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CAPÍTULO 2 Varejo de Bens e Serviços A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Assimilar os aspectos da venda no varejo de bens e serviços. 3 Analisar as diferenças entre a venda de serviços e produtos. 30 Vendas e Marketing 31 Varejo de Bens e Serviços Capítulo 2 Contextualização A expansão do mercado de consumo é um dos mais importantes desafios para a nossa economia. Aumentar o acesso da população aos mais variados produtos e serviços existentes em nosso mercado é um objetivo de grande relevância tanto no cenário econômico quanto em âmbito social. Com o surgimento de novos produtos e serviços, lançamento de marcas e empresas, bem como o acirramento da concorrência, o consumidor aumentou o seu grau de exigência, passando a demandar muito mais de seus fornecedores. É neste ponto que entra a importância de um bom trabalho de marketing e vendas, fazendo com que o consumidor conheça e dê preferência para o nosso produto/serviço, criando com ele um vínculo em longo prazo. De forma ampla, podemos dividir a venda em dois tipos: venda industrial e venda no varejo. Focaremos o nosso estudo na venda no varejo. Segundo Kotler (2006, p.602), “[...] o varejo inclui todas as atividades envolvidas na venda de bens ou serviços diretamente aos consumidores finais para uso pessoal. Qualquer organização que utiliza desta forma de venda, seja ela fabricante, atacadista ou varejista, está praticando varejo. Não importa a maneira pela qual os bens ou serviços são vendidos ou onde eles são comercializados.” Ou seja, o varejo faz a venda diretamente ao consumidor final para seu uso pessoal e não comercial. Ainda de acordo com Kotler (2006), o varejista é o intermediário que se encarrega de realizar a venda para os consumidores finais. As vendas de varejo são feitas principalmente por unidade ou pequenos lotes. Podemos considerar como varejo tanto a venda de produtos quanto de serviços feita ao consumidor final. [...] o varejo é um conjunto de atividades de negócios que adicionam valor a produtos e serviços vendidos a consumidores para uso pessoal e familiar. As pessoas frequentemente consideram o varejo somente como a venda de produtos em lojas. Entretanto, o varejo evoluiu também a venda de serviços: estadia de uma noite em um hotel de estrada, um exame médico, um corte de cabelo, o aluguel de uma fita de vídeo ou uma pizza entregue em casa. (LEVY, 2000, p. 27). O varejo de bens e serviços proporciona grandes perspectivas no incremento da produtividade, importante fator para que exista um verdadeiro mercado de consumo de massa. Com a transformação tecnológica, tanto na área de informação como na gestão empresarial, o varejo vem implantando grandes mudanças na forma de distribuição da economia brasileira. (PARENTE, 2011). 32 Vendas e Marketing A essência do marketing e das vendas é a mesma, tanto para a venda de bens como serviços. Quando falamos em varejo, normalmente pensamos em lojas. No entanto, não podemos nos esquecer do varejo sem loja, que obteve forte crescimento com o advento da internet (comércio eletrônico). Nesse sentido, Parente (2011, p. 35) esclarece que: A maior parte das vendas varejistas ainda é realizada por lojas. Entretanto, pela enorme expansão das compras virtuais, o varejo sem loja vem crescendo mais rapidamente que o varejo com loja. O varejo sem loja utiliza-se de uma estratégia de marketing que não está baseada em loja tradicional. Isso ocorre nos quatro principais tipos de varejo sem loja: marketing direto, vendas diretas, máquinas de venda (venda automática) e varejo virtual. Voltando um pouco às definições de marketing, estudadas no Capítulo 1, podemos observar que para haver consumo, precisamos primeiramente ter um mercado consumidor. Quando falamos em mercado consumidor, estamos falando em pessoas que tenham a necessidade ou desejo, a disposição e a capacidade de consumir. Por outro lado, precisamos ter produtos (bens) e serviços que satisfaçam aos desejos e às necessidades destes consumidores. Bens: “Bens tangíveis ou produtos constituem a maior parte do esforço de produção e marketing da maioria dos países [...]. Nos países em desenvolvimento, os bens – principalmente alimentos, commodities, itens de vestuário e habitação – são o sustentáculo da economia.” (KOTLER, 2009, p. 28). Serviços: “À medida que as economias evoluem, uma proporção cada vez maior de suas atividade se concentra na produção de serviços [...]. Muitas ofertas ao mercado consistem em um mix variável de bens e serviços.” (KOTLER, 2009, p. 28). A essência do marketing e das vendas é a mesma, tanto para a venda de bens como serviços. No entanto, existem aspectos peculiares que diferenciam cada venda específica e estes serão analisados no decorrer deste capítulo. 33 Varejo de Bens e Serviços Capítulo 2 Segundo Las Casas (2009), são três as características fundamentais dos serviços: intangibilidade, inseparabilidade e perecibilidade. A concentração da produção de serviços acontece à medida que a economia evolui. Venda de Serviços A concentração da produção de serviços acontece à medida que a economia evolui. Ou seja, quanto maior a oferta e a demanda por serviços, mais evoluída a economia. Como exemplo de prestadores de serviços, podemos citar: bancos, empresas de propaganda e marketing, instituições de ensino, telecomunicações, contabilidades, informática, academias de ginástica, salões de beleza, cartórios, rede hoteleira, restaurantes, parques, cinema, hospitais e clínicas, entre outros. O serviço é um desempenho essencialmente intangível que não resulta na propriedade de algo. A execução de um serviço pode ou não estar ligada a um produto físico. Quando você vai a um restaurante, por exemplo, existe a combinação do serviço prestado com o produto em si, no caso, a comida. Existem outros casos em que o serviço é puro, ou seja, não existe um produto (tangível) ligado ao serviço. É o caso da rede de ensino e bancária, telecomunicações, advocacia, etc. Vamos estudar agora as principais características dos serviços e, assim, verificar quais as implicações fundamentais para a atividade de vendas desta área. Segundo Las Casas (2009), são três as características fundamentais dos serviços: intangibilidade, inseparabilidade e perecibilidade. Vamos discorrer sobre cada uma delas. a) Intangibilidade Serviços são intangíveis – não podem ser tocados, sentidos ou cheirados. O ato da venda em si é intangível, pois se trata de uma prestação de serviços. Para comercializar serviços, devido à questão da intangibilidade, a reputação da empresa (credibilidade) e a sua imagem no mercado são muito relevantes. A credibilidade é algo que se constrói com o passar do tempo, pela experiência da empresa e pela indicação que recebemos de seus atuais clientes. Embora a experiência seja muito importante, uma empresa com menor tempo de atuação no mercado também pode obter credibilidade, através da recomendação de seus serviços pelos seus clientes. Uma relação de clientes bem atendidos e satisfeitos ajuda a transmitir credibilidade, principalmente quando a empresa for nova ou pouco conhecida no mercado. Já a imagem da empresa no mercado vem de vários fatores, resultantes de todos os possíveis contatos que o cliente (ou cliente potencial) tenha feito com a organização. Dentro deste amplo leque, podemos citar que a comunicação exerce forte influência na imagem de uma empresa. Quantas vezes vemos um comercial na televisão ou um anúncio na revista e dizemos “essa marca deve ser boa ou, então, esta empresa deve cobrar caro”. A comunicação, através da propaganda, criou essa imagem em nossa mente. Tudo o que vemos ou ouvimos falar de determinada empresa, forma a nossa imagem sobre ela, seja positiva ou negativamente. Além da 34 Vendas e Marketing comunicação,o boca a boca é um forte fator de influência (“minha amiga disse que aquela academia é um horror, só gente arrogante e esnobe”). A forma pela qual fomos atendidos, seja ao telefone, seja pessoalmente, também exerce grande impacto (“aquela recepcionista foi grosseira, não vou mais naquele salão”). Os detalhes na venda de serviços são muitos e vão desde o atendimento à comunicação, não sendo menos importante a aparência e a organização das instalações e de seus funcionários (“o garçom estava com as mãos sujas, o restaurante não deve ser muito limpo”). b) Inseparabilidade Essa característica diz respeito à simultaneidade de produção e consumo. Na maioria dos casos, o consumo de serviços depende do profissional de vendas, ou seja, da venda direta. Como produção e consumo do serviço acontecem de forma simultânea e inseparável, qualquer detalhe poderá prejudicar o relacionamento da empresa com o cliente. Um atendimento rude ou a falta de orientação dada ao consumidor por parte do vendedor pode ser fator de perda de um cliente. Portanto, a empresa prestadora de serviços deve focar na orientação e treinamento dos profissionais que estão em contato com o público, passando sempre uma imagem de presteza, honestidade, competência e positividade. O serviço está diretamente ligado ao desempenho e não há chance de causar uma segunda boa impressão nos clientes. A medição do serviço é feita em tempo real. c) Perecibilidade Serviços não podem ser produzidos em massa e nem estocados, como um produto tangível. Imagine que um restaurante esteja acostumado e planejado para atender diariamente a 300 pessoas, dentro do seu padrão de qualidade e bom atendimento. Caso receba 400 pessoas, por uma ocasião especial, sem ter sido previamente avisado, certamente os cozinheiros e garçons não estarão capacitados para atender a essa demanda com a mesma rapidez e qualidade. Os pratos que costumam demorar meia hora para sair podem levar quase uma hora, os garçons não conseguirão dar conta de atender a todas as mesas com agilidade. É reclamação na certa. Imagine um hotel no litoral, contando com vários dias de chuva ininterrupta na cidade. Seus mais de 200 leitos não podem ser estocados. Perdeu a diária, perde-se faturamento. A prestação de serviços é assim: antes mesmo que ocorra a transação (venda), o palco deve estar montado para receber os clientes. O tempo é a alma do serviço. O grande problema é administrar a demanda. Por ser o tempo a alma do serviço, algumas questões devem ser observadas quando o seu cliente tiver uma espera mais longa do que o esperado: 35 Varejo de Bens e Serviços Capítulo 2 A venda de serviços pode ser feita de duas formas básicas: com uma abordagem centralizada no desempenho da empresa, ou centralizada no problema do cliente. (LAS CASAS, 2009, p. 190). Apresentar o intangível da forma mais tangível possível deve ser preocupação constante na venda de serviços. (LAS CASAS, 2009, p. 190). • o tempo ocioso parece mais longo; • a ansiedade faz a espera parecer mais longa; • a espera injusta ou inexplicada é mais longa; • a espera individual é mais longa; • a espera física desconfortável parece ser mais demorada; • a espera de clientes novos ou ocasionais parece ser mais longa. Podemos, ainda, acrescentar às características citadas por Las Casas (2009), a variabilidade. A qualidade do serviço depende das pessoas envolvidas no serviço e dos clientes e seu grau de exigência e expectativas. Sendo assim, o serviço pode sofrer variações em suas características e qualidade. Portanto, é necessário criar padrões de qualidade mínimos e persegui-los constantemente, evitando quedas bruscas deste padrão. As características da prestação de serviços são determinantes na comercialização desse tipo de venda. Por se tratar de uma venda de intangíveis, o papel de vendedor ou do profissional que estiver em contato com o público, torna-se ainda mais relevante. Alguns aspectos devem ter atenção especial na venda de serviços: • imagem e nível de conhecimento do vendedor; • credibilidade e imagem da empresa junto ao mercado; • aparência e instalações da empresa; • comunicação realizada pela empresa; • rede de relacionamento do vendedor e da empresa. Uma dica importante na venda de serviços é tentar materializar o intangível. Digamos que você trabalhe em uma agência de propaganda e queria “vender o seu peixe”. Como conquistar um novo cliente para um produto intangível? Tangibilizando a venda. No exemplo citado, o contato comercial poderá mostrar ao cliente um portfólio ou apresentação com os melhores trabalhos da agência. Poderá, ainda, deixar um material impresso junto ao seu cartão de visita, para posterior análise do cliente. Com relação a essa questão, Las Casas (2009, p. 190) afirma: “Apresentar o intangível da forma mais tangível possível deve ser preocupação constante na venda de serviços.” Ainda conforme Las Casas (2009, p. 190), “a venda de serviços pode ser feita de duas formas básicas: com uma abordagem centralizada no desempenho da empresa, ou centralizada no problema do cliente.” Na abordagem com enfoque no desempenho da empresa, o vendedor deve mencionar ao seu potencial cliente todos os méritos da empresa, como clientes atendidos e satisfeitos, instalações, premiações, etc. O enfoque no desempenho da empresa valoriza aspectos externos e méritos obtidos, ganhando, assim, a confiança do cliente. Já o enfoque no problema do cliente 36 Vendas e Marketing Segundo Bateson (2001), o marketing de serviços pode ser definido como o conjunto de esforços e ações que otimizam uma venda com o objetivo de encantar e surpreender o cliente, diferenciando a empresa da concorrência. dirige a atenção do vendedor para as necessidades do potencial cliente, propondo soluções e recomendações em que a empresa poderá atender à demanda. Em ambas as abordagens, é necessário que o vendedor conheça bem o serviço e a empresa, podendo, assim, orientar o cliente da melhor forma e transmitindo credibilidade e segurança. Trocando em miúdos: a ênfase na venda de serviços deve ser no conhecimento. Segundo Bateson (2001), o marketing de serviços pode ser definido como o conjunto de esforços e ações que otimizam uma venda com o objetivo de encantar e surpreender o cliente, diferenciando a empresa da concorrência. Existem basicamente três tipos de estratégias de marketing em serviços, já que, focar numa determinada estratégia, não significa que a empresa não esteja utilizando as demais em diferentes graus. Vamos a elas: • Estratégia de Diferenciação: esta é, aparentemente, a mais simples das estratégias, pois diferenciar parece fácil, o complicado mesmo é manter- se diferenciado. Em serviços, não existe patente, por isso ele é facilmente copiado. Mas o que não pode ser copiado é a gestão que orienta toda a empresa. Para manter-se diferenciado é fundamental estar inovando e se atualizando constantemente para, dessa forma, atender e superar as expectativas dos clientes. • Estratégia de Produtividade: Produtividade, ou seja, produzir mais com os mesmos recursos. A principal dificuldade para se ter produtividade em serviços é justamente manter o padrão de qualidade na produtividade (já que este padrão tende a cair com a produtividade). Um exemplo: numa agência de propaganda, é fácil ter qualidade no desenvolvimento de um layout ou mesmo de uma campanha publicitária se tivermos um dia inteiro somente para este trabalho. Agora, manter esse padrão de qualidade, com a pauta lotada, realizando muitos trabalhos num dia, é um grande desafio. • Estratégia de Qualidade: Qualidade em serviços é mais do que uma estratégia, é uma meta a ser atingida diariamente. Em produtos, a qualidade é intrínseca, já em serviços ela é extrínseca, dependendo basicamente do desempenho e do atendimento. Por isso, as pessoas fazem total diferença nesse processo. Por exemplo, se um famoso restaurante dacidade tem o mesmo chef há dez anos e ele resolve sair do estabelecimento, a qualidade já fica comprometida. E o mesmo acontece com inúmeros outros exemplos em serviços. A grande meta aqui não é apenas ter qualidade e sim manter a qualidade, ou seja, conseguir fazer com que a experiência reproduza a qualidade. Para isso, é necessário investir no treinamento e desenvolvimento das pessoas, utilizando padrões apropriados de qualidade, e, principalmente, conhecer a fundo as expectativas dos clientes e entregar a promessa, não esquecendo que as expectativas dos clientes 37 Varejo de Bens e Serviços Capítulo 2 são crescentes. E mais: qualidade pressupõe gerenciamento. Toda a empresa deve “falar a mesma língua”, a estratégia deve disseminar-se por toda a empresa para que essa meta de qualidade seja alcançada. Com o crescimento cada vez maior da área de serviços na economia, profissionais de marketing e vendas terão a necessidade de adaptação à atualização para atuarem nesse setor. As pessoas são as peças-chave nesse contexto. Serviços não existem sem a presença de pessoas. Mesmo em meio aos desafios de padronização e manutenção da qualidade, os serviços permitem diferenciação e personalização. Permitem agregar valor ao cliente, inclusive na venda de produtos, como veremos a seguir. Para saber mais sobre a área de marketing de serviços, leia Marketing de Serviços de John Bateson, editora Bookman. Atividade de Estudos: 1) Vimos, neste capítulo, as principais características da venda de serviços. Imagine que você seja o gerente de uma cafeteria. No sábado, um de seus funcionários avisa que vai faltar e, para completar, o movimento começa a aumentar. O que você faz em relação aos clientes que terão que esperar mais para terem seus pedidos atendidos? ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ 38 Vendas e Marketing Os consumidores buscam, com a compra de produtos, soluções para seus problemas e satisfação pessoal. Na compra de um bem tangível, buscam um benefício intangível. Definem produto é “[...] algo que pode ser oferecido a um mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo que pode satisfazer um desejo ou uma necessidade. (KOTLER E ARMSTRONG, 2007, p. 200). Venda de Produtos Kotler e Armstrong (2007, p. 200) definem produto como “[...] algo que pode ser oferecido a um mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo que pode satisfazer um desejo ou uma necessidade.” A venda de produtos apresenta características diferentes da venda de serviços. O produto em si é tangível, embora todo o produto possa agregar a prestação de serviços (exemplo: pós venda, atendimento, etc.). A prestação de serviços, muitas vezes, é o que diferencia e agrega valor na compra de um produto. Quantas vezes você já trocou de fornecedor ou deixou de comprar em determinado estabelecimento por ter sido mal atendido? O serviço prestado pela loja fez com que você deixasse de comprar ou repetir a compra do produto. Outro fator diferenciador entre produto e serviço é que a produção ocorre antes de seu consumo, diferentemente do serviço em que produção e consumo acontecem simultaneamente. Em terceiro, a qualidade dos produtos é menos variável do que a dos serviços, visto que depende menos de pessoas e mais de equipamentos e processos de produção. E, finalmente, os produtos podem ser estocados, cabendo ao administrador gerenciar os níveis de oferta e demanda com maior precisão. Acompanhe no quadro abaixo, as principais diferenças entre o marketing de produto e o de serviço: Quadro 2 - Marketing de produto x Marketing de serviços. Marketing de Produto Marketing de Serviço Foco no produto (tangível) Foco no desempenho (intangível) Voltado à satisfação de uma necessidade ou desejo Voltado para a experiência do serviço Ligação íntima com vendas Ligação íntima com atendimento Qualidade é um problema de produção Qualidade é um problema de toda a empresa Marketing utiliza os 4 P’s clássicos* Marketing utiliza os 4 P’s ampliados* Nota: * Estudaremos no Capítulo 3. Fonte: Os autores. Os consumidores buscam, com a compra de produtos, soluções para seus problemas e satisfação pessoal. Na compra de um bem tangível, buscam um benefício intangível. Vejamos: ao adquirirmos novas roupas, buscamos melhor aparência e status; ao comprarmos um carro, buscamos segurança e agilidade; compramos livros, pois almejamos mais conhecimento. Se a dica para vender serviços é tangibilizá-los, a dica para vender produtos é buscar o intangível. Essa técnica vale tanto para vendas quanto para marketing. Observemos: você prefere que um vendedor lhe diga “essa blusa é maravilhosa” ou “você ficou ótima nessa blusa”? Basta olhar os comerciais de televisão que você notará que a grande maioria dos anúncios de produtos apela para o intangível. 39 Varejo de Bens e Serviços Capítulo 2 Para vender um automóvel, mostra-se um casal sentado confortavelmente e usufruindo momentos de lazer. O que compramos na realidade? Uma blusa ou o aumento da autoestima? Um carro ou momentos de prazer com conforto? Quanto à venda de produtos em si, os clientes, ao entrarem na loja, esperam que o vendedor conheça bem o produto e possa fornecer informações adequadas. Esperam também obter um bom atendimento e que eventuais problemas na fase de pós-vendas possam ser resolvidos. Para os vendedores, o conhecimento do produto é uma tarefa difícil, pois as lojas podem operar uma ampla gama de artigos. Nessas situações, o vendedor deve esforçar- se para conhecer com maior profundidade os principais itens à venda e consultar catálogos e manuais para manter-se atualizado. Os variados tipos de varejo de produtos exigem do vendedor diferentes níveis de qualificação e conhecimento: um vendedor varejista de computadores, por exemplo, deverá ter conhecimento técnico dos produtos para fazer demonstrações de suas principais funções. Já um vendedor de vestuário deve ter noções de moda para poder prestar um serviço que vai além da venda, uma espécie de consultoria. Não basta conhecer os produtos que a sua loja comercializa, é importante estar por dentro do mercado, de forma mais ampla. A venda depende também do estágio em que o produto se encontra, de acordo com o seu ciclo de vida. O Boston Consulting Group (BCG), líder em consultoria de gestão, desenvolveu e popularizou a matriz de crescimento, denominada matriz BCG. De acordo com Kotler (2006), a matriz é dividida em quatro estágios iguais: a) Pontos de interrogação São negócios que operam em mercados de alto crescimento, mas que têm baixas participações relativas. A maioria dos negócios inicia como ponto de interrogação quando a empresa tenta entrar em um mercado de alto crescimento em que já existe um líder. Um ponto de interrogação exige muito investimento porque a empresa tem que gastar dinheiro em fábricas, equipamentos e pessoal. O termo “ponto de interrogação” é adequado porque a empresa tem que analisar seriamente se continuará a colocar dinheiro no negócio. Nessa fase, os gastos com marketing são altos para lançar o produto no mercado. b) Estrelas Se o negócio do tipo ponto de interrogação for bem-sucedido, ele se torna uma estrela. Uma estrela é líder em um mercado de alto crescimento. Mas não 40 Vendase Marketing Para cada fase do produto dentro do ciclo de vida, faz-se necessário rever a estratégia de vendas e marketing. produz, necessariamente, um fluxo de caixa positivo. A empresa deve gastar recursos substanciais para acompanhar a alta taxa de crescimento e repelir os ataques dos concorrentes. c) Vacas Leiteiras A estrela se torna uma vaca leiteira se ainda tiver alta participação relativa em seu mercado. Uma vaca leiteira gera muito caixa. A empresa não tem que financiar expansões de capacidade porque a taxa de crescimento de mercado já diminuiu. Como o negócio é líder, desfruta de economias de escala e de maiores margens de lucro. A empresa utiliza seus negócios do tipo vaca leiteira para pagar as contas e apoiar seus outros negócios. Empresas com apenas uma vaca leiteira são altamente vulneráveis. Se essa vaca começar a perder participação relativa no mercado, a empresa terá que reinvestir recursos para manter a liderança. d) Animais de estimação: São negócios com pequenas participações em mercados de baixo crescimento. Geram baixos lucros ou até mesmo prejuízos. A empresa que possui algum animal de estimação deve avaliar qual a razão de mantê-lo, pois, às vezes, tem o coeficiente de “apostar” ou simplesmente “sentimental”. Para cada fase do produto dentro do ciclo de vida, faz-se necessário rever a estratégia de vendas e marketing. Na fase de lançamento (ponto de interrogação), por exemplo, a atenção e os investimentos de marketing tendem a ser expressivos. Já na fase de declínio (animais de estimação), a empresa deverá tomar a decisão de manter ou não o produto em seu portfólio, podendo, também, realizar um novo lançamento e re-estilização de seu produto, tornando-o novamente desejável. É importante destacar que: • Produtos possuem vida limitada. • As vendas atravessam estágios distintos, pois cada uma apresenta desafios, oportunidades e problemas diferentes para o vendedor em cada estágio. • Os lucros sobem e descem nos diferentes estágios do ciclo de vida. • Produtos requerem estratégias de marketing, financeiras, produção, compras e recursos humanos diferentes a cada ciclo de vida. Verifique, na figura que segue, o resumo da matriz BCG: 41 Varejo de Bens e Serviços Capítulo 2 Figura 4 - Ciclo de vida do produto – Matriz BCG Fonte: Os Autores. As etapas do processo de vendas são similares, tanto na venda de produtos quanto de serviços, quando falamos em varejo (venda diretamente ao consumidor final). Las Casas (2009, p. 191-193) destaca algumas técnicas que podem facilitar o trabalho do vendedor: • O vendedor não pode enganar-se com a aparência do cliente. O tratamento deve ser o mesmo, independente do aspecto do consumidor. • Ao entrar na loja, o cliente deve receber pronto atendimento. Um simples “bom dia, boa tarde”, já podem ser aproximações suficientes para proporcionar bons resultados. • Na impossibilidade momentânea de atendimento, caso a loja esteja movimentada, é importante mostrar ao cliente que ele foi visto, dando-lhe uma rápida atenção (“só um momento, já lhe atendo”). • Após a fase de aproximação, começa o processo em que o vendedor deve procurar identificar as necessidades e desejos do cliente. Essa determinação inicial é importante para uma melhor oferta e um importante passo para facilitar a venda. Não se deve ofertar de acordo com o que o vendedor acredita ser de interesse do cliente, por isso a investigação é fundamental. • Caso o produto que satisfará as necessidades do cliente não esteja em estoque, o vendedor deverá propor sugestões alternativas. • A apresentação do produto é o passo seguinte, enfatizando os aspectos de qualidade e os benefícios do produto. A ideia é criar atrativos que diferenciem o produto, que o tornem único. Os benefícios proporcionados pelo produto devem ser evidenciados, adequando-os às exigências e às necessidades do comprador. • Criar um clima de desejo para o produto é fundamental. • Durante a apresentação podem ocorrer objeções. O vendedor deve saber respondê-las com total conhecimento do produto, da empresa e do mercado. Portanto, não basta conhecer o produto que está na loja. É fundamental conhecer seus concorrentes, seu mercado. 42 Vendas e Marketing Lembre-se de que estamos na Era de Marketing. Forçar a venda é uma técnica cada vez mais abominada pelos consumidores. Estabelecer empatia com o consumidor, descobrindo quais as suas reais necessidades e criando um clima de desejo pelo produto, isso sim é função de um vendedor nos dias atuais. • No fechamento da venda, o vendedor poderá ainda oferecer produtos que o consumidor não havia planejado comprar, fazendo novas sugestões. Uma consumidora, ao comprar um vestido, terá inclinação para comprar acessórios que combinem com o produto adquirido. • Ao final da venda, o vendedor deve agradecer e colocar-se à disposição para a fase de pós-venda. Lembre-se de que estamos na Era de Marketing. Forçar a venda é uma técnica cada vez mais abominada pelos consumidores. Estabelecer empatia com o consumidor, descobrindo quais as suas reais necessidades e criando um clima de desejo pelo produto, isso sim é função de um vendedor nos dias atuais. Aprofunde seus conhecimentos na área de varejo no Brasil. PARENTE, Juracy. Varejo no Brasil: Gestão e Estratégia de Juracy Parente, editora Atlas, 2011. Artigos atuais sobre o consumo e o consumidor – www. consumidormoderno.com.br Atividade de Estudos: 1) Conforme visto anteriormente, compramos bens tangíveis buscando benefícios intangíveis. O que o consumidor está realmente comprando, ao adquirir: Cosméticos: _______________________________________ Móveis: ___________________________________________ Um apartamento: ___________________________________ Remédios: ________________________________________ Notebook: _________________________________________ 43 Varejo de Bens e Serviços Capítulo 2 Algumas Considerações Este capítulo teve como objetivo mostrar um pouco da importância do varejo no processo de distribuição de bens e serviços. Analisamos as características da venda de serviços e da venda de produtos no varejo, suas diferenças e peculiaridades. O consumidor procura por produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades e desejos. De um lado, temos o mercado consumidor e, de outro, a oferta de toda uma gama de produtos e serviços. O que constitui o pacote de benefícios comprados pelo consumidor encontra-se no cerne do marketing e transcende qualquer distinção entre bens e serviços. O consumidor compra benefícios, seja na aquisição de bens, seja de serviços. Indo mais além, podemos dizer que o consumidor compra experiências. E é isso que devemos proporcionar. Todas as pessoas que entram em contato com o cliente estão prestando um serviço. Albrecht e Bradford (1992) afirmam que o momento da verdade é precisamente aquele instante em que o cliente entra em contato com qualquer setor do seu negócio e, com base nesse contato, forma uma opinião sobre a qualidade do serviço e, possivelmente, da qualidade do produto. Os profissionais de marketing e vendas desempenham um papel fundamental ao ajudar a empresa a definir e entregar produtos e serviços de qualidade aos consumidores. Kotler (2006) enumera os principais papéis dos profissionais de marketing nesse intuito: 1. Responsabilizar-se pela correta identificação das necessidades e exigências dos clientes. 2. Comunicar as expectativas de clientes à equipe de desenvolvimento de produtos de maneira apropriada. 3. Assegurar que os pedidos dos clientes sejam atendidos corretamente e dentro do prazo. 4. Verificar se os clientes receberam instruções, treinamento e assistência técnica adequada. 5. Manter contato com os clientes após a venda para assegurar que estejam satisfeitos. 6. Coletar ideias de clientes para melhorias de produtos e serviços e transmiti- las aos departamentosadequados na empresa. 44 Vendas e Marketing Tanto na venda de bens como na de serviços, embora cada uma tenha suas técnicas, o conhecimento deve ser fator primordial. Investigar o que o cliente almeja, conhecer bem o produto/serviço e conhecer o mercado são prerrequisitos fundamentais para o sucesso em vendas. O próximo capítulo abordará o composto mercadológico (ou mix de marketing), formado pelos 4 P’s (produto, preço, praça e promoção). Referências ALBRECHT, K; BRADFORD, L.J. Serviços com qualidade: a vantagem competitiva. São Paulo: Makron Books, 1992. BATESON, John. Marketing de Serviços. São Paulo: Bookman, 2001. KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. ______. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo: Ediouro, 2009. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Técnicas de Vendas: como vender e obter bons resultados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. LEVY, Michael. Administração de Varejo. São Paulo: Atlas, 2000. PARENTE, Juracy. Varejo no Brasil: Gestão e Estratégia. São Paulo: Atlas, 2011.
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