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1ª Edição |Outubro| 2014 Impressão em São Paulo/SP MS. José Ruy Veloso Campos GERÊNCIA DE PROJETOS Apresentação O tema Gerência de Projetos tem tido várias abordagens nas duas últimas décadas. Ainda que di- ferentes autores abordem a questão, sempre citando o PMBOK® Guide e suas normas, os olhares sobre o tema são diferentes. Para alguns autores a questão matemática é fun- damental. Assim, eles apresentam cálculos diversos sobre desempenho de custos, medidas do índice de desempenho, indicadores e outras fórmulas de aferir o desempenho na gerência dos projetos. Para uma boa parte dos autores que estudaram o tema, o foco é sobre os conceitos e organização do modelo de gestão. Para a melhor compreensão do assunto, abor- damos nesse instrumento didático a criação, con- ceituação e organização de processos para a gestão exitosa de um projeto. Longe de ser um trabalho conclusivo, o presen- te instrumento é, antes de tudo, um guia para que o estudante possa buscar informações em diferen- tes fontes que complementem esse trabalho. E mais proveitoso será para o leitor se essa busca for além das obras aqui citadas. Bom trabalho! Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Coordenação Geral Nelson Boni Professor Responsável MS. José Ruy Veloso Campos Coordenadora Peda- gógica de Curso- EAD - Coordenação de Projetos Leandro Lousada Revisão Ortográfica Célia Ferreira Pinto Projeto Gráfico, Dia- gramação e Capa Ana Flávia Marcheti 1º Edição: Outubro de 2014 Impressão em São Paulo/SP Legislação Condominial abordagem prática Sumário Capitulo 1 1. Planejamento e Projeto 1.1 O conceito de Projeto 1.2 O planejamento 1.3 Princípios gerais do planejamento 1.4 Princípios específicos do planejamento 1.5 Objetivos do planejamento 1.6 Os ambientes da empresa 1.7 A análise Swot ou PFOA 1.8 Definição e tipos de projeto 1.9 Projeto de viabilidade 1.10 Projeto de Financiamento 1.11 Projeto final de implementação 1.12 O projeto e seu papel nas decisões 1.13 A elaboração do projeto Exercícios Referências 53 07 Unidade 01 PLANEJAMENTO E PROJETO 1.1 O conceito de projeto Projeto, substantivo masculino, do latim projec- tu. O léxico, de acordo com o Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa, apresenta vários significados. 1. Plano para a realização de um ato; designo, intenção. 2. Cometimento, empreendimento, empresa 3. Redação provisória de qualquer medida (estatuto, lei, etc.) 4. Construção: representação gráfica e escrita com o orçamento de uma obra que se vai realizar. 5. Projeto de Lei: proposição escrita apresentada a uma câmara legislativa sobre qualquer assunto para, depois de discutida em plenário, ser convertida em lei; propositura. 6. Projeto tipo: projeto padronizado que deve ser segui- do em diversas obras ou instalações da mesma natureza 8 O termo tem também o sentido de “lançado para frente”. A leitura pode ter também uma conota- ção de futuro, de onde derivou a “projeção”. Quan- do o pensa em probabilidades está-se buscando res- posta para “O que será?”. Outra percepção diz respeito à expressão pode ser, quando o pensamento busca ver o que efetiva- mente é realizável. Desde as eras mais remotas o homem traba- lhou de alguma forma com projetos. Tomemos a forma mais rudimentar para sua sobrevivência: a caça e a defesa contra seus inimi- gos naturais. Quando o homem tem a iniciativa de construir uma arma (o bastão, o machado), começa a planejar seu modo de vida. Em seguida, começa a pensar em detalhes para além das cavernas e cons- trói sua moradia de forma a defender-se dos animais e outros virtuais inimigos. Ainda que de forma tosca, esse “construir”, de- mandou plano e projeto. Mesmo que não escritos. Correndo na linha do tempo, temos obras mi- lenares, como as pirâmides do Egito e do México, as quais o nível de sofisticação dos planos e projetos até hoje intriga a humanidade, bem como as cate- drais construídas na Idade Média, cuja arquitetura e projeto são fantásticos para a época, e que, mes- mo levando dezenas de anos para serem erguidas, se mantêm belas até hoje. 9 Nas formas mais rudimentares, involuntárias e até simplistas, pessoas fazem, em pleno século 21, planos e projetos para uma infinidade de assuntos. Tomemos uma dona de casa da classe C/D. Quando ela toma a determinação de que vai trocar seu aparelho de TV, por exemplo, está elaborando mentalmente seu projeto de aquisição de bens de consumo e de melhoria para o entretenimento de sua família. Ela não redige um projeto, mas o tem em mente. E, como parte dele, anota números, faz contas, guarda documentos, muda cardápio, estabe- lece regras no consumo, etc. Pode fazer tudo isso mesmo que os demais membros de seu núcleo fami- liar não saibam de seus propósitos. Trata-se de um projeto pessoal de aquisição da TV. Pode ser parte de um projeto maior, o seu Pro- jeto de Vida, que é cuidar da família zelando por eles e proporcionando a todos o melhor que puder na sociedade de consumo. As pessoas têm seus projetos pessoais. Quem faz um curso de especialização, certamente, tem um propósito, que pode embutir um projeto de vida, ou parte dele. Alguns exemplos de projetos pessoais: • Ter a casa própria • Casar e ter filhos • Obter título acadêmico • Crescer no emprego 10 • Criar seu próprio negócio • Criar garantias para a aposentadoria Curiosamente, nem sempre as pessoas se dão conta de que estão diante de um projeto. Por exemplo, o casamento é um projeto, pois se trata de uma socie- dade que vai gerar seres humanos e toda a carga de responsabilidades que o fato demanda. Para alguns, a festa da cerimônia matrimonial merece um planeja- mento. Já o casamento, em si, “é coisa da vida”. Precisamos de projetos porque existem situa- ções que demandam grande empenho pessoal, en- volvem recursos nem sempre volumosos (no plano pessoal como casa própria, casamento, estudos, etc. quase sempre escassos) e exigem o enfrentamento de desafios. Um projeto, para valer à pena, tem que ter os objetivos claros, metas e prazos. Projetos têm tempo certo para começar e acabar, ou seja, quando o que está ali planejado estiver implantado e funcionando. Tal premissa leva ao entendimento de que as empresas, como as famílias, têm sempre um novo projeto. E cada um deles, uma vez implantado, pode gerar outros tantos. Conferindo esse conceito: o indivíduo conse- gue a casa própria; sente-se estável no trabalho e planeja um filho; após o nascimento do primogêni- to, ao tempo que se pensa em seu futuro, esses pais 11 podem decidir se terão mais filhos. E os projetos vão se sucedendo: mobiliários, roupas, um carro maior, o berçário, a escola, a reserva financeira para seus estudos, etc. A empresa segue o mesmo princípio: altera seus produtos, renovando-os ou tirando-os de linha; lança novos produtos; adquire concorrentes; expan- de suas fronteiras, etc. A classe média estadunidense, por exemplo, tem como valor de família a poupança para os estu- dos dos filhos. Como naquele país as mais conceitu- adas universidades são privadas, e caras, as famílias poupam para esse fim específico, algumas até pro- tegendo juridicamente essa poupança de eventuais problemas financeiros que possam vir a sofrer. É um projeto de longo prazo e que, em geral, começa já na gravidez com “presentes” em forma de doação. Diferentes autores tratam da questão do Proje- to, com algumas variações: Para Kerzner (1992), é a gestão de um projeto de prazo relativamente curto e que foi estabelecido para a consecução de objetivos específicos; Já Turner (1994) diz que a gestão de projetos é um processo através do qual um projeto é levado a uma conclusão. E aponta três dimensões: objetivos (âmbito, organização, qualidade, custo, tempo); pro- cesso de gestão (planejar, organizar, implementar, controlar); e os níveis (integrativo, estratégico, táctico); 12 O PMI (Project Management Institute) (2004) define gestão de projetos como sendo oprocesso atra- vés do qual se aplicam conhecimentos, capacidades, instrumentos e técnicas às atividades do projeto de forma a satisfazer as necessidades e expectativas dos diversos stakeholders (atores empresariais ativamente envolvidos no projeto ou cujo resultado do mesmo poderá afetá-los positivamente ou negativamente). Como uma disciplina organizada, a gerência de projeto foi desenvolvida a partir de muitos campos de aplicação distintos. Sua raiz passa pela construção civil, a engenharia mecânica e diversos projetos militares. O “criador” da gerência de projeto é Henry Gantt, estadunidense que ficou conhecido como o pai de técnicas do planejamento e do controle. Co- nhecido pelo uso do gráfico de barras, é associado às teorias de Taylor sobre administração científica. Seu trabalho é o precursor a muitas ferramentas da gerência moderna do projeto, como a WBS (Work Breakdown Structure) ou EAP (Estrutura Analítica do Projeto) como recursos que avaliam o trabalho. O marco desse modelo de gestão remonta dos anos 1950, também nos Estados Unidos. Antes das criações de Gantt e de outras contribuições, os pro- jetos eram controlados por técnicas informais e ou- tras ferramentas. Nesse tempo, dois modelos de projeto mate- mático foram desenvolvidos: 13 PERT (Program Evaluation and Review Te- chnique), desenvolvido como a parte programa do míssil do submarino Polaris, da marinha dos Estados Unidos; o CPM (Critical Path Method), desenvolvi- do em conjunto por DuPont Corporation e Reming- ton Rand Corporation para projetos da manutenção de planta. Estas técnicas matemáticas espalharam-se rapidamente em muitas empresas. A partir de 1969, o Project Management Ins- titute foi dando forma para servir ao interesse da indústria da gerência de projeto. O pressuposto do PMI é que as ferramentas e as técnicas da gerência de projeto são comuns a diferentes perfis de empre- sas, mesmo entre a aplicação difundida dos projetos da indústria do software até indústria de construção. No ano de 1981, os diretores do PMI autoriza- ram a elaboração de um guia de projetos, o Project Management Body of Knowledge, contendo os pa- drões e as linhas mestras das práticas a serem usadas pelo gestor de projetos. Numa visão mais voltada ao marketing temos que: “Projeto é qualquer empreendimento que tenha objetivos claros e definidos que representem valores específicos a serem utilizados para satisfazer necessi- dades ou desejos, com objetivo específico e ciclo de vida definido”. Do ponto de vista da organização nas empre- sas, temos que: “Projeto é um empreendimento com 14 objetivos claros e tempo de duração definido, tem caráter matricial, diferindo da atividade comum e produtiva da empresa”. As empresas se organizam e investem em de- partamentos, divisões ou gerências de gestão de projetos. Nas últimas décadas isso tem sido feito de forma rápida e surpreendente, criando a necessidade do gestor de projetos. Empresas começam a partir de um projeto. Em- presa, na compreensão de distintos autores, configu- ra-se como uma unidade econômica e social, integra- da por recursos humanos, materiais e técnicos, que tem como objetivo desenvolver, produzir e comercia- lizar produtos ou serviços através da sua participação no mercado de bens e serviços. Para isso, faz uso dos fatores produtivos, como capital e trabalho. Uma empresa se traduz numa modalidade es- pecífica de negócio, seja ele relativo à produção (fa- bricação) de bens de consumo ou de serviços. Nessa perspectiva, para que alguém tome a iniciativa de investir (iniciar) um novo negócio, é preciso que se elabore um projeto. A ISO 10006:1997 – International Standards Organization define a gerência de projetos como: “a aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas na elaboração de atividades relacionadas para atingir um conjunto de objetivos pré-definidos.” Assim como lembramos que uma dona de casa 15 faz seu projeto para a aquisição de um novo bem de consumo para a sua família, é possível que alguém ini- cie um novo negócio com um projeto pouco claro e com poucas informações para garantir um retorno mí- nimo ao seu trabalho e investimento. Nesse caso, o ne- gócio pode até dar certo, mas os riscos serão grandes. Podemos observar pelos aspectos a serem abor- dados que o projeto do novo negócio abarca diferentes variáveis que devem interferir de alguma forma no seu desenvolvimento. E demanda planejamento. Para melhor compreensão do que vem a ser Projeto, recordemos o que é Planejamento e como ele se dá. Para isso, é preciso que abordemos o tema a partir do ponto de vista conceitual. 1.2. O Planejamento Compreender a função do planejamento nas empresas e estabelecer a sua real amplitude e abran- gência é o primeiro passo para um novo projeto. STEINER (1969, p 12) apud OLIVEIRA, 20 (1992) estabelece cinco dimensões do planejamento: 16 Assunto abordado: pesquisa, produção, finanças, marketing, RH, etc. Elementos: propósito, objetivo, estratégia, orça- mentos, etc. Tempo: curto, médio, longo prazos. Unidade Organizacional: corporativo, filiais, divi- sões, departamentos. Características: qualidade, quantidade, confiden- cial, estratégico, tático, etc. As dimensões não são mutuamente exclusivas e não apresen- tam linhas demarcatórias claras. Para Peter Ferdinand Drucker, o maior guru do uni- verso empresarial do século XX: “O planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas as implicações futuras de decisões presentes”. Peter Ferdinand Drucker Eis aí um conceito importante no ato de pla- nejar ou elaborar um projeto. Nossas decisões de hoje têm que ser analisadas numa perspectiva futura, isto é, de modo que possamos prever minimamente quais as consequências de nossas decisões e gestos no futuro do nosso negócio. Ao elaborar um projeto e, portanto, planejar, pre- 17 cisamos levar em conta todos os aspectos que envol- vem o desenvolvimento do negócio. Woiler e Mathias (1996, p 12), entendem que a atividade de planejar pode ser executada segundo três diferentes diretrizes: satisfação, otimização e adaptação. Vejamos: Satisfação: Nesse processo o número de obje- tivos deve ser reduzido e com menor resistência à sua implementação. Para os autores, esses objetivos poderão não ser, necessariamente, os mais adequa- dos à empresa, posto que a preocupação básica do planejador está centrada no aspecto financeiro com grande ênfase nas projeções orçamentárias. Sempre de acordo com os autores, esses planos tenderão a ser conservadores e raramente se afastarão das prá- ticas costumeiras da empresa. São apontadas como vantagens dessa diretriz o menor tempo de planeja- mento, o menor custo e menor capacitação técnica da equipe que o impulsiona. Por último, concluem Woiler e Mathias, há tam- bém menor resistência interna aos estudos por parte da empresa, fato muito importante se o grupo estiver “iniciando o aprendizado do processo de planejar”. Otimização: Nessa diretriz o administrador traça os objetivos do planejamento em termos quantitativos. Os diferentes objetivos são definidos numa medida comum, em geral a monetária, e combinados em uma medida geral de desempenho. Trata-se de uma diretriz muito eficiente para decisões operacionais como ma- 18 nutenção, controle de estoque, equipamentos, etc. Os autores entendem que é possível que o otimizador ten- da a ignorar decisões que ele não pode modelar dessa forma e que envolvem aspectos qualitativos. Adaptação: A adaptação, ou homeostase, é a procura de equilíbrio por parte da empresa após so- frer alguma mudança. Esse equilíbrio pode significar a busca de compensar algum desiquilíbrio que estava reduzindo a eficiência do sistema da empresa. Quan- do a empresa procura a adaptação, está reagindo a um estímulo. Esse tipo de reação pode ser passiva ou antecipatória. Uma reação Passiva é aquela que vem defasada e geralmente dentro dos padrões normais da produ- ção. Já a antecipatória trata da preocupaçãode ante- cipar mudanças do meio ambiente e por adaptar a empresa a esses novos estados. A adaptação é a mais lógica das diretrizes do mundo empresarial. As empresas têm que se adian- tar às mudanças externas, observando cenários fu- turos e fazendo simulações sobre seus negócios de médios e longos prazos. Lembremo-nos de exemplos não tão distantes, como a demora da Kodak em reagir às evidências da tomada do mercado fotográfico pelas câmeras digitais, o fim do filme em celuloide e das revela- ções em papel fotográfico. Todas essas tendências foram absolutamente agravadas pela tecnologia que 19 permitiu ao consumidor fotografar também com os aparelhos de telefonia celular. Nesse mesmo caminho ficaram o mercado fo- nográfico e as locadoras de filmes, após os diferentes aplicativos que permitem ao consumidor baixar mú- sicas e filmes pela Internet. Com isso, as gravadoras perderam sua força sobre os artistas e passaram a atuar também no mundo do show business. Já as lo- cadoras que não fecharam foram transformadas em lojas de conveniência ou drogarias. O processo do planejamento, portanto, envolve um modo de pensar. Um modo de pensar, por sua vez, envolve indagações e questionamentos sobre o que será feito: como, quando, quanto, para quem, por quem, onde será feito e por quê. Como afirmou Peter F. Drucker, toda a ativida- de de planejamento numa empresa ou organização deverá resultar de decisões presentes, tomadas com base em estudos sobre o impacto delas no futuro. Isso deve proporcionar aos planejadores dimensões temporais significativas. As empresas modernas pagam por estudos de cenários futuros constantemente. É com base nesses cenários que elas tratam da expansão de suas filiais, seus serviços ou suas unidades fa- bris. Lembremo-nos de que interessa às empresas saberem das tendências das gerações mais novas quanto ao casamento, por 20 exemplo. As possibilidades de uniões mais estáveis têm influên- cia em determinados tipos de consumo e, sobretudo, no mer- cado infantil, em curtos e médios prazos, bem como de adoles- centes num longo prazo. Como sabemos, o desenvolvimento de novos produtos e serviços demandam pesquisas, estudos e, sobretudo, tempo. Eis uma razão para que os planejamentos contemplem perspectivas futuras e tenham flexibilidade. Para Oliveira, (1992, p 20) Planejamento pode ser conceituado como um pro- cesso, considerando aspectos abordados pelas di- mensões anteriormente apresentadas, desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de modo a ser mais eficiente e efetivo, com a melhor concentra- ção de esforços e recursos da empresa Planejamento é: • Processo sistemático e constante cujos efeitos e consequên- cias deverão ocorrer em futuros períodos de tempo. • Não é um ato isolado; é um composto de ações inter-rela- cionadas e interdependentes que visam objetivos estabelecidos. 21 1.3 Princípios gerais do planejamento São quatro os principais objetivos do planeja- mento, senão vejamos: • Contribuição aos objetivos: o planejamento deve visar os objetivos máximos da empresa. No proces- so de planejamento deve-se hierarquizar os objetivos para alcançá-los em sua totalidade, conseguindo uma interligação entre eles. • O princípio da precedência: trata-se da compreen- são (e aceitação) de que o planejamento é uma fun- ção administrativa que vem antes das outras, como organização, direção e controle. Embora em termos operacionais não seja simples separar e sequenciar as funções administrativas, deve-se considerar, de ma- neira geral, que o planejamento antecede as demais atividades uma vez que aparece na ponta do proces- so com a proposta “do que e como vai ser feito”. • O princípio de maior penetração e abrangência: o planejamento pode provocar uma série de modifi- cações nas características e atividades da empresa, como mostra a figura 01 22 • O princípio da maior eficiência, eficácia e efetivi- dade. O planejamento deve procurar maximizar os resultados e minimizar as deficiências. Para melhor compreender esse quarto princí- pio, recordemos: Eficiência: Fazer as coisas de maneira adequada; Resolver problemas; Salvaguardar recursos aplicados; Cumprir o dever; Reduzir os custos. 23 Eficácia: Fazer as coisas certas; Produzir alternativas criativas; Maximizar a utilização de recursos; Obter resultados; Aumentar o lucro. Efetividade: Manter-se no ambiente; Apresentar resultados globais positivos permanentemente; A efetividade traduz-se na capacidade de a empresa con- seguir coordenar esforços e energias visando o alcance de seus objetivos e a sua manutenção no ambiente; Já a eficácia da empresa está na razão direta de sua capacidade de identificar oportunidades e necessida- des do ambiente e sua flexibilidade e adaptabilidade, visando usufruir dessas oportunidades; Para Ackoff, apud Oliveira (1992, p 24), o planeja- mento tem quatro princípios específicos. 1.4 Princípios específicos do planejamento 24 Planejamento Participativo O principal benefício não é o seu produto, ou seja, o plano, mas o processo envolvido. Nes- sa perspectiva o papel do res- ponsável pelo planejamento não é somente elaborá-lo, mas facili- tar o processo de sua elaboração pela própria empresa em todas as áreas ligadas ao processo. Esse processo “chama” à res- ponsabilidade toda a pirâmide organizacional fazendo-a sentir- -se participante das mudanças na empresa. Planejamento Coordenado Nesse caso todos os aspectos envolvidos devem ser projeta- dos de modo que atuem inter- dependentemente uma vez que nenhuma parte ou aspecto de uma empresa pode ser planeja- do eficientemente se não houver sinergia nesse trabalho com as demais áreas. 25 Planejamento Integrado Nessa modalidade os diferentes escalões da empresa são plane- jados integradamente. Nas em- presas voltadas para o mercado geralmente os objetivos são de- finidos “de cima para baixo” e os meios para consegui-los, “de baixo para cima”. Nas empresas cuja função é servir aos seus membros, esse fluxo é invertido. Planejamento Permanente Na prática todo planejamento é permanente. Trata-se de uma condição exigida pelas turbu- lências do ambiente. Nenhum plano mantém seu valor com o passar do tempo. São mantidos sim, os princípios e valores da empresa ou organização. Suas metas, produtos e serviços, no entanto, são reciclados confor- me as mudanças do ambiente. É importante recordar: existem três níveis de planejamento com definições e alvos diferentes para a sua execução. Vejamos: 26 Embora contenham aspectos de “relatividade”, as diferenças entre o planejamento estratégico e o tático têm as seguintes características: Observando e recordando as características: 1. O nível estratégico trata do prazo mais longo vez Aspectos Planejamento Estratégico Planejamento Tático Prazo Mais longo Mais curto Amplitude Mais ampla Mais restrita Riscos Maiores Menores Atividades Fins e meios Meios Flexibilidade Menor Maior 27 que foca o futuro da empresa ou organização. Consi- dera um conjunto de planejamentos táticos cuja soma deve prever um período maior para a conclusão. 2. Sua amplitude é obviamente maior, pois trata da empresa numa visão sistêmica, ou seja, de todos os seus aspectos e interesses. Já o nível tático trata de determinada parte do todo. 3. O risco embute a amplitude da empresa e maior prazo de execução em relação ao nível tático. 4. O nível estratégico está relacionado às atividades fins e também dos meios da empresa. Já o nível táti- co é mais relacionado à atividade meio. 5. A flexibilidade do nível estratégico é supostamen- te menor, vez que trata das diretrizes futuras da em- presa e, portanto, de sua posição nos ambientes. É preciso lembrar, todavia, que SEMPRE há a possibi- lidade de mudanças e alterações de rumo de acordo com fatores do ambiente externo e que são alheios à vontade das empresas e organizações. Diferenças entre o nível tático e onível operacional: 28 Fundamentalmente, a diferença entre os níveis tático e operacional é que o segundo faz acontecer, põe a mão na massa. Claro, trata-se de uma figura de linguagem, uma vez que todos os profissionais estarão supostamente comprometidos com o desen- volvimento do plano. Tomando como exemplo uma diretriz estraté- gica que trata do desenvolvimento de pessoas ou da redução de custos na produção, teremos os profis- sionais do nível médio (tático) discutindo, analisan- do e planejando as ações decorrentes das diretrizes (do nível estratégico) para implementar cada uma das ações definidas, sempre ouvindo a base da pirâ- mide. Caberão ao pessoal operacional a colaboração e o desenvolvimento dessas ações. Resumo sobre os níveis do planejamento: Relatividade Não existe uma linha divisória perfeita a partir da qual o gestor possa fazer a distinção nítida entre as três modalidades de planejamento. Os três tipos Estratégico: Visão institucional, sistêmica, de longo prazo. O quê/ por quê/ em quanto tempo Tático: Visão sistêmica e ação compartimentada. Como/quando Operacional: Visão operacional. Quem 29 coexistem e devem ser operados continuamente. 1.5. Objetivos do Planejamento Para melhor compreender a formulação dos objetivos em qualquer tipo de planejamento é pre- ciso entender a questão do valor. O planejador deve buscar entender as necessidades do cliente/mercado para melhor direcionar seus objetivos e, portanto, o seu projeto de um novo negócio. Para isso, é necessário entender o valor que está atrelado àquele bem ou serviço a ser produzido. O insumo chave para a compreensão e criação do Valor (recordando que em marketing, o valor de um produto é a expectativa do consumidor quanto aos seus benefícios em relação à quantia real paga pelo produto.) é a análise das necessidades do cliente e a atratividade relativa aos diferentes segmentos de clientes/consumidores: Quem compra? O que com- pra? Por que compra? Onde compra? Definindo proposição de preço/valor: Custo Conveniência Comunicações Necessidades e desejos do consumidor Benefícios do produto/serviço São essas as características básicas a serem ana- lisadas para que se possa iniciar o estudo ou o plane- 30 jamento, visando projeto para determinado produto ou serviço. É a partir da identificação do valor de determinado produto ou serviço que se pode definir um novo projeto. Os Objetivos O trabalho da elaboração do planejamento é iniciado pela definição de objetivos que se preten- de atingir. Pode ser definido como o resultado que se espera alcançar naquele projeto. Logo, objetivo é considerado um evento ao qual se atribui valor. Para Woiler e Mathias, (1996, p 24) os objetivos podem ser retentivos ou aquisitivos. Objetivos retentivos: quando dizem respeito à manutenção de algo que a empresa já possui, como manter a participação no mercado de um determi- nado produto. Objetivos aquisitivos: quando a empresa os define para ganhar algo que ainda não tem como, por exem- plo, lançar no mercado um novo produto ou serviço. Outro aspecto importante na formulação dos objetivos é a sinergia. Como exemplo de uma ação sinérgica positi- va de uma empresa, tome-se o caso de uma rede de supermercados que resolve implantar em seus esta- 31 belecimentos uma rede de restaurantes por quilo. A análise sinérgica inicial da empresa de supermerca- dos está baseada em seu poder de compra de pro- dutos alimentícios e nas possibilidades de utilização desse material de transformação (o gênero alimentí- cio in natura sendo transformado em comida). Mes- mo que não tenha experiência na operação e gestão de restaurantes, a empresa já tem um gatilho inicial favorável alicerçado no seu poder de compra e, por- tanto, de uma matéria-prima (o gênero alimentício/ material de transformação) a preço bastante compe- titivo. Somam-se a esse fator sinérgico seus pontos de venda já conhecidos, com boa localização e com demanda natural em dias úteis e finais de semana praticamente vinte e quatro horas por dia. Como se vê, nesse caso, tem-se a interação de dois ou mais elementos em um sistema capaz de gerar um resultado mais que proporcional à soma dos elementos (os gêneros alimentícios por preços competitivos e os pontos de venda bem localizados e conhecidos) considerados. Já a sinergia negativa dá-se na outra mão de di- reção. Tome-se como exemplo uma empresa que é especializada em produtos eletroeletrônicos e que resolve, numa mesma planta fabril, entrar no ramo de à base de látex como os preservativos, por exem- plo. São dois os fatores que não combinam. Primeiro pela especialidade e tempo de experiência em deter- 32 minado ramo e a escolha de outro produto estranho ao seu sistema fabril. Vale observar que esses são exemplos gene- ralizados sobre o tema. Do ponto de vista merca- dológico uma empresa de marca definitivamente consolidada em qualidade de seus produtos pode eventualmente arriscar-se num outro ramo/produto estranho ao seu portfólio. Imaginemos uma marca como a Nestlé, reco- nhecidamente confiável no ramo de derivados de lei- te e vitaminados, e com fidelidade de consumo pas- sada por gerações. Com base na confiabilidade que seus consumidores têm em sua marca, se ela optasse por produzir preservativos, poderia fazê-lo com a fabricação terceirizada e usando de sua marca. Seria uma simples diversificação do portfólio avançando para um ramo da preservação da saúde e com algu- ma ligação à sua oferta conhecida, que é a de pro- dutos saudáveis, uma vez que não vendem bebidas alcóolicas ou refrigerantes com excesso de açúcar. 33 A especificação dos objetivos: Especificar e deixar claros os objetivos são de grande importân- cia para o planejamento. Quando os objetivos são traduzidos numa forma de desempenho (valores em dinheiro, unidades produzidas/vendidas) fica muito mais fácil medir os resultados do que foi planejado. Hampton, (1992, p 162) afirma que as metas e os objetivos, mais do que simples desejos ou inten- ções, devem passar pelos seguintes testes: 1. São específicos? 2. São realistas? 3. O seu atingimento pode ser verificado? 4. Especificam exatamente quando vão ser atingidas? 5. Incluem alvos intermediários específicos, necessá- rios ao atingimento dos objetivos os quais também se pode medir? Quanto mais específicos, claros e realistas fo- rem os objetivos, mais fácil será medi-los e, portan- to, verificar se o andamento de seu projeto está de acordo com o planejado. Num novo negócio independente, isolado, ou 34 numa grande empresa, o planejamento do projeto e seus objetivos devem estar em consonância com os diferentes setores do negócio/empresa. Quanto mais harmônicos forem os objetivos, mais fácil será interação entre os setores (departamentos, direto- rias, gerências, etc.). Na elaboração do planejamento estratégico é fundamental que sejam definidos o Valor, a Visão e a Missão da empresa. Para entender melhor: • Valor: definido pela cultura da empresa; • Visão: orientação da empresa quanto aos seus rumos; • Missão: é a razão de ser da empresa. Para Kotler, 2001, a missão da empresa deve ser definida em termos amplos, tal como satisfazer alguma necessidade do ambiente externo, e não ser colocada em termos de oferecer algum produto. Para Oliveira, 1991: A missão é a razão de ser da empresa. Neste ponto procura-se determinar qual o “negócio” da empresa, por que ela existe, ou ainda em que tipos de ativida- des a empresa deverá concentrar-se no futuro. Aqui procura-se responder à pergunta básica: “Onde se quer chegar com a empresa?” Missão é uma forma de se traduzir determinado sistema de valores em termos de crenças ou áreas básicas de atu- 35 ação, considerando as tradições e filosofias da empresa. A missão de uma empresa pode ser traduzida em áreas específicas de atuação e empenho que iden- tifiquem seus propósitos. Oliveira, p.99, 1991, cita a missão da BIC, à época: “Produzir e comercializarprodutos descartáveis”. Essa definição ampla permi- tiu à empresa, de acordo com o autor, entrar em linhas de produtos distintos, tais como: canetas, isqueiros e até calcinhas, sempre com alto grau de sucesso. 1.6. Os Ambientes da Empresa No texto foi abordado o ambiente da empre- sa. Para melhor compreensão, recordemos o que é o ambiente. O mundo dos negócios convive com dois am- bientes: o Ambiente externo e o Ambiente interno. Ambiente Externo: Trata dos elementos da vida em sociedade, ou seja, demografia, economia, cenário sociopolítico e cenário tecnológico. Esses elementos formam variáveis nem sempre controláveis e, às vezes, até mesmo imprevisíveis pe- las empresas. Uma decisão governamental que favo- rece, por exemplo, a Argentina, como tem ocorrido na última década, dificulta o mercado para algumas empresas, mas não é uma decisão sobre a qual elas 36 podem influenciar diretamente. O aumento da infla- ção, que pode diminuir o consumo e/ou encarecer as matérias-primas dos produtos também foge ao controle das empresas e organizações. Nos dois ca- sos, a forma de as empresas buscarem interveniência nesses processos dá-se pela ação política no legis- lativo. O que é uma demanda longa e nem sempre certa. Avanços na tecnologia também não estão sob o controle das empresas e elas têm que se adaptar às inovações, ou não sobrevivem. Ambiente Interno: Esse é um ambiente sobre o qual a empresa tem controle. É composto pelos seus elementos internos, a saber: Recursos tangíveis (materiais, matéria prima, instalações e pessoas). Recursos intangíveis (marcas, patentes, confian- ça e fidelidade do cliente). 37 O ambiente interno deve passar pela análise dos Fatores Críticos do Sucesso (FCS) que analisa as atividades-chave do negócio e as especificidades do setor. A análise PFOA (SWOT) é outra importante ferramenta, vez que vai analisar a Potencialidade, as Forças, Fraquezas e Oportunidades que a empresa e/ou seus produtos têm no mercado. 1.7. A análise SWOT ou PFOA Conhecida internacionalmente, a análise SWOT é uma ferramenta que visa analisar diferentes aspectos que envolvem os ambientes das empresas na perspectiva de traçar rumos para o seu futuro ou simplesmente para prospectar possibilidades de um novo projeto. O significado de SWOT, vale recordar, é a jun- ção das palavras em inglês, Forças (Strengths), Fra- quezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportuni- ties) e Ameaças (Threats). As potencialidades e fraquezas estão relaciona- das com o Ambiente Interno das empresas, ou seja, as variáveis internas de seus produtos e serviços. 38 Já as oportunidades e ameaças dizem respeito ao Ambiente Externo e, portanto, são variáveis so- bre as quais as empresas não têm controle. Para um estudo de novos projetos, essa análise é fundamental vez que, através dela, podemos ter uma visão maior das variáveis do mercado que envolvem os produtos e/ou serviços alvos de nosso propósito. 1.8. Definição e Tipos de Projetos Como já vimos, projeto deve ser entendido como um conjunto de informações internas e ex- ternas da empresa, produtos e/ou serviços que são coletadas visando a análise para uma decisão sobre determinado investimento. O projeto não deve ser confundido com as in- 39 formações. Para Woiler e Mathias, (1996, p 27) o pro- jeto não se confunde com as informações, pois ele é entendido como sendo um modelo que, incorporan- do informações qualitativas e quantitativas, procura simular a decisão de investir e suas implicações. Projetos são elaborados para os diferentes seto- res da economia e para os mais variados temas. Den- tro das empresas e organizações existem várias possi- bilidades de projetos que podemos assim classificar: Classificação de projetos no universo das empre- sas e organizações: • Implantação • Expansão e/ou ampliação • Inovação • Modernização • Diversificação • Relocalização Para uma classificação em função do uso e ob- jetivos que ele terá para a empresa do ponto de vista do processo decisório e até a sua implantação, ou não, temos: • Viabilidade • Financiamento • Final (implementação) 40 Para qualquer das modalidades de projeto que a empresa pretende desenvolver, o estudo de viabili- dade é fundamental. 1.9. Projeto de viabilidade Trata-se de um projeto de estudo e análise, vi- sando verificar a viabilidade da proposta ou ideia no nível interno da empresa. Não basta a ideia ou a proposta para o início do estudo de viabilidade. Também para esse projeto há que se ter o aval dos setores de decisão da empresa vis- to que o trabalho demanda tempo e recursos diversos. O projeto de viabilidade toma tempo, envolve pessoas de diferentes áreas, demanda custo e não raro, serviços de terceiros. É um investimento. Desde a ideia inicial é possível que a empresa desenvolva mais de um estudo de viabilidade a de- pender do grau de comprometimento que possa ge- rar a ação objeto do estudo. Os dados, observações e tendências contidas num estudo de viabilidade são de grande impor- tância para a decisão do conselho administrativo de uma empresa. As informações devem ser claras e conter todas as fontes de onde os pesquisadores colheram os dados. Da mesma forma, deve estar disponível toda a memó- ria de cálculo que levou aos resultados apresentados. 41 A redação deve ser clara, sucinta e objetiva. A ar- gumentação que indica a viabilidade ou não do negócio pretendido deve ser facilmente compreensível aos ato- res de decisão na empresa. Um estudo dessa natureza deve conter, minima- mente, a seguinte estrutura/etapas: 1. Análise dos seguintes aspectos: a. Econômicos b. Técnicos c. Financeiros d. Administrativos e. Jurídicos e legais f. Meio ambiente g. Contábeis 1.10. Projeto de financiamento Esse é um documento que visa atender às exi- gências de órgãos financiadores, como bancos ou departamentos de Estado (ministérios ou secretarias de governo). Em geral, os órgãos têm o seu padrão de projeto e que estão disponíveis nos sites para aqueles que preen- chem os requisitos básicos para pleitear aquele recurso. Nessa perspectiva, além dos dados jurídicos e 42 fiscais da empresa, as instituições pedem descrição do planejamento estratégico, do perfil dos sócios ou membros de seu conselho e todas as certidões legais que comprovem ser a empresa uma pessoa jurídica idônea e apta a tomar aquele empréstimo. Não se trata de um projeto que atende apenas as grandes empresas ou somente voltado para ati- vidades lucrativas. Também as instituições que não visam lucro, ou de caráter filantrópico, devem apre- sentar suas justificativas e seus planos, para a aplica- ção dos recursos solicitados. 1.11. Projeto final ou de implementação O projeto final é constituído por um conjunto de informações nas quais a maioria dos parâmetros críticos para implantá-lo já está definida. Também nessa perspectiva o projeto é mais do que um simples orçamento. Trata-se de um docu- mento auxiliar de grande valia no acompanhamento da implantação do projeto. Dele constam as especificações, marcas reco- mendadas, ações a serem desenvolvidas, pessoal a ser contratado, treinamento, etc. 1.12. O projeto e seu papel nas decisões A rigor, o projeto é parte do processo decisório. 43 Uma boa ideia só pode ganhar um processo de maturação com relação ao investimento defini- tivo quando a empresa tem um estudo que aponta para ela as vantagens, desvantagens, riscos e cenários futuros. Sem isso é temerária uma decisão, sobretu- do quando se trata de grandes investimentos. E por grandes investimentos podemos entender valores proporcionais ao capital da empresa que vai implan- tar o novo projeto. Se vinte milhões de reais é algum risco para uma determinada empresa ou organiza- ção, um milhão pode ser ainda maior para uma pe- quena empresa familiar que inicia seus passos. Um projeto pode ser rejeitado ou adiado em qual- quer fase da análise da viabilidade. Porém, à medida que avançar a sua implementação, essa possibilidadevai fi- cando mais difícil. Certamente, é possível que se che- gue a um nível de investimentos (capital, equipamentos, pessoas, serviços) no qual não se pode mais voltar. É o que se chama de ponto de não retorno. A partir desse ponto, o de não retorno, os cus- tos ligados à desistência do negócio são maiores do que aqueles já investidos, e que implicam na implan- tação do negócio. Nesses casos, o risco da desistên- cia é maior do que o do restante do investimento para operar o novo negócio, mesmo que as condi- ções tenham mudado. 44 1.13 A elaboração do projeto Os gastos com a elaboração do projeto não estão entre os itens mais dispendiosos do negócio a ser empreendido. Observemos que, por projeto, deve-se enten- der a fase de estudos preliminares e que vão levantar 45 todos os demais custos. Assim, por exemplo, a am- pliação de uma área fabril, vai ter previsto em seu estudo/projeto os custos dos eventuais projetos de arquitetura e/ou engenharia, bem como outros ser- viços que demandem outros estudos técnicos (equi- pamentos e outras instalações) para a efetiva implan- tação daquilo que se pretende. Enquanto os estudos de viabilidade chegam a alcançar entre 0,5% e 1,5% do valor total dos inves- timentos pretendidos, outros estudos, como os de arquitetura e engenharia, podem variar entre 8% e 12%, a depender do tipo de obra. O mesmo ocorre na área de serviços. O estu- do para o lançamento de um novo produto no mer- cado, uma ação mercadológica que trata apenas da divulgação do produto para o seu lançamento pode custar muito pouco em relação a todos os demais serviços a serem contratados. Elaborados pela em- presa ou por assessores/consultores contratados, o estudo pode ficar bem aquém dos investimentos ne- cessários aos objetivos. Nesse caso específico, podem constar serviços como os de uma agência de publicidade e todas as demais peças que a ação demandar numa campanha, podendo incluir: 46 • Criação de teaser e peças publicitárias • Elaboração de filmes publicitários • Serviços de assessoria de imprensa • Veiculação de filmes e spots • Cerimônia de lançamento • Promoções nos PDV • Veiculação de anúncios em diferentes mídias Os exemplos relacionados têm alto custo no universo da propaganda e, obviamente, serão execu- tados dentro de orçamento compatível com o pro- duto e/ou serviço que estará sendo lançado. O fato é que a definição das ações que supos- tamente demanda aquele produto ou serviço para o seu lançamento começa a ser elaborada no pro- jeto de viabilidade. Nesse exemplo, o levantamento de custos e sua estimativa fazem parte do projeto preliminar. Assim, quando chegar para a apreciação dos decisores, todas as informações - com os custos muito próximos da realidade - poderão ser analisa- das com relativa facilidade. Claro, como veremos mais à frente, a clareza e objetividade da redação de um projeto são funda- mentais para a compreensão de quem deve decidir por aquilo que está ali contido. É preciso considerar que um projeto que trata da viabilidade de um negócio/produto/serviço é ali- 47 cerçado em projeções. E toda a projeção contém in- certezas que são inerentes aos processos de inferên- cia ou informação parcial. Por mais que se levantem dados históricos, projeções de cenários, orçamentos e toda uma coleta de dados que demanda tempo e recursos financeiros, o que se terá em mãos é um cenário projetado muito próximo do que poderá ser real. Sempre dependendo de variáveis internas e ex- ternas que possam ocorrer no tempo existente entre o estudo e a efetiva implantação do projeto. O tempo é um fator primordial nessa questão. A depender de quanto tempo se dá entre a conclusão do projeto, da decisão por ir em frente e da efetiva implantação dele, muitas variáveis podem ter acon- tecido e tudo pode ter mudado. Inclusive os custos ou a demanda de consumidores/usuários/clientes. No Brasil, os projetos de infraestrutura feitos pelos governos, nos diferentes níveis, sofrem com tais variáveis. 48 Com a rapidez dos avanços tecnológicos no sé- culo 21, o tempo faz muita diferença. Equipamentos previstos para determinados projetos podem ganhar obsolescência em pouco tempo. Uma impressora para um parque gráfico pode ficar totalmente ultra- passada em produtividade e custos em pouco mais de um ano. Assim, se uma empresa já utiliza aquela tecnologia, pode utilizar por algum tempo maior o equipamento até substituí-lo por outro. No entanto, para um projeto novo, é melhor que se inicie com uma tecnologia mais nova. Portanto, um lapso de tempo muito grande entre o projeto e sua efetiva implantação pode implicar grandes diferenças orça- mentárias e tecnológicas. Neste capítulo vimos: • O projeto foi desde sempre uma necessidade do ho- mem, mesmo que nos tempos em que isso não era tão claro àqueles que os elaboravam e através dele prepa- ravam as grandes obras ou grandes eventos. • O projeto é parte de um conceito maior, que é o planejamento. • O planejamento por sua vez pode se dar em três níveis: o Estratégico, o Tático e o Operacional. • Para a elaboração do planejamento em suas dife- rentes etapas, as empresas devem levar em conta os seus ambientes. • Os ambientes da empresa são o Ambiente Exter- 49 no e o Ambiente Interno. O Externo diz respeito às variáveis às quais as empresas não conseguem controlar, como a economia, a demografia, cenários políticos e tecnológicos. O Interno diz respeito aos recursos tangíveis e intangíveis da empresa, como máquinas, equipamentos, pessoas, marcas, etc. • A análise PFOA, ou SWOT, que analisa as poten- cialidades, oportunidades, fraquezas e ameaças à em- presa ou do produto e serviço objeto do estudo. • Os tipos de projetos e a importância do estudo de via- bilidade para qualquer tipo de negócio a ser implantado. • Entendemos que um projeto é alicerçado em pro- jeções e orçamentos e, portanto, sujeito a margens de incerteza. E que quanto maior for o lapso de tem- po entre o estudo/projeto e sua implantação, maior pode ser a diferença entre os dados apresentados e uma nova realidade, sempre a partir de variáveis ex- ternas, com maior peso, e de outras internas. 50 51 Exercícios 1. Como você define Projeto? 2. Quais os tipos de planejamento e suas características? 3. O que são os Ambientes Exter- nos e Internos da Empresa? 4. Qual a importância da ferramen- ta da Análise SWOT ou PFOA? 5. Por que o projeto/estudo de via- bilidade é importante para o pro- cesso decisório nas empresas? COBRA, Marcos. Plano estratégico de ma- rketing, 2ª edição. São Paulo. Atlas, 1989. KOTLER, Philip. Marketing para o século 21. São Paulo. Futura, 1999. MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Administração de projetos. 4ª. Edição. São Paulo. Atlas, 2010. OLIVEIRA, Djalma Pinto Rebouças. Pla- nejamento estratégico. 5ª. Edição. São Pau- lo. Atlas, 1991. ROCCATO, Pedro Luiz. A bíblia dos ca- nais de venda e distribuição. São Paulo. M. Books do Brasil, 2008. SABBAG, Paulo Yagisi. Gerenciamento de projetos e empreendedorismo. São Paulo. Saraiva, 2013. Referências 54 SHENHAR, Aaron et DVIR, Dov. Rei- ventando o gerenciamento de projetos. São Paulo. M. Books do Brasil, 2010. SAMSÃO, Woiler. Projetos: planejamento, elaboração, análise. São Paulo. Atlas, 1996. 55
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