvido (quando o 
efluente se encontra em temperaturas elevadas) e interferir na 
velocidade de degradação dos compostos por meio da redução da 
atividade biológica (nos valores de temperatura próximos de zero). 
Além disso, influencia na determinação do pH e na solubilidade 
dos gases da água residuária industrial.
• Compostos tóxicos: são considerados compostos tóxicos os 
elementos metálicos (como alumínio, cobre, cromo, chumbo, 
estanho, níquel, mercúrio, vanádio e zinco), bem como os poluentes 
recalcitrantes (compostos orgânicos halogenados, agroquímicos–
pesticidas, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, dioxinas e furanos 
e os estrogênios ambientais, por exemplo), que apresentam alta 
estabilidade química, fotoquímica e taxa de biodegradação muito 
lenta no meio ambiente, além da bioacumulação em organismos, 
caso os microrganismos aquáticos não possuam mecanismos 
metabólicos que eliminem esses compostos após seu consumo.
• Cor: as características dos efluentes industriais são muito variáveis 
quanto aos tons e concentrações de cor, estando relacionada 
a problemas estéticos e ambientais, por evitar que o meio 
aquático absorva luz, interferindo nos processos microbiológicos. 
Além disso, os efluentes coloridos têm sido considerados como 
substâncias potencialmente tóxicas aos corpos receptores, devida 
sua composição ser, normalmente, de corantes sintéticos.
• Turbidez: os sólidos em suspensão são os principais constituintes 
responsáveis pela turbidez, que interferem na passagem de luz na 
água, conferindo uma aparência turva. Efluentes com alta turbidez 
reduzem a atividade dos microrganismos fotossintetizantes, 
afetando, por sua vez, a concentração de oxigênio na água.
41
1.2 Efluentes industriais especiais
Algumas águas residuárias industriais podem conter compostos com 
óleos e graxas, surfactantes e fenólicos. A presença desses compostos, 
tóxicos, não biodegradáveis ou de difícil degradação em corpos d’água, 
acaba reduzindo as fontes de oxigênio da mesma e dificultando os 
posteriores processos de tratamento.
Desse modo, quando o efluente industrial contém essas substâncias, 
se tornam um agente agravante na poluição hídrica, pois podem afetar 
além da qualidade de vida dos microrganismos aquáticos, também a 
biota terrestre e, por consequência, o ser humano.
Por serem compostos de baixo custo de produção e alta eficiência 
para diversas aplicações (utiliza-se tanto no meio industrial, quanto no 
agronômico e doméstico), são utilizados em grandes quantidades por 
diferentes segmentos industriais. Por isso, é necessário aprofundar 
conhecimento nas propriedades desses elementos.
1.2.1 Óleos e gorduras
Nos efluentes industriais, de acordo com o procedimento analítico 
empregado, os óleos e graxas, consistem no conjunto de substâncias 
que um determinado solvente consegue remover da amostra utilizada, 
não se evaporando durante a redução do solvente em gás, a uma 
temperatura de 100 °C.
Os efluentes das indústrias de prospecção de petróleo, petroquímicas, 
de óleos comestíveis, laticínios, abatedouros e frigoríficos, entre outros, 
apresentam essas substâncias, também denominadas como solúveis 
em n-hexano, que envolvem os óleos minerais, ácidos graxos, óleos 
vegetais, sabões, ceras, gorduras animais, graxas etc.
42
Outras indústrias não produzem diretamente efluentes oleosos, mas 
podem ter algum setor que gere efluentes com este tipo de propriedade, 
como os provenientes de oficinas mecânicas.
Os óleos e graxas provocam obstrução em redes coletoras de esgotos 
e inibição em processos biológicos de tratamento, porém, quando o 
teor dessas substâncias é reduzido antes de ser enviado ao tratamento 
biológico, não traz inibição ao mesmo, pois os microrganismos atuantes 
degradam em parte, reduzindo ainda mais sua concentração.
Quando em contato com as águas naturais, os óleos e graxas flutuam na 
massa líquida e formam uma escuma, acumulando-se nas superfícies, 
bem como nas margens dos rios, podendo dificultar as trocas gasosas 
que ocorrem entre a água e a atmosfera, especialmente a de oxigênio, 
levando a problemas ambientais e estéticos.
Assim, a Resolução CONAMA n.430/2011 estabelece os limites máximos 
de 50 mg/L para óleos de origem vegetal e gorduras animais e 20 mg/L 
para óleos minerais (BRASIL, 2011).
1.2.2 Surfactantes
Os surfactantes também são conhecidos como detergentes, sendo 
definidos como compostos que reagem com o azul de metileno sob 
certas condições especificadas.
Segundo Telles (2013), os efluentes sanitários possuem de 3 a 6 
mg/L de detergentes em sua composição. Já as indústrias próprias 
de detergentes, possuem os efluentes líquidos com cerca de 2000 
mg/L do princípio ativo. Entretanto, há também indústrias que 
utilizam detergentes especiais, como é o caso das que processam 
peças metálicas, que empregam essa substância com a função de 
desengraxante (por exemplo, o composto químico percloroetileno).
43
O lançamento de detergente in natura provoca poluição estética do meio 
ambiente, devido a formação de espumas sobre a massa d’água, além 
de exercer efeitos venéficos sobre os ecossistemas aquáticos, sendo 
um dos agentes atuantes para ocorrência da eutrofização, pois grande 
maioria dos detergentes comerciais são ricos em fósforo, acelerando a 
ocorrência desse fenômeno.
Devido a isso, os detergentes a base de alquilbenzeno sulfonato (ABS), 
que são de cadeia ramificada (não biodegradável), têm sido substituídos 
pelos alquilbenzeno sulfonato linear (LAS), por serem considerados 
biodegradáveis.
Em relação ao tratamento de efluentes contendo esse tipo de substância, 
aparentemente, não interferem na eficiência de remoção de DBO da 
estação e tem seus valores de concentração reduzidopela adesão às 
partículas que se sedimentam no tratamento primário, com a utilização 
de decantadores primários, ou por degradação biológica no tratamento 
secundário, com o uso de reatores aeróbios. Nos tratamentos anaeróbios, 
a eficiência de remoção dos surfactantes é baixa.
1.2.3 Compostos fenólicos
Os fenóis e seus derivados estão presentes nas águas residuárias das 
indústrias de processamento da borracha, colas e adesivos, resinas 
infiltrantes, componentes elétricos e as siderúrgicas.
Esses compostos químicos orgânicos são tóxicos ao homem, aos 
microrganismos dos corpos d’água naturais, bem como aos que 
participam do tratamento de efluentes nos sistemas biológicos.
Além disso, os fenóis, quando combinados com as águas tratadas, 
reagem com o cloro livre formando os clorofenóis, que produzem sabor 
e odor na mesma.
44
Assim, em tratamentos utilizando lodos ativados, as concentrações de 
fenóis na faixa de 50 a 200 mg/L provocam inibição do sistema, sendo 
que em valores próximos a 40 mg/L já são suficientes para a inibição da 
nitrificação do meio. O mesmo ocorre nos sistemas anaeróbios, em que 
os fenóis provocam a inibição da atividade microbiana nos valores de 
100 a 200 mg/L.
Então, sua remoção dos efluentes industriais pode ser realizada por 
processos físico-químicos, bem como por oxidação química, que 
apresenta eficiência variável em função das características do efluente. 
Essa última técnica citada é considerada de baixo custo, se comparada 
com as demais, por utilizar oxidação via altas dosagens de cloro, 
realizando uma supercloração do efluente.
Tecnicamente, o processo é pouco recomendado devido à baixa 
eficiência, pois dosagens de 5.000 mg/L de cloro podem ser necessárias 
para reduzir a valores de fenóis inferiores a 5 mg/L. Além disso, o 
efluente fica passível de conter excesso de cloro residual, necessitando 
que seja removido antes de ser lançado ao corpo receptor, a fim de 
evitar impactos nas águas naturais.
É recomendável a utilização da oxidação com peróxido de hidrogênio 
sob este aspecto, porém, em geral, não é muito utilizada devido ao 
alto custo. Há também a ozonização, considerada a melhor alternativa 
dentre os processos oxidativos, contudo, é atípico seu emprego para 
esta função no Brasil.
Já a adsorção em carvão ativado, em pó ou granular, produz, 
comumente, melhor eficiência e maior faixa de aplicabilidade de uso.
Podem também ser degradados biologicamente, porém, somente 
quando o índice de fenóis no efluente for abaixo dos valores de DBO. 
Assim, é recomendável um pré-tratamento de natureza físico-química 
antes do tratamento biológico, com destaque para o uso da floculação 
química e, assim, prosseguir com aplicação de tratamento físico-químico 
específico ou de tratamento biológico.
45
Em relação aos índices de fenóis nos efluentes industriais tratados para 
lançamento direto no corpo receptor, fica estipulado no limite de 0,5 
mg/L pela Resolução CONAMA n. 430/2011 (BRASIL, 2011).
2. Etapas do tratamento de efluentes
Para tratar efluentes industriais, se faz necessária, muitas vezes, a 
utilização de múltiplas etapas de tratamento, uma vez que determinadas 
características desses efluentes podem tornar difícil a melhoria de sua 
qualidade.
Sendo assim, segundo Von Sperling (2014 p. 249), essas múltiplas etapas 
podem ser classificadas em quatro fases (Figura 1).:
Figura 1 – Classificação dos níveis de tratamento de efluentes
Fonte: elaborada pela autora.
46
A fase preliminar, ou pré-tratamento, visa a remoção de sólidos 
grosseiros, flutuantes e material mineral sedimentável, utilizando 
grades, peneiras, desarenadores e caixas de retenção de óleos e 
gorduras. Também é nesta etapa que é realizado o resfriamento do 
efluente, se apresentar temperaturas não condizentes com o método 
de tratamento que será empregado posteriormente. Como é o caso 
do tratamento biológico, por exemplo, que pode inibir ou inativar os 
microrganismos responsáveis pelo processo.
Após o tratamento preliminar, inicia-se a etapa de tratamento primário, 
que tem como objetivo a remoção da matéria orgânica em suspensão 
(a DBO começa a ser removida). Para esta fase, pode-se utilizar 
decantadores primários, precipitação química e/ou flotação.
O tratamento secundário é o responsável pela remoção da matéria 
orgânica em suspensão que não pode ser removida anteriormente 
(remoção efetiva de DBO). São muito utilizados nesta etapa os 
processos de lodos ativados, lagoas de estabilização, sistemas 
anaeróbios de alta eficiência, filtros aeróbios e precipitação química de 
alta eficiência.
Quando é necessário melhorar ainda mais a qualidade do efluente 
tratado, utiliza-se uma etapa complementar, o tratamento terciário ou 
avançado, responsável pela adequação final de algum parâmetro que 
esteja fora dos padrões para lançamento. Para tanto, são utilizados 
sistemas de adsorção em carvão ativado, osmose inversa, eletrodiálise, 
troca iônica, filtros de areia, remoção de nutrientes e/ou microrganismos 
patogênicos e oxidação química.
A escolha dos processos está atrelada às características do efluente 
a ser tratado sendo, portanto, necessário conhecê-los, para serem 
utilizados de forma correta e, assim, atingir os padrões de lançamento 
exigidos.
47
2.1 Processos físicos, químicos e biológicos
O tratamento de efluentes industriais utiliza, basicamente, três 
processos: físicos, químicos e biológicos. Não necessariamente uma ETE 
utilizará todos os métodos, pode-se utilizar apenas métodos biológicos, 
ou apenas físico-químicos e suas combinações.
2.1.1 Processos físicos
São caracterizados, principalmente, por processos de separação sólido-
líquido, ou seja, sólidos que não estão dissolvidos. Dentre eles, pode-se 
citar sólidos grosseiros, sedimentáveis e flutuantes.
Os processos de gradeamento, peneiramento, desarenação e remoção 
de óleos e graxas, que são listados na fase preliminar, também são 
considerados como processos de predominância física, porém, são mais 
comumente utilizados na fase de pré-tratamento. Alguns dos processos 
mais utilizados de predominância física, com separação sólido-líquido, 
é o processo de decantação (tratamento primário) e de filtração 
(tratamento terciário), segundo Nunes (2019).
Os processos de filtração mais utilizados, nos efluentes industriais, têm 
como objetivo a retirada de materiais em suspensão coloidal (finamente 
particulados), que não podem ser removidos nas etapas anteriores. 
Esses sólidos podem ser inorgânicos ou orgânicos, fazendo com que 
a DBO e a DQO do efluente também sejam reduzidas com a remoção 
deles. A filtração pode ser realizada em leitos de areia ou membranas 
(microfiltração, nanofiltração, ultrafiltração etc). Esta última, por sua 
vez, tem a possibilidade de remover além de sólidos em suspensão de 
tamanho muito reduzido, microrganismos patogênicos, segundo Peig 
(2011, p. 9).
48
2.1.2 Processos químicos
São caracterizados pela utilização de produtos químicos ao efluente 
a ser tratado, porém, raramente são adotados isoladamente, 
normalmente são utilizados concomitantemente com processos físicos 
(tratamento físico-químico) ou quando os processos biológicos não têm 
eficácia garantida.
Um processo largamente utilizado é o de coagulação química, que utiliza 
um agente coagulante, como sulfato de alumínio, para aglutinar as 
partículas em suspensão no meio líquido e, posteriormente, decantá-las, 
sendo este um processo físico-químico, já que a decantação em si é uma 
etapa em que predominam processos físicos, de acordo com Nunes (2019).
A alteração do pH do efluente também pode ser utilizada como etapa 
de tratamento, pois pode ocasionar a precipitação química. Isso ocorre 
quando uma espécie se encontra dissolvida e, após ocorrer a adição de 
um agente modulador de pH, passa para um estado não dissolvido (em 
suspensão), podendo agora ser removida por decantação, por exemplo. 
Normalmente, ocorre quando se deseja fazer a remoção de metais 
pesados, como o cromo trivalente,que precipita quando o pH é alterado 
para uma faixa entre 8 e 9, segundo Nunes (2019).
Processos que utilizam carvão ativado para remoção de cor em 
efluentes têxteis são, em essência, processos de caráter químico, já que 
os corantes ficam adsorvidos (interação eletrostática) nos sítios ativos da 
partícula de carvão, de acordo com Nunes (2019).
2.1.3 Processos biológicos
Tem como principal característica o uso de reatores com biomassa 
ativa, isto é, microrganismos que consumirão a matéria orgânica e/ou 
nutrientes em suspensão do efluente para utilizar em seus processos 
metabólicos.
49
Esses reatores podem se valer de diversas formas de metabolismo 
microbiológico, sendo os principais utilizados os reatores aeróbios e os 
anaeróbios, cada um com suas particularidades no que diz respeito a 
eficiência, produção de lodo, complexidade operacional etc.
Reatores do tipo lodos ativados são utilizados por consumirem grande 
quantidade de DBO e possuírem baixos requisitos de área, sendo 
ideais para plantas compactas e para efluentes que já passaram por 
decantação. Esse sistema é um bom exemplo de reator aeróbio, pois há 
injeção de ar na massa liquida, segundo Jordão e Pessôa (2011, p. 513).
Reatores anaeróbios também são muito empregados, pois mesmo que 
não sejam tão eficientes quanto os reatores aeróbios na remoção de 
DBO, produzem menos lodo e tem a capacidade de remover materiais 
orgânicos de mais difícil degradação, Jordão e Pessôa (2011, p. 827). Os 
sistemas Upflow Anaerobic Sludge Blanket (UASB), também chamados 
de Reator Anaeróbico de Manta de Lodo de Fluxo Ascendente, 
podem ser utilizados em plantas compactas, pois demandam pouca 
área e possuem boa eficiência de remoção, com a vantagem de não 
necessitarem de decantadores como tratamento primário.
A utilização de reatores biológicos para tratamento de efluentes 
industriais pode ser associada ao tratamento físico-químicos também. 
A combinação de tratamento físico-químico para lidar com cargas 
tóxicas de metais, por exemplo (precipitação química mencionada 
anteriormente), e após a utilização de um sistema de lodos ativados para 
remoção de DBO, é altamente recomendado, bem como a utilização de 
carvão ativado após o sistema de lodos para a remoção adicional de cor 
do efluente, segundo Nunes (2019).
A utilização de diversos processos, em uma única planta de tratamento, 
propicia um efluente de melhor qualidade, atendendo aos padrões de 
lançamento vigentes, bem como possibilita que a estação como um todo 
tenha menor demanda de área para alcançar a eficiência requerida.
50
3. Padrão de lançamento de efluentes 
industriais após o tratamento e 
enquadramento do corpo hídrico receptor
Os padrões que os efluentes industriais tratados devem obedecer são 
os mesmos que os efluentes domésticos estão submetidos, ou seja, 
devem entrar em consonância com a Resolução CONAMA n. 357/2005, 
que dispõe sobre o enquadramento de corpos d’água (corpo receptor 
do efluente), e com a Resolução CONAMA n. 430/2011, que dispõe sobre 
os padrões de lançamento de efluentes em corpos d’água (BRASIL, 2005; 
2011).
Entretanto, no caso de efluentes industriais, apresentam cargas 
orgânicas, geralmente, muito mais elevadas que os efluentes 
domésticos; como, por exemplo, a concentração média da DBO em 
esgotos domésticos é da ordem de 300 mg/L, já a DQO está na ordem de 
450 mg/L. Alguns efluentes industriais (laticínios, cervejarias, frigoríficos) 
apresentam valores de DBO na ordem de grandeza de centenas, 
podendo chegar até milhares de gramas por litro (BRASIL, 2014, p. 25).
Dessa forma, o tratamento torna-se mais complexo para que os mesmos 
padrões sejam atingidos, exigindo a utilização de processos mais 
avançados ou mais etapas para se obter o efluente com a qualidade 
requisitada para lançamento no corpo receptor.
Por isso, há a importância de, primeiramente, conhecer as características 
dos efluentes industriais, pois, sabendo essa informação, será possível 
compreender quais os processos que essa água residuária terá que 
sofrer, correlacionando essa ciência com as etapas de tratamento 
existentes, a fim de se obter um líquido tratado de possível lançamento 
ao corpo d’água, conforme seu enquadramento na legislação vigente, 
sem causar danos ao meio ambiente.
51
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http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646
http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/manualcont_quali_agua_tecnicos_trab_emetas.pdf
http://www.funasa.gov.br/site/wp-content/files_mf/manualcont_quali_agua_tecnicos_trab_emetas.pdf
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Tecnologias e inovações no 
tratamento de efluentes
Autora: Ana Claudia Guedes Silva
Leitora crítica: Jessica Klarosk Helenas Perin
Objetivos
• Expor sobre os equipamentos e tecnologias no 
tratamento de efluentes, bem como as inovações 
tecnológicas existentes no mercado. 
• Apresentar as legislações nacional vigentes e as 
normativas estabelecidas para as águas residuárias. 
• Abordar a temática das águas resultantes dos 
processos de tratamento de efluentes, explorando 
sua viabilidade, necessidade e aplicações no meio 
urbano, agrícola e industrial. 
• Exemplificar as medidas sustentáveis nas estações 
de tratamento de efluentes, com foco na geração de 
valor nos resíduos gerados. 
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1. Equipamentos e tecnologias no tratamento 
de efluentes
Existem diversas tecnologias, técnicas e equipamentos para controle de 
poluição no que tange ao tratamento de efluentes, algumas aplicadas 
em condições específicas, outras que são aplicadas em diversas 
ocasiões. A seguir serão apresentadas as mais utilizadas, tanto para 
o tratamento de efluentes industriais, como para o tratamento de 
efluentes domésticos.
1.1 Tratamento preliminar
O tratamento preliminar tem como objetivo a adequação inicial do 
efluente para os processos posteriores, sendo necessário, neste caso, a 
remoção de materiais grosseiros, sólidos flutuantes, sólidos decantáveis, 
óleos e graxas.
Gradeamento: tem por finalidade a proteção de tubulações e outras 
peças do sistema de tratamento de efluentes. O uso dessa unidade 
ocorre devido a retirada de sólidos de grandes dimensões que podem 
entrar na rede coletora, como galhos e pedras, podendo ser classificado 
em grosseiro, com barras de espaçamento entre 40 a 100 mm; mediano, 
com espaçamento entre 20 a 40 mm; e fino, com espaçamento entre 
10 a 20 mm. Normalmente, essas barras são inclinadas para facilitar a 
retirada desse material, segundo

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