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Vida após a morte: Teorias e a importância da ressurreição

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ESCATOLOGIA: VIDA APÓS A MORTE
1ª Coríntios 15.19: Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.
O versículo tema de nosso breve estudo, escrito pelo Apóstolo Paulo, mostra-nos a vital importância e atenção devotada pelo Apóstolo dos gentios, quanto à doutrina da ressurreição. 
Quanto à Primeira Carta Paulina aos Coríntios, percebemos que ao iniciá-la, Paulo afirma que a base da sua pregação é o Cristo crucificado (1.23; 2.2), e ao terminá-la, declara que o ápice e o clímax da sua mensagem é o Cristo ressuscitado[footnoteRef:1]. [1: Comentário Bíblico Beacon: Romanos e 1 e 2 Coríntios. Tradutor Volume 8 Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.] 
O pastor americano Jonh Macarthur, em análise exegética acerca do contexto do capítulo 15 de 1º Coríntios, onde encontra-se inserida a defesa de Paulo à doutrina da ressurreição, assim afirma:
Assim como o coração bombeia o sangue que dá vida a todas as partes do corpo, assim a verdade da ressurreição vivifica todas as áreas da verdade evangélica. A ressurreição é o pivô sobre o qual todo o cristianismo gira e sem o qual nenhuma das outras verdades teria muito valor. Sem a ressurreição, o cristianismo seria uma aspiração desejosa, assumindo seu lugar ao lado de outras filosofias humanas e outras especulações religiosas[footnoteRef:2]. [2: MACARTHUR, John. 1 Coríntios: A solução de Deus para os problemas da igreja. Tradução de Heloisa Cavallari. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2011.] 
Para Calvino, se a esperança na ressurreição for desfeita, então toda a estrutura da nossa fé entrará em colapso e ruína, como se o fundamento tivesse ruído. Não há dúvida, complementa Calvino, de que, se a esperança de galardão fosse removida e destruída, a ambição de prosseguir a corrida espiritual não só esmoreceria, mas também se esvairia completamente. Pois a esperança na ressurreição produz o efeito de fazer-nos incansáveis na prática do bem, finaliza o reformador João Calvino[footnoteRef:3]. [3: CALVINO, 2004, p. 510.] 
O Apóstolo Paulo devota atenção especial à questão doutrinária da ressurreição, haja vista, a negação à doutrina da ressurreição significa colocar em xeque, em dúvida, ponto vital da fé cristã, sua essência e sentido, por assim dizer, tratando o tema, da escatologia e esperança maior da fé cristã, constituindo-se, assim, em um dos grandes pilares sobre a qual repousa a fé cristã[footnoteRef:4]. [4: BRAKEMEIER, 2008, p. 191.] 
No versículo tema, o Apóstolo Paulo emprega o termo ἐλεεινότεροι, palavra no plural, que significa mais miseráveis. Referido termo utilizado por Paulo, oriundo do cognato grego ἐλεεινός, que significa: “Lastimável, digno de compaixão, de piedade, infeliz, desprezível, miserável” “Aquele que espera Cristo só nesta vida, e, não o está aguardando no evento da ressurreição da Igreja.
SEIS TEORIAS ALTERNATIVAS PARA A VIDA APÓS A MORTE
Existem seis teorias alternativas para a vida após a morte, seis concepções não-cristãs sobre o que acontece depois da morte. Essas seis concepções, bem diferentes da concepção cristã, ocorreram naturalmente na mente humana em muitos tempos, lugares e culturas.
1. De acordo com o materialismo ateu, como não há Deus, não existe imagem de Deus nem alma. Portanto, seríamos apenas organismos materiais e, quando nosso corpo morre, tudo de nós morreria e permaneceria morto para sempre.
2. Há ainda a concepção pagã, de que existe Deus, mas não vida após a morte. Essa ideia parece absurda, porque implicaria que Deus ou não nos amasse o suficiente para nos salvar da morte final ou não teria poder para fazê-lo. 
3. O ceticismo, é outra concepção, em que ninguém sabe o que acontece depois da morte.
4. A outra concepção errônea é o paganismo antigo, que afirma que, após a morte, seríamos apenas “cópias pálidas” do ser vivo que fomos; fantasmas habitando um mundo escuro e sombrio. 
5. O platonismo, por sua vez, afirma que haveria somente a imortalidade da alma. O corpo morreria para sempre, e a alma viveria para sempre. Essa ideia é frequentemente tida como cristã, embora não o seja.
6. Por último, existe ainda a concepção panteísta, segundo a qual, seríamos gotas do oceano cósmico, partes da substância de Deus. Na morte, a gota voltaria ao mar, não existindo individualidade real. 
TEORIAS VIDA APÓS A MORTE
Estas 6 (seis) errôneas Concepções, podem ser resumidas em 6 teorias básicas sobre o que nos sucede quando morremos:
1. Materialista, 
2. Paganismo, 
3. Reencarnacionista, 
4. Panteísta,
5. Imortalidade,
6. Ressurreição.
i. TEORIA MATERIALISTA
De acordo com essa teoria, nada sobreviveria. A morte encerraria tudo. Raramente considerado antes do século XVIII, o materialismo agora é uma visão minoritária forte em nações industrializadas. É a consequência natural do ateísmo.
ii. TEORIA DO PAGANISMO
De acordo com essa teoria, após a morte, restaria uma parte sombria e vaga do eu, um fantasma, que vai para o triste submundo dos mortos. Tal fantasma seria “alguém” menos vivo, menos substancial menos real do que a pessoa viva, com um corpo físico. Tal fantasma seria como uma imagem vista por um aparelho de TV: uma pálida cópia do original perdido. Esse é o cerne da crença pagã, cuja influência pode ser encontrada até na noção de Sheol, do Antigo Testamento.
iii. TEORIA REENCARNACIONISTA
De acordo com essa teoria, a alma individual sobreviveria e reencarnaria em outro corpo. A reencarnação geralmente está ligada à crença panteísta pela doutrina do carma — que assevera que, depois de a alma cumprir seu destino, aprender suas lições e tornar-se suficientemente iluminada, ela reverteria ao status divino ou seria absorvida no Todo-divino (ou completaria sua identidade eterna com o Todo-divino). Neste caso, a alma seria para o corpo o que um empresário viajante é para o quarto de hotel: um visitante cumprindo uma missão. Depois de reencarnações suficientes para “iluminar” a alma, esta seria liberada de sua série de prisões corporais para sempre. 
iv. TEORIA PANTEÍSTA
De acordo com essa teoria, a morte não mudaria nada, porque o que sobrevive à morte seria o mesmo que já era real antes da morte: apenas a Realidade única, imutável, eterna, perfeita, espiritual, divina, que inclui tudo. Do ponto de vista do misticismo oriental, toda a separação, inclusive do tempo, é uma ilusão. Por conseguinte, nessa visão é errado perguntar o que acontece depois da morte. 
v. TEORIA DA IMORTALIDADE
De acordo com essa teoria, a alma individual sobreviveria à morte, mas não o corpo. Essa alma no final alcançaria seu destino eterno de céu ou de inferno, talvez por meio de estágios intermediários talvez por meio de reencarnação. Mas o que sobrevive é um espírito individual, sem corpo. Isso é platonismo, frequentemente confundido com o cristianismo.
vi. TEORIA DA RESSURREIÇÃO
De acordo com essa teoria, na morte, a alma separa-se do corpo e reúne-se no fim do mundo ao corpo novo, imortal, ressurreto por um milagre divino, ou seja, há a ressurreição sobrenatural do corpo, e não a imortalidade natural só da alma. Essa doutrina cristã, que é a única versão de vida após a morte na Bíblia, foi profetizada de modo tênue no Antigo Testamento, mas claramente revelada no Novo Testamento. 
Na teoria da ressurreição, a alma individual sobrevive à morte física. 
RESSURREIÇÃO (continuação):
Retornando à Primeira Carta aos Coríntios, o Apóstolo Paulo instava a comunidade de Corinto a aguardarem ansiosamente a volta de Cristo, sabendo que, quando ele vier, Deus transformará todos aqueles que pertencem a ELE num piscar de olhos (15:22,23,51,52).
Para Gottfried Brakemeier, quando Paulo afirma que, “aquilo que é mortal se revestirá da imortalidade” (15:54), a morte então, terá sofrido derrota total. O triunfo definitivo sobre a morte é certa, afirma. Para referido autor, Paulo aqui debocha da morte “tragada está para dentro da vitória” (15:54), em alusão a Isaias 25:8[footnoteRef:5]. [5: BRAKEMEIER, Gottfried. A Primeira Carta do Apóstolo Paulo à Comunidade de Corinto: Um comentário exegético-teológico.São Leopoldo: Sinodal/EST, 2008.] 
No versículo 55, o Apostolo então pergunta: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” A vitória sobre a morte, complementa o autor, é promessa bíblica a se cumprir na forma da ressurreição[footnoteRef:6]. [6: BRAKEMEIER, 2008, p. 32.] 
Em consonância com a defesa de Paulo à ressurreição, o último livro da Bíblia, o Apocalipse de João é um livro que tratará como um todo referido tema.
O próprio título do último Livro da Bíblia αποκάλυψις, significando: “revelação, manifestação; assim da parte de Deus de coisas antes desconhecidas, conforme o Léxico Grego do Novo Testamento, conforme, o próprio Apóstolo Paulo, cuja vida estava alicerçada na fé na Ressurreição de Cristo, e consequentemente, na sua própria ressurreição no último dia, fala-nos, das coisas que em breve sucederão, quando nos desfizermos deste tabernáculo terrestre mortal.
2ª Coríntios 5.1: Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.
2: E, por isso, também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu;
8: Mas temos confiança e desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor. 
Em Apocalipse, o seu autor João, o apóstolo do amor, se apresenta como um homem que tem comunhão e intimidade com os crentes da Ásia. Ele está banido, isolado, preso, com os pés no vale, mas sua cabeça está no céu. Seu cativeiro tornou-se lhe a porta do céu. Ele se autodenomina irmão e companheiro, não se sentindo melhor que seus irmãos, nem se enaltecendo por ter recebido uma alta revelação.
O Livro de Apocalipse no Novo Testamento é denominado de livro escatológico, palavra oriunda do termo “escatologia”, formada pela junção de duas palavras gregas, εσχατος, substantivo grego traduzido por “último” e, λογος, significando, tratado, estudo ou doutrina[footnoteRef:7]. [7: SILVA, Jean Carlos da. Escatologia Explicada: A vida após a morte, Os selos, trombetas e taças do Apocalipse. Volume 01. São Paulo: Plenitude Publicações, 2009, p. 14.] 
Portanto, podemos dizer que, “escatologia” significa: doutrina das últimas coisas. Portanto, é, a escatologia um estudo dos últimos acontecimentos da história da humanidade, ou doutrina das coisas finais[footnoteRef:8]. [8: SILVA, Jean Carlos da. 2009, p. 14.] 
PARAÍSO E SHEOL
Conforme a Palavra de Deus, podemos afirmar com certeza que, na vida após a morte; o corpo vai a sepultura, alma e espírito fazem junção e vão a Deus, se estiverem em comunhão com Ele, já os que estão sem Deus irão ao Sheol ou hades[footnoteRef:9]. É chamado como período intermediário, onde aqueles que partiram ou partirão, antes da vinda coletiva de Cristo arrebatar seu povo, irão para aguardar, referida vinda coletiva de Cristo, onde enfrentarão ou o juízo final, julgamento pelo Deus assentado no grande Trono Branco, ou o Tribunal de Cristo, para os salvos. [9: SILVA, Jean Carlos da. 2009, p. 30.] 
Não iremos nos aprofundar nesse tema, mas, apenas para conceituar, o “hades” não pode ser confundido com o “lago de fogo” relatado no Apocalipse, mas deve ser entendido como um lugar de pranto e ranger de dentes, conforme Lucas 13.28, isto é; as pessoas que lá se encontram, estão aguardando sua sentença final; o próprio lago de fogo.
Em Lucas 23.43, quando Jesus disse ao crucificado ao seu lado, que no mesmo dia, estaria com Ele no paraíso, Jesus estava se referindo ao terceiro céu relatado por Paulo em seu arrebatamento, em 2 Coríntios 12:2-4.
2: Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu.
3: E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe)
4: Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.
De acordo com os ensinamentos Judaicos no Talmud, confirmados pelos livros Apócrifos de Enoque, o universo é composto de sete céus:
1. Vilon (וילון);
2. Raki'a (רקיע);
3. Shehaqim (שחקים);
4. Zebul (זבול);
5. Ma'on (מעון);
6. Machon (מכון) e,
7. Araboth (ערבות).
Mas, para nós Cristãos, apenas 4 (quatro). Este primeiro céu, logo acima de nós. O segundo céu, onde estão as estrelas e constelações. O terceiro céu, o Paraíso e, o Quarto céu, onde se encontra o Trono de Deus.
Sabemos pelas Escrituras Sagradas, que haverá após a Segunda Vinda de Cristo, o Milênio, um período de Mil anos, em que a Igreja reinará com Cristo. Quanto ao Milênio, há aqueles que o defendem à luz da Bíblia, e há aqueles que o negam, sendo denominados de amilenaristas, ou seja, defendem que não haverá o milênio após a volta de Jesus, conforme o Apóstolo João, registrou, dentre outros, no versículo 3 de Apocalipse 20. 
O amilenarismo liberal nega doutrinas como a ressurreição, o juízo final, a segunda vinda de Cristo, o castigo eterno e outros assuntos afins. O amilenarismo romano desenvolveu o esquema do purgatório, do limbo e de outras doutrinas não-bíblicas como parte de seu sistema[footnoteRef:10]. Os católicos consideram que o ensino sobre o purgatório faz parte integrante de sua fé[footnoteRef:11]. [10: PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia: Uma análise detalhada dos eventos futuros. Tradução: Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, Th.M. São Paulo: Editora Vida, 2015.] [11: Purgatório. Acesso em: 12/07/2020. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Purgat%C3%B3rio#:~:text=8%20Liga%C3%A7%C3%B5es%20externas-,Hist%C3%B3ria,pr%C3%A1tica%20da%20ora%C3%A7%C3%A3o%20pelos%20mortos.] 
A título de contextualização, convém destacar que, a doutrina católica do purgatório, foi formulada durante os Concílios de Lyon (1274), de Florença (1438-1445), e de Trento (1545-63), ao se interpretar erroneamente passagens bíblicas, como por exemplo, 1ª Coríntios 3,10-23; 1ª Pedro 1,7 e, o livro apócrifo de 2º Macabeus 12.46[footnoteRef:12], com a finalidade de se “provar” sua doutrina de purgatório, em que o fogo purifica a pessoa para a próxima vida e as amolda para o céu[footnoteRef:13] [12: PRADO, Padre Márcio do. O que a Igreja diz sobre purgatório? Disponível em: https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-que-a-igreja-diz-sobre-purgatorio/. Acesso em: 12/07/2020.] [13: WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Wiersbe - Novo Testamento: A Bíblia explicada de maneira clara e concisa. Volume II - Novo Testamento. Traduzido por Regina Aranha. Santo André, SP: Geográfica – Brasil, 2008, p. 456.] 
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICO-ESCATOLÓGICA:
1. MÉTODO LITERAL OU HISTÓRICO-GRAMATICAL:
Quanto ao estudo da escatologia, cumpre ressaltar que, embora diversos métodos de interpretação das Escrituras tenham sido propostos no decorrer da história da interpretação, existem hoje apenas um método com influência vital na escatologia: Método Histórico-Gramatical[footnoteRef:14]. [14: PENTECOST, J. Dwight. 2015, p. 14.] 
O método literal ou histórico-gramatical é o que dá a cada palavra o mesmo sentido básico e exato que teria no uso costumeiro, normal, cotidiano, empregada de modo escrito, oral ou conceitual. Interpretar literalmente significa nada mais, nada menos que interpretar sob o aspecto do significado normal, costumeiro.
2. MÉTODO ALEGÓRICO:
O método alegórico é aquele que em lugar de reconhecer o texto como naturalmente se apresenta, perverte-o dando um sentido secundário anulando a intenção primária do escritor, um exemplo deste tipo de interpretação está em Apocalipse 20 quando João fala a respeito de um período de mil anos em que a teocracia seria instituída e o próprio Jesus reinará sobre a terra, os alegoristas dizem que este período está sendo cumprido agora pela igreja, e os mil anos não são literais, mas sim espirituais. O método alegórico é repleto de perigos que o tornam inaceitável ao intérprete da Palavra.[footnoteRef:15]. [15: Pastor Raul. A Hermenêutica e a Escatologia – Escatologia. Acesso em: 12/07/2020. Disponível em: https://nascidodenovo.org/v4/teologicos/1-a-hermeneutica-e-a-escatologia-escatologia/] 
3. MÉTODOHISTÓRICO-CRÍTICO:
Existe ainda o Método-Histórico-Crítico de interpretação das Escrituras Sagradas e, aqui, em específico, da Escatologia, que afirma, por exemplo, que João, não sofreu perseguição por causa do Evangelho, de modo algum. Foi para Patmos de férias, porque descobriu que todos que iam para lá tinham visões celestiais. Resolveu tirar férias, então em Patmos, para também ter visões celestiais. Ignoram até mesmo o versículo 9 do 1º Capítulo de Apocalipse. Por isso, trata-se a bem da verdade de uma falácia e, clara distorção das Sagradas Escrituras. Mas, apesar de sua complexidade, pelo resumido tempo de aula que temos, e diante da desnecessidade de abordá-lo, não será nosso objeto de estudo aqui.
ESCATOLOGIA
Os acontecimentos do futuro têm sido assunto do interesse da humanidade, principalmente neste século. A Igreja de Cristo aguarda um futuro glorioso como consequência de sua comunhão com Deus. Toda a revelação aponta para o futuro e a Igreja caminha neste mundo com uma esperança, pois é identificada como “peregrina e forasteira aqui”, conforme 1ª Pedro 2.11.
Vimos que, o termo “escatologia”, formado pela junção de duas palavras gregas, εσχατος, “último” e, λογος, tratado, estudo ou doutrina, é a doutrina das últimas coisas, estudo sistematizado dos últimos acontecimentos da história da humanidade, ou doutrina das coisas finais. Tal fim se dará, segundo as Escrituras, com a volta de Cristo, a ressurreição de todos os mortos, a transformação dos eleitos, que estiverem vivos na ocasião do evento, o juízo final, a glorificação dos justos, a perpétua condenação e detenção de Satanás com seus anjos e súditos.
FORMAS DE INTERPRETAÇÃO ESCATOLÓGICA
Está comprovado no contexto histórico que ao longo dos séculos foram desenvolvidas diversas formas de se entender a escatologia bíblica. Para efeito de uma boa compreensão destacaremos as principais delas, veja; 
PRETERISTA 
O termo “preterista”, de certa forma tem ligação com o termo português pretérito, que por sua vez tem ligação com o “passado”, ou algo do passado. Agora, com respeito a forma escatológica “preterista”, é a forma interpretativa que diz que os acontecimentos (uma boa parte) já aconteceram na época do império romano. Segundo este pensamento, a expressão “últimos dias”, sendo assim, nesta relação, já teria acontecido. 
FUTURISTA 
Nesta forma interpretativa, considera a maioria dos eventos escatológicos como não acontecidos. Nesta interpretação, considera os capítulos 4-22 do livro do Apocalipse, como ainda não cumpridos. 
HISTÓRICA 
Nesta forma de entendimento escatológico, as mensagens em Daniel, Ezequiel e principalmente no livro do Apocalipse, já aconteceram em toda época da igreja, e ainda continuam dentro do quadro eclesiológico dos nossos dias.
IDEALISTA 
Neste particular, considera os eventos escatológicos como simbólicos. Neste modo de entender, a escatologia não terá qualquer efeito prático sobre a humanidade.
MILÊNIO
Apocalipse 20.4: E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.
5: Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição.
6: Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos.
A expressão milênio, referindo aos “mil anos”, e usada seis vezes em Apocalipse 20:1-7. Esse período da história e conhecido como "o Milênio", designação originária de duas palavras em latim: mille ("mil") e annum ("ano"), o reino milenar de Cristo na Terra.
Finalmente, Cristo e sua Igreja reinarão sobre as nações da Terra, e Israel desfrutara as bençãos bíblicas prometidas pelos profetas (v.g. Is 2.1-5). Esse reino será uma demonstração mundial da gloria de Cristo e a ocasião em que toda a natureza será liberta da escravidão do pecado (Rm 8:19-22). Será a resposta a oração dos santos: “Venha o teu reino[footnoteRef:16]”. [16: WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. Vol. II. Tradução Susana E. Klassen. Santo André/SP: Geográfica editora. 2006, p. 788] 
PORÉM HÁ DIVERSAS TEORIAS E INTERPRETAÇÕES QUANTO AO MILÊNIO:
CONCEITO AMILENISTA 
Literalmente, “amilenismo” significa: “não ao milênio”. O amilenismo é uma doutrina que segundo alguns, todas as referências ao milênio devem ser consideradas como simbólica ou alegórica, isto em consideração aos bens concedidos à igreja, à Israel e ao mundo. De certa forma o conceito amilenista descarta a existência do milênio literal. 
PÓS-MILENISMO 
Literalmente, “pós-milênio” significa: depois do milênio. Neste particular é a doutrina que o milênio é a era de plena atuação de igreja aqui na terra. Enquanto o amilenismo não acredita no milênio terrestre, os pós-milenistas creem mais como período da igreja.
CONCEITO PRÉ-MILENISTA 
Literalmente, “pré-milenista” significa: “aquilo que vem antes”. Agora, referindo-se ao agrupamento doutrinário do pensamento pré-milenista, é a doutrina segundo à qual o Senhor virá buscar a igreja para o arrebatamento no final desta dispensação e posterior a grande tribulação estabelecer o reino do milênio. 
PÓS-TRIBULACIONISTA 
Literalmente, “pós-tribulacionista” significa: depois da grande tribulação. Ao que tange ao campo doutrinário, é a doutrina segundo à qual a igreja será arrebatada somente após a grande tribulação. Geralmente os textos de (Mt 24), são interpretados como uma única vinda de Cristo à terra para arrebatar a igreja. Afirmam que a igreja será poupada da ira, mas não da grande tribulação.
MID – TRIBULACIONISTA 
Literalmente “mid-tribulacionismo”, indica “meio”. Neste conceito que difere do pré-tribulacionismo e do pós-tribulacionismo. O mid-tribulacionismo indica que a igreja passará por metade da grande tribulação, ou metade daquilo que é intensificado em (Dn 9. 24-27) (Setenta semanas de Daniel). 
O mid-tribulacionismo ensina que a igreja estará presente na terra durante uma parte da grande tribulação, segundo este ponto de vista experimentará uma parte dela, mas depois será tirada do pior momento da tribulação.
 
GRANDE TRIBULAÇÃO 
A grande tribulação é o evento catastrófico que se dará logo após o arrebatamento da igreja. A grande tribulação é um tempo de grande angústia. Neste período, os ímpios serão “obrigados” a reconhecerem o Senhorio de Cristo, os que não quiserem assim proceder, serão afligidos pelo anticristo, e os que quiserem reconhecer, também serão afligidos. 
A expressão “Grande Tribulação” indica o imenso tamanho dos sofrimentos que naquele período experimentará a humanidade ímpia e os que ficarem na terra após o arrebatamento da igreja do Senhor. 
Mateus 24:4-31 descreve eventos que acontecerão durante os sete anos da tribulação, que seguem o arrebatamento da igreja. Essa é a 70ª (Septuagésima) semana descrita em Daniel 9:20-27. Descreve-se esse mesmo período em Apocalipse 6— 19. Esse é o tempo em que Deus derramará sua ira sobre o mundo rebelde.
SINAIS DA SEGUNDA VINDA DE JESUS
Jesus não disse quando exatamente voltaria, porém, deixou os “sinais” para mostrar que quando esses sinais estivessem acontecendo sua vinda estaria próxima. Esses “sinais” são os mais variados em toda sociedade, igreja, mundo e principalmente entre nação de Israel. 
APOSTASIA 
O primeiro que citamos aqui é a Apostasia: “Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição”. (2 Tess 2. 3). 
O termo “apostasia” vem do grego “ἀποστασία”, e a primeira ideia é o de abandono consciente e premeditado da fé.
SINAIS NO CÉU 
“Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas...”. (Lc 21. 25). Fica claro nas profecias do Senhor Jesus, a referência categórica aos sinais astronômicos.ARREBATAMENTO DA IGREJA
Não se pode falar em escatologia, sem falar do arrebatamento da igreja, que está diretamente ligado à noiva, à esposa do cordeiro. De acordo uma corrente teológica é descrito como um quadro representativo de Gênesis capítulo 24:
1. Abraão (Deus), 
2. Isaque (Cristo), 
3. Rebeca (Igreja), 
4. Eliezer (Espírito Santo). 
O termo “arrebatamento” é derivado do termo latino “raptus”, que tem o sentido profundo de ser “arrebatado com muita força e de forma brusca”. 
	O apóstolo Paulo usa o termo grego ἁρπαγέντα, derivado de ἁρπάζω, em 2ª Cor. 12.2, pra dizer, que conhece um homem, foi arrebatado ao paraíso. 
ἁρπάζω, conforme o Léxico Grego do Novo Testamento, significa: “pegar e remover, arrebatar, tomar ansiosamente para si mesmo.
DEFINIÇÃO 
A doutrina do arrebatamento é uma das grandes doutrinas da bíblia e refere-se ao desaparecimento repentino e mundial de todos os salvos em Jesus Cristo, que, se forem achados como dignos à subir ao encontro do Senhor nos ares.
ἁρπάζω quando aparece no NT, tem um sentido de mudança de localização (Mt 4.1; Lc 4.1; 2 Co 12.2; 1 Tess 4.17). 
JESUS DESCERÁ ÀS NUVENS 
1ª Tessalonicenses 4.16 e 17:
16: Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; 
17: Depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”. 
COMO ACONTECERÁ O ARREBATAMENTO? 
1 Coríntios 15. 52 
ἐν ἀτόμῳ, ἐν ῥιπῇ ὀφθαλμοῦ, ἐν τῇ ἐσχάτῃ σάλπιγγι: σαλπίσει γάρ, καὶοἱ νεκροὶ ἐγερθήσονται ἄφθαρτοι, καὶ ἡμεῖς ἀλλαγησόμεθα. 
“Em um instante, em piscar de olhos, em a última trombeta; soará a trombeta, pois os mortos serão ressuscitados incorruptíveis e nós seremos transformados”. 
A palavra “momento” usada na versão portuguesa vem do termo grego “ἀτόμῳ”, indica literalmente uma parte sem divisão ou que não pode ser dividida. isto fica claro que desafia a inteligência humana e cientifica. 
Logo após o arrebatamento, as obras dos santos serão julgadas no tribunal de Cristo (2 Co 5:1-10). No período final do milênio, os mortos não-salvos enfrentarão Cristo diante do trono branco de julgamento (Ap 20:1-15). 
Em 1ª Coríntios 15.50-58, Paulo trata da segunda vinda de Cristo e do que ela representa para a vida e para a morte. “Nem todos dormiremos [morreremos]”, porque alguns santos estarão vivos quando Cristo retornar, “mas transformados seremos todos”.
Esse mistério refere-se ao arrebatamento da igreja. Quando Cristo retornar, primeiro, os mortos serão ressuscitados; a seguir, os vivos serão levantados com ele, e todos serão transformados para ser iguais a ele. 
E tudo isso acontecerá em um piscar de olhos. Paulo encerra com uma nota de vitória. O cristão não sofre o aguilhão da morte, porque Cristo retirou esse aguilhão.
Haverá ainda o anticristo, no período da grande tribulação, mas, apenas poderá iniciar sua subida ao poder após o arrebatamento da igreja.
QUE POSSAMOS NOS CONSERVAR SANTOS E IRREPREENSÍVEIS PARA NÃO CORRERMOS O RISCO DE HAVER CORRIDO EM VÃO, MAS QUE POSSAMOS TER O MESMO PRIVILÉGIO DO APÓSTOLO PAULO:
2ª Timóteo 4.7: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.

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