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MANIFESTO CONSERVADOR BRASILEIRO Fundamentações Teóricas e Práticas para a Disseminação do Conservadorismo no Brasil por Alessandro Loiola Copyright © 2019 ManhoodBrasil www.manhoodbrasil.com.br http://www.manhoodbrasil.com.br/ ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO 2. O QUE É ESQUERDA E DIREITA? 3. O QUE É CONSERVADORISMO? 4. O PILAR DA VERDADE 5. O PILAR DA LIBERDADE 6. O PILAR DA DEMOCRACIA 7. O PILAR DO PATRIOTISMO 8. O PILAR DA PROPRIEDADE 9. O PILAR DO LIVRE MERCADO 10. O PILAR DA RELIGIÃO 11. CONCLUSÃO: OS MÉRITOS DO CONSERVADORISMO 1. INTRODUÇÃO A ideia para este Manifesto nasceu do convite para participar do I Fórum de Conservadores do Nordeste, realizado nos dias 7 e 8 de novembro de 2019 na cidade de Recife. Ao organizar o material para a palestra, percebi que não existia uma literatura nacional simples, prática e sucinta para introduzir ou apresentar o assunto “Conservadorismo”. O termo “Conservadorismo” se confunde bastante com a própria definição de temos de Direita, e não raramente é interpretado de maneira equivocada como significando intolerância, fascismo ou opressão – o que representa bem o tamanho dos preconceitos que cercam o entendimento sobre o que Conservadorismo de fato é. Por isso, decidi partir do zero e escrever algo que servisse como uma linha condutória. Com o intuito de evitar tergiversações cansativas, é bastante provável que eu tenha deixado de fora muitas discussões relevantes sobre o assunto, mas, ainda assim, acredito que este livro terá alguma utilidade: se você for um Direitista novato, esta será uma boa apresentação do tema. Se você for um Direitista experimentado, talvez esta obra lhe sirva de guia para palestras e exposições – como serviu a mim. Entretanto, se você for um esquerdista convicto, simplesmente feche este Manifesto e vá arrumar algo melhor para fazer. Estas páginas não merecem sua leitura e suas críticas certamente não valem meu tempo. 2. O QUE É ESQUERDA E DIREITA? Causa estranheza observar que boa parte dos estudos científicos, filosóficos, históricos e sociológicos associe as ideologias de Direita a mentalidades e regimes políticos autoritários, rígidos e punitivos; e vincule as ideologias de Esquerda a mentalidades e regimes políticos democráticos, flexíveis e tolerantes, quando o que vimos na prática ao longo dos últimos 200 anos foi exatamente o oposto a isto: À Esquerda estiveram todos os regimes totalitários, centralizadores e cerceadores da liberdade que temos notícia no período. Para aqueles que não concordam com esta anotação, recomendo que pesquisem sobre as mais de 4.000 execuções políticas em Cuba entre 1959 e 2016; o 1 milhão de mortos nos Gulags russos, e as execuções por Pena Capital na China (que respondem por cerca de 65% das execuções legais do mundo). Em contrapartida, à Direita, estão os sistemas político- econômicos democráticos, respeitadores dos direitos humanos, preservadores da propriedade privada, garantidores da liberdade de expressão e fomentadores do livre mercado. Sem embargo, as confusões entre o que é Direita e Esquerda são compreensíveis: em geral, descontadas as influências nefastas da Guerra de Narrativas do Marxismo Cultural, as ambiguidades derivam da falta de uma noção clara sobre o que consideramos “de Direita” ou “de Esquerda”. Então vamos explorar melhor isto: As sociedades formatadas em Estado sempre tiveram que decidir por um sistema de gerenciamento político-econômico. Atualmente, podemos dividir estes sistemas em Direita e Esquerda. Algumas pessoas rotulam esta dicotomia como sendo um raciocínio binário reducionista, mas arrisco dizer que 90% dessas pessoas são simpatizantes de ideologias com vieses de Esquerda e envergonham-se de sê-lo. A separação entre Direita e Esquerda teve início na Revolução Francesa, durante as negociações entre Jacobinos (mais pobres) e Girondinos (mais ricos), mas seria honesto dizer que tanto Jacobinos quanto Girondinos eram de Esquerda, variando apenas na intensidade: os Jacobinos seriam metalúrgicos Socialistas e Comunistas do ABC paulista, e os Girondinos seriam os Progressistas de i-Phone da USP. Desde o tempo das decapitações promovidas por Robespierre e sua gangue, nossos entendimentos da ciência política sofisticaram-se sobremaneira: quase 300 anos separam o Reino do Terror do início da Revolução Blockchain. Era de se esperar que, neste intervalo, os conceitos fossem refinados. Assim, no final da década de 1960, o anarcocapitalista David Nolan elaborou um diagrama de dois eixos para separar os espectros político-ideológicos: o eixo horizontal representava a Liberdade Econômica e o eixo vertical, a Liberdade Pessoal. Um exemplo do diagrama pode ser visto na Figura 1: Como pode ser observado, no eixo horizontal, à medida que nos deslocamos para a Direita, diminuímos o papel do Estado sobre o comércio, aumentando a liberdade econômica. À medida que nos deslocamos para a Esquerda, aumentamos a intervenção do Estado na economia, diminuindo a liberdade de comprar e vender. No eixo vertical, deslocando-se para cima, diminuímos a influência do Estado na esfera pessoal, aumentando o autopertencimento. Deslocando-se para baixo, aumentamos a influência do Estado, diminuindo a soberania que temos sobre nossas próprias decisões. De acordo com os quadrantes resultantes do Diagrama de Nolan, os espectros político-ideológicos poderiam ser divididos da seguinte maneira: no quadrante inferior esquerdo, teríamos a Esquerda Autoritária, com pouca liberdade econômica e um enorme gerenciamento do Estado sobre nossas decisões do dia o dia: o Estado controlaria o que seria produzido, em qual quantidade, por quanto seria vendido, onde seria vendido e quem poderia comprar tal produto ou serviço, além de determinar quanto você poderia ganhar ou gastar, com quem poderia casar, onde poderia morar e para onde poderia viajar, por exemplo. No quadrante superior esquerdo, teríamos grande liberdade econômica e pouca liberdade pessoal – algo que os estudiosos denominaram Esquerda Libertária. No quadrante inferior direito, teríamos grande liberdade econômica e pouca liberdade pessoal – uma Direita Autoritária. Finalmente, no quadrante superior direito, teríamos grande liberdade econômica e grande liberdade pessoal – uma Direita Libertária. O problema com o Diagrama de Nolan está no absurdo de considerar a “lógica” de regimes localizados nas pontas do quadrante superior esquerdo (100% de controle do Estado sobre a economia com 100% de liberdade para escolhas pessoais) e do quadrante inferior direito (0% de controle do Estado sobre a economia com 0% de liberdade para escolhas pessoais). Tente conceber o que seria uma Esquerda Libertária: exatamente como podemos ter 100% de liberdade em nossas escolhas quando o Estado controla 100% da economia? O controle econômico determina nossas escolhas por faculdades, hospitais, indústrias, bens e serviços são produzidos e vendidos onde, quando e por quanto o Estado desejar. Em um cenário planificado desses, o que exatamente resta para você escolher? Sob o pretexto econômico, o Estado pode autorizar casamentos apenas para cidadãos em uma determinada faixa de rendimentos, ou limitar o número de filhos por famílias, ou determinar quantas pessoas devem habitar uma casa, ou quantos automóveis você pode ter, ou quantas vezes você pode viajar por ano e até mesmo para onde. Agora tente imaginar o que seria uma Direita Autoritária: como podemos ser completamente livres para comprar e vender o que bem entendermos (Liberdade Econômica total) quando toda nossa liberdade pessoal está sob o controle do Estado? Em um cenário desses, o que exatamente resta para você escolher? O grande equívoco de Nolan foi sugerir que é possível desvincular Liberdade Econômica de Liberdade Pessoal, quando não é. Não existe espaçopara o livre arbítrio em um Estado mastodôntico: Quanto mais para a Esquerda nos deslocamos no eixo horizontal (ou seja: Quanto mais Estado), menos livres somos. Quanto mais para a Direita (ou seja: quanto menos Estado), mais livres nos tornamos – tanto pessoal quanto economicamente. Corrigindo as distorções absurdas do Diagrama de Nolan e utilizando os entendimentos de sociólogos, filósofos e pensadores mais modernos, podemos dizer então que um Estado de Direita: (1) Preserva a Liberdade de Expressão. (2) Protege a Propriedade Privada. (3) Estimula o Livre Mercado e não se intromete com a administração dos meios de produção e distribuição de bens. Não cabe ao Estado fabricar automóveis ou geladeiras ou micro-ondas ou vender máquinas de lavar roupa ou celulares, do mesmo modo que não cabe ao Estado ser dono de rodovias, ferrovias, refinarias, portos ou aeroportos. (4) Privilegia a Meritocracia ao mesmo tempo em que aceita o fato de que nem todos terão o mesmo “direito” a tudo. Você não tem direito a ser rico ou feliz, ou ter um diploma universitário, um emprego ou um corpo em forma. Um Estado de Direita afirma que cabe a cada um esforçar-se por meio da sua própria vontade e disciplina para atingir os objetivos que aspira. Satisfazer seus desejos e ambições não é – tampouco foi um dia – um dever do Estado. Uma vez que um Estado de Esquerda seria algo diametralmente oposto a um Estado de Direita, temos que um Estado de Esquerda é aquele que: (1) Pratica alguma forma de censura oficial. (2) Relativiza ou destitui a Propriedade Privada. (3) Interfere na liberdade de mercado utilizando subterfúgios torpes escondidos sob a égide de “métodos isonômicos de compensação”. (4) Condena a Meritocracia e vilaniza o Empreendedorismo, pois ambos estariam na raiz das “desigualdades sociais”. Um Estado de Esquerda afirma que cabe ao Estado assegurar que cada um atinja seus objetivos a despeito das diferenças pessoais. Aceitas estas premissas, podemos colocar do lado Esquerdo do espectro político ideologias como Progressismo, Socialismo, Fascismo, Nazismo e Comunismo, assim como Ditaduras, Tiranias, Teocracias radicais e Monarquias não-constitucionais. À Direita, podemos posicionar Neoconservadorismo, Conservadorismo, Libertarianismo e Anarcocapitalismo, além das Monarquias Constitucionais e os regimes Parlamentaristas. É sensato salientar que, na efervescência dos caldeirões sociais humanos, estes rótulos se misturam para produzir nações que podem ser 20% Progressistas e 80% Conservadoras, ou 40% Libertarianas e 60% Socialistas. Vivendo sob as pressões da hiperconectividade Pós-Moderna, raramente encontramos países regidos por um monossistema. Não obstante, o modelo que de alguma forma prevalecer dirá bastante sobre a sociedade que produziu tal Estado e a maneira como este Estado governa seu povo. 3. O QUE É CONSERVADORISMO O termo Conservadorismo foi utilizado pela primeira vez em 1818, pelo ensaísta e diplomata francês François-René de Chateaubriand – o Visconde de Chateaubriand. A despeito do vanguardismo de Chateaubriand, uma lista com os principais autores que abordam “o que é Conservadorismo” deveria incluir, necessariamente, nomes como Confúcio, John Locke, Edmund Burke, Gilbert Keith Chesterton, Ludwig von Mises, Russell Kirk, Roger Scruton e Olavo de Carvalho. Falemos um pouco sobre eles: Confúcio (551–479 a.C.) salientava a importância de “coisas permanentes” na sociedade. Suas Cinco Normas de comportamento pregavam empatia, justiça, sagacidade, sabedoria e confiança. Em seus escritos, percebemos um grande defensor dos valores familiares e da estabilidade social. Ele era um Conservador antes mesmo de sabermos exatamente o que isso significaria. O médico inglês John Locke (1632–1704), um dos mais influentes pensadores do Iluminismo, estabeleceu em sua obra “Dois Tratados sobre o Governo” (1681) que o Estado deveria resultado de um acordo entre governantes e governados por meio de leis escritas. Seguindo a linha de bom-senso estabelecida quase 2 mil anos antes por Confúcio, Locke acreditava que o direito natural do homem era composto pelo direito à vida, à liberdade, à propriedade, à paz e à resistência à tirania. O filósofo irlandês Edmund Burke (1729–1797), considerado o pai do Conservadorismo Moderno, era um defensor da Monarquia e do poder divino como regulador do Estado. Para Burke, a autoridade do contrato social emanava de princípios ancestrais de virtude, religião, humildade, justiça e tradição. Burke considerava o hábito, o instinto, a fé, a reverência e a tradição fundamentais para uma boa sociedade, e mais importantes que qualquer conjunto de especulações abstratas. Para Burke, a prudência era a virtude política mais indispensável de todas. “Reflexões sobre a Revolução em França”, publicado por Burke em 1790, é uma leitura obrigatória para qualquer Direitista. O cristão ortodoxo G.K Chesterton (1874-1936) foi um gigante em vários aspectos. Além do físico avantajado (tinha 1,93 m de altura e pesava cerca de 130 kg), o eloquente G.K possuía uma inteligência afiada e um vigor invejável: escreveu cerca de 80 livros, várias peças teatrais, centenas de poemas e contos, e milhares ensaios. Chesterton postulava que a “emancipação Moral moderna” era nada mais que a perseguição dos valores éticos do homem comum. Seu lado Conservador também pode ser atestado pelo Princípio da Cerca de Chesterton, onde G.K. afirmou que uma reforma não deveria ser feita até que o raciocínio por trás do estado das coisas existente tivesse sido entendido ("A Coisa: por que Sou Católico", 1929). Um belo exemplo de prudência conservadora. Particularmente, da imensa obra de Chesterton, existem 3 obras que considero imperdíveis para compreender seu pensamento: “Ortodoxia” (1908), “O Que Há de Errado com o Mundo” (1910) e “O Homem Eterno” (1925). Ainda que a visão econômica de Ludwig von Mises (1881– 1973) esteja mais para o Libertarianismo que para o Conservadorismo, sua luta implacável contra regimes totalitários como o Nazismo e o Socialismo Marxista, e contra qualquer forma de Estado excessivamente reguladora, é suficiente para considerá-lo um Conservador por afinidade. O imenso “Ação Humana: um tratado sobre economia” (1949) é considerada a principal obra de Mises, mas eu também recomendo a leitura de “A Mentalidade Anticapitalista”, publicado por ele em 1956. O primeiro tem mais de 1000 páginas; o segundo, pouco mais de 150. Advinda a Modernidade, Michael Oakeshott (1901-1990) assumiu o posto de Referência Maior no Conservadorismo. Oakeshott considerava que a função do Estado e da política consistia em permitir que as pessoas vivessem juntas à luz de suas histórias e tradições, e não guiadas por metas universais extrínsecas como igualdade ou eliminação da pobreza. Para ele, o Conservadorismo não era um credo ou uma doutrina, mas uma disposição para o carpe diem. Um pouco mais brando que Burke, Oakeshott defendia que devemos nos libertar da escravidão que é o compromisso inegociável com as tradições, retornando a ela mais tarde, enriquecidos e melhor informados acerca do mundo. De sua autoria, recomendo a obra “Conservadorismo” (Editora Ayine, 2016), que reúne os ensaios sobre racionalismo na política e massas na democracia representativa. O historiador estadunidense Russell Kirk (1918-1994), o autor de obras célebres como “A Mentalidade Conservadora” (1953) e “A Política da Prudência” (1993), sem dúvida alguma é um dos cânones do Conservadorismo como o conhecemos. Kirk defendia que o Cristianismo e a Civilização Ocidental eram indissociáveis, e que, quando a fé religiosa decai, a cultura também se rebaixa. Para Kirk, a continuidade histórica da experiência de um povo oferece um guia político infinitamente melhor que qualquer modelo abstrato rascunhado por filósofos e suas xícaras de café. No citado “A Política da Prudência”,ele listou os famosos 10 princípios do Conservadorismo, que poderiam ser resumidos nos seguintes itens: Moralidade transcendente, Liberdade, Tradição, Costumes, Continuidade, Autocontrole, Prudência, Voluntarismo, Diversidade e Noção de Imperfectibilidade dos sistemas que engendramos. Dos grandes nomes conservadores ainda vivos, Roger Scruton e Olavo de Carvalho são de leitura mandatória. O inglês Roger Scruton (1944-), autor de mais de 30 livros, tem sido apontado como o “sucessor” de Edmund Burke. Suas obras “Como ser um Conservador” (2014) e “Conservadorismo: um convite para a Grande Tradição” (2017) são de leitura mandatória. Finalmente, para qualquer pessoa de Direita, Olavo Luiz Pimentel de Carvalho (1947-) dispensa maiores apresentações. Ex-comunista, leitor voraz, Olavo tem sido um defensor de valores cristãos e Conservadores há décadas, e, durante muito tempo, foi uma voz solitária e incrivelmente resiliente na denúncia do avanço do Marxismo Cultural na América Latina. Entre suas obras que recomendo estão “A Nova Era e a Revolução Cultural” (1994), “O Jardim das Aflições” (1995), “O Imbecil Coletivo” (1996) e “O Mínimo que Você Precisa Saber para não Ser um Idiota” (2013). Ainda que seja considerado crítico e polêmico por muitos, Olavo certamente deve figurar entre os maiores gênios que este país já teve, quer você goste disso ou não. A partir do estudo destes autores e de vários outros notáveis, constatamos que os rascunhos mais recentes daquilo que passamos a identificar como “Conservadorismo” foram apresentados por Edmund Burke, no século XVIII. O Conservadorismo Burkeano Clássico apoiava-se no tripé Monarquia + Igreja + Tradição. Com a evolução do Iluminismo e o renascimento da Democracia em várias nações prósperas, a tríade de Burke foi substituída por Civilização + Natureza + Ser Humano, mas continuou sendo aprimorada, recebendo a colaboração de grandes pensadores e das bagagens de experiência históricas, até que finalmente chegamos ao século XXI capazes de descrever com maior precisão sobre a que nos referimos quando dizemos “Conservadorismo”. Alguns críticos dizem que o Conservadorismo sofre pela ausência de um dogmatismo ou de uma identidade ideológica stricto sensu: o Conservadorismo seria um estado abstrato da mente, um traço de personalidade ou nada além de uma maneira de contemplar a ordem social. Eu discordo disto. Ainda que o Conservadorismo seja capaz de acomodar um volume muito maior de visões diferentes que qualquer ideologia de Esquerda, ele possui, sim, alguns dogmas, princípios e valores essenciais – aos quais chamo de Pilares. Dessa forma, com base nas fundamentações teóricas e práticas disponíveis, quando falamos de “Conservadorismo”, estamos nos referindo a algo que reúne 7 características (ou Pilares) essenciais: 1. A Busca pela Verdade 2. O Apego à Liberdade 3. O Espírito Patriótico 4. A Salvaguarda da Democracia 5. O Respeito à Propriedade Privada 6. O Encorajamento ao Livre Mercado, e 7. A Atenção a Valores Religiosos Nos capítulos seguintes, discutiremos os pormenores de cada um desses Pilares. 4. O PILAR DA VERDADE Os Sistemas Morais podem ser divididos em três grandes grupos: Realismo Moral (quando o indivíduo considera que há uma única verdade universal), Relativismo Moral (existem várias verdades) e Ceticismo Moral (nenhuma verdade corresponde à verdade). Uma discussão mais detalhada sobre cada um destes grupos foge ao escopo deste livro. Neste manifesto, basta salientar que o Conservadorismo é essencialmente um sistema fundamentado no Realismo Moral: para um Conservador, o que é certo é certo; o que é errado é errado. No Conservadorismo, a questão não é se a Verdade existe, mais qual é ela. E a busca e o apreço pela Verdade é algo nuclear no Conservadorismo: enquanto a Esquerda se vale amplamente de interpretações discricionárias e relativistas dos valores sociais para fazer valer qualquer caminho no rumo de seus delírios hegemônicos de poder, um Direitista Conservador é simplesmente incapaz de admitir algo assim. Um Conservador condiciona seu apoio aos fatos e à retidão de comportamento, e caso uma liderança Conservadora viole este princípio por meio de condutas desleais, ou sustentando afirmações que não correspondem às evidências, esta mesma liderança imediatamente testemunhará a debandada de seus apoiadores. Como expressão de sua fidelidade ao Realismo Moral e ao Pilar da Verdade, os Conservadores nutrem uma enorme consideração pela Família, pela Tradição e pela Austeridade, suspeitando de todo e qualquer processo revolucionário: um Conservador é alguém que procura a melhora gradual da sociedade a partir de arranjos já testados, pois reconhece que a ordem é difícil de ser alcançada, fácil de ser perdida e dispendiosa para ser recuperada. Nas palavras de Russell Kirk: o Bem é lento, ao passo que o Mal quase sempre tem pressa. A prudência, portanto, é essencial. Com todo este pragmatismo, soa tentador classificar o Conservadorismo como reacionário, mas isto é uma incorreção. Se a História nos mostrou algo foi que (1) Revoluções apenas provam que revoluções são possíveis, e (2) seus resultados em geral são diametralmente opostos aos motivos que as precipitaram. Por isso, o Conservadorismo não defende uma paralisação inegociável do tecido social, mas a moderação nas mudanças, o passo a passo no lugar dos saltos, pois o conhecimento humano é imperfeito e algumas aventuras podem ter consequências desastrosas. E é assim que um Conservador concebe o Pilar da Verdade. 5. O PILAR DA LIBERDADE Por ser delimitada pelos atributos da Verdade que a antecedem, a Liberdade Conservadora encontra-se profundamente associada à Ordem, a elementos específicos de Virtude e a valores de Caráter inegociáveis. De acordo com o dicionário Aurélio, Liberdade é “o direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem”. Apesar de a relativização modernista das bússolas éticas que nos acompanharam por gerações ter parecido inicialmente como um incremento da Liberdade, o resultado prático consistiu em espalhar pelo mundo hedonistas, sádicos, imaturos, niilistas, psicopatas, inúteis e carentes de toda espécie. O Conservadorismo sempre intercedeu a favor da Liberdade, mas nunca se eximiu de qualificar o tipo de Liberdade que seria resguardada: a Liberdade Conservadora tem como fronteira axiomática o risco de danos físicos ao outrem e à propriedade de terceiros, justificando-se um arbitramento (algumas vezes punitivo) quando a Liberdade pessoal de alguém viola estes dois limites. Por conseguinte, no Conservadorismo, a concepção de Liberdade corre lado a lado com a noção de Obediência: podemos ir aonde queremos, desde que atentos para algumas restrições. Podemos agir como desejamos, mas jamais de modo completamente impune. Em um Estado, temos a Liberdade permitida pelo Estado, e qualquer um que deseje mais Liberdade deverá romper as cercas dispostas pelo governo, aventurando-se por sua própria conta e risco para fora dessas garantias. Platão bem observou que o excesso de Liberdade “não conduz a mais nada que não seja escravatura em excesso, quer para o indivíduo, quer para o Estado: no cúmulo da Liberdade é que surge a mais completa e selvagem das escravaturas”. Ao que Hobbes completou, anotando: “a condição de absoluta liberdade, como é daqueles que não são súditos nem soberanos, é anarquia e condição de guerra”. Não que a presença de uma política Conservadora ofereça um escudo inviolável contra a libertinagem e a corrupção, mas o enfraquecimento do Conservadorismo certamente auxiliou a disseminar as vulgaridade que testemunhamos. Um Conservador compreende e aceita de bom grado as contenções da Liberdade, pois sabe que todo Estado é leviatânico de alguma maneira: constituímos o Estado para que ele nos protegesseda selvageria potencial uns dos outros, e isto resulta sempre em uma perda substancial de nossa autodeterminação. Assim, ainda que defenda a Liberdade, um Conservador jamais admite que esta defesa supere a exigência de que todos sejam iguais ante o Império da Lei. O objetivo maior do Estado de Direito deve ser justamente proteger a autonomia responsável que nos cabe, punindo severamente todo aquele que cause dano a outros ou a propriedade de outrem ao abusar deste poder. E é assim que um Conservador concebe o Pilar da Liberdade. 6. O PILAR DA DEMOCRACIA Durante 96% do tempo de existência do Homo sapiens neste planeta, vivemos em pequenas comunidades nômades construídas com laços familiares bem firmes. Este foi o contexto que formatou a configuração de nossos corpos e o enredo de nossos raciocínios. Entretanto, nos 4% mais recentes do tempo de nossa espécie neste planeta, produzimos uma realidade Neolítica completamente diversa dos milênios anteriores: agrupamo-nos em cidades cada vez populosas e complexas, associando culturas e absorvendo estrangeiros, e mantivemos a governabilidade dessas saladas humanas por meio de Monarquias e Impérios absolutistas que geraram estabilidade social, semearam tecnologia, pariram a Renascença, a Reforma, o Mercantilismo, a Revolução Industrial, o Capitalismo e até mesmo o infame Socialismo. E então, há pouco mais de 200 anos, resolvemos avultar este tumulto ressuscitando o espírito grego ancestral da Democracia. A Democracia, ou “o governo do povo, pelo povo e para o povo” – como pronunciado por Abraham Lincoln em seu famoso Discurso de Gettysburg, em 19 de novembro de 1863 – surgiu no século V a.C. em várias Cidade-estado da Grécia, mas foi Clístenes (570-508 a.C.) quem conferiu a este modelo político um status magnificente. Sem embargo, foi necessário atravessar toda a Idade Média para que o Iluminismo europeu colocasse a Democracia de volta à luz. A Democracia considera que o indivíduo é racional e possui direitos inalienáveis, oferecendo a cada um dos membros da sociedade um espaço legítimo dentro do Estado de Direito onde expressar suas opiniões e lutar pelos seus interesses. Os efeitos benéficos deste sistema sobre a sociedade são suportados por observações diretas: a Democracia está positivamente associada ao grau de refinamento socioeconômico e à qualidade de vida de uma nação. Em conjunto, os 15 Países Mais Democráticos do mundo possuem um IDH 40% maior que os 15 Países Menos Democráticos (0,919 versus 0,561). Entretanto, ciente da natureza Boa e Má dos humanos, um Conservador não deposita sua confiança na mera benevolência dos governantes: ele defende o Estado Democrático com unhas e dentes, sempre conferindo e re-conferindo se as restrições constitucionais que o regem realmente condizem com os princípios éticos relacionados à preservação da Vida, da Família, da Liberdade, da Prudência e da Justiça. Um Conservador compreende que a Sociedade Orgânica é regida por duas forças: Permanência e Progressão. Para sobreviver, a sociedade precisa manter algumas partes, e modificar e renovar outras. Quando este processo é danificado, o organismo social dá início à sua marcha rumo ao aniquilamento. Sem um senso de permanência, a Sociedade despenca na anarquia. Sem progressão, afunda na estagnação. Assim, por meio da sabedoria e da consulta criteriosa às tradições, devemos manter o que está certo e reformar com circunspecção o que está errado. E nenhum sistema permite mais o funcionamento destes mecanismos de autoaperfeiçoamento que o sistema Democrático. É indiscutível que o problema da Democracia está no potencial de irracionalidade das escolhas do público. Felizmente, seus próprios mecanismos intrínsecos permitem que esta falha seja corrigida quantas vezes forem necessárias. Nas palavras do filósofo francês André Comnte-Sponville: “a Democracia pode ser imperfeita, mas de onde tiramos que ela deveria ser de qualidade impecável?”. E é assim que um Conservador concebe o Pilar da Democracia. 7. O PILAR DO PATRIOTISMO Como mencionado, uma comunidade humana não é uma máquina, mas uma entidade que necessita oxigênio, alimento, espaço, senso de propósito, motivação e cautela para seguir em frente e prosperar. Dessa forma, a Sociedade Orgânica não necessita apenas de tempo, refúgios e recursos: ela precisa também de uma “alma”. Retire esta alma e a sociedade perecerá. E nada representa melhor a alma de um povo que seu senso de Patriotismo. Para entender de que maneira o espírito patriótico se manifesta no Conservadorismo, considere a questão da Lealdade: Cada grupo social – famílias, tribos, agremiações universitárias, clubes, times esportivos, partidos políticos, etc. – tem sua própria noção de lealdade, e este sentimento enfatiza os benefícios que usufruímos quando vivemos em cooperação ao invés de isolamento. Para um Conservador, o Patriotismo não é muito diferente destas formas de lealdade grupal, adicionado à peculiaridade de existir em uma relação íntima com a ideia conjunta de um território geográfico, um povo e uma instituição central: o Estado da Nação. Entretanto, um Conservador sabe muito bem diferenciar Patriotismo de Nacionalismo. O Nacionalismo consiste em uma percepção de um povo como uma raça, e em geral se traduz em comportamentos agressivos na busca pela hegemonia de poder. O Nacionalismo encoraja o militarismo; e seus seguidores desejam tão ardentemente impor sua nação sobre outras que, neste afã, permitem desaparecer sua própria individualidade. O Nacionalismo é uma idolatria cega e destrutiva que conduz a massacres, genocídios e atrocidades de todo tipo. O Patriotismo, em contrapartida, representa a consciência de nosso dever Moral com a comunidade política na qual estamos inseridos. O Patriotismo é a devoção a um determinado lugar ou estilo de vida, mas sem a ganância de impor esta devoção a outros povos por meio da violência. Diferentemente do Nacionalismo, o Patriotismo não envolve defender os interesses do país sob quaisquer circunstâncias e por quaisquer meios, ou oferecer apoio a qualquer governo ou poder no comando de uma nação. Quando um Conservador defende sua pátria-mãe, ele age baseado em padrões objetivos de valor e um julgamento criterioso dos méritos e defeitos da pátria e do Estado que a governa. Os inimigos do Conservadorismo gostam de rotular o Patriotismo como um tipo de egoísmo coletivo que impede a solidariedade e a prática da verdadeira Justiça. Nada poderia estar mais equivocado. Um Conservador defende uma sociedade mais justa, humana e solidária. Ele se preocupa com o status Moral da Nação. E por isso seu Patriotismo é crítico e racional, encorajando o enfrentamento dos desvios éticos que podem afligir o Estado: não consiste na defesa do poder per se, mas da perpetuação da Nação como um projeto acima de nossos autointeresses presentes, permitindo que um Conservador se oponha a um governo nacional em nome do Caráter, da História e das Aspirações da pátria. Quando um governo ou lideranças dentro de um governo agem de forma imoral ou com propósitos antiéticos, estas autoridades estão se excluindo do apreço patriótico, tornando-se condenáveis justamente por este motivo. É o espírito patriótico que leva o Conservador a questionar: estamos realmente investindo corretamente na educação? Estamos oferecendo suportes adequados para os pobres, os idosos e os mais vulneráveis entre nós? Que medidas podem ser tomadas para melhorar a garantia da integridade física de cada um dos cidadãos? O Patriotismo é essencial para a vitalidade da Democracia e para a prosperidade aliada à Liberdade. Ele brota da valorização da unidade familiar e dele derivam o respeito à Paz, à Ordem e ao Progresso. Patriotismo é contemplar a bandeira de nosso país e enxergar mais do que apenas um tecido, ou as cores estampadas. É sentir naquela imagem o verdadeiro significado deser Brasileiro. Significa dizer que sabemos o quão este país pode ser grandioso, bom e correto, e que não temos a menor intenção de abandoná-lo à sorte dos canalhas e vigaristas. Significa orgulho em trabalhar e ser um membro produtivo da sociedade; em respeitar as pessoas não por interesses, mas por fraternidade; em ser voluntário para ajudar os necessitados, em oferecer algo em retorno à comunidade e ao país. Como definido pelo General Charles de Gaulle, Patriotismo é quando o amor pelo seu povo vem primeiro; Nacionalismo, quando o ódio pelos outros povos ocupa essa prioridade. Bem conduzido, o amor pela pátria oferece uma ponte para a adesão a convicções, costumes e continuidades, permitindo o florescimento da paz em uma sociedade e do Bom Caráter nos seus cidadãos. E é assim que um Conservador concebe o Pilar do Patriotismo. 8. O PILAR DA PROPRIEDADE A Propriedade Privada é um subproduto direto da Liberdade, e uma de suas principais manifestações físicas: quando separamos a Liberdade individual da possibilidade de ter propriedades, ou tornamos a Propriedade Privada algo relativo, o Leviatã do Estado se torna dono efetivo de nossas vidas e nossos destinos. A Propriedade Privada nasceu da institucionalização dos meios para determinar quem iria controlar recursos valiosos, caracterizando, segundo David Hume (1711–1776), o tipo de relação entre uma pessoa e um objeto que concede a esta pessoa (mas proíbe todas as outras) a soberania sobre aquele objeto. A prerrogativa da Propriedade, portanto, pode ser descrita como o direito de adquirir, possuir, utilizar e transferir recursos. O debate da Propriedade como um Direito Natural foi inaugurado por volta do século XI e XII de nossa era, ainda que o mandamento “Não Roubarás” deixe implícito uma concepção de um “possuidor absoluto”: sem a prerrogativa da propriedade, não existe roubo. Proibir o roubo sugere claramente que algo deve preencher os requisitos de Propriedade Privada e que alguma lei deve proteger esta aquiescência. Em termos bíblicos, a instituição da Propriedade Privada também está expressa em citações como “com o suor do teu rosto comerás o teu pão” (Gênesis), novamente em “você comerá do fruto do seu trabalho e será feliz e próspero” (Salmos), e em diversas passagens dos Provérbios, tais como “quem se dedica ao trabalho de sua própria terra colherá com fartura” e “tuas cabras fornecerão leite com fartura, para que alimentes a ti mesmo, tua família e todos os teus servos”. De que maneira tudo isso (teu pão, sua própria terra, tuas cabras, teus servos) seria possível sem que os fiéis vivessem sob a instituição da Propriedade Privada? Historicamente, a primeira tentativa não-teocrática de tentar amparar a Propriedade Privada foi feita por Demócrito (460-370 a.C.), para quem a Propriedade justificava-se por seus resultados econômicos superiores. Aristóteles expandiu os argumentos de Demócrito, considerando a segurança da posse como necessária para o funcionamento social: para Aristóteles, a Propriedade referia-se à posse dos instrumentos necessários para manter a vida. Uma vez que estes instrumentos são cruciais para atingirmos um estado de Eudaimonia, e considerando-se que a Eudaimonia – o florescimento o Caráter humano – é o objetivo que todos deveríamos perseguir, então a Propriedade Privada legalmente adquirida é condizente com a Virtude, e Moralmente digna e desejável. A defesa da Propriedade também foi abordada por Tomás de Aquino (1225-1274), que afirmou que, quando um indivíduo adiciona a um recurso natural seu próprio trabalho, seu direito a este recurso sobrepõe-se a todos os demais. Por exemplo: uma espiga de milho passa a ser uma Propriedade quando alguém, por emprego do seu tempo e da força do seu empenho, a colhe. Ao classificar algo como “privado”, tornamo-nos donos daquilo que nos pertence e, simultaneamente, assumimos o compromisso de honrar a posse de outros objetos e recursos por parte de terceiros. Quando a Propriedade Privada é garantida e protegida pela lei, a consequência é o desenvolvimento de uma sociedade livre com uma prosperidade baseada em respeitos mútuos, pois a Propriedade faz-nos responsáveis por nossas ações. O direito à Propriedade Privada oferece limitações ideais contra aqueles que insistem em agir inconsequentemente, recompensando os que agem de modo ajuizado dentro de seus direitos. Isto evita a Tragédia dos Comuns, que pode ser constatada na típica degradação dos “bens e serviços comunitários”: rios, lagos, mares, praças, praias, ruas e estradas “comunitárias” – que pertencem a todos e, exatamente por isso, pertencem a ninguém especificamente – em geral recebem menos cuidados que casas, prédios, fazendas, plantações e jardins particulares. Uma pessoa que não tem permissão para garantir sua Propriedade torna-se automaticamente propriedade de outra que possui tal permissão – esta era a filosofia econômica sob o feudalismo e a escravidão. A principal defesa da legitimidade Moral da Propriedade Privada, então, reside na constatação de que ela é inexorável para a dignidade humana: sem o direito absoluto e inviolável à Propriedade, o saque, o roubo, o confisco, a trapaça e a servidão substituem o comércio voluntário, e a atividade econômica dependerá do quão efetivamente – e sob qual custo – cada indivíduo é capaz de proteger os bens e os recursos sob seu controle. A Propriedade Privada antecede o Estado e o governo, e justifica a existência de ambos. Ela nasceu do nosso desejo de sobreviver, tornando-se um pré-requisito Moral para tornar a busca pela Felicidade uma tarefa exequível. Se a sobrevivência humana depende do uso de seu tempo, de suas habilidades e da disposição de materiais, então devemos ter o direito da posse e de determinar, por nós mesmos, a ordenação do produto de nossos esforços. E é assim que um Conservador concebe o Pilar da Propriedade. 9. O PILAR DO LIVRE MERCADO No Conservadorismo, o Pilar da Liberdade passa pelo direito à Propriedade e se estende ao Livre Mercado. Como observado repetidas vezes até aqui, o Conservadorismo considera crucial que qualquer instância do governo e da sociedade esteja submetida ao mesmo conjunto de leis que rege cada um dos cidadãos, pois apenas o Estado de Direito é capaz de promover prosperidade com proteção da liberdade. É o Império da Lei, e não o império das vontades voláteis de dirigentes temporários, a maior garantia para a Democracia, a Justiça e o Desenvolvimento. E um dos principais palcos para exercício destas faculdades é o Livre Mercado. Quando gerenciado por um Estado capaz de atuar como um protetor do mérito e um garantidor eficaz dos contratos, o ambiente de competição do Livre Mercado torna-se uma ferramenta extraordinária não apenas para a prosperidade econômica, mas também para o florescimento do Caráter dos cidadãos. O conceito de Livre Mercado inclui a liberdade do indivíduo para alinhar sua força de trabalho aos seus sonhos, exercendo seu livre arbítrio dentro do Estado de Direito. O Livre Mercado representa, acima de tudo, liberdade da opressão do Estado: o Estado não deve agir contra a busca pela prosperidade honesta. Ele não deve sufocar os cidadãos producentes, não deve encarar empreendedores como inimigos. Uma das maiores provas dos méritos do Livre Mercado pode ser constatada na comparação da Qualidade de Vida e do Produto Interno Bruto (PIB) por paridade de poder de compra dos países nos extremos de liberdade econômica: O conjunto dos 20 Países com Maior Liberdade Econômica apresenta um PIB em Paridade de Poder de Compra (PIB-PPC) de US$ 48.722 per capita, vivendo em um IDH médio de 0,905. Em contrapartida, o conjunto dos 20 Países com Menor Liberdade Econômica apresenta um PIB-PPC de US$ 8.139 per capita e um IDH médio de 0,589. O Livre Mercado, portanto, está intimamente associado a uma renda pessoal 6 vezes maior e uma qualidadede vida 53% melhor. Um Conservador não vê a burguesia, a riqueza ou a prosperidade como vilã: a vilania está na preguiça, na falta de disciplina, nos objetivos medíocres, no caráter fraco, na dependência exagerada e na falta de fé quanto ao próprio potencial. Para um Conservador, a responsabilidade pessoal deve ser a causa primária – senão a única causa – de sucesso ou insucesso nesta vida, e o Livre Mercado apresenta o palco ideal para a exteriorização deste autopertencimento. Contudo, o ambiente do Livre Mercado deve seguir a Moralidade prescrita pelas boas tradições e normatizada pelas Leis que derivam destes costumes, e qualquer ameaça de erosão destes sustentáculos deve ser repelida com veemência. E é assim que um Conservador concebe o Pilar do Livre Comércio. 10. O PILAR DA RELIGIÃO O Conservadorismo emergiu de fato e com força total após a Segunda Guerra Mundial, e se tornou um agente político específico apenas a partir da década de 1960, mas as bases intelectuais deste movimento podem ser identificadas na Idade Média; nos séculos XVIII e XIX, na Inglaterra; e nos princípios filosóficos que constituíram os EUA. Grosso modo, o Conservadorismo é a própria síntese da Civilização Ocidental. E esta, por sua vez, é uma consequência indissociável do Cristianismo. Por isso, a religiosidade e a crença em um Ser ou Força Superior compõe um dos 7 grandes Pilares do Conservadorismo. O Conservadorismo preza pela manutenção e proteção dos valores estabelecidos pelas religiões Cristãs ao longo de séculos: a doutrina Cristã genuína inspira a caridade, a fraternidade e o senso de dever. Mas admirar o Cristianismo não significa fundir a crença religiosa com prescrições políticas discriminatórias: um Conservador simplesmente compreende e aceita que existe algo – um sentido, uma ordem – que transcende os tabuleiros da sociedade que engendramos e até mesmo sua mera existência, e que nortear-se pela reverência a este sentido não é submissão, mas Sabedoria. A Religião é vista pelos Conservadores como uma das principais ferramentas para controlar as impulsividades das paixões humanas: uma sociedade onde homens e mulheres agem orientados por Virtudes Morais acima de seus autointeresses imediatistas tem tudo para se tornar mais justa, mais honrada, mais digna, mais próspera e melhor para todos. As convicções e os juízos religiosos vão além de apenas um credo esotérico: eles consistem na anuência de que, se possuímos alguma inteligência, é porque há uma inteligência superior em algum lugar, muito além da nossa; e devemos ter humildade suficiente para saber que somos uma parte infinitesimal disto. Mas este “pacifismo” é bem diferente de “passividade”: o dogmatismo religioso é antes uma bússola ética, uma força que restringe o infantilismo e fomenta a maturidade e a temperança, tornando-nos tolerantes, mas jamais covardes. E é assim que um Conservador concebe o Pilar da Religião. 11. CONCLUSÃO: OS MÉRITOS DO CONSERVADORISMO O Conservadorismo não é tanto uma filosofia quanto um empenho para o desenvolvimento de uma sociedade mais Livre, mais Justa e mais acolhedora para o pleno desenvolvimento das virtudes humanas. Isto faz com que seja uma característica do temperamento Conservador valorizar o hábito, a honra, a responsabilidade, os deveres, a disciplina, a sabedoria, o respeito à autoridade, o equilíbrio e o individualismo saudável. Os radicalismos são movimentos típicos da juventude, ao passo que o Conservadorismo é uma aptidão inconfundível de pessoas maduras, que descobriram o que de fato é digno e precioso nesta vida. Enquanto pessoas Conservadoras falam sobre a santidade da vida, do casamento, da família, do autopertencimento, do Mérito, dos talentos individuais, da propriedade privada e do livre mercado, os dogmas do lado Esquerdo do espectro político- ideológico incluem incongruências como a identidade de gênero, o feminismo, o assistencialismo financeiro, a promoção do aborto e das drogas, a demonização das diferenças e as indignações seletivas. É fácil constatar, portanto, que o maior mérito do Conservadorismo está na própria psicologia do Conservador, que permite que ele entenda que somos seres imperfeitos, e que nenhuma ordem social perfeita jamais poderá ser criada por nós. Qualquer tentativa neste sentido é uma aventura rumo a uma utopia com fortes chances de degenerar em atrocidades inomináveis. Tudo que podemos esperar da humanidade é uma sociedade razoavelmente ordenada, onde alguns males e injustiças infelizmente continuarão ocorrendo. Dentro do próprio Conservadorismo, existem diversas vertentes com limites não muito bem demarcados, expressando e defendendo conceitos que se sobrepõem. Mas, de um modo geral, todas estas vertentes seguem, de uma maneira ou outra, os 7 Pilares descritos aqui: qualquer que seja sua trilha, um Conservador sabe que a proteção da unidade familiar, da propriedade privada, da liberdade religiosa e do autopertencimento individual dentro do Estado de Direito não são apenas elementos valiosos, mas essenciais para o sucesso econômico, para a defesa da pátria, e para o florescimento do Caráter das gerações presentes e futuras. No Brasil, é importante compreender as forças que resultaram no engajamento político dos Conservadores. A hegemonia socialista-comunista na política, na educação, nas cortes, na mídia e na cultura não poderia ter outro resultado senão uma resposta de mesma intensidade em sentido contrário. As pressões neste sentido se acumularam nas últimas décadas do século XX, atingindo níveis insuportáveis nas primeiras décadas do século XXI. Foi isto que fez com que os valores Conservadores rompessem a espiral de silêncio a que haviam sido sentenciados, resultando na eleição de Jair Bolsonaro para Presidência da República e na proliferação de entidades da sociedade organizada unidads sob a bandeira do Conservadorismo. Como pode ser percebido ao longo deste Manifesto, cada um dos 7 Pilares do Conservadorismo correlaciona-se a uma grandeza essencial para a construção de uma nação esplêndida: A Verdade correlaciona-se à JUSTIÇA. A Liberdade correlaciona-se à AUTONOMIA. O Patriotismo correlaciona-se à CORAGEM. A Democracia correlaciona-se à TOLERÂNCIA. A Propriedade correlaciona-se à MERITOCRACIA. O Livre Mercado correlaciona-se à PROGRESSO. E a Religião correlaciona-se à FRATERNIDADE. Muito mais que um modismo, o renascido Conservadorismo brasileiro chegou para ficar, e suas vozes já estão sendo ouvidas nas praças, nas ruas, nas redes sociais e nas urnas. A primazia do esquerdismo foi quebrada. Um brinde ao novo e verdadeiro Estado Democrático Brasileiro! Um brinde ao Conservadorismo! Alessandro Loiola Recife, novembro de 2019.
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