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Manifesto Conservador Brasileiro, por Alessandro Loiola

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MANIFESTO 
CONSERVADOR 
BRASILEIRO 
 
Fundamentações Teóricas e Práticas para 
a Disseminação do Conservadorismo no Brasil 
 
 
 
 
por Alessandro Loiola 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © 2019 ManhoodBrasil 
www.manhoodbrasil.com.br 
 
 
 
 
 
 
http://www.manhoodbrasil.com.br/
 
ÍNDICE 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
2. O QUE É ESQUERDA E DIREITA? 
 
3. O QUE É CONSERVADORISMO? 
 
4. O PILAR DA VERDADE 
 
5. O PILAR DA LIBERDADE 
 
6. O PILAR DA DEMOCRACIA 
 
7. O PILAR DO PATRIOTISMO 
 
8. O PILAR DA PROPRIEDADE 
 
9. O PILAR DO LIVRE MERCADO 
 
10. O PILAR DA RELIGIÃO 
 
11. CONCLUSÃO: OS MÉRITOS DO 
CONSERVADORISMO 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A ideia para este Manifesto nasceu do convite para participar 
do I Fórum de Conservadores do Nordeste, realizado nos dias 7 e 
8 de novembro de 2019 na cidade de Recife. Ao organizar o 
material para a palestra, percebi que não existia uma literatura 
nacional simples, prática e sucinta para introduzir ou apresentar 
o assunto “Conservadorismo”. 
O termo “Conservadorismo” se confunde bastante com a 
própria definição de temos de Direita, e não raramente é 
interpretado de maneira equivocada como significando 
intolerância, fascismo ou opressão – o que representa bem o 
tamanho dos preconceitos que cercam o entendimento sobre o 
que Conservadorismo de fato é. Por isso, decidi partir do zero e 
escrever algo que servisse como uma linha condutória. 
Com o intuito de evitar tergiversações cansativas, é bastante 
provável que eu tenha deixado de fora muitas discussões 
relevantes sobre o assunto, mas, ainda assim, acredito que este 
livro terá alguma utilidade: se você for um Direitista novato, esta 
será uma boa apresentação do tema. Se você for um Direitista 
experimentado, talvez esta obra lhe sirva de guia para palestras e 
exposições – como serviu a mim. 
Entretanto, se você for um esquerdista convicto, 
simplesmente feche este Manifesto e vá arrumar algo melhor 
para fazer. Estas páginas não merecem sua leitura e suas críticas 
certamente não valem meu tempo. 
 
 
2. O QUE É ESQUERDA E DIREITA? 
Causa estranheza observar que boa parte dos estudos 
científicos, filosóficos, históricos e sociológicos associe as 
ideologias de Direita a mentalidades e regimes políticos 
autoritários, rígidos e punitivos; e vincule as ideologias de 
Esquerda a mentalidades e regimes políticos democráticos, 
flexíveis e tolerantes, quando o que vimos na prática ao longo dos 
últimos 200 anos foi exatamente o oposto a isto: 
À Esquerda estiveram todos os regimes totalitários, 
centralizadores e cerceadores da liberdade que temos notícia no 
período. Para aqueles que não concordam com esta anotação, 
recomendo que pesquisem sobre as mais de 4.000 execuções 
políticas em Cuba entre 1959 e 2016; o 1 milhão de mortos nos 
Gulags russos, e as execuções por Pena Capital na China (que 
respondem por cerca de 65% das execuções legais do mundo). 
Em contrapartida, à Direita, estão os sistemas político-
econômicos democráticos, respeitadores dos direitos humanos, 
preservadores da propriedade privada, garantidores da liberdade 
de expressão e fomentadores do livre mercado. 
Sem embargo, as confusões entre o que é Direita e Esquerda 
são compreensíveis: em geral, descontadas as influências nefastas 
da Guerra de Narrativas do Marxismo Cultural, as ambiguidades 
derivam da falta de uma noção clara sobre o que consideramos 
“de Direita” ou “de Esquerda”. Então vamos explorar melhor isto: 
As sociedades formatadas em Estado sempre tiveram que 
decidir por um sistema de gerenciamento político-econômico. 
Atualmente, podemos dividir estes sistemas em Direita e 
Esquerda. Algumas pessoas rotulam esta dicotomia como sendo 
um raciocínio binário reducionista, mas arrisco dizer que 90% 
dessas pessoas são simpatizantes de ideologias com vieses de 
Esquerda e envergonham-se de sê-lo. 
A separação entre Direita e Esquerda teve início na 
Revolução Francesa, durante as negociações entre Jacobinos 
(mais pobres) e Girondinos (mais ricos), mas seria honesto dizer 
que tanto Jacobinos quanto Girondinos eram de Esquerda, 
variando apenas na intensidade: os Jacobinos seriam 
metalúrgicos Socialistas e Comunistas do ABC paulista, e os 
Girondinos seriam os Progressistas de i-Phone da USP. 
Desde o tempo das decapitações promovidas por Robespierre 
e sua gangue, nossos entendimentos da ciência política 
sofisticaram-se sobremaneira: quase 300 anos separam o Reino 
do Terror do início da Revolução Blockchain. Era de se esperar 
que, neste intervalo, os conceitos fossem refinados. Assim, no 
final da década de 1960, o anarcocapitalista David Nolan 
elaborou um diagrama de dois eixos para separar os espectros 
político-ideológicos: o eixo horizontal representava a Liberdade 
Econômica e o eixo vertical, a Liberdade Pessoal. 
Um exemplo do diagrama pode ser visto na Figura 1: 
 
 
Como pode ser observado, no eixo horizontal, à medida 
que nos deslocamos para a Direita, diminuímos o papel do 
Estado sobre o comércio, aumentando a liberdade econômica. À 
medida que nos deslocamos para a Esquerda, aumentamos a 
intervenção do Estado na economia, diminuindo a liberdade de 
comprar e vender. 
No eixo vertical, deslocando-se para cima, diminuímos a 
influência do Estado na esfera pessoal, aumentando o 
autopertencimento. Deslocando-se para baixo, aumentamos a 
influência do Estado, diminuindo a soberania que temos sobre 
nossas próprias decisões. 
De acordo com os quadrantes resultantes do Diagrama de 
Nolan, os espectros político-ideológicos poderiam ser divididos 
da seguinte maneira: no quadrante inferior esquerdo, 
teríamos a Esquerda Autoritária, com pouca liberdade 
econômica e um enorme gerenciamento do Estado sobre nossas 
decisões do dia o dia: o Estado controlaria o que seria produzido, 
em qual quantidade, por quanto seria vendido, onde seria 
vendido e quem poderia comprar tal produto ou serviço, além de 
determinar quanto você poderia ganhar ou gastar, com quem 
poderia casar, onde poderia morar e para onde poderia viajar, 
por exemplo. 
No quadrante superior esquerdo, teríamos grande 
liberdade econômica e pouca liberdade pessoal – algo que os 
estudiosos denominaram Esquerda Libertária. 
No quadrante inferior direito, teríamos grande liberdade 
econômica e pouca liberdade pessoal – uma Direita Autoritária. 
Finalmente, no quadrante superior direito, teríamos 
grande liberdade econômica e grande liberdade pessoal – uma 
Direita Libertária. 
O problema com o Diagrama de Nolan está no absurdo de 
considerar a “lógica” de regimes localizados nas pontas do 
quadrante superior esquerdo (100% de controle do Estado sobre 
a economia com 100% de liberdade para escolhas pessoais) e do 
quadrante inferior direito (0% de controle do Estado sobre a 
economia com 0% de liberdade para escolhas pessoais). 
Tente conceber o que seria uma Esquerda Libertária: 
exatamente como podemos ter 100% de liberdade em nossas 
escolhas quando o Estado controla 100% da economia? O 
controle econômico determina nossas escolhas por faculdades, 
hospitais, indústrias, bens e serviços são produzidos e vendidos 
onde, quando e por quanto o Estado desejar. Em um cenário 
planificado desses, o que exatamente resta para você escolher? 
Sob o pretexto econômico, o Estado pode autorizar casamentos 
apenas para cidadãos em uma determinada faixa de rendimentos, 
ou limitar o número de filhos por famílias, ou determinar 
quantas pessoas devem habitar uma casa, ou quantos automóveis 
você pode ter, ou quantas vezes você pode viajar por ano e até 
mesmo para onde. 
Agora tente imaginar o que seria uma Direita Autoritária: 
como podemos ser completamente livres para comprar e vender 
o que bem entendermos (Liberdade Econômica total) quando 
toda nossa liberdade pessoal está sob o controle do Estado? Em 
um cenário desses, o que exatamente resta para você escolher? 
O grande equívoco de Nolan foi sugerir que é possível 
desvincular Liberdade Econômica de Liberdade Pessoal, quando 
não é. Não existe espaçopara o livre arbítrio em um Estado 
mastodôntico: 
Quanto mais para a Esquerda nos deslocamos no eixo 
horizontal (ou seja: Quanto mais Estado), menos livres somos. 
Quanto mais para a Direita (ou seja: quanto menos 
Estado), mais livres nos tornamos – tanto pessoal quanto 
economicamente. 
Corrigindo as distorções absurdas do Diagrama de Nolan e 
utilizando os entendimentos de sociólogos, filósofos e pensadores 
mais modernos, podemos dizer então que um Estado de Direita: 
 
(1) Preserva a Liberdade de Expressão. 
 
(2) Protege a Propriedade Privada. 
 
(3) Estimula o Livre Mercado e não se intromete com a 
administração dos meios de produção e distribuição de bens. Não 
cabe ao Estado fabricar automóveis ou geladeiras ou micro-ondas 
ou vender máquinas de lavar roupa ou celulares, do mesmo modo 
que não cabe ao Estado ser dono de rodovias, ferrovias, 
refinarias, portos ou aeroportos. 
 
(4) Privilegia a Meritocracia ao mesmo tempo em que aceita 
o fato de que nem todos terão o mesmo “direito” a tudo. Você não 
tem direito a ser rico ou feliz, ou ter um diploma universitário, 
um emprego ou um corpo em forma. Um Estado de Direita 
afirma que cabe a cada um esforçar-se por meio da sua própria 
vontade e disciplina para atingir os objetivos que aspira. 
Satisfazer seus desejos e ambições não é – tampouco foi um dia – 
um dever do Estado. 
 
Uma vez que um Estado de Esquerda seria algo 
diametralmente oposto a um Estado de Direita, temos que um 
Estado de Esquerda é aquele que: 
 
(1) Pratica alguma forma de censura oficial. 
 
(2) Relativiza ou destitui a Propriedade Privada. 
 
(3) Interfere na liberdade de mercado utilizando 
subterfúgios torpes escondidos sob a égide de “métodos 
isonômicos de compensação”. 
 
(4) Condena a Meritocracia e vilaniza o Empreendedorismo, 
pois ambos estariam na raiz das “desigualdades sociais”. Um 
Estado de Esquerda afirma que cabe ao Estado assegurar que 
cada um atinja seus objetivos a despeito das diferenças pessoais. 
 
Aceitas estas premissas, podemos colocar do lado Esquerdo 
do espectro político ideologias como Progressismo, Socialismo, 
Fascismo, Nazismo e Comunismo, assim como Ditaduras, 
Tiranias, Teocracias radicais e Monarquias não-constitucionais. 
À Direita, podemos posicionar Neoconservadorismo, 
Conservadorismo, Libertarianismo e Anarcocapitalismo, além 
das Monarquias Constitucionais e os regimes Parlamentaristas. 
É sensato salientar que, na efervescência dos caldeirões 
sociais humanos, estes rótulos se misturam para produzir nações 
que podem ser 20% Progressistas e 80% Conservadoras, ou 40% 
Libertarianas e 60% Socialistas. Vivendo sob as pressões da 
hiperconectividade Pós-Moderna, raramente encontramos países 
regidos por um monossistema. 
Não obstante, o modelo que de alguma forma prevalecer dirá 
bastante sobre a sociedade que produziu tal Estado e a maneira 
como este Estado governa seu povo. 
 
3. O QUE É CONSERVADORISMO 
 
O termo Conservadorismo foi utilizado pela primeira vez em 
1818, pelo ensaísta e diplomata francês François-René de 
Chateaubriand – o Visconde de Chateaubriand. A despeito do 
vanguardismo de Chateaubriand, uma lista com os principais 
autores que abordam “o que é Conservadorismo” deveria incluir, 
necessariamente, nomes como Confúcio, John Locke, Edmund 
Burke, Gilbert Keith Chesterton, Ludwig von Mises, Russell Kirk, 
Roger Scruton e Olavo de Carvalho. Falemos um pouco sobre 
eles: 
Confúcio (551–479 a.C.) salientava a importância de “coisas 
permanentes” na sociedade. Suas Cinco Normas de 
comportamento pregavam empatia, justiça, sagacidade, 
sabedoria e confiança. Em seus escritos, percebemos um grande 
defensor dos valores familiares e da estabilidade social. Ele era 
um Conservador antes mesmo de sabermos exatamente o que 
isso significaria. 
O médico inglês John Locke (1632–1704), um dos mais 
influentes pensadores do Iluminismo, estabeleceu em sua obra 
“Dois Tratados sobre o Governo” (1681) que o Estado deveria 
resultado de um acordo entre governantes e governados por meio 
de leis escritas. Seguindo a linha de bom-senso estabelecida 
quase 2 mil anos antes por Confúcio, Locke acreditava que o 
direito natural do homem era composto pelo direito à vida, à 
liberdade, à propriedade, à paz e à resistência à tirania. 
O filósofo irlandês Edmund Burke (1729–1797), 
considerado o pai do Conservadorismo Moderno, era um 
defensor da Monarquia e do poder divino como regulador do 
Estado. Para Burke, a autoridade do contrato social emanava de 
princípios ancestrais de virtude, religião, humildade, justiça e 
tradição. Burke considerava o hábito, o instinto, a fé, a reverência 
e a tradição fundamentais para uma boa sociedade, e mais 
importantes que qualquer conjunto de especulações abstratas. 
Para Burke, a prudência era a virtude política mais 
indispensável de todas. “Reflexões sobre a Revolução em 
França”, publicado por Burke em 1790, é uma leitura obrigatória 
para qualquer Direitista. 
O cristão ortodoxo G.K Chesterton (1874-1936) foi um 
gigante em vários aspectos. Além do físico avantajado (tinha 1,93 
m de altura e pesava cerca de 130 kg), o eloquente G.K possuía 
uma inteligência afiada e um vigor invejável: escreveu cerca de 
80 livros, várias peças teatrais, centenas de poemas e contos, e 
milhares ensaios. Chesterton postulava que a “emancipação 
Moral moderna” era nada mais que a perseguição dos valores 
éticos do homem comum. Seu lado Conservador também pode 
ser atestado pelo Princípio da Cerca de Chesterton, onde G.K. 
afirmou que uma reforma não deveria ser feita até que o 
raciocínio por trás do estado das coisas existente tivesse sido 
entendido ("A Coisa: por que Sou Católico", 1929). Um belo 
exemplo de prudência conservadora. Particularmente, da imensa 
obra de Chesterton, existem 3 obras que considero imperdíveis 
para compreender seu pensamento: “Ortodoxia” (1908), “O Que 
Há de Errado com o Mundo” (1910) e “O Homem Eterno” (1925). 
Ainda que a visão econômica de Ludwig von Mises (1881–
1973) esteja mais para o Libertarianismo que para o 
Conservadorismo, sua luta implacável contra regimes totalitários 
como o Nazismo e o Socialismo Marxista, e contra qualquer 
forma de Estado excessivamente reguladora, é suficiente para 
considerá-lo um Conservador por afinidade. O imenso “Ação 
Humana: um tratado sobre economia” (1949) é considerada a 
principal obra de Mises, mas eu também recomendo a leitura de 
“A Mentalidade Anticapitalista”, publicado por ele em 1956. O 
primeiro tem mais de 1000 páginas; o segundo, pouco mais de 
150. 
Advinda a Modernidade, Michael Oakeshott (1901-1990) 
assumiu o posto de Referência Maior no Conservadorismo. 
Oakeshott considerava que a função do Estado e da política 
consistia em permitir que as pessoas vivessem juntas à luz de 
suas histórias e tradições, e não guiadas por metas universais 
extrínsecas como igualdade ou eliminação da pobreza. Para ele, o 
Conservadorismo não era um credo ou uma doutrina, mas uma 
disposição para o carpe diem. Um pouco mais brando que 
Burke, Oakeshott defendia que devemos nos libertar da 
escravidão que é o compromisso inegociável com as tradições, 
retornando a ela mais tarde, enriquecidos e melhor informados 
acerca do mundo. De sua autoria, recomendo a obra 
“Conservadorismo” (Editora Ayine, 2016), que reúne os ensaios 
sobre racionalismo na política e massas na democracia 
representativa. 
O historiador estadunidense Russell Kirk (1918-1994), o 
autor de obras célebres como “A Mentalidade Conservadora” 
(1953) e “A Política da Prudência” (1993), sem dúvida alguma é 
um dos cânones do Conservadorismo como o conhecemos. Kirk 
defendia que o Cristianismo e a Civilização Ocidental eram 
indissociáveis, e que, quando a fé religiosa decai, a cultura 
também se rebaixa. Para Kirk, a continuidade histórica da 
experiência de um povo oferece um guia político infinitamente 
melhor que qualquer modelo abstrato rascunhado por filósofos e 
suas xícaras de café. No citado “A Política da Prudência”,ele 
listou os famosos 10 princípios do Conservadorismo, que 
poderiam ser resumidos nos seguintes itens: Moralidade 
transcendente, Liberdade, Tradição, Costumes, Continuidade, 
Autocontrole, Prudência, Voluntarismo, Diversidade e Noção de 
Imperfectibilidade dos sistemas que engendramos. 
Dos grandes nomes conservadores ainda vivos, Roger 
Scruton e Olavo de Carvalho são de leitura mandatória. O inglês 
Roger Scruton (1944-), autor de mais de 30 livros, tem sido 
apontado como o “sucessor” de Edmund Burke. Suas obras 
“Como ser um Conservador” (2014) e “Conservadorismo: um 
convite para a Grande Tradição” (2017) são de leitura 
mandatória. 
Finalmente, para qualquer pessoa de Direita, Olavo Luiz 
Pimentel de Carvalho (1947-) dispensa maiores 
apresentações. Ex-comunista, leitor voraz, Olavo tem sido um 
defensor de valores cristãos e Conservadores há décadas, e, 
durante muito tempo, foi uma voz solitária e incrivelmente 
resiliente na denúncia do avanço do Marxismo Cultural na 
América Latina. Entre suas obras que recomendo estão “A Nova 
Era e a Revolução Cultural” (1994), “O Jardim das Aflições” 
(1995), “O Imbecil Coletivo” (1996) e “O Mínimo que Você 
Precisa Saber para não Ser um Idiota” (2013). Ainda que seja 
considerado crítico e polêmico por muitos, Olavo certamente 
deve figurar entre os maiores gênios que este país já teve, quer 
você goste disso ou não. 
 
A partir do estudo destes autores e de vários outros notáveis, 
constatamos que os rascunhos mais recentes daquilo que 
passamos a identificar como “Conservadorismo” foram 
apresentados por Edmund Burke, no século XVIII. 
O Conservadorismo Burkeano Clássico apoiava-se no tripé 
Monarquia + Igreja + Tradição. Com a evolução do Iluminismo e 
o renascimento da Democracia em várias nações prósperas, a 
tríade de Burke foi substituída por Civilização + Natureza + Ser 
Humano, mas continuou sendo aprimorada, recebendo a 
colaboração de grandes pensadores e das bagagens de 
experiência históricas, até que finalmente chegamos ao século 
XXI capazes de descrever com maior precisão sobre a que nos 
referimos quando dizemos “Conservadorismo”. 
Alguns críticos dizem que o Conservadorismo sofre pela 
ausência de um dogmatismo ou de uma identidade ideológica 
stricto sensu: o Conservadorismo seria um estado abstrato da 
mente, um traço de personalidade ou nada além de uma maneira 
de contemplar a ordem social. Eu discordo disto. 
Ainda que o Conservadorismo seja capaz de acomodar um 
volume muito maior de visões diferentes que qualquer ideologia 
de Esquerda, ele possui, sim, alguns dogmas, princípios e valores 
essenciais – aos quais chamo de Pilares. Dessa forma, com base 
nas fundamentações teóricas e práticas disponíveis, quando 
falamos de “Conservadorismo”, estamos nos referindo a algo que 
reúne 7 características (ou Pilares) essenciais: 
 
1. A Busca pela Verdade 
 
2. O Apego à Liberdade 
 
3. O Espírito Patriótico 
 
4. A Salvaguarda da Democracia 
 
5. O Respeito à Propriedade Privada 
 
6. O Encorajamento ao Livre Mercado, e 
 
7. A Atenção a Valores Religiosos 
 
Nos capítulos seguintes, discutiremos os pormenores de cada 
um desses Pilares. 
 
 
 
4. O PILAR DA VERDADE 
 
Os Sistemas Morais podem ser divididos em três grandes 
grupos: Realismo Moral (quando o indivíduo considera que há 
uma única verdade universal), Relativismo Moral (existem 
várias verdades) e Ceticismo Moral (nenhuma verdade 
corresponde à verdade). Uma discussão mais detalhada sobre 
cada um destes grupos foge ao escopo deste livro. Neste 
manifesto, basta salientar que o Conservadorismo é 
essencialmente um sistema fundamentado no Realismo Moral: 
para um Conservador, o que é certo é certo; o que é errado é 
errado. 
No Conservadorismo, a questão não é se a Verdade existe, 
mais qual é ela. E a busca e o apreço pela Verdade é algo nuclear 
no Conservadorismo: enquanto a Esquerda se vale amplamente 
de interpretações discricionárias e relativistas dos valores sociais 
para fazer valer qualquer caminho no rumo de seus delírios 
hegemônicos de poder, um Direitista Conservador é 
simplesmente incapaz de admitir algo assim. 
Um Conservador condiciona seu apoio aos fatos e à retidão 
de comportamento, e caso uma liderança Conservadora viole este 
princípio por meio de condutas desleais, ou sustentando 
afirmações que não correspondem às evidências, esta mesma 
liderança imediatamente testemunhará a debandada de seus 
apoiadores. 
Como expressão de sua fidelidade ao Realismo Moral e ao 
Pilar da Verdade, os Conservadores nutrem uma enorme 
consideração pela Família, pela Tradição e pela Austeridade, 
suspeitando de todo e qualquer processo revolucionário: um 
Conservador é alguém que procura a melhora gradual da 
sociedade a partir de arranjos já testados, pois reconhece que a 
ordem é difícil de ser alcançada, fácil de ser perdida e 
dispendiosa para ser recuperada. Nas palavras de Russell 
Kirk: o Bem é lento, ao passo que o Mal quase sempre tem pressa. 
A prudência, portanto, é essencial. 
Com todo este pragmatismo, soa tentador classificar o 
Conservadorismo como reacionário, mas isto é uma incorreção. 
Se a História nos mostrou algo foi que (1) Revoluções apenas 
provam que revoluções são possíveis, e (2) seus resultados em 
geral são diametralmente opostos aos motivos que as 
precipitaram. Por isso, o Conservadorismo não defende uma 
paralisação inegociável do tecido social, mas a moderação nas 
mudanças, o passo a passo no lugar dos saltos, pois o 
conhecimento humano é imperfeito e algumas aventuras podem 
ter consequências desastrosas. E é assim que um Conservador 
concebe o Pilar da Verdade. 
 
 
5. O PILAR DA LIBERDADE 
 
Por ser delimitada pelos atributos da Verdade que a 
antecedem, a Liberdade Conservadora encontra-se 
profundamente associada à Ordem, a elementos específicos de 
Virtude e a valores de Caráter inegociáveis. 
De acordo com o dicionário Aurélio, Liberdade é “o direito de 
proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá 
contra o direito de outrem”. Apesar de a relativização modernista 
das bússolas éticas que nos acompanharam por gerações ter 
parecido inicialmente como um incremento da Liberdade, o 
resultado prático consistiu em espalhar pelo mundo hedonistas, 
sádicos, imaturos, niilistas, psicopatas, inúteis e carentes de toda 
espécie. 
O Conservadorismo sempre intercedeu a favor da Liberdade, 
mas nunca se eximiu de qualificar o tipo de Liberdade que seria 
resguardada: a Liberdade Conservadora tem como fronteira 
axiomática o risco de danos físicos ao outrem e à propriedade de 
terceiros, justificando-se um arbitramento (algumas vezes 
punitivo) quando a Liberdade pessoal de alguém viola estes dois 
limites. 
Por conseguinte, no Conservadorismo, a concepção de 
Liberdade corre lado a lado com a noção de Obediência: podemos 
ir aonde queremos, desde que atentos para algumas restrições. 
Podemos agir como desejamos, mas jamais de modo 
completamente impune. Em um Estado, temos a Liberdade 
permitida pelo Estado, e qualquer um que deseje mais Liberdade 
deverá romper as cercas dispostas pelo governo, aventurando-se 
por sua própria conta e risco para fora dessas garantias. 
Platão bem observou que o excesso de Liberdade “não 
conduz a mais nada que não seja escravatura em excesso, quer 
para o indivíduo, quer para o Estado: no cúmulo da Liberdade é 
que surge a mais completa e selvagem das escravaturas”. Ao 
que Hobbes completou, anotando: “a condição de absoluta 
liberdade, como é daqueles que não são súditos nem soberanos, 
é anarquia e condição de guerra”. Não que a presença de uma 
política Conservadora ofereça um escudo inviolável contra a 
libertinagem e a corrupção, mas o enfraquecimento do 
Conservadorismo certamente auxiliou a disseminar as 
vulgaridade que testemunhamos. 
Um Conservador compreende e aceita de bom grado as 
contenções da Liberdade, pois sabe que todo Estado é leviatânico 
de alguma maneira: constituímos o Estado para que ele nos 
protegesseda selvageria potencial uns dos outros, e isto resulta 
sempre em uma perda substancial de nossa autodeterminação. 
Assim, ainda que defenda a Liberdade, um Conservador jamais 
admite que esta defesa supere a exigência de que todos sejam 
iguais ante o Império da Lei. 
O objetivo maior do Estado de Direito deve ser justamente 
proteger a autonomia responsável que nos cabe, punindo 
severamente todo aquele que cause dano a outros ou a 
propriedade de outrem ao abusar deste poder. E é assim que um 
Conservador concebe o Pilar da Liberdade. 
 
 
6. O PILAR DA DEMOCRACIA 
 
Durante 96% do tempo de existência do Homo sapiens neste 
planeta, vivemos em pequenas comunidades nômades 
construídas com laços familiares bem firmes. Este foi o contexto 
que formatou a configuração de nossos corpos e o enredo de 
nossos raciocínios. Entretanto, nos 4% mais recentes do tempo 
de nossa espécie neste planeta, produzimos uma realidade 
Neolítica completamente diversa dos milênios anteriores: 
agrupamo-nos em cidades cada vez populosas e complexas, 
associando culturas e absorvendo estrangeiros, e mantivemos a 
governabilidade dessas saladas humanas por meio de 
Monarquias e Impérios absolutistas que geraram estabilidade 
social, semearam tecnologia, pariram a Renascença, a Reforma, o 
Mercantilismo, a Revolução Industrial, o Capitalismo e até 
mesmo o infame Socialismo. E então, há pouco mais de 200 
anos, resolvemos avultar este tumulto ressuscitando o espírito 
grego ancestral da Democracia. 
A Democracia, ou “o governo do povo, pelo povo e para o 
povo” – como pronunciado por Abraham Lincoln em seu famoso 
Discurso de Gettysburg, em 19 de novembro de 1863 – surgiu no 
século V a.C. em várias Cidade-estado da Grécia, mas foi 
Clístenes (570-508 a.C.) quem conferiu a este modelo político um 
status magnificente. Sem embargo, foi necessário atravessar toda 
a Idade Média para que o Iluminismo europeu colocasse a 
Democracia de volta à luz. 
A Democracia considera que o indivíduo é racional e possui 
direitos inalienáveis, oferecendo a cada um dos membros da 
sociedade um espaço legítimo dentro do Estado de Direito onde 
expressar suas opiniões e lutar pelos seus interesses. Os efeitos 
benéficos deste sistema sobre a sociedade são suportados por 
observações diretas: a Democracia está positivamente associada 
ao grau de refinamento socioeconômico e à qualidade de vida de 
uma nação. Em conjunto, os 15 Países Mais Democráticos 
do mundo possuem um IDH 40% maior que os 15 Países 
Menos Democráticos (0,919 versus 0,561). 
Entretanto, ciente da natureza Boa e Má dos humanos, um 
Conservador não deposita sua confiança na mera benevolência 
dos governantes: ele defende o Estado Democrático com unhas e 
dentes, sempre conferindo e re-conferindo se as restrições 
constitucionais que o regem realmente condizem com os 
princípios éticos relacionados à preservação da Vida, da Família, 
da Liberdade, da Prudência e da Justiça. 
Um Conservador compreende que a Sociedade Orgânica é 
regida por duas forças: Permanência e Progressão. Para 
sobreviver, a sociedade precisa manter algumas partes, e 
modificar e renovar outras. Quando este processo é danificado, o 
organismo social dá início à sua marcha rumo ao aniquilamento. 
Sem um senso de permanência, a Sociedade despenca na 
anarquia. Sem progressão, afunda na estagnação. Assim, por 
meio da sabedoria e da consulta criteriosa às tradições, devemos 
manter o que está certo e reformar com circunspecção o que está 
errado. E nenhum sistema permite mais o funcionamento destes 
mecanismos de autoaperfeiçoamento que o sistema Democrático. 
É indiscutível que o problema da Democracia está no 
potencial de irracionalidade das escolhas do público. Felizmente, 
seus próprios mecanismos intrínsecos permitem que esta falha 
seja corrigida quantas vezes forem necessárias. Nas palavras do 
filósofo francês André Comnte-Sponville: “a Democracia pode 
ser imperfeita, mas de onde tiramos que ela deveria ser de 
qualidade impecável?”. E é assim que um Conservador concebe o 
Pilar da Democracia. 
 
7. O PILAR DO PATRIOTISMO 
 
Como mencionado, uma comunidade humana não é uma 
máquina, mas uma entidade que necessita oxigênio, alimento, 
espaço, senso de propósito, motivação e cautela para seguir em 
frente e prosperar. Dessa forma, a Sociedade Orgânica não 
necessita apenas de tempo, refúgios e recursos: ela precisa 
também de uma “alma”. Retire esta alma e a sociedade perecerá. 
E nada representa melhor a alma de um povo que seu senso de 
Patriotismo. 
Para entender de que maneira o espírito patriótico se 
manifesta no Conservadorismo, considere a questão da 
Lealdade: 
Cada grupo social – famílias, tribos, agremiações 
universitárias, clubes, times esportivos, partidos políticos, etc. – 
tem sua própria noção de lealdade, e este sentimento enfatiza os 
benefícios que usufruímos quando vivemos em cooperação ao 
invés de isolamento. Para um Conservador, o Patriotismo não é 
muito diferente destas formas de lealdade grupal, adicionado à 
peculiaridade de existir em uma relação íntima com a ideia 
conjunta de um território geográfico, um povo e uma instituição 
central: o Estado da Nação. Entretanto, um Conservador sabe 
muito bem diferenciar Patriotismo de Nacionalismo. 
O Nacionalismo consiste em uma percepção de um povo 
como uma raça, e em geral se traduz em comportamentos 
agressivos na busca pela hegemonia de poder. O Nacionalismo 
encoraja o militarismo; e seus seguidores desejam tão 
ardentemente impor sua nação sobre outras que, neste afã, 
permitem desaparecer sua própria individualidade. O 
Nacionalismo é uma idolatria cega e destrutiva que conduz a 
massacres, genocídios e atrocidades de todo tipo. 
O Patriotismo, em contrapartida, representa a consciência 
de nosso dever Moral com a comunidade política na qual estamos 
inseridos. O Patriotismo é a devoção a um determinado lugar ou 
estilo de vida, mas sem a ganância de impor esta devoção a 
outros povos por meio da violência. 
Diferentemente do Nacionalismo, o Patriotismo não envolve 
defender os interesses do país sob quaisquer circunstâncias e por 
quaisquer meios, ou oferecer apoio a qualquer governo ou poder 
no comando de uma nação. Quando um Conservador defende sua 
pátria-mãe, ele age baseado em padrões objetivos de valor e um 
julgamento criterioso dos méritos e defeitos da pátria e do Estado 
que a governa. 
Os inimigos do Conservadorismo gostam de rotular o 
Patriotismo como um tipo de egoísmo coletivo que impede a 
solidariedade e a prática da verdadeira Justiça. Nada poderia 
estar mais equivocado. Um Conservador defende uma sociedade 
mais justa, humana e solidária. Ele se preocupa com o status 
Moral da Nação. E por isso seu Patriotismo é crítico e racional, 
encorajando o enfrentamento dos desvios éticos que podem 
afligir o Estado: não consiste na defesa do poder per se, mas da 
perpetuação da Nação como um projeto acima de nossos 
autointeresses presentes, permitindo que um Conservador se 
oponha a um governo nacional em nome do Caráter, da História 
e das Aspirações da pátria. Quando um governo ou lideranças 
dentro de um governo agem de forma imoral ou com propósitos 
antiéticos, estas autoridades estão se excluindo do apreço 
patriótico, tornando-se condenáveis justamente por este motivo. 
É o espírito patriótico que leva o Conservador a questionar: 
estamos realmente investindo corretamente na educação? 
Estamos oferecendo suportes adequados para os pobres, os 
idosos e os mais vulneráveis entre nós? Que medidas podem ser 
tomadas para melhorar a garantia da integridade física de cada 
um dos cidadãos? 
O Patriotismo é essencial para a vitalidade da Democracia e 
para a prosperidade aliada à Liberdade. Ele brota da valorização 
da unidade familiar e dele derivam o respeito à Paz, à Ordem e ao 
Progresso. 
Patriotismo é contemplar a bandeira de nosso país e enxergar 
mais do que apenas um tecido, ou as cores estampadas. É sentir 
naquela imagem o verdadeiro significado deser Brasileiro. 
Significa dizer que sabemos o quão este país pode ser 
grandioso, bom e correto, e que não temos a menor intenção de 
abandoná-lo à sorte dos canalhas e vigaristas. 
Significa orgulho em trabalhar e ser um membro produtivo 
da sociedade; em respeitar as pessoas não por interesses, mas por 
fraternidade; em ser voluntário para ajudar os necessitados, em 
oferecer algo em retorno à comunidade e ao país. Como definido 
pelo General Charles de Gaulle, Patriotismo é quando o amor 
pelo seu povo vem primeiro; Nacionalismo, quando o ódio pelos 
outros povos ocupa essa prioridade. 
Bem conduzido, o amor pela pátria oferece uma ponte para a 
adesão a convicções, costumes e continuidades, permitindo o 
florescimento da paz em uma sociedade e do Bom Caráter nos 
seus cidadãos. E é assim que um Conservador concebe o Pilar do 
Patriotismo. 
 
8. O PILAR DA PROPRIEDADE 
 
A Propriedade Privada é um subproduto direto da Liberdade, 
e uma de suas principais manifestações físicas: quando 
separamos a Liberdade individual da possibilidade de ter 
propriedades, ou tornamos a Propriedade Privada algo relativo, o 
Leviatã do Estado se torna dono efetivo de nossas vidas e nossos 
destinos. 
A Propriedade Privada nasceu da institucionalização dos 
meios para determinar quem iria controlar recursos valiosos, 
caracterizando, segundo David Hume (1711–1776), o tipo de 
relação entre uma pessoa e um objeto que concede a esta pessoa 
(mas proíbe todas as outras) a soberania sobre aquele objeto. A 
prerrogativa da Propriedade, portanto, pode ser descrita como o 
direito de adquirir, possuir, utilizar e transferir recursos. 
O debate da Propriedade como um Direito Natural foi 
inaugurado por volta do século XI e XII de nossa era, ainda que o 
mandamento “Não Roubarás” deixe implícito uma concepção de 
um “possuidor absoluto”: sem a prerrogativa da propriedade, não 
existe roubo. Proibir o roubo sugere claramente que algo deve 
preencher os requisitos de Propriedade Privada e que alguma lei 
deve proteger esta aquiescência. 
Em termos bíblicos, a instituição da Propriedade Privada 
também está expressa em citações como “com o suor do teu rosto 
comerás o teu pão” (Gênesis), novamente em “você comerá do 
fruto do seu trabalho e será feliz e próspero” (Salmos), e em 
diversas passagens dos Provérbios, tais como “quem se dedica ao 
trabalho de sua própria terra colherá com fartura” e “tuas 
cabras fornecerão leite com fartura, para que alimentes a ti 
mesmo, tua família e todos os teus servos”. 
De que maneira tudo isso (teu pão, sua própria terra, tuas 
cabras, teus servos) seria possível sem que os fiéis vivessem sob a 
instituição da Propriedade Privada? 
Historicamente, a primeira tentativa não-teocrática de tentar 
amparar a Propriedade Privada foi feita por Demócrito (460-370 
a.C.), para quem a Propriedade justificava-se por seus resultados 
econômicos superiores. Aristóteles expandiu os argumentos de 
Demócrito, considerando a segurança da posse como 
necessária para o funcionamento social: para Aristóteles, a 
Propriedade referia-se à posse dos instrumentos necessários para 
manter a vida. Uma vez que estes instrumentos são cruciais para 
atingirmos um estado de Eudaimonia, e considerando-se que a 
Eudaimonia – o florescimento o Caráter humano – é o objetivo 
que todos deveríamos perseguir, então a Propriedade Privada 
legalmente adquirida é condizente com a Virtude, e Moralmente 
digna e desejável. 
A defesa da Propriedade também foi abordada por Tomás de 
Aquino (1225-1274), que afirmou que, quando um indivíduo 
adiciona a um recurso natural seu próprio trabalho, seu direito a 
este recurso sobrepõe-se a todos os demais. Por exemplo: uma 
espiga de milho passa a ser uma Propriedade quando alguém, por 
emprego do seu tempo e da força do seu empenho, a colhe. 
Ao classificar algo como “privado”, tornamo-nos donos 
daquilo que nos pertence e, simultaneamente, assumimos o 
compromisso de honrar a posse de outros objetos e recursos por 
parte de terceiros. Quando a Propriedade Privada é garantida e 
protegida pela lei, a consequência é o desenvolvimento de uma 
sociedade livre com uma prosperidade baseada em respeitos 
mútuos, pois a Propriedade faz-nos responsáveis por nossas 
ações. 
O direito à Propriedade Privada oferece limitações ideais 
contra aqueles que insistem em agir inconsequentemente, 
recompensando os que agem de modo ajuizado dentro de seus 
direitos. Isto evita a Tragédia dos Comuns, que pode ser 
constatada na típica degradação dos “bens e serviços 
comunitários”: rios, lagos, mares, praças, praias, ruas e estradas 
“comunitárias” – que pertencem a todos e, exatamente por isso, 
pertencem a ninguém especificamente – em geral recebem 
menos cuidados que casas, prédios, fazendas, plantações e 
jardins particulares. 
Uma pessoa que não tem permissão para garantir sua 
Propriedade torna-se automaticamente propriedade de outra que 
possui tal permissão – esta era a filosofia econômica sob o 
feudalismo e a escravidão. A principal defesa da legitimidade 
Moral da Propriedade Privada, então, reside na constatação de 
que ela é inexorável para a dignidade humana: sem o direito 
absoluto e inviolável à Propriedade, o saque, o roubo, o confisco, 
a trapaça e a servidão substituem o comércio voluntário, e a 
atividade econômica dependerá do quão efetivamente – e sob 
qual custo – cada indivíduo é capaz de proteger os bens e os 
recursos sob seu controle. 
A Propriedade Privada antecede o Estado e o governo, e 
justifica a existência de ambos. Ela nasceu do nosso desejo de 
sobreviver, tornando-se um pré-requisito Moral para tornar a 
busca pela Felicidade uma tarefa exequível. Se a sobrevivência 
humana depende do uso de seu tempo, de suas habilidades e da 
disposição de materiais, então devemos ter o direito da posse e de 
determinar, por nós mesmos, a ordenação do produto de nossos 
esforços. E é assim que um Conservador concebe o Pilar da 
Propriedade. 
 
 
9. O PILAR DO LIVRE MERCADO 
 
No Conservadorismo, o Pilar da Liberdade passa pelo direito 
à Propriedade e se estende ao Livre Mercado. 
Como observado repetidas vezes até aqui, o Conservadorismo 
considera crucial que qualquer instância do governo e da 
sociedade esteja submetida ao mesmo conjunto de leis que rege 
cada um dos cidadãos, pois apenas o Estado de Direito é capaz de 
promover prosperidade com proteção da liberdade. É o Império 
da Lei, e não o império das vontades voláteis de dirigentes 
temporários, a maior garantia para a Democracia, a Justiça e o 
Desenvolvimento. E um dos principais palcos para exercício 
destas faculdades é o Livre Mercado. 
Quando gerenciado por um Estado capaz de atuar como um 
protetor do mérito e um garantidor eficaz dos contratos, o 
ambiente de competição do Livre Mercado torna-se uma 
ferramenta extraordinária não apenas para a prosperidade 
econômica, mas também para o florescimento do Caráter dos 
cidadãos. 
O conceito de Livre Mercado inclui a liberdade do indivíduo 
para alinhar sua força de trabalho aos seus sonhos, exercendo seu 
livre arbítrio dentro do Estado de Direito. O Livre Mercado 
representa, acima de tudo, liberdade da opressão do Estado: o 
Estado não deve agir contra a busca pela prosperidade honesta. 
Ele não deve sufocar os cidadãos producentes, não deve encarar 
empreendedores como inimigos. 
Uma das maiores provas dos méritos do Livre Mercado pode 
ser constatada na comparação da Qualidade de Vida e do Produto 
Interno Bruto (PIB) por paridade de poder de compra dos países 
nos extremos de liberdade econômica: 
O conjunto dos 20 Países com Maior Liberdade 
Econômica apresenta um PIB em Paridade de Poder de Compra 
(PIB-PPC) de US$ 48.722 per capita, vivendo em um IDH 
médio de 0,905. Em contrapartida, o conjunto dos 20 Países 
com Menor Liberdade Econômica apresenta um PIB-PPC 
de US$ 8.139 per capita e um IDH médio de 0,589. O Livre 
Mercado, portanto, está intimamente associado a uma renda 
pessoal 6 vezes maior e uma qualidadede vida 53% melhor. 
Um Conservador não vê a burguesia, a riqueza ou a 
prosperidade como vilã: a vilania está na preguiça, na falta de 
disciplina, nos objetivos medíocres, no caráter fraco, na 
dependência exagerada e na falta de fé quanto ao próprio 
potencial. 
Para um Conservador, a responsabilidade pessoal deve ser a 
causa primária – senão a única causa – de sucesso ou insucesso 
nesta vida, e o Livre Mercado apresenta o palco ideal para a 
exteriorização deste autopertencimento. Contudo, o ambiente do 
Livre Mercado deve seguir a Moralidade prescrita pelas boas 
tradições e normatizada pelas Leis que derivam destes costumes, 
e qualquer ameaça de erosão destes sustentáculos deve ser 
repelida com veemência. E é assim que um Conservador concebe 
o Pilar do Livre Comércio. 
 
10. O PILAR DA RELIGIÃO 
 
O Conservadorismo emergiu de fato e com força total após a 
Segunda Guerra Mundial, e se tornou um agente político 
específico apenas a partir da década de 1960, mas as bases 
intelectuais deste movimento podem ser identificadas na Idade 
Média; nos séculos XVIII e XIX, na Inglaterra; e nos princípios 
filosóficos que constituíram os EUA. 
Grosso modo, o Conservadorismo é a própria síntese da 
Civilização Ocidental. E esta, por sua vez, é uma consequência 
indissociável do Cristianismo. Por isso, a religiosidade e a crença 
em um Ser ou Força Superior compõe um dos 7 grandes Pilares 
do Conservadorismo. 
O Conservadorismo preza pela manutenção e proteção dos 
valores estabelecidos pelas religiões Cristãs ao longo de séculos: a 
doutrina Cristã genuína inspira a caridade, a fraternidade e o 
senso de dever. Mas admirar o Cristianismo não significa fundir a 
crença religiosa com prescrições políticas discriminatórias: um 
Conservador simplesmente compreende e aceita que existe algo – 
um sentido, uma ordem – que transcende os tabuleiros da 
sociedade que engendramos e até mesmo sua mera existência, e 
que nortear-se pela reverência a este sentido não é submissão, 
mas Sabedoria. 
A Religião é vista pelos Conservadores como uma das 
principais ferramentas para controlar as impulsividades das 
paixões humanas: uma sociedade onde homens e mulheres agem 
orientados por Virtudes Morais acima de seus autointeresses 
imediatistas tem tudo para se tornar mais justa, mais honrada, 
mais digna, mais próspera e melhor para todos. 
As convicções e os juízos religiosos vão além de apenas um 
credo esotérico: eles consistem na anuência de que, se possuímos 
alguma inteligência, é porque há uma inteligência superior em 
algum lugar, muito além da nossa; e devemos ter humildade 
suficiente para saber que somos uma parte infinitesimal disto. 
Mas este “pacifismo” é bem diferente de “passividade”: o 
dogmatismo religioso é antes uma bússola ética, uma força que 
restringe o infantilismo e fomenta a maturidade e a temperança, 
tornando-nos tolerantes, mas jamais covardes. E é assim que um 
Conservador concebe o Pilar da Religião. 
 
 
11. CONCLUSÃO: OS MÉRITOS DO 
CONSERVADORISMO 
 
O Conservadorismo não é tanto uma filosofia quanto um 
empenho para o desenvolvimento de uma sociedade mais Livre, 
mais Justa e mais acolhedora para o pleno desenvolvimento das 
virtudes humanas. Isto faz com que seja uma característica do 
temperamento Conservador valorizar o hábito, a honra, a 
responsabilidade, os deveres, a disciplina, a sabedoria, o respeito 
à autoridade, o equilíbrio e o individualismo saudável. Os 
radicalismos são movimentos típicos da juventude, ao passo que 
o Conservadorismo é uma aptidão inconfundível de pessoas 
maduras, que descobriram o que de fato é digno e precioso nesta 
vida. 
Enquanto pessoas Conservadoras falam sobre a santidade da 
vida, do casamento, da família, do autopertencimento, do Mérito, 
dos talentos individuais, da propriedade privada e do livre 
mercado, os dogmas do lado Esquerdo do espectro político-
ideológico incluem incongruências como a identidade de gênero, 
o feminismo, o assistencialismo financeiro, a promoção do aborto 
e das drogas, a demonização das diferenças e as indignações 
seletivas. 
É fácil constatar, portanto, que o maior mérito do 
Conservadorismo está na própria psicologia do Conservador, que 
permite que ele entenda que somos seres imperfeitos, e que 
nenhuma ordem social perfeita jamais poderá ser criada por nós. 
Qualquer tentativa neste sentido é uma aventura rumo a uma 
utopia com fortes chances de degenerar em atrocidades 
inomináveis. Tudo que podemos esperar da humanidade é uma 
sociedade razoavelmente ordenada, onde alguns males e 
injustiças infelizmente continuarão ocorrendo. 
Dentro do próprio Conservadorismo, existem diversas 
vertentes com limites não muito bem demarcados, expressando e 
defendendo conceitos que se sobrepõem. Mas, de um modo geral, 
todas estas vertentes seguem, de uma maneira ou outra, os 7 
Pilares descritos aqui: qualquer que seja sua trilha, um 
Conservador sabe que a proteção da unidade familiar, da 
propriedade privada, da liberdade religiosa e do 
autopertencimento individual dentro do Estado de Direito não 
são apenas elementos valiosos, mas essenciais para o sucesso 
econômico, para a defesa da pátria, e para o florescimento do 
Caráter das gerações presentes e futuras. 
No Brasil, é importante compreender as forças que 
resultaram no engajamento político dos Conservadores. A 
hegemonia socialista-comunista na política, na educação, nas 
cortes, na mídia e na cultura não poderia ter outro resultado 
senão uma resposta de mesma intensidade em sentido contrário. 
As pressões neste sentido se acumularam nas últimas décadas do 
século XX, atingindo níveis insuportáveis nas primeiras décadas 
do século XXI. Foi isto que fez com que os valores Conservadores 
rompessem a espiral de silêncio a que haviam sido sentenciados, 
resultando na eleição de Jair Bolsonaro para Presidência da 
República e na proliferação de entidades da sociedade organizada 
unidads sob a bandeira do Conservadorismo. 
Como pode ser percebido ao longo deste Manifesto, cada um 
dos 7 Pilares do Conservadorismo correlaciona-se a uma 
grandeza essencial para a construção de uma nação esplêndida: 
A Verdade correlaciona-se à JUSTIÇA. 
A Liberdade correlaciona-se à AUTONOMIA. 
O Patriotismo correlaciona-se à CORAGEM. 
A Democracia correlaciona-se à TOLERÂNCIA. 
A Propriedade correlaciona-se à MERITOCRACIA. 
O Livre Mercado correlaciona-se à PROGRESSO. 
E a Religião correlaciona-se à FRATERNIDADE. 
 
Muito mais que um modismo, o renascido Conservadorismo 
brasileiro chegou para ficar, e suas vozes já estão sendo ouvidas 
nas praças, nas ruas, nas redes sociais e nas urnas. A primazia do 
esquerdismo foi quebrada. Um brinde ao novo e verdadeiro 
Estado Democrático Brasileiro! Um brinde ao Conservadorismo! 
 
Alessandro Loiola 
Recife, novembro de 2019.

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