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EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 0 CÊNICAS ARTES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 1 CÊNICAS ARTES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 2 CÊNICAS ARTES O presente material de estudo integra o Programa de Formação Continuada em Artes Cênicas de 2016 e se destina aos Professores I de Artes Cênicas, da Rede Municipal de Ensino, regentes do 1º ao 9º Ano. Você encontrará, neste material: • breve histórico do nascimento de nossa disciplina e da criação do cargo de Professor I de Artes Cênicas; • ações pedagógicas promovidas pela Equipe de Artes Cênicas da E/SUBE/CED para os Professores de AC, entre os anos de 2009 e 2015; • textos abordando temas diversos, escritos por colegas da Rede ou por teóricos da Pedagogia do Teatro; • dissertações de mestrado, com temas relativos ao Ensino das Artes Cênicas na Rede Pública Municipal de Ensino, defendidas por Professores Regentes de AC da Rede, em Curso de Mestrado Profissional em AC, da UNIRIO; • ementas e material pedagógico de cursos e palestras, que compõem nosso portfólio de Formação Continuada; • artigos sobre o trabalho pedagógico realizado em Teatro, na Rede, escritos pela Equipe de Artes Cênicas da E/SUBE/CED, publicados no XXV CONFAEB e no III Congresso Internacional de Arte-Educadores, realizado em 2015, em Fortaleza (Ceará) • banco de ideias com sugestões de atividades voltadas para o Ensino Fundamental (1º ao 9º Ano), com base nas Orientações Curriculares de Artes Cênicas da Secretaria Municipal de Educação. O objetivo deste material é qualificar o trabalho dos Professores de Artes Cênicas da Rede, com foco na práxis pedagógica, revitalizando a ação docente e estimulando a troca de experiências. A partir do diálogo entre nossas reflexões, nossos saberes e nossos fazeres, orgulhosamente apresentamos, como construção coletiva, a História da Pedagogia Teatral do Professor de Artes Cênicas na Secretaria de Educação da Cidade do Rio de Janeiro. Professora Lêda Aristides PREZADO PROFESSOR, PREZADA PROFESSORA, EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 3 CÊNICAS ARTES I- BREVE HISTÓRICO DAS ARTES CÊNICAS NA SME h ttp ://lexisfran ce.free .fr/ ARTES CÊNICAS : FAZER, VER E DISCUTIR TEATRO EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 4 CÊNICAS ARTES Acesse o Portal Teatro na Escola, um espaço criado para partilhar informações e reflexões sobre o ensino de teatro na escola: http://www.teatronaescola.com/# !porta-teses-dissertaes- monografias-e/ctbk Estamos no Ano de 1971! A Lei 5692/71 determina a obrigatoriedade do ensino da Educação Artística nos currículos plenos de 1.º e 2.º graus. Para reflexão, leiam o artigo “A Lei 5692/71 e a obrigatoriedade da educação artística nas escolas: passados quarenta anos, prestando contas ao presente”, Da Dr.ª Maria José Dozza Subtil, disponibilizado no link http://dx.doi.org/10.4322/rbhe.2013.006 Por Educação Artística entendia-se o ensino de duas das seguintes linguagens: Artes Plásticas, Educação Musical e Artes Cênicas. Para cumprimento da Lei na Rede Pública de Ensino do Município do Rio de Janeiro, são convidados a lecionar Artes Cênicas professores de outras disciplinas. Como autodidatas, esse professores vão construindo, através de contracenas e de alguns ensaios, os conceitos pedagógicos das Artes Cênicas. Esse mesmo grupo de professores constrói, em 1980, as primeiras Orientações Curriculares. A partir do trabalho desses profissionais em Comissões de Estudo e da articulação com os níveis local, regional e central da SME, é criado o Cargo de PI Regente de AC (D.O. Rio de 1.º de março de 1988). Na ocasião, foram nomeados, para esse cargo, 117 Professores de outras disciplinas, que já atuavam com Artes Cênicas em sala de aula há, pelo menos, 2 anos, e que haviam participado de Cursos de Teatro na Educação, dentro e fora da SME. As Comissões de Estudo, através de parcerias com a UNIRIO – que já possuía uma Faculdade de Teatro – conquistaram alguns caminhos acadêmicos, como a criação dos seguintes cursos: Licenciatura Curta em Educação Artística (1979/1980); Especialização em Arte-Educação (1984/1985) e Licenciatura Plena em Artes Cênicas (1989). A partir da promulgação da Constituição Federal, em 1988, o acesso ao Cargo de PI de Artes Cênicas passou a ser provido, através de concurso público, por PsI com Licenciatura Plena em Artes Cênicas. Somos, portanto uma das Áreas de Conhecimento mais nova do currículo escolar: temos, apenas, 34 anos de vida!!! Nascia, legalmente, um novo componente curricular: as Artes Cênicas. Mas havia um porém: como cumprir a Lei se ainda não fora criado o cargo de Professor de Artes Cênicas? Início do caminho: criando nossa própria história! EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 5 CÊNICAS ARTES II- EQUIPE DE ARTES CÊNICAS: AÇÕES PEDAGÓGICAS (2009-2015) h ttp ://lexisfran ce.free .fr/ ARTES CÊNICAS : FAZER, VER E DISCUTIR TEATRO EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 6 CÊNICAS ARTES Ano 2009 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 7 CÊNICAS ARTES 6.º Ano Conversando um pouco... Caro(a) Aluno(a), bem-vindo a 2009! Este é um ano muito importante. Você inicia uma nova etapa escolar. Muitas coisas novas acontecerão e haverá disciplinas diferentes. Uma das novidades é que você terá aulas de Artes Cênicas que, no Município do Rio de Janeiro, significa estudar e conhecer Teatro! Provavelmente, chegarão novos amigos e você estará mais aberto a conhecer pessoas e mais atento ao que se passa à sua volta. Faz parte do seu desenvolvimento, nesta etapa da vida, ficar mais curioso, pensar e refletir melhor sobre o que acontece a você. Portanto, será bom conversar com os seus familiares, amigos e Professores. Eles poderão ampliar suas ideias e o ajudarão a compreender melhor o mundo. Nesse sentido, as Artes Cênicas também poderão ajudá-lo bastante: através das atividades relacionadas ao estudo do Teatro, você terá ainda mais contato com textos; poderá movimentar seu corpo de diversas formas; poderá criar lugares reais ou não, onde as histórias inventadas ou lidas serão representadas por você e por seus colegas de turma. Enfim, você vai aprender muitas coisas novas e também se divertir muito. A – OS ELEMENTOS DO TEATRO: ENTRANDO EM CENA! A comunicação é um elemento importante para o ato de representar. É necessário não apenas que atores e plateia se comuniquem, mas também que atores, cenógrafos, sonoplastas, diretores, iluminadores, contrarregras e todos que participam de um espetáculo tenham uma boa comunicação. O Teatro é um trabalho coletivo, de equipe, de cooperação e de responsabilidade. Para que o teatro aconteça, muitos elementos precisam entrar em cena. Quando estudamos o Teatro em sala de aula, utilizamos o jogo teatral. Como o próprio nome diz, o jogo teatral caracteriza-se pelo ato de “jogar” teatro, ou seja, brincar de faz-de-conta, de fazer teatro. E tanto “joga o teatro” aqueles que fazem o papel de atores como os que fazem o papel de plateia. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 8 CÊNICAS ARTES Para que o jogo teatral aconteça, são necessários: • Ação - atividades realizadas no palco, para que uma história seja encenada. No Teatro, não podemos apenas contar uma história: é preciso fazer com que ela seja mostrada através da ação teatral. Uma história teatral é sempre um faz-de-conta. Por essa razão, a ação pode acontecer no passado, no presente ou no futuro. Podemos, em uma hora ou menos, contar a vida de uma pessoa desde seu nascimento até sua velhice. No teatro é possível representar, através da ação, uma história imaginária e fazer com que ela seja encenada como se fosse real. • Personagem – é um elementodo jogo teatral. Pode ser humano ou não e, na cena, é representado por um ator. • Espaço - o lugar onde o jogo teatral acontece, onde os atores representam a história de seus personagens. Quando assistimos a um espetáculo teatral, outros elementos também entram em cena: • Edifício teatral – lugar onde acontece o espetáculo. O Teatro João Caetano, o Teatro Carlos Gomes e as Lonas Culturais são alguns exemplos de lugares da cidade do Rio de Janeiro onde acontecem espetáculos teatrais. • Palco – espaço onde se dá a cena. Há vários e diferentes tipos de palco. Seu Professor poderá ajudá-lo, mostrando fotos ou desenhos dos tipos mais importantes. • Texto – elemento que dá base ao trabalho. Há vários tipos de textos teatrais. No teatro, o texto pode ser falado ou não, isto é, pode ser representado sem palavras. • Ator – pessoa que dá vida ao texto e que empresta seu corpo, seus sentimentos, sua voz e seus movimentos para caracterizar um personagem. • Figurino – roupa que os personagens vestem ou os adereços que utilizam. • Iluminação – a luz valoriza os elementos presentes na cena, como os atores e os objetos. • Sonoplastia –música ou sons que representam a história, uma cena ou um personagem. A sonoplastia pode aparecer como um fundo, como uma pausa, marcando a aparição de um personagem ou criando um determinado clima. • Cenografia –cenários, ambientação do espaço em que as cenas acontecem. Numa história encenada pode existir mais de um cenário. • Encenador/Diretor –aquele que dirige e concebe a ideia de como a peça deve ser encenada. Há várias formas de dirigir ou de conceber um espetáculo. • Contrarregra –elemento muito importante no decorrer do espetáculo. Entre outras atividades, o contrarregra ajuda a mudar ou organizar o cenário, retirando o que não será mais usado, ou colocando algum elemento novo na cena. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 9 CÊNICAS ARTES B – FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES Você pode fazer teatro: • Sendo um CENÓGRAFO, quando imagina ou desenha lugares onde alguma ação teatral pode acontecer. Pense onde ficarão os objetos, quais as cores que eles possuem, de que eles são feitos. Se eles são objetos que já existem na vida real ou se são objetos inventados por você. Pense que função eles têm, para que servem... DICAS • Sendo um AUTOR de textos teatrais, quando inventa histórias na sua imaginação ou as escreve no papel. Mas nunca se esqueça de que uma história de teatro deve sempre ter uma ação (um acontecimento), um lugar onde a ação acontece e personagens que participam da ação. DICAS • Se a história for muito grande, divida-a em cenas. • Dê nome e características aos personagens. Imagine como eles se vestem, como andam ou qual é o seu tipo físico... • Imagine o local onde a cena acontece. • Imagine uma história onde ninguém pode falar. • Invente as histórias com algum amigo ou até mesmo sozinho. Esse é um exercício que você pode fazer no recreio, na sala de aula, em casa ou até mesmo dentro do ônibus. Para não esquecer, escreva tudo num caderno. • Mostre o que você escreveu ou conte o que você imaginou para seu Professor. Ele(a) poderá lhe dar outras orientações. • Para ter boas ideias, observe os objetos. Veja de que são feitos, como são suas formas e cores. Como foram colocados nos lugares. • Quando andar pela rua ou andar de trem ou de ônibus, observe as paisagens e o que elas contêm. • Experimente fazer maquetes, de papel ou papelão, desses lugares e de cenários criados por você ou por seus colegas. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 10 CÊNICAS ARTES Você pode fazer teatro: • Sendo um ATOR, quando você representa algum personagem. Então imagine como ele anda, como gesticula, como se movimenta. Se tem algum cacoete. Um gesto especial de passar a mão pelo cabelo ou um jeito diferente de andar. Quais suas emoções e sentimentos. Se ele está triste, se está alegre. Em que momento e situação ele se encontra na cena. DICAS • Imagine algum personagem e escreva todas as características dele numa folha de papel em branco. Escreva onde ele está e o que está fazendo. Ao lado, escreva tudo que você acha que ele pode estar usando, dependendo da hora, do local e da sua atividade. • Não se esqueça de pensar se ele usa um chapéu, uma bandana, um cinto especial ou um outro elemento importante para descrevê-lo. • Observe as pessoas. Veja como elas se comportam, o jeito de elas falarem. Umas gesticulam muito, outras falam baixinho. • Quando for para a escola, observe tudo à sua volta. Os animais, as pessoas andando nas ruas, o vento nas árvores... Tudo poderá ser um bom material para você compor um personagem. • Na aula de Artes Cênicas, exercite-se, agindo como um personagem. Mas não se esqueça de que você não é ele. Está só representando, fazendo de conta! • Sendo um FIGURINISTA, quando você cria uma roupa ou um adereço para caracterizar um personagem. Pense em como é esse personagem. Ele é uma pessoa? É uma árvore? Um tigre? Uma pulga? Quais são as suas características? Como ele se veste? Quais as cores de sua vestimenta? Ele é pobre? É rico? É velho? É um ser de outro planeta? É uma criança? Está dormindo? Está trabalhando? Usa algum chapéu? Carrega um guarda- chuva? Uma bolsa de compras? Qual ação está realizando na cena? DICAS EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 11 CÊNICAS ARTES Um bom espetáculo! • Sendo um SONOPLASTA, quando você cria o som ou a música para uma determinada cena ou para um determinado personagem DICAS Agora que você já vivenciou alguns elementos do Teatro, é hora de jogar! Com um colega, escreva uma cena que contenha uma ação, o lugar onde essa ação ocorre e os personagens envolvidos. Escolham a sonoplastia e pensem no cenário. Não se esqueçam do figurino. Seu Professor irá orientar você e seus colegas a encenarem um jogo teatral. Então... Divirtam-se !!! • Um bom exercício é listar algumas músicas e colocar ao lado das cenas que elas trazem à sua lembrança. • Se a cena for de terror, qual sol ou música seria ideal? Se for um dia de vento fraco, qual seria o som? • E se fosse o freio de um carro? EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 12 CÊNICAS ARTES 7.º Ano Conversando um pouco... Caro(a) Aluno(a), bem-vindo a 2009! Este ano deverá ser para você um momento de desafios. Se você está iniciando seu período de adolescência, muitas transformações ocorrem! Sua maneira de pensar está mais abrangente. Seus pensamentos se ocupam com mil ideias diferentes. Uma música, um passeio, uma pessoa especial... Seu grupo de amigos, agora, tem uma importância grande em seu dia a dia e as conversas ficam intermináveis. Sem contar as transformações que também estão ocorrendo em seu corpo, tanto interna como externamente. Os sentimentos se alternam... Bem, e as Artes Cênicas? Como poderão ajudar? De muitas formas! Vejamos: quando encenamos, nos transformamos em personagens de histórias. Histórias muitas vezes parecidas com as nossas próprias histórias. Personagens muitas vezes parecidos conosco. Outras vezes, ao contrário, os personagens são totalmente diferentes. Mas, de uma maneira ou de outra, podemos fazer-de-conta que somos eles e, então, nos transformar. Através dos personagens, podemos falar dos sentimentos e, muitas vezes, percebemos algumas soluções que servem para nossos problemas reais. Então... Vamos experimentar? EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 13 CÊNICAS ARTES O Teatro na Antiguidade: Como tudo começou... Estamos na Grécia, no séc. V a.C., ano 500, aproximadamente. Numa praça do velho mercado de Atenas, uma grande festa está sendo organizada. O objetivo é agradecer ao deus do vinho, Dionísio,pela colheita de uva deste ano. De repente, um cidadão, de nome Tépis, vestido com uma túnica rústica e usando uma máscara no rosto, desce do alto de uma carroça e exclama para o povo de Atenas: – Eu sou Dionísio! Tépis se dizia Dionísio, o deus do vinho. Acontecia, naquele momento, uma representação, um faz-de-conta de que “eu sou o outro”. Apresentava-se, diante de uma plateia, pela primeira vez um ator representando um personagem: Tépis representava Dionísio! Com o passar do tempo, nas festas de colheita da uva, as procissões (conhecidas como Ditirambos), que eram dedicadas a Dionísio, foram ficando mais elaboradas e necessitaram de pessoas que as organizassem. Surgiram, então, os diretores de Coro. As procissões juntavam, aproximadamente, vinte mil pessoas que dançavam, cantavam e apresentavam diversas cenas com peripécias do deus Dionísio. Tépis foi o primeiro diretor de Coro a dirigir a procissão de Atenas nas festas. Para isso, ele desenvolveu o uso de máscaras para representar, tendo em vista o grande número de participantes. A máscara servia para amplificar sua voz e para ele ser visto a longas distâncias. O Coro tinha como função narrar as histórias do personagem Dionísio, através da representação, das canções e das danças. O Coro também passou a ser o intermediário entre o ator e a plateia e também trazia a conclusão da história. Quando Tépis, do alto da carroça, disse: “Eu sou Dionísio”, ele se tornou o primeiro respondedor de Coro. Em razão disso, surgiram os diálogos, e Tépis, então, se tornou o primeiro ator de teatro. Com o tempo, uma grande plataforma fixa viria a substituir a carroça improvisada por Tépis. Nela, foi instalado um palco onde se poderia, então, montar um espetáculo completo. Os atenienses amavam profundamente o teatro, pois, além de ser um divertimento, era educativo. Por isso, mulheres e crianças também podiam assistir às representações. Somente aos homens cabia a função de ator e os papéis femininos eram também representados por homens. A- FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 14 CÊNICAS ARTES Os festivais de teatro ocorriam em teatros de pedra, ao ar livre, e tinham grande importância. Neles, eram sempre apresentadas tanto tragédias como comédias. Os festivais eram financiados pelos cidadãos ricos, enquanto o governo pagava aos mais pobres para que estes pudessem comparecer às apresentações. Os atores também eram pagos pelo seu trabalho. As apresentações duravam vários dias e começavam com a procissão em homenagem ao deus Dionísio, que passou a ser considerado, depois, como o deus protetor do teatro. Como as apresentações se realizavam durante as festas dionisíacas, eram consideradas parte dos festejos religiosos da época. Por isso, nas apresentações inaugurais, sempre compareciam as pessoas mais importantes da sociedade grega: os magistrados e os sacerdotes de Dionísio. A plateia acompanhava as peças o dia todo e participava intensamente das encenações. No palco, os atores continuavam a usar máscaras, tanto para serem melhor visualizados como para amplificar a voz e para mostrar o sentimento da cena representada. As máscaras eram feitas de pano engomado e pintado e eram decoradas com perucas. Os atores usavam também roupas acolchoadas e sapatos de sola bem alta, que chamavam de coturnos, para serem vistos de longe. Embora os atores fossem importantes e fizessem sucesso, os grandes ídolos do teatro, nessa época, eram os autores das histórias. Muitos anos depois, a partir do Império Romano, que sucedeu a civilização grega, as principais ideias sobre o teatro grego foram seguidas pelos romanos. E, no século IV, os espetáculos já não eram necessariamente ligados ao culto religioso do deus Dionísio (que os romanos chamavam de Baco). Nessa época, porém, a tragédia e a comédia já estavam em decadência. Os romanos preferiram o gênero cômico, que perdeu, em seus textos, o tom político e religioso, mas ganhou bastante originalidade. Logo depois os romanos se encantaram pelo circo que, na época, era voltado para as lutas entre gladiadores e animais. Máscaras do Teatro Romano de Saragoça EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 15 CÊNICAS ARTES • Desenhe o cenário da praça de Atenas no momento em que Tépis se declara Dionísio • Desenhe Roma, o circo de gladiadores ou crie uma maquete. • Construa, com papel pardo ou outro material, as máscaras do Teatro. Faça a da Tragédia e a da Comédia. • Pesquise na internet ou no dicionário o significado das palavras tragédia e comédia. Escreva no caderno as definições encontradas. • Procure em jornais uma notícia que você e seus colegas classificariam como tragédia e outra que vocês classificariam como comédia. Converse com os colegas e com o Professor sobre essas histórias. • Construa a maquete do Teatro de pedras. Seu Professor poderá trazer imagem desses teatros ou, então, pesquise na internet. • Não se esqueça de colocar na Arena os atores vestidos com suas túnicas, máscaras e coturnos e de colocar a plateia na arquibancada. Peça ao seu Professor para montar uma exposição com o seu trabalho e o dos seus colegas. Conversem sobre os trabalhos expostos. Façam comentários do que mais chamou a atenção. • Pesquise os grandes autores da Tragédia e da Comédia que foram ídolos na Grécia e na Roma antigas. Coloque ao lado o nome de algumas peças que eles escreveram. • Veja com o seu Professor qual era o tema principal dessas histórias e quais eram os autores mais importantes. B- FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES DICAS • Você pode desenhar a cena toda ou só um detalhe. Ex.: a carroça, a praça. • Use cores. Pense nas uvas, na colheita, nas carroças e nas pessoas enfeitadas. • Faça uma maquete com papel e cola, se não quiser desenhar. Ou então ,faça recorte e colagem com revistas ou outros materiais. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 16 CÊNICAS ARTES Para esta atividade, vamos resumir uma tragédia grega. Esta peça chama-se Antígona e foi escrita por Sófocles, um grande autor grego da época. A história começa com a personagem Antígona, que deseja sepultar o irmão, mas encontra dificuldade, pois o rei, Creonte, proibira o sepultamento dos que cometeram algum ato ilegal. Antígona, porém, desafia a lei e enterra o irmão. Furioso, o rei ordena que ela seja capturada e levada até ele. Ao invés de fraquejar, Antígona enfrenta o rei: “Não fui feita para o ódio, e sim para o amor”, exclama a jovem. Mesmo sabendo que ela iria se casar com seu filho, Hemon, Creonte não cede. Hemon roga, em vão, pela amada. Mas, por ordem de Creonte, Antígona é condenada a ser emparedada numa caverna, até morrer. Tirésias, profeta e sacerdote cego, reprova Creonte por profanar o corpo do irmão de Antígona, advertindo-o de que será punido pelos deuses. – Que valor pode haver em apunhalar o apunhalado? pergunta Tirésias. O rei, apesar de se revoltar contra o profeta, decide libertar Antígona. Porém, é tarde demais: um mensageiro relata que ela preferiu enforcar-se a aguardar a morte lenta. Hemon, o filho de Creonte, ao encontrar a noiva morta, apunhala-se. Eurídice, esposa de Creonte, ao saber da morte de seu único filho, também se mata. O rei, ao ver toda sua família morta, lamenta-se pelos seus atos, e mais ainda por não ter atendido ao desígnio dos deuses, o que lhe custou a vida de todos aqueles que lhe eram queridos. C- FAZENDO ARTE: JOGANDO O TEATRO, “FAZENDO-DE-CONTA” Abaixo, transcrevemos o resumo de uma tragédia grega. Leia e compreenda o texto. Troque ideias com um amigo. Veja se vocês entenderam as mesmas coisas. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 17 CÊNICAS ARTES • Liste os personagens da história. • Escreva um roteiro e crie falas para os personagens, a partir da história contada. • Como você imagina que foia conversa entre Antígona e o rei Creonte? • Crie falas para Hemon, ao ver a noiva morta. • O que Eurídice diz a Creonte quando percebe que seu filho também está morto? Crie um possível diálogo entre os dois. • Peça ao seu Professor para trazer o trecho original da tragédia que corresponde à cena que vocês escreveram. • Em grupo, crie um jogo teatral, utilizando o resumo sugerido. • Vale também fazer apenas uma parte da história, uma cena escolhida por vocês. Seu Professor poderá ajudá-lo nos ensaios e relembrá-lo dos elementos que fazem parte de um jogo teatral. DICAS • Não se esqueça de arrumar o cenário e de criar uma sonoplastia para a cena que será representada. • Depois, em grupo, converse sobre o resultado do trabalho, o que vocês aprenderam e o que foi mais fácil ou mais difícil de fazer. O que poderia ser melhorado? • Fale com o Professor e repita a atividade com uma comédia grega. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 18 CÊNICAS ARTES 8.º Ano Conversando um pouco... Caro(a) Aluno(a), bem-vindo a 2009! A vida é repleta de desafios e de transformações. Existe, porém, um período na vida em que essas transformações ganham maior amplitude. É o período chamado de adolescência. O pensamento se torna mais abrangente e dialógico. A mente se ocupa com mil ideias diferentes. Uma música, um passeio, uma pessoa especial... O grupo de amigos, agora, tem grande importância em seu dia a dia e as conversas se tornam intermináveis. Sem contar as transformações que também estão ocorrendo em seu corpo, tanto interna quanto externamente. Os sentimentos se alternam... Ora alegria, ora tristeza, por qualquer coisinha... Bem, e as Artes Cênicas? Como poderão ajudar? De muitas formas. Quando encenamos, nos transformamos em personagens de histórias. Histórias muitas vezes parecidas com as nossas próprias histórias e personagens muitas vezes parecidos conosco. Outras vezes, ao contrário, os personagens são totalmente diferentes. Mas, de uma maneira ou de outra, podemos fazer- de-conta que somos eles e, então, nos transformar. Através dos personagens, podemos falar dos sentimentos e, muitas vezes, percebemos algumas soluções que servem para nossos próprios problemas. Então... Vamos experimentar? EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 19 CÊNICAS ARTES Os colonizadores encontraram, nos povos indígenas brasileiros, uma facilidade natural para a música e a dança, o que facilitava o desenvolvimento do teatro. A partir do teatro, os padres jesuítas iniciaram um movimento de catequese dos povos indígenas: eles ficavam fascinados pela representação e, através dela, o aprendizado era muito mais rápido e fácil. Nessa época, o Padre Anchieta, com seus autos de catequese, foi o maior responsável pelo ensinamento do teatro e pela autoria das peças. O teatro se inicia, no Brasil, como um teatro de catequese, didático, isto é, com o objetivo de ensinar. As peças eram escritas em tupi, português ou espanhol e, mais tarde, também em latim. Os personagens eram santos, demônios ou imperadores. Algumas vezes, eles também representavam o Amor, O Medo ou o Temor a Deus. Com o tempo, nas escolas dos jesuítas, chamadas Companhias de Jesus, o teatro tornou-se matéria obrigatória. Porém, nessas escolas, os personagens femininos eram proibidos, a não ser que representassem Santas. Os atores dessa época eram índios já domesticados, futuros padres e alguns não índios. As peças eram apresentadas nas Igrejas, praças e colégios. Além dos Autos, outros estilos teatrais, também introduzidos pelos jesuítas, foram os Pastoris e o Presépio, que passaram a ser representados nas festas folclóricas. FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Converse com seus colegas, em duplas ou trios, sobre o tema Colonização. Quais os pontos positivos e negativos da colonização? O que ganham ou perdem os dois países. Converse também com seu Professor de Artes Cênicas ou seu Professor de História. Pesquise a palavra colonização no dicionário. Veja o que dizem as outras pessoas sobre esse assunto. • Pesquise o significado dos estilos teatrais: auto, presépio e pastoril. • Peça ao Professor para dividir a turma em dois grupos. Um grupo desenha a roupa dos portugueses e jesuítas e outro desenha a vestimenta dos indígenas. Esses elementos podem, mais adiante, se tornar esboço de figurinos para uma futura cena. Façam o mesmo com o cenário: casa dos índios, “habitat”, transporte dos portugueses e dos indígenas, objetos utilizados pelos dois grupos e mais outras ideias que vocês tiverem. • Depois, façam os desenhos em tamanho natural, usando seu próprio corpo como modelo, deitado sobre duas folhas de papel pardo coladas (para que fiquem maiores). Um colega pode ajudar você, desenhando o contorno do seu corpo. Ponha roupas confeccionadas com papeis diferentes. Se todos pendurarem esses personagens, pelo espaço vazio da sala, com seus figurinos, eles poderão servir de cenário para a representação de um Auto ou de alguma história que vocês inventarem. O Professor de Artes Cênicas gostará de ajudá-los a montar essas histórias e esses cenários! O TEATRO NO BRASIL A- TEATRO DOS JESUÍTAS – SÉCULO XVI Vamos fechar os olhos e imaginar que estamos no século XVI. O Brasil recém-descoberto. Os portugueses tentando colonizar os povos indígenas que aqui viviam. Como se fazer entender? Imagine as diferentes tentativas de comunicação. Lembre-se dos livros que você já consultou e que já pesquisou e de como também eram diferentes as vestimentas dos portugueses, padres e indígenas. Tudo era diferente: as formas de falar, de vestir, de pensar, de viver, de se movimentar, de acreditar no mundo... EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 20 CÊNICAS ARTES B- SÉCULO XVII Neste século, as peças escritas pelos jesuítas, principalmente as que tinham o objetivo da catequese, começaram a escassear. Outros tipos de atividades teatrais também ficaram escassos, pois foi uma época de crise, com muitas lutas. As poucas encenações dependiam de ocasiões especiais como as festas religiosas ou cívicas. Algumas comédias foram apresentadas na aclamação de D. João IV, em 1641. C- SÉCULO XVIII Na segunda metade deste século, as peças teatrais voltaram a ser apresentadas com certa frequência. Vários palcos ou tablados foram montados em praças públicas, com a intenção de apresentar peças educacionais. As igrejas e alguns palácios de governantes também serviram de palco para os atores. Com isso, surgiram as primeiras companhias de teatro, que foram chamadas de Casas de Ópera. Essas casas apresentavam peças teatrais por alguns meses e até durante um ano inteiro, permitindo que atores fossem contratados. Nessa época, os atores eram, em sua maioria, descendentes dos povos africanos e pertenciam às classes sociais mais baixas. Havia um grande preconceito em relação à atividade teatral, e as mulheres eram proibidas de entrar em cena. Os papéis femininos eram representados pelos homens, que se travestiam de mulheres – e por isso eram chamados de travestis. Quando finalmente as mulheres foram liberadas para se tornarem atrizes, a “má fama” da classe artística fazia com que houvesse poucas representantes do sexo feminino. A vinda de D. João VI para o Brasil estimulou, consideravelmente, a atividade teatral. Ele baixou um decreto, em 1810, determinando que se construíssem mais e melhores teatros. A primeira companhia teatral, totalmente brasileira, estreou em 1833, com uma peça dirigida pelo teatrólogo João Caetano. Nessa época, a plateia participava bastante das encenações e aproveitava para fazer manifestações em favor dos ideais da República. Quando o Imperador D. Pedro estava presente, o público reagia de maneira diferente, sem manifestações e cuidadosamente vestido. Embora, em sua maioria, os atores fossem descendentes de negros, os negros não compareciamao teatro como público. No palco, encenando, cobriam o rosto com maquiagem teatral branca e vermelha. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 21 CÊNICAS ARTES D - SÉCULO XIX E SÉCULO XX E SÉCULO XXI A partir de 1838, muitas peças foram influenciadas pelo período Romântico, que era um movimento das Artes. Nesse período, dava-se importância aos elementos nacionais, à grandeza e à riqueza do nosso país, à igualdade entre os brasileiros, entre outras questões. A peça “O juiz de paz na roça”, de autoria de Martins Pena, é considerada a primeira comédia de costumes brasileira e seu autor é considerado o verdadeiro fundador do teatro nacional. Em um período de dez anos, ele escreveu 28 peças. Artur Azevedo é um autor também do final desse período (final do século XIX e início do século XX), período que se chamava Realismo. Azevedo escrevia o gênero teatral Revista, que era composto de peças com temas mais leves. Machado de Assis também teve grande importância para o teatro brasileiro e muitas das suas histórias também foram encenadas. Mais recentemente, temos nomes importantes como o dramaturgo Oduvaldo Viana, os atores Procópio Ferreira e Dulcina de Moraes e também Paschoal Carlos Magno, que, em 1938, lançou e dirigiu o Teatro do Estudante do Brasil. Nelson Rodrigues é autor de várias peças e revoluciona a dramaturgia brasileira. Uma de suas peças mais conhecidas é Vestido de Noiva, encenada pelo grupo de teatro amador Os Comediantes, do Rio de Janeiro. Esta peça teve a direção de Ziembinski e inaugurou o TBC (Teatro Brasileiro de Comédias). FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Com a ajuda de seu Professor, consiga cópias de algumas peças teatrais de Martins Pena, Machado de Assis ou Artur de Azevedo e faça um jogo teatral com trechos de uma cena ou algumas falas. Cada grupo pode escolher um trecho diferente. (www.biblio.com.br) EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 22 CÊNICAS ARTES — Cena III — O Gerente, Figueiredo Figueiredo — Ó seu Lopes, olhe que, se isto continuar assim, eu mudo-me! O Gerente (À parte.) — Que dizia eu? Figueiredo — Esta vida de hotel é intolerável! Eu tinha recomendado ao criado que me levasse o café ao quarto às sete horas, e hoje... O Gerente — O meliante lhe apareceu um pouco mais tarde. Figueiredo — Pelo contrário. Faltavam dez minutos para as sete... Você compreende que isto não tem lugar. O Gerente — Pois sim, mas... Figueiredo — Perdão; eu pedi o café para as sete e não para as seis e cinquenta! O Gerente — Hei de providenciar. Trecho da peça “A Capital Federal”, de Artur Azevedo. w w w 1.fo lh a.u o l.co m .br/ EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 23 CÊNICAS ARTES E – DÉCADAS DE 60, 70, 80, 90 EM DIANTE. O TEATRO CONTEMPORÂNEO Nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil passava por uma ditadura política e a censura vetava grande parte de espetáculos e de textos artísticos. Nesse período, temos nomes de destaque, entre dramaturgos, atores e atrizes, peças e grupos de teatro: Plínio Marcos, Leilah Assumpção, Oduvaldo Viana Filho, Ruth Escobar Fauzi Arap, Naum Alves de Souza, Mauro Rasi, Gerald Thomas, Zé Celso, Antunes Filho, Hamir Hadad, Augusto Boal e grupos teatrais como TBC, Oficina, Arena, grupo Tapa, entre outros. FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Em casa, com pessoas mais velhas, converse sobre o período da censura (anos 60 e 70). Veja o que eles lembram dessa época. • Converse com seu Professor sobre as características do teatro contemporâneo. • Procure em jornais, na seção de teatro, se há algum grupo de teatro contemporâneo em cartaz. Procure saber, descobrir, no site desses grupos, o tipo de teatro que eles apresentam. • Escolha, em seguida, uma notícia de jornal, uma poesia ou um texto interessante e encene com um grupo. Seu Professor poderá ajudá- lo nesta tarefa DICAS • Uma das características do TEATRO CONTEMPORÂNEO é encenar textos literários, não teatrais. Você pode encenar também só com alguns fragmentos do texto. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 24 CÊNICAS ARTES 9.º Ano Conversando um pouco... Caro(a) Aluno(a), bem-vindo a 2009! A vida é repleta de desafios e de transformações. Existe, porém, um período na vida em que essas transformações ganham maior amplitude. É o período chamado de adolescência. O pensamento se torna mais abrangente e dialógico. A mente se ocupa com mil ideias diferentes. Uma música, um passeio, uma pessoa especial... O grupo de amigos, agora, tem grande importância em seu dia a dia e as conversas se tornam intermináveis. Sem contar as transformações que também estão ocorrendo em seu corpo, tanto interna quanto externamente. Os sentimentos se alternam... Ora alegria, ora tristeza, por qualquer coisinha... Bem, e as Artes Cênicas? Como poderão ajudar? De muitas formas. Quando encenamos, nos transformamos em personagens de histórias. Histórias muitas vezes parecidas com as nossas próprias histórias e personagens muitas vezes parecidos conosco. Outras vezes, ao contrário, os personagens são totalmente diferentes. Mas, de uma maneira ou de outra, podemos fazer-de-conta que somos eles e, então, nos transformar. Através dos personagens, podemos falar dos sentimentos e, muitas vezes, percebemos algumas soluções que servem para nossos próprios problemas. Então... Vamos experimentar? TEATRO NO BRASIL A- SÉCULO XX E XXI Em 1922, houve um movimento muito importante para as Artes no Brasil. Esse movimento chamou-se Semana da Arte Moderna e aconteceu em São Paulo. O Brasil, nessa época, atingia prosperidade industrial e São Paulo era considerado um centro cultural, onde muitas ideias fervilhavam. A Semana da Arte Moderna era um movimento revolucionário e pretendia romper com as regras mais rígidas do período Romântico. Essa experimentação de liberdade artística apresentou-se na Literatura, na Dança, na Música, nas Artes Plásticas e também no Teatro. No teatro, como representante dessa época, temos o autor Oswald de Andrade, que escreveu a peça O Rei da Vela, em 1933, que foi encenada em 1967, pelo grupo Oficina, sob a direção de José Celso Martinez Correa, diretor teatral conhecido como Zé Celso e que continua à frente do Teatro Oficina até os dias de hoje, quando o grupo está comemorando 50 anos de existência. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 25 CÊNICAS ARTES DICAS • Uma das características do Teatro Contemporâneo é encenar textos literários, não teatrais. • Você pode encenar, também, apenas alguns fragmentos do texto. • Peça ao seu Professor de Artes Cênicas que lhe mostre outras características do teatro contemporâneo.. Nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil passava por uma ditadura política e a censura vetava grande parte de espetáculos e de textos artísticos. Nesse período temos nomes de destaque, entre dramaturgos, atores e atrizes, peças e grupos de teatro: Plínio Marcos, Leilah Assumpção, Oduvaldo Viana Filho, Ruth Escobar Fauzi Arap, Naum Alves de Souza, Mauro Rasi, Gerald Thomas, Zé Celso, Antunes Filho, Hamir Hadad, Augusto Boal e grupos teatrais como TBC, Oficina, Arena, grupo Tapa, entre outros. FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Com o Professor de História ou em casa, com pessoas mais velhas, converse sobre o período da censura (anos 60 e 70). Veja o que eles se lembram dessa época. • Com o Professor de Língua Portuguesa, você pode conseguir informações sobre o Modernismo e a Semana de Arte Moderna. Foi um período bastante interessante. Procure saber mais sobre ele. • Consiga algumas peças escritas por autores da atualidade como Chico Buarque, Miguel Falabella, Dias Gomes ou outros. Você pode fazer uma leitura dramatizada de alguma dessas cenas, escolhendo o grupo que fará parte do seu elenco. • Procure, em jornais, naseção de espetáculos, se há algum grupo de teatro contemporâneo em cartaz. Procure descobrir, no site desses grupos, o tipo de teatro que eles apresentam.. • Escolha uma notícia de jornal, uma poesia ou um texto interessante e encene com um grupo. Seu Professor poderá ajudá-lo nesta tarefa. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 26 CÊNICAS ARTES Como sugestão de texto literário, não teatral, apresentamos a poesia Fim de Feira, de Carlos Drumond de Andrade. Depois de ler, entender e conversar sobre o texto com seus colegas, experimente fazer um jogo teatral com mais três colegas. Dividam as falas entre o grupo e marquem, no espaço cênico, de onde cada um vai falar e que movimentos farão. Peça ao seu Professor para ser o Diretor Teatral. Ele poderá dar muitas sugestões interessantes. Depois do ensaio do seu grupo, apresentem para o restante da turma e conversem sobre o resultado da encenação. FIM DE FEIRA No hipersupermercado aberto de detritos, do Inferno ao barulhar de caixotes em pressa de suor, mulheres magras e crianças rápidas catam a maior laranja podre, a mais bela batata refugada, juntam no passeio seu estoque de riquezas, entre risos e gritos. (CDA - As impurezas do branco. RJ, 1973) EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 27 CÊNICAS ARTES B- TEATRO NO MUNDO No mundo aconteceram diversos movimentos teatrais e diferentes tipos de Teatro. Falaremos apenas de alguns deles. Vejamos: TEATRO MEDIEVAL Esse tipo de Teatro era de origem religiosa. Suas histórias eram tiradas da Bíblia. O palco era a praça central da cidade e toda a população participava dele. No final da Idade Média (começo do século XVI), aparecem os grandes dramaturgos trazendo muitas ideias novas Gil Vicente era um deles. Gil escreveu vários Autos. Leia um trecho do Auto da Barca do Inferno no site www.dominiopublico.gov.br Teatro da Commedia dell’Arte - O teatro moderno começa na Itália, no século XVI, e rompe com as tradições medievais populares. Eles se inspiram em peças de comédias antigas. No século XVII, se espalha por toda a Europa, durante duzentos anos. Os artistas da Commedia dell’Arte deram à atividade teatral uma organização profissional com sua estrutura e normas. Abriram espaço para a participação das mulheres no elenco, criaram uma linguagem própria e um público fiel. Utilizavam muito a improvisação e tinham personagens fixos como os enamorados, o doutor, o velho, os criados e outros, que eram caracterizados por figurinos e máscaras próprias. A companhia era formada por um elenco de dez a doze atores. Cada ator tinha um personagem fixo. Os atores tocavam, cantavam, dançavam, faziam mímicas e acrobacias em cena. Os temas eram quase sempre histórias sobre desencontros amorosos e os finais eram felizes e quase sempre inesperados. FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Pesquise o figurino dos personagens da Commedia dll’Arte e tente reproduzi-lo, utilizando materiais diversos. • Faça com papel/papelão fino uma das máscaras utilizadas nesse tipo de teatro. Procure fotos que possam ajudar. Depois de pronta, utilize a máscara e veja como se sente na pele do personagem escolhido. • Faça os personagens fixos, como os criados, que eram representados pelo Arlequim, Polichinelo e Colombina, em forma de bonecos, utilizando garrafas pet, cobertas por tiras de jornal coladas com cola branca e depois pintados com guache colorido ou utilizando outros tipos de papel para as roupas. http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 28 CÊNICAS ARTES FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES Coloque, no caderno, os outros grandes nomes do Teatro no mundo, como Racine, Molière, Shakespeare, Ibsen, Gogol, Antonin Artaud, Bertold Brecht, Jean Genet, Tenessee Willians, Ionesco, Arrabal e tente descobrir o nome de suas peças mais conhecidas, a nacionalidade deles, em que época viveram e o tipo de teatro que fizeram. Para a pesquisa vale usar vários meios: conversar com pessoas que fazem teatro, buscar na Internet, perguntar aos Professores, procurar no dicionário, nas enciclopédias, em fascículos de jornais e revistas que falem sobre esse assunto. Para ficar mais divertido seu Professor poderá organizar uma gincana, dividindo a turma em equipes e marcando um prazo para que cada equipe traga as respostas ou ele pode, até mesmo, trazer algum material de pesquisa. Aí, é só dar um nome a cada equipe e ver qual delas será a que conseguirá um maior número de respostas ou ainda qual será a equipe que conseguirá terminar a tarefa em primeiro lugar. Leia abaixo o resumo da famosa história Romeu e Julieta, de William Shakespeare e, em duplas, criem os diálogos para uma cena. Depois, façam uma leitura dramatizada para sua turma. Para ficar ainda melhor, a dupla pode até colocar um adereço de figurino durante a leitura. Romeu e Julieta é uma trágica história de amor impossível. Eles pertencem às famílias dos Montéquios e Capuletos, que são inimigas e que sempre se confrontam nas ruas da cidade de Verona. Pela impossibilidade de ter um romance com Romeu, Julieta arquiteta um plano: finge-se de morta, para depois poder fugir com seu amado. Romeu, ao ver a jovem imóvel, dormindo, pensa que ela está morta e se desespera: toma veneno e morre sem saber do plano. Ao acordar e ver o rapaz morto, ela decide matar-se também, usando uma espécie de espada que Romeu carregava com ele. As famílias, arrependidas, se unem na tristeza e prometem construir estátuas de ouro dos dois namorados para que o povo de Verona nunca mais se esqueça de quanto o amor é poderoso. Romeo y Julieta. F. Sydney Muschamp 1886 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 29 CÊNICAS ARTES Ano 2010 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 30 CÊNICAS ARTES ÁREA MÊS DIA E HORÁRIO PÚBLICO DINAMIZADOR OFICINA LOCAL Artes Cênicas Setembro Outubro 18/09 8h às 12h PI Carlos Alberto Nunes da Cunha O Figurino e Cenografia em Sala de Aula (30 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkein Sala de Corte e Costura 18/09 8h às 12h PII Liliane Mundim O Jogo Teatral I: processo A Pedagogia do Teatro (30 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkein Sala de Teatro 25/09 8h às 12h PI Mona Magalhães Personagens: Maquiagem e Caracterização (30 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Camarim do Teatro 25/09 8h às 12h PII Ribamar Ribeiro O Jogo Teatral II: Produto “O Espetáculo Artístico- pedagógico” (30 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkein 22/10 13h às 17h PI Flavio Desgranges A Pedagogia do Espectador (80 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkein Auditório 21/10 13h às 17h PI Beatriz Biange O Processo de Drama (30 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkein Auditório Folha 4 da Circular E/SUBE/CED n.º xxxx, de 27/08/2010 Capacitação para Professores I de Artes Cênicas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 31 CÊNICAS ARTES • A oficina consiste no exercício de interpretação onde os participantes deverão se entregar à força física, permitindo a liberdade na atuação, chegando ao desenvolvimento básico da musculatura e dos sentimentos. A oficina propõe o despojamento e a libertação de qualquer vício do ator, onde cada personagem é um novo ser e deve ser interpretado a cada momento.• Formam-se, na expressão exterior, a voz, o gesto e a palavra, trazendo ao ator o jogo da verdade; não há verdade na expressão se a modalidade expressiva exterior não corresponder a um impulso interior. • O reenquadramento de dramaturgia e da cena em moldes desvencilhados de normas e padrões: é esse afã de buscar uma nova significação para a realidade cênica e, por ela obrigado, o forjamento de novas formas, que serão repassados, como campo de experiência, a linguagens diversificadas. Através da fragmentação a palavra se dobra em texto cênico. • O ator consciente: essa é a proposta. Fazer com que o ator utilize o seu objeto de estudo, o corpo, a voz e a alma cênica transformem-se em movimento, interpretação e impulsos verdadeiros, mesmo havendo uma marcação assumida dentro do espetáculo. O ATOR CONSCIENTE Ementa da Oficina: Jogo Teatral II – Produto (espetáculo artístico-pedagógico) “O Ator Consciente” Dinamizador: Ribamar Ribeiro Curso de Formação para Professores de Artes Cênicas SME/2010. Ribamar Ribeiro possui mais de 30 prêmios em Festivais de todo o Brasil como ator, diretor e dramaturgo. Esta mesma Oficina já foi ministrada em vários Festivais dos quais participou. Recebeu o Prêmio Pruri de Melhor Espetáculo e Direção no Festival Nacional de Resende, com o espetáculo “Sobre Mentiras e Segredos”, concorrendo com Amir Haddad pela direção de A Alma Imoral. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 32 CÊNICAS ARTES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 33 CÊNICAS ARTES Coordenadoria de Educação I CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO 2010 ARTES CÊNICAS - PROFESSOR (A) 1º ao 5º Ano Coordenadoria de Educação I CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO 2010 ARTES CÊNICAS – Professor (a) ÁFRICA DO SUL 1º ao 5º Ano I CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO 2010 ARTES CÊNICAS - PROFESSOR (A) ÁFRICA DO SUL 6º ao 9º Ano EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 34 CÊNICAS ARTES Ano 2011 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 35 CÊNICAS ARTES Semana de Capacitação – Artes Cênicas 2011 Justificativa O presente projeto faz parte da política de Formação Continuada adotada pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, para atender às necessidades de atualização de seu corpo docente. Artes Cênicas 2011 tem como proposta orientar os Professores de Artes Cênicas, em seu retorno às atividades pedagógicas no ano de 2011. Justifica-se também pela necessidade de informar as ações que serão desenvolvidas. Tipo de Ação Palestra, Oficinas e Comunicações 2. Palestras 2.1 -Trabalho de TCC - O Professor de Teatro como intelectual transformador: a Formação Contínua como Possibilidade, baseado em respostas de questionários aplicados à Professores de AC, da nossa Rede. Palestrante - Tamyres Spyke- Graduanda de Licenciatura Plena em AC./UNIRIO: 2.2 Navegando pelo rio: da criação de jogos e criação de cenas Palestrante - Suzana Smidt- USP. 3. Oficinas Tema: A direção teatral e o processo pedagógico coletivo. Dinamizadores: Oficina 1 - Ribamar Ribeiro Oficina 2 - Josué Soares 4. Comunicações – Bloco com 4 comunicadores (M/T), com Professores de AC que participaram da Fase Final da Mostra de Teatro 2010. Programação 1. Reencontro/Boas Vindas: Equipe de artes Cênicas da CED/CT Tema: retrospectiva de 2010 e perspectivas para 2011. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA SEMANA DE CAPACITAÇÃO – 2011 – ARTES CÊNICAS Capacitação para Professores I de Artes Cênicas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 36 CÊNICAS ARTES COMO SERÃO AS COMUNICAÇÕES: Como se fosse um seminário... •Teremos dois dias, com dois turnos por dia: comunicações dos indicados para a Final da Mostra •Cada comunicador terá ½ hora para apresentar seu trabalho. Sendo 20 min de exposição e 10 min para responder à perguntas da plateia. As comunicações serão apresentadas em PowerPoint, com as seguintes divisões: • 5 min para apresentação do trabalho (título, tema, ementa, créditos) • 10 min para apresentação do processo: com as etapas pedagógicas: unidade do planejamento escolha do tema, atividades • fotos/vídeos inseridos • 5 min para avaliação • Mínimo de 10 slides, máximo de 15 slides. • Total: 20 min + 10 min para perguntas da plateia. PROFESSOR(a) ESPETÁCULO CRE Alessandra D. Brandão Tragédia na Bahia 1ª Alessandra Garcia Preconceito, joga fora no lixo! 1ª Celia Damiana Cenas Cariocas 5ª Claudia Vieira A magia das Águas 9ª Claudia Vieira Um olhar sobre as poesias de Bertold Brecht 10ª Flávio Mota O Baú de Maria Clara 2ª Isabella Almeida O mundo ideal 4ª Marcio Saretta Era uma vez... sem palavras! CIAD Marco de Aquino Trágicas carioquices rodigueanas 10ª Mayra Alves Loucura Feliz 7ª Patricia Garcia Apologo Brasileiro sem véu de alegoria 4ª Patrícia Prado O médico à força 2ª Sirlene Alves A Aurora da minha vida 9ª Symone Tatagiba O menino narigudo 7ª Tania Queiroz O flautista de Hamelin 2ª Tathiana Treuffar O casamento Caipira 10ª Comunicações Professores de AC que participaram da Fase Final da Mostra de Teatro de 2010 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 37 CÊNICAS ARTES AÇÕES PEDAGÓGICAS 2011 Capacitação em Artes Cênicas, preparatória para a Mostra Estudantil de Teatro da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro/2011 Justificativa O presente projeto justifica-se pela necessidade de Capacitação dos Professores I de Artes Cênicas, com vistas à participação na Conexão das Artes/Mostra Estudantil de Teatro da Rede Municipal de Ensino, que este ano terá como personalidade teatral homenageada o autor Ariano Suassuna . Módulo II Montagem Cênica • criação coletiva de produto artístico-pedagógico • 7 oficinas de Direção Teatral, com carga horária de 04h cada, perfazendo um total de 28h • 4 oficinas de preparação vocal, com 4h ada, perfazendo um total de 16h Atelier de figurino: total de 30h de trabalho Apresentação da Montagem Cênica 4 apresentações, em teatros, do produto artístico- pedagógico, sendo uma em cada polo: Centro, Zona Sul, Zona Norte e Zona Oeste, para a Comunidade Escolar do entorno. Reunião Técnica/ Avaliação - 4h para todos os Professores envolvidos no processo. Descrição da ação O Projeto de Capacitação se constituirá das seguintes ações: Módulo I Fundamentação prática – Oficinas com carga horária de 4h para 20 Professores I, de AC, em cada uma. Fundamentação teórica - 1 palestra para 30 Prof. I, de AC, com carga horária de 3h. Tema: Teatro Popular Conteúdos: Abordagem histórica e estética do Teatro Popular com foco na dramaturgia de Ariano Suassuna, Direção teatral, Preparação Vocal, Criação e Execução de Figurinos. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE ARTES CÊNICAS-2011 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 38 CÊNICAS ARTES Formação Continuada para Professores de Artes Cênicas OFICINAS DE TEATRO Inscrições Abertas Vocês podem se inscrever em quantas oficinas quiserem!!! Dinamizador: RIBAMAR RIBEIRO – Diretor Teatral Local : Centro de Artes Calouste Gulbenkian (sala de Teatro ou Dança) OFICINA 3 - Dia 24 de agosto - 4ª feira, de 9h às 13h Leitura Dramatizada/Teatro Popular OFICINA 4 - Dia 30 de agosto - 3ª feira, de 13h às 17h Personagens/tipo-Teatro Popular OFICINA 5 - Dia 31 de agosto - 4ª feira, de 13h às 17h Dramaturgia de Ariano Suassuna PALESTRA – DIA 27 DE AGOSTO – SÁBADO DE 9h às 12h – Auditório do Calouste Tema: A dramaturgia de Ariano Suassuna e a cena Teatral Contemporânea INSCRIÇÕES PELOS TELEFONES: 2976-2328 OU 2976 -2335 • (ANGÉLICA ou ROSÂNIA) (tragam roupa para trabalho corporal) AÇÕES PEDAGÓGICAS 2011 Capacitaçãopara Professores I de Artes Cênicas MÓDULO I FUNDAMENTAÇÃO PRÁTICA OFICINAS: Abordagem histórica e estética do Teatro Popular com ênfase na dramaturgia de Ariano Suassuna 1. Análise da Dramaturgia Popular Universal 2. O Teatro Popular Brasileiro 3. Leituras Dramatizadas de Textos do Teatro popular 4. Os Personagens/Tipos do Teatro Popular Brasileiro 5. Características da Dramaturgia de Ariano Suassuna EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 39 CÊNICAS ARTES Roteiro da Palestra O Teatro de Ariano Suassuna e a Cena Teatral Contemporânea Palestrante: Elza de Andrade (Prof.ª Dr.ª em Teatro / UNIRIO) Dia: 27 de agosto de 2011 (Sábado) - de 9h às 12h. Breve Biografia do Autor • 16 de junho de 1927 – nasceu na cidade de Nossa Senhora das Neves, na ocasião, capital da Paraíba. • Com pouco mais de três anos, perde o pai. Essa perda deixa profundas marcas que repercutem na sua escrita e na escolha de seus enredos. • A mãe/viúva se transfere para o sertão da Paraíba – para a cidade de Taperoá com os nove filhos, onde Ariano fez seus estudos primários. A cidade de Taperóa estará presente em grande parte da obra do escritor. • A infância passada no sertão familiarizou o futuro escritor e dramaturgo com os temas e as formas artísticas que viriam mais tarde constituir seu universo ficcional, ou, como ele próprio o denomina, seu “mundo mítico”. Em 1942 mudou-se com a família para o Recife. • Em 1946 ingressa na Faculdade de Direito do Recife, onde conheceu Hermilo Borba Filho e passou a fazer parte do Teatro do Estudante de Pernambuco (TEP). PALESTRA 2011 MÓDULO I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 40 CÊNICAS ARTES • Em 1947, escreve a primeira peça “Mulher vestida de sol”. 1955: escreve o “Auto da Compadecida”, até hoje seu maior sucesso. 1957: “Casamento Suspeitoso” e “O santo e a porca”. 1959: “A pena e a lei”. 1960: “Farsa da boa preguiça”. • De 1958 a 1970 escreve o “romance-armorial popular brasileiro” – Romance da Pedra do Reino e o Príncipe do Vai e Volta – seu mais famoso romance, publicado em 1971. Em 2005 teve a segunda edição esgotada em menos de um mês, o que é um fato raro para um volume com cerca de 600 páginas. Em 18 de outubro de 1970, lança o “Movimento Armorial”. • Em 1976 doutorou-se em História pela Universidade Federal de Pernambuco, onde foi Professor das disciplinas Estética e Teoria do Teatro / Literatura Brasileira / História da Cultura Brasileira. Aposentou-se em 1994. • Desde 1990, passa a ocupar a cadeira de número 32, da Academia Brasileira de Letras. • Foi secretário de Educação e Cultura de Pernambuco, de 1994 a 1998, no governo de Miguel Arraes. • Suas obras já foram traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 41 CÊNICAS ARTES O Movimento Armorial – 18 de outubro de 1970 • "A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem, como traço comum e principal, a ligação com o espírito mágico dos "folhetos" do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus "cantares", e com a Xilogravura, que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados". (Ariano Suassuna, Jornal da Semana, Recife, 20 maio 1975). • Armorial... palavra sonora, que evoca brasões e emblemas, palavra um pouco misteriosa que provoca estranhamento e chama a atenção. Ariano Suassuna escolhe esse nome para batizar um movimento cultural que nasce no Recife e lá se desenvolve, nos anos 70, até tornar-se um dos polos da criação artística do Nordeste na época. • Um concerto e uma exposição de artes plásticas marcam a aparição do movimento que reúne, em torno do escritor e homem de teatro, um grande número de artistas, músicos, escritores e poetas, conhecidos ou não. Por ter uma localização regional precisa e pela “nordestinidade” afirmada e assumida de seus participantes, o Movimento Armorial foi imediatamente compreendido como uma nova manifestação do chamado “espírito do Recife”. (Santos, 1999, p.13) http://pt.wikipedia.org/wiki/Folhetos http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsica_de_viola&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsica_de_viola&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsica_de_viola&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsica_de_viola&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsica_de_viola&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Rabeca http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%ADfano http://pt.wikipedia.org/wiki/Xilogravura EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 42 CÊNICAS ARTES Antonio Nóbrega – um artista armorial • Filho de médico, ingressou, aos 12 anos, na Escola de Belas Artes do Recife. Foi aluno do violinista catalão Luís Soler e estudou canto lírico com Arlinda Rocha. Com formação clássica, começou sua carreira na Orquestra de Câmara da Paraíba em João Pessoa, onde atuou até o final dos anos 1960. Na mesma época participava da Orquestra Sinfônica do Recife, onde fazia também apresentações como solista. • Em 1971, Ariano Suassuna procurava um violinista para formar o Quinteto Armorial e, após ver Antônio Nóbrega tocando um concerto de Bach, lhe fez o convite que mudaria completamente sua carreira musical. Antônio Nóbrega, que até essa ocasião tinha pouco conhecimento da cultura popular, passou a manter contato intenso com todas suas expressões, como os brincantes de caboclinho, de cavalo- marinho e tantos outros, que passou a conhecer e pesquisar. https://youtu.be/9PDf6Tc5tgY?list=PLkuymT0sa6fWxGv4XYhqnvzMJJmOYw6ny • Nóbrega revelou-se um fenômeno, ao conseguir unir a arte popular com a sofisticação. É, literalmente, um homem dos sete instrumentos, capaz de cantar, dançar, tocar bateria, rabeca, violão etc. Realizou espetáculos memoráveis em teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo, com destaques para Figural (1990) e Brincante (1992). Figural é um espetáculo em que Nóbrega, sozinho no palco, muda de roupa e de máscaras para fazer uma das mais ricas demonstrações da cultura popular brasileira e mundial. h ttp ://casavo gu e.glo b o .co m / SAIBA MAIS!!! http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade) http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(cidade) EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 43 CÊNICAS ARTES “O primeiro ato fundamenta-se, ao mesmo tempo, numa notícia de jornal e numa história tradicional, anônima, de mamulengo. O segundo ato, na história, também tradicional, de um macaco que perde o que ganhara após várias trocas – história que é a origem do “romance”, também de autor anônimo, sobre o homem que perde a cabra, e que também me serviu de fonte. O terceiro ato baseia-se num conto popular, o de “São Pedro e o Queijo”, e noutra peça tradicional de mamulengo, chamada “O Rico Avarento”.” Reelaboração Dramatúrgica em Ariano Suassuna Para conhecer melhor a obra de Suassuna, é necessário compreender que grande parte de seu texto é composto a partir da reelaboração de diferentes materiais. “As duas peças de mamulengo que serviram de fonte à minha pesquisa foram ultimamente divulgadas, no Nordeste, pelos mamulengueiros conhecidos como “Professor Tira-e- Dá” e “Benedito”. Por sua vez, o “folheto”popular também teve sua versão recente através do folheto denominado “O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna”, de autoria de Francisco Sales Arêda.” (Prefácio da peça) Farsa da Boa Preguiça ”A Farsa da Boa Preguiça, como já acontece com outras peças minhas, foi escrito com base em histórias populares nordestinas.” EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 44 CÊNICAS ARTES A História do Amor de Romeu e Julieta Baseado no folheto de João Martins Athayde, com a inclusão do poema de Garcia Lorca, “A casada infiel”, na cena de amor de Romeu e Julieta. O Santo e a Porca e “O Avarento” de Molière Baseado na comédia romana de Plauto, A comédia da panela. Conta a história de um homem avarento que escondia o dinheiro num cofre em formato de porca. Molière também já tinha se inspirado na mesma peça de Plauto para escrever “O Avarento”. Romeu e Julieta – Shakespeare, escrita entre 1594 e 1597 A tragédia de Romeu e Julieta é considerada verídica, tendo, provavelmente, acontecido nos primeiros anos do século XIV. Apesar disso, é tema muito antigo, já existindo na literatura grega história semelhante. Luigi da Porto é o primeiro a usar o nome de Romeu e Julieta. Mateo Bandello adapta a história que foi traduzida para o francês por Pierre de Boisteau de Launay. Arthur Brooke traduziu desta última fonte em versos ingleses, dando-lhe o título de Tragical History of Romeo and Juliet, com o qual publica o poema em 1562. Foi daí que Shakespeare tirou inspiração para a sua tragédia, que segue fielmente a versão de Brooke. Brooke diz ter visto representar o mesmo argumento, o que faz os estudiosos acreditarem ter Shakespeare feito uso de uma peça ainda mais antiga, possivelmente La Hadriana, tragédia de Luigi Groto, mas tal versão está desaparecida, só existindo hoje a que foi inspirada na obra de Brooke. • A reelaboração de materiais na construção dramatúrgica é um procedimento bastante comum entre alguns dos grandes autores. • O Professor de teatro também pode lançar mão desse procedimento, trabalhando com os materiais trazidos ou produzidos pelos alunos. Isso aproxima o trabalho do universo de conhecimento do aluno e pode ser um estímulo à construção de uma dramaturgia adaptada, reelaborada ou atualizada. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 45 CÊNICAS ARTES PROCEDIMENTOS ÉPICOS PARA A CONSTRUÇÃO DO ESPETÁCULO 1) Relação direta e livre com a plateia – não há 4.ª parede 2) Transposição para e 3.ª pessoa: Ele / Ela – a voz do narrador 3) Transposição para o passado 4) Canções que devem ser críticas, não descritivas. 5) Jogo de troca de papéis entre os atores 6) Jogo de multiplicação de papéis. Vários atores fazendo juntos o mesmo personagem. 7) Imagens, cartazes, fotos, filmes etc. Material imagético. 8) Repetição da mesma cena já apresentada. A repetição pode ser apresentada em outro ritmo (mais lenta, mais acelerada), de forma resumida (tirando-se o texto e mostrando apenas a marcação cênica). 9) Exagero como procedimento de estranhamento. A atuação/teatralidade expandida. 10) Citações – de diferentes textos / citar outros personagens / citar acontecimentos do cotidiano, da região onde o aluno mora, da cidade etc, com o intuito de criar uma cumplicidade e uma aproximação. INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS SOBRE A OBRA DE ARIANO SUASSUNA RABETTI, Beti (org.). Teatro e comicidades: estudos sobre Ariano Suassuna e outros ensaios. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2005. SANTOS, Idelette Muzart Fonseca dos. Em demanda da poética popular: Ariano Suassuna e o Movimento Armorial. Campinas, São Paulo: Unicamp, 1999. VASSALLO, Ligia. O sertão medieval: origens européias do teatro de Ariano Suassuna. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1993. Outra indicação é o prefácio de suas peças. Sempre antes de começar o texto da peça publicada, Suassuna escreve um longo prefácio, onde traz informações sobre a obra. Filmes “O Auto da Compadecida” – Direção de Guel Arraes, Globo Filmes, 2000. A micro série (5 capítulos) “A Pedra do Reino” – Direção de Luiz Fernando Carvalho, 2007. http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.elaineelesbao.com.br http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.elaineelesbao.com.br EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 46 CÊNICAS ARTES Curso de Formação Continuada em Artes Cênicas / Módulo II - Montagem Cênica OUTUBRO / 2011 - MARCIA VALERIA / Atelier de Figurino "Estudando a história da indumentária podemos observar que a simbologia sempre foi intensa na construção dos trajes. Tem significados perante a sociedade, perante a personalidade, perante uma forte distinção de classes, exploração de artifícios sexuais ou até ocultação destes artifícios. No teatro ou em qualquer outra representação artística, temos a representação desses significados e caracterização subliminar ou exagerada através das roupas e acessórios, os quais se encarregam de transmitir as mensagens sugeridas“. GHISLERI, Janice. “Como entender a importância do figurino no espetáculo?” FIGURINO Figurino é o traje usado por um personagem de uma produção artística (cinema, teatro ou vídeo) e o figurinista é o profissional que idealiza ou cria o figurino. “É necessário que o figurinista conheça a fundo a história a ser tratada no trabalho, pois o figurino tem que revelar muito dos personagens. Para elaborá-lo, o figurinista deve levar em conta uma série de fatores como a época em que se passa a trama, o local onde são gravadas as cenas, o perfil psicológico dos personagens, o tipo físico dos atores e as orientações de luz e cor feitas pelo diretor de arte.” GHISLERI, Janice. Linguagem do Vestuário Teatral O figurino é composto por todas as roupas e acessórios dos personagens, projetados e/ou escolhidos pelo figurinista, de acordo com as necessidades do roteiro, personagem, da direção do filme e as possibilidades do orçamento. É mais que uma simples veste, mais que uma roupa. Possui uma carga, um depoimento, uma lista de mensagens implícitas visíveis e subliminares sobre todo o panorama do espetáculo. Possui funções específicas dentro do contexto e perante o público, ora com grau maior ora menor. A roupa faz transparecer sentimentos, vida, estética, movimento, posição social, épocas e lugares através de suas formas, cores e texturas. Estabelecido isso, o espectador, ao olhar o conjunto, faz a identificação imediata da situação ou do simbolismo da personagem dentro da peça, junto com os outros elementos cênicos. Os acessórios, com seus significados simbólicos, ajudam a acentuar os objetivos e linguagens que o todo quer passar. F re e p ik .c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 47 CÊNICAS ARTES Se a mensagem (história) do espetáculo não causar efeito e não atingir o público, este não entende a mensagem, não se emociona, não ri nem chora, não reflete sobre o que está vendo e ouvindo, e nada lhe altera os sentimentos. Podemos concluir que não houve comunicação. Os signos reforçam-se uns aos outros, se completam, e essas combinações e afinidades formam uma linguagem homogênea que deve ser transmitida. Os signos teatrais são artifícios planejados e induzidos onde os atores e os outros elementos cênicos (cenários, iluminação, figurino, atores etc) são encarregados de passar. Se por acaso um desses signos estiver em desarmonia, fora do contexto, há uma quebra e o espectador pode ser sugado da fantasia e voltar à realidade, visualizando um simples teatro. Mesmo que o espectador tenha que ter o trabalho de decifrar e questionar, pensar sobre o que os elementos e signos significam, para que possa compreender a história, isso não pode ser excessivo, pois podelevar ao descaso. Muitos elementos e signos são tão sutis e subliminares, que passam despercebidos, ainda que possuam uma missão importante para o contexto visual, ou seja, um figurino descuidado afeta a chamada “suspensão da descrença”, interferindo na verossimilhança da narração. Figurinos também fazem uso dos clichês visuais, estereótipos e arquétipos para facilitar sua identificação no palco, pois algumas roupas são usadas sempre para um mesmo fim, e assim, socialmente, começa a se criar uma identificação automática, um canal de assimilação pela lógica. Enfim, o figurino é parte de suma importância do espetáculo, pois através dele se cria uma linguagem através das formas, cores, texturas; é transmitida a época, a situação econômica política e social; é indicada a região ou cultura, o estilo da personagem, estação climática, o aspecto psicológico, ou seja, todos os elementos necessários para passar ao espectador o sentido do espetáculo, devendo mostrar as relações entre todos os personagens e ser complementar aos outros elementos da cena. "O que um figurinista faz é um cruzamento entre magia e camuflagem. Nós criamos a ilusão de mudar os atores em algo que eles não são. Nós pedimos ao público que acreditem que cada vez que eles veem um ator no palco ele se tornou uma pessoa diferente." Edith Head. Personagem O figurino serve à narrativa ao ajudar a diferenciar (ou tornar semelhante) os personagens, e ajuda a identificar em que arquétipo (clichê e estereótipo) o personagem se encaixa. O figurino muitas vezes serve como elemento para identificar o personagem e separá-lo da persona do ator que o interpreta. As roupas também podem servir para delinear a história de um personagem, seja através do estado em que elas se encontram ou da significação que a peça, ou parte dela, tem dentro da estrutura do filme. Lembremos que o figurino significa o ponto do espaço-tempo em que a história se insere, marca passagens de tempo e também indica as características sociopsicológicas dos personagens. b r. p in te re s t. c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 48 CÊNICAS ARTES Estilo Se é realista ou estilizado, como demonstra a classificação adotada por Marcel Martin e Gérard Betton: • Realistas: comportando todos os figurinos que retratam o vestuário da época retratada pelo filme com precisão histórica. • Para-realistas: O figurinista inspira-se na moda da época para realizar seu trabalho, mas procedendo de uma estilização onde a preocupação com o estilo e a beleza prevalece sobre a exatidão pura e simples. • Simbólicos: quando a exatidão histórica perde completamente a importância e cede espaço para a função de traduzir simbolicamente caracteres, estados de alma, ou, ainda, de criar efeitos dramáticos ou psicológicos. Cores expressam sensações e podem definir um contexto com muitos significados. Através das cores pode-se detectar o estado de espírito (se está alegre, triste, de luto, se é recatada, clean, rebelde, etc) e o gênero no qual a peça/filme está inserida/o (drama, comédia etc). Elementos de um figurino Volume Produções estilizadas pode ser utilizadas de formas exageradas ou pequenas demais para enfatizar uma cena. Pode-se utilizar para ressaltar aspectos do corpo do ator como, por exemplo, uma barriga saliente num personagem com caráter cômico. Volume Estilo Cores Texturas Através das texturas pode-se demonstrar algo sobre o personagem no relacionamento dele com os outros personagens, ou de determinados grupos. A demonstração de classes sociais menos favorecidas geralmente é visualizada fortemente em tecidos mais rústicos. A textura também expõe ocasiões. “Muitas vezes a escolha do vestuário muda de significado segundo o contexto em que se insere. Por exemplo, usar camisola para dormir tem um significado, mas sair à rua com ela tem outro bem diferente. E todas essas significações auxiliam na personificação de um personagem.” GHISLERI, Janice. Linguagem do Vestuário Teatral É de suma importância notar o figurino corresponde ao contexto pedido na cena, assim como observar a ambientação culturalmente, temporalmente, se não há conflito entre o figurino, a cenografia e a iluminação, para que não haja uma descaracterização, ou sobreposição de sentidos que faça o figurino perder em conceito. Contexto e ambiente EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 49 CÊNICAS ARTES Silhueta A silhueta do figurino o insere temporalmente. O figurino deve não apenas possuir movimento próprio, para assim prender o olhar do espectador, ao traçar seu caminho no palco, como condizer com as necessidades de movimentação do personagem. Nesse caso, acessórios merecem especial atenção, uma vez que se o personagem segurar algo em suas mãos terá a movimentação, de certa, forma limitada. Movimento da roupa e da personagem COSTA, Francisco Araujo da. O figurino como elemento essencial da narrativa. Porto Alegre. 2002. GHISLERI, Janice. Linguagem do Vestuário Teatral. GHISLERI, Janice. Como entender a importância do figurino no espetáculo? Bibliografia Aprendendo a fazer figurinos EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 50 CÊNICAS ARTES Oficina de Preparação Vocal Resumo didático-pedagógico com bibliografia de referência Dinamizador: Getulio Nascimento Exercícios Vocais 2. Sibilação: 2.1 - Execute estas sílabas: Zi - Si - Fi - Chi - Vi - Gui - Qui - Z - S - F - C - V 2.2 - Para articulação dos RR: Bar - Mur - Per - Vur - Der - Xar - Cor -Ter - Quer – Dru - Cro - Vri - Fra - Tre - Terê - Fará - Viri - Coro – Duru. Obs. De forma suave, com baixa intensidade. ME - TRÚ - VÊ - JÊ - QUE - GUE - ZÊ – BRÊ 1. Relaxamento: - Circular a cabeça para a direita e para a esquerda - Circular a cabeça para os lados, para cima e para baixo - Fazer caretas procurando utilizar todos os músculos do rosto -Articular A/E/I/O/U, forçando o diafragma e anasalando as expressões 3. Limpeza das cordas vocais e fonoarticulação: "O mameluco maluco e melancólico meditava e a megera megalocéfala macabra e maquiavélica mastigava mostarda na maloca, minguadas e míseras miavam na moagem mas mitigavam mais e mais as meninas" 4. Para leitura lenta: "E há nevoentos desencantos dos encantos dos pensamentos nos santos lentos dos recantos bentos, dos cantos dos conventos. Prantos de intentos, lentos tantos que encantam os atentos ventos EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 51 CÊNICAS ARTES 5. “Cuidados com a voz Períodos curtos de rouquidão em adultas geralmente não são motivos de maiores preocupações. Costumam aparecer por causa de gripes que atingem a laringe, onde estão localizadas as cordas vocais. Dificuldades emocionais também podem estar por trás dos sintomas. A associação entre agressões físicas causadas pelo cigarro, alergias, infecções e o uso inadequado da voz é de fato o agente causador de boa parte dos problemas das cordas vocais. A ansiedade aumenta a tensão muscular e modifica a postura. O paciente tende a não relaxar o corpo para a respiração diafragmática, a forçar a voz na garganta e até se agitar sem motivo. O tratamento desses casos conjuga exercícios de fonoaudiologia com técnicas de relaxamento e diminuição de ansiedade. 6. Exercícios Para Relaxamento 6.1 - Com os olhos fixados, comece a massagear a cabeça com as pontas dos dedos (lavar a cabeça), e, ao mesmo tempo, vá eliminando todo e qualquer pensamento. 6.2 - Alternando a palma da mão e a ponta dos dedos, massageie todo o rosto (amassar o rosto). 6.3 - Movimente a cabeça para um lado e para outro (direita e esquerda) como se quisesse encostar a cabeça nos ombros (não mexa os ombros),alterne o movimento passando a movimentar a cabeça para frente e para trás. Por último,faça movimentos de rotação com a cabeça. 6.4 - Com os ombros soltos ao longo do corpo, faça movimentos de rotação dos ombros, para frente e para trás. 6.5 - Alongar o corpo em todas as direções. 6.6 - Em pé, procure alcançar o teto com as mãos.Tente sentir a musculatura se alongando, especialmente a dos braços e as laterais do tronco. 6.7- Com as pernas e os pés soltos, dê chutinhos no ar. Em situações estressantes, as pessoas podem perder complemente a voz! EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 52 CÊNICAS ARTES 9. Exercício 1: Inspire (armazenando o ar na região abdominal, como vocês já aprenderam) até que a barriga esteja repleta de ar. Agora, solte o ar aos poucos utilizando o som: Prrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...... Observe que, nesse exercício, a língua deve vibrar bastante!!!! Caso a sua língua não vibre e você esteja forçando para emitir esse som, PARE, pois estará fazendo da forma errada. Mas se você conseguiu emitir o som com a vibração constante da língua, repita esse exercício todos os dias, pelo menos durante 10 minutos. Se for cantar em uma apresentação ou videokê ou ensaiar com sua banda por muito tempo, pré-aqueça sua voz durante 20 minutos (no mínimo), antes de começar a cantar. Pode-se também utilizar outras consoantes que possibilitarão o mesmo efeito como, por exemplo, o som: Trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...Como se você fosse imitar o som do telefone (' TRRRRRIM!!!), mas lembrando de prolongar bastante os erres (RRRR...), até acabar o ar. 7. Exercícios de Aquecimento Obs.: Antes do aquecimento, manter-se sempre relaxado (fazer sempre os exercícios de relaxamento) 7.1- Abrir a boca 20x ; 7.2 - Esticar e encolher a língua 20x ; 7.3 - Rotação da língua 20x ; 7.4 -Glissando:(rrrr) - comece nos tons médios e termine nos tons agudos durante uns 3 minutos; 7.5 - Mastigação selvagem - ama - ama (ressonância). OBS.: Caso esses exercícios não sejam o bastante para seu aquecimento, procure um fonoaudiólogo. 8. O que é pré-aquecimento vocal? É, como o nome já diz, um aquecimento prévio da voz ou simplesmente a preparação da voz para o seu uso por um tempo prolongado e intenso. Podemos aquecer nossa voz através de sons que irão "massagear" nossas pregas vocais (que são músculos) que, como todo músculo, precisam ser preparadas e aquecidas antes de serem utilizadas na sua plenitude. Lembrem-se de que este pré-aquecimento pode (e deve) ser feito não só pelos cantores, mas também por todos nós, profissionais da voz, ou seja, todas as pessoas que trabalham falando. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 53 CÊNICAS ARTES 10.1 - Exemplo1: PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÁ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÉ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÍ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÓ!!!! PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÚ!!!! 10. Exercício 2 Depois de já haver treinado bastante e já estar emitindo os sons PRRRR... e TRRRR... sem falhas ou interrupções, vamos repetir o exercício anterior com uma diferença: Ao final de cada som, iremos acrescentar as vogais A,E,I,O,U. 10.2 - Exemplo2 TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÁ!!!! TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÉ!!!! TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÍ!!!! TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÓ!!!! TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÚ!!!! • Assim como nos exemplos acima, o som que você estiver produzindo para pré-aquecer, deverá estar no mesmo volume, intensidade e tom. • NÃO BRINQUE COM ESTE EXERCÍCIO FAZENDO SONS MUITO AGUDOS, MUITO GRAVES OU MISTURANDO OS DOIS TONS. • Repita os exercício SEMPRE no seu tom natural. IMPORTANTE!!! 11. Como fazer para identificar o seu tom natural? É simples. O seu tom natural é aquele que você emite sem"forçar a garganta", é um som natural que sai sem esforço nenhum, como se você estivesse falando. Se você não conseguiu fazer esses exercícios até acabar o ar armazenado (sem utilizar o ar de reserva, certo???), ou seja, você começou bem, mas no meio do exercício o som falhou, PARE! Respire fundo por 3 vezes, relaxe um pouco e só então recomece. É muito comum, no início, não conseguirmos emitir esses sons até o final, pois trata-se de sons que nós não estamos habituados a produzir. Com o treino diário, porém, fica cada vez mais fácil, acreditem!!! EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 54 CÊNICAS ARTES 12. EXERCÍCIOS DINÂMICOS Os exercícios dinâmicos combinam o movimento com o controle da respiração. • RISO Sorria para o mundo! Em círculos, movimente, vigorosamente, as suas mãos, braços, pernas e pés. Permita-se alguns segundos de relaxamento entre cada rotação. Mas continue sorrindo. Você pode fazer esse exercício em pé, sentado ou deitado. • EQUILÍBRIO O equilíbrio é importante. Tente estipular um horário para o exercício de "comportamento modal" – o andar, o virar-se e o inclinar-se com livros sobre a cabeça. Respire suave e conscientemente, em harmonia com os movimentos de seu corpo. Isso encoraja a coordenação suave graciosa dos músculos. 13. EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO COMPLETA Permaneça com seus pés confortavelmente dissociados dos seus ombros, que apontam para cima; os braços e as mãos soltas ao lado do corpo. Concentre-se em sim mesmo, confira a sua postura. Inspire pelo nariz o mais demoradamente possível e expire todo o ar também devagar e silenciosamente. Quando sentir-se vazio de ar, tussa e mostre para você mesmo que ainda possui reservas de ar escondidas. Tente tocar o solo com a ponta dos dedos, curve os joelhos se necessário. Segure sua respiração por alguns segundos. Conforme você respira, silenciosamente, pelo nariz, você, gradativamente, torna-se ereto. Estenda os braços como asas, erguendo-as calma e suavemente, até equilibrá-los horizontalmente. Assim que você completar o movimento e a inspiração, coloque as mãos juntas acima da cabeça (como se estivesse em oração). Lembre-se de que as mãos postas devem estar acima do topo de sua cabeça. Segure a inspiração. Quando você estiver preparado, silenciosamente, expire pela boca, e abaixe os seus braços, reta e vagarosamente, até que estejam abaixo da horizontal. Rapidamente solte o ar que sobrou em um suspiro forte e permita que a parte superior do seu corpo caia pesadamente. Curve o quadril para a frente, deixando a cabeça pendente. Conscientemente, libere todo o ar "usado", de que você não mais precisa. Relaxe por algum tempo e repita o exercício desde o início. 14. EXERCÍCIO DE LIBERAÇÃO DA VOZ Sente-se de cócoras, dobre e recurve o seu corpo em um nó, teso e compacto, de braços e pernas; tente condensar-se em uma menor massa possível. Segure a sua respiração e os órgãos vocalizadores no centro dessa massa. Como último esforço, respire e estique-se, rápida e vigorosamente. Solte a sua voz num profundo "UGH", por meio do som mais profundo que você possa encontrar. Maximize e aproveite o espreguiçamento. Descanse por um minuto. Repita o exercício por até dez vezes. A cada vez, interiorize mais, e projete sua voz relaxada mais forte e prolongue cada vez mais o som. Observe que você envolve todo os seu corpo na vocalização, particularmente a pélvis e o diafragma. Algumas pessoas sentem-se incapazes de facilitar e de liberar as suas vocalizações. Elas podem sentir sua voz natural, dealguma forma, bloqueada, amarrada ou suprimida. Tente este exercício de liberação da voz como parte de seu programa vocal. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 55 CÊNICAS ARTES • 15. Aquecimento Assim como aquecemos o nosso corpo antes de algumas atividades físicas, devemos aquecer sempre a nossa voz antes de uma apresentação. Assim não comprometemos a saúde vocal. Aquecendo a voz, estamos, na verdade: - Aumentando a elasticidade. - Aumentando a extensão da voz. - Melhorando o timbre, entre outros benefícios. Importante: quando aquecemos a voz não se deve preocupar com afinação, mas sim em buscar o estado físico, mental, psíquico com tensão controlada das cordas vocais e músculos envolvidos no processo respiratório. 16.1 - AQUECIMENTO VOCAL TEMPO - 15 minutos Alongamento - cabeça, pescoço e ombros / Respiração - emissão do "s" e "z" prolongado (respiração diafragmática) / "Hum" mastigado - fazendo escala / Vibração de língua - escala ascendente / Vibração de lábios / "P" prolongado - pa pa pa. 16. Aquecimento e Desaquecimento 16.2 - DESAQUECIMENTO VOCAL TEMPO - 5 minutos • Massagem digital laringe • Vibração de língua ou lábio - escala descendente • Voz salmodiada - "voz de padre“ • Bocejo – suspiro • Repouso vocal. Observações importantes: • Beber muita água, principalmente durante as apresentações • Aquecer e desaquecer a voz • Não se automedicar • Fazer uma avaliação com o auxílio de um médico otorrino Dicionário do Folclore Brasileiro – INL, Rio, 1954 – 3. ed. 1972. BEHLAU, Mara e PONTES, Paulo - Higiene Vocal - Informações Básicas. São Paulo: LOUVISE LTDA, 1993. BEUTTENMuLLER, Glorinha e LAPORT, Nelly - Expressão Vocal e Expressão Corporal. Rio Janeiro: ENELIVROS, 1992. Canto de Muro – José Olímpio, (dez. 1957), 1959. DINVILLE, Claire - A Técnica da Voz cantada - Rio de Janeiro: ENELIVROS, 1993. QUINTEIRO, Eudósia Acuña - Estética da Voz - Uma voz para o Ator. São Paulo: Summus Editorial, 1989. SANDRONI, Clara - Dicas Para o Cantor Popular. Rio de Janeiro: Lumiar, 1998. Bibliografia base: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dicion%C3%A1rio_do_Folclore_Brasileiro EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 56 CÊNICAS ARTES MÓDULO II – Montagem Cênica Espetáculo-Aula : Viva Suassuna Espetáculo-Aula – Viva Suassuna! Processo: Trabalhos corporais, Maculelê, Frevo e outros ritmos que nos possibilitaram mergulhar no universo temático de Ariano Suassuna. Leituras de textos dramatúrgicos e de biografia de Ariano. A partir da preparação do grupo, com a imersão no universo do autor, inicia-se a construção do texto coletivo, o roteiro final e a montagem das cenas, as Oficinas de Maquiagem e de Figurino, utilizando-se também do universo da cultura popular nordestina, num trabalho de processo colaborativo. Produto Artístico-Pedagógico: Temporada de Espetáculos para os alunos do 1.º ao 9.º Ano do Ensino Fundamental, das escolas da Rede Municipal de Ensino, através das 11 Coordenadorias Regionais de Educação, realizadas em Teatros locais, Lonas Culturais, Núcleos de Artes e Auditórios Escolares. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 57 CÊNICAS ARTES Coordenação Geral dos Cursos de Formação em Serviço, dos Professores de Artes da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Equipe técnico-pedagógica de Artes: Lêda Aristides e Bete Pinheiro, de Artes Cênicas Jacqueline Macdowell, de Artes Visuais Luciano Cintra, de Música Professores de Artes: •Artes Cênicas • Alessandra Domingues Brandão, Celia Damiana Teixeira da Cruz, Celia de Almeida Claudia Vieira Torres Gomes, Elisabeth Correa, Elisabete Pinheiro Costa, Evellyn Barbosa Rufino da Costa, Flavia Beatriz Pedrosa Pereira, Flavio A. da C. Mota, Gabriela Salgado, Gleisse Oliveira Paixão e Silva, Karlla Maria Bastos de Carvalho, Larissa Tatiana Silva Barbosa, Lêda Aristides, Maria Cecilia Tavares, Marcia Isidoro da Silva, Monica Muniz de Ruiz, Patricia Alves Silva de Lima, Patricia Viana Renata Lourdes de Souza, Ricardo Furtado Mello, Sandra Avelino Ferreira, Silvia Muniz Werneck, Tania Maria de Queiroz. •Artes Visuais: Alice Venturi, Elisabete Nunes, Érika Njaime, Jacqueline Mac-Dowell, Marynete Martins •Música Eliete Vasconcelos (piano), Marcelo Aragão (percussão), Sidnei Dantas (violão 6 cordas),Edivaldo Menezes (teclado), Odorico de Oliveira (flauta transversa e pífano), João Mario Macedo (contrabaixo acústico), Luciano Cintra (contrabaixo elétrico) Ôxe!!! Quanto Povo!!! Hoje tem espetáculo? Tem, sim, senhor! b r. p in te re s t. c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 58 CÊNICAS ARTES Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2011. Querido Ariano, Acho que podemos chamá-lo de querido, apesar de muitos de nós não o conhecermos pessoalmente. Mas.... Seus textos, suas imagens e metáforas, suas ideias e nosso ofício nos identificam tanto com você que nos sentimos próximos. Portanto, querido, mais que querido, Ariano: Somos Professores de Artes Cênicas do Município do Rio de Janeiro. Cada um de nós tem uma média de 35 alunos, crianças e jovens adolescentes, por turma, no ensino fundamental, do 1º ao 9.º Ano. As aulas de Artes Cênicas fazem parte do nosso currículo escolar e se configuram pelo ensino de Teatro. Não temos por objetivo formar atores e sim dar a todos os alunos a oportunidade de Fazer, Ler e Discutir o Teatro, utilizando conteúdos e conceitos da Pedagogia Teatral. Como parte deste aprendizado, temos - entre nossas Ações Pedagógicas - a Formação em Serviço, de nossos Professores, e a Mostra Final dos produtos artístico-pedagógicos de nossos alunos. Em nossa Mostra sempre escolhemos um tema para aprofundar o aprendizado e uma personalidade teatral para homenagear. Neste ano de 2011, escolhemos por Tema O Teatro Popular Brasileiro e, como Personalidade Teatral homenageada, o dramaturgo, Professor e amado Ariano Suassuna. Acho que você gostará de saber que como parte do aprendizado de nossos alunos, contratamos um espetáculo exclusivo, chamado Suassuna em cena, inspirado no livro A Pena e a Lei e encenado pela Cia de Teatro Milongas, que tem pesquisa em Teatro Popular. E, cada aluno (cerca de 1 000 estudantes) que participou da Mostra Final, depois de aprender várias conteúdos sobre a sua biografia e a sua dramaturgia, recebeu um exemplar de texto seu, dentre os títulos: A Farsa da Boa Preguiça, O Casamento Suspeitoso, A Mulher Vestida de Sol e O Santo e a Porca. Carta Aberta a Ariano Suassuna EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 59 CÊNICAS ARTES 1. O Santo e a Porca 2. O Casamento Suspeitoso 3. Uma mulher Vestida de Sol 4. A Farsa da Boa Preguiça E nós, Professores (cerca de 250), recebemos um exemplar do Almanaque, da Seleta e do seu último texto publicado: Homens de Barro, “recém-saído do forno”. Estamos como crianças, com a bolsa cheia de doces, sentindo cheirinho de cuscuz e gostinho de beiju . Somos todos Beneditos e Marietas!!! Somos de verdade personagens de Ariano, jeitinho de Ariano e até o próprio Ariano. Enfim, somos o povo brasileiro, em nossa Montagem Cênica, de final de Curso, na Formação para Professores de Artes, dentro do espetáculo-aula que vamos apresentar para os outros Professores de Artes e que se chama Viva Suassuna! O nosso cavaleiro sertanejo, com Direção Teatral de Ribamar Ribeiro (também seu admirador). As músicas têm direção musical de Cosme Gallindo. A preparação vocal foi de Getúlio Nascimento, a Cenografia teve orientação dos cenógrafos Carlos Cunha e Helcio Gurgel. Figurinos? Ah!!!! Estão lindos, em tons vibrantes de terra. São da figurinista Marcia Valeria, da Cia Mimos. Todo feito na técnica Moulage, sem costuras e superprático para o ensino e a aprendizagem de nossos alunosde Artes Cênicas. Enfim, estamos felizes por ter escolhido você como nosso homenageado. Pelo sorriso e olhos brilhantes de nossos Professores, percebemos que ler Ariano, estudar Ariano e ensaiar a Prática de Montagem Viva Suassuna, todos os sábados pela manhã, nos últimos três meses, tem sido uma alegria e um frescor, neste amado e difícil ofício de educador! Mil abraços / Equipe Técnico-Pedagógica de Artes/SMERJ Capacitação bibliográfica adquirida para o Prof. de AC 5. Os Homens de Barro 6. Seleta em Prosa e Verso 7. Almanaque Armorial: Contos e Crônicas 2 840 livros adquiridos para Kits destinados aos Professores de Artes Cênicas e kits para uso exclusivo dos alunos, em atividades com o texto dramatúrgico. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 60 CÊNICAS ARTES CONEXÃO DAS ARTES Mostra de Artes Cênicas AÇÕES PEDAGÓGICAS 2011 Ação Conexão das Artes / Mostra de Artes Cênicas/ 2011 Justificativa As Artes Cênicas, no Município do Rio de Janeiro, se configuram pelo Ensino de Teatro e têm, como pressuposto pedagógico, a Metodologia Triangular da Prof.ª Ana Mãe Barbosa, que propõe Ler, Fazer e Contextualizar a Arte. Atuar, Mostrar e Apreciar são características próprias do Teatro e contemplam a metodologia triangular, através da Pedagogia Teatral, construída por nossos alunos e Professores de Artes Cênicas – na práxis cotidiana – e apresentada, através dos produtos artístico-pedagógicos, na Mostra de Artes Cênicas/2011, do Evento Conexão das Artes. Objetivos Gerais • Incentivar a produção teatral dos estudantes, proporcionando o fazer artístico e a formação do espectador crítico • Investir no docente-artista Tipos de Ação • Mostra de trabalhos, com apresentação de produtos artístico-pedagógicos criados pelos alunos. • Apresentação de espetáculo profissional, com base na dramaturgia de Ariano Suassuna. • Apresentação de Montagem Cênica, como produto artístico-pedagógico criado por Professores I de Artes Cênicas, resultante da Capacitação de Professores/2011. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 61 CÊNICAS ARTES CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO PARA OS ESPETÁCULOS DA MOSTRA DE ARTES CÊNICAS 1. Nome do espetáculo:____________________ 2. Nome do Grupo:________________________ 3. Escola: ______________________________ 4. CRE: _____________________________ 4. Professor: ________________________________ CRITÉRIOS AVALIAÇÃO OBSERVAÇÕES Orientações Curriculares (adequação ano/objetivos) Presença clara do Conceito Pedagógico de Jogo Teatral: A ação: o quê? O espaço cênico: onde? O papel/personagem: quem? Encaminhamento da Ação Ritmo/ Tempo da ação Tratamento do conflito: Desfecho/adequação ao gênero dramatúrgico Uso do Espaço Cênico: direções e planos / baixo, alto e médio Cenário/adereços: adequação, finalização e inventividade Iluminação: uso ou não adequação Relação tempo / espaço (da história) Sonoplastia: (uso ou não adequação) Construção do Papel/ Personagem Trabalho corporal /expressão facial Uso da voz: Projeção, dicção e entonação Figurino: Adequação, criatividade e acabamento Maquiagem: uso ou não propriedade LEGENDA OBJETIVOS ATINGIDOS OBJETIVOS PARCIALMENTE ATINGIDOS OBJETIVOS NÃO ATINGIDOS A *** PA ** NA * EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 62 CÊNICAS ARTES A Equipe de Artes Cênicas convida para a apresentação dos produtos artístico-pedagógicos de Artes Cênicas, criados pelos Professores e alunos de Artes Cênicas do Município do Rio de Janeiro. Apareça, ficaremos felizes em recebê-los! Teatro Gonzaguinha Rua Benedito Hipólito, 125- Praça Onze – Centro Centro de Artes Calouste Gulbenkian www.vectoropenstock.com EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 63 CÊNICAS ARTES Apresentações dos espetáculos da Mostra de AC- 2011 DIA/ TURNO DIA/ HORA 16/11 QUARTA 17/11 QUINTA 18/11 SEXTA 24/11 QUINTA 25/11 SEXTA 1º TURNO DE 9h às 12h 9h-Chegada dos grupos, marcação de palco e camarins 9h30- Abertura e espetáculo 1º bloco 9h30 – 10h Teatro Prof. Marcio Saretta CIAD Educação Especial Prof. Flavio Mota As Trapalhadas de Pai Francisco e Catirina 2ª CRE Profª Alessandra Garcia Os dois lados da Luta: Guerra e Paz 1ª CRE Profª Patricia Alves Como se Não Houvesse Amanhã 4ª CRE XXXXXXX XXXXXXXX XXXXXX X XXXXXXX XXXXXXX XXXXXX XXXXXXXXX 2º bloco 10h 10h30 Teatro Profª Elisabete Correa A Bela Adormecid a 2ª CRE Profª Claudia Vieira O Boi Bordado de Lua 9ª CRE Profª Patricia Alves O Mágico de Oz 4ª CRE Profª Claudia Vieira Arena Conta Zumbi 9ª CRE Profª Paula Calafiori Drogas Nunca Mais 1ª CRE (a confirmar) 11h / 11h30 Espetáculo Suassuna em cena- Cia Teatral Milongas 12h - Encerramento 2º Turno DE 13h30 às 17h TARDE 13:30h - Chegada dos grupos, marcação de palco e camarins 14:00-Abertura 14:30 - Espetáculo Suassuna em cena- Cia Teatral Milongas Dia/Hora 16/11 Quarta 17/11 Quinta 18/11 Sexta 24/11 Quimta 25/11 Sexta 1º bloco 15h às 15h30 Teatro Prof. Helcio Gurgel A Peleja do dote de Xeréu 9ª CRE Profª Claudia Vieira Auto da Compadeci da 10ª CRE Profª Flavia Toledo Romeu e Julieta 10ª CRE Prof. Ricardo Mello Risos, Lágrimas e Reflexão 8ª CRE Profª Patricia Prado A Pior Mulher do Mundo 2ª CRE 2º bloco 15h30-16h Teatro Prof. Flavio Mota O Rico Avarento 2ª CRE Profª Tatiana Treuffar Varal di Versos 10ª CRE Prof. Marco de Aquino Re-Medeia 10ª CRE Profª Tania Queiroz A Bruxa do Armário de Limpeza 2ª CRE Profª Larissa Barbosa Radio Pinga Monhanga baa 3ª CRE 16:30-17:00 - BATE PAPO E ENCERRAMENTO TARDE 28/11 16h30 Conexão das Artes Encerram ento oficial Educação Infantil + Professores 16:30h - Alessandra Brandão O Chapéu do Marinheiro 20h - Montagem Cênica dos Profs de Artes Espetáculo Viva Suassuna Elenco: Profs de Artes Cênicas Músicos: Profs de Música e Cenografia: Professores de Artes Visuais NOITE 29/11 Terça TEATRO CREJA Jovens e Adultos 18h Chegada do grupo e marcação de palco 18h30 Profª Flavia Pedrosa – Espetáculo Reaja, Mulher! 19h30 Montagem dos Professores de Artes- Viva Suassuna EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 64 CÊNICAS ARTES Prezados Professores, É com grande satisfação que convidamos VOCÊ para o nosso Moitará. O Moitará será um espaço para trocas de experiências! Nosso momento de socializar os conhecimentos adquiridos, transmitir e receber informações, refletir, questionar, debater e avaliar a nossa prática pedagógica, nos aperfeiçoando como profissionais e nos fortalecendo como grupo. Palavra indígena que significa escambo e troca. Fazendo uso desse vocábulo ancestral estamos reinventando nossa língua, revigorando nossas origens e identidade. MOITARÁ Trazer para a troca: Roupas para exercício corporal Telefone celular para filmar Papel e caneta para registrar o roteiro Algo para o lanche coletivo Coração aberto para trocas e afetos Este é mais um encontro que promete! Estaremos esperando por vocês com todo o entusiasmo. Abraços, Bete Pinheiro e Lêda Aristides Equipe Técnico-Pedagógica SME/CED/CT- Artes Cênicas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 65 CÊNICAS ARTES Dinamizadora: Colega e Professora Célia de Almeida (EM George Pfizterer) Programação:OFICINA "ATRÁS DOS BASTIDORES” - O resgate do espaço perdido- 1.º Momento: Apresentação do tema, quando tudo começou; Exercício prático - organização de uma cena/ensaio de coxia •Intervalo (café, troca de energias e outros) 2.º Momento: Comentários sobre o exercício prático pela dinamizadora Partilha com o grupo (perguntas, esclarecimentos, orientações). O 1.° Moitará acontecerá: Data: 30 de abril de 2011 Horário: de 9h às 12h Local: Centro de Artes Calouste Gulbenkian Sala de ensaios de Teatro O 2.° Moitará acontecerá: Data: 18 de junho de 2011 Horário: de 9h às 12h Local: Centro de Artes Calouste Gulbenkian Sala de vídeo Dinamizadora: Colega e Professora Rose Germano Tema: Ensaios de Cinema - Os caminhos que dão movimento à imagem •O teatro de sombras / A criação da sétima arte •A chegada do cinema no Brasil /A linguagem do cinema •Uma ideia na cabeça e um celular na mão Programação •1.º Momento: Breve abordagem sobre a linguagem cinematográfica. Projeção de um curta produzido em sala de aula com os estudantes. •Intervalo (café, troca de energias e outros) 2.º Momento: Criação de um pequeno roteiro para filmagem. Filmagem. Encerramento com a dinamizadora EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 66 CÊNICAS ARTES Ano 2012 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 67 CÊNICAS ARTES AÇÕES PEDAGÓGICAS 2012 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA OFICINAS, WORKSHOPS E MONTAGEM ARTÍSTICA PARA PROFESSORES DE ARTES CÊNICAS 2012 DESCRIÇÃO DA AÇÃO O Projeto de Capacitação se constituirá das seguintes ações: Módulo I – A Pedagogia do Teatro: Metodologias, Rodas de Reflexão e Caminhos para a Práxis Pedagógica. 3 minicursos, de 8h cada, com 6 oficinas e 1 apresentação de Pesquisa Acadêmica, para 20 Professores I de Artes Cênicas, em cada um, num total de 60 Professores e 24h totais. Bibliografia base: A Pedagogia do Teatro, de Flavio Desgranges. São Paulo: Hucitec. O processo de Drama, de Beatriz Biange. São Paulo: Hucitec. AÇÃO Capacitação para Professor I, de Artes Cênicas, regentes do 1.º ao 9.º Ano, da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. JUSTIFICATIVA O presente projeto faz parte da política de Formação Continuada, adotada pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e tem como justificativa não só atender às necessidades de atualização metodológica dos Professores I de Artes Cênicas, como também subsidiá-los para participação na Conexão das Artes/ Mostra de Teatro - 2012, que este ano terá como personalidades teatrais homenageadas os autores Nelson Rodrigues e Jorge Amado. Capacitação para Professores I de Artes Cênicas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 68 CÊNICAS ARTES AÇÕES PEDAGÓGICAS 2012 Módulo II - Direção teatral para não diretores Curso de pré-requisito para participação na Conexão das Artes/Mostra de Teatro Tema: Encenação Teatral: A dramaturgia brasileira nos anos 90 workshops: 10 workshops de Direção Teatral, focado na dramaturgia de Nelson Rodrigues, preparatórios para a Conexão das Artes/Mostra de Teatro 2012, realizado em 2 turmas (manhã ou tarde): 5 workshops, com 4h cada, para 20 Professores I de Artes Cênicas, em cada turma, durante o mês de agosto, atendendo a um total de 40 Professores I de Artes Cênicas, numa carga horária total de 40hs. Módulo III - Montagem Artística Montagem Artística - 22 Oficinas e 2 apresentações do produto artístico-pedagógico (espetáculo-aula), com 4h em cada encontro, perfazendo um total de 96h de curso, com vaga para 40 Professores, distribuídos em duas turmas de 20 Professores cada (manhã ou tarde). Módulo III - Montagem Artística Agosto /Setembro e Outubro 1. Oficinas de Direção Teatral Turma A - A dramaturgia de Plinio Marcos Turma B - A dramaturgia de Nelson Rodrigues 2. Oficinas de Preparação Vocal e Maquiagem e Figurino - Turmas A e B Capacitação para Professores I de Artes Cênicas Capacitação bibliográfica com 950 livros adquiridos no ano de 2012 para o Prof. de AC IMAGINÁRIO E TEATRO-EDUCAÇÃO SUELI BARBOSA THOMAZ PEDAGOGIA DO TEATRO NARCISO TELLES NELSON RODRIGUES POR ELE MESMO Org. de SONIA RODRIGUES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 69 CÊNICAS ARTES ÁREA TURNO 06/02/2012 07/02/2012 08/02/2012 09/02/2012 ARTES Manhã Oficina de Ensaio Geral Espetáculo-aula Viva Suassuna 9h-12h (Artes Cênicas e Música). Sala de Ensaio do Teatro Carlos Gomes Coffee-break Inscrição nas oficinas 1/ de 8 e 9/2 Abertura Retrospectiva 2011 Ações da rede para 2012 Programação da Semana de Minicursos Palestra: A Pedagogia do Teatro com Flavio Desgranges Coffee-break Oficina 1 O Processo colaborativo Tema: Encenação em jogo Dinamizador Marcos Bulhões Coffee-break Oficina 2 O Processo colaborativo Tema: O processo do Drama Dinamizadora Biange Tarde Apresentação do Espetáculo-Aula e Mesa Redonda: Montagem Cênica: Viva Suassuna: um espetáculo-aula 15h-17h Todos os Professores de Artes Teatro Carlos Gomes Abertura Retrospectiva 2011 Ações da rede para 2012 Programação da Semana de Minicursos Palestra: A Pedagogia do Teatro com Flavio Desgranges Coffee-break Inscrição nas oficinas 1/2 de 08 e 09/2 Oficina 1 O Processo colaborativo Tema: Encenação em jogo Dinamizador Marcos Bulhões Coffee-break Oficina 2 O Processo colaborativo Tema: O processo do Drama Dinamizadora Biange Coffee-break AÇÕES PEDAGÓGICAS 2012 Semana Inicial EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 70 CÊNICAS ARTES CAPACITAÇÃO PARA PROFESSORES DE TEATRO DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ENSINO – RJ AGOSTO E SETEMBRO DE 2012 Queridos(as) Professores(as), Com muita alegria recebi o convite para colaborar na Capacitação – 2012. Durante todos os anos que fiz parte da equipe de coordenação de Teatro da SME, organizando pesquisas, seminários, documentos e propostas curriculares voltadas para o trabalho de Teatro na perspectiva da Formação Continuada, considero ter sido dos melhores anos de minha vida profissional. Nesse sentido, hoje, como Professora da UNIRIO, muito me honra poder contribuir com algumas pesquisas e estudos teórico-práticos que venho desenvolvendo no lócus acadêmico e, o mais importante, poder compartilhar com vocês e trocar conversas, ideias e conhecimentos. Nos meses de agosto e setembro, estaremos juntos. Espero que possamos aproveitar o máximo e sairmos fortalecidos para nossas batalhas diárias à frente do trabalho com a Educação e o Teatro. Envio para vocês algumas sugestões de leituras que considero fundamentais e que nos darão subsídios para discussões, reflexões e ações pedagógicas. Nosso trabalho terá como tema: A PEDAGOGIA DO TEATRO NA PERSPECTIVA CONTEMPORÂNEA: saber - fazer - pensar e os aspectos criativos das metodologias. Como objetivos principais, refletir em torno da práxis do teatro e suas conexões com a pesquisa, a experimentação e a sistematização; atualizar o debate sobre os estudos e pesquisas da Pedagogia do Teatro e suas relações com as abordagens contemporâneas; estabelecer conexões entre as práticas cotidianas e ampliar a discussão sobre outras possibilidades metodológicas; refletir criticamente sobre o saber – fazer – pensar pedagógico e estabelecer simultaneidades, interseções e diferenças entre processos metodológicos diversos, apontando o Processo Colaborativo como perspectiva pedagógica. Como proposta metodológica dos minicursos, faremos sempre práticas e reflexões teóricas. Para isso, levem caderno para anotações e procurem usar roupas confortáveispara trabalho corporal. MÓDULO I Dinamizadora Liliane Mundim EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 71 CÊNICAS ARTES Para subsidiar nossas discussões, especialmente ressalto as leituras dos 3 textos a seguir: 1- DESGRANGES, Flávio. A Pedagogia do Teatro: provocação e dialogismo. SP: Hucitec, 2006. (da pág. 92 a pág. 138) 2- PUPO, Maria Lucia de Souza. Para desembaraçar os fios in Educação e Realidade – PAEP – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/ MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA. v. 30, n. 2 (2005) – LINK: http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843 KOUDELA,Ingrid e SANTANA, Arão Paranaguá de. ABORDAGENS METODOLÓGICAS DO TEATRO NA EDUCAÇÃO. http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_te atro.pdf Espero vocês. Com afeto Liliane Mundim https://www.youtube.com/ Watch?v=K6j_VwsoXcQ Para ver o curso completo, acesse http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/issue/view/921 http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12462/73843-KOUDELA,Ingrid http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/arquivos/File/conteudo/artigos_teses/2010/Arte/artigos/metodo_teatro.pdf https://www.youtube.com/watch?v=K6j_VwsoXcQ https://www.youtube.com/watch https://www.youtube.com/watch https://www.youtube.com/watch EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 72 CÊNICAS ARTES Proposta de Trabalho Dinamizador: Luiz Vaz Apresentação Abordagem Sobre Dramaturgia e Direção Teatral na Obra de Nelson Rodrigues. Neste universo: sua temática; os recursos de encenação propostos pelo autor, seus diretores e outros intérpretes da obra e de que forma esse universo se comunica com as comunidades escolares (e seus entornos) das quais fazem parte os Professores de teatro da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. NOSSO NELSON PEDAGÓGICO? Estaremos juntos nessa jornada para analisar as questões de direção teatral na obra de Nelson Rodrigues, estamos entre Professores de teatro na Rede Pública de educação, e muitos entre nós também atuam como diretores teatrais e/ou atores, atrizes. Não me incluo no grupo como um especialista na obra de Nelson Rodrigues. Embora alguns estudiosos, por sua dedicação a esta obra possam mesmo arrogar-se para si esse título, não é este o meu caso. O próprio Nelson demonstrava certo torpor diante de sua criação (comum em todos os grandes criadores) e todas as suas tentativas de categorizar sua obra e a importância desta no contexto intelectual/social/cultural e artístico, o fazia cair em dualidades como: Reacionário/Revolucionário, Pornográfico/Moralista, Gênio refinado/artista folhetinesco. O certo é que por serem profundas as águas de um lago, sua superfície difundirá miríades de reflexos. Como num espelho: milhares de faces. Vou atuar como orientador/facilitador dessa abordagem coletiva, e para essa jornada escolhi uma direção a seguir: A universalidade temática e a linguagem cênica da obra de Nelson Rodrigues, e como ela se vê refletida no cotidiano da vida escolar e comunitária no Rio de Janeiro. Nelson Rodrigues, escritor inspirado pela temática da literatura e dramaturgia clássicas, mas, também pelo seu mister de jornalista, repórter muito ativo, ligado a vida comunitária, escreveu suas peças com forte traço do cotidiano urbano e especialmente suburbano da metrópole carioca, porém, com profundidade e alcance universais MÓDULO II Dramaturgia de Nelson Rodrigues e Jogos do Teatro do Oprimido Dinamizador Luiz Vaz EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 73 CÊNICAS ARTES MÓDULO II Dramaturgia de Nelson Rodrigues e Jogos do Teatro do Oprimido Dinamizador Luiz Vaz Dentro da temática Rodrigueana optamos por um recorte que encontre amplo reflexo nas comunidades onde estão situadas nossas escolas, e mesmo dentro das comunidades escolares, como o recentemente mais observado fenômeno do bullying escolar, e seus recorrentes casos de racismo e homofobia, também os que atingem as nossas crianças e adolescentes. (...) Todos esses temas recorrentes na obra do dramaturgo. Desta maneira é propósito estudar a obra de Nelson Rodrigues por seu viés temático e sua linguagem teatral, como tem sido compreendida pelos diretores/encenadores/leitorese críticos de suas peças, possibilitando-nos, além de uma reflexão e exercício prático, realizar uma ascese temática que nos coloque em contato com alcance social desta obra, de maneira que ao fazermos a sempre recomendada ligação entre a ideia artística e o ideário humano, busquemos a nossa melhoria enquanto seres transformados e transformadores pela vida e pela arte. Para isso utilizaremos a metodologia criada por Augusto Boal. É muito interessante a aproximação destes dois universos teatrais, a dramaturgia rodrigueana e o Teatro do Oprimido, porque ambos praticam o que Boal em sua obra chama de ‘ascese’ dando a esse termo a ideia de como uma opressão parte do microcosmo da relação circunstancial (Marido/esposa, Patrão/empregado e etc.. para suas representações sistêmicas e macrocósmicas: Patriarcalismo / Sexismo/Mercado/consumo e etc...) ou seja, a transposição do ato individual, da opressão que cerca um indivíduo, para sua dimensão do social e o seu status quo. Exercícios, jogos e dinâmicas da metodologia do T.O serão utilizados para compreendermos os conflitos, a dramaturgia, a empatia e o escopo humano e social sobre o qual esta obra é construída. Luiz Vaz (fragmento) w w w .v e c to ro p e n s to c k .c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 74 CÊNICAS ARTES 1.º Encontro 23 de Agosto Manhã – Tarde • Conversa Inicial – Apresentação dos Jornais do Dia, explanação sobre as características da reportagem jornalística (especialmente a policial) na obra de Nelson Rodrigues. Por uma feliz coincidência este é o dia do aniversário de Nelson e o Jornal Meia Hora fez-lhe uma homenagem, criando uma falsa capa com matérias baseadas nas peças teatrais do autor. Notícias com características que podemos considerar “Rodrigueanas”, por estarem muito presentes na obra deste dramaturgo, são tão comuns nos nossos jornais diários que a homenagem foi percebida por poucos, foram feitas comparações com outras notícias comuns que pareciam uma sequência destas que usavam sinopses de peças escritas por Nelson Rodrigues. • Realizamos exercícios de aquecimento e integração do grupo (...) e uma dinâmica do Teatro Imagem (uma das técnicas do Teatro do Oprimido) denominada Álbum de Família, em que cada participante faz uma imagem usando os atores/Professores que participam do encontro do que seria a imagem síntese da sua família no período de sua vida em que era criança dentro de um núcleo familiar quase sempre formado por pai, mãe, irmãos, tios, avós e outros. O participante depois de fazer a imagem coloca-se no lugar que ocupa nessa imagem produzida. Depois que todos realizam as imagens com auxílio dos seus colegas, discute-se sobre os personagens (Pai, mãe, irmãos e etc..) e seus papéis, como se fazem representados nas tantas imagens e busca-se uma imagem síntese das tantas famílias ali representadas. Discute-se com o grupo, auxiliado pelo curinga (dinamizador da técnica) que não manifesta opiniões generalizantes ou que encerrem conceitualmente uma discussão, pois o seu papel é o de fomentador da discussão entre o grupo, sobre a presença de opressões nas relações representadas. Conversa de como as relações familiares, as tradições e as opressões representadas pela família têm forte presença na obra de Nelson Rodrigues. Leitura do primeiro ato de Anjo Negro e uma reflexão sobre a subversão em Nelson do papel do negro na dramaturgia brasileira de sua época, ou seja, o autor coloca o negro no ápice de uma pirâmide de poder financeiro e social ainda que embevecido de conflitos com relação a auto e alter aceitação da sua cor, deixando a questão racial potencialmente exposta a uma análise, até então, uma oportunidade ímpar para uma reflexão diferenciada das costumeiras na segunda metade do século XIX (...) segue três contornos; o escravo fiel; o escravo pernicioso ou criminoso; e o negro caricatural MÓDULO II Dramaturgia de Nelson Rodrigues e Jogos do Teatro do Oprimido Dinamizador Luiz Vaz EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 75 CÊNICAS ARTES 2.º Encontro – 30 de Agosto •Jogos e Exercícios de aquecimento, integração do grupo (...) e apresentação do Teatro Fórum utilizando uma técnica de imagem projetada: Os 3 Obstáculos, apresenta-se uma protagonista com um desejo claro de ultrapassar 3 obstáculos, ela encontra ajuda de uma pessoa para dois deles, um pequeno e um médio, mas, no terceiro que é gigantesco ela não conta com a mesma determinação de seu ajudante para além desse percurso. O que fazer para ultrapassar todos os obstáculos? Essa pergunta é feita para o público da pequena sessão, e as ideias vão se somando uma às outras, potencializando o grupo a partir das sugestões individuais que somam-se numa cada vez mais crescente ‘atitude’ coletiva. Esse exercício foi proposto para auxiliar no trabalho de leitura e adaptação de trechos da peça teatral “O Beijo no Asfalto”, entre as peças de Nelson, a que tem uma estrutura dramatúrgica mais próxima do Teatro Fórum, a mais conhecida e praticada técnica da Metodologia do Teatro do Oprimido. No Teatro Fórum a cena apresenta um problema, que contem uma opressão a ser enfrentada, para um público formado de pares sociais, ou seja, pessoas que são capazes de identificar-se com a opressão sofrida por analogia ou identidade e buscam em cena, atitudes e alianças possíveis que possam inibir, anular ou destruir as forças opressoras. • PARA O PRÓXIMO ENCONTRO (06 DE SETEMBRO) LER O TEXTO O “BEIJO NO ASFALTO” E BUSCAR NELE CENAS QUE INSPIREM A ADAPTAÇÃO DE UMA PEÇA CURTA DE TEATRO FÓRUM (APROXIMADAMENTE 10 MINUTOS) QUE POR SUA CARACTERÍSTICA DE UMA CLARA OPRESSÃO EXERCIDA CONTRA UMA VONTADE LEGÍTIMA EXPRESSA PELO OPRIMIDO PERMITA AO SEU PÚBLICO PERCEBER E EXERCITAR NO FÓRUM (INTERVENÇÕES DA PLATÉIA SUBSTITUINDO O OPRIMIDO/PROTAGONISTA) AS ALIANÇAS POSSÍVEIS, OS USOS DE ARGUMENTOS, AS AÇÕES POSSÍVEIS PARA A QUEBRA DA OPRESSÃO. • LEVAR 3 OBJETOS QUE TENHAM VALOR AFETIVO. VAMOS REALIZAR O JOGO “IMAGEM DOS OBJETOS” E PERCEBER O QUÃO POSSUEM AURAS IDEOLÓGICAS E OS EFEITOS DISSO NAS NOSSAS VIDAS E COMO FORAM UTILIZADOS COMO IMPORTANTE RECURSO IMAGÉTICO/MÁGICO/MÍSTICO NA OBRA “DOROTÉIA” DE NELSON RODRIGUES, QUE TRATA DA OPRESSÃO CONTRA A MULHER NUMA SOCIEDADE PATRIARCAL. MÓDULO II Dramaturgia de Nelson Rodrigues e Jogos do Teatro do Oprimido - Dinamizador Luiz Vaz EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 76 CÊNICAS ARTES w w w .v e c to ro p e n s to c k .c o m 3° ENCONTRO – 06 de Setembro/2012 A PROGRAMAÇÃO COMEÇOU NA PARTE A MANHÃ COM UM EXERCICIO DE IMAGEM CHAMADO: “O JOGO DO PODER” Entre cadeiras e mesas, a partir de uma organização das cadeiras em fila no espaço cênico viradas para a assistência do público e ao lado das cadeiras perfiladas, a mesa. Iniciamos uma discussão sobre se na imagem apresentada alguma cadeira exercia mais poder que a outra. O grupo que assistia, dividiu-se entre as avaliações de que todas têm poderes iguais e a avaliação de que uma tem mais poder, no caso, a que está mais próxima da mesa. A partir daí, uma cadeira foi colocada de um dos lados da mesa e todas as demais em fileira de fronte para ela. Todos foram unânimes em apontar a cadeira próxima à mesa como se esta fosse um objeto de poder da personagem invisível que ali estivesse sentada para ‘atender/comandar/liderar, etc..’ os demais. É desse ponto que se inicia o jogo e os atores vão mexendo na estrutura, mudando a posição das cadeiras em relação à mesa, seguindo a comanda do curinga de que uma cadeira adquirisse o maior poder em relação às demais, um poder inquestionável, totalitário. Numa etapa seguinte, os atores entram em cena a partir do primeiro que se coloca no lugar de maior poder da imagem, geralmente sentado na cadeira perto da mesa. Outros entram, dessa vez para‘tomar o poder pra si’, desestruturando e entendendo as relações de poder que estão presentes nas estruturas sociais e suas relações internas. MÓDULO II Dramaturgia de Nelson Rodrigues e Jogos do Teatro do Oprimido DINAMIZADOR LUIZ VAZ EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 77 CÊNICAS ARTES Realizamos alguns jogos que tinham, como intuito, aquecimento físico e em seguida aquecimento ideológico sobre as relações Dominador/Dominado, que serão apresentados na apostila final. Em seguida, propusemos a volta ao texto “O Beijo no Asfalto” e apresentamos as possibilidades de adaptação, para o ambiente escolar, de alguma cena. Foi lido o texto: “O Caso da Echarpe”, que narra um achincalhe de colegas de turma para um aluno que decide ir com um cachecol colorido certo dia para a sala de aula. A partir da leitura discutiu-se o processo de dramaturgia no Teatro Fórum para que se realizem adaptações com esse fim de textos de Nelson, ou neles inspirados e a utilização da técnica em questão, que convida à participação do público para discussão do problema apresentado em cena, sob o ponto de vista do protagonista/oprimido. Ocorreu uma dúvida sobre o processo de montagem, e foi reforçado que no método do T.O, pode-se numa eventualidade transformar textos propostos a partir de um tema, ou usar o próprio texto original do Dramaturgo em fragmentos para realização da sessão de fórum, mas, que a prática mais usual e mais segura é a de estimular o grupo com textos do autor e pedir, a partir das experiências individuais e/ou do grupo, que se contem casos e histórias com essa temática (de opressões análogas ou identificadas com a do texto), que possam ser transformadas em cenas de fórum. Para isso foi proposto que alguém do grupo apresentasse uma história sua (vivida), e realizamos a técnica Imagem-Tela, em que se analisa, num rodízio de atores/as diversas sugestões sobre o tema (em forma de diálogos onde as ideologias do oprimido e do opressor são apresentadas, e experimentadas mudanças na atitude do oprimido, na tentativa de libertar-se da opressão na cena/história). LUIZ VAZ é um dos Fundadores do Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro (CTO) e Prof. de Artes Cênicas do Conservatório Brasileiro de Música. Para o quarto encontro pede-se a leitura do texto Dorotéia, que será analisado e trabalhado com a metodologia do teatro imagem. E levem 3 objetos pessoais de valor afetivo. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 78 CÊNICAS ARTES Espetáculo-Aula Nelson RodriguesEspetáculo-Aula Nelson Rodrigues Elenco Profs de Artes Cênicas Dia 24/10/74 – 4ª feira 1ª sessão 09h e 30 min 2ª sessão 14h e 30 min Inscrições através dos emails artescenicas@riodeduca.net artesvisuais@rioeduca.net musica@rioeduca.net Cenografia Profs de Artes Visuais 40 vagas, por disciplina, em cada sessão!!! Fragmentos sonoros Marcos Martins Direção Teatral Ribamar Ribeiro Figurinos Marcia Valeria Maquiagem Getulio Nascimento Módulo III – Montagem Artística Espetáculo-Aula Autor Estudado: Nelson Rodrigues Aula aberta de artes cênicas para alunos do PEJA e apresentação para Professores de Artes EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 79 CÊNICAS ARTES 2012 Espetáculo-Aula «Nelson Rodrigues, Hey» Processo: Oficinas de preparação corporal e vocal, de leitura de alguns textos dramatúrgicos de Nelson Rodrigues, de pesquisa sobre o momento teatral, histórico- político-cultural do autor. O estudo de suas frases polêmicas e leituras de críticas teatrais sobre o mesmo. Preparação de pequenas cenas, numa releitura poético- estrutural da dramaturgia rodrigueana. Oficinas de Maquiagem e Figurino, com participacão dos docentes- artistas na concepção dos mesmos. Produto Artístico-Pedagógico: Curta temporada em Teatros para jovens e adultos, alunos do PEJA, das EM de Ensino Público do Município do RJ e para Professores de Artes. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 80 CÊNICAS ARTES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 81 CÊNICAS ARTES Ensaios no Centro de Artes Calouste Gulbenkian sábados pela Manhã - 2012 1. Alessandra Domingues Brandão 2. Celia Almeida 3. Celia Damiana Teixeira da Cruz 4. Claudia Vieira Torres Gomes 5. Elisabeth Correa 6. Elisabete Pinheiro Costa 7. Evellyn Barbosa Rufino da Costa 8. Flavia Beatriz Pedrosa Pereira 9 . Flavio A. da C. Mota 10. Gabriela Salgado 11. Gleisse Oliveira Paixão e Silva 12 Karlla Maria Bastos de Carvalho 13. Larissa Tatiana Silva Barbosa 14. Lêda Aristides 15. Maria Cecilia Tavares 16. Marcia Isidoro da Silva 17. Monica Muniz de Ruiz 18. Patricia Alves Silva de Lima 19. Patricia Viana 20. Renata Lourdes de Souza 21. Ricardo Furtado Mello 21.. Sandra Avelino Ferreira 23. Silvia Muniz Werneck 24. Tania Maria de Queiroz OUTRAS AÇÕES PEDAGÓGICAS EXECUTADAS EM 2012 Temporada do Espetáculo-Aula Viva Suassuna! Em parceria com a Mídia 2012 ELENCO DE PROFESSORES PARTICIPANTES DA MONTAGEM CÊNICA “VIVA SUASSUNA!” Ariano foi o Autor estudado em 2011 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 82 CÊNICAS ARTES DIA DIA DA SEMANA HORÁRIO LOCAL CRE ACADÊMICO 09/08 Quinta- feira 9h Lona Cultural de Campo Grande Elza Osborny-Est. Rio do A, nº 220 9ª Cícero Sandroni 10/08 Sexta feira 13h Lona Cultural Terra, em Guadalupe 6ª Cícero Sandroni 13/08 Segunda-feira 13h Cidade das Crianças- Sta Cruz 10ª Carlos Nejar 15/08 Quarta-feira 13:30h Centro Cult. Justiça Federal Av. Rio Branco- Cinelândia 1ª Villaça 16/08 Quinta-feira 9h Núcleo de Artes Sousa da Silveira- Rua Amália – Piedade 5ª Carlos Nejar 17/08 Sexta-feira 9h E.M. Tasso da Silveira- Realengo 8ª Evanildo Bechara 17/08 Sexta-feira 13h Teatro Ziembinski- Av. Heitor Beltrão s/nº/Tijuca 2ª Domício Proença 22/08 Quarta-feira A confirmar A confirmar 3ª Só espetáculo 24/08 Sexta-feira 8:30h Núcleo de Artes- Escola Grécia- Vila da Penha Av. Brás de Pina, nº 1614 4ª Arnardo Niskier 24/8 sexta-feira 15h Auditório da EM 07.16.047 Gov . Carlos Lacerda ( GEC), Rua Nacional, 320. Taquara 7ª Só espetáculo Obs.: Chegar duas horas antes para concentração, preparação e ensaio. Manhã - O ônibus sairá às 7h e retornará a às 13h ao mesmo local. Tarde - O ônibus sairá às 11h e retornará às 17h – Local: portão da creche. Nos dias com 2 espetáculos, o ônibus seguirá do 1.º local para o 2.º. Pauta de apresentações do espetáculo Viva Suassuna! como convidado da Maratona da Mídia - 2012 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 83 CÊNICAS ARTES Prezados Diretores e Professores de AC da SME Prezados Supervisores de Estágio de Alunos Licenciandos em AC, da UNIRIO É com satisfação que informamos o reinício da parceria SME/UNIRIO - 2012, para receber estagiários dos níveis I e II, do curso de Licenciatura Plena em Artes Cênicas, do Centro de Letras e Artes/Unirio. Em 2011, iniciamos esta parceria e os resultados para ambas as Instituições foram muito positivos. Os alunos-estagiários, em seus relatórios, no seminário de final de ano letivo, declararam o acolhimento carinhoso de nossa Secretaria, CREs, UUEE e Professores. Expuseram, através de relatos, a importância da Observação e da Prática de Ensino, em nossas escolas, que lhes deu a dimensão do ensino das Artes Cênicas, dentro do sistema escolar, através de um aprendizado rico e real. Nossos Professores, que se dispuseram a acolher estes estagiários, também relataram a importância de ter, em suas aulas, o diálogo e o olhar observador de um futuro profissional, que traz as reflexões do mundo acadêmico para dentro da sala de aula, enriquecendo as práticas diárias. Portodos esses resultados estamos convidando Professores-Supervisores de Estágio de Artes Cênicas da UNI-RIO, estagiários inscritos, em 2012, representantes das CREs/Geds, Diretores e Coordenadores Pedagógicos das UUEE envolvidas e Professores de AC, participantes, para um Encontro Pedagógico de Boas-Vindas aos estagiários, quando a Equipe de Artes Cênicas da E/SUBE/CED-CT receberá a todos para uma confraternização e abertura dos trabalhos, onde serão apresentados, para o grupo de estagiários, os documentos pedagógicos oficiais do Ensino de Artes Cênicas, na Rede Pública Municipal de Ensino do RJ (Orientações Curriculares, Multieducação) Atenciosamente, Lêda Aristides Elemento de Equipe E/SUBE/CED-CT - Artes Cênicas Dia: 4 de abril de 2012 Local: SME/sala 155- 1º andar. Horário: de 14h30 às 16h30 Contamos com sua presença PARCERIA SMERJ E UNIRIO ESTAGIÁRIOS EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 84 CÊNICAS ARTES Amiga Professora e Amigo Professor de Artes Cênicas, Sabemos das dificuldades encontradas no dia a dia para o exercício de nosso ofício. No ano de 2012 esse tema serviu para algumas reflexões, resultando num material que pudesse ser o norte para nossas necessidades, lutas e conquistas e que apresentamos a você dentro deste Material de Estudo. (...) Como profissionais do ensino, sabemosque o processo de aprendizagem para o crescimento e a transformação é mais lento do que gostaríamos. Nesse exato ponto lembro que não podemos nos esquecer de que nossa Área de Conhecimento está no Currículo Escolar oficialmente há apenas 34 anos (o que significa que somos muito jovens em relação às Áreas mais antigas) e que apesar de compormos hoje uma Equipe de pouco mais do que 250 profissionais, sendo, portanto, a menor equipe de Professores da Rede Pública do Município do Rio de Janeiro, somos também – contraditoriamente – a maior Equipe de Professores de Artes Cênicas de Ensino Público em toda a América Latina. Esta juventude que temos de pouco mais que 3 décadas numa Rede Pública Regular de Ensino, nos dá uma estrada mais longa para percorrer e com mais ideais a conquistar. Nos dá também um maior frescor de quem ainda está construindo o próprio caminho, cumprindo, assim, um dos pressupostos inerentes à Arte, que é trazer um olhar novo e diferente para o cotidiano, abrindo espaço para a emoção, o sensível e o inusitado. Isso posto, lembramos que o material do link foi elaborado sem esquecer de que trabalhamos com o possível, dentro de uma determinada realidade, caminhando sempre em direção ao ideal! Sugestões de uma sala ambiente Ideal para AC http://youtu.be/rAByL8yX4SU Reflexões sobre o Ofício das Artes Cênicas http://youtu.be/rAByL8yX4SU http://youtu.be/rAByL8yX4SU EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 85 CÊNICAS ARTES Ano 2013 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 86 CÊNICAS ARTES MINICURSOS- CAPACITAÇÃO INICIAL Fevereiro - 2013 1. Objetivos: Apresentar as ações realizadas no ano anterior. Lançar temas e perspectivas das Ações Pedagógicas, no ano que se inicia, apresentando algo novo que estimule o início dos trabalhos no ano letivo em curso e seu Planejamento, através de palestras e oficinas. 2. Ações 2.1 - Palestras sobre os Projetos do Museu Palestrante: Juliana Ibraim 2.2 - Visita guiada ao MAR (Museu de Arte do Rio de Janeiro) AÇÕES PEDAGÓGICAS 2013 Capacitação bibliográfica com 1 544 livros adquiridos e distribuidos no ano de 2012 para o Prof. de AC Drama e Teatralidade - Heloise Baurich Vidor Pedagogia do Teatro - Narciso Telles Imaginário e Teatro Educação- Sueli B. Thomaz Educação e Sensibilidade - Vera Werneck Apolo e Artemis -Carlos Alberto de Carvalho Formação do Ator - Mirna Spritzer A escola no Teatro e o Teatro na Escola -Tais Ferreira Capacitação para Professores I, de Artes Cênicas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 87 CÊNICAS ARTES OBJETIVOS: • Apresentar, através de espetáculo-aula, utilizando-se da metodologia de Teatro-Seminário, textos e dados biobibliográficos de Guimarães Rosa. • Promover a leitura e a crítica de textos de Guimarães Rosa. • Promover a Produção Artística, utilizando-se das diferentes funções da Arte como a direção teatral, a sonoplastia, a iluminação, a cenografia, o figurino e a caracterização. • Oportunizar aos alunos a fruição artística, utilizando-se, sempre que possível de espaços profissionais de nossa cidade. • Incentivar e exercitar o observador e a plateia à apreciação técnica da obra de arte. • Integrar alunos e Professores, valorizando e qualificando as Artes e a Mídia como áreas de conhecimento passíveis de interdisciplinaridade. CIA DE ARTEDUCAÇÃO VIVA! 2013 Personalidade Homenageada: Guimarães Rosa Capacitação para Professores I, de Artes Cênicas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 88 CÊNICAS ARTES Hoje tem espetáculo? Tem, sim senhor! EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 89 CÊNICAS ARTES Cenário- retalhos de Rosa Ensaio EM Orsina da Fonseca Elenco – Diretor – Assistente Músicos – Maestro – Cenógrafos EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 90 CÊNICAS ARTES Entrevista para a Multirio ARTES CÊNICAS DATA: 17/12/2013 Hora: 9h às 13h LOCAL: GEC Orsina da Fonseca Espetáculo-Aula Viva o Guima! - 2013 Docentes-Artistas participantes do Elenco ORD NOME MATRÍCULA ESCOLA 01 Karlla Maria Bastos de Carvalho 10/266366-4 CIEP Dom Oscar Romero 02 Elizabeth Corrêa 10/147574-8 N.A.Copacabana 03 Mônica Muniz de Ruiz 10/160923-9 Inst. Helena Antipoff- CIAD 04 Celia Damiana Teixeira da Cruz 10/108412-8 EM José de Alencar 05 Silvia Muniz Werneck 10/266380-5 EM Alba Canizares do Nascimento 06 Sandra Avelino Ferreira 10/209395-3 EM Ministro Edgard Romero 07 Larissa Tatiana Silva Barbosa 10/207040-5 EM Pastor Miranda Pinto 08 Evellyn Barbosa Rufino da Costa Evellyn 10/266385-4 EM Bem. Araujo Castro 09 Gabriela Barboza junkeira Kerr 10/241026-4 CIEP Rubens Gomes 10 Renata Lourdes de Souza 10/209401-9 EM Prefeito Filadelfo Azevedo 11 Márcia Izidoro da Silva 10/101524-7 EM Prof. Wantuyl 12 Maruana Camargo Matar 10/291545-2 EM Vice Almte Alvaro Alberto 13 Renata Lilly A Feitosa de Souza 10/289679-3 EM Almeida Garrett 14 Flavia Beatriz Pedrosa Pereira 10/169706-9 NA Avenida dos Desfiles EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 91 CÊNICAS ARTES A Cia de ArtEducação Viva! nasceu a partir do curso de Montagem Artística, oferecido pela E/SUBE/CED-CT na Capacitação Anual dos Professores de Artes da SME/RJ/2011 Hoje a Cia possui em seu repertório artístico três espetáculos-aula e conta com cerca de 20 Professores de Artes Cênicas, em seu elenco; 10 Professores de Música, em sua orquestra e 10 Professores de Artes Visuais, na cenografia, que se revezam nas apresentações. A Cia de ArtEducação Viva! apresenta, anualmente, produções artístico-pedagógicas, que chamamos de espetáculos-aula e que têm por objetivo eleger um grande autor dramaturgo ou não, onde – a partir das metodologias do Processo Colaborativo e do Teatro-Seminário – cria, com os Professores de Arte, um produto coletivo e interdisciplinar, que apresenta o autor escolhido em seu perfil bio-bibliográfico e textual. Os espetáculos-aula são voltados à Comunidade Escolar. São aulas de Arte diferenciadas que propõem o aprendizado de grandes autores, a fruição da Arte e a formação de plateia. Em 2011, apresentamos uma temporada em teatros locais, deagosto a novembro, numa parceria com as CREs da Rede Pública do Município do Rio de Janeiro, por sugestão da Secretária de Educação Claudia Costin, que esteve presente na estréia do espetáculo-aula Viva Suassuna! e o recomendou. Em 2012, apresentamos o espetáculo Nelson Rodrigues, Hey! Viva Nelson!, porém, por ter uma temática mais adulta, fizemos nossa temporada para os Professores de Artes e para os alunos do PEJA. O espetáculo de 2013, Viva o Guima! é um espetáculo de rua e estreou, no dia 14 de dezembro, no GEC Orsina da Fonseca para alunos, Professores e convidados e pretende fazer sua temporada, durante o 1º semestre de 2014, para os alunos do Ensino Fundamental de nossa Rede de Ensino. A Cia de ArtEducação Viva! tem a Direção Teatral de Ribamar Ribeiro com a preparação de cenas, realizada pelo assistente teatral Renato Neves; a preparação vocal, a maquiagem e o visagismo são de Getulio Nascimento; a Cenografia de Cachalote e figurinos de Márcia Valeria. A Direção Musical e a autoria das músicas ficam sob a competência do Maestro Cosme Gallindo. O Elenco é composto por Professores de Artes Cênicas. A orquestração do espetáculo e a sonoplastia são realizadas pelos Professores de Música e a cenografia tem coautoria e elaboração dos Professores de Artes Visuais. Todos atuam sob a Coordenação Geral da Equipe de Artes da E/SUBE/CED/CT, representada pelos Professores: Lêda Aristides, de Artes Cênicas; Luciano Cintra, de Música e Jacqueline MacDowell e Sabrina Bouças de Artes Visuais. CIA DE ARTEDUCAÇÃO VIVA! http://youtu.be/rAByL8yX4SU EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 92 CÊNICAS ARTES Ano 2014 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 93 CÊNICAS ARTES CIA DE ARTEDUCAÇÃO VIVA! 2014 Espetáculo-aula Viva Abdias do Nascimento! I – Ação Cia de ArtEducação Viva! II – Justificativa A Ação Pedagógica Cia. de ArtEducação Viva! apresenta, anualmente, um trabalho interdisciplinar com a atuação dos docentes-artistas de Artes Cênicas, Artes Visuais e Música. Propõe a criação de espetáculos-aula que são apresentados à Comunidade Escolar da Rede Pública de Ensino da Cidade do Rio de Janeiro e tem como objetivo pedagógico a fruição da Obra de Arte e a formação de plateias críticas. A Cia de ArtEducação Viva!, no ano de 2014, apresentará a Montagem Prática de um produto artístico-pedagógico que tem como personalidade homenageada o dramaturgo, poeta, escritor. ator e pintor Abdias do Nascimento. A escolha do artista se justifica pela importância de sua Arte e pela sua luta contra a discriminação racial, contribuindo para a valorização do artista negro, na conquista de novos espaços dentro do contexto artístico e sociocultural brasileiro, nos últimos sessenta anos. Descrição da Ação Montagem e Apresentação de produto artístico-pedagógico (espetáculo-aula), com docentes-artistas de Artes Cênicas, Artes Visuais e Música, sob o título Viva Abdias do Nascimento!, numa ação integrada das três Linguagens da Arte, atuando como elenco, cenógrafos e músicos. Objetivo Geral • Proporcionar o investimento no docente-artista incentivando a Produção de Arte • Proporcionar o investimento no aluno-artista e também na formação do aluno como leitor espectador crítico. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 94 CÊNICAS ARTES Objetivos Específicos • Apresentar, através de espetáculo-aula, utilizando-se da metodologia de Teatro-Seminário, textos e dados bio- bibliográficos de Abdias do Nascimento. • Promover a leitura e a crítica de textos do autor estudado. • Promover a Produção Artística, utilizando-se das diferentes funções da Arte como a direção teatral, a sonoplastia, a iluminação, a cenografia, o figurino, o visagismo, a maquiagem e a caracterização de personagens. • Oportunizar aos alunos a fruição artística, utilizando-se sempre que possível de espaços profissionais de nossa cidade; • Incentivar e exercitar o observador e a plateia à apreciação técnica da obra de arte. • Integrar alunos e Professores, valorizando e qualificando as Artes como Área de Conhecimento passível de interdisciplinaridade. • Proporcionar o investimento no docente-artista incentivando a Produção de Arte. • Proporcionar o investimento no aluno-artista e também na formação do aluno como leitor espectador. • Oportunizar aos alunos a fruição artística, utilizando-se sempre que possível de espaços profissionais de nossa cidade; • Incentivar e exercitar o observador e a plateia à apreciação técnica da obra de arte. • Integrar alunos e Professores, valorizando e qualificando as Artes como Área de Conhecimento passível de interdisciplinaridade. • Proporcionar o investimento no docente-artista incentivando a Produção de Arte. • Proporcionar o investimento no aluno-artista e também na formação do aluno como leitor espectador. Capacitação para Professores I de Artes Cênicas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 95 CÊNICAS ARTES Convidamos você para a apresentação do Espetáculo-Aula/2014 Teatro Ziembinski 26 e 27/12/2014-18h Direção de Ribamar Ribeiro Maquiagem de Getulio Nascimento Figurinos de Márcia Valéria Concepção Cenográfica de Rafael Balthazar Preparação Vocal de Juliana Santos Elenco:/ Cenário /Sonoplastia dos Docentes-Artistas da SMERJ EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 96 CÊNICAS ARTES Texto do Espetáculo-Aula Axé, Abdias! Por Ribamar Ribeiro (Início. Todos os atores estão em um paredão com figurinos simples e começam a narrar) 1ª Cena Abertura a partir do poema de Victoria Santa Cruz Atriz Eu tinha sete anos apenas Todos Axe! Atriz Apenas 7 anos Todos Axe! Atriz 7 anos nada! Todos Negro! Atriz Apenas 7 anos! Todos Negro Atriz Não tinha nem completado cinco Todos Axé Atriz De repente umas vozes na rua me gritaram: Negro Todos Negro! (grupo 1) Negro! (grupo 2) Negro (grupo 1) Negro! (grupo 2) negro! (grupo 1) Negro (grupo 2) Negro. Todos Negro Atriz Por acaso sou negro? Todos Sim Atriz Por acaso eu sou negro? Todos Negro Atriz E o que é ser negro? Todos Negro Atriz Eu não sabia a triste verdade que aquilo escondia Todos Negro Atriz E eu me senti negro Todos Axé Atriz Como eles diziam Todos Negro Atriz e recuei Todos Negro Atriz como eles queriam Todos Negro Atriz odiei meus cabelos e minha boca grossa Todos Negro http://youtu.be/rAByL8yX4SU EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 97 CÊNICAS ARTES • Atriz E olhei com vergonha pra minha carne tostada Todos Negro Atriz E recuei Todos Negro Atriz E retrocedi Todos Negro Atriz E passava o tempo e amargurado eu ficava, por ter que carregar pesada carga Todos Axé! Atriz E como pesava Todos Negro Atriz E como pesava Todos Negro Atriz Até que um dia recuei tanto que ia cair Atriz E o que que tem? Todos Negro Atriz Sim Todos Negro Atriz Sou Todos Negro Atriz Sou negro! De hoje em diante vou rir daquelas pessoas que me chamam de gente de cor! E que cor é essa! Todos Negro Atriz Eu sou negro! E que lindo que soa! Todos Negro Atriz E que ritmo tem? Todos Negro! Negro! Negro Entra musica instrumental forte. Os atores vão se vestir com os lenços e turbantes. O coro volta à marca. Atriz E por fim entendi! E avanço firme! Todos Axé Atriz E dou graças a Deus de ter na cor da pele o negro âmbar. E eu já tenho a chave! Eu sou negro, poeta, dramaturgo, brasileiro, gente, artista. Eu sou Abdias! Abdias do Nascimento! Entra música EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 98 CÊNICAS ARTES CENA 2 Narrador - Abdias do Nascimento nasceu em Franca (SP) no dia 14 demarço de 1914, filho de José Ferreira do Nascimento e de Georgina Ferreira do Nascimento. Abdias - Corre! Corre o sangue nas veias Rola rola o grão das areias Só não corre só não rola a esperança Do negro órfão que corre e cansa Narrador - Diplomado em contabilidade em 1929, bacharelou-se em ciências econômicas pela Universidade do Rio de Janeiro em 1938. Diretor-fundador do Teatro Experimental do Negro em 1944, em maio do ano seguinte participou da fundação do Partido Trabalhista Brasileiro. Militante do movimento negro – foi o organizador do primeiro Congresso do Negro Brasileiro, em 1950 –, concluiu o curso de sociologia no Instituto Superior de Estudos Brasileiros em 1956. Abdias – Cansa do eito corre das correntes Corre e cansa do bote das serpentes Só não corre só não cansa de amar O amor da Mãe – África no além – mar Narrador - Abdias esteve à frente do Teatro Experimental do Negro até 1968, quando, em decorrência do endurecimento do regime militar implantado no país, em abril de 1964, e da inclusão do seu nome em vários inquéritos policiais militares, exilou-se nos Estados Unidos, onde trabalhou como Professor universitário. Co-fundador do Movimento Negro Unificado em 1978 Abdias - O amor da Mãe – África no além-mar Além – mar das águas e da alegria Mar – além do axé nativo que procria Aqui é o mar – aquém do desamor frio Aquém – mar do ódio do destino sombrio Narrador - Em novembro de 1982 concorreu à Câmara dos Deputados pelo Rio de Janeiro, obtendo a terceira suplência da legenda. As iniciativas de Abdias tiveram desdobramento durante as discussões da Assembléia Nacional Constituinte. Com a nova Carta, promulgada em outubro de 1988, o direito brasileiro passou a contemplar a natureza pluricultural e multiétnica do país, a prática de racismo tornou-se um crime inafiançável e determinou-se pela primeira vez a demarcação das terras dos remanescentes de quilombos, antigas comunidades de escravos. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 99 CÊNICAS ARTES Abdias - Sombrio corre o sangue derramado/No mar – aquém de tanta luta devotado/Mas o sangue continua rubro a ferver/Inspirado no Orixá que nos faz crescer/Crescer na esperança do aquém e do além/Do continente e da pele de alguém/Lutar é crescer no além e no aquém/Afirmando a liberdade da raça amém Abdias do Nascimento – Axés do sangue e da esperança Narrador - Foi casado com Maria de Lurdes Vale Nascimento. Casou-se pela segunda vez com a atriz Léa Garcia, com quem teve dois filhos, e pela terceira vez com a norte-americana Elizabeth Larkin Nascimento, com quem teve um filho. ABDIAS: O NEGRO AUTÊNTICO Nelson Rodrigues Narrador - O que eu admiro em Abdias do Nascimento é a sua irredutível consciência racial. Por outras palavras: trata- se de um negro que se apresenta como tal, que não se envergonha de sê-lo e que esfrega a cor na cara de todo o mundo. Abdias - [...] Pra mim não tem essa diferença. Pra mim a poesia tá na peça, como a peça tá na poesia, não há essa diferença. Essa é uma divisão arbitrária, porque não há diferença. A poesia é uma coisa que independe de estar formulada de maneira poética como é convencionada, a poesia está dentro do pensamento, da prática, da maneira de expor. Isso independe... Tanto faz a forma poética que se chama teatro, a dramaturgia, como também na poesia poesia. É tudo a mesma coisa. Narrador - Aí está "Sortilégio", o seu mistério, que vive, justamente, do seu dilaceramento de negro. Eu já imagino o que vão dizer três ou quatro críticos da nova geração: – que o problema não existe no Brasil. Mas existe. Abdias - [...] Quando a Abolição da escravatura em 1888 e a Constituição da República em 1889 asseguraram teoricamente que o ex-escravo é um cidadão brasileiro com todos os direitos, um cidadão igual ao cidadão branco, mas, na prática, fabrica um cidadão de segunda classe já que não forneceu ao negro os instrumentos e meios de usar as franquias legais – atingem profundamente sua condição de homem e plantam nele o germe da revolta. As oligarquias republicanas, responsáveis por essa abolição de fachada (grifo meu), atiraram os quase cinquenta por cento da população do país – os escravos e seus descendentes – à morte lenta da história, dos guetos, do mocambo, da favela, do analfabetismo, da doença, do crime, prostituição. Narrador – Diga-se a verdade total: não são novos, nem velhos. São burros. Tanto faz, que tenham 15 ou 80 anos. A burrice os isenta do tempo. Vão se atirar contra "Sortilégio". Mas nada impedirá que o mistério negro entre para a escassa história do drama brasileiro. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 100 CÊNICAS ARTES Música Narrador - Com texto de Abdias do Nascimento, fundador e diretor do Teatro Experimental do Negro, a montagem de Sortilégio, encenada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com artistas de renome e sucesso de público, coroa o investimento do conjunto na criação de uma dramaturgia própria, que valorize os temas ligados à cultura negra, sem perder de vista o objetivo artístico. Narrador - O texto é uma fábula moral, que cria uma metáfora da situação do negro no Brasil. Emanuel, advogado negro, rejeita sua própria cultura e sua religião por desejo de ascensão social. Apesar de amar a negra Ifigênia, casa-se com uma mulher branca, Margarida. A esposa trai Emanuel que, humilhado, acaba por matá-la. Perseguido pela polícia, busca refúgio num terreiro, onde é assassinado por Ifigênia, a antiga paixão. Abdias - Eu com meu amigo Sebastião Rodrigues Alves fomos num bar onde não podiam dançar negros. E o Rodrigues Alves, então, estava armado e bem armado, apontou para a orquestra e para o gerente do Danúbio Azul, como se chamava... Fez a orquestra tocar, e eu dancei, ele apontando o revólver. Essa história foi a mais fantástica, porque nós fizemos isso, a música tocou, dancei e depois nós saímos, assim... Não demos as costas para eles. Nós saímos assim, andando para trás para poder pegar um táxi se eles nos atacassem e fugimos (...) Parecia uma cena de faroeste. O Rodrigues Alves com dois revolveres, um apontando para a orquestra e o outro numa direção completamente diferente, para o pessoal lá, para a gerente do bar. E eu dançando e as mulheres louras amedrontadas... É uma história que eu esqueço de contar, porque parece muito fanfarrona. Narrador - De ex-presidiário a personalidade do mundo teatral carioca. Esta é a trajetória realizada por Nascimento em pouco mais de dois anos. O mesmo homem que, com 29 anos, estava encarcerado no presídio do Carandiru, condenado por supostos crimes cometidos durante sua passagem pelo Exército (1930-1936), em 1946 é tido com personalidade respeitada no mundo artístico, intelectual e político da capital do país aquela época. É possível constatar esse fato pela leitura de um artigo de sua autoria publicado na revista “Vamos Ler” em outubro do referido ano. O TEN foi muito mais do que um grupo teatral composto só por negros. Além da parte artística – com várias peças centradas na temática racial –,organizou concursos de beleza e artes plásticas, promoveu intensa atuação político-social através de convenções, conferências, congressos, seminários, cursos de alfabetização e iniciação artístico cultural para negros, editou um jornal intitulado Quilombo e alguns livros. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 101 CÊNICAS ARTES Abdias - O racismo no Brasil se caracteriza pela covardia. Ele não se assume e, por isso, não tem culpa nem autocrítica. Costumam descrevê-lo como sutil, mas isto é um equívoco. Ele não é nada sutil, pelo contrário, para quem não quer se iludir ele fica escancarado ao olhar mais casual e superficial. Narrador - O ativista do movimento negro Abdias Nascimento morreu na noite de segunda-feira de 23 de maio de 2011. Mas a sualuta fica a sua história fica a sua fé fica e todos devemos ser abdias. Um Abdias, Mil Abdias Todos - Um abdias, Mil abdias Até que a cor seja apenas para colorir e não para separar! Axe Axe Axe Axé Abdias Entra música FIM EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 102 CÊNICAS ARTES Percursionistas Jô Ventura e Ana Daniela Ensaio Geral- Aula Aberta de AC Ensaio de Elenco EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 103 CÊNICAS ARTES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 104 CÊNICAS ARTES Protótipo do figurino Palheta de cores inspirada na obra plástica de Abdias, dentro da concepção da Figurinista Márcia Valéria EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 105 CÊNICAS ARTES Gabriela Salgado, Maru e acima Renata Lourdes (in Memoriam) EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 106 CÊNICAS ARTES Elenco Axé, Abdias! Direção de Ribamar Ribeiro Cenário de Rafael Balthazar EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 107 CÊNICAS ARTES Ano 2015 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 108 CÊNICAS ARTES Formação inicial/2015 Fevereiro ARTES CÊNICAS Capacitação para Professores I de Artes Cênicas Local: Sul América PAUTA Coffee-Break Abertura Palestras: Tema: A Pedagogia do Teatro O Teatro na Educação Imaginário, Drama, Teatralidade Palestrantes: Sueli Thomaz e Heloise B. Vidor Comunicações: Chay Torres- O aluno-Ator Silvia Werneck- Processo Colaborativo Espetáculo-Aula: Axé, Abdias! Apresentação: Cia de ArtEducação Viva! Professores de Artes da SME Direção Teatral: Ribamar Ribeiro Figurino: Marcia Valéria Maquiagem: Getulio Nascimento Percussionista: Jô Ventura EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 109 CÊNICAS ARTES RESUMO: Imaginário e Teatro-Educação Drª. PhD. Sueli Barbosa Thomaz O objetivo dessa palestra é apresentar como, através do teatro-educação, é possível a apreensão do imaginário dos alunos, utilizando as orientações metodológicas de Jean Pierre Ryngaert jogos dramáticos, sob a guarda epistemológica da Antropologia do Imaginário de Gilbert Durand. Propusemos as cenas sem abandonar as práticas necessárias para a formação do ator, como a utilização do espaço cênico, o conhecimento, o domínio do corpo, a relação com o outro, com os objetos, o uso da voz, dos gestos e o fazer-se ver e ouvir orientados pela tipologia das práticas de Ryngaert. O mote desencadeador do processo foi a história do bairro. Consideramos que os causos que permanecem na memória das pessoas, representam imagens- lembranças, que emergiram através das práticas dos jogos dramáticos que constituem o imaginário do grupo, permitindo ao grupo de alunos ressignificar sua existência, através das cenas criadas e representadas. Indo além de uma temporalidade linear e racional, os jogadores deixaram emergir imagens, próprias da memória coletiva e que nos dias de hoje estão presentes na vida cotidiana do grupo. Passado, presente e futuro se misturaram, como se misturaram corpo físico e social, numa luta contra a morte em favor da vida, em que os gestos ossificados acabaram por elucidar um estado, um problema do espírito. Embora com medo da morte, vivendo no dia a dia do terror, lutando sem conseguir vencer o mal, ameaçados, encurralados e perdidos, os jogadores revelaram-se como mediadores da situação, na busca de alternativas que permitam que a vida seja vivida. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 110 CÊNICAS ARTES Texto apresentado no Abrace/2013 Prof.ª Silvia Werneck INTRODUÇÃO A abertura da escola para o ensino do teatro tem um percurso relativamente recente, e coincide com as transformações educacionais que caracterizam o século XX em várias partes do mundo. A mudança radical que deslocou o foco de atenção da educação tradicional, centrado apenas na transmissão de conteúdos, para o processo de aprendizagem do aluno também ocorreu no âmbito do ensino do teatro. O teatro é importante para a educação porque ele trabalha com atitudes instintivas e impulsivas, com a criatividade e o relacionamento com o mundo exterior, e isso é a raiz de toda a atividade educacional. O ensino das Artes, mais especificamente o Teatro, precisa torna-se mais acessível e democrático. Não podemos deixá-lo restrito apenas a uma educação elitista e burguesa. Ainda contamos com um número reduzido de profissionais capacitados nessa área e muitas são as escolas que não possuem nenhuma modalidade de artes (artes visuais, teatro, dança ou música) e as que possuem corpo docente não atendem toda a demanda de turmas que a escola possui. De acordo com Brecht: É uma opinião antiga e fundamental que uma obra de arte deve influenciar todas as pessoas, independentemente da idade, status ou educação [...] todas as pessoas podem entender e sentir prazer com uma obra de arte porque todas têm algo de artístico dentro de si [...] existem muitos artistas dispostos a não fazer arte apenas para um pequeno círculo de iniciados, que querem criar para o povo. Isso soa democrático, mas na minha opinião não é democrático. Democrático é transformar o pequeno círculo de iniciados em um grande círculo de iniciados. Pois a arte necessita de conhecimento. A observação da arte só poderá levar a um prazer verdadeiro se houver uma arte da observação. (KOUDELA, 2011, p18) p e ri o d ic o e lb u s c a d o r. c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 111 CÊNICAS ARTES A opinião de Brecht sobre a democratização das Artes ainda é extremamente relevante nos dias de hoje. Pouco mudou: As artes são feitas por um grupo seleto e para um grupo seleto. Quem a faz e a consume fica restrito a uma pequena camada da sociedade, a dita privilegiada. O TEATRO COLABORATIVO NA SALA DE AULA Além da falta de um quantitativo expressivo para mudar esse quadro e tornar o ensino do Teatro mais acessível, temos ainda outro agravante. Precisamos pensar na pedagogia desse teatro que é aplicado em sala de aula. O que vemos atualmente ainda é o teatro na escola condicionado para uma única finalidade, as apresentações. Essa não é a sua única função: em que os alunos apresentam uma peça previamente ensaiada para os pais e Professores. Dessa maneira, esquecemos e atropelamos um dos pontos mais importantes nesse fazer, que é o processo. O produto final não pode ser mais importante do que o que se vivencia na sala de aula, durante todo o ano letivo. Nós, Professores, precisamos estar atentos às mudanças que vêm surgindo. Nos novos conceitos que estão do lado de fora dos muros das escolas. Afinal o teatro na escola não pode ficar apenas na mimese, na imitação e na representação de algo que tende a não se tornar orgânico. O que acontece no teatro profissional precisa ser levado em consideração pelo Professorde teatro também. É fundamental estar aberto para essas mudanças que vêm acontecendo e apresentá-las em sala de aula. A realidade do novo teatro começa com o desaparecimento do triângulo drama/ação/imitação. E a montagem do espetáculo não é mais o objetivo principal. É preciso inserir os alunos/atores em um processo de criação. E o teatro colaborativo nos abre esse caminho: Tal dinâmica, se fôssemos defini-la sucintamente, constitui-se em uma metodologia de criação em que todos os integrantes, a partir de suas funções artísticas específicas, têm igual espaço propositivo, trabalhando sem hierarquias – ou com hierarquias móveis, a depender do momento do processo – e produzindo uma obra cuja autoria é compartilhada por todos.(ARAÚJO,2002, p.127) p e ri o d ic o e lb u s c a d o r. c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 112 CÊNICAS ARTES Devemos levar para a sala de aula um trabalho que de fato traga investigações produzidas pelo grupo e não apenas resoluções já prontas e concluídas pelo Professor. Assim, o trabalho se tornará mais rico, pois será a realidade deles discutida no palco, criando assim uma colcha de retalhos. O conceito criado por Brecht em 1920, acerca da peça didática, é a raiz do teatro colaborativo. Na peça didática quem aprende é quem joga e participa. Brecht torna-se assim um grande estimulador do teatro pós-dramático. Nas demonstrações públicas com a peça didática, Brecht não está preocupado com o espetáculo teatral, com a comunicação entre palco e plateia. “A peça didática ensina quando nela atuamos. Em principio não há necessidade de plateia, embora ela possa ser utilizada.” (Brecht, in Koudela, 1991, p.40). Segundo nos traz Lehmann nas suas definições do pós-dramático é através da vivência da cena que o artista terá autonomia para criar e poderá se desprender dos grilhões que o texto dramático possuiu. Na linguagem cênica contemporânea, o texto passa para uma função secundária, tornando-se apenas material de composição. Vejamos: No teatro pós-dramático, o que se observa é “mais presença que representação, mais experiência partilhada do que experiência transmitida, mais processo do que resultado, mais manifestação do que significação, mais impulsão de energia do que informação”. (PUPO, 2010, p.224) A ideia é trabalhar a autonomia e criatividade desse aluno liberando todo o seu potencial. A vida dele fornece um material rico como recurso, que pode e deve ser investigado. É a experiência do aluno que vai levá- lo a um crescimento, modificando, assim, o meio e o meio o modificando. Tanto recursos internos, emocionais, como recursos externos que surgirão da interação entre os alunos, do espaço e das circunstâncias que irão surgir. Através de texto, imagens, músicas, jogos ele se colocará e se tornará protagonista de sua própria história. Em seu livro “Teatro do oprimido e outras poéticas políticas”, Boal nos diz que o dever do artista não é o de mostrar como são as coisas verdadeiras e, sim, o de mostrar como verdadeiramente são as coisas. p e ri o d ic o e lb u s c a d o r. c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 113 CÊNICAS ARTES Nosso aluno será esse artista capaz de mostrar o que de fato o atinge, o provoca e o torna parte importante dessa sociedade. Boal ainda faz dois questionamentos: “Como fazê-lo?” “E para quem fazê-lo?” E deixa a cargo de Brecht a explicação: Nós, filhos de uma época cientifica, temos que assumir uma posição critica diante do mundo. Diante de um rio, nossa atitude crítica consiste no seu aproveitamento; diante de uma árvore frutífera, em enxertá-la; diante do movimento, nossa atitude crítica consiste em construir veículos e aviões; diante da sociedade, em fazer a revolução. Nossas representações da vida social devem estar destinadas aos técnicos fluviais, aos cuidadores das arvores, aos construtores de veículos e aos revolucionários. Nós os convidamos para que venham aos nossos teatros e lhes pedimos que não se esqueçam de suas ocupações (alegres ocupações), para que nos seja possível entregar o mundo e nossa visão do mundo às suas mentes e aos seus corações, para que eles modifiquem o mundo ao seu critério. (BOAL, 2012, p.170) Vejamos: No processo de Teatro Colaborativo, nosso aluno terá de se confrontar, a todo o momento, objetivamente ou subjetivamente, com essas questões: “Como eu me movimento? Quais são meus códigos? O que é cultura? Nos ombros de quem estamos apoiados?”, para que se construa algo com identidade, algo que faça parte da realidade em que vivem. É um olhar para dentro de si, para o próprio umbigo. Afinal, ele não apenas criará o texto a ser encenado, mas participará de todas as etapas de criação de um espetáculo. Será um teatro de dramaturgia coletiva, de encenação coletiva, de criação de cenário, luz e figurinos realizada, conjuntamente, por todos os integrantes do grupo. A história não é preestabelecida pelos atores no inicio; é, ao contrário, descoberta pelo grupo através dos ensaios. No colaborativo, o foco de criação não está em ideias preconcebidas ou em uma dramaturgia escrita já existente, mas na criação, por parte do grupo de atores, de um espetáculo a partir de suas próprias experiências. O processo colaborativo é relativo a criar um espetáculo através de improvisação, desconsiderando a tradição de supremacia do texto e a de narrativa linear de causa e efeito. (DUNDJEROVICÉ, 2007, p.155) p e ri o d ic o e lb u s c a d o r. c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 114 CÊNICAS ARTES No processo colaborativo, a autoria é compartilhada por todos. Apesar disso, a figura do Professor continua a ser fundamental e importante em todo o processo. Ele assumirá várias funções, como a de encenador e dramaturgo. E seu trabalho terá ainda importância maior, porque o material com o qual irá trabalhar é muito mais rico e desafiador do que um texto ou situações que não fazem parte do contexto social dos envolvidos. É ele quem tem condições de perceber falhas e lacunas, e redimi-las. No processo colaborativo, o Professor é um dos principais responsáveis pela seleção do material. Num processo de criação partilhada não há muito espaço para “minha cena”, “meu texto”, “minha ideia”. Tudo é jogado numa arena comum e examinado, confrontado e debatido até o estabelecimento de um “acordo” entre os criadores. É claro que esse acordo não significa reduzir a criação ao senso comum, nem transformar o vigor da criação artística num acordo de cavalheiros. É um acordo tenso, precário, sujeito, muitas vezes, a constantes reavaliações durante o percurso. Confrontação (de ideias e material criativo) e acordo são pedras angulares no processo colaborativo. (ABREU, 2004, p.3) Fazer teatro colaborativo é um risco. E ainda mais em uma escola pública, onde sabemos de seus limites e precariedades. Mas ao mesmo tempo é nessa atmosfera de riscos, limites e precariedades que vemos brotar algo novo, criativo e que chega a dialogar com o próximo. Bogart em seu livro, “A preparação do Diretor”, aborda a questão da criação no limite e na corda bamba e da necessidade da violência no ato criativo. Articular-se diante das limitações: é aí que a violência se instala. Esse ato de violência necessária, que de inicio parece limitar a liberdade e diminuir as opções, por sua vez traz muitas alternativas e exige do ator uma noção de liberdade mais profunda. (BOGART, 2011, P.53) A ideia de um teatro colaborativo levado para a sala de aula de uma escola pública é essa: aceitar o risco e trabalhar sempre sobre limite, sobre pressão. Pressão de acertar, pressão do tempo que está se esgotando, pressão do seu enquadramento diante do espaço que irá acontecer a apresentação, pressão da falta de um espaço para a apresentação... É trabalhar. É aventurar-se. Afinal, ter segurança e se sentir seguro não desperta as reais emoções de que tanto necessitamos para criar. p erio d ico elbu scad o r.co m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 115 CÊNICAS ARTES No processo criativo não cabe ao Professor/diretor interferir no momento de criação dos alunos e lhes entregar o fruto sem que antes eles saibam como plantá-lo. Nossa função é criar possibilidades e circunstâncias para que os alunos desenvolvam. O Professor/Diretor deve evitar a ansiedade e deixar que o aluno lhe traga o material para que ele possa trabalhar. Dar tempo e espaço para a livre criação. Planejar de antemão a aula/ensaio que vai ser dada é importante.Mas não se pode querer prever tudo. Ter a percepção de deixar o imprevisível chegar e tomar conta faz parte de um processo criativo mais rico. Nessa perspectiva, é possível pensar no ensino critico do teatro, que deve estar centrado na cultura popular e desenvolver estratégias curriculares baseadas na formação da subjetividade do estudante, a fim de recuperar a sua história, formando cidadãos críticos e aptos para tomar decisões diante de problemas diários. A prática pedagógica do ensino do teatro deve oferecer uma visão critica. Ele deve ter sua própria opinião e a partir de novas informações, formular sua própria ideia. Quem tem a oportunidade de fazer teatro aprimora sua visão do meio e de como lidar com o próximo. CONCLUSÃO Precisamos pensar no campo das possibilidades, estamos fazendo teatro na sala de aula, em uma rede pública de ensino. Por isso acredito no teatro colaborativo: Trabalharemos com esse arsenal que permeia a vida desse aluno, quebrando com essa falta de identidade, de liberdade de expressão e dependência cultural. O teatro na escola é acima de tudo um instrumento de aprendizagem. Como se pode perceber dentro deste estudo, esse tipo de técnica difere do teatro dramático, ao qual estamos acostumados, pois não tem, obrigatoriamente, objetivo de promover espetáculo, nem tão pouco formar artistas. O trabalho cênico deve consistir em fazer com que o aluno saiba resolver conflitos relacionados ao ambiente escolar e ao social. Dessa maneira, temos no teatro colaborativo uma pedagogia teatral mais rica: p e rio d ic o e lb u s c a d o r.c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 116 CÊNICAS ARTES Enquanto o teatro dramático tem como modelo a criação de uma ilusão, a representação de um “cosmos fictício”, o teatro pós-dramático se insere numa dinâmica de transgressão dos gêneros e abre perspectivas para além do drama. Ao invés de se traduzir em ação, ele se situa sobretudo na esfera da situação. (GUINSBURG; FERNANDES,2010.p 223) No dinamismo da experimentação, da fluência criativa propiciada pela liberdade e segurança, o aluno poderá transitar livremente por todas as emergências internas, integrando imaginação, percepção, emoção, intuição, memória e raciocínio. A ideia tradicional sobre a inteligência está mudando e rápido. Em nosso sistema educacional, a maior ênfase ainda incide sobre a aprendizagem da informação dos fatos. E a aprovação ou reprovação em qualquer exame depende do domínio ou da memorização de fragmentos de matérias. Mas essa capacidade para repetir fragmentos de informação que tanto valorizamos pode ter muito pouca relação com um ser humano bem-sucedido dos novos tempos. E é ai que o teatro se torna uma valiosa ferramenta de trabalho. O teatro em sala de aula reforça o currículo e melhora a capacidade dos jovens para a criatividade. •ARAÚJO, Antonio. A gênese da Vertigem: O processo de criação de ‘O Paraíso Perdido’: O processo colaborativo no teatro da vertigem. São Paulo: USP, 2002. •DUNDJEROVIC, Sasha A. The Theatricality of Robert Lepage: Lepage’s style: transformative mise-en-scène”. Tradução de Felipe Mitsuo Matsuo. Montreal: McGill-Queen’s University Press, 2007. •FERNANDES, Sílvia. Teatralidades Contemporâneas. São Paulo: Perspectiva, 2010. •GUINSBURG, J e Fernandes, Sílvia. (org.). O Pós – Dramático. São Paulo: Perspectiva, 2010. •LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós – dramático. 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UMA EXPERIÊNCIA NA PREPARAÇÃO DO ALUNO-ATOR DA REDE PÚBLICA DE ENSINO Profª Chay Torres p e ri o d ic o e lb u s c a d o r. c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 118 CÊNICAS ARTES Resumo Esta pesquisa parte da minha experiência de 17 anos de ensino na dança, música e teatro em ONGs e na escola pública do Rio de Janeiro. Reflito sobre a metodologia estabelecida por mim, apoiada nos pensamentos de Viola Spolin, Peter Slade, Peter Brook, Anne Bogart e Tsunessaburo Makiguti, na qual abordo questões sobre a preparação do aluno-ator para a encenação teatral em duas fases: durante o período escolar e durante o ano da montagem “Cenas de Romeu e Julieta” apresentada nos jardins do Museu Chácara do Céu em Santa Teresa com crianças do 5.º Ano do Ensino Fundamental I da EM Machado de Assis, em 2012. Institui-se uma preparação criativa em prol do coletivo, que preserva e protege o artista que toda criança possui, entre desafios, desvios e possibilidades do artista docente na prática pedagógica do teatro na escola, entrelaçando-se e dialogando constantemente com o aluno e sua realidade. Palavras-chave: processo e produto artístico, vivência, potencial criativo, possibilidade, pedagogia teatral. Abstract The point of departure of this research is the author’s 17 years of experience teaching dance, music and theater in NGOs and public schools in Rio de Janeiro. Reflections are elaborated on the methodology developed by the author, based on concepts by Viola Spolin, Peter Slade, Peter Brook, Anne Bogart and Tsunesaburo Makiguchi, and wherein issues are approached regarding the preparation of student-actors for thespian performance, encompassing two phases: over the school year, and during the staging of “Scenes from Romeo and Juliet”, presented in the Chácara do Céu Museum gardens in Santa Teresa, Rio de Janeiro, with 5th grade students of the Machado de Assis Municipal School, in 2012. Creative preparation focused on the collectivity, preserving and protecting the inner artist every child has, overcoming challenges, discrepancies and deviations, and enhancing the possibilities available for the grade school art teacher in theater educational practice, building an ongoing dialogue with the students and their reality. Keywords: artistic process and product, experience, creative potential, possibiliy, theatre pedagogy. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 119 CÊNICAS ARTES INTRODUÇÃO A presente pesquisa nasceu do olhar à criança oriunda das camadas populares e seu aprendizado artístico. Essa criança que traz pra dentro da sala seu corpo, suas emoções, interesses, habilidades, crenças, agressividades, carências, seu potencial, sua história, seu histórico e a capacidade de transformação positiva manifestadas no comportamento e nas relações a partir da vivência artística. O inicio se deu em projetos sociais nas linguagens da dança e música, posteriormente, com artes cênicas em escolas e Núcleos da Extensividade – SME. Independente da instituição, o público era o mesmo: a criança da favela em situações de vida similares. Nos projetos variados de que participei, a mostra de “resultados” se dava por meio de apresentações coreográficas, curtas-metragens e espetáculos. A feliz vivência com a realização desses produtos artísticos, levou-me a refletir sobre a qualidade e o compromisso no processo. Na experiência da prática de montagem realizada em 2012 de “Cenas de Romeu e Julieta” apresentada nos jardins do Museu Chácara do Céu em Santa Teresa, comcrianças do 5.º Ano do Ensino Fundamental I da EM Machado de Assis, abordo questões da preparação do aluno-ator para a encenação teatral em duas fases: Durante os anos anteriores na escola, da Educação Infantil ao 4.º Ano e durante o ano da montagem, com o 5.º Ano. No capítulo 1 – O TEATRO NA ESCOLA: A ESCOLHA DE CAMINHOS, DESVIOS E POSSIBILIDADES – compartilho experiências e desafios dos caminhos que percorri como artista docente antes de chegar à escola pública. Reflito em seguida a prática do ensino de Teatro na escola, suas contradições, a ponte entre escola, aluno e família e a dicotomia entre processo e produto artístico, aproveitando a existência das turmas em exercício por meio de outras linguagens artísticas. No processo artístico-pedagógico da Educação Infantil ao 4.º Ano o Ensino Fundamental I, proponho a criação de novos jogos, introdução à história do teatro, a contação de história, apresentação de repertório musical brasileiro, aulas de canto popular, dança, leitura dramatizada e a construção de instrumentos musicais com sucatas para a sonoplastia de cenas e histórias. Os conteúdos trabalhados no processo partem dos eixos: A Escuta, O Corpo e O Jogo. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 120 CÊNICAS ARTES Utilizo, como base, o jogo dramático e teatral proposto por Peter Slade e Viola Spolin, na qual jogar é mais do que preparar ludicamente a criança à linguagem teatral. Por meio do jogo, se driblam dificuldades como espaço inadequado e a tendência ao automatismo do ensino, proporcionando o exercício da criatividade no cotidiano, junto ao aluno. O respeito, o valor à coletividade, a afetividade e a noção de regra estão presentes nestas propostas. A Escuta: Confecção de Instrumentos de sucata. O tocar das chaves entre si produz um som mágico, ligado ao divino (Fonte: Arquivo Pessoal) Aula-ensaio de artes cênicas em sala Fonte: Arquivo Pessoal Aula de artes cênicas no jardim do Museu Chácara do Céu - Santa Teresa (Arquivo Pessoal) EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 121 CÊNICAS ARTES No capítulo 2 – A ENCENAÇÃO – abordo a experiência do processo de preparação e da prática de montagem com os alunos-atores do 5.º Ano do Ensino Fundamental I, em que mantive os eixos norteadores da metodologia dos anos anteriores. A proposta dessa Encenação partiu dos próprios alunos, assim como a escolha pelo espaço do jardim para a representação, revelando o desejo de romper com as paredes e limites físicos da escola. A possibilidade da mobilidade do espaço tradicional e fechado para um espaço ao ar livre encantou e motivou os alunos-atores e a turma foi unânime na escolha. Nessa experiência, a prática de montagem é parte do jogo e não um objetivo final da aula de Teatro como propõe o ensino tradicional. Conto com a inspiração dos pensamentos dos diretores teatrais Anne Bogart e Peter Brook. A visão de Bogart sobre o processo criativo para a encenação e a capacidade de transformar dificuldades em aliados criativos, vão de encontro ao que vivenciamos na Rede Pública de Ensino. “Não podemos criar resultados; só podemos criar condições para algo acontecer” (BOGART, 2011, p. 125). E, na busca de algo acontecer, faz-se o desafio numa proposta de encenação com crianças, que mantenha a leveza do brincar, como diz Brook, num teatro que todos os dias se destrói, se constrói, sem preconceitos e sem receitas prontas. E se teatro é brincadeira, a possibilidade do produto em processo se torna parte do ensino da linguagem teatral, na qual se esboça o sentido de todo o trabalho realizado, anteriormente, rumo à magia da encenação. Essa possibilidade permite a vivência de um momento singular tanto para o Professor, quanto para os alunos envolvidos. Tratando-se de crianças em cena, brincar de fazer teatro não seria o “pedagogicamente correto”? Nesse pensamento, proponho que se mantenha a magia e a leveza do brincar no fazer teatral, conquistados no processo dos anos anteriores, para o ano específico da montagem. A palavra “estreia” pode transformar a delicadeza do processo em estresse no processo. Com essa preocupação, escolhi apresentar “Cenas” de Romeu e Julieta, isto é, o que realmente pudesse ser apresentado sem a obrigação com a obra completa, e as cenas, levantadas em unidades autônomas, um recurso. Apesar de a preparação artística do aluno-ator dessa montagem ter sido exercitada em técnicas específicas corporais, vocais e jogos, o prazer do encontro se construiu nas relações afetivas do dia a dia no antes e durante as aulas ensaio. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 122 CÊNICAS ARTES Ensaio de "Cenas de Romeu e Julieta" no refeitório da escola (Fonte: Arquivo Pessoal) Cenas de Romeu e Julieta" no Teatro Ziembinski (Fonte: Arquivo Pessoal) Abordo, também, neste capítulo, a participação, em meio ao processo da montagem, no evento “Conexão das Artes”, coordenado por Lêda Aristides no Teatro Ziembinski. Uma ação que provocou uma experiência única, particular e extremamente positiva para a turma antes da estréia no jardim do Museu Chácara do Céu. Foi ampliado o vocabulário teatral, a noção do teatro como possibilidade de profissão, a vivência e o contato com a caixa cênica, o olhar crítico e o compartilhar de processos artísticos com outros estudantes de Artes Cênicas. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 123 CÊNICAS ARTES Refletir e compartilhar desafios, desvios e possibilidades do artista docente em prática pedagógica do teatro na escola e a relação com o aluno e sua realidade se entrelaçam e dialogam no próprio fazer teatral. Todas as crianças são artistas criativos (SLADE, 1978, p.35). A presença das artes cênicas na educação para criança é também, a de preservar e proteger o artista que todos possuem. O teatro na escola pode fazer emergir nessa criança o seu melhor. O Professor pedagogo deve ter em mente quais valores deseja despertar em seus alunos. Todos possuem. O teatro está na escola para ajudar nos conteúdos escolares ou para manifestar modos de “ser” e “estar” no lugar em que vivemos? Tratando-se de crianças em cena, seria possível brincar de fazer teatro? É possível ser artista na escola? Quais recursos podem ser utilizados para despertar a escuta de uma criança que vive a cultura do alto volume, que não foi educada e nem sensibilizada a ouvir? A preparação do aluno-ator para a prática de montagem na escola do Ensino Fundamental I, diferente do “Teatrinho”, expressão abordada e compreendida pela escola tradicional, pode ser iniciada na Educação Infantil ou nos primeiros anos do Ensino Fundamental. É a preparação criativa em prol do coletivo, visando a um processo afetuoso entre Professor e aluno, a formação de uma plateia de teatro, o contato com obras teatrais, a consciência do corpo cênico e a vivência da encenação. Um processo que desperte o senso de responsabilidade com o trabalho de equipe e a noção da importância de cada um para o acontecimento teatral. Não existem atalhos para este trabalho, nem regras difíceis ou fáceis. Cada criança é diferente e cada Professor aprende a lidar com o assunto à sua própria maneira. Antes de começar, devemos amar a criança, amar o trabalho e saber por que o estamos fazendo. Se não conseguimos amar a todos os momentos, por causa do cansaço, então temos que desenvolver um senso de justiça elementar para com a criança. Junto com a criança, constrói-se uma sabedoria e vivencia-se uma partilha emocional. E disso cresce o indefinível conhecimento da vida que constitui para a criança uma educação no mais completo sentido da palavra. (SLADE, 1978, p.95) Encenação -Jardim Arena EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 124 CÊNICAS ARTES NOGUEIRA, Marcia Pompeo. Ensino de Arte em foco. Florianópolis,UFSC, 1994. LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista brasileira de Educação, n.19, p.X, jan. fev. mar. abr. 2002. ICLE, Gilberto. Da pedagogia do ator à pedagogia teatral: verdade, urgência, movimento, p.2, vol 1, fasc 2, jul a dez 2009. BOGART, Anne. A preparação do diretor, 2011. SLADE, Peter. O jogo dramático infantil, 1978. 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EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 126 CÊNICAS ARTES Teatro Gonzaguinha – dia 26 de novembro de 2015 1ª sessão - 15h - UE/CRE/CED/GAB 2ª sessão -19h - Aunos do PEJA e convidados Direção: de Ribamar Ribeiro Figurino de Márcia Valeria Cenário de Rafael Balthazar Maquiagem de Getulio Nascimento Preparação de Voz de Juliana Santos Preparação de Elenco de Renato Neves A Cia Viva de Teatro! Convida para a Apresentação do Espetáculo-Aula Elenco: Professores de Artes Cênicas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 127 CÊNICAS ARTES Em 2012, no Foyer do Teatro Carlos Gomes, Dionisios nos inspira com as Vedetes da foto! Oficina de Maquiagem A Pesquisa Em 2015 a inspiração se transforma em Espetáculo-Aula! Oficina de Visagismo EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 128 CÊNICAS ARTES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 129 CÊNICAS ARTES DOCENTES-ARTISTAS PARTICIPANTES Cia Viva de Teatro! Espetáculo-Aula “Rio em Revista” Uma homenagem aos 450 anos da Cidade do Rio de Janeiro e ao Teatro de Revista Nº NOME DO PROFESSOR (A) ESCOLA 01 Ana Daniela S. Rufino participação especial (Profª de Música) E.M. Gastão Rangel 02 Celia Damiana Teixeira da Cruz E.M. José de Alencar 03 Elisabeth Correa NA Copacabana 04 Flavia B. Pedrosa Pereira NA Avd os Desfiles E.M. Orlando Villas Boas 05 GleisseOliveira E.M. VirgilioFrancisco M. 06 Gabriela Salgado E/SUBE/CED-CT 07 Larissa T.S Barbosa E.M. Pastor Miranda Pinto 08 LêdaAristides E/SUBE/CED-CT 09 MarciaIzidoroda Silva E.M. Leônidas S. Porto 10 Maria Alice Goulart de Oliveira E.M. Alencastro Guimarães 11 Maria Cecilia Tavares SME/IHA 12 MaruanaCamargo Mattar E.M. AlvaroAlberto 13 PatriciaM. Viana Faria E.M. Francisco de Castro Fr RennataLillyaFeitosa de Souza E.M. Dyla S. de Sá 15 Renata Lourdes de Souza E.M. PrefeitoFiladelfo 16 RonilsonSilva Pires EMLuisde Camões 17 Sandra Avelino Ferreira E.M. Min. Edgar Romero 18 Silvia M. Werneck E.M. AlbaCanizaresdo Nascimento 19 Tania Maria de Queiroz Participaçãoespecial - Profª Aposentada NA Copacabana EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 130 CÊNICAS ARTES III- BANCO DE IDEIAS h ttp ://lexisfran ce.free .fr/ ARTES CÊNICAS : FAZER, VER E DISCUTIR TEATRO EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 131 CÊNICAS ARTES Fazer Ver e Discutir Teatro RELATO DE AULA CONFAEB Comunicações T x T o s TROCAS MONOGRAFIA T e a t r o EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 132 CÊNICAS ARTES Modalidade: Resumo Expandido GT: Teatro Eixo Temático: Processos e discursos na Formação Inicial e Continuada de Prof de Teatro O ESPETÁCULO-AULA COMO ESTRATÉGIA METODOLÓGICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DE ARTES CÊNICAS DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE ENSINO DO RJ. Lêda Aristides - Secretaria Municipal de Educação – RJ – Brasil Gabriela Salgado - Secretaria Municipal de Educação – RJ - Brasil RESUMO: Esta Comunicação tem por objetivo apresentar uma nova estratégia metodológica, criada a partir da demanda apresentada pela Formação Continuada dos Professores de Artes Cênicas da Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, no ano de 2011. O resultado dessa demanda pedagógica foi a criação de uma Companhia Teatral, nomeada Cia Viva de Teatro!, com elenco de docentes-artistas, que vem atuando nas Montagens Anuais, com Espetáculos-Aula, entre os anos letivos de 2011 e 2015. Palavras-chave: Formação Continuada; Artes Cênicas; Estratégia Metodológica THE SHOW - CLASS AS A STRATEGY METHODOLOGY THE CONTINUING EDUCATION OF PERFORMING ARTS TEACHERS NETWORK OF MUNICIPAL PUBLIC EDUCATION RJ . ABSTRACT: This paper aims to present a new methodological strategy, created from the demand presented by the Continuing Education of Drama Teachers of Municipal Public Network of Rio de Janeiro Education, in 2011, called the show-class. The result of this pedagogical demand was the creation of a Theatrical Company, named Cia Viva de Teatro!, with a cast of teachers-artists, who has worked in the annual productions, between 2011 and 2015 school years. Key words: Continuing Education; Performing Arts; Methodological Strategy EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 133 CÊNICAS ARTES • 1. Introdução A Prefeitura do Município do Rio de Janeiro mantém um programa regular de Formação Continuada de Professores, através de suas Coordenações Técnicas. Em Artes Cênicas, essa formação se efetua através da busca de caminhos inovadores, por meio de cursos, trazendo provocações e reflexões para o cotidiano escolar, advindas do estreitamento entre a práxis da sala de aula e a dialética acadêmica das Universidades. • Uma das Ações Pedagógicas da Área de Artes Cênicas é a montagem e a apresentação do Espetáculo-Aula, realizada pela “Cia Viva de Teatro!”, composta por docentes-artistas: Professores Regentes de Artes Cênicas da Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. • O Espetáculo-Aula utiliza a metodologia do “Teatro-Seminário”(*), uma linguagem inovadora e vanguardista desenvolvida pelo Diretor Teatral Ribamar Ribeiro, que se utiliza da biobibliodramaturgia de uma personalidade teatral ou busca apresentar um tema utilizando-se da metalinguagem teatral. • Esta metodologia é uma proposta que se enquadra “sob-medida” na Pedagogia do Teatro desenvolvida nas aulas de Artes Cênicas da Rede Pública de Ensino do Rio de Janeiro,tendo em vista o desafio de incluir as turmas regulares de 35 alunos ou mais no trabalho cênico, já que a estrutura da dramaturgia grega coro/corifeu é amplamente utilizada, permitindo que qualquer aluno, sem privilégios técnicos, possa ser um aluno-ator protagonista em determinado momento, da cena, exercendo a democracia do conceito pedagógico e do eixo metodológico onde o Fazer/Ver/Discutir Teatro seja um direito de qualquer estudante nas aulas de Artes Cênicas, em nosso Município. • O caminho da montagem anual do Espetáculo-Aula, pela recém-criada Cia Viva de Teatro!, formado por docentes-artistas, nasce no momento em que o Professor de Artes Cênicas do Rio de Janeiro inicia uma série de indagações sobre o seu papel em sala de aula e faz reflexões sobre sua própria Formação. A Coordenação Técnica dos Professores de Artes Cênicas exercitava naquele momento uma linha de trabalho visando a construção de um perfil de docente mais reflexivo. Paralelamente, a Academia, através da pós-graduação de novos Mestres e Doutores, publicava estudos que apontavam caminhos mais contemporâneos construindo uma nova Pedagogia do Teatro. • (*) “O Teatro-Seminário busca trazer a obra do autor ou algum tema e mesclar sua estrutura narrativa na própria encenação feita pelo Diretor. Essa forma faz com que a dramaturgia e a encenação sejam abertas para uma criação coletiva. Juntamente com esta estrutura existe também uma apropriação da narrativa utilizada no coro grego e o corifeu. Esta forma constrói o arcabouço que é a base da Técnica do Teatro-Seminário”. • Ribamar Ribeiro EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 134 CÊNICAS ARTES Os Professores de Artes Cênicas tinham acesso a essas novas questões através de bibliografia adquirida no Projeto de Formação Bibliográfica ou em Palestras e Cursos realizados nos Projetos de Formação Continuada, que acontecem anualmente. O quadro funcional de Professores de Artes Cênicas se apresentava plural: os que possuíam um processo pessoal- profissional do Educador que utiliza a sua área de conhecimento mais centrada na formação do indivíduo, trazendo uma visão pedagógica mais focada no processo e os que se dividiam em docentes, mas também em artistas, ministrando aulas e participando de trupes teatrais em temporada, trazendo uma visão pedagógica mais focada no produto. A pergunta: “O que é ser um Professor de Teatro?” se instalava e inquietava. Como movimentar esse manancial de emoções e ao mesmo tempo se ver soterrado por questões administrativas e estruturais? Como exercer a docência da Emoção e da Arte se não se exercita tecnicamente as próprias emoções? A definição de docente-artista se estabelece e dá um lugar de maior pertencimento a este profissional. Docente antes de artista, pelo exercício da própria função, mas as duas palavras utilizadas lado a lado, ligadas por hífen e de igual peso e significado, na utilização da expressão verbal que se criara. Nas montagens de um Espetáculo-Aula, fala-se do Teatro, utilizando-se o próprio Teatro. É a metalinguagem a serviço do ofício. É ensinar Teatro utilizando-se de seus próprios conceitos pedagógicos, servindo-se do lúdico, da cena e do próprio ofício de ensinar. É resgatar a emoção! É ensinar-encenando Suassuna, Nelson Rodrigues, Guimarães Rosa ou Abdias do Nascimento. É falar da cidade do Rio de Janeiro, do Teatro de Revista e de sua história na cidade, encenando o “Rio em Revista”, numa releitura contemporânea. Enfim, a criação de espetáculos-aula é uma nova estratégia metodológica que estamos criando e pesquisando. No momento, levantamos mais indagações do que conclusões. Muitos embasamentos teóricos ainda terão que ser estudados. Muitas práticas ainda a ser construídas. Muito ainda há para se pesquisar! É um caminho que se vai fazendo!... EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 135 CÊNICAS ARTES 2. Espetáculos-Aula: Processo e Produto Artístico-Pedagógico 2011 – Espetáculo-Aula "Viva Suassuna" Processo: Trabalhos corporais, de respiração e de espaco, utilizando-se de motes e ditos populares; oficinas de manifestações populares: Maculelê, frevo e outros que nos possibilitaram mergulhar no universo temático de Ariano Suassuna, Leituras de textos dramatúrgicos e de biografia de Ariano. A partir da preparação do grupo com a imersão no universo do autor; inicia-se a construção do texto coletivo, o roteiro final e a montagem das cenas; as Oficinas de Maquiagem e de Figurino, utilizando-se também do universo da cultura popular nordestina, num trabalho de processo colaborativo. A Cenografia e a Trilha Sonora com pesquisa de cores e formas das Manifestações Populares e de ritmos do Nordeste, ficaram a cargo da Coordenação Técnica de Formação Continuada em Artes Visuais e Música, respectivamente, tendo a concepção e a execução dos docentes-artistas, num trabalho de integração interdisciplinar das três áreas das Artes, até alcançarmos o produto artístico-pedagógico final. A Música apresentou-se com Professores instrumentistas, ao vivo, sob a regência de um Maestro, também ocupante do Quadro de Professores do Município. Produto Artístico-Pedagógico: Temporada de Espetáculos para os alunos do 1.º ao 9.º Ano do Ensino Fundamental, das Escolas Públicas Municipais de Ensino do RJ, através das 11 Coordenadorias Regionais de Educação, realizadas em Teatros locais, Lonas Culturais, Núcleos de Artes e Auditórios Escolares. 2012 – Espetáculo-Aula "Nelson Rodrigues, Hey!" Processo: Seguindo a linha pedagógica do Espetáculo-Aula do ano anterior, houve um tempo de preparação corporal e vocal, de leitura de alguns textos dramatúrgicos de Nelson Rodrigues, de pesquisa sobre o momento teatral, histórico-político-cultural do autor, o estudo de suas frases polêmicas e leituras de críticas teatrais sobre ele. A seguir, a imersão no universo dramatúrgico do artista e a criação, pelos docentes-artistas, de pequenas cenas, numa releitura poética, à semelhança da dramaturgia rodrigueana. Nas oficinas de Maquiagem e Figurino, participamos da sua concepção, com a orientação profissional de Maquiador Teatral e Figurinista convidados, executando algumas customizações. A Cenografia teve pesquisa e execução dos Professores de Artes Visuais A Sonoplastia, utilizou-se da tecnologia com pesquisa de sons urbanos e de sons criados por instrumentos musicais, realizadas por Professores de Música, através de Oficinas com Dinamizadores Convidados. Produto Artístico-Pedagógico: Curta temporada em Teatros para jovens e adultos, alunos do PEJA, das EM de Ensino Público do Município do RJ e convidados. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 136 CÊNICAS ARTES 2013 – Espetáculo-Aula “Viva o Guima!” Processo: A partir do Livro Primeiras Histórias de Guimarães Rosa, distribuído como Formação Bibliográfica entre os Professores de Artes, participantes da ação pedagógica interdisciplinar do espetáculo-aula, os docentes-artistas iniciaram o mergulho no universo literário roseano. Em Artes Cênicas, trabalhamos o Processo Colaborativo: como dramaturgos escrevendo cenas, a partir das histórias lidas, da representação do Rio São Francisco na vida do autor, do Guimarães poeta e do Guimarães romancista; como atores e diretores criando improvisos de cenas, a partir dos textos roteirizados, ficando a Concepção Cênica e o texto final do espetáculo assinados pelo Diretor Teatral, autor da Metodologia estudada. Foram realizadas oficinas de Visagismo, Maquiagem e Figurino, em que a Cia, neste momento, já passa a atuar com mais autonomia e proativamente. A Sonoplastia repete o formato da Orquestra, ao vivo, com os Professores de Música e o Professor-maestro, experimentando algo mais ousado e contemporâneo nos arranjos e na concepção musical, misturando ritmos e gêneros,passando do frevo ao rock; enquanto a Cenografia cria um cenário de serras e montanhas, realizada com retalhos de pano rosa. Produto artístico-pedagógico: Apresentações em Quadras Polivalentes para alunos do Ensino Fundamental. 2014 – Espetáculo-Aula “Axé, Abdias!” Processo: Sons e ritmos marcam a concepção do Espetáculo-Aula de 2014. Envolvidos com o centenário de Abdias de Nascimento, no ano em curso, mergulhamos na cultura afro-brasileira, seus mistérios e encantos. Refizemos o caminho de luta de Abdias, suas conquistas e mostramos seus talentos como homem, diplomata, candomblecista, advogado, artista plástico, teatrólogo e ator. Passamos pela dramaturgia do TEN (Teatro do Negro) criado por ele para dar voz e visibilidade ao negro, nesse período de grandes preconceitos sociais que o negro sofria e que ainda hoje sofre. Utilizamos suas cores e formas na maquiagem e no figurino. Aprendemos a amarrar um turbante com toda a técnica e os códigos que eles encerram. Refizemos rituais! Com oficinas de dança, dançamos o jongo e recriamos coreografias próprias. Na sonoplastia, ao vivo, a partir da orientação de um percursionista estudioso dos ritmos afro-brasileiros, Professores de Música tocaram atabaques e utilizaram instrumentos não convencionais para a percussão. E na Cenografia, a escolha, sob a orientação de um cenógrafo: os Professores de Artes Visuais, conceberam um cenário despojado, utilizando-se de cestos, trançados e palha, em tons de terra. Produto artístico-pedagógico: O Espetáculo-Aula fez apresentações em espaços escolares e em alguns espaços cênicos. Foi o estímulo sensível na Formação Inicial dos trezentos Professores de Artes Cênicas, de nossa área, abrindo a discussão da Intolerância Racial, da Pedagogia do Drama e da Imaginação, aprofundado por palestrantes de universidades convidados. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 137 CÊNICAS ARTES 2015 - Espetáculo-Aula “Rio em Revista” Processo: Tendo os 450 anos da Cidade do Rio de Janeiro, um pregão dos antigos mercadores e músicas de Carmem Miranda como mote, iniciamos nossa imersão no tema. Durante três meses, com encontros semanais realizamos exercícios corporais, oficinas de voz e canto, estudos e pesquisa histórica sobre o Teatro de Revista no Rio de Janeiro, suas características e elementos principais. Revisitamos o Rio Antigo e os pregões dos ambulantes, vendendo suas mercadorias pelas ruas do Rio Colônia. As antigas musas e vedetes, o universo das pin-ups e seus penteados. Estudamos sobre as grandes divas e cantoras, os artistas e a influência de Paris, na então Capital Federal. Criação de cenas ligeiras, com o humor, a irreverência e o "jeito de ser carioca", numa releitura Moderna da Revista Teatral, foram escritas por alguns dos docentes-artistas, para serem utilizadas nas encenaçoes. Cenografia, maquiagem e figurino foram propostos por profissionais da área e apresentados em oficinas. Produto artístico-pedagógico: Estreia em agosto/2015, na Lona Cultural de Vista Alegre – subúrbio Carioca – com plateia de aproximadamente 400 alunos de Artes Cênicas do Ensino Fundamental de nossas Escolas Públicas. No momento estamos agendando e pautando novos espaços para a continuidade da temporada. 3. Estratégia Metodológica e Aplicação da Metodologia O Espetáculo-Aula é a construção de um produto artístico-pedagógico, de criação coletiva, que se utiliza da Metalinguagem e do Teatro-Seminário como Metodologias e investe no docente-artista, tendo como foco a sua práxis, revitalizando, assim, a ação pedagógica do Professor, junto aos estudantes, no lócus escolar. Essa Estratégia Metodológica está desde 2013 sendo aplicada – como experimento – em sala de aula, por alguns docentes- artistas que já passaram pela Cia Viva de Teatro. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 138 CÊNICAS ARTES 4. Etapas do Processo Metodológico do Espetáculo-Aula • Pesquisa Inicialmente o grupo realiza uma pesquisa livre sobre o tema a ser trabalhado, em diferentes fontes e a partir de diversos textos: biográficos, bibliográficos, sonoros e/ou imagéticos e troca as experiências adquiridas. • Sensibiização A partir do mergulho temático, o Diretor Teatral Ribamar Ribeiro, criador da Metodologia Teatro-Seminário, nos traz práticas de exercícios e jogos teatrais que possam trabalhar os conteúdos internos já elaborados até este momento. • Construção de roteiro prévio Nesta fase, Diretor e Elenco, através de processo coletivo, iniciam uma seleção prévia das cenas criadas e a construção de roteiro prévio. • Texto Final Este processo vai amadurecendo durante os encontros seguintes. Novos exercícios teatrais são realizados e aos poucos são inseridos trechos da biografia da personalidade-tema, entrevistas divulgadas pelas diferentes mídias e fragmentos da dramaturgia do autor. O Diretor Teatral inicia a elaboração do texto final, de forma a permitir que o espetáculo cubra, com seus diálogos e cenas, informações sobre o tema e/ou a personalidade. • Concepção do Espetáculo-Aula A Direção Teatral deve ter um posicionamento sempre aberto às críticas e às sugestões, funcionando mais como uma bússola que aponta o norte e o redirecionamento até a construção final do texto estar aprovada por todos. A Direção Teatral deve estar sempre atenta para que o Espetáculo-Aula mantenha o foco e o direcionamento para o seu público-alvo, que consta de alunos do Ensino Fundamental e de que os docentes-artistas são profissionais em curso de Formação em Serviço com proposta de aprender a montar espetáculos-aula. • A Preparação dos Códigos Teatrais Com a concepção definida, o texto e as cenas prontas para os ensaios, iniciam-se as oficinas com a Figurinista, o Maquiador e o Visagista, dando aos encontros o caráter de Curso de Formação. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 139 CÊNICAS ARTES •Referências Bibliográficas/ Suporte Pedagógico BULHÕES, Martins Marcos. Encenação em jogo. Editora Hucitec. SP, 2004. DESGRANGES, Flavio. A Pedagogia do Teatro. SP Hucitec. FERREIRA, Tais. A escola no teatro e o Teatro na Escola – RJ. Ed. Rovelle. RABETTI, Maria de Lourdes (Beti Rabetti) Teatro e Comicidades1. Estudos sobre Ariano Suassuna e Outros Ensaios. Editora 7 Letras, 2005. RIBEIRO, Ribamar. http://teatropedia.com/wiki/Ribamar _______________ . http://www.escavador.com/pessoas/1975841 RODRIGUES, Sonia. Nelson Rodrigues por ele mesmo.RJ. Ed. Nova Fronteira, 2012. SMERJ. Multieducação/Temas em Debate/Ensino Fundamental/Artes Cênicas, 2008. SMERJ. Orientações Curriculares das Artes Cênicas, 2010. SPRITZER, Mirna. A Formação do Ator - Um diálogo de ações. Ed. Mediação. PA. SUASSUNA, Ariano. Almanaque Armorial: Contos e Crônicas. Ed. José Olympio. _________________. A Farsa da Boa Preguiça. Editora José Olympio. _________________. O casamento suspeitoso. Editora José Olympio. _________________. O santo e a Porca. Editora José Olympio. _________________. Os homens de barro. Editora José Olympio. _________________. Seleta em Prosa e Verso. Editora José Olympio. _________________. Uma mulher vestida de sol. Editora José Olympio. TELLES, Narciso. Pedagogia do Teatro (e o teatro de rua). Editora Mediação. PA, 2008 THOMAZ, Sueli Barbosa. Imaginário e Teatro-Educação. Editora Rovelle. RJ, 2009 VIDOR, Heloise Baurich. Drama e Teatralidade. Ed. Mediação. PA. Espetáculo-Aula 2015 Elenco: Profs de AC/RJ Portfólio das Autoras http://www.escavador.com/pessoas/1975841 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 140 CÊNICAS ARTES PRODUTO ARTÍSTICO-PEDAGÓGICO: FAZER / VER / DISCUTIR TEATRO Lêda Aristides – Secretaria Municipal de Educação – RJ – Brasil RESUMO: .Esta Comunicação tem por objetivo apresentar como os ProdutosArtístico-Pedagógicos / Mostras de Trabalhos em Artes Cênicas podem ter o seu Processo visto como um processo de Aprendizado para os alunos e para o Professor, através de um espaço pedagógico, que se faz dialógico, utilizando-se a abordagem metodológica do Fazer, Ver e Discutir o Teatro Palavras-chave:; Artes Cênicas; Formação Continuada; Produto artístico-pedagógico; Fazer, Ver e Discutir o Teatro. ABSTRACT: PRODUCT-ARTISTIC-EDUCATIONAL: DO / SEE / DISCUSS THEATRE This Papper aims to present how the artistic- pedagogical Products / Shows Performing Arts carpenters can have their process seen as a learning process for the students and the teacher, through a pedagogical space, which is dialogical, using themselves to methodological approach to make, View and Discuss Theatre. Keywords : . Performing arts; Continuing education; Artistic and pedagogical product; Do View and discuss the Theatre. Modalidade: Resumo Expandido GT: Teatro Eixo Temático: Processos e discursos na Formação Inicial e Continuada de Professores de Teatro EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 141 CÊNICAS ARTES • - 1. Introdução A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SMERJ), através da Coordenação Técnica e da sua Coordenadoria de Educação, propõe formatos diversos ao Corpo Docente, regente das disciplinas da Arte Cênicas, que vão desde Palestras, Oficinas, Workshops e distribuição de livros técnico-pedagógicos até as Mostras Anuais de produtos artístico-pedagógicos de Professores e Alunos de Artes Cênicas, da Rede Pública de Ensino da Cidade do Rio de Janeiro. Dentro desse contexto, as Artes Cênicas vêm desenvolvendo, anualmente, desde 2010, a Mostra de Teatro que tem por objetivo apresentar produtos artístico-pedagógicos no final do processo de cada ano letivo. Os Produtos apresentados são de alunos e também de Professores, Regentes da disciplina. Essa Ação Pedagógica se justifica tendo em vista que as Artes Cênicas, no Município do Rio de Janeiro, possuem como pressuposto pedagógico a Abordagem Metodologia Triangular da Professora Ana Mae Barbosa, que propõe Ler, Fazer e Contextualizar a Arte, adaptada para as Artes Cênicas como Fazer, Ver e Discutir o Teatro. O Mostrar e o Apreciar são características intrínsecas ao Teatro e a ação pedagógica “Mostra de Artes Cênicas” vem sendo esperada anualmente, já fazendo parte do Calendário Escolar da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro. 2. Mostra de Artes Cênicas: Objetivos Objetivo Geral · Incentivar a produção artístico-pedagógica dos alunos da SME, no ensino das Artes Cênicas, dentro do Ensino Fundamental da Rede Pública de Ensino, em seus diferentes segmentos, como o Ensino Regular do 1.º ao 9.º Ano, o PEJA (Programa de Educação para Jovens e Adultos) e o Ensino Especial. · Apresentar Produto Artístico-Pedagógico Final, oriundo do processo pedagógico desenvolvido por Professores de Artes Cênicas, no dia a dia da práxis escolar. · Proporcionar o fazer artístico e a formação do observador crítico e fruidor da obra de arte. - Investir no docente-artista. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 142 CÊNICAS ARTES Objetivos Específicos • Ler e interpretar textos teatrais ou não, de autores clássicos ou contemporâneos; • Promover a leitura e a crítica da obra de Arte Teatral; • Refletir e discutir a prática do fazer artístico, na sala de aula, com os Professores I de Artes Cênicas, como proposta de construção coletiva de um processo/produto artístico-pedagógico; • Promover o fazer teatral, utilizando-se das diferentes funções do Teatro, como: a produção de textos teatrais, a interpretação, a direção cênica, a contrarregragem, a sonoplastia, a iluminação, a cenografia, o figurino e a caracterização. • Oportunizar aos alunos a experimentação do fazer artístico, num espaço digno e adequado à montagem dos trabalhos, utilizando-se de Teatros profissionais de nossa cidade. • Utilizar o espaço profissional, como sala de aprendizagem dos códigos teatrais e do espaço cênico, oportunizando uma aula aberta de Artes Cênicas para todos os presentes. • Formar plateias, Incentivando e exercitando o observador-fruidor à apreciação técnica da obra teatral. • Construir o cidadão proativo e transformador do seu universo circundante. • Investir pedagogicamente no docente-artista, utilizando-se da Mostra de Professores. • Integrar alunos e Professores, valorizando e qualificando as Artes Cênicas como uma Área de Conhecimento Específico, na troca de experiências pedagógicas. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 143 CÊNICAS ARTES 3. Mostra de Produtos Artístico-Pedagógicos de Alunos: A Mostra de Artes Cênicas, com trabalhos dos alunos, não pretende ser competitiva e sim apresentar uma panorâmica do conjunto de trabalhos desenvolvidos pelos Professores de Artes e suas metodologias. Ela é realizada por adesão dos Professores que tenham um produto artístico-pedagógico, a partir do processo de sua práxis escolar. A Mostra é dividida em duas etapas: Mostra Regional e Mostra Final. •Mostra Regional Em parceria com as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), que inscrevem os trabalhos dos Professores das CREs respectivas e apresentam as produções inscritas para alunos de escolas vizinhas em auditórios, clubes, lonas culturais, teatros e núcleos de arte dos bairros do entorno, fomentando debates e burburinho cultural em suas próprias regiões. Mostra Final Reapresentação de alguns trabalhos, indicados por uma curadoria de profissionais (Um Professor Municipal da disciplina que não esteja participando da Mostra; um Profissional da Área, participante de grupos artísticos; Professor Universitário da disciplina; um convidado que pode ser aluno de cursos de graduação; Funcionários Diversos da SME ou outros) e o Coordenador da Disciplina Específica. Essa Curadoria faz a indicação, a partir de pressupostos artístico-pedagógicos criados pela Coordenação Técnica da disciplina. Estrutura da Mostra Final de Alunos /Artes Cênicas: algumas regras · Cada espetáculo deverá ter duração máxima de 20 minutos, distribuídos em montagem / desmontagem /encenação. · No dia das Mostras Regional e Final, os alunos já deverão chegar previamente caracterizados e parcialmente maquiados ao local da apresentação, obedecendo o horário de chegada em cada turno, para que cada grupo tenha 10 minutos para o reconhecimento/marcação de palco e 10 min. para a finalização da caracterização, no camarim. · A ordem de apresentação será sorteada no início de cada Mostra e todos os alunos deverão permanecer no local da apresentação até o último grupo se apresentar, a fim de que possamos trabalhar a formação de plateia. · Lembramos que cenários e adereços deverão ser de fácil transporte e de fácil utilização; · Cada turma participante deverá apresentar Lista de Presença dos alunos participantes com a função de cada participante: dramaturgo, contrarregra, figurinista, cenógrafo, ator, assistente de direção, sonoplasta, outros. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 144 CÊNICAS ARTES 4. Vendo, apreciando e fruindo o espetáculo profissional Desde o início das Mostras de Teatro, no ano de 2010, a Coordenação Técnica de Artes Cênicas, dentro de suas possibilidades orçamentárias, contratou e apresentou, dentro do seu espaço de acontecimento, espetáculo profissional adequado e compatível com o tema do ano. O contato dos alunos participantes com os profissionais de Teatro dava o caráter de aula aberta: depois de cada turno de apresentação, os alunos podiam dialogar com os componentes dos grupos teatrais e estabelecer um debate transparente às curiosidades da plateia e às questões técnicas, proporcionando,ao grupo, a possibilidade de apreciar um trabalho profissional de qualidade e a entender melhor os códigos da obra de arte teatral. Entre estes grupos apresentamos as Cias Teatrais: Os Mimos, com o espetáculo “Maria Clara Machado”; Os Ciclomáticos, com os espetáculos “Antes que o galo cante”, para o Ensino Fundamental e “Minha Alma é nada depois desta História”, para os alunos do PEJA e Grupo Milongas com o Espetáculo “Suassuna Em Cena” 5. Pressupostos Artístico-Pedagógicos que norteiam as indicações dos alunos para a Mostra Final • Orientações Curriculares (adequação ano/objetivos) • Presença do Conceito Pedagógico • Jogo Teatral: A ação: o quê? • O espaço cênico: onde? O papel/personagem: quem? • Encaminhamento da Ação Ritmo/ Tempo da ação • Tratamento do conflito: Desfecho/adequação ao gênero apresentado • Uso do Espaço Cênico: direções e planos baixo, médio e alto • Cenário/adereços: adequação, finalização e inventividade • Iluminação: uso ou não/adequação • Relação tempo / espaço (da história) • Sonoplastia:uso ou não/adequação • Construção do Papel/Personagem • Trabalho corporal/ expressão facial • Uso da voz: projeção, dicção e entonação • Figurino:adequação, criatividade e acabamento • Maquiagem:uso ou não/propriedade LEGENDA: (A) Objetivos Atingidos; (PA) Objetivos Parcialmente Atingidos; (NA) Objetivos Não Atingidos EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 145 CÊNICAS ARTES 6.Mostra de Produto Artístico-Pedagógico dos Professores de AC Durante todo este período, a Mostra de Artes Cênicas fez parte do Projeto Interdisciplinar Conexão das Artes, que apresentava em mesmo espaço/tempo as Mostras de Alunos das três Linguagens das Artes, possibilitando aos alunos de Artes Cênicas, Artes Visuais e Música interagirem em discussões e apreciações. A partir da riqueza de resultados que a interdisciplinaridade proporcionava aos alunos, surge a demanda para a realização de um trabalho interdisciplinar também entre os Professores. Neste momento, passou-se a apresentar nas Mostras o produto do processo de Capacitação de Professores, enquanto Docentes e Artistas. Criamos o termo composto Docente-Artista para nos autodesignar e partimos para o estudo da Montagem de um Espetáculo onde as três áreas pudessem interagir e resultar em um produto artístico-pedagógico. A cada Edição da Conexão das Artes, era escolhido um artista ou tema para ser estudado. Artistas profissionais de cada área específica (Teatro, Artes Visuais e Música) foram convidados para Oferecer a Capacitação necessária a cada Montagem e, com a utilização da metodologia do Teatro-Seminário (*), foram criados os espetáculos-aula que foram apresentados para os alunos e convidados, nas escolas ou em teatros. A evolução desse experimento culminou, em 2015, com a criação da Cia Viva de Teatro!, composta pelos Professores de Artes Cênicas, que apresentou, como produto artístico-pedagógico, o Espetáculo-Aula “ Rio em Revista”, uma homenagem aos 450 anos da Cidade do Rio de Janeiro. Espetáculos-Aula 2011- Espetáculo-Aula: Viva Suassuna! 2012- Espetáculo-Aula: Nelson Rodrigues, Hey! Viva o Nelson! 2013- Espetáculo-Aula: Viva o Guima! 2014- Espetáculo-Aula: Axé, Abdiais! 2015- Espetáculo-Aula: Rio em Revista! (*) “O Teatro-Seminário busca trazer a obra do autor ou algum tema e mesclar sua estrutura narrativa na própria encenação feita pelo Diretor. Essa forma faz com que a dramaturgia e a encenação sejam abertas para uma criação coletiva. Juntamente com esta estrutura existe também uma apropriação da narrativa utilizada no coro grego e o corifeu. Essa forma constrói o arcabouço que é a base da Técnica do Teatro-Seminário”. (Ribamar Ribeiro) EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 146 CÊNICAS ARTES • Referências Bibliográficas/ Suporte Pedagógico BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da Arte. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996. BULHÕES, Martins Marcos. Encenação em jogo. São Paulo: Hucitec, 2004 DESGRANGES, Flavio. A Pedagogia do Teatro. São Paulo: Hucitec. FERREIRA, Tais. A escola no teatro e o Teatro na Escola – Rio de Janeira. Rovelle. RABETTI, Maria de Lourdes (Beti Rabetti) Teatro e Comicidades1. Estudos sobre Ariano Suassuna e Outros Ensaios. 7 Letras, 2005. RIBEIRO, Ribamar. http//teatropedia.com/wiki _______________. http//www.escavador.com/pessoas/1975841 RODRIGUES, Sonia. Nelson Rodrigues por ele mesmo.RJ. Ed. Nova Fronteira, 2012. SMERJ. Multieducação/Temas em Debate/Ensino Fundamental/Artes Cênicas, 2008. SMERJ. Orientações Curriculares das Artes Cênicas, 2010. SPRITZER, Mirna. A Formação do Ator - Um diálogo de ações. Ed. Mediação. PA. SUASSUNA, Ariano. Almanaque Armorial: Contos e Crônicas. Ed. José Olympio. . A Farsa da Boa Preguiça. Editora José Olympio. . O casamento suspeitoso. Editora José Olympio. . O santo e a Porca. Editora José Olympio. . Os homens de barro. Editora José Olympio. . Seleta em Prosa e Verso. Editora José Olympio. . Uma mulher vestida de sol. Editora José Olympio. TELLES, Narciso. Pedagogia do Teatro (e o teatro de rua). Editora Mediação. PA, 2008 THOMAZ, Sueli Barbosa. Imaginário e Teatro-Educação. Editora Rovelle. RJ, 2009 VIDOR, H eloise Baurich. Drama e Teatralidade. Ed. Mediação. PA EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 147 CÊNICAS ARTES GT: Teatro Eixo Temático: Processos e discursos na formação inicial e continuada de Professores de Teatro. RESUMO Esta comunicação tem por objetivo apresentar trajetórias do processo de construção da Formação Continuada dos Professores de Artes Cênicas na Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, após a criação da Lei 5692/71, que tornou obrigatória a inclusão de Educação Artística nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1.º e 2.º graus. Abordará questões em dois períodos: de 1971 a 1990, quando o Teatro foi introduzido nas escolas por Professores graduados em outras disciplinas e a, partir de 1990, quando a Prefeitura do RJ realiza o primeiro concurso público para a disciplina Artes Cênicas. Em ambos os períodos discute e avalia a aplicabilidade, contribuição e permanência da Formação Continuada como política de aperfeiçoamento da prática docente. Palavras-chave: Formação Continuada; Artes Cênicas; Professor. ABSTRACT This communication has the goal to introduce trajectories of action construction of the continuous teacher formation on performing arts in the Municipal Public schools system of Rio de Janeiro configured it-self after the law 5692/71, which obliged the inclusion of Art Education in the full curriculum of the elementary schools and high schools establishments. The research is going to approach the issues in two periods: from 1971 to 1990, when the performing arts were introduced in schools by teachers graduated in other subjects and from now on 1990, when the Rio de Janeiro city council to make the first public tender for at performing arts. The both periods discusses and consider the applicability, contribution and permanence of continuous formation as improvement policy of teacher practice. Key words: Continuous Formation; Performing Arts; Teacher. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 148 CÊNICAS ARTES O teor dessa comunicação advém de minha Dissertação de Mestrado Profissional em Ensino de Artes Cênicas, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro / UNIRIO, defendida em maio de 2015. O objeto de pesquisa em questão é a história do processo de construção da Formação Continuada dos Professores de Artes Cênicas da Rede Pública Municipal de Ensino do RJ, a partir de 1971. Nesta comunicação apresento trajetórias desse processo de construção de Formação Continuada / FC que considero relevantes, e que possam apresentar ao leitor uma compreensão do desenvolvimentodesta ação pedagógica nos contextos históricos, políticos e culturais nestas quatro décadas. Considerei a importância do tema, visto que, entre outras, a Rede Pública Municipal de Ensino do RJ, atualmente com 1.457 unidades escolares, 1.008 de Ensino Fundamental e 449 de Educação Infantil, é uma das maiores redes de ensino da América Latina, e que nesta história são protagonistas, instituição, no caso, a Secretaria Municipal de Educação / SME e os Professores de Artes Cênicas / AC a que a ela estão vinculados. Considerei também, que dar visibilidade e valorizar essas iniciativas na área da docência das AC, na rede pública, significaria ampliar o conhecimento acerca de práticas e pesquisas em busca de metodologias para o ensino do Teatro, bem como abrir espaço para divulgação e compartilhamento dessas ações com outras redes públicas do país. Até a criação da Lei 5692/71, o ensino de Teatro nas escolas públicas não estava inserido na matriz curricular. A prática se dava a partir da iniciativa dos profissionais de educação, fossem eles Professores, coordenadores ou diretores, sensíveis ou conscientes da importância dessa linguagem artística junto à educação e formação do aluno como cidadão, ampliando sua percepção de si, do outro e do mundo. A partir de sua criação e da obrigatoriedade do ensino do Teatro na Rede Pública, é que vão surgir as novas propostas no âmbito da formação de Professores, o Conselho Federal de Educação / CFE reformulou os currículos dos cursos de Teatro em nível superior, criando a Licenciatura em Educação Artística / Habilitação em Artes Cênicas e o Bacharelado em Artes Cênicas, com as Habilitações Direção Teatral, Cenografia, Interpretação e Teoria do Teatro. Após a criação da Lei 5692/71, visto a não existência da Licenciatura Plena / LP em AC no RJ, o treinamento de Professores para exercer tal função se tornou necessário. Portanto, existem dois períodos de FC, de 1971 a 1990 (em 1988 formou-se a primeira turma em LP em AC, na UNIRIO), e após 1990, quando Professores habilitados entraram em campo, através do primeiro concurso público promovido pela SME oferecendo a disciplina AC no seu quadro funcional. O período até 1990 caracterizou-se pela busca de como habilitar o Professor, e após 1990, pela atualização com as novas metodologias da pedagogia teatral, participando a UNIRIO de ações junto à SME. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 149 CÊNICAS ARTES Uma primeira iniciativa para habilitar o Professor para a linguagem cênica, foi o Projeto Artur Azevedo, entre 1975 e 1978. Foi criado a partir do I Encontro Nacional de Professores de AC, em Brasília, e realizado pelo Serviço Nacional de Teatro / SNT, atualmente INACEM, em conjunto com o então Ministério de Educação e Cultura / MEC.(1) Esse projeto visava especificamente os Professores que vinham atuando na disciplina AC sem uma formação específica. No RJ foi organizado junto à Secretaria Estadual de Educação e Cultura, oferecendo cursos com a coordenação de Roberto de Cleto, onde atuaram profissionais de Teatro como: Hilton Carlos Araújo, Clóvis Levi, Tânia Pacheco, Maria Pompeu, Helena Barcelos, Ilo Krugli, José Luiz Ligiéro Coelho, entre outros. Ainda que caracterizada como uma solução de urgência, o Projeto Artur Azevedo foi responsável pela implantação do teatro na educação, de forma pioneira e experimental, em algumas escolas da rede pública de ensino do RJ, a partir da segunda metade dos anos 70. Ao contratar atores, atrizes e diretores de teatro, possibilitou o contato dos Professores com aqueles que realizam arte, podendo, com base no fazer arte, pensar e orientar os que buscavam preparação ou aperfeiçoamento em métodos de ensino- aprendizagem em AC. Sendo aluna das oficinas, tive como Profª II do Ensino Fundamental, meu primeiro olhar para a possibilidade de ensinar Teatro. Participava de cursos livres de Teatro e estava tendo minha primeira experiência profissional como atriz. Em 1973, e a Prefeitura do Rio de Janeiro realiza um grande concurso público para preencher vagas de Prof. I em diferentes disciplinas no seu quadro funcional. Evidente que não estava incluída as AC, mas, cientes da lei e do Art. nº 7, onde constava a obrigatoriedade e inclusão da Educação Artística, Professores, caminhando com as próprias pernas, ousaram, começaram a lecionar Teatro dentro da escola, e fizeram suas experiências inovadoras dentro do espaço escolar. Transcrevo os depoimentos de duas Professoras que exemplificam o caráter experimental e de improviso que caracterizou a entrada do Teatro na Rede Pública Municipal de Ensino do RJ: 1.º) Professora de História Tomou posse na Rede Municipal de Ensino em 1977, e até 1982, lecionou OSPB e Moral e Cívica. Nas aulas de OSPB da 8.ª série, propôs aos alunos encenar alguns episódios da História do Brasil em sala de aula. Alguns alunos propuseram organizar um festival de esquetes de temas variados. A Professora abraçou a ideia e mobilizou outras turmas, levando uns três meses nesta preparação. Os alunos correram atrás de troféus para os três primeiros colocados e os Professores das outras disciplinas foram convidados a ser jurados. O Festival se transformou num grande evento e esta experiência marcou a trajetória pedagógica da professora: “me deixou encantada com uma outra possibilidade metodológica e um outro caminho na educação.” (1) Em 15/03/85 passa a se chamar Ministério da Educação / MEC, data em que foi criado o Ministério da Cultura / MinC, pelo Decreto nº 91.144. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 150 CÊNICAS ARTES No ano seguinte, a diretora divulgou uma circular sobre um Curso de Teatro para Professores do Município do RJ, na Escola Municipal Georg Pfisterer, no Leblon. Assim, deu início à sua FC em AC em 1983, se tornando, em outro momento, parte da equipe de AC no Nível Central. 2.º) Professora de Português Em 1980, ao entrar para a E.M República do Peru, no Méier, “sobrou”, isto é, o quantitativo de Professores de Língua portuguesa já estava preenchido. A diretora lhe apresentou a possibilidade de dar aula de AC e, influenciada por uma amiga, que já dava aula de Teatro na rede, aceitou a proposta da diretora e permaneceu na escola. Não tinha formação e foi procurar subsídios em Paulo Coelho, Hilton Carlos de Araújo e Augusto Boal. No início, a coordenadora, diretora e colegas reclamavam do barulho e do deslocamento dos alunos da sala de aula para o auditório, e neste, que era enorme, da movimentação causada pelas atividades cênicas, estranhando a dinâmica da aula em roda e os alunos descalços. Tinha problemas quando faltava algum Professor de Língua Portuguesa, tinha que retornar para esta matéria, considerada mais importante. Acreditava na linha de trabalho do Teatro do Oprimido e, com as atividades do teatro, interessava-se em estimular vivências educativas para a compreensão de melhores escolhas de vida e de convivência na escola. A ausência de estrutura curricular oficial da disciplina AC favoreceu a experiência desses Professores, já que os objetivos e conteúdos pedagógicos ainda não estavam especificados, nem discutidos e definidos, a organização curricular não havia se cristalizado como nas demais disciplinas e, na avaliação do aluno, os aspectos qualitativos sobrepunham aos quantitativos. Depois de algum tempo, de buscas e caminhos, alguns Professores, sentindo-se solitários, passam a se encontrar para trocar experiências e anseios. Buscam uma formação autodidata em cursos de Teatro, Dança e Expressão corporal, participando, também, do Projeto Artur Azevedo. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 151 CÊNICAS ARTES Entre 1975 e 1979, a SME, através dos setores Departamento Geral de Educação / DGE e Serviço de Teatro e Cinema/DGC - passa a proporcionar espaços físicos e administrativos para os encontros e troca de experiências dos Professores que atuavam com AC na Rede e os que atuavam com oficinas de Vídeo do Projeto Municine, constatando, a SME, naquele momento, que a inexistência de uma formação específica entre os Professores da disciplina era um dos complicadores para o efetivo cumprimento da Lei. Entre 1975 e 1979, a SME, através dos setores Departamento Geral de Educação / DGE e Serviço de Teatro e Cinema /DGC - passa a proporcionar espaços físicos e administrativos para os encontros e troca de experiências dos Professores que atuavam com AC na Rede e os que atuavam com oficinas de Vídeo do Projeto Municine, constatando, a SME, naquele momento, que a inexistência de uma formação específica entre os Professores da disciplina era um dos complicadores para o efetivo cumprimento da Lei. Desses encontros foi se delineando o perfil desse profissional, lideranças se firmaram e nasceram duas comissões, uma para tratar das questões político-administrativas (regulamentação do Professor desviado de função e parcerias com Faculdades para a criação de cursos de graduação e/ou de especialização com pós-graduação em lato sensu) e outra, de caráter pedagógico, para tratar da organização curricular a partir de todo o estudo feito e dos saberes adquiridos pelo grupo. Nesses encontros, os Professores constataram a falta de um “norte pedagógico” para a disciplina. Isto por um lado era positivo, instigando o campo de experimentação; por outro, era negativo, uma vez que, não havendo um “currículo oficial”, as AC não eram respeitadas enquanto disciplinas autônomas, e Professores poderiam ser remanejados para suas disciplinas de origem ou serem solicitados para servir de “apoio” às outras disciplinas. A partir dessas constatações, as Professoras Lêda Aristides, Laureana Conte e Neuza Navarro resolveram aprofundar-se (em estudo nos horários de folga), da prática da disciplina, dos seus aspectos legais e das possíveis “brechas” que a “desorganização institucional”, causada pela novidade da disciplina poderia oferecer. O estudo resulta, em 1980, em dois encontros gerais, onde cadastram e convidam todos os Professores que trabalham com AC para discutir questões comuns. Realizam-se então os Dois Primeiros Encontros Gerais dos Professores de AC do Município do RJ, na Sociedade de Belas Artes. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 152 CÊNICAS ARTES Em 1982, como resultado desse movimento e suas reflexões, a chefia do então Serviço de Teatro e Cinema do E/DGCT constatou a inexistência de documento que orientasse o trabalho do Professor de Teatro, vide as diversidades de sua formação, cada Professor caminhando ao seu jeito, sem nenhum norte pedagógico. Surgiu então a necessidade de organizar um trabalho que, ao término, servisse de elemento saneador dessas diferenças. Convocou- se uma reunião com Professores de AC de comprovada experiência e nessa reunião surgiu o grupo de trabalho que, durante nove meses, pesquisou, discutiu e organizou tantas questões pertinentes ao seu ofício. Foi então criado e publicado, em 1982, o primeiro Documento Pedagógico Norteador das Artes Cênicas, intitulado “Caminhos das Artes Cênicas”, tendo como lema o mote de Antonio Machado “caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao andar...”. (2) Este documento traz, em seu corpo, considerações sobre a filosofia do ensino das AC e seus objetivos, cria o perfil desse Professor, fala das condições de eficiência e infraestrutura para o exercício das aulas, e, finalmente, tece considerações sobre avaliação e currículo, oferecendo uma proposta de planejamento pedagógico. Definiu-se, como linha de ação, quatro estágios para uma divisão de “Unidades de Trabalho” em vez de séries, designação para as outras disciplinas do currículo do 1.º grau, visto que é facultativo sua coincidência com a seriação do currículo previsto adotado nas escolas. Se, por exemplo, uma turma vai iniciar o trabalho em AC, deverá partir do Estágio I, ainda que curse a 6.ª ou 7.ª séries nas demais disciplinas. Define também, naquele momento, a qualificação do Corpo Docente: DA HABILITAÇÃO: Para o exercício das AC nas Escolas municipais, o Professor, com formação de II grau e Licenciatura, deveria frequentar um dos cursos: TEATRO NA EDUCAÇÃO – MEC/SNT/E/DGCT // BACHARELADO EM ARTES CÊNICAS – UNIRIO // APOIO TÉCNICO DO E/DGCT – SERVIÇO DE TEATRO E CINEMA 2- Documento elaborado pelas Professoras: Icléa Dias da Silva, Laureana Conte de Carvalho, Lêda Martins Arisitides Fonseca, Maria Cristina Arantes da Matta, Neuza Navarro e Viviane Fernandes Brandão Reis Nascimento EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 153 CÊNICAS ARTES Poderia atuar também como Professores da disciplina, aqueles que comprovassem exercício efetivo de um ano, no mínimo, no Município do RJ, desde que estabelecesse o compromisso de participar dos cursos de Teatro na Educação, oferecidos pelo Apoio Técnico do EDGT, a partir da entrada em vigor do documento. DO PERMANENTE APOIO TÉCNICO: As autoras do documento defendiam a existência de um espaço-estudo e sua permanente renovação para uma melhor qualificação. O Apoio Técnico do E/DGCT oferecia contatos sistemáticos, num trabalho teórico-prático, entre Professores da disciplina e especialistas em Arte/Educação e/ou profissionais ligados à Arte, onde o Professor se mantinha continuamente aberto a novas propostas e caminhos. Assim, propunham que o E/DGCT zelasse por manter um Apoio Técnico em AC, caracterizado por encontros semanais, divididos em dois níveis: 1.º) BÁSICO DE ARTES CÊNICAS – dividido em duas partes: Iniciação e Complementação I, com duração mínima de um ano letivo, destinado a: - Professores que desejassem se iniciar no exercício de regência das AC nas Escolas Municipais e que ainda não possuíssem a habilitação mínima necessária ao desempenho da função, nem experiência nesse campo. - Professores com experiência mínima de um ano em AC, no Município do RJ, sem possuírem, entretanto, a habilitação necessária. 2.º) RECICLAGEM – Com duração mínima de seis meses, destinava-se a Professores de AC que já tinham concluído a etapa anterior e que buscavam maior aprimoramento em cursos que viessem a atender às suas necessidades específicas. A demanda por aumento do quantitativo de docentes de AC, pequeno frente às outras Linguagens das Artes, resultou na necessidade de capacitar mais Professores. Então, a Equipe de Educação Artística do Departamento Técnico-Pedagógico da SME, em 1984, convidou os Professores atuantes nas AC para participarem de um grupo de Formadores e pensar uma formatação de Curso que pudesse preparar novos Professores para atuarem na disciplina, informando-os das teorias e das práticas já pesquisadas. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 154 CÊNICAS ARTES Assim, foram criados os POLOS DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA, que trabalhavam com todas as linguagens da arte, embora o foco central fosse as AC. Tinham por objetivo geral, em 1985: perceber a prática profissional dos cursistas, instrumentalizando-os para que atuassem como transformadores da realidade social. Funcionaram durante cinco anos, se tornando um fórum natural de reflexão, análise e avaliação. Os Polos foram distribuídos por oito Distritos de Educação e Cultura / DECs (atuais Coordenadorias Regionais de Educação / CREs) e estruturalmente divididos em: Iniciação, Complementação e Oficinas de Teatro. A meta quantitativa dos Polos de Educação Artística, Iniciação, era para 360 alunos-mestre que poderiam ser Prof.I ou Prof.II e que tinham que perfazer um total de 120 h/ano de trabalhos distribuídos numa carga semanal de 3h,com dispensa de ponto pela SME/RJ. Os Polos de Complementação surgiram da demanda dos alunos-mestre quando, ao concluírem a Iniciação, sentiram desejos de aprofundar certos conteúdos, principalmente aqueles que objetivavam a reflexão sobre as práticas sociais. Sentiam necessidade de se embasarem mais teoricamente. Precisavam da leitura de textos e da reflexão sobre outros pensamentos, além das discussões sobre seus próprios textos. Tinha, cada um, uma carga horária de 60 h, distribuída em 3h e 30 min, e atingiram a totalidade dos alunos-mestre dos Polos de Iniciação. As Oficinas de Teatro tinham como público-alvo os Professores optantes pelas AC e, como pré-requisito, a participação nos Polos de Iniciação e de Complementação. Propiciou ao grupo uma pesquisa cultural de criação de símbolos (compreensão do mundo), criação de objetos de cena (necessidades materiais) e criação de ideias (necessidades intelectuais). Foi estruturada em Unidades Pedagógicas, Conteúdos e Procedimentos Unidades Pedagógicas: Estrutura Teatral, História do Teatro Mundial, Texto Teatral, Universo Teatral (Montagens Teatrais de grandes autores). Em 04/11/1985, mais uma conquista: a Publicação, em D.O, da Portaria n.º 120 do E/DGED, que dá direito, ao Professor de outras disciplinas, de optar, pelo cargo de Professor de AC no novo quadro criado. Só será reconduzido à disciplina de origem se assim o desejarem. Em 1988, a conquista definitiva: a Publicação da Portaria que ALTERA para Artes Cênicas, no Quadro Permanente, a disciplina do Prof.I que optou por AC. Cento e Dezessete Professores com origem em diferentes disciplinas fizeram sua opção permanente, formando-se, assim, o Cargo de Prof.I em Artes Cênicas, no Município do RJ, através do Decreto N 7443 de 29/02/1988. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 155 CÊNICAS ARTES Para este período de FC situado até 1990, faço uma contextualização com uma das competências para a atividade docente descrita por Perrenoud: “Administrar sua própria formação continua”. Essa competência é, na realidade, a base de uma autoformação. Participar de um grupo de análise das práticas constitui uma forma de treinamento, a qual permite interiorizar posturas, procedimentos, questionamentos, que se poderão transferir no dia em que nos encontramos sós em nossa classe, ou melhor, ativo em uma equipe ou grupo de trocas. A lucidez profissional consiste em saber quando se pode progredir pelos meios que a situação oferece (individualmente ou em grupo) e quando é mais econômico e rápido apelar para novos recursos de autoformação: leitura, acompanhamento de projeto ou aportes estruturados de formadores, suscetíveis de propor novos saberes e dispositivos de ensino-aprendizagem. Com a formação da primeira turma em LP em AC na UNIRIO e o primeiro concurso público da Prefeitura do RJ oferecendo a disciplina AC no seu quadro funcional, a SME vai promover uma FC estruturada em novos formatos e enfoques, com a influência e subsídios das novas perspectivas para a metodologia e prática do Teatro na educação: - Viola Spolin – Improvisação para o Teatro - Jean-Pierre Ryngaert – “Jeu dramatique” - Ana Mae Barbosa – Abordagem Triangular para o Ensino da Arte - Augusto Boal – Teatro do Oprimido - Amir Haddad - Teatro Tá na Rua. - Criação da Federação de Arte Educadores do Brasil / FAEB (1987) – a participação dos Professores de Arte do Município do RJ nos Congressos Nacionais de Arte/Educadores / ConFAEB, a partir de 1988, proporcionou atualização com os novos enfoques e discussões sobre Arte. Santana, faz referência a um certo renascimento no ensino da Arte no Brasil e em outros países nos anos 90, registrando alguns indicadores mencionados por Barbosa no Encontro Anual da Associação de Arte Educadores de São Paulo em 1998: - a nova LDB mantém a obrigatoriedade da Arte na Educação Básica; - expansão na oferta de vagas em cursos de Licenciatura como repercussão imediata desse dispositivo da Lei, notadamente em instituições privadas. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 156 CÊNICAS ARTES Considerei a importância do tema, visto que, entre outras, a Rede Pública Municipal de Ensino do RJ, atualmente com 1.457 unidades escolares, 1.008 de Ensino Fundamental e 449 de Educação Infantil, é uma das maiores Redes de ensino da América Latina, e que nesta história são protagonistas, a instituição, no caso a Secretaria Municipal de Educação / SME, e os Professores de Artes Cênicas / AC que a ela estão vinculados. Considerei também, que, ao dar visibilidade e valorizar essas iniciativas na área da docência das AC na Rede Pública, significaria ampliar o conhecimento acerca de práticas e pesquisas em busca de metodologias para o ensino do Teatro, bem como abrir espaço para divulgação e compartilhamento dessas ações com outras redes públicas do país. Até a criação da Lei 5692/71, o ensino de Teatro nas escolas públicas não estava inserido na matriz curricular. A prática se dava a partir da iniciativa dos profissionais de educação, fossem eles Professores, coordenadores ou diretores, sensíveis ou conscientes da importância desta linguagem artística junto à educação e formação do aluno como cidadão, ampliando sua percepção de si, do outro e do mundo. A partir de sua criação e da obrigatoriedade do ensino do Teatro na Rede Pública, é que vão surgir as novas propostas no âmbito da formação de Professores, o Conselho Federal de Educação / CFE reformulou os currículos dos cursos de Teatro em nível superior, criando a Licenciatura em Educação Artística / Habilitação em Artes Cênicas e o Bacharelado em Artes Cênicas, com as Habilitações Direção Teatral, Cenografia, Interpretação e Teoria do Teatro. Após a criação da Lei 5692/71, visto a não existência da Licenciatura Plena / LP em AC no RJ, o treinamento de Professores para exercer tal função, se tornou necessário. Portanto existem dois períodos de FC, de 1971 a 1990 (em 1988 formou-se a primeira turma em LP em AC, na UNIRIO), e após 1990, quando Professores habilitados entraram em campo, através do primeiro concurso público promovido pela SME oferecendo a disciplina AC no seu quadro funcional. O período até 1990 caracterizou-se pela busca de como habilitar o Professor e, após 1990, pela atualização com as novas metodologias da pedagogia teatral, participando a UNIRIO de ações junto à SME. Uma primeira iniciativa para habilitar o Professor para a linguagem cênica, foi o Projeto Artur Azevedo, entre 1975 e 1978. Foi criado a partir do I Encontro Nacional de Professores de AC, em Brasília, e realizado pelo Serviço Nacional de Teatro / SNT, atualmente INACEM, em conjunto com o então Ministério de Educação e Cultura / MEC. Este projeto visava, especificamente, os Professores que vinham atuando na disciplina AC sem uma formação específica. No RJ foi organizado junto à Secretaria Estadual de Educação e Cultura, oferecendo cursos com a coordenação de Roberto de Cleto, onde atuaram profissionais de Teatro como: Hilton Carlos Araújo, Clóvis Levi, Tânia Pacheco, Maria Pompeu, Helena Barcelos, Ilo Krugli, José Luiz Ligiéro Coelho, entre outros. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 157 CÊNICAS ARTES Destaco também a LDB que consolida a organização curricular, de modo a conferir uma maior flexibilidade no trato dos componentes curriculares, reafirmando, desse modo, o princípio da base nacional comum, Parâmetros Curriculares Nacionais / PCN, consolidando-se a Arte enquanto área de conhecimento, através das linguagens inerentes às Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. Destaco ações que possibilitam perceber essa nova estrutura de FC da SME: No início da década de 90, a capacitação dos Professores de AC era articulada pelo Departamento de Ação Pedagógica / DAP,vinculado ao Departamento Geral de Educação / DGED. Esse departamento foi responsável pela produção e publicação de dois documentos nos anos de 1991/92, com a equipe de Artes Cênicas sendo constituída pelas Prof.ª Maria Helena Lyra Filho e Tânia Maria de Queiroz, atuantes nos extintos Polos de Educação Artística. São eles: 1.º) “Fundamentos para Elaboração do Currículo Básico das escolas públicas do Município do RJ”: Iniciado em 1983, e concluído após quase oito anos de discussões. Foi organizado com a participação de Professores por componente curricular, refletindo o trabalho conjunto desenvolvido em cada escola, nos órgãos regionais e no órgão central da SME. Outros profissionais das AC, não pertencentes ao quadro funcional da Prefeitura do RJ, também participaram, como Amir Haddad e João Siqueira, sendo a expressão de uma verdadeira experiência educacional de caráter coletivo. Os componentes curriculares são apresentados em seu desdobramento vertical, do Jardim de Infância à 8.ª série. - SANTANA, Arão Paranaguá de. Teatro e formação de Professores. São Luís/MA: EDUFMA, 2010 - Parâmetros Curriculares Nacionais : arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997, p 30. A elaboração deste documento teve seu processo iniciado na gestão da Prof.ª Maria Yedda Leite Linhares e, posteriormente, desenvolvido pelos então Secretários de Educação, Professores Maria Lucia Couto Kamache e Moacyr de Góes, sendo finalizado na gestão da Prof.ª Mariléa da Cruz. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 158 CÊNICAS ARTES 2.°) Sugestões Metodológicas – 1.º grau – 1.º e 2.º Segmento (Educação Artística- Artes Cênicas, Artes Plásticas e Música): Continuidade da política de produção de material para subsidiar os trabalhos e as discussões dos profissionais, com textos teóricos, atividades e questões para reflexão, se propondo a concretizar objetivos e conteúdos relacionados nos Fundamentos, e contribuir para que a sala de aula se constitua em espaço de criação do aluno e do Professor. Indica, também, que as atividades não se esgotam nelas mesmas, o Professor poderá recriá-las, desdobrá-las, utilizando as variantes citadas ou criando outras. Trabalha no primeiro segmento com dois eixos metodológicos, Jogo e Texto, e no segundo segmento com a articulação de conceitos-chave, sempre visando a interdisciplinaridade. Um novo projeto vai propiciar ações que envolvem capacitações na área de Artes, o Programa de Extensão Educacional Núcleo de Arte. Surgiu no antigo Departamento Cultural do Departamento Geral de Ação Comunitária / DGAC, da SME, a partir de um projeto piloto em 1992, realizado na E.M Prof.ª Dídia Machado Fortes, no antigo 15º DEC, hoje E/7ª CRE, com as oficinas de Dança, Música e Artes Plásticas. Após um período de experiência positiva, foi pensada a ampliação para outros espaços da cidade. Ampliado o projeto, surgiu a necessidade de sistematização, através da elaboração de um documento. Este documento é redigido abrangendo as linguagens da Dança, Teatro, Música, Literatura e Artes Visuais, seus conteúdos e sua condução, junto às oficinas artísticas, definindo o trabalho como de “ateliê livre”, priorizando o aspecto artístico, ficando a cargo da escola obrigatória, o pedagógico. Era dinamizado por um profissional (Prof.II ou Prof.I ) que fosse, de alguma forma, um produtor de Arte. O Projeto Núcleo de Arte é direcionado aos alunos da Rede Municipal de Ensino, no contraturno, onde os alunos inscrevem-se, espontaneamente, em duas oficinas diferentes, podendo trocar de oficina após um tempo de trabalho contínuo. E, após a vivência em diferentes linguagens, julga-se que este aluno se sinta apto a optar por aquela em se expresse melhor artisticamente. Com o aumento do número de unidades de extensão, foram realizadas mudanças de estrutura nos espaços físicos de cada Núcleo, equipando-os com as necessidades básicas para o funcionamento de uma oficina de arte: colocação de barras e espelhos, palco e bancadas, equipamento de som e luz etc.. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 159 CÊNICAS ARTES Em 1995, estavam criados e equipados seis Núcleos de Arte (NA) O Programa expandiu-se, tornando-se uma política pública voltada para o trabalho de Arte na Rede, com dez Núcleos funcionado até 2012, quando, por reorganização na SME, foram extintos dois Núcleos de Arte. Também em 1995, com uma nova estruturação da SME, foi criado o Projeto Linguagens Artísticas (PLA), responsável pelas diretrizes do ensino das Linguagens da Arte no currículo escolar do Ensino Fundamental, pela coordenação – implantação e implementação – do Programa de Extensão Educacional Núcleo de Arte – com coordenadores para cada linguagem artística – responsável também, pelo encaminhamento de projetos de produção artístico-cultural, junto aos alunos da Rede, cumprindo, também, um de seus objetivos: “proporcionar espaços de capacitação para o Professor”. Com essa mudança o, NA começa a se tornar referência de pesquisa pedagógica do trabalho com Arte na Rede, voltando-se para uma perspectiva pedagógica artística, em contraponto à proposta inicial de trabalho, que tinha o foco na vivência artística, com o “ateliê livre”. Os Centros de Estudos (CE), tantos internos, nos Núcleos, como gerais, envolvendo todas as Unidades de Extensão, passam a ser realizados num dia fixo da semana. O CE torna-se um espaço de pesquisa e reflexões acerca das diferentes linguagens artísticas, ao proporcionar troca de experiências e possibilitar a interdisciplinaridade e seus possíveis desdobramentos. Os CE permitiram a elaboração de propostas e diretrizes para um ensino de Arte com visões contemporâneas, entre as quais, a elaboração de um fio condutor anual que orientasse as práticas pedagógicas das oficinas. O Projeto Núcleo de Arte, como um espaço de pesquisa e referência para o ensino da Arte dentro da Rede, torna-se também um espaço de FC, à medida que proporciona o enriquecimento do conhecimento artístico-pedagógico, seja na sua práxis, seja através de capacitações como, por exemplo, as promovidas pela Coordenação Geral do PLA, onde, por vezes, também envolvia o Professor da grade curricular, incluindo Oficinas, Cursos e os Seminários de Linguagens Artísticas. Os Seminários de Linguagens Artísticas, entre 1994 e 2002, tinham o objetivo de possibilitar permanentes discussão e reflexão, na busca de construção de novas propostas conjuntas. Entre palestrantes participantes em seminários, cito: Regina Márcia Simão Santos (Música), Isabel Marques (Dança) Mirian Celeste Ferreira Dias Martins (Artes Visuais), Lucimar Bello (Artes Visuais), Arão Paranaguá de Santana (Teatro) e o poeta Ferreira Gullar. A elaboração deste documento teve seu processo iniciado na gestão da Prof.ª Mariléa da Cruz e finalizado na gestão da Prof.ª Maria de Lourdes Tavares Henriques. Os Núcleos de Arte foram regulamentados pela Lei nº 2619, de 16 de janeiro de 1988. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 160 CÊNICAS ARTES A partir de 2003, as ações de FC em AC passam a estar vinculadas ao E/DGED/DEF, Desenvolvimento Curricular/ Artes Cênicas, sob a coordenação das Professora Liliane Mundim e Lêda Aristides. As ações passam a ser direcionadas especificamente para os ProfessoresI de AC, e envolvem cursos, oficinas, palestras, encontros e mala direta com material didático- pedagógico, buscando criar um locus de discussão coletiva, com a participação ativa dos Professores. Sob esta coordenação, entre 2003 e 2008, destaco as seguintes ações: 2003 – Envio de questionário-pesquisa aos PI de AC da Rede, para obter subsídios, objetivando a elaboração de um planejamento de questões específicas para esse corpo docente. - Material didático de apoio: conjuntode 22 pranchas de História do Teatro, organizadas pelos Professores José Henrique e Liliane Mundim / apostila com referências históricas do Teatro e de gêneros teatrais – Liliane Mundim. - Minicurso de “Jogos Teatrais” – Profª Ingrid koudela - Encontro com Professores I de Artes Cênicas – Minifórum - trocar experiências através de discussão e apresentação de teses recém-defendidas na área de Teatro-Educação. 2004 - Material de Estudo, com textos de pesquisadores da área teatral: - Maria Lucia Puppo (Além das Dicotomias ), Marcos Bulhões (O Professor como Mestre-Encenador), Tatiana Motta Lima (A pesquisa prática do ator: reflexões de palco e sala de aula), Gilberto Icle (Teatro e Construção de Conhecimento), Ana Maria Amaral(Teatro de Formas Animadas) e Renan Tavares (Abordando Jean-Pierre Ryngaert). - Curso de 6 módulos de abril a novembro - UNIRIO 1º Módulo – A Questão da Corporeidade – Prof.ª Doutora Denise Zenícola 2º Módulo - Prof. Doutor Adilson Florentino - aulas teóricas -novos paradigmas contemporâneos. 3º Módulo – Prof. Doutor Marco Bulhões - prática do Professor-Encenador - abordagem do processo colaborativo. 4º Módulo – Prof.ª Doutora Maria Lucia Puppo, da USP – prática e teoria do Jogo Teatral, com base no texto e nas suas múltiplas possibilidades. 5º Módulo – Prof. Doutor Narciso Telles - Teórico-pedagogos do teatro e suas abordagens metodológicas. 6º Módulo – Prof.ª Doutora Lucia Helena de Freitas – Técnica do Teatro de Bonecos, sua construção e processo de manipulação. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 161 CÊNICAS ARTES 2005 - Curso I – “ O Processo de Encenação na Prática Pedagógica / Aprofundamento” – para Professores com mais de 5 anos de Rede. Curso II - “Teatro:caminhando pelo pedagógico” – para Professores com menos de 5 anos de Rede. - Textos de Material de Estudo: Prof. Adilson Florentino - “Teatro: Contemporaneidade e Educação”/ Richard Schechner - “O que é Performance” e “Rasaboxes” / Zeca Ligiéro – “A Performance Afro-Ameríndia. 2006 - “A Pedagogia dos Grandes Mestres do Teatro Brasileiro I” Palestra: A Estética do Oprimido – com Augusto Boal. - Curso de Formação “A práxis do teatro na sala de aula/O Clown na Contemporaneidade” Módulo I – “O clown na contemporaneidade” – Mario Bolognesi Módulo II - “O ator de rua e suas performances” – Bya Braga Módulo III – “O ator e as máscaras” – Ana Carina Melo dos Santos 2008 - Cursos: - “Refletindo sobre a Prática Pedagógica em Teatro” Professoras Lêda Aristides e Monica Alvarenga. “O uso do texto dramatúrgico em sala de aula” – Prof.ª Monica Alvarenga. Outra ação da Política de FC em AC adotada pela SME é a Semana de Minicursos no início do ano letivo – Orientação pedagógica no retorno dos Professores às atividades do ano letivo. Informa as ações que a Rede tem realizado, e as que serão desenvolvidas, atualizando o corpo docente com metodologias recentes da pedagogia Teatral. Um outro olhar de FC são as Mostras dos resultados dos processos cênicos que alcançaram uma concepção de produção artística dentro do universo da sala de aula. Neste espaço, o Professor-encenador troca experiências acerca de criações dramatúrgicas, soluções cênicas, criação de cenário, figurinos e adereços. O Projeto N.A se afirma como um espaço de pesquisa em Arte, ao promover, por iniciativa da coordenação do PLA, dos coordenadores ou dos Professores de AC, Mostras de Teatro, propiciando o intercâmbio entre os Núcleos, a partir de 1997. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 162 CÊNICAS ARTES As Mostras de Teatro promovidas pelo E/DGED/DEF – Desenvolvimento Curricular/AC se realizaram entre 2005 e 2008, com um desdobramento do Curso de FC, onde os Professores que participaram dos cursos passaram a ter um espaço fora da escola para apresentar sua produção cênica de sala de aula, a Mostra de Fragmentos Cênicos. Com critérios definidos, além de integrarem alunos e Professores, tinham por objetivo também incentivar e exercitar o espectador crítico. Foram realizadas nos seguintes espaços culturais: Teatro do Jóckey (2005), Teatro Gonzaguinha, no Centro de Artes Calouste Gulbekian (2006) e Teatro SESI (2007 e 2008). Um novo formato de projeto para apresentar a produção pedagógica dos Professores é criado em 2010: “Conexão das Artes”. Equipes das diferentes linguagens artísticas da Coordenadoria Técnica da SME se unem: Artes Cênicas, Música e Artes Visuais. Neste exercício do Professor de AC na Rede Municipal há o registro dos momentos em que teve a oportunidade de exercitar seu lado artístico, nesta função. Abordarei nesta Comunicação o Projeto de FC estruturado em 2011 pela Prof.ª Lêda Aristides, fruto do amadurecimento das experiências anteriores, com apoio e autorização da Coordenação Técnica da SME. Este Projeto é composto de dois Módulos, o primeiro com Fundamentação prática e teórica, e o segundo com Montagem Cênica – criação coletiva de produto artístico-pedagógico com orientação de profissionais da área área do Teatro, chamado “Espetáculo-aula”. Avaliando a contribuição e permanência da FC como política de aperfeiçoamento da prática docente, cito depoimentos de Professores que têm participado com frequência das ações de FC da SME: - “A FC propicia a atualização de conceitos e ideias, dinamiza sua aplicação em seu espaço de atuação, como também favorece ao profissional um momento para autoanálise e autorreflexão sobre sua prática no contexto em movimento.” - “Acrescento que os Professores de AC desse município sempre receberam mala direta do órgão central, para participar do processo de construção de ações pedagógicas, gerando uma rede de Professores protagonistas nas capacitações e/ou elaboração da matriz curricular de nossa disciplina.” EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 163 CÊNICAS ARTES - “Com a F.C, os Professores de A.C conseguem se inflar de novas ideias e esperança, reafirmando a potencialidade da disciplina ao se encontrarem e trocarem tanto as experiências boas, quanto as ruins.” - “Para mim foi um divisor de águas participar da capacitação. Recém-chegada ao município não tinha com quem “trocar” figurinha. Eu era a única Professora de A.C na minha escola. Senti necessidade de encontrar os meus pares. A insegurança e dúvidas sobre o que vinha fazendo em sala de aula me preocupava. Nos fortalece mais enquanto Professores, ouvirmos os relatos dos colegas e sabermos que estamos no caminho certo.” Nesta Comunicação me atenho até o ano de 2014, limite de minha pesquisa na Dissertação de Mestrado, realizada com fontes oriundas de arquivos pessoais, do N.A Copa e em história oral. Elizabeth Corrêa - Profª de Artes Cênicas da SMERJ Núcleo de Artes- Copacabana Referências Bibliográficas PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed,2000. SANTANA, Arão Paranaguá de. Teatro e formação de Professores. São Luís/MA: EDUFMA, 2010. TAVARES, Renan (org.) Entre Coxias e Recreio: recortes da produção sobre o ensino do teatro. São Caetano do Sul, SP:Yendis Editora, 2006. ---------------Teatro, educação e cultura marginal dos anos 1970 no Brasil. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2009. Documentos: Caminhos das Artes Cênicas. Departamento Geral de Cultura / SME, 1982. Documentos Pedagógicos: Programa de Extensão Educacional / SME, 2005. Fundamentos para Elaboração do Currículo Básico das Escolas Públicas do Município do RJ / SME, 1991. ARISTIDES, Lêda. Prêmio Anísio Teixeira /2005 /SME/CREP – A Construção de um Currículo no Caminho das Artes Cênicas 1975-1978. Sugestões Metodológicas – 1º grau – 1º e 2º segmentos : Subsídios para elaboração do Currículo Básicodas Escolas Públicas do Município do RJ / SME, 1992. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 164 CÊNICAS ARTES As origens do Sistema na trajetória de Nina Verchinina A abordagem do Sistema de Movimento de Verchinina e sua dança moderno-expressionista enquanto objeto de estudo visou resgatar a artista e sua inquestionável contribuição à dança brasileira e internacional, rastrear a genealogia, a linhagem de um pensamento e prática sobre o corpo, sobre a arte do movimento. Essa reflexão une teoria e prática, apresentando outro ângulo dessa metodologia que sirva ao treinamento e à criação cênica do intérprete contemporâneo, na dança e no teatro. A trajetória artística de Verchinina, internacionalmente conhecida no mundo da dança, percorreu um caminho multifacetado que vai da dança acadêmica, com os Ballets Russes em suas experiências inovadoras com coreógrafos como Bronislava Nijinska e Léonide Massine às influências modernas de Isadora Duncan, Martha Graham, Rudolf Laban e o Expressionismo alemão. Ao chegar ao Brasil em 1946 e assumir a direção do Corpo de Baile e da Escola de Dança do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, ela traz toda essa bagagem para o país, estabelecendo um divisor de águas, uma verdadeira revolução no aprendizado e na prática da dança da época. Sua pesquisa dialoga com o Sistema Laban e com alguns princípios da Antropologia Teatral de Eugenio Barba. O Sistema de Verchinina busca desenvolver um corpo sensível, capaz de perceber o movimento, apropriar-se dele e expressá-lo com verdade. Método de treinamento e criação cênica deveriam estar juntos para construir no corpo uma dança que possa “refletir aquilo que se vive, que acontece no mundo e por dentro de cada ser” (VERCHININA apud PORTINARI, 1972). Elementos, princípios do sistema e seus possíveis diálogos A concepção e o desenvolvimento do Sistema de Verchinina surgiram de uma intensa e múltipla vivência e pesquisa artística sobre o movimento na dança, na pintura, na escultura e na música. Tomou como foco a busca da raiz, de princípios norteadores e de como formalizá-los, voltando-se para a pesquisa do movimento pré-expressivo e de suas possibilidades quanto à forma e às transições. Em sua escola de dança no Rio de Janeiro, Verchinina desenvolveu seu trabalho corporal sistematizado em diferentes tipos de aula: chão, barra, centro, joelhos, paralelas e caídas. Essas aulas se completavam, trabalhando o corpo no sentido do aquecimento, alongamento, fortalecimento muscular e tonicidade, alinhamento postural e dinâmica e possibilidades expressivas do movimento. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 165 CÊNICAS ARTES A relação do corpo com o espaço será uma preocupação constante nas elaborações de movimento de Verchinina. O bailarino, em sua concepção, precisa desenhar o espaço, rompendo com a resistência imposta pelo ar (o bailarino dentro de uma grande bolha, a kinesfera de Laban). Segundo ela, seria exaurindo os limites desta bolha que o bailarino encontraria outras possibilidades de movimento, como os que levam à distorção (por exemplo, a 4ª. posição cruzada em torção). Novos tipos de movimento (para a época) são incorporados ao trabalho de Verchinina, como os de puxar, empurrar, procurar, esconder e libertar. Podendo ser executados de várias maneiras: jogados, controlados, ondulados, quebrados, fragmentados (PIRAGIBE, 2004). Eles podem ser centrífugos ou centrípetos, partindo do centro do corpo para a periferia ou ao contrário. Podemos destacar algumas Ações Básicas de Esforço pesquisadas por Laban, que são usadas com frequência na realização dos movimentos do Sistema de Verchinina: socar, pressionar, torcer e deslizar. A visão filosófica de Verchinina sobre o paradoxo humano justifica os binômios em oposição constantes na construção e expressão de seus movimentos, em suas variadas possibilidades de estruturação de forças contrapostas no corpo: “o homem vive o paradoxo da transcendência a que aspira e a irremediável atração terrena à qual está submetido” (PIRAGIBE, 2004, p.32). É nesse paradoxo da natureza humana, nessa oposição complementar, que seu Sistema e sua dança se desenvolvem. O princípio da oposição é constante em seu Sistema. Teremos então o desenvolvimento de movimentos lógicos (opostos complementares) ligados à natureza física e humana (contração/extensão, pequeno/grande, para dentro/para fora, circular/angular). Observamos em Verchinina a construção de uma gramática própria de movimentos, um tratamento aplicado na codificação dos movimentos cotidianos e da natureza, que pode ser lido através do princípio de equivalência e o princípio da incoerência coerente, segundo as concepções de Eugenio Barba. Essa codificação ocorre da seguinte forma: Verchinina observa o movimento humano cotidiano e o da natureza, e o reconstrói aplicando sobre ele deslocamentos de tensões, oposições e esforços, intensificando assim este movimento. Assim, a partir de um movimento cotidiano e/ou natural ela codifica o seu equivalente extracotidiano, tornando-o “artificial”. Mas esse movimento extracotidiano torna-se coerente através de repetições, detalhamentos e ligações, fruto de uma lógica própria que segue determinados princípios na sua elaboração, diferenciados do comportamento cotidiano. Assim, torna-se coerente o movimento equivalente que à primeira vista parecia incoerente. Com a estruturação continuada de seu Sistema, a preocupação com a lógica do processo (a construção de um método de movimento para o treinamento corporal anterior à cena) e não apenas com a lógica do resultado (a criação e expressão coreográfica) passa a nortear sua pesquisa. Portanto, o movimento, e não mais a dança propriamente dita, passa a ser o centro de sua investigação. Dessa forma todos poderiam se beneficiar desse aprendizado: bailarinos, atores, terapeutas, arte-educadores, enfim, todos aqueles que tivessem o movimento e o corpo como foco de interesse. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 166 CÊNICAS ARTES Verchinina percebe que o corpo precisa primeiro tornar-se apto para estar em cena, para entrar no estado de dança. Ela passa a ocupar-se intensamente do que Eugenio Barba denomina de trabalho sobre a pré-expressividade, ou seja, a construção de uma presença corporal, um corpo vivo anterior à expressão cênica. Os trabalhos de Laban e Verchinina na dança estabeleceram um divisor de águas, um novo paradigma artístico profundamente conectado com as ressonâncias das transformações políticas e sociais ocorridas com o advento da Modernidade, e com todos os movimentos que este período desencadeou na contracorrente do Naturalismo, dominante no campo das artes até então. Por sua vez, as elaborações posteriores de Barba no teatro iriam se aproximar também desse fluxo de concepções. Vários estudos foram e continuam sendo feitos sobre o legado artístico de Laban e Barba. Talvez a abrangência de suas ideias esteja ligada a estruturas abertas, seja através da Antropologia Teatral, em Barba, ou do Sistema, em Laban, que por seus princípios norteadores estarão sempre abertos a novas leituras e experimentos. No caso de Verchinina poucos estudos foram desenvolvidos até aqui, mas os princípios balizadores de seu Sistema ainda são um terreno fértil para novas investigações. Seja como for, os princípios orientadores do trabalho de Verchinina, Laban e Barba partem de uma preocupação comum: o corpo. Talvez, por isso mesmo, este caminho seja tão amplo na possibilidade de novas conexões e leituras, uma vez que o corpo e suas idiossincrasias remetem a um estado de constante transformação, através de suas interações e contágios com o mundo. As diferentes dramaturgias escritas no corpo por essa tríade artística se aproximam, no que se refere ao trabalho “sobre si mesmo”, a uma preocupação e compromisso com a “lógica do processo” enão somente com a do resultado, ou seja, ao estado essencial que o corpo precisa forjar antes da expressão cênica propriamente dita. Por isso, esses artistas-pesquisadores se afinam em suas investigações no que concerne ao campo da pré-expressividade que cria a presença, o bios cênico, a energia necessária para o estado de representação. O caminho que percorremos no Sistema de movimento de Verchinina indica direções possíveis de apropriação de seus princípios e concepções na atualidade, nos sinaliza para adequações, diálogos e ajustes necessários à pulsação e ao corpo multifacetado do intérprete contemporâneo. Portanto, cabe o desafio àqueles que entrarem em contato com este Sistema, reinventar, criar seus próprios e surpreendentes diálogos e conexões, na tentativa de ampliação de mais um instrumento técnico-metodológico para o treinamento do intérprete e para sua criação cênica. Notas - Cinesfera ou Kinesfera é a esfera dentro da qual acontece o movimento [...] É a esfera de espaço em volta do corpo do agente na qual e com a qual ele se move. (RENGEL, 2003, p.32). Ação básica de esforço é a ação na qual fica evidente uma atitude do agente perante os fatores de movimento espaço, peso e tempo. A produção desta ação se dá na ordenação dentre as possíveis combinações e integração harmoniosa das qualidades de esforço que são imprimidas ao(s) movimento(s). (RENGEL, 2003, p.23 e 24). Antropologia Teatral é o estudo do comportamento cênico pré-expressivo que está na base dos diferentes gêneros, estilos, papéis e das tradições pessoais ou coletivas [...] A Antropologia Teatral indica um novo campo de investigação: o estudo do comportamento pré-expressivo do ser humano em situação de representação organizada. (BARBA apud BONFITTO, 2002, p.76) EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 167 CÊNICAS ARTES Cláudia Petrina Leite da Silva Professora de Artes Cênicas da SMERJ Doutora em Artes Cênicas pelo PPGAC/ UNIRIO. Professora de Artes Cênicas da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro desde 2003. Atualmente compõe a equipe da CED-Extensividade da SME. (*) Esse texto é parte integrante da minha dissertação de Mestrado em Teatro, na UNIRIO, defendida em 2008, intitulada “O Sistema de Movimento de Nina Verchinina e seus diálogos: princípios para o treinamento e a criação cênica do intérprete”. Referências bibliográficas BARBA, Eugenio. A Canoa de Papel – tratado de Antropologia Teatral. São Paulo: Hucitec, 1994. ______________e SAVARESE, Nicola. A Arte Secreta do Ator – Dicionário de Antropologia Teatral. São Paulo-Campinas: HUCITEC/UNICAMP, 1995. BONFITTO, Matteo. O ator-compositor. São Paulo: Perspectiva, 2002. BRENNAN, Mary. Free spirit of dance. Scotland: The Herald, June 10, 1995. PIRAGIBE, Esther. O Espírito Livre da Dança – A dança moderna expressionista. São Paulo, Carthago Editorial, 2004. RENGEL, Lenira. Dicionário Laban. São Paulo: Annablume, 2003 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 168 CÊNICAS ARTES Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados provenientes da minha Dissertação de Mestrado em Artes Cênicas, concluída no ano de 1997, na Universidade do Rio de Janeiro – UNIRIO. A proposta da pesquisa era investigar a possiblidade de aplicação do Sistema do Teatro do Oprimido na prática pedagógica, objetivando a superação da contradição educador-educando preconizada por Paulo Freire. O trabalho originou-se da minha necessidade de experimentar novos procedimentos pedagógicos para o ensino de Artes Cênicas que possibilitassem, na minha prática educativa, a promoção do conhecimento da linguagem teatral como meio de expressão e criatividade, o desenvolvimento da consciência crítica do educando assim como possibilitar uma revisão e renovação das relações entre educador-educando. A metodologia da pesquisa baseou-se num estudo de caso, realizando uma abordagem qualitativa descritiva da educação, seguindo o modelo da observação participante. Foram realizados, na ocasião, 25 encontros com educandos de duas turmas de 8.ª série (atual 9.º ano) do Ensino Fundamental da Escola Municipal Compositor Luiz Gonzaga, localizada no bairro da Freguesia na cidade do Rio de Janeiro, tendo o Sistema do Teatro do Oprimido como procedimento pedagógico para o desenvolvimento das atividades. Aportes Teóricos Paulo Freire e a pedagogia do oprimido Ao examinar a teoria de Paulo Freire sobre educação, detive-me em determinado aspecto de seu vasto pensamento: a questão da superação da contradição educador-educando. Esse interesse retrata minhas preocupações com a prática. Minha abordagem foi, portanto, a de uma educadora que, inspirada pelas ideias de Paulo Freire, nelas encontrou elementos para a elaboração de uma teorização sobre a própria prática. O TEATRO DO OPRIMIDO: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 169 CÊNICAS ARTES Paulo Freire tinha uma ampla visão da educação e uma opção política engajada, militante no cotidiano, na concretude da alienação das classes populares. Defendia que toda prática educacional requer uma teoria que reflita sobre o papel do educador. E esta postura envolve uma concepção do homem e do mundo e uma visão clara sobre os objetivos da educação. Portanto, passa por uma opção política do educador, a prática política entendida e assumida na prática educativa. Paulo Freire reage à concepção autoritária da educação oficial, proclamando que o educando é sujeito e traz consigo conhecimentos anteriores ao seu ingresso na escola. A prática comum o sistema educacional concebe o educador como o único possuidor de conhecimentos e o educando como um total ignorante. Consequentemente, o papel do educador passa a ser o de enviar este conhecimento ao educando. Freire espelha esta situação da imagem do educando como um recipiente vazio de conhecimentos que deve ser enchido pelo educador. (Freire, 1987, p.58). Esta característica comum ao sistema escolar revela ainda um enorme preconceito de classe, já que institui como único conhecimento válido o da classe dominante. Freire resgata o valor do conhecimento do homem das classes populares. Mais que isto, afirma ser este de vital importância, e ressalta a necessidade de o educador reconhecer este saber que o educando traz consigo, pois é a partir dele que se irão construir novos conhecimentos pela ação educativa. Negar estes saberes pode comprometer os resultados pretendidos pelo educador. O conhecimento é construído na relação das pessoas entre si e com o mundo. Parte deste processo pode ser sistematizado pela escola. A escola não é a única produtora de conhecimentos. O homem produz conhecimentos, estando no mundo e, por não poder deixar de relacionar-se com o mundo, esta relação é transformadora, quer dizer, é uma relação dinâmica que altera a realidade e, ao modificar o mundo, volta a agir sobre os homens, que também são transformados por seu efeito. (Brandão, 1989, p.103). Resgatando a contribuição de Piaget, Freire ratifica que o conhecimento novo só é adquirido a partir do que já se conhece. O saber que o educando possui antes de ingressar na escola é o seu currículo oculto, que lhe serve de referencial para o seu contato com o ensino escolar. O educador realizará uma trabalho pedagógico mais profícuo ao conhecer melhor o currículo oculto dos educandos. Quanto maior o referencial conhecido, maior facilidade em trabalhar o desconhecido. (Piletti, 1987, p. 52). EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 170 CÊNICAS ARTES O educador, estando ciente de que o educando para compreender o desconhecido é preciso partir do já conhecido, principia sua ação pedagógica pela realidade do próprio aluno. Realidade que é política, econômica, familiar, regional, afetiva e psicológica. (Freire, 1987, p.84). Estarealidade é que irá mediatizar o diálogo entre educador e educando. Ela será o assunto comum a partir do que se irá conhecer o mundo. Dialogar denota que o conhecimento que cada um traz instiga a busca e a criação do conhecimento do outro. A troca de informações não é a parte mais fecunda do diálogo, já que pode acontecer numa relação não dialógica. O que caracteriza o diálogo como força criadora é que o conhecimento de um detona o conhecimento no outro. O autor evidencia o caráter narrativo e dissertativo das relações entre educador e educando na escola tradicional brasileira. A narração de conteúdos compromete um sujeito (narrador-educador) e os objetos (ouvintes- educandos). Disserta-se sobre uma realidade estática, ordenada, passiva, intocável e não se tece nenhuma relação com as experiências reais dos educandos. Os conteúdos são fragmentos da realidade que não mantêm referências com sua totalidade significante, veiculando a ideologia dominante. A palavra perde toda a sua concretude verbal, ação transformadora e é mecanicamente pronunciada pelo educador e memorizada pelos educandos. Freire classifica esta prática de educação bancária. Nesta prática, o educador é o agente cuja tarefa é despejar (depositar) os conteúdos sobre os educandos que, docilmente, armazenam a narração. Não existe transformação criadora nem saber. Só se produz saber pela inquietação do homem de buscar, através de suas relações no mundo, com outros homens e com o mundo. Esta prática é caracterizada pela imposição do monólogo. As pessoas são tratadas como objetos e não como sujeitos na construção da história. Este autoritarismo impõe a aceitação e a obediência, rechaçando o questionamento. A responsabilidade da busca é transferida para quem detêm o conhecimento o que, supostamente, justifica essa condição privilegiada. O autor ressalta o peso da ideologia que incide sobre todos os que pertencem à esta sociedade. Ideologia que legitima a dominação, figura como uma fatalidade e, além do que, insinua-se de maneira encoberta, como algo a ser desejado, cobiçado e desfrutado. O educador formado dentro dessa relação ideológica, a reproduz em sala de aula. Muitas vezes, mesmo tendo um discurso democrático, a relação que mantém com os educandos é conservadora, revelando um antagonismo entre seu discurso e sua prática. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 171 CÊNICAS ARTES Freire destaca que o que precisa emergir da tarefa de reconstrução de uma prática educativa, no diálogo (que favorece o entendimento) com os educandos, é uma consciência crítica. A partir das ideias, dos sentimentos, dos problemas dos educandos, a ação pedagógica deve favorecer o desvelamento crítico da realidade, desenvolvendo uma consciência lúcida. Teatro do Oprimido por Augusto Boal O Teatro do Oprimido (TO) sempre existiu como formas de manifestações através das quais o oprimido expressa-se, sofrendo modificações e adequações ao momento e ao lugar. (Boal, 1980, p.23). A novidade empreendida por Boal foi a investigação, a pesquisa e a sistematização destas formas de expressão, criando um inter-relacionamento entre todos esses processos, técnicas, estilos, exercícios e jogos. Essa pesquisa, sistematização e inter-relacionamento é que é chamado o teatro do Oprimido, cuja proposta primeira foi a de tornar a linguagem teatral mais popular. A origem do TO está na cultura desenvolvida pelo próprio povo em seu cotidiano. É uma expressão autêntica que sobrevive mesmo diante da imposição da cultura oficial, manipulada através dos instrumentos reprodutores da ideologia dominante. O TO ocupa-se da linguagem da comunicação estética, da comunicação sensorial. Estética para Boal é tudo que fala aos sentidos. O homem usando a linguagem cênica exprime-se través de seu próprio corpo, sua sensibilidade se aperfeiçoa no exercício de seus sentidos. O TO pressupõe um detalhamento de técnicas que objetivam favorecer a qualquer pessoa expressar-se através da linguagem teatral, analisando e alterando uma situação opressora, estando situado no limite entre a realidade e a ficção. Partindo da encenação (ficção) de um problema real (realidade) o participante realiza ações reais dentro de um contexto teatral. Personagem e pessoa misturam-se. Essa condição permite ao participante se observar. Nesse teatro o participante não interpreta qualquer papel, ele tem a oportunidade de encenar seu próprio conflito: “isto é, organiza sua vida, analisa suas próprias ações.” (Boal, 1980, p.25). EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 172 CÊNICAS ARTES O poder mobilizador dessa prática pode despertar no participante o desejo de se tornar sujeito ativo, capaz de tomar decisões, agir e modificar sua realidade. O TO é uma prática teatral que pretende despertar a consciência crítica dos participantes e estimulá-los a uma ação capaz de transformar a realidade opressora, revela uma preocupação social clara e específica. Oprimido e espectador assumem sentidos semelhantes na visão de Boal. Um diálogo necessita de dois interlocutores que alternadamente intervenham durante a conversa. Se isto não acontece, se apenas um dos dois fala e o outro somente escuta e obedece, o que existe, na verdade, é um monólogo no qual o sujeito (ouvinte) é transformado, mesmo que temporariamente, em objeto (receptor) passivo) Esse tipo de procedimento existe em todas as relações de dominação e está personificada na relação ator-espectador como adverte Boal ao afirmar que “o artista produz, o espectador consome; o artista fala, o espectador escuta. Nesse diálogo muito especial, um dos interlocutores continuava mudo. Não era diálogo. Era monólogo, e todo monólogo é opressor. (Boal, 1980, p.22). Impedido de ser sujeito do diálogo, o oprimido torna-se objeto, essa relação é “obscena”, a palavra obscena, “literalmente significa fora de cena” (Fernando Peixoto, 1980, p. 15 – prefácio do livro: Sto:C’Est Magique!). É obscena qualquer atitude passiva, a ausência de diálogo, de reflexão ou de ação. A temática tanto do Teatro quanto da Pedagogia do Oprimido é a libertação do homem que trata de sua humanização. Ambas justificam na atitude política do homem enquanto sujeito de decisão livre para pensar e agir. Boal quer acabar com o afastamento entre o ator e o espectador, pois vê nesta relação uma personificação das relações sociais de poder, que dirige para o ator todas as atenções, colocando-no numa posição de destaque oposta a do público. Nestas condições o ator é o que pensa, o que escolhe, é o que age. O espectador é o pensado, o passivo contemplador. Trazendo o espectador para o palco, acredita que este possa assumir uma postura ativa transformando-se em sujeito da ação. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 173 CÊNICAS ARTES Paulo Freire entende a educação como um processo no qual educador e educando precisam estar unidos. Um respeitando a condição do outro, sem a intenção de dominar, impor ideias ou subjugar a vontade. Contesta a educação oficial por servir aos interesses da classe dominante, designando-a de Educação bancária: aquela na qual o educando se especializa em aprender, vai à escola para que lhe depositem coisas em sua cabeça e saia de lá mecanizado. De caráter opressor, outorga ao educador todos os poderes: ele fala, ele sabe, ele educa. Como seu antagonista está o educando: que não pode falar, não sabe, e deve ser educado. Ambas as concepções acreditam que essa dominação é temporária, que o desejo criador do homem o impulsiona a lutar contra a sua condição de oprimido. Vislumbrei na exigência do TO, de suprimir a separação ator-espectador, uma possibilidade para a experiência pedagógica, em sala de aula, de aproximação entre educador e educando, um caminho para o diálogo e para a instauração da relação dialógica, na qual ambos sejam sujeitos do processode ensino- aprendizagem, preconizada pela teoria de Paulo Freira com a superação da contradição educador-educando. As duas práticas buscam instituir o diálogo, restituindo ao homem o direito da palavra, pois manifestando-se é que os homens tornam-se sujeitos transformadores da realidade. A experiência prática Abordei detalhadamente o contexto escolar no qual foi realizada a experiência: a escola, o corpo docente, os alunos, a relação Professor/aluno e a minha atitude pedagógica adotada por mim. Apresentei ainda a organização das aulas: seus objetivos, avaliação, o entendimento por parte da direção, clientela, horário, local e metodologia usada. Descrevi as atividades desenvolvidas e exemplifiquei através de exercícios realizados pelos educandos e suas respostas nas aulas de Artes Cênicas. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 174 CÊNICAS ARTES CONCLUSÕES Os resultados dessa experiência revelaram que as técnicas do sistema do Teatro do Oprimido propiciam aos educandos o uso da linguagem teatral como um meio de expressão, comunicação e reflexão sobre si mesmo e sobre sua realidade, desenvolvendo nele a consciência critica. Evidenciaram também que, embora educador e educando estejam condicionados a reproduzir, em sala de aula, as relações sociais autoritárias e hierarquizadas, é viável uma transformação dessas relações através do exercício do diálogo. O TEATRO DO PRIMIDO: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO (fragmentos da Dissertação de Mestrado) Elisabete Pinheiro Costa Professora de Artes Cênicas da SMERJ EM Calouste Gulbenkian E/DGED/CED- GPEC Elemento de Equipe Mestre em Teatro CLA-UNIRIO RJ/1997 Referência Bibliográficas • BOAL, Augusto. Stop,c’est magique. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.Col. Teatro Hoje, vol.34. • BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Método Paulo Freire. São Paulo, Brasiliense, 1989. Coleção Primeiros Passos, vol. 38. 15.ed. edição. • FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987. • PILETTI, Claudio. Didática Geral. 8.ed. São Paulo: Ática, 1987. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 175 CÊNICAS ARTES MULTI / PLURI / INTER / TRANSDISCIPLINARIDADE: TRANSFORMAÇÕES NOS PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO. As reflexões acerca da educação confluíram para o entendimento de que a organização curricular existente caducou a ponto de não suportar as mudanças que ocorreram e ocorrem nas sociedades mundiais. A multidisciplinaridade cartesiana, cuja meta seria a garantia da independência e peculiaridade das disciplinas, criou um apartamento na compreensão do que é humano. As disciplinas se distanciaram de tal maneira umas das outras que vêm gradativamente perdendo as conexões ao assumirem a verticalidade das hiperespecializações. O resultado disto é a constatação de que o conhecimento vem sendo transmitido para o aluno em pedaços compartimentados que, além de criarem limites rígidos entre as áreas do saber, contribuem para a falta de interesse do aluno nos conteúdos escolares porque criam separações e distâncias entre o que se aprende na escola e a vida fora dos muros da mesma. As fronteiras entre os saberes são mais sutis do que a multidisciplinaridade pode realizar e a filosofia da educação vem, no campo teórico, principalmente, discutindo novos paradigmas norteadores. A proposta do MEC, de trabalhar com projetos ou com a inserção dos temas transversais no currículo mesmo que estes não estejam incluídos nos conteúdos programáticos oficiais, pretende minimizar o problema das hiperespecializações, que distancia as partes do todo, em vista de mudanças no terreno da didática e do currículo. Existem algumas formas de planejar e executar um projeto na escola que podem perpassar pela pluri/inter/transdisciplinaridade. Na tentativa de brevemente conceituar, cada conceito, segundo alguns teóricos, e entendendo que estes termos encerram certa fragilidade de definição devido ao caráter polissêmico que vinculam, serão feitas algumas considerações. Em relação à estrutura da pluridisciplinaridade, na concepção de Barasab Nicolescu (1999), esta sugere o estudo de um mesmo objeto, ao mesmo tempo, por várias disciplinas, porém mantendo o nicho de cada uma delas, ou seja, prescindindo do diálogo. Contribuição da Profª de AC/SMERJ - Luciana Tosta / Profª de AC Escola Municipal Maria Leopoldina – 2.ª CRE EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 176 CÊNICAS ARTES • A interdisciplinaridade, no sentido usado por Ivani Fazenda (1993), propõe a livre passagem entre as diferentes áreas de conhecimento sendo, antes de qualquer coisa, uma atitude perante os saberes. Estão contidos nesta concepção momentos de integração das disciplinas, tendo em vista um conhecedor global, e ocasiões de interação e transformação da realidade. Trabalha em uma perspectiva de cooperação sem hierarquias, mantendo uma abertura às trocas dialógicas e planejamentos compartilhados. • A transdisciplinaridade é um passo além que tenta operacionalizar o desenvolvimento da capacidade de “articular diferentes referências de dimensões humanas, de seus direitos e do mundo” (Diretrizes Curriculares Nacionais, 2013, p. 28). Esta objetiva a unidade do conhecimento, a compreensão da complexidade que é a vida, o ser humano e todo o meio ambiente. O acaso e as incertezas, inclusive as científicas, fazem parte deste entendimento e por isso devem ser levados em consideração na organização curricular. • A “Carta da Transdisciplinaridade” foi criada no primeiro congresso mundial sobre o assunto, em 1994, com redação de Lima de Freitas, Edgard Morin e Barasarab Nicolescu. Nela estão contidas as orientações deste modelo. O currículo transdisciplinar poderia ser dividido em temas norteadores e urgentes à condição humana e as disciplinas se articulariam a partir deles, como por exemplo: 1. Aprender a respeitar e a cuidar do planeta ou 2. Conviver na diversidade com diferentes. • O que oportuniza um diálogo produtivo e enriquecedor entre o Teatro-Educação e as inter e transdisciplinaridade e é sua personalidade enquanto manifestação artística que lida com abstrações, concretudes e simbologias, com o sonho e a realidade. É sua gama de procedimentos didáticos e técnicas de expressão que mobilizam e articulam sensibilidades, saberes intelectuais, afetivos e corporais. Assim, a prática do teatro incita diversas áreas do saber em sua constituição enquanto linguagem e nos temas utilizados como conteúdo dos debates e das improvisações, pois estes focos de reflexão são retirados da vida, da sociedade e do meio ambiente, onde as interfaces entre as áreas de conhecimento são contínuas e ininterruptas. O traço dialógico com outros campos do saber está presente na própria história do teatro que atravessa a história das civilizações e expressa às angústias e alegrias, os fracassos e os sucessos, da humanidade através dos tempos. O jogo teatral pode ser caro a esta educação como instrumento didático-pedagógico que vê o prazer e o divertimento como um meio de produzir afetividades que solidificam a aprendizagem e o ensinamento. Tais mudanças paradigmáticas no currículo, em cujo norte vislumbra-se a transdisciplinaridade, ainda são uma utopia, porém nós educadores sabemos que são as utopias que nos mantêm esperançosos e determinados, em momentos de crise, a buscar meios para transformar as situações, promovendo a reforma do pensamento no sujeito, que é aquele que, efetivamente, fará acontecer às mudanças pertinentes nas sociedades planetárias. Luciana Tosta é Mestre em Teatro-Educação pela UNIRIO. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 177 CÊNICAS ARTES Reflexões sobre os objetivos do Ensino de Teatro na Educação Especial Incluído nas Artes Cênicas, o Teatro é o produto da articulação deoutras linguagens ─ relacionadas às artes visuais, ao corpo, à música... e está presente em todos os períodos da história das sociedades. Por isso compreendemos que ele desempenha uma importante função na sociedade: referindo e retratando em suas obras o comportamento, os costumes, os vícios, as angústias e tudo que envolve qualquer sociedade, auxiliando na adequação dos indivíduos aos valores morais nos quais estão inseridos e na compreensão, além dos processos sociais, dos processos individuais, dos próprios sentimentos e questões. Dessa forma o Teatro contribui para o funcionamento das estruturas sociais e para a relação indivíduo x coletividade. Entendendo a importância do teatro, assim como das outras artes, para o desenvolvimento individual e coletivo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9394/96 coloca o ensino de arte como obrigatório na educação básica e, em 1998, consolida o teatro como uma das modalidades artísticas a serem trabalhadas na área de Artes. Na escola, o ensino do teatro tem, como um de seus objetivos, trabalhar a relação entre o individual e o coletivo a partir de três eixos principais: Teatro como expressão e comunicação, Teatro como produção coletiva e Teatro como produto cultural e apreciação estética. Com base nesses três eixos, desenvolve-se também o trabalho com o Teatro na Educação Especial, apontando para a realidade das experiências emocionais vividas através da arte e para o papel fundamental da coletividade na construção do indivíduo, afinal, nós, humanos, nos constituímos socialmente. Através de um processo de aprendizado sensível, pelo jogo, pela ludicidade, observamos uma aprendizagem mais rápida e efetiva, então esse é um importante caminho a ser trilhado na Educação Especial. Vivenciando experiências pela força do Teatro e do jogo teatral, esses indivíduos, nossos alunos da Educação Especial, identificam-se em situações como as que se apresentam em suas vidas, podendo construir novos entendimentos a respeito de tais situações, de si mesmos e da sociedade da qual fazem parte. Contribuição da Prof.ª de AC /SMERJ - Claudine de Macedo Varela, do Instituto Helena Antipoff EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 178 CÊNICAS ARTES Competências e Habilidades no Ensino de Teatro- Reflexões No cotidiano escolar competências e habilidades são conceitos bastante utilizados, mas ainda um pouco confusos para os educadores. Segundo Perrenoud (1999, p. 30), "Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.). Para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações" e habilidade para Perrenoud (1999),“ trata-se de uma sequência de modos operatórios, de induções e deduções, onde são utilizados esquemas de alto nível. Portanto, para o autor, a habilidade é uma série de procedimentos mentais que o indivíduo aciona para resolver uma situação real, onde ele precise tomar uma decisão. Para Júlio Furtado, "Os conceitos de habilidade e de competência causam muita confusão e não são poucas as tentativas de diferenciá-los. Podemos dizer, de forma simplista, que habilidades podem ser treináveis enquanto que competências, jamais. Tomemos o exemplo de falar em público. É treinável, embora requeira conhecimento, experiência e atitude. Logo, é uma habilidade. Da mesma forma, podemos classificar o ato de ler um texto, de resolver uma equação ou de andar de bicicleta. Dar uma aula é uma competência. Por mais que se treine, os diferentes contextos e exigências sempre exigirão além do que se treinou." Em ambas as definições percebemos que competências e habilidades exigem uma nova configuração de ensino. É preciso um trabalho educacional que não tenha como prioridade a transposição de conteúdos, mas um processo de ensino com fluxo dinâmico e dialógico, tendo como foco uma situação-problema que pertença ao cotidiano do aluno para que a aprendizagem seja significativa. Exercitar a escuta e trazer as demandas da realidade concreta do aluno como planejamento de aula, desdobrando sua situação existencial em conteúdo fazendo com que os 50 minutos de cada tempo em sala de aula com o educando se transformem em horas de reflexões no seu percurso diário, mesmo após o término da aula, é um grande desafio e, inevitavelmente, determinados conteúdos são trabalhados repetidas vezes, até que se desenvolva a competência. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 179 CÊNICAS ARTES Ensinar e aprender na escola contemporânea, tendo as competências como matriz, é um ato concomitante que ocorre na relação de troca de saberes entre um Professor e o seu aluno. É uma espécie de jogo que exige de ambos a percepção do erro como um novo fator para rever a aprendizagem, abrindo portas para um nova proposta de trabalho, um novo desafio.! Desta forma, solicita- se ao aluno uma aventura no território do desconhecido e na busca de novas possibilidades para a solução das questões não compreendidas. Esta busca descontínua quebra com a regra da linearidade imposta pela organização sequencial de conteúdos de nosso Currículo Escolar. Desenvolver um projeto educacional a partir de competências é convidar o Professor a fazer uma reflexão sobre sua prática. Em especial, quando se trata de um trabalho teatral. A amplitude e a complexidade da linguagem teatral sugere uma proposta metodológica interdisciplinar, criando um teia agregadora entre os Professores de diferentes disciplinas, com olhares complementares sobre um determinado assunto, fortalecendo a proposta pedagógica da escola para a formação de um aluno cidadão por meio do desenvolvimento de uma competência estética, dando ao educando a voz para que ele se comunique ativamente com o mundo em que vive. Contribuição da Prof.ª de AC /SMERJ - Renata Lillya Feitosa de Souza (Escola Professora Sylvia de Sá) Referencial Bibliográfico http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/porescrito/article/view/14919/11497 Artigo: Habilidades e competências na prática docente: perspectivas a partir de situações-problema autores: Gabriele Bonotto Silva e Vera Lucia Felicettib http://juliofurtado.com.br/Habilidades Artigo: Habilidades e competências na sala de aula: o que sai e o que fica? Júlio Furtado* http://portaldoProfessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012381.pdf Artigo:TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA SEGUNDO AUSUBEL http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf B823p Brasil. Secretaria de Educação Fundamental.Parâmetros curriculares nacionais : arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997.130p. Souza, Rennata Lillya Feitosa de.O papel das aulas de Artes na escola Estadual Aura Barreto.Dissertação de Mestrado Profissional em Artes Cênicas- UNIRIO,2014. http://juliofurtado.com.br/Habilidades EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 180 CÊNICAS ARTES ARTE E CULTURA BRASILEIRAS: DESVELANDO NOVAS REFERÊNCIAS O Brasil foi formado a partir das heranças culturais e dos saberes africanos, indígenas e europeus. Contudo, no decorrer de sua história, essas três contribuições não foram contempladas, de maneira equilibrada, no sistema educacional. Nossas referências, em uma série de aspectos, são fortemente marcadas pela estética e cultura europeias. Em 2003, com o intuito de reduzir essas diferenças, o Governo Federal alterou parte da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9 394/1996) e incluiu, no currículo oficial da Rede de Ensino, a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” (Lei 10 639/03). Essa alteração propõe novas diretrizes curriculares para o estudo da história e cultura afro-brasileira e africana, nas quais o negro é considerado sujeito histórico. Dessa forma, as atividades propostas em sala de aula devem ressignificar a cultura e a história de nosso país,por meio da valorização das tradições culturais, artísticas e religiosas de matriz africana. Considerando o espaço escolar como local de construção de conhecimento, valores, afetos e identidade, é indispensável que aluno e escola se envolvam no exercício pleno da cidadania, levando em conta direitos e responsabilidades recíprocos, que contribuirão para a formação de cidadãos conscientes e críticos. Para isso, a escola precisa se constituir em espaço de reelaboração de referências e de reconstrução de experiências que contemplem a diversidade. Nesse contexto, a Arte e suas diferentes formas de representar o mundo têm papel fundamental no desenvolvimento do aluno, uma vez que lidam com a razão, a emoção e a sensibilidade do ser humano, proporcionando-lhe maior consciência de si mesmo e um efetivo acolhimento da pluralidade cultural que caracteriza nosso país. Importante destacar que, em março de 2008, a Lei n.º 11 645 acrescentou a obrigatoriedade do ensino da cultura e história indígenas. Esse dispositivo legal alterou a Lei n.º 9 394/1996, modificada pela Lei n.º 10 639/2003, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Dessa forma, deu-se a inclusão, no currículo oficial da Rede de Ensino, da obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro- Brasileira e Indígena”. Tais leis representam conquistas significativas da população brasileira, visto que nos tornam mais sensíveis e abertos à diversidade cultural que nos é característica. Mayra Alves de Oliveira Mestranda em Ensino de Teatro/UNIRIO http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 181 CÊNICAS ARTES ARTES CÊNICAS E TECNOLOGIAS DIGITAIS O ensino das Artes Cênicas, no Ensino Fundamental, possibilita o estabelecimento de uma gama de diálogos entre as diferentes linguagens artísticas. Consideramos o Teatro a linguagem norteadora de nossas práticas docentes, compreendendo que as Artes Cênicas, como área de conhecimento, compõem um território fértil de criações artísticas, uma vez que açambarcam fazeres e saberes como cenografia, iluminação, figurino, sonoplastia, dança, entre outros, que agregam valores ao Teatro, inclusive as Tecnologias da Informação e Comunicação. Hoje, na sociedade da informação, o conhecimento é gerado numa dinâmica que envolve o sujeito, o seu coletivo e diferentes objetos – entre eles, as denominadas “tecnologias intelectuais”, que LÉVY (1993, p.160) apresenta como fundamentais no processo cognitivo, encarnando uma das “dimensões objetais” da subjetividade cognoscente: “Os processos intelectuais não envolvem apenas a mente. Colocam em jogo coisas e objetos técnicos complexos de função representativa e os automatismos operatórios que os acompanham”. Os processos de inter-relação entre o teatro e as tecnologias digitais exigem olhares mais atentos, uma vez que provocam a emergência de novas e/ou diferentes ações docentes na pedagogia do Teatro, necessárias nos recentes cenários social e cultural. Essa provocação, ao dialogar com as tecnologias digitais, possibilita experimentações cênicas híbridas. Essa perspectiva proporciona à pedagogia do Teatro um fazer pedagógico que se apropria de estéticas da cena contemporânea na sala de aula, como a performance, o teatro interativo, o teatro digital, o happening, o flashMob, entre outros. Ao utilizarmos diferentes processos e dispositivos no ensino das Artes Cênicas, nos aproximamos de uma efetiva conexão entre educação e comunicação, praticando uma pedagogia que valoriza a educação para a mídia. De acordo com a MULTIRIO (2011, p. 53): “Educar para a mídia é desenvolver as competências comunicativas de expressão e produção de mensagens por meio da apropriação, de forma crítica, das diferentes mídias, de suas linguagens e estéticas, desenvolvendo as competências de análise e interpretação”. Referências bibliográficas LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: O futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. MULTIRIO. A escola entre mídias. ARTES CÊNICAS E TECNOLOGIAS DIGITAIS. Lindomar da Silva Araújo Prof. I de Artes Cênicas E/1.ª CRE – Escola Municipal Vicente Licínio/SMERJ Mestrando de Artes Cênicas/UNIRIO EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 182 CÊNICAS ARTES IV- ATIVIDADES BANCO DE IDEIAS h ttp ://lexisfran ce.free .fr/ ARTES CÊNICAS : FAZER, VER E DISCUTIR TEATRO EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 183 CÊNICAS ARTES Escola Municipal Maria Leopoldina CRE: 2 Disciplina: Artes Cênicas Professora: Luciana Tosta Schnabl Turma: Sexto Ano Experimental/2014 O AUTO (da obra de Ariano Suassuna) “...E se você esquecer sua cultura, você perde de vista a si mesmo. Diz-se que ‘o dia em que você não sabe para onde está indo, apenas lembre-se de onde você veio’." Sotigui Koyatè, griot africano Apresentação O tema do projeto político-pedagógico do ano de 2014, na Escola Municipal Maria Leopoldina, foi “O País que construímos depende de nós: faça a sua parte”, que propôs voltar no tempo para refletir sobre como o Brasil chegou a ser o que é. Foi lançado um olhar para o passado, recente e remoto, tentando compreender as influências, positivas e negativas, que se perpetuaram e afetam o momento presente. Através da reflexão, é possível romper com o costume histórico brasileiro de acreditar que a adequação ao “sempre foi assim e nada vai mudar” é inexorável, e criar novas estratégias que norteiem as ações rumo às transformações urgentes. Para tal é necessário que seja definido o futuro que se quer, percebendo-o também como uma continuação do que é plantado hoje, tanto como ser social quanto como indivíduo. O aprofundamento na questão da construção de mundo faz emergir a viagem de formação de cada um enquanto sujeito, autor de sua própria história. A vida do individuo se constrói pela família, pelas experiências vividas, pelas suas escolhas pessoais e, concomitantemente, um ser social está sendo formado para contribuir com sua postura diante da vida, engajada politicamente ou não, na construção da sociedade. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 184 CÊNICAS ARTES Quem constrói um país é seu povo e o brasileiro é formado por três culturas distintas que aqui se miscigenaram: branca, negra e indígena. Este projeto se desenvolveu a partir das culturas africana e nordestina; a maioria das famílias dos alunos desta escola, que atende a moradores dos arredores e da Comunidade do Morro de Santo Amaro, migrou do nordeste para o Rio de Janeiro. Ao comparar, analisar e refletir sobre diferentes culturas, os horizontes se expandem e um novo conhecimento é construído acerca de nossas raízes culturais, o que pode fazer toda a diferença no momento de se fazer escolhas, repensar valores ou aventurar-se ao risco de novas descobertas. Objetivos gerais → Induzir a reflexão e promover a experiência, através das vivências proporcionadas pela prática teatral na sala de aula, da construção do EU enquanto: Sujeito ontológico, concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. Influências externas da época vivida e liberdade pessoal vão caracterizar este sujeito como ser único. Sujeito histórico, portanto inserido na sociedade e na prática política. Ou seja, em atitude colaborativa com a construçãode mundo. Objetivos específicos → Aprofundar o conhecimento sobre as culturas africana e nordestina. → Ler e interpretar criticamente a peça “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, e seus personagens, refletindo, analisando e compreendendo a influência das heranças de diferentes culturas na formação do povo brasileiro. → Promover o desenvolvimento da expressividade: corporal, vocal e emocional do aluno, assim como a organização de ideias, da concentração e a aquisição dos elementos da linguagem cênica. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 185 CÊNICAS ARTES Habilidades → Demonstrar criatividade e capacidade de invenção e comunicação cênica. → Demonstrar capacidade de resolução em situações de conflito (tanto no que concerne à cena quanto às relações interpessoais durante os trabalhos em grupo). → Reconhecer e contextualizar o teatro e suas relações sócio-histórico-culturais como patrimônio material e imaterial da humanidade. → Identificar possibilidades cênicas em texto não teatral, em imagens visuais e em composições sonoras. → Reconhecer e decodificar a construção dramatúrgica de um texto. Descrição da atividade Ao final da aula, anterior ao inicio do projeto O AUTO, foi lançada uma questão, para os alunos, para a aula seguinte: Por que o mundo (Brasil, Rio de Janeiro) chegou a este ponto? Qual a origem de tantas mazelas, como a violência e a destruição dos bens naturais? O encontro seguinte começou com um debate sobre o início da história do Brasil, quando ainda era uma grande floresta tropical habitada por populações indígenas submetidas ao projeto de civilização português que culminou na escravidão dos negros africanos. Os alunos participaram dando suas opiniões em férteis discussões e fazendo correlações com os fatos atuais. O AUTO é uma peça de teatro adaptada da obra de Ariano Suassuna, “O Auto da Compadecida”. Na verdade é um exercício teatral que dialoga com a literatura, com a pintura e com a tecnologia. Adições e subtrações foram testadas como, por exemplo, a criação das personagens ajudantes do Diabo, as Diabetes, e uma cena em que aparecem alguns retirantes e é falado um trecho do poema “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto. Durante esta cena eram exibidas imagens da destruição que causa a seca no nordeste e de quadros da série “Os Retirantes”, de Cândido Portinari. Diversas atividades sobre a cultura africana foram realizadas. Em uma tentativa de atualizar o tema Escravidão no Brasil os olhares se debruçaram naquele que poderia ser visto como o escravo da modernidade, o bóia-fria, que compõe uma legião de sertanejos que trabalha muitas vezes por um prato de comida. O universo dos arquétipos tipicamente brasileiros e especificamente nordestinos – o coroné, o cangaceiro, o pequeno comerciante pão-duro, o cabo, o delegado, o malandro, a mocinha – foi investigado nesta montagem baseada na peça de Suassuna EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 186 CÊNICAS ARTES Este projeto foi desenvolvido durante o ano letivo, porém parte das aulas foi destinada ao aprendizado das técnicas e procedimentos específicos da linguagem teatral. O segundo semestre foi mais dedicado à encenação, à construção dos personagens, escolha de figurinos e criação da trilha sonora, parte essencial da peça. Algumas atividades foram desenvolvidas com a intenção de revelar um pouco do universo da cultura armorial, a diversidade musical e tradições como a das carpideiras cantando suas incelenças, que passaram a fazer parte da cena. É bom lembrar que este exercício teatral fez parte de um contexto maior que foi o PPP da escola. Passo a passo 1. A primeira improvisação feita foi Caldeirão de Palavras com o tema Circo. Os alunos trabalharam em grupos, como na maior parte das vezes, e disseram palavras do tipo: alegria, palhaçada, plateia, brincadeira, tragédia, piadas, palco, gargalhada e pipoca. Eles escolheram as palavras geradoras das suas cenas. 2. Improvisações foram feitas sobre o popular personagem das histórias populares nordestinas Pedro Malasartes. Esse malandro, esperto, ingênuo às vezes, precisa se dar bem porque tem fome e ambição, porém geralmente termina na mesma situação em que começou: pobre. Comparamos Malasartes a João Grilo e personagens de Suassuna. 3. Exercício de construção de personagens da peça apenas com algumas informações acerca de características, comportamento e contexto, aplicados em situações criadas pelos alunos. Para tal, foram sorteados dois blocos de personagens: A) O cangaceiro, a filha do coroné, o malandro, o padre, a cachorra da mulher do padeiro. B) O delegado, o coroné, o padeiro, a mulher do padeiro e a cachorra da mulher do padeiro. 4. Conceito de “auto”: Peça teatral didática de assunto religioso, que mostra o conflito entre o bem e o mal pela posse da alma humana no momento da morte, em que o homem é destinado a morrer em pecado a menos que seja salvo pela intervenção divina. Os personagens são abstrações personificadas de vícios ou virtudes, como Juízo, Perdão, Boas Ações. Os alunos improvisaram, tentando construir corporalmente as características dos personagens que escolheram: ruindade, inveja, bondade, ódio, amor, tristeza, mentira. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 187 CÊNICAS ARTES 5. Criação de cenas coletivas, ou seja, com vários alunos ao mesmo tempo. Isso se torna uma necessidade quando se trabalha com turmas grandes (no caso, 29 alunos). Foram criadas duas cenas: a da incelença durante o enterro de João Grilo e a do cinema, onde passa o resumo da história da cachorra, uma falcatrua de João. 6. Já com um roteiro possível nas mãos, feito tentando utilizar ao máximo as ideias deles, surgidas no laboratório, mas ainda precisando de ajustes iniciou-se a marcação da peça. Trechos do filme, realizado pela Rede Globo foram assistidos, com o intuito de observar a interpretação de bons atores. A partir desse ponto, a produção e os ensaios se intensificaram e as apresentações foram assistidas por todos os alunos da escola, pelos responsáveis e toda a equipe de profissionais da escola, desde a limpeza até a direção. Avaliação Avaliações afetivas e técnicas foram realizadas durante todo o processo, além das oficiais ao final de cada bimestre em que são levados em consideração aspectos formativos e informativos. Foi observado o quanto o grupo ficou mais unido e solidário. Individualmente demonstraram maior vontade de se posicionar e manifestar seus pensamentos e ideias de forma mais organizada. Do ponto de vista artístico e da aprendizagem dos fundamentos teatrais, muitas foram as surpresas e demonstrações de paixão pelas aulas. Uma prova disso é que não faltaram; quase 100% da turma compareceram a todas as aulas. Como Professora, idealizadora e realizadora de projetos, meu maior desejo é que as aulas de teatro fomentem a curiosidade e alimentem, com informações e vivências, os alunos, enriquecendo afetiva e culturalmente suas vidas e enchendo de esperança transformadora seus desejos e ações. Recursos Livros - “O auto da compadecida” de Ariano Suassuna, “Morte e Vida Severina e outros poemas em voz alta” de João Cabral de Melo Neto, “Cante lá que eu canto cá” de Patativa do Assaré e “Influências: olhar a África e ver o Brasil” . Fotos de Pierre Verger. Pinturas – série “Os Retirantes”, de Cândido Portinari. Tecnológicos – Aparelho de som e projetor. Contribuição da Prof.ª de AC Luciana Tosta Professora e Mestre em Teatro-Educação pela UNIRIO EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 188 CÊNICAS ARTES NOME DO PROFESSOR(A) Celia Damiana Teixeira da Cruz NOME DA ESCOLA – 5ª CRE E.M. Maria Baptistina D. Teixeira Lott NOME DA ATIVIDADE “Que droga” - História em atos 2015 OBJETIVO: Trabalhar percepçãoda estrutura corporal. Repassar para a comunidade escolar as possibilidades de se responder a esta intimidação. HABILIDADE: O aluno deve ter capacidade de trabalhar o eixo vertical e inclinado. Observar as possibilidades corporais. Expor as conclusões das pesquisas. . DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE Depois de uma pesquisa sobre drogas, vimos um documentário. Refletimos sobre que tipos de drogas temos em nossa sociedade e como as pessoas reagem diante desse conflito. A turma foi dividida em grupos de acordo com as histórias criadas. Sugestão de que a cena que abrisse a encenação também fechasse e, entre elas, a música fizesse a ligação (tema do poderoso chefão). Primeiro tema: droga veneno da alma, uma pessoa perde tudo pela droga. Segundo tema: Metáfora, a paixão como amor doentio a droga. Terceiro tema: Droga social, álcool destruindo a família. Quarto tema: Mentira, se tornar um vício social. Abertura e fim: Derradeiro fim, quando o perdão já não adianta mais. As equipes trabalharam em conjunto, compondo: direção, sinopse, diálogos cenário e figurino. Cada grupo se apresentou três vezes para limpar estruturas corporais, voz, espaço cênico, blecaute. RECURSOS UTILIZADOS Jornais, internet, documentários, tecidos diversos, maquiagem, mobiliário da escola. OUTROS COMENTÁRIOS Cada aluno-ator deu um alerta à plateia sobre os perigos de se usar drogas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 189 CÊNICAS ARTES PLANO DE AULA 1 – CABEÇALHO Nome da escola: Mário Paulo de Brito Localidade: Irajá, bairro do município do Rio de Janeiro Curso: Ginásio Carioca Turmas: 1805 Disciplina: Artes Cênicas Nome da Professora: Karlla Maria Bastos de Carvalho Aula: 9 (09/05/12) 2 – DADOS SOBRE A POPULAÇÃO ALVO (CLIENTELA) Número de alunos: 35 Faixa etária: entre 12 e 16 anos (maioria entre 13 e 14 anos) 3 – DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO Parte 1: 70 minutos. Chamada e troca de roupa: 10 minutos. 4 – CONTEÚDO Fixação de urdimento, rotunda, proscênio, cortina, coxia e fixação do palco italiano. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 190 CÊNICAS ARTES 5 – ATIVIDADES Jogo teatral – Com a turma dividida em 4 grupos, proporei que 3 deles, utilizando-se do palco italiano, da coxia e da cortina, improvisem tendo o onde, o quem e o quê. E 1 fique observando o desempenho dos outros. O ponto de concentração é: sou dependente químico, o que devo fazer? Os grupos se apresentarão refinando a cena em termos espaciais. Haverá reflexão entre as apresentações e após a última. Fazer até duas vezes cada grupo. 6 – OBJETIVOS Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de saber que existem limites do palco italiano que determinam o local de representação e para quem ela é feita. Saber também o que é urdimento, rotunda, proscênio, coxia e cortina. 7 – PROCEDIMENTOS – (técnicas de ensino) Aula teórica e prática. 8 – RECURSOS Roupa confortável e tatames. 9 – AVALIAÇÃO A partir das reflexões do grupo que assistir à cena, lançar notas baseadas nos seguintes critérios: silêncio, organização, capacidade de se agrupar em círculo, colaboração, criatividade, execução da ideia elaborada, consciência do palco italiano e existência da realidade cênica. BIBLIOGRAFIA: SOARES, Carmela. Pedagogia do Jogo Teatral: uma poética do efêmero. O ensino do teatro na escola pública. 13. ed. São Paulo: HUCITEC, 2010. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 191 CÊNICAS ARTES Conversando sobre Avaliação Desde que as Artes Cênicas entraram no Currículo da SME, em 1973, atendendo determinação da Lei 5692/71, o tema Avaliação em Teatro tornou-se uma “pedrinha em nosso sapato”. A primeira questão que surgia era “como avaliar em Artes? Como medir e ou conceituar um sentimento, uma emoção? No 1.º Documento Curricular, de 1980- Caminhos das Artes Cênicas , escrita por uma comissão de Professores de AC, a frase , usada como subtítulo, de Antonio Machado: “Caminhante não há Caminho, o caminho se faz ao andar!”, tem sido o nosso norte. Seguindo as orientações técnico-pedagógicas do Nível Central e fazendo nosso andar, entre erros e acertos, estamos caminhando desde lá! Observe: No documento Caminhos das Artes Cênicas, o item sobre Avaliação coloca em pauta o “problema conceito X avaliação” que, à época, eram temas controversos e não muito claros. O que significava avaliar? O que significava conceituar? Notas se equivaliam a conceitos? Poder-se-ia avaliar sem conceituar ou vice-versa? Esses campos semânticos eram por vezes sinônimos e por vezes antônimos. Muitas vezes se sobrepunham. Nesse panorama, as Artes Cênicas discutiam a subjetividade e a arbitrariedade dos conceitos. Observe: “Longe de ser um julgamento, sujeito a valores pré-estabelecidos, a avaliação é um olhar sereno e claro para o instante vivido, a aceitação da realidade presente, com todas as suas contradições.”(...) Dentro dessa contradição caminharam as Artes Cênicas. Levaram a inquietação, as angústias e as discussões para os Conselhos de Classe. Mostraram, na prática, o quão diferenciado era esse olhar sobre um mesmo aluno. E, enquanto se amadurecia a reflexão os Professores de Artes Cênicas, seguiam avaliando o aluno em seu crescimento: a cada estágio, a cada exercício, a cada momento. Utilizando para isso os novos instrumentos que iam descobrindo: a autoavaliação, a avaliação do processo, a avaliação coletiva... através de um gesto, uma palavra, um sentimento, um depoimento. Dando voz e ouvindo essa voz. Colocando-se também como um elemento a ser avaliado, transformando alguns percursos e confirmando outros, seguiam os “caminhantes cênicos” nos descaminhos da Educação..(1) ARISTIDES, Lêda. A Construção de um Currículo no Caminho das Artes Cênicas -1975-1988 in Prêmio Anísio Teixeira- Tema Currículo - SMERJ/CREP,2005. http://www.teatronaescola.com/#!porta-teses-dissertaes-monografias-e/ctbk http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ http://www.teatronaescola.com/ EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 192 CÊNICAS ARTES Em seu livro Arte-Educação: conflitos/acertos, Ana Mae Barbosa(1985), diz que “Se não desenvolvermos o sistema de pensar não discursivo ou artístico da criança, ela não estará apta a um conhecimento totalizador de si e dos outros.(...)”. (1) Vera Werneck, 2013, completa este pensamento quando avança nas reflexões sobre o tema da avaliação, em seu livro Educação e Sensibilidade (2) e diz que “Constitui-se, portanto, ainda como tarefa da educação, levar o educando à reflexão, à autoconsciência que possibilita a avaliação das próprias potencialidades, à consciência do poder que tem para, pela ação da vontade, instalar novos valores em si e no mundo.” Portanto, falar de avaliação em Artes Cênicas/Teatro é falar nos resultados da formação de um indivíduo que está aprendendo a utilizar o pensamento não discursivo, mas a utilizar também a reflexão e a autoconsciência . Estes conceitos não se contrapõem, mas, ao contrário, se completam. Neste Sentido, o Professor de Artes Cênicas deve estar atento ao desenvolvimento de um trabalho, em sala de aula, referenciado em objetivos e conceitos pedagógicos próprios de sua área de conhecimento. Como especialista da área ele deve ter claro os objetivos conceituais a serem atingidos em cada ano escolar. E, para isso, sua bússola deve ser o material contido nas Orientações Curriculares das Artes Cênicas (OC). Nele, para que os objetivossejam atingidos, o Professor deve calcar seu planejamento, observando, no processo das aulas e bimestres, o desenvolvimento das habilidades, através dos conteúdos e atividades apresentadas no planejamento e executadas na práxis escolar, em sala de aula. Quando foram publicadas, as OC partiram da experiência de vários Professores em seu dia a dia. Seu rascunho foi validado pelos Professores que atuavam em cada segmento. Portanto, as AC seguem sua tradição de ouvir a voz do especialista e de fundamentar-se em sua experiência, estreitando ao máximo o caminho percorrido entre o ideal e a realidade vivida pelo Professor. É claro que muito ainda há que se fazer. Mas trabalhemos com a realidade, dentro do possível, sem nos esquecermos de nossos ideais. “ Avaliar é julgar a importância de um fenômeno em relação a um determinado referencial. O conceito de avaliação é sempre mais amplo do que o de medir, porque implica o julgamento do incomensurável. Especialmente considerada no processo educacional. Seu sentido é mais abrangente do que o de medir, embora se sirva com frequência da medida como meio auxiliar para os seus juízos (...). A avaliação no campo da educação realiza-se em função de objetivos claramente definidos, constituindo um processo contínuo, sistemático e integral. Avaliar o aluno integralmente significa avaliá-lo em todos os domínios do seu comportamento: psicomotor, cognitivo e afetivo, ao mesmo tempo em que se percebe que, embora o indivíduo seja um só e que os diversos domínios do comportamento constituam um mesmo indivíduo, são aspectos diversos que devem ser avaliados separadamente. (1) BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação: conflitos/acertos. São Paulo: Max Limonad Ltda. 2. ed. 1985. (2) (3) WERNECK, Vera. Educação e Sensibilidade- um estudo sobre a teoria dos valores. Rio de Jnaeiro: Rovelle, 2013. in “Cap. 10. O problema da avaliação em educação. p. 177-185. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 193 CÊNICAS ARTES “A medida, portanto, expressa a quantidade, enquanto a avaliação envolve um julgamento de valor e uma expressão qualitativa, tendo em vista objetivos e metas determinadas. (grifos nossos) A avaliação educacional, ultrapassando a simples medida, vai considerar o aluno nas suas diferenças e peculiaridades, podendo adotar padrões diferentes para cada um, focalizando os diversos aspectos do seu psiquismo: sensibilidade, razão e vontade para avaliar o seu processo em relação à meta almejada. A avaliação consiste em uma apreciação de mérito, podendo ser auxiliada ou prejudicada pela mensuração. (...) (1) A avaliação tem por objetivo fazer aparecer claramente as contradições e os problemas vividos na prática, dando um novo alento à ação. Deve visar a uma melhoria da qualidade e não apenas servir para lamentações e desânimo. Sua principal função é a de permitir percerber-se em tempo hábil o possível afastamento dos objetivos propostos, das metas a alcançar, possibilitando um retorno rápido com economia de esforço e de tempo, e de permitir uma constante correção de rumos. (...) (2) A avaliação não pode ser usada como um instrumento de poder na mão dos mais poderosos para garantir-lhes a posição de mando. (...) (3) A última questão que desafia o educador é a da avaliação da sua ação e dos resultados dela.” Como a avaliação sempre se refere a objetivos previamente fixados pelo Professor, tendo em vista suas circunstâncias e métodos para atingi-los, o resultado do processo de avaliação educacional mostra não apenas o sucesso ou o fracasso do aluno, mas também o do educador.” Conclui-se finalmente que cabe ainda à obra da educação o conscientizar o educando da sua situação no mundo, levando-o a perceber que tem diante de si não apenar o porvir, mas o futuro, e que a construção do futuro só pode ser feita por ele próprio, pelo cumprimento de sua destinação.” (1), (2), (3) idem. p. 180 a 185, 194 Se não houver frutos, Valeu a beleza das flores. Se não houver flores, Valeu a sombra das folhas, Se não houver folhas, Valeu a intenção da semente. Henfil EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 194 CÊNICAS ARTES Como instrumento de avaliação das formas acima o Professor pode utilizar: A expressão verbal, escrita, imagética, sonora ou corporal Relatório elaborado pelo Professor, com os aspectos a serem avaliados O questionário de perguntas/temas, elaborado pelo Professor,/Professora O portfólio do aluno As pequenas cenas preparadas As produções artísticas pedagógicas de grupos ou de toda a turma A prova escrita Como critérios de avaliação, o Professor deverá sempre utilizar os Objetivos/Habilidades determinadas pelas OC/AC, através de fichas criadas pelo próprio profissional de AC Relatórios de elaboração própria e/ou segundo modelo da Orientação Pedagógica Como formas de avaliação, o Professor pode utilizar: Avaliação individual do aluno (autoavaliação); Avaliação do grupo em relação à aula, a um colega, ao trabalho do Professor. Avaliação e observação do Professor em relação a cada aluno/e/ou ao grupo. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 195 CÊNICAS ARTES SUGESTÃO DE FICHA DE AVALIAÇÃO (*) DISCIPLINA Artes Cênicas - 8º ano OBJETIVO (OC. p. 27) Conhecimento das diversas formas de linguagem e seus diferentes códigos. ( ) Atingido ( ) Não atingido ( ) Em Processo HABILIDADE TRABALHADA: (OC. p. 27) Compreender as diferentes linguagens e códigos como possibilidades nas produções teatrais. ATINGIDA NÃO ATINGIDA EM PROCESSO CONTEÚDO TRABALHADO: (OC. p. 27) Figurinos e Adereços ATIVIDADE PROPOSTA Criar figurino e adereço, em bonecos-modelo, a partir da construção de personagem, descrito através de texto escrito e imagético. ITENS TÉCNICO-PEDAGÓGICOS A SEREM OBSERVADOS: Adequação do figurino à personagem criada Escolha de material, palheta de cores e outros e sua adequação à personagem Elaboração/finalização do material: inventividade, acabamentos, soluções Adereços: propriedade relativa ao figurino Participação em grupo Apresentação do trabalho à turma Compreensão da proposta Autonomia na realização da atividade Outros CONCEITO FINAL Observações do Professor/Professora: Observações do aluno: (*) Esta ficha é apenas uma sugestão. Modifique-a, de acordo com as suas necessidades EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 196 CÊNICAS ARTES V- CAPACITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA h ttp ://lexisfran ce.free .fr/ ARTES CÊNICAS : FAZER, VER E DISCUTIR TEATRO EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 197 CÊNICAS ARTES Capacitação Bibliográfica EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 198 CÊNICAS ARTES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 199 CÊNICAS ARTES