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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS Escola Brasileira de Economia e Finanças Roteiro para Elaboração do Relatório PIBIC 2019 - 2020 Título do projeto: Análise do mercado de crédito brasileiro sob assimetria informacional Nome completo do aluno: Heitor Trielli Zanoni Ferreira Matrícula do aluno: 171201051 Nome completo do orientador: Lucas Jóver Maestri Nome da escola: Escola Brasileira de Economia e Finanças Área de concentração: Teoria Geral da Economia Linha de pesquisa: Assimetria Informacional Projeto de pesquisa: Comportamento dos agentes no mercado de crédito Assinatura do aluno bolsista Assinatura do Orientador Assinatura do Coordenador responsável pelo PIBIC ESCOLA BRASILEIRA DE ECONOMIA E FINAÇAS Heitor Trielli Zanoni Ferreira ANÁLISE DO MERCADO DE CRÉDITO BRASILEIRO SOB ASSIMETRIA INFORMACIONAL Orientador Lucas Jóver Maestri Rio de Janeiro 2020 1 INSTITUIÇÃO FINANCIADORA - Esse projeto de pesquisa foi financiado pelo Programa Institucional de Bolsas de Inicia- ção Científica (PIBIC), desenvolvido pelo CNPq. 2 RESUMO Este estudo cria um modelo que trata sobre os incentivos, tanto do governo, quanto dos tomadores e emprestadores de crédito num mercado de crédito com a presença de assimetria in- formacional. A pretensão do modelo é explicar os impactos de uma política de perdão de dívida nas condições do mercado de crédito permanecer operante, tal como os efeitos de tal política nos juros cobrados pela firma credora. Dadas algumas hipóteses, chegamos às conclusões que quanto maiores forem as chances de uma política de perdão de crédito, maiores serão os juros cobrados. Além disso, quanto mais forte for a política, também maiores serão tais juros. Desta forma, temos que esses dois efeitos também dificultam a existência do mercado, uma vez que para manter o lucro da firma (que é competitiva) no zero, é necessário que não haja inadimplên- cia em nenhum estado, o que será dificultado a medida que os juros sobem. O modelo também conclui que há fatores no devedor que facilitam o equilíbrio com empréstimos, mesmo com a política governamental. São eles: seu retorno pelo esforço e o quanto a utilidade futura lhe é cara, sendo ambos positivos para a adimplência. No modelo também achamos a escolha ótima da probabilidade de perdão de dívida que o governo irá realizar. Palavras-chave: Mercado de Crédito, Risco Moral, Assimetria Informacional 3 ABSTRACT This study creates a model that deals with incentives, both from the government, as well as from borrowers and lenders in a credit market with the presence of information asymmetry. The intention of the model is to explain the impacts of a debt forgiveness policy on the market conditions to remain operating, as well as the effects of such policy on the interest charged by the firm. Given some hypotheses, we have come to the conclusion that the greater the chances of a credit forgiveness policy, the greater is the interest rate charged by the firm. In addition, the stronger the policy, the higher the interest. Thus, we have that these two effects also hamper the existence of the market, since to maintain the firm’s profit (which is competitive) at zero, it is necessary that there is no default in any state, which will become more difficult as the interest goes up. The model also concludes that there are some factors in the debtor that facilitate the market equilibrium with loans, even with the governmental policy. They are: his income return per effort and how much the future utility is dear to him, both having positive effects for the payment. In the model, we also find the optimal probability of debt forgiveness chosen by the government. Keywords: Credit Market, Moral Hazard, Informational Asymmetry SUMÁRIO 1 Introdução 1 1.1 Apresentando os modelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1.1 Primeiro Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.1.2 Segundo Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 2 Objetivos e Referencial Teórico 4 3 Resolvendo os Modelos 5 3.1 Modelo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 3.2 Modelo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 4 Exemplos 9 4.1 Modelo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 4.2 Modelo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 5 Conclusão 14 6 Referências 15 7 Cronograma e Atividades Desenvolvidas 16 1 1 Introdução O mercado de crédito brasileiro é amplamente conjugado com a inadimplência dos deve- dores, em particular dos que são pessoa física, o que causa uma redução na demanda agregada. Por conta disso, pode-se parecer apetitoso aos olhos do governo criar uma política de perdão de crédito, tendo como finalidade aumentar essa demanda. Além dessa finalidade, tal política pode ter fins considerados menos técnicos, como aumentar a popularidade do governo, ou quem sabe um candidato a presidência pode se sentir inclinado a prometer tal perdão de modo a aumentar sua probabilidade de vitória. Entretanto, as politicas de perdão de crédito, quando internalizadas pelo tomador de em- préstimo, podem vir a desestimulá-lo a trabalhar, pois os agentes sabem que, no futuro, o crédito tomado será mais facilmente pago. Além disso, tal política também estimula um aumento no crédito demandado, pelo mesmo motivo. Ambos os fatores trazem um risco maior à firma, pois o retorno que ela terá é dependente do juros cobrado, mas se houver uma politica de perdão por meio da redução compulsória do juros pago pelos devedores, o retorno da firma diminui. Por conta disso, o governo não pode apenas instaurar uma política de perdão de divida sem muita reflexão, pois a depender de como ela é formulada podemos desestabilizar o mercado de crédito para um equilíbrio não favorável. Desta forma, seria interessante ter ummodelo que leva em consideração tanto os possíveis incentivos aos agentes públicos (como o governo e candidatos) na criação (ou promessa) de tal política, tanto quanto nos incentivos dos agentes privados (devedores e emprestadores) perante a possibilidade de uma semelhante política vir a existir no futuro. Esse estudo pretende criar tal modelo, de modo a investigar qual seria a solução ótima para um governo decidido a tomar a melhor escolha frente a essa configuração. Formularemos então dois modelos, começando do mais simples (sem o governo), ao mais complicado (com o governo), que incorporarão os incentivos dos agentes dentro do mercado de crédito. O segundo, em particular, levará em conta os possíveis problemas de risco moral que essa política pode trazer. 1.1 Apresentando os modelos Seguiremos então para uma breve apresentação das hipóteses basilares relativas à ambos os modelos. Tendo em mãos estas hipóteses, trataremos então na sessão 3 de resolver os mo- delos analiticamente e na sessão 4 veremos como eles se comportam com uma forma funcional explicita para a ’utilidade’ de cada agente. 1.1.1 Primeiro Modelo O primeiro modelo será apenas para estruturar como o agente e a firma escolhem o crédito ótimo demandado e ofertado. Para isso, teremos as seguintes hipóteses: 2 1. Teremos dois períodos; 2. Teremos dois agentes: o credor e o devedor; 3. No primeiro período o credor escolherá de forma competitiva a taxa de juros 𝑟 que maxi- mizará seu lucro 𝜋 e dirá se ele aceita ou não emprestar o crédito demandado pelo outro agente. Já o devedor, escolhe a quantidade 𝑐 ≥ 0 de crédito que ele tomará, além de sua ação 𝑎 a ser realizada; 4. A ação escolhida pelo credor é informação privada e impactará a sua renda 𝑤 do segundo período. Além disso, o agente desconta à uma taxa 𝛽 ∈ [0, 1] a utilidade 𝑢2 do segundo período. Caso 𝑤 seja menor que 𝑐(1 + 𝑟), todo seu dinheiro vai para o credor e sua uti- lidade no períodoserá 𝑢. Mais a frente, entretanto, mostraremos que esse segundo caso não ocorrerá nunca, pois traz a firma à um lucro negativo. Matematicamente: 𝑈(𝑤, 𝑐, 𝑟, 𝑎) = 𝑢1(𝑐, 𝑎) + 𝛽𝑢2(𝑤, (1 + 𝑟)𝑐), caso 𝑤 ≥ 𝑐(1 + 𝑟) 𝑈(𝑤, 𝑐, 𝑟, 𝑎) = 𝑢1(𝑐, 𝑎) + 𝛽𝑢, caso contrário 5. O lucro 𝜋 do credor é dado pelo quanto ele arrecadará de juros menos o custo de investir o mesmo dinheiro num investimento que paga a taxa livre de risco 𝑟′. Além disso, a depender de 𝑤, o banco pode receber o juros integral ou não. Em cada cenário teremos respectivamente que o lucro é: 𝜋 = (1 + 𝑟)𝑐 − (1 + 𝑟′)𝑐 𝜋 = 𝑤 − (1 + 𝑟′)𝑐 6. Teremos que a 𝑢1 será separável entre as variáveis que lhe afetam positivamente (𝑐) e ne- gativamente (𝑎). Além disso, no segundo período, teremos que a utilidade é positivamente afetada pela renda 𝑤 e negativamente afetada pelo pagamento da dívida que foi contraída o primeiro período 𝑐(1 + 𝑟). A renda 𝑤 cresce com 𝑎, o que nos dá as seguintes relações: 𝑢1(𝑐, 𝑎) = 𝑣(𝑐) − 𝑐(𝑎) 𝜕𝑣(𝑐) 𝜕𝑐 > 0, 𝜕𝑐(𝑎) 𝜕𝑎 < 0 𝜕𝑢2(𝑤, 𝑐) 𝜕𝑤(𝑎) > 0, 𝜕𝑤(𝑎) 𝜕𝑎 > 0, 𝜕𝑢2(𝑤, 𝑐) 𝜕𝑐(1 + 𝑟) < 0 1.1.2 Segundo Modelo Neste segundo modelo, incorpora-se o governo e sua função objetivo. 3 1. Modelo de dois períodos; 2. Teremos três agentes: o credor, o devedor e o governo. 3. Antes das escolhas dos demais agentes, o governo escolhe uma probabilidade 𝑝 de realizar a política de perdão de dívida que irá operar no segundo período, que reduzirá o juros de 𝑟 para 𝑟. As informações sobre 𝑝 e 𝑟 são públicas e os devedores sabem delas antes de escolher 𝑐 e 𝑎 e o banco antes de escolher 𝑟. Por fim, assumimos que 𝑟 < 𝑟′ por se tratar de uma política de perdão de dívida (caso contrário o juros imposto pelo governo seria maior que o escolhido pelo banco sem intervenção). 4. No primeiro período o credor escolherá de forma competitiva a taxa de juros 𝑟 que maxi- mizará seu lucro 𝜋. Já o devedor, escolhe a quantidade 𝑐 ≥ 0 de crédito que ele tomará, além de sua ação 𝑎 a ser realizada. 5. O agente se comporta como no primeiro modelo. Agora a utilidade é afetada pela polí- tica de perdão no segundo período levando em conta sua utilidade esperada, nos dando a seguinte a seguinte equação: 𝑈(𝑤, 𝑐, 𝑝, 𝑟, 𝑟, 𝑎) = 𝑢1(𝑐, 𝑎) + 𝛽[𝑝𝑢2(𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐) + (1 − 𝑝)𝑢2(𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐] 6. A função valor do governo 𝑔(𝑎, 𝑝) é crescente tanto em 𝑎, quanto em 𝑝. Desta forma, ela obedece: 𝜕𝑔(𝑎, 𝑝) 𝜕𝑎 > 0, 𝜕𝑔(𝑎, 𝑝) 𝜕𝑝 > 0 4 2 Objetivos e Referencial Teórico O objetivo desse estudo é estruturar um modelo teórico capaz de ponderar os possíveis incentivos dos agentes atuantes num mercado de crédito (tomadores de empréstimos, firma e governo) de modo a determinar como será o equilíbrio de mercado. Após ter o modelo, anali- saremos um exemplo com funções determinadas para ver como agirá o mercado em tal cenário. Serão então, para a estruturação de tal modelo, utilizados o ferramental presente na teoria microeconômica, em particular na área relacionada com o Risco Moral, além do ferramental presente no cálculo diferencial. Leitores interessados no tema geral de assimetria informacional podem procurar maiores detalhes no livro Contract Theory (Patrick Bolton e Mathias Dewatri- pont, 2004). Além disso, especificamente sobre mercado de crédito sob influencia da assimetria informacional, temos o artigo Credit Rationing in Markets with Imperfect Information (Stiglitz e Weiss, 1981). 5 3 Resolvendo os Modelos 3.1 Modelo 1 Primeiro, note que a firma, pela hipótese de mercado competitivo, isto é, 𝜋 = 0, nós temos em equilíbrio com pagamento integral dos juros: 𝑟∗ = 𝑟′ (1) Esta é a condição para que seu lucro será sempre zero. Também teremos que o lucro da firma será negativo caso 𝑤(𝑎∗) < (1 + 𝑟′)𝑐∗, pois teremos que o agente não paga o juros inteiro, logo o retorno ao emprestador é 𝑤(𝑎∗), o que nos dá: 𝜋 = 𝑤(𝑎∗) − (1 + 𝑟′)𝑐∗ < 0. Isso significa que, caso quem tome emprestado não tenha incentivos para trabalhar o bastante (ou que tenha um trabalho que rende pouco por esforço) de modo a ter uma renda 𝑤 suficientemente alta no segundo período, ele não receberá o empréstimo para começo de conversa, o que significa que há um grupo de pessoas que nunca conseguirão um empréstimos— nomeadamente aqueles que tem pouco retorno por esforço. Desta forma, para existir equilíbrio com empréstimo, temos a seguinte condição: 𝑤(𝑎∗) ≥ (1 + 𝑟∗)𝑐∗ = (1 + 𝑟′)𝑐∗ (2) Assumindo que estamos observando um agente com retorno suficientemente alto, demodo a termos empréstimos, teremos então a seguinte situação: O problema do consumidor será: max 𝑐,𝑎 𝑢1(𝑐, 𝑎) + 𝛽𝑢2(𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐) sujeito à 𝑐 ≥ 0 O que nos dá o seguinte Lagrangeano de Karush-Kuhn-Tucker: 𝐿 = 𝑣(𝑐) − 𝑐(𝑎) + 𝛽𝑢2(𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐) Teremos então que no ótimo: 𝜕𝑐(𝑎) 𝜕𝑎 = 𝛽 𝜕𝑢2(𝑤𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐) 𝜕𝑤(𝑎) 𝜕𝑤(𝑎) 𝜕𝑎 (3) 𝜕𝑣(𝑐) 𝜕𝑐 ≤ −𝛽 𝜕𝑢2(𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐) 𝜕𝑐(1 + 𝑟) (1 + 𝑟) (4) 6 𝑐 𝜕𝐿𝜕𝑐 = 0 A interpretação de (3) e (4) é bastante simples. Em (3), tem-se que o custo de se esforçar um pouco mais para ter um salário maior no segundo período deve ser igual à quanto se ganha por tal esforço no salário seguinte, ponderado pela taxa de desconto intertemporal. Já para o crédito, quando ele for um valor estritamente positivo, teremos que (4) valerá com igualdade, o que nos dá que o que se ganha no primeiro período com o crédito adquirido deve-se igualar ao módulo do custo que ele incutirá de pagá-lo no segundo, novamente levando-se em conta o desconto intertemporal. Já se o crédito for exatamente zero, isso significa que ao juros r o agente gostaria de poder emprestar dinheiro e guardar para o segundo período no lugar de pegar emprestado no primeiro, o que não é permitido neste modelo. 3.2 Modelo 2 Agora teremos um modelo com maior nuance, onde haverá um problema de conflito de interesses e informação assimétrica. Para o governo, o esforço do agente é algo positivo. Já para o agente, embora o esforço seja positivo no segundo período, ele é negativo no primeiro. Desta forma, o governo deve levar em conta a escolha ótima do agente ao formular sua política, uma vez que ele não pode condicionar a redução de juros ao esforço do agente. O governo também deve levar em consideração que a probabilidade da sua política pode ter impacto negativo no incentivo do agente vir a se esforçar. Vamos começar analisando o que ocorre com o juros ótimo. O lucro 𝜋 num equilíbrio com empréstimos, por motivo análogo ao que chegamos em (1), como veremos à frente, é dado por: 𝜋 = (1 − 𝑝)(1 + 𝑟)𝑐 + 𝑝(1 + 𝑟)𝑐 − (1 + 𝑟′)𝑐 Já que o banco escolhe o juros competitivamente, sabemos que 𝜋 = 0, o que nos dá: (1 − 𝑝)(1 + 𝑟)𝑐 = (1 + 𝑟′)𝑐 − 𝑝(1 + 𝑟)𝑐 Resolvendo para r e simplificando, temos: 7 𝑟∗(𝑝, 𝑟) = 𝑟′ − 𝑝𝑟 1 − 𝑝 (5) Note que: 𝑟∗ − 𝑟′ = 𝑟′ − 𝑝𝑟 1 − 𝑝 − 𝑟 ′ = 𝑝(𝑟′ − 𝑟) 1 − 𝑝 > 0 (6) 𝜕𝑟∗(𝑝, 𝑟) 𝜕𝑝 = 𝑟′ − 𝑟 (1 − 𝑝)2 > 0 (7) 𝜕𝑟∗(𝑝, 𝑟) 𝜕𝑟 = −𝑝 (1 − 𝑝) < 0 (8) Vale a pena ressaltar que (6) e (7) decorrem da hipótese 2, que nos diz que 𝑟 < 𝑟′, uma vez que a política é de perdão de dívida. (6) está nos dizendo que o juros cobrado com a política será sempre maior que o juros cobrado sem a política. Além disso, pela mesma hipótese, ele será maior que o juros imposto pelo governo. Já (7) nos diz que quanto maior for a probabilidade de perdão de dívida, maiores serão os juros cobrados. Isso ocorre pois a política reduz seu retorno médio, então é necessário tal aumento para manter o lucro no zero. Além disso, (8) nos diz que quanto menor for o juros do governo, também teremos maiores juros cobrados pelo banco, pois isso também reduz o retorno médio. Igual ao problema anterior, como visto em (2), apenas valerá a pena para o banco emprestar dinheiro caso 𝑤(𝑎) ≥ 𝑐(1 + 𝑟∗), pois caso 𝑤(𝑎) < 𝑐(1 + 𝑟∗) temos um dos seguintes casos: 𝜋 = (1 − 𝑝)𝑤 + 𝑝(1 + 𝑟)𝑐 − (1 + 𝑟′)𝑐 < (1 − 𝑝)(1 + 𝑟)𝑐+ 𝑝(1 + 𝑟)𝑐 − (1 − 𝑟′)𝑐 = 0 𝜋 = (1 − 𝑝)𝑤 + 𝑝𝑤 − (1 + 𝑟′)𝑐 < (1 − 𝑝)(1 + 𝑟)𝑐 + 𝑝(1 + 𝑟)𝑐 − (1 − 𝑟′)𝑐 = 0 Onde o primeiro caso corresponde a (1 + 𝑟)𝑐 ≤ 𝑤(𝑎) < (1 + 𝑟∗)𝑐 e o segundo caso corresponde à 𝑤 < (1 + 𝑟)𝑐. Repare que ambos trazem 𝜋 para menos que 0. Desse resultado, junto com a expressão de 𝑟∗(𝑝, 𝑟), temos que uma política que pretende reduzir o juros pago pelos devedores causa uma maior filtragem por parte do banco sobre quem pode de fato tomar um empréstimo, uma vez que torna-se mais difícil ter o pré-requisito de 𝑤(𝑎) ≥ 𝑐(1 + 𝑟∗). Ou seja, como agora é mais improvável que os devedores tenham a renda necessária para que o banco não saia no prejuízo, o banco torna-se mais exigente com seus em- préstimos. Seguimos então para o problema do tomador de empréstimos: 8 max 𝑐,𝑎 𝑣(𝑐) − 𝑐(𝑎) + 𝛽[(1 − 𝑝)𝑢2(𝑤, (1 + 𝑟)𝑐) + 𝑝𝑢2(𝑤, (1 + 𝑟)𝑐)] sujeito à 𝑐 ≥ 0 O que nos dá o seguinte Lagrangeano de KKT: 𝐿 = 𝑣(𝑐) − 𝑐(𝑎) + 𝛽[(1 − 𝑝)𝑢2(𝑤, (1 + 𝑟)𝑐) + 𝑝𝑢2(𝑤, (1 + 𝑟)𝑐)] Com as seguintes condições de primeira ordem: 𝜕𝑐(𝑎) 𝜕𝑎 = 𝛽[(1 − 𝑝) 𝜕𝑢2(𝑤𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐) 𝜕𝑤(𝑎) + 𝑝 𝜕𝑢2(𝑤𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐) 𝜕𝑤(𝑎) ] 𝜕𝑤(𝑎) 𝜕𝑎 𝜕𝑣(𝑐) 𝜕𝑐 ≤ −𝛽[(1 − 𝑝) 𝜕𝑢2(𝑤𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐) 𝜕𝑐(1 + 𝑟) (1 + 𝑟) + 𝑝 𝜕𝑢2(𝑤𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐) 𝜕𝑐(1 + 𝑟) (1 + 𝑟)] 𝑐 𝜕𝐿𝜕𝑐 = 0 Note que agora, na hora de escolher sua ação e o seu crédito, o tomador de crédito pondera os diferentes impactos de cada variável na sua utilidade em função de 𝑝 e 𝑟. Levando isso em conta, as interpretações são análogas ao do modelo anterior. Por fim, o problema do governo é o seguinte: max 𝑝∈[0,1] 𝑔(𝑝, 𝑎) sujeito à { 𝑎∗ ∈ argmax 𝑎 𝑈(𝑤, 𝑐, 𝑝, 𝑟, 𝑟, 𝑎) 𝑤(𝑎∗) ≥ (1 + 𝑟∗)𝑐∗ Onde a primeira restrição nos diz que o governo sabe que o agente vai escolher a ação dele de forma ótima, independente de como o governo queira agir e a segunda nos diz que o governo não quer escolher 𝑝 e 𝑟 de modo a impedir o agente de tomar crédito. O que nos dará o seguinte Lagrangeano (substituindo 𝑎∗ e 𝑟∗ na equação de ): (𝑝, 𝑎∗, 𝜆) = 𝑔(𝑝, 𝑎∗) − 𝜆1ℎ(𝑝) − 𝜆2(−𝑝) − 𝜆3(𝑝 − 1) Onde ℎ(𝑝) = −𝑤(𝑎∗) + (1 − 𝑟 ′−𝑝𝑟 1−𝑝 )𝑐 Teremos então as seguintes condições de primeira ordem: 𝜕 𝜕𝑝 = 0 ⟺ 𝜕𝑔(𝑝, 𝑎∗) 𝜕𝑝 = 𝜆1 𝜕ℎ(𝑝) 𝜕𝑝 + [𝜆3 − 𝜆2] 𝜕 𝜕𝜆 = ℎ(𝑝) ≤ 0 9 4 Exemplos 4.1 Modelo 1 Vamos agora construir um exemplo do primeiro modelo e utilizá-lo em seguida para com- parar com o segundo. Vamos começar com a forma funcional da utilidade do tomador de em- préstimos: 𝑣(𝑐) = 𝛾𝑐, 𝑐(𝑎) = 𝑎2, 𝑤(𝑎) = 𝑘𝑎 𝑢2(𝑤(𝑎), (1 + 𝑟)𝑐) = 𝑤(𝑎) − [(1 + 𝑟)𝑐]2 Substituindo as expreções acima em 𝑢(𝑤, 𝑐, 𝑟, 𝑎) nos dá: 𝑢(𝑤, 𝑐, 𝑟, 𝑎) = 𝛾𝑐 − 𝑎2 + 𝛽{𝑘𝑎 − [(1 + 𝑟)𝑐]2} Resolvendo o problema do consumidor temos as seguintes condições de primeira ordem, ignorando a restrição 𝑐 ≥ 0 (pois teremos que 𝑐 > 0 no ótimo): 𝑎∗ = 𝑘2𝛽 (9) 𝑐∗ = 𝛾 2𝛽(1 + 𝑟)2 (10) Temos que (9) nos diz: quanto maior a rentabilidade do trabalho 𝑘, e quanto mais o agente preza pelo futuro (isto é, maior o 𝛽), mais o agente trabalhará, pois ambos são medidas do quanto o agente será recompensado no futuro por um esforço agora. Já (10) nos traz que quanto mais ele se importa com o futuro, menos crédito ele toma, tendo em vista que o custo de pegar emprestado se aumenta, pois esse custo acontece no segundo período, que está sendo descontado por 𝛽. Além disso, o juros maior também reduz seu crédito tomado pelo mesmo motivo. Por fim, 𝛾 nos diz o quanto ele preza pelo dinheiro que ele tomou emprestado no primeiro período, sendo então natural o crédito tomado crescer com 𝛾 . Vamos olhar agora para a restrição de empréstimos assumindo equilíbrio: 𝑤(𝑎∗) ≥ (1 + 𝑟∗)𝑐∗ Aplicando (9) em 𝑤(𝑎) e substituindo 𝑐∗ por (10), nós temos: 𝑘2 2 𝛽 ≥ 𝛾 2(1 + 𝑟∗)𝛽 (11) 10 Primeiro, vale lembrar que, por (1), 𝑟∗ = 𝑟′. Logo (11) está nos mostrando que quanto maior forem 𝑟′, 𝑘 e 𝛽, mais fácil é de se obter a condição de empréstimos. Isso ocorre pois um juros mais elevado afeta a percepção do agente sobre seus custos de empréstimo, o que reduz 𝑐, facilitando o pagamento no segundo período em um grau maior do que o aumento de 𝑟′ dificulta. Já 𝑘 nos diz quanto o agente recebe por unidade de esforço, ou seja, é seu salário. Quanto maior seu salário por esforço, mais ele se esforça, logo mais ele ganha e torna-se relativamente mais fácil pagar seus empréstimos. Já um 𝛽 elevado nos informa quão caro é o futuro para o tomador de empréstimos. Quanto maior o 𝛽, mais o agente preza o salário no segundo período e mais ele desgosta do custo de pagar pelo crédito, dessa forma aumentando seu 𝑎 e diminuindo seu 𝑐, o que facilita duplamente o pagamento. Por fim 𝛾 é o quanto o agente gosta de ter o dinheiro do empréstimo no primeiro período, logo quanto maior for 𝛾 , mais ele pede emprestado, logo mais difícil se torna pagar o juros. Podemos reescrever essa equação para deixa os juros em função das demais variáveis exógenas: 𝑟∗ ≥ 𝛾 𝛽2𝑘2 − 1 (12) Primeiro, vale lembrar novamente que neste modelo inicial temos 𝑟∗ = 𝑟′. Por conta disso, (12) nos dá o limite inferior para a taxa de juros livre de risco de modo à ser factível o empréstimo. Se a taxa de juros for menor que isso, o agente tomará mais empréstimos do que ele é capaz de pagar. Temos então que, para compensar agentes que prezam pouco pelo futuro, ou que tem pouco salário, isto é, 𝛽 e 𝑘 baixos, só haverá empréstimos quando o juros for muito alto, pois teremos um 𝑐 baixo. O mesmo vale para agentes que prezam muito por ter dinheiro no primeiro período, o que é medido por 𝛾 . Conclui-se então que, quanto ”pior”for o tomador de empréstimos, no sentido de que quanto menos provável for que honre sua dívida, maiores serão os juros, de modo a desestimular a tomada de crédito até um nível factível. 4.2 Modelo 2 Vamos agora utilizar as mesmas formas funcionais do Exemplo 1, porém agora com um governo fazendo sua política. Agora, temos que: 𝑢(𝑤, 𝑐, 𝑟∗, 𝑟, 𝑎) = 𝛾𝑐 − 𝑎2 + 𝛽{(1 − 𝑝)𝑘𝑎 + 𝑝𝑘𝑎 − 𝑐2[(1 − 𝑝)(1 − 𝑟∗)2 − 𝑝(1 − 𝑟)2]} 11 O que nos dá: 𝑎∗ = 𝑘2𝛽 (13) 𝑐∗ = 𝛾 𝛽[(1 − 𝑝)(1 + 𝑟∗)2 + 𝑝(1 + 𝑟)2] (14) Essas duas equações tem interpretações semelhantes ao problema anterior. (13) é exata- mente igual à (9). Já (14) difere de (10) em dois aspectos: agora existem duas novas variáveis exógenas, 𝑝 e 𝑟. As variáveis 𝑘, 𝛽 e 𝛾 afetam a equação da mesma forma que no modelo anterior. Além disso, embora esteja escondido, 𝑟′ também afeta igualmente o crédito ótimo! Aumentar 𝑟′ implica aumentar 𝑟∗, reduzindo assim o crédito do agente. Vamos agora analisar o impacto das duas novas variáveis sobre 𝑐∗. Por (5) temos 𝑟∗(𝑝, 𝑟) = 𝑟 ′−𝑝𝑟 1−𝑝 . Levando isso em conta, chegamos à: 𝜕𝑐∗ 𝜕𝑝 = − 𝛾 𝛽 (𝑟′ − 𝑟)2 [(1 + 𝑟′)2 − 𝑝(1 − 𝑟2 + 2𝑟′(1 + 𝑟)]2 < 0 (15) 𝜕𝑐∗ 𝜕𝑟 = 𝛾 𝛽 2(1 − 𝑝)𝑝(𝑟′ − 𝑟) [(1 + 𝑟′)2 − 𝑝(1 − 𝑟2 + 2𝑟′(1 + 𝑟)]2 > 0 (16) Ou seja, (15) e (16) nos afirmam: tanto um aumento da probabilidade da política, quanto uma redução no juros novo reduzem a quantidade de crédito tomado. Isso ocorre pois o impacto no juros do banco 𝑟∗(𝑝, 𝑟) causado pela variação tanto de 𝑝 quanto de 𝑟 são o suficiente para desincentivar o agente à consumir crédito, mesmo havendo agora ou mais chances do agente pagar pouco, ou chances do agente pagar ainda menos! Isso ocorre pois esse agente é muito avesso à pagar juros altos no segundo período. Agora vamos analisar a equação da restrição para que haja empréstimos, substituindo (13) e (14) em 𝑤(𝑎∗) ≥ (1 + 𝑟∗)𝑐∗: 𝑘2 2 𝛽 ≥ (1 + 𝑟∗)𝛾 𝛽[(1 − 𝑝)(1 + 𝑟∗)2 + 𝑝(1 + 𝑟)2] (17) As variáveis 𝑘, 𝛽 e 𝛾 afetam a equação da mesma forma que no modelo anterior, sendo as duas primeiras facilitadoras da restrição e a ultima dificultadora. Uma outra variável que está implícita nessa formula, mas que ainda assim afeta igual à antes é 𝑟′! Aumentar 𝑟′ é aumentar 𝑟∗, que facilitaque se cumpra a inequação. Queremos, entretanto, saber como 𝑝 e 𝑟 afetam essa restrição, lembrando que, por (5), elas também alteram o valor de 𝑟∗. Vamos reescrever (18) como: 0 ≥ −(1 − 𝑝)(1 + 𝑟∗)2 − 𝑝(1 + 𝑟)2 + (1 + 𝑟 ∗) 𝑘2𝛽2 2𝛾 (18) 12 Vamos chamar o lado direito de 𝑓(𝑝, 𝑟). Substituindo (5) em (18) e tomando as derivadas parciais chegamos à: 𝜕𝑓(𝑝, 𝑟) 𝜕𝑝 = (𝑟′ − 𝑟)[1 − (𝑟′ − 𝑟)𝑘 2𝛽2 2𝛾 )] 𝑘2𝛽2 2𝛾 (1 − 𝑝) 2 𝜕𝑓(𝑝, 𝑟) 𝜕𝑟 = [2(𝑟′ − 𝑟)𝑘 2𝛽2 2𝛾 − 1] 𝑘2𝛽2 2𝛾 (1−𝑝) 𝑝 Temos então que as condições para que cada equação a primeira derivada seja positiva e a segunda negativa são: (𝑟′ − 𝑟)𝑘 2𝛽2 2𝛾 < 1 (19) (𝑟′ − 𝑟)𝑘 2𝛽2 2𝛾 < 1 2 (20) (19) e (20) nos dão que caso o agente prese muito pelo crédito, ou ganhe pouco, os juros livre de risco sejam muito maiores que o juros do perdão ou ele não se importe tanto com o futuro, aumentar a probabilidade de realizar uma política de perdão de dívida reduz as chances de o agente pagar sua dívida. Neste caso, reduzir o juros novo também dificulta o pagamento da dívida. Isso ocorre porque mesmo que ambas as ações reduzam a quantidade de crédito tomada, pois elas causam um aumento desproporcional em 𝑟∗. Esse aumento é tão grande que mesmo com o empréstimo menor, o montante a ser pago é maior. Já pra um dado r, agentes muito ricos, que prezam muito pelo futuro e que não se importam muito com pegar crédito, aumentar a probabilidade da política reduz o crédito tomado mais rapidamente que o juros 𝑟∗ aumenta, o que facilita a restrição. Entretanto, existem alguns agentes que estão no meio termo entre os dois extremos que, embora o aumento da probabilidade dificulte o pagamento da dívida, a redução do juros do segundo estado não complica a restrição. Vamos agora para a escolha ótima do governo. Sua função objetivo será: 𝑔(𝑝, 𝑎) = 𝑝𝑎 Não precisaremos nem resolver o Lagrangeano para descobrir o 𝑝∗ ótimo. Como a função objetivo é crescente em p, ele escolherá o maior p que satisfaz todas as restrições. Logo, temos que: Quando (𝑟′−𝑟)𝑘 2𝛽2 2𝛾 ≥ 1, aumentar 𝑝 não complica a restrição de empréstimos, logo 𝑝 ∗ = 1 o que nos dá 𝑐∗ = 0, pois o banco operará sempre em prejuízo. O governo não quer que o agente seja impedido de tomar crédito por falta de dinheiro, ficando endividado. Por conta disso há a incorporação da restrição (5) no problema do governo. Entretanto, ele não se importa se o agente 13 não conseguir crédito por conta da falta de oferta, por isso podemos ter o equilíbrio onde 𝑝 = 1 e 𝑐∗ = 0. Já quando (𝑟′ − 𝑟)𝑘 2𝛽2 2𝛾 < 1, vamos chamar o 𝑝 que garante 𝑤(𝑎) = (1 + 𝑟 ∗)𝑐∗ de 𝑝. Desta forma teremos que a escolha ótima será: 𝑝∗ = { max(𝑝, 1) se 𝑝 ≥ 0 1 se 𝑝 < 0 Parece um pouco confuso, mas vou explicar: como sabemos que aumentar 𝑝 dificulta a restrição, por conta das hipóteses sobre as variáveis exógenas, mas também melhora a utilidade do governo, se 𝑝 formenor que 𝑝, então ainda vale a restrição e o governo está livre para aumentar 𝑝 até 𝑝. Entretanto, se 𝑝 for maior que 1, como 𝑝 é uma probabilidade, o governo deve parar em 𝑝∗ = 1. Já se o 𝑝 ótimo for menor que zero, isso significa que não há como o governo garantir que a restrição de empréstimos valerá. Na verdade ela não vale nunca, pois mesmo sem o governo (𝑝 = 0) a restrição já não era cumprida, e o governo escolhe então 𝑝 = 1, que é o ótimo pro governo. 14 5 Conclusão Após estruturado e analisado o modelo, concluímos que a presença de uma política gover- namental de perdão de dívida tende a reduzir as chances de haver um equilíbrio com emprés- timos. Isso ocorre pois, para manter o lucro do emprestador no zero, ele terá que compensar a possível perda de rendimento no estado da natureza onde há o perdão de divida por meio de um aumento do juros cobrado no outro estado, para um valor maior do que o praticado sem a presença do estado. Além disso, a firma apenas dará crédito caso o agente tenha capacidade de pagar os juros referentes ao estado da natureza sem intervenção estatal, onde é cobrado o juros mais elevado. Achamos também a condição sobre as preferências e retorno por esforço que o agente deve suprir para que haja empréstimos. Por meio da análise de uma forma funcional específica, concluímos que há fatores que facilitam um equilíbrio com empréstimos, sendo eles: ter um alto retorno pelo esforço aplicado no primeiro período, prezar bastante pela renda futura ou ter uma baixa necessidade por emprés- timos. Esses mesmos fatores também reduzem as chances da política atrapalhar a existência de empréstimos, de modo que a presença dos mesmos permite uma probabilidade maior de per- dão de dívida, dando mais espaço para atuação governamental. Isso se dá pois tais agentes já possuíam uma renda superior ao volume gasto com o pagamento de dívida, tendo então uma margem para que haja um crescimento dos juros sem que haja a inadimplência. Para agentes onde tais fatores são muito elevados (ou pequeno, em se tratando pelo fator de necessidade de empréstimos), quando se tem um aumento do juros causado pela política, a redução na demanda por crédito causada pelo aumento do juros é suficiente para compensar tal aumento no valor que deve ser pago pelo crédito adquirido, de modo que o aumento do preço do juros na verdade reduz o total a ser pago no segundo período. Dessa forma, para tais agentes, o governo está livre para escolher qualquer probabilidade que ele queira, uma vez que não importa o que aconteça, sempre teremos o equilíbrio de empréstimos. Porém, em se tratando de agentes que já não tinham como pagar empréstimos antes da política de perdão, seja por ter pouco salário, seja por se importar pouco com o futuro ou por ter uma demanda muito alta por crédito, o governo não tem como ajudar. Isso ocorre pois como tais agentes já não eram aceitos num cenário onde era mais barato pedir emprestado, agora que há um estado onde o juros são ainda mais caros, é ainda mais difícil que o agente consiga arcar com os custos de sua dívida. Dessa forma é sabido que o lucro esperado será negativo caso o empréstimo seja concedido, posto que o agente não irá ter como pagar caso o governo não efetue a política de perdão. Em casos extremos, o agente pode não ser capaz sequer de pagar o juros reduzido do governo. 15 6 Referências BOLTON P; DEWATRIPONT M. Contract Theory. The MIT Press, 2004 STIGLITZ J. E.; WEISS A.,Credit Rationing inMarkets with Imperfect Information, The American Economic Review, Vol. 71, No. 3, Jun. 1981 16 7 Cronograma e Atividades Desenvolvidas Agosto até fevereiro – Desenvolvimento do modelo Março – Entrega do relatório parcial Abril até junho – Formatação do modelo Julho – Refinamento e entrega do Relatório Final
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