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EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 0 CÊNICAS ARTES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 1 CÊNICAS ARTES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 2 CÊNICAS ARTES O presente material de estudo integra o Programa de Formação Continuada em Artes Cênicas de 2016 e se destina aos Professores I de Artes Cênicas, da Rede Municipal de Ensino, regentes do 1º ao 9º Ano. Você encontrará, neste material: • breve histórico do nascimento de nossa disciplina e da criação do cargo de Professor I de Artes Cênicas; • ações pedagógicas promovidas pela Equipe de Artes Cênicas da E/SUBE/CED para os Professores de AC, entre os anos de 2009 e 2015; • textos abordando temas diversos, escritos por colegas da Rede ou por teóricos da Pedagogia do Teatro; • dissertações de mestrado, com temas relativos ao Ensino das Artes Cênicas na Rede Pública Municipal de Ensino, defendidas por Professores Regentes de AC da Rede, em Curso de Mestrado Profissional em AC, da UNIRIO; • ementas e material pedagógico de cursos e palestras, que compõem nosso portfólio de Formação Continuada; • artigos sobre o trabalho pedagógico realizado em Teatro, na Rede, escritos pela Equipe de Artes Cênicas da E/SUBE/CED, publicados no XXV CONFAEB e no III Congresso Internacional de Arte-Educadores, realizado em 2015, em Fortaleza (Ceará) • banco de ideias com sugestões de atividades voltadas para o Ensino Fundamental (1º ao 9º Ano), com base nas Orientações Curriculares de Artes Cênicas da Secretaria Municipal de Educação. O objetivo deste material é qualificar o trabalho dos Professores de Artes Cênicas da Rede, com foco na práxis pedagógica, revitalizando a ação docente e estimulando a troca de experiências. A partir do diálogo entre nossas reflexões, nossos saberes e nossos fazeres, orgulhosamente apresentamos, como construção coletiva, a História da Pedagogia Teatral do Professor de Artes Cênicas na Secretaria de Educação da Cidade do Rio de Janeiro. Professora Lêda Aristides PREZADO PROFESSOR, PREZADA PROFESSORA, EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 3 CÊNICAS ARTES I- BREVE HISTÓRICO DAS ARTES CÊNICAS NA SME h ttp ://lexisfran ce.free .fr/ ARTES CÊNICAS : FAZER, VER E DISCUTIR TEATRO EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 4 CÊNICAS ARTES Acesse o Portal Teatro na Escola, um espaço criado para partilhar informações e reflexões sobre o ensino de teatro na escola: http://www.teatronaescola.com/# !porta-teses-dissertaes- monografias-e/ctbk Estamos no Ano de 1971! A Lei 5692/71 determina a obrigatoriedade do ensino da Educação Artística nos currículos plenos de 1.º e 2.º graus. Para reflexão, leiam o artigo “A Lei 5692/71 e a obrigatoriedade da educação artística nas escolas: passados quarenta anos, prestando contas ao presente”, Da Dr.ª Maria José Dozza Subtil, disponibilizado no link http://dx.doi.org/10.4322/rbhe.2013.006 Por Educação Artística entendia-se o ensino de duas das seguintes linguagens: Artes Plásticas, Educação Musical e Artes Cênicas. Para cumprimento da Lei na Rede Pública de Ensino do Município do Rio de Janeiro, são convidados a lecionar Artes Cênicas professores de outras disciplinas. Como autodidatas, esse professores vão construindo, através de contracenas e de alguns ensaios, os conceitos pedagógicos das Artes Cênicas. Esse mesmo grupo de professores constrói, em 1980, as primeiras Orientações Curriculares. A partir do trabalho desses profissionais em Comissões de Estudo e da articulação com os níveis local, regional e central da SME, é criado o Cargo de PI Regente de AC (D.O. Rio de 1.º de março de 1988). Na ocasião, foram nomeados, para esse cargo, 117 Professores de outras disciplinas, que já atuavam com Artes Cênicas em sala de aula há, pelo menos, 2 anos, e que haviam participado de Cursos de Teatro na Educação, dentro e fora da SME. As Comissões de Estudo, através de parcerias com a UNIRIO – que já possuía uma Faculdade de Teatro – conquistaram alguns caminhos acadêmicos, como a criação dos seguintes cursos: Licenciatura Curta em Educação Artística (1979/1980); Especialização em Arte-Educação (1984/1985) e Licenciatura Plena em Artes Cênicas (1989). A partir da promulgação da Constituição Federal, em 1988, o acesso ao Cargo de PI de Artes Cênicas passou a ser provido, através de concurso público, por PsI com Licenciatura Plena em Artes Cênicas. Somos, portanto uma das Áreas de Conhecimento mais nova do currículo escolar: temos, apenas, 34 anos de vida!!! Nascia, legalmente, um novo componente curricular: as Artes Cênicas. Mas havia um porém: como cumprir a Lei se ainda não fora criado o cargo de Professor de Artes Cênicas? Início do caminho: criando nossa própria história! EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 5 CÊNICAS ARTES II- EQUIPE DE ARTES CÊNICAS: AÇÕES PEDAGÓGICAS (2009-2015) h ttp ://lexisfran ce.free .fr/ ARTES CÊNICAS : FAZER, VER E DISCUTIR TEATRO EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 6 CÊNICAS ARTES Ano 2009 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 7 CÊNICAS ARTES 6.º Ano Conversando um pouco... Caro(a) Aluno(a), bem-vindo a 2009! Este é um ano muito importante. Você inicia uma nova etapa escolar. Muitas coisas novas acontecerão e haverá disciplinas diferentes. Uma das novidades é que você terá aulas de Artes Cênicas que, no Município do Rio de Janeiro, significa estudar e conhecer Teatro! Provavelmente, chegarão novos amigos e você estará mais aberto a conhecer pessoas e mais atento ao que se passa à sua volta. Faz parte do seu desenvolvimento, nesta etapa da vida, ficar mais curioso, pensar e refletir melhor sobre o que acontece a você. Portanto, será bom conversar com os seus familiares, amigos e Professores. Eles poderão ampliar suas ideias e o ajudarão a compreender melhor o mundo. Nesse sentido, as Artes Cênicas também poderão ajudá-lo bastante: através das atividades relacionadas ao estudo do Teatro, você terá ainda mais contato com textos; poderá movimentar seu corpo de diversas formas; poderá criar lugares reais ou não, onde as histórias inventadas ou lidas serão representadas por você e por seus colegas de turma. Enfim, você vai aprender muitas coisas novas e também se divertir muito. A – OS ELEMENTOS DO TEATRO: ENTRANDO EM CENA! A comunicação é um elemento importante para o ato de representar. É necessário não apenas que atores e plateia se comuniquem, mas também que atores, cenógrafos, sonoplastas, diretores, iluminadores, contrarregras e todos que participam de um espetáculo tenham uma boa comunicação. O Teatro é um trabalho coletivo, de equipe, de cooperação e de responsabilidade. Para que o teatro aconteça, muitos elementos precisam entrar em cena. Quando estudamos o Teatro em sala de aula, utilizamos o jogo teatral. Como o próprio nome diz, o jogo teatral caracteriza-se pelo ato de “jogar” teatro, ou seja, brincar de faz-de-conta, de fazer teatro. E tanto “joga o teatro” aqueles que fazem o papel de atores como os que fazem o papel de plateia. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 8 CÊNICAS ARTES Para que o jogo teatral aconteça, são necessários: • Ação - atividades realizadas no palco, para que uma história seja encenada. No Teatro, não podemos apenas contar uma história: é preciso fazer com que ela seja mostrada através da ação teatral. Uma história teatral é sempre um faz-de-conta. Por essa razão, a ação pode acontecer no passado, no presente ou no futuro. Podemos, em uma hora ou menos, contar a vida de uma pessoa desde seu nascimento até sua velhice. No teatro é possível representar, através da ação, uma história imaginária e fazer com que ela seja encenada como se fosse real. • Personagem – é um elementodo jogo teatral. Pode ser humano ou não e, na cena, é representado por um ator. • Espaço - o lugar onde o jogo teatral acontece, onde os atores representam a história de seus personagens. Quando assistimos a um espetáculo teatral, outros elementos também entram em cena: • Edifício teatral – lugar onde acontece o espetáculo. O Teatro João Caetano, o Teatro Carlos Gomes e as Lonas Culturais são alguns exemplos de lugares da cidade do Rio de Janeiro onde acontecem espetáculos teatrais. • Palco – espaço onde se dá a cena. Há vários e diferentes tipos de palco. Seu Professor poderá ajudá-lo, mostrando fotos ou desenhos dos tipos mais importantes. • Texto – elemento que dá base ao trabalho. Há vários tipos de textos teatrais. No teatro, o texto pode ser falado ou não, isto é, pode ser representado sem palavras. • Ator – pessoa que dá vida ao texto e que empresta seu corpo, seus sentimentos, sua voz e seus movimentos para caracterizar um personagem. • Figurino – roupa que os personagens vestem ou os adereços que utilizam. • Iluminação – a luz valoriza os elementos presentes na cena, como os atores e os objetos. • Sonoplastia –música ou sons que representam a história, uma cena ou um personagem. A sonoplastia pode aparecer como um fundo, como uma pausa, marcando a aparição de um personagem ou criando um determinado clima. • Cenografia –cenários, ambientação do espaço em que as cenas acontecem. Numa história encenada pode existir mais de um cenário. • Encenador/Diretor –aquele que dirige e concebe a ideia de como a peça deve ser encenada. Há várias formas de dirigir ou de conceber um espetáculo. • Contrarregra –elemento muito importante no decorrer do espetáculo. Entre outras atividades, o contrarregra ajuda a mudar ou organizar o cenário, retirando o que não será mais usado, ou colocando algum elemento novo na cena. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 9 CÊNICAS ARTES B – FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES Você pode fazer teatro: • Sendo um CENÓGRAFO, quando imagina ou desenha lugares onde alguma ação teatral pode acontecer. Pense onde ficarão os objetos, quais as cores que eles possuem, de que eles são feitos. Se eles são objetos que já existem na vida real ou se são objetos inventados por você. Pense que função eles têm, para que servem... DICAS • Sendo um AUTOR de textos teatrais, quando inventa histórias na sua imaginação ou as escreve no papel. Mas nunca se esqueça de que uma história de teatro deve sempre ter uma ação (um acontecimento), um lugar onde a ação acontece e personagens que participam da ação. DICAS • Se a história for muito grande, divida-a em cenas. • Dê nome e características aos personagens. Imagine como eles se vestem, como andam ou qual é o seu tipo físico... • Imagine o local onde a cena acontece. • Imagine uma história onde ninguém pode falar. • Invente as histórias com algum amigo ou até mesmo sozinho. Esse é um exercício que você pode fazer no recreio, na sala de aula, em casa ou até mesmo dentro do ônibus. Para não esquecer, escreva tudo num caderno. • Mostre o que você escreveu ou conte o que você imaginou para seu Professor. Ele(a) poderá lhe dar outras orientações. • Para ter boas ideias, observe os objetos. Veja de que são feitos, como são suas formas e cores. Como foram colocados nos lugares. • Quando andar pela rua ou andar de trem ou de ônibus, observe as paisagens e o que elas contêm. • Experimente fazer maquetes, de papel ou papelão, desses lugares e de cenários criados por você ou por seus colegas. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 10 CÊNICAS ARTES Você pode fazer teatro: • Sendo um ATOR, quando você representa algum personagem. Então imagine como ele anda, como gesticula, como se movimenta. Se tem algum cacoete. Um gesto especial de passar a mão pelo cabelo ou um jeito diferente de andar. Quais suas emoções e sentimentos. Se ele está triste, se está alegre. Em que momento e situação ele se encontra na cena. DICAS • Imagine algum personagem e escreva todas as características dele numa folha de papel em branco. Escreva onde ele está e o que está fazendo. Ao lado, escreva tudo que você acha que ele pode estar usando, dependendo da hora, do local e da sua atividade. • Não se esqueça de pensar se ele usa um chapéu, uma bandana, um cinto especial ou um outro elemento importante para descrevê-lo. • Observe as pessoas. Veja como elas se comportam, o jeito de elas falarem. Umas gesticulam muito, outras falam baixinho. • Quando for para a escola, observe tudo à sua volta. Os animais, as pessoas andando nas ruas, o vento nas árvores... Tudo poderá ser um bom material para você compor um personagem. • Na aula de Artes Cênicas, exercite-se, agindo como um personagem. Mas não se esqueça de que você não é ele. Está só representando, fazendo de conta! • Sendo um FIGURINISTA, quando você cria uma roupa ou um adereço para caracterizar um personagem. Pense em como é esse personagem. Ele é uma pessoa? É uma árvore? Um tigre? Uma pulga? Quais são as suas características? Como ele se veste? Quais as cores de sua vestimenta? Ele é pobre? É rico? É velho? É um ser de outro planeta? É uma criança? Está dormindo? Está trabalhando? Usa algum chapéu? Carrega um guarda- chuva? Uma bolsa de compras? Qual ação está realizando na cena? DICAS EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 11 CÊNICAS ARTES Um bom espetáculo! • Sendo um SONOPLASTA, quando você cria o som ou a música para uma determinada cena ou para um determinado personagem DICAS Agora que você já vivenciou alguns elementos do Teatro, é hora de jogar! Com um colega, escreva uma cena que contenha uma ação, o lugar onde essa ação ocorre e os personagens envolvidos. Escolham a sonoplastia e pensem no cenário. Não se esqueçam do figurino. Seu Professor irá orientar você e seus colegas a encenarem um jogo teatral. Então... Divirtam-se !!! • Um bom exercício é listar algumas músicas e colocar ao lado das cenas que elas trazem à sua lembrança. • Se a cena for de terror, qual sol ou música seria ideal? Se for um dia de vento fraco, qual seria o som? • E se fosse o freio de um carro? EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 12 CÊNICAS ARTES 7.º Ano Conversando um pouco... Caro(a) Aluno(a), bem-vindo a 2009! Este ano deverá ser para você um momento de desafios. Se você está iniciando seu período de adolescência, muitas transformações ocorrem! Sua maneira de pensar está mais abrangente. Seus pensamentos se ocupam com mil ideias diferentes. Uma música, um passeio, uma pessoa especial... Seu grupo de amigos, agora, tem uma importância grande em seu dia a dia e as conversas ficam intermináveis. Sem contar as transformações que também estão ocorrendo em seu corpo, tanto interna como externamente. Os sentimentos se alternam... Bem, e as Artes Cênicas? Como poderão ajudar? De muitas formas! Vejamos: quando encenamos, nos transformamos em personagens de histórias. Histórias muitas vezes parecidas com as nossas próprias histórias. Personagens muitas vezes parecidos conosco. Outras vezes, ao contrário, os personagens são totalmente diferentes. Mas, de uma maneira ou de outra, podemos fazer-de-conta que somos eles e, então, nos transformar. Através dos personagens, podemos falar dos sentimentos e, muitas vezes, percebemos algumas soluções que servem para nossos problemas reais. Então... Vamos experimentar? EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 13 CÊNICAS ARTES O Teatro na Antiguidade: Como tudo começou... Estamos na Grécia, no séc. V a.C., ano 500, aproximadamente. Numa praça do velho mercado de Atenas, uma grande festa está sendo organizada. O objetivo é agradecer ao deus do vinho, Dionísio,pela colheita de uva deste ano. De repente, um cidadão, de nome Tépis, vestido com uma túnica rústica e usando uma máscara no rosto, desce do alto de uma carroça e exclama para o povo de Atenas: – Eu sou Dionísio! Tépis se dizia Dionísio, o deus do vinho. Acontecia, naquele momento, uma representação, um faz-de-conta de que “eu sou o outro”. Apresentava-se, diante de uma plateia, pela primeira vez um ator representando um personagem: Tépis representava Dionísio! Com o passar do tempo, nas festas de colheita da uva, as procissões (conhecidas como Ditirambos), que eram dedicadas a Dionísio, foram ficando mais elaboradas e necessitaram de pessoas que as organizassem. Surgiram, então, os diretores de Coro. As procissões juntavam, aproximadamente, vinte mil pessoas que dançavam, cantavam e apresentavam diversas cenas com peripécias do deus Dionísio. Tépis foi o primeiro diretor de Coro a dirigir a procissão de Atenas nas festas. Para isso, ele desenvolveu o uso de máscaras para representar, tendo em vista o grande número de participantes. A máscara servia para amplificar sua voz e para ele ser visto a longas distâncias. O Coro tinha como função narrar as histórias do personagem Dionísio, através da representação, das canções e das danças. O Coro também passou a ser o intermediário entre o ator e a plateia e também trazia a conclusão da história. Quando Tépis, do alto da carroça, disse: “Eu sou Dionísio”, ele se tornou o primeiro respondedor de Coro. Em razão disso, surgiram os diálogos, e Tépis, então, se tornou o primeiro ator de teatro. Com o tempo, uma grande plataforma fixa viria a substituir a carroça improvisada por Tépis. Nela, foi instalado um palco onde se poderia, então, montar um espetáculo completo. Os atenienses amavam profundamente o teatro, pois, além de ser um divertimento, era educativo. Por isso, mulheres e crianças também podiam assistir às representações. Somente aos homens cabia a função de ator e os papéis femininos eram também representados por homens. A- FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 14 CÊNICAS ARTES Os festivais de teatro ocorriam em teatros de pedra, ao ar livre, e tinham grande importância. Neles, eram sempre apresentadas tanto tragédias como comédias. Os festivais eram financiados pelos cidadãos ricos, enquanto o governo pagava aos mais pobres para que estes pudessem comparecer às apresentações. Os atores também eram pagos pelo seu trabalho. As apresentações duravam vários dias e começavam com a procissão em homenagem ao deus Dionísio, que passou a ser considerado, depois, como o deus protetor do teatro. Como as apresentações se realizavam durante as festas dionisíacas, eram consideradas parte dos festejos religiosos da época. Por isso, nas apresentações inaugurais, sempre compareciam as pessoas mais importantes da sociedade grega: os magistrados e os sacerdotes de Dionísio. A plateia acompanhava as peças o dia todo e participava intensamente das encenações. No palco, os atores continuavam a usar máscaras, tanto para serem melhor visualizados como para amplificar a voz e para mostrar o sentimento da cena representada. As máscaras eram feitas de pano engomado e pintado e eram decoradas com perucas. Os atores usavam também roupas acolchoadas e sapatos de sola bem alta, que chamavam de coturnos, para serem vistos de longe. Embora os atores fossem importantes e fizessem sucesso, os grandes ídolos do teatro, nessa época, eram os autores das histórias. Muitos anos depois, a partir do Império Romano, que sucedeu a civilização grega, as principais ideias sobre o teatro grego foram seguidas pelos romanos. E, no século IV, os espetáculos já não eram necessariamente ligados ao culto religioso do deus Dionísio (que os romanos chamavam de Baco). Nessa época, porém, a tragédia e a comédia já estavam em decadência. Os romanos preferiram o gênero cômico, que perdeu, em seus textos, o tom político e religioso, mas ganhou bastante originalidade. Logo depois os romanos se encantaram pelo circo que, na época, era voltado para as lutas entre gladiadores e animais. Máscaras do Teatro Romano de Saragoça EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 15 CÊNICAS ARTES • Desenhe o cenário da praça de Atenas no momento em que Tépis se declara Dionísio • Desenhe Roma, o circo de gladiadores ou crie uma maquete. • Construa, com papel pardo ou outro material, as máscaras do Teatro. Faça a da Tragédia e a da Comédia. • Pesquise na internet ou no dicionário o significado das palavras tragédia e comédia. Escreva no caderno as definições encontradas. • Procure em jornais uma notícia que você e seus colegas classificariam como tragédia e outra que vocês classificariam como comédia. Converse com os colegas e com o Professor sobre essas histórias. • Construa a maquete do Teatro de pedras. Seu Professor poderá trazer imagem desses teatros ou, então, pesquise na internet. • Não se esqueça de colocar na Arena os atores vestidos com suas túnicas, máscaras e coturnos e de colocar a plateia na arquibancada. Peça ao seu Professor para montar uma exposição com o seu trabalho e o dos seus colegas. Conversem sobre os trabalhos expostos. Façam comentários do que mais chamou a atenção. • Pesquise os grandes autores da Tragédia e da Comédia que foram ídolos na Grécia e na Roma antigas. Coloque ao lado o nome de algumas peças que eles escreveram. • Veja com o seu Professor qual era o tema principal dessas histórias e quais eram os autores mais importantes. B- FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES DICAS • Você pode desenhar a cena toda ou só um detalhe. Ex.: a carroça, a praça. • Use cores. Pense nas uvas, na colheita, nas carroças e nas pessoas enfeitadas. • Faça uma maquete com papel e cola, se não quiser desenhar. Ou então ,faça recorte e colagem com revistas ou outros materiais. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 16 CÊNICAS ARTES Para esta atividade, vamos resumir uma tragédia grega. Esta peça chama-se Antígona e foi escrita por Sófocles, um grande autor grego da época. A história começa com a personagem Antígona, que deseja sepultar o irmão, mas encontra dificuldade, pois o rei, Creonte, proibira o sepultamento dos que cometeram algum ato ilegal. Antígona, porém, desafia a lei e enterra o irmão. Furioso, o rei ordena que ela seja capturada e levada até ele. Ao invés de fraquejar, Antígona enfrenta o rei: “Não fui feita para o ódio, e sim para o amor”, exclama a jovem. Mesmo sabendo que ela iria se casar com seu filho, Hemon, Creonte não cede. Hemon roga, em vão, pela amada. Mas, por ordem de Creonte, Antígona é condenada a ser emparedada numa caverna, até morrer. Tirésias, profeta e sacerdote cego, reprova Creonte por profanar o corpo do irmão de Antígona, advertindo-o de que será punido pelos deuses. – Que valor pode haver em apunhalar o apunhalado? pergunta Tirésias. O rei, apesar de se revoltar contra o profeta, decide libertar Antígona. Porém, é tarde demais: um mensageiro relata que ela preferiu enforcar-se a aguardar a morte lenta. Hemon, o filho de Creonte, ao encontrar a noiva morta, apunhala-se. Eurídice, esposa de Creonte, ao saber da morte de seu único filho, também se mata. O rei, ao ver toda sua família morta, lamenta-se pelos seus atos, e mais ainda por não ter atendido ao desígnio dos deuses, o que lhe custou a vida de todos aqueles que lhe eram queridos. C- FAZENDO ARTE: JOGANDO O TEATRO, “FAZENDO-DE-CONTA” Abaixo, transcrevemos o resumo de uma tragédia grega. Leia e compreenda o texto. Troque ideias com um amigo. Veja se vocês entenderam as mesmas coisas. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 17 CÊNICAS ARTES • Liste os personagens da história. • Escreva um roteiro e crie falas para os personagens, a partir da história contada. • Como você imagina que foia conversa entre Antígona e o rei Creonte? • Crie falas para Hemon, ao ver a noiva morta. • O que Eurídice diz a Creonte quando percebe que seu filho também está morto? Crie um possível diálogo entre os dois. • Peça ao seu Professor para trazer o trecho original da tragédia que corresponde à cena que vocês escreveram. • Em grupo, crie um jogo teatral, utilizando o resumo sugerido. • Vale também fazer apenas uma parte da história, uma cena escolhida por vocês. Seu Professor poderá ajudá-lo nos ensaios e relembrá-lo dos elementos que fazem parte de um jogo teatral. DICAS • Não se esqueça de arrumar o cenário e de criar uma sonoplastia para a cena que será representada. • Depois, em grupo, converse sobre o resultado do trabalho, o que vocês aprenderam e o que foi mais fácil ou mais difícil de fazer. O que poderia ser melhorado? • Fale com o Professor e repita a atividade com uma comédia grega. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 18 CÊNICAS ARTES 8.º Ano Conversando um pouco... Caro(a) Aluno(a), bem-vindo a 2009! A vida é repleta de desafios e de transformações. Existe, porém, um período na vida em que essas transformações ganham maior amplitude. É o período chamado de adolescência. O pensamento se torna mais abrangente e dialógico. A mente se ocupa com mil ideias diferentes. Uma música, um passeio, uma pessoa especial... O grupo de amigos, agora, tem grande importância em seu dia a dia e as conversas se tornam intermináveis. Sem contar as transformações que também estão ocorrendo em seu corpo, tanto interna quanto externamente. Os sentimentos se alternam... Ora alegria, ora tristeza, por qualquer coisinha... Bem, e as Artes Cênicas? Como poderão ajudar? De muitas formas. Quando encenamos, nos transformamos em personagens de histórias. Histórias muitas vezes parecidas com as nossas próprias histórias e personagens muitas vezes parecidos conosco. Outras vezes, ao contrário, os personagens são totalmente diferentes. Mas, de uma maneira ou de outra, podemos fazer- de-conta que somos eles e, então, nos transformar. Através dos personagens, podemos falar dos sentimentos e, muitas vezes, percebemos algumas soluções que servem para nossos próprios problemas. Então... Vamos experimentar? EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 19 CÊNICAS ARTES Os colonizadores encontraram, nos povos indígenas brasileiros, uma facilidade natural para a música e a dança, o que facilitava o desenvolvimento do teatro. A partir do teatro, os padres jesuítas iniciaram um movimento de catequese dos povos indígenas: eles ficavam fascinados pela representação e, através dela, o aprendizado era muito mais rápido e fácil. Nessa época, o Padre Anchieta, com seus autos de catequese, foi o maior responsável pelo ensinamento do teatro e pela autoria das peças. O teatro se inicia, no Brasil, como um teatro de catequese, didático, isto é, com o objetivo de ensinar. As peças eram escritas em tupi, português ou espanhol e, mais tarde, também em latim. Os personagens eram santos, demônios ou imperadores. Algumas vezes, eles também representavam o Amor, O Medo ou o Temor a Deus. Com o tempo, nas escolas dos jesuítas, chamadas Companhias de Jesus, o teatro tornou-se matéria obrigatória. Porém, nessas escolas, os personagens femininos eram proibidos, a não ser que representassem Santas. Os atores dessa época eram índios já domesticados, futuros padres e alguns não índios. As peças eram apresentadas nas Igrejas, praças e colégios. Além dos Autos, outros estilos teatrais, também introduzidos pelos jesuítas, foram os Pastoris e o Presépio, que passaram a ser representados nas festas folclóricas. FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Converse com seus colegas, em duplas ou trios, sobre o tema Colonização. Quais os pontos positivos e negativos da colonização? O que ganham ou perdem os dois países. Converse também com seu Professor de Artes Cênicas ou seu Professor de História. Pesquise a palavra colonização no dicionário. Veja o que dizem as outras pessoas sobre esse assunto. • Pesquise o significado dos estilos teatrais: auto, presépio e pastoril. • Peça ao Professor para dividir a turma em dois grupos. Um grupo desenha a roupa dos portugueses e jesuítas e outro desenha a vestimenta dos indígenas. Esses elementos podem, mais adiante, se tornar esboço de figurinos para uma futura cena. Façam o mesmo com o cenário: casa dos índios, “habitat”, transporte dos portugueses e dos indígenas, objetos utilizados pelos dois grupos e mais outras ideias que vocês tiverem. • Depois, façam os desenhos em tamanho natural, usando seu próprio corpo como modelo, deitado sobre duas folhas de papel pardo coladas (para que fiquem maiores). Um colega pode ajudar você, desenhando o contorno do seu corpo. Ponha roupas confeccionadas com papeis diferentes. Se todos pendurarem esses personagens, pelo espaço vazio da sala, com seus figurinos, eles poderão servir de cenário para a representação de um Auto ou de alguma história que vocês inventarem. O Professor de Artes Cênicas gostará de ajudá-los a montar essas histórias e esses cenários! O TEATRO NO BRASIL A- TEATRO DOS JESUÍTAS – SÉCULO XVI Vamos fechar os olhos e imaginar que estamos no século XVI. O Brasil recém-descoberto. Os portugueses tentando colonizar os povos indígenas que aqui viviam. Como se fazer entender? Imagine as diferentes tentativas de comunicação. Lembre-se dos livros que você já consultou e que já pesquisou e de como também eram diferentes as vestimentas dos portugueses, padres e indígenas. Tudo era diferente: as formas de falar, de vestir, de pensar, de viver, de se movimentar, de acreditar no mundo... EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 20 CÊNICAS ARTES B- SÉCULO XVII Neste século, as peças escritas pelos jesuítas, principalmente as que tinham o objetivo da catequese, começaram a escassear. Outros tipos de atividades teatrais também ficaram escassos, pois foi uma época de crise, com muitas lutas. As poucas encenações dependiam de ocasiões especiais como as festas religiosas ou cívicas. Algumas comédias foram apresentadas na aclamação de D. João IV, em 1641. C- SÉCULO XVIII Na segunda metade deste século, as peças teatrais voltaram a ser apresentadas com certa frequência. Vários palcos ou tablados foram montados em praças públicas, com a intenção de apresentar peças educacionais. As igrejas e alguns palácios de governantes também serviram de palco para os atores. Com isso, surgiram as primeiras companhias de teatro, que foram chamadas de Casas de Ópera. Essas casas apresentavam peças teatrais por alguns meses e até durante um ano inteiro, permitindo que atores fossem contratados. Nessa época, os atores eram, em sua maioria, descendentes dos povos africanos e pertenciam às classes sociais mais baixas. Havia um grande preconceito em relação à atividade teatral, e as mulheres eram proibidas de entrar em cena. Os papéis femininos eram representados pelos homens, que se travestiam de mulheres – e por isso eram chamados de travestis. Quando finalmente as mulheres foram liberadas para se tornarem atrizes, a “má fama” da classe artística fazia com que houvesse poucas representantes do sexo feminino. A vinda de D. João VI para o Brasil estimulou, consideravelmente, a atividade teatral. Ele baixou um decreto, em 1810, determinando que se construíssem mais e melhores teatros. A primeira companhia teatral, totalmente brasileira, estreou em 1833, com uma peça dirigida pelo teatrólogo João Caetano. Nessa época, a plateia participava bastante das encenações e aproveitava para fazer manifestações em favor dos ideais da República. Quando o Imperador D. Pedro estava presente, o público reagia de maneira diferente, sem manifestações e cuidadosamente vestido. Embora, em sua maioria, os atores fossem descendentes de negros, os negros não compareciamao teatro como público. No palco, encenando, cobriam o rosto com maquiagem teatral branca e vermelha. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 21 CÊNICAS ARTES D - SÉCULO XIX E SÉCULO XX E SÉCULO XXI A partir de 1838, muitas peças foram influenciadas pelo período Romântico, que era um movimento das Artes. Nesse período, dava-se importância aos elementos nacionais, à grandeza e à riqueza do nosso país, à igualdade entre os brasileiros, entre outras questões. A peça “O juiz de paz na roça”, de autoria de Martins Pena, é considerada a primeira comédia de costumes brasileira e seu autor é considerado o verdadeiro fundador do teatro nacional. Em um período de dez anos, ele escreveu 28 peças. Artur Azevedo é um autor também do final desse período (final do século XIX e início do século XX), período que se chamava Realismo. Azevedo escrevia o gênero teatral Revista, que era composto de peças com temas mais leves. Machado de Assis também teve grande importância para o teatro brasileiro e muitas das suas histórias também foram encenadas. Mais recentemente, temos nomes importantes como o dramaturgo Oduvaldo Viana, os atores Procópio Ferreira e Dulcina de Moraes e também Paschoal Carlos Magno, que, em 1938, lançou e dirigiu o Teatro do Estudante do Brasil. Nelson Rodrigues é autor de várias peças e revoluciona a dramaturgia brasileira. Uma de suas peças mais conhecidas é Vestido de Noiva, encenada pelo grupo de teatro amador Os Comediantes, do Rio de Janeiro. Esta peça teve a direção de Ziembinski e inaugurou o TBC (Teatro Brasileiro de Comédias). FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Com a ajuda de seu Professor, consiga cópias de algumas peças teatrais de Martins Pena, Machado de Assis ou Artur de Azevedo e faça um jogo teatral com trechos de uma cena ou algumas falas. Cada grupo pode escolher um trecho diferente. (www.biblio.com.br) EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 22 CÊNICAS ARTES — Cena III — O Gerente, Figueiredo Figueiredo — Ó seu Lopes, olhe que, se isto continuar assim, eu mudo-me! O Gerente (À parte.) — Que dizia eu? Figueiredo — Esta vida de hotel é intolerável! Eu tinha recomendado ao criado que me levasse o café ao quarto às sete horas, e hoje... O Gerente — O meliante lhe apareceu um pouco mais tarde. Figueiredo — Pelo contrário. Faltavam dez minutos para as sete... Você compreende que isto não tem lugar. O Gerente — Pois sim, mas... Figueiredo — Perdão; eu pedi o café para as sete e não para as seis e cinquenta! O Gerente — Hei de providenciar. Trecho da peça “A Capital Federal”, de Artur Azevedo. w w w 1.fo lh a.u o l.co m .br/ EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 23 CÊNICAS ARTES E – DÉCADAS DE 60, 70, 80, 90 EM DIANTE. O TEATRO CONTEMPORÂNEO Nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil passava por uma ditadura política e a censura vetava grande parte de espetáculos e de textos artísticos. Nesse período, temos nomes de destaque, entre dramaturgos, atores e atrizes, peças e grupos de teatro: Plínio Marcos, Leilah Assumpção, Oduvaldo Viana Filho, Ruth Escobar Fauzi Arap, Naum Alves de Souza, Mauro Rasi, Gerald Thomas, Zé Celso, Antunes Filho, Hamir Hadad, Augusto Boal e grupos teatrais como TBC, Oficina, Arena, grupo Tapa, entre outros. FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Em casa, com pessoas mais velhas, converse sobre o período da censura (anos 60 e 70). Veja o que eles lembram dessa época. • Converse com seu Professor sobre as características do teatro contemporâneo. • Procure em jornais, na seção de teatro, se há algum grupo de teatro contemporâneo em cartaz. Procure saber, descobrir, no site desses grupos, o tipo de teatro que eles apresentam. • Escolha, em seguida, uma notícia de jornal, uma poesia ou um texto interessante e encene com um grupo. Seu Professor poderá ajudá- lo nesta tarefa DICAS • Uma das características do TEATRO CONTEMPORÂNEO é encenar textos literários, não teatrais. Você pode encenar também só com alguns fragmentos do texto. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 24 CÊNICAS ARTES 9.º Ano Conversando um pouco... Caro(a) Aluno(a), bem-vindo a 2009! A vida é repleta de desafios e de transformações. Existe, porém, um período na vida em que essas transformações ganham maior amplitude. É o período chamado de adolescência. O pensamento se torna mais abrangente e dialógico. A mente se ocupa com mil ideias diferentes. Uma música, um passeio, uma pessoa especial... O grupo de amigos, agora, tem grande importância em seu dia a dia e as conversas se tornam intermináveis. Sem contar as transformações que também estão ocorrendo em seu corpo, tanto interna quanto externamente. Os sentimentos se alternam... Ora alegria, ora tristeza, por qualquer coisinha... Bem, e as Artes Cênicas? Como poderão ajudar? De muitas formas. Quando encenamos, nos transformamos em personagens de histórias. Histórias muitas vezes parecidas com as nossas próprias histórias e personagens muitas vezes parecidos conosco. Outras vezes, ao contrário, os personagens são totalmente diferentes. Mas, de uma maneira ou de outra, podemos fazer-de-conta que somos eles e, então, nos transformar. Através dos personagens, podemos falar dos sentimentos e, muitas vezes, percebemos algumas soluções que servem para nossos próprios problemas. Então... Vamos experimentar? TEATRO NO BRASIL A- SÉCULO XX E XXI Em 1922, houve um movimento muito importante para as Artes no Brasil. Esse movimento chamou-se Semana da Arte Moderna e aconteceu em São Paulo. O Brasil, nessa época, atingia prosperidade industrial e São Paulo era considerado um centro cultural, onde muitas ideias fervilhavam. A Semana da Arte Moderna era um movimento revolucionário e pretendia romper com as regras mais rígidas do período Romântico. Essa experimentação de liberdade artística apresentou-se na Literatura, na Dança, na Música, nas Artes Plásticas e também no Teatro. No teatro, como representante dessa época, temos o autor Oswald de Andrade, que escreveu a peça O Rei da Vela, em 1933, que foi encenada em 1967, pelo grupo Oficina, sob a direção de José Celso Martinez Correa, diretor teatral conhecido como Zé Celso e que continua à frente do Teatro Oficina até os dias de hoje, quando o grupo está comemorando 50 anos de existência. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 25 CÊNICAS ARTES DICAS • Uma das características do Teatro Contemporâneo é encenar textos literários, não teatrais. • Você pode encenar, também, apenas alguns fragmentos do texto. • Peça ao seu Professor de Artes Cênicas que lhe mostre outras características do teatro contemporâneo.. Nas décadas de 1960 e 1970, o Brasil passava por uma ditadura política e a censura vetava grande parte de espetáculos e de textos artísticos. Nesse período temos nomes de destaque, entre dramaturgos, atores e atrizes, peças e grupos de teatro: Plínio Marcos, Leilah Assumpção, Oduvaldo Viana Filho, Ruth Escobar Fauzi Arap, Naum Alves de Souza, Mauro Rasi, Gerald Thomas, Zé Celso, Antunes Filho, Hamir Hadad, Augusto Boal e grupos teatrais como TBC, Oficina, Arena, grupo Tapa, entre outros. FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Com o Professor de História ou em casa, com pessoas mais velhas, converse sobre o período da censura (anos 60 e 70). Veja o que eles se lembram dessa época. • Com o Professor de Língua Portuguesa, você pode conseguir informações sobre o Modernismo e a Semana de Arte Moderna. Foi um período bastante interessante. Procure saber mais sobre ele. • Consiga algumas peças escritas por autores da atualidade como Chico Buarque, Miguel Falabella, Dias Gomes ou outros. Você pode fazer uma leitura dramatizada de alguma dessas cenas, escolhendo o grupo que fará parte do seu elenco. • Procure, em jornais, naseção de espetáculos, se há algum grupo de teatro contemporâneo em cartaz. Procure descobrir, no site desses grupos, o tipo de teatro que eles apresentam.. • Escolha uma notícia de jornal, uma poesia ou um texto interessante e encene com um grupo. Seu Professor poderá ajudá-lo nesta tarefa. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 26 CÊNICAS ARTES Como sugestão de texto literário, não teatral, apresentamos a poesia Fim de Feira, de Carlos Drumond de Andrade. Depois de ler, entender e conversar sobre o texto com seus colegas, experimente fazer um jogo teatral com mais três colegas. Dividam as falas entre o grupo e marquem, no espaço cênico, de onde cada um vai falar e que movimentos farão. Peça ao seu Professor para ser o Diretor Teatral. Ele poderá dar muitas sugestões interessantes. Depois do ensaio do seu grupo, apresentem para o restante da turma e conversem sobre o resultado da encenação. FIM DE FEIRA No hipersupermercado aberto de detritos, do Inferno ao barulhar de caixotes em pressa de suor, mulheres magras e crianças rápidas catam a maior laranja podre, a mais bela batata refugada, juntam no passeio seu estoque de riquezas, entre risos e gritos. (CDA - As impurezas do branco. RJ, 1973) EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 27 CÊNICAS ARTES B- TEATRO NO MUNDO No mundo aconteceram diversos movimentos teatrais e diferentes tipos de Teatro. Falaremos apenas de alguns deles. Vejamos: TEATRO MEDIEVAL Esse tipo de Teatro era de origem religiosa. Suas histórias eram tiradas da Bíblia. O palco era a praça central da cidade e toda a população participava dele. No final da Idade Média (começo do século XVI), aparecem os grandes dramaturgos trazendo muitas ideias novas Gil Vicente era um deles. Gil escreveu vários Autos. Leia um trecho do Auto da Barca do Inferno no site www.dominiopublico.gov.br Teatro da Commedia dell’Arte - O teatro moderno começa na Itália, no século XVI, e rompe com as tradições medievais populares. Eles se inspiram em peças de comédias antigas. No século XVII, se espalha por toda a Europa, durante duzentos anos. Os artistas da Commedia dell’Arte deram à atividade teatral uma organização profissional com sua estrutura e normas. Abriram espaço para a participação das mulheres no elenco, criaram uma linguagem própria e um público fiel. Utilizavam muito a improvisação e tinham personagens fixos como os enamorados, o doutor, o velho, os criados e outros, que eram caracterizados por figurinos e máscaras próprias. A companhia era formada por um elenco de dez a doze atores. Cada ator tinha um personagem fixo. Os atores tocavam, cantavam, dançavam, faziam mímicas e acrobacias em cena. Os temas eram quase sempre histórias sobre desencontros amorosos e os finais eram felizes e quase sempre inesperados. FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES • Pesquise o figurino dos personagens da Commedia dll’Arte e tente reproduzi-lo, utilizando materiais diversos. • Faça com papel/papelão fino uma das máscaras utilizadas nesse tipo de teatro. Procure fotos que possam ajudar. Depois de pronta, utilize a máscara e veja como se sente na pele do personagem escolhido. • Faça os personagens fixos, como os criados, que eram representados pelo Arlequim, Polichinelo e Colombina, em forma de bonecos, utilizando garrafas pet, cobertas por tiras de jornal coladas com cola branca e depois pintados com guache colorido ou utilizando outros tipos de papel para as roupas. http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ http://www.dominiopublico.gov.br/ EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 28 CÊNICAS ARTES FAZENDO ARTE: PROPOSTAS DE ATIVIDADES Coloque, no caderno, os outros grandes nomes do Teatro no mundo, como Racine, Molière, Shakespeare, Ibsen, Gogol, Antonin Artaud, Bertold Brecht, Jean Genet, Tenessee Willians, Ionesco, Arrabal e tente descobrir o nome de suas peças mais conhecidas, a nacionalidade deles, em que época viveram e o tipo de teatro que fizeram. Para a pesquisa vale usar vários meios: conversar com pessoas que fazem teatro, buscar na Internet, perguntar aos Professores, procurar no dicionário, nas enciclopédias, em fascículos de jornais e revistas que falem sobre esse assunto. Para ficar mais divertido seu Professor poderá organizar uma gincana, dividindo a turma em equipes e marcando um prazo para que cada equipe traga as respostas ou ele pode, até mesmo, trazer algum material de pesquisa. Aí, é só dar um nome a cada equipe e ver qual delas será a que conseguirá um maior número de respostas ou ainda qual será a equipe que conseguirá terminar a tarefa em primeiro lugar. Leia abaixo o resumo da famosa história Romeu e Julieta, de William Shakespeare e, em duplas, criem os diálogos para uma cena. Depois, façam uma leitura dramatizada para sua turma. Para ficar ainda melhor, a dupla pode até colocar um adereço de figurino durante a leitura. Romeu e Julieta é uma trágica história de amor impossível. Eles pertencem às famílias dos Montéquios e Capuletos, que são inimigas e que sempre se confrontam nas ruas da cidade de Verona. Pela impossibilidade de ter um romance com Romeu, Julieta arquiteta um plano: finge-se de morta, para depois poder fugir com seu amado. Romeu, ao ver a jovem imóvel, dormindo, pensa que ela está morta e se desespera: toma veneno e morre sem saber do plano. Ao acordar e ver o rapaz morto, ela decide matar-se também, usando uma espécie de espada que Romeu carregava com ele. As famílias, arrependidas, se unem na tristeza e prometem construir estátuas de ouro dos dois namorados para que o povo de Verona nunca mais se esqueça de quanto o amor é poderoso. Romeo y Julieta. F. Sydney Muschamp 1886 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 29 CÊNICAS ARTES Ano 2010 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 30 CÊNICAS ARTES ÁREA MÊS DIA E HORÁRIO PÚBLICO DINAMIZADOR OFICINA LOCAL Artes Cênicas Setembro Outubro 18/09 8h às 12h PI Carlos Alberto Nunes da Cunha O Figurino e Cenografia em Sala de Aula (30 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkein Sala de Corte e Costura 18/09 8h às 12h PII Liliane Mundim O Jogo Teatral I: processo A Pedagogia do Teatro (30 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkein Sala de Teatro 25/09 8h às 12h PI Mona Magalhães Personagens: Maquiagem e Caracterização (30 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Camarim do Teatro 25/09 8h às 12h PII Ribamar Ribeiro O Jogo Teatral II: Produto “O Espetáculo Artístico- pedagógico” (30 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkein 22/10 13h às 17h PI Flavio Desgranges A Pedagogia do Espectador (80 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkein Auditório 21/10 13h às 17h PI Beatriz Biange O Processo de Drama (30 vagas) Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkein Auditório Folha 4 da Circular E/SUBE/CED n.º xxxx, de 27/08/2010 Capacitação para Professores I de Artes Cênicas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 31 CÊNICAS ARTES • A oficina consiste no exercício de interpretação onde os participantes deverão se entregar à força física, permitindo a liberdade na atuação, chegando ao desenvolvimento básico da musculatura e dos sentimentos. A oficina propõe o despojamento e a libertação de qualquer vício do ator, onde cada personagem é um novo ser e deve ser interpretado a cada momento.• Formam-se, na expressão exterior, a voz, o gesto e a palavra, trazendo ao ator o jogo da verdade; não há verdade na expressão se a modalidade expressiva exterior não corresponder a um impulso interior. • O reenquadramento de dramaturgia e da cena em moldes desvencilhados de normas e padrões: é esse afã de buscar uma nova significação para a realidade cênica e, por ela obrigado, o forjamento de novas formas, que serão repassados, como campo de experiência, a linguagens diversificadas. Através da fragmentação a palavra se dobra em texto cênico. • O ator consciente: essa é a proposta. Fazer com que o ator utilize o seu objeto de estudo, o corpo, a voz e a alma cênica transformem-se em movimento, interpretação e impulsos verdadeiros, mesmo havendo uma marcação assumida dentro do espetáculo. O ATOR CONSCIENTE Ementa da Oficina: Jogo Teatral II – Produto (espetáculo artístico-pedagógico) “O Ator Consciente” Dinamizador: Ribamar Ribeiro Curso de Formação para Professores de Artes Cênicas SME/2010. Ribamar Ribeiro possui mais de 30 prêmios em Festivais de todo o Brasil como ator, diretor e dramaturgo. Esta mesma Oficina já foi ministrada em vários Festivais dos quais participou. Recebeu o Prêmio Pruri de Melhor Espetáculo e Direção no Festival Nacional de Resende, com o espetáculo “Sobre Mentiras e Segredos”, concorrendo com Amir Haddad pela direção de A Alma Imoral. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 32 CÊNICAS ARTES EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 33 CÊNICAS ARTES Coordenadoria de Educação I CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO 2010 ARTES CÊNICAS - PROFESSOR (A) 1º ao 5º Ano Coordenadoria de Educação I CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO 2010 ARTES CÊNICAS – Professor (a) ÁFRICA DO SUL 1º ao 5º Ano I CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO 2010 ARTES CÊNICAS - PROFESSOR (A) ÁFRICA DO SUL 6º ao 9º Ano EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 34 CÊNICAS ARTES Ano 2011 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 35 CÊNICAS ARTES Semana de Capacitação – Artes Cênicas 2011 Justificativa O presente projeto faz parte da política de Formação Continuada adotada pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, para atender às necessidades de atualização de seu corpo docente. Artes Cênicas 2011 tem como proposta orientar os Professores de Artes Cênicas, em seu retorno às atividades pedagógicas no ano de 2011. Justifica-se também pela necessidade de informar as ações que serão desenvolvidas. Tipo de Ação Palestra, Oficinas e Comunicações 2. Palestras 2.1 -Trabalho de TCC - O Professor de Teatro como intelectual transformador: a Formação Contínua como Possibilidade, baseado em respostas de questionários aplicados à Professores de AC, da nossa Rede. Palestrante - Tamyres Spyke- Graduanda de Licenciatura Plena em AC./UNIRIO: 2.2 Navegando pelo rio: da criação de jogos e criação de cenas Palestrante - Suzana Smidt- USP. 3. Oficinas Tema: A direção teatral e o processo pedagógico coletivo. Dinamizadores: Oficina 1 - Ribamar Ribeiro Oficina 2 - Josué Soares 4. Comunicações – Bloco com 4 comunicadores (M/T), com Professores de AC que participaram da Fase Final da Mostra de Teatro 2010. Programação 1. Reencontro/Boas Vindas: Equipe de artes Cênicas da CED/CT Tema: retrospectiva de 2010 e perspectivas para 2011. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA SEMANA DE CAPACITAÇÃO – 2011 – ARTES CÊNICAS Capacitação para Professores I de Artes Cênicas EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 36 CÊNICAS ARTES COMO SERÃO AS COMUNICAÇÕES: Como se fosse um seminário... •Teremos dois dias, com dois turnos por dia: comunicações dos indicados para a Final da Mostra •Cada comunicador terá ½ hora para apresentar seu trabalho. Sendo 20 min de exposição e 10 min para responder à perguntas da plateia. As comunicações serão apresentadas em PowerPoint, com as seguintes divisões: • 5 min para apresentação do trabalho (título, tema, ementa, créditos) • 10 min para apresentação do processo: com as etapas pedagógicas: unidade do planejamento escolha do tema, atividades • fotos/vídeos inseridos • 5 min para avaliação • Mínimo de 10 slides, máximo de 15 slides. • Total: 20 min + 10 min para perguntas da plateia. PROFESSOR(a) ESPETÁCULO CRE Alessandra D. Brandão Tragédia na Bahia 1ª Alessandra Garcia Preconceito, joga fora no lixo! 1ª Celia Damiana Cenas Cariocas 5ª Claudia Vieira A magia das Águas 9ª Claudia Vieira Um olhar sobre as poesias de Bertold Brecht 10ª Flávio Mota O Baú de Maria Clara 2ª Isabella Almeida O mundo ideal 4ª Marcio Saretta Era uma vez... sem palavras! CIAD Marco de Aquino Trágicas carioquices rodigueanas 10ª Mayra Alves Loucura Feliz 7ª Patricia Garcia Apologo Brasileiro sem véu de alegoria 4ª Patrícia Prado O médico à força 2ª Sirlene Alves A Aurora da minha vida 9ª Symone Tatagiba O menino narigudo 7ª Tania Queiroz O flautista de Hamelin 2ª Tathiana Treuffar O casamento Caipira 10ª Comunicações Professores de AC que participaram da Fase Final da Mostra de Teatro de 2010 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 37 CÊNICAS ARTES AÇÕES PEDAGÓGICAS 2011 Capacitação em Artes Cênicas, preparatória para a Mostra Estudantil de Teatro da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro/2011 Justificativa O presente projeto justifica-se pela necessidade de Capacitação dos Professores I de Artes Cênicas, com vistas à participação na Conexão das Artes/Mostra Estudantil de Teatro da Rede Municipal de Ensino, que este ano terá como personalidade teatral homenageada o autor Ariano Suassuna . Módulo II Montagem Cênica • criação coletiva de produto artístico-pedagógico • 7 oficinas de Direção Teatral, com carga horária de 04h cada, perfazendo um total de 28h • 4 oficinas de preparação vocal, com 4h ada, perfazendo um total de 16h Atelier de figurino: total de 30h de trabalho Apresentação da Montagem Cênica 4 apresentações, em teatros, do produto artístico- pedagógico, sendo uma em cada polo: Centro, Zona Sul, Zona Norte e Zona Oeste, para a Comunidade Escolar do entorno. Reunião Técnica/ Avaliação - 4h para todos os Professores envolvidos no processo. Descrição da ação O Projeto de Capacitação se constituirá das seguintes ações: Módulo I Fundamentação prática – Oficinas com carga horária de 4h para 20 Professores I, de AC, em cada uma. Fundamentação teórica - 1 palestra para 30 Prof. I, de AC, com carga horária de 3h. Tema: Teatro Popular Conteúdos: Abordagem histórica e estética do Teatro Popular com foco na dramaturgia de Ariano Suassuna, Direção teatral, Preparação Vocal, Criação e Execução de Figurinos. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE ARTES CÊNICAS-2011 EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 38 CÊNICAS ARTES Formação Continuada para Professores de Artes Cênicas OFICINAS DE TEATRO Inscrições Abertas Vocês podem se inscrever em quantas oficinas quiserem!!! Dinamizador: RIBAMAR RIBEIRO – Diretor Teatral Local : Centro de Artes Calouste Gulbenkian (sala de Teatro ou Dança) OFICINA 3 - Dia 24 de agosto - 4ª feira, de 9h às 13h Leitura Dramatizada/Teatro Popular OFICINA 4 - Dia 30 de agosto - 3ª feira, de 13h às 17h Personagens/tipo-Teatro Popular OFICINA 5 - Dia 31 de agosto - 4ª feira, de 13h às 17h Dramaturgia de Ariano Suassuna PALESTRA – DIA 27 DE AGOSTO – SÁBADO DE 9h às 12h – Auditório do Calouste Tema: A dramaturgia de Ariano Suassuna e a cena Teatral Contemporânea INSCRIÇÕES PELOS TELEFONES: 2976-2328 OU 2976 -2335 • (ANGÉLICA ou ROSÂNIA) (tragam roupa para trabalho corporal) AÇÕES PEDAGÓGICAS 2011 Capacitaçãopara Professores I de Artes Cênicas MÓDULO I FUNDAMENTAÇÃO PRÁTICA OFICINAS: Abordagem histórica e estética do Teatro Popular com ênfase na dramaturgia de Ariano Suassuna 1. Análise da Dramaturgia Popular Universal 2. O Teatro Popular Brasileiro 3. Leituras Dramatizadas de Textos do Teatro popular 4. Os Personagens/Tipos do Teatro Popular Brasileiro 5. Características da Dramaturgia de Ariano Suassuna EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 39 CÊNICAS ARTES Roteiro da Palestra O Teatro de Ariano Suassuna e a Cena Teatral Contemporânea Palestrante: Elza de Andrade (Prof.ª Dr.ª em Teatro / UNIRIO) Dia: 27 de agosto de 2011 (Sábado) - de 9h às 12h. Breve Biografia do Autor • 16 de junho de 1927 – nasceu na cidade de Nossa Senhora das Neves, na ocasião, capital da Paraíba. • Com pouco mais de três anos, perde o pai. Essa perda deixa profundas marcas que repercutem na sua escrita e na escolha de seus enredos. • A mãe/viúva se transfere para o sertão da Paraíba – para a cidade de Taperoá com os nove filhos, onde Ariano fez seus estudos primários. A cidade de Taperóa estará presente em grande parte da obra do escritor. • A infância passada no sertão familiarizou o futuro escritor e dramaturgo com os temas e as formas artísticas que viriam mais tarde constituir seu universo ficcional, ou, como ele próprio o denomina, seu “mundo mítico”. Em 1942 mudou-se com a família para o Recife. • Em 1946 ingressa na Faculdade de Direito do Recife, onde conheceu Hermilo Borba Filho e passou a fazer parte do Teatro do Estudante de Pernambuco (TEP). PALESTRA 2011 MÓDULO I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 40 CÊNICAS ARTES • Em 1947, escreve a primeira peça “Mulher vestida de sol”. 1955: escreve o “Auto da Compadecida”, até hoje seu maior sucesso. 1957: “Casamento Suspeitoso” e “O santo e a porca”. 1959: “A pena e a lei”. 1960: “Farsa da boa preguiça”. • De 1958 a 1970 escreve o “romance-armorial popular brasileiro” – Romance da Pedra do Reino e o Príncipe do Vai e Volta – seu mais famoso romance, publicado em 1971. Em 2005 teve a segunda edição esgotada em menos de um mês, o que é um fato raro para um volume com cerca de 600 páginas. Em 18 de outubro de 1970, lança o “Movimento Armorial”. • Em 1976 doutorou-se em História pela Universidade Federal de Pernambuco, onde foi Professor das disciplinas Estética e Teoria do Teatro / Literatura Brasileira / História da Cultura Brasileira. Aposentou-se em 1994. • Desde 1990, passa a ocupar a cadeira de número 32, da Academia Brasileira de Letras. • Foi secretário de Educação e Cultura de Pernambuco, de 1994 a 1998, no governo de Miguel Arraes. • Suas obras já foram traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 41 CÊNICAS ARTES O Movimento Armorial – 18 de outubro de 1970 • "A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem, como traço comum e principal, a ligação com o espírito mágico dos "folhetos" do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus "cantares", e com a Xilogravura, que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados". (Ariano Suassuna, Jornal da Semana, Recife, 20 maio 1975). • Armorial... palavra sonora, que evoca brasões e emblemas, palavra um pouco misteriosa que provoca estranhamento e chama a atenção. Ariano Suassuna escolhe esse nome para batizar um movimento cultural que nasce no Recife e lá se desenvolve, nos anos 70, até tornar-se um dos polos da criação artística do Nordeste na época. • Um concerto e uma exposição de artes plásticas marcam a aparição do movimento que reúne, em torno do escritor e homem de teatro, um grande número de artistas, músicos, escritores e poetas, conhecidos ou não. Por ter uma localização regional precisa e pela “nordestinidade” afirmada e assumida de seus participantes, o Movimento Armorial foi imediatamente compreendido como uma nova manifestação do chamado “espírito do Recife”. (Santos, 1999, p.13) http://pt.wikipedia.org/wiki/Folhetos http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel http://pt.wikipedia.org/wiki/Literatura_de_Cordel http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsica_de_viola&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsica_de_viola&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsica_de_viola&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsica_de_viola&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=M%C3%BAsica_de_viola&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Rabeca http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%ADfano http://pt.wikipedia.org/wiki/Xilogravura EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 42 CÊNICAS ARTES Antonio Nóbrega – um artista armorial • Filho de médico, ingressou, aos 12 anos, na Escola de Belas Artes do Recife. Foi aluno do violinista catalão Luís Soler e estudou canto lírico com Arlinda Rocha. Com formação clássica, começou sua carreira na Orquestra de Câmara da Paraíba em João Pessoa, onde atuou até o final dos anos 1960. Na mesma época participava da Orquestra Sinfônica do Recife, onde fazia também apresentações como solista. • Em 1971, Ariano Suassuna procurava um violinista para formar o Quinteto Armorial e, após ver Antônio Nóbrega tocando um concerto de Bach, lhe fez o convite que mudaria completamente sua carreira musical. Antônio Nóbrega, que até essa ocasião tinha pouco conhecimento da cultura popular, passou a manter contato intenso com todas suas expressões, como os brincantes de caboclinho, de cavalo- marinho e tantos outros, que passou a conhecer e pesquisar. https://youtu.be/9PDf6Tc5tgY?list=PLkuymT0sa6fWxGv4XYhqnvzMJJmOYw6ny • Nóbrega revelou-se um fenômeno, ao conseguir unir a arte popular com a sofisticação. É, literalmente, um homem dos sete instrumentos, capaz de cantar, dançar, tocar bateria, rabeca, violão etc. Realizou espetáculos memoráveis em teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo, com destaques para Figural (1990) e Brincante (1992). Figural é um espetáculo em que Nóbrega, sozinho no palco, muda de roupa e de máscaras para fazer uma das mais ricas demonstrações da cultura popular brasileira e mundial. h ttp ://casavo gu e.glo b o .co m / SAIBA MAIS!!! http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade) http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(cidade) EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 43 CÊNICAS ARTES “O primeiro ato fundamenta-se, ao mesmo tempo, numa notícia de jornal e numa história tradicional, anônima, de mamulengo. O segundo ato, na história, também tradicional, de um macaco que perde o que ganhara após várias trocas – história que é a origem do “romance”, também de autor anônimo, sobre o homem que perde a cabra, e que também me serviu de fonte. O terceiro ato baseia-se num conto popular, o de “São Pedro e o Queijo”, e noutra peça tradicional de mamulengo, chamada “O Rico Avarento”.” Reelaboração Dramatúrgica em Ariano Suassuna Para conhecer melhor a obra de Suassuna, é necessário compreender que grande parte de seu texto é composto a partir da reelaboração de diferentes materiais. “As duas peças de mamulengo que serviram de fonte à minha pesquisa foram ultimamente divulgadas, no Nordeste, pelos mamulengueiros conhecidos como “Professor Tira-e- Dá” e “Benedito”. Por sua vez, o “folheto”popular também teve sua versão recente através do folheto denominado “O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna”, de autoria de Francisco Sales Arêda.” (Prefácio da peça) Farsa da Boa Preguiça ”A Farsa da Boa Preguiça, como já acontece com outras peças minhas, foi escrito com base em histórias populares nordestinas.” EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 44 CÊNICAS ARTES A História do Amor de Romeu e Julieta Baseado no folheto de João Martins Athayde, com a inclusão do poema de Garcia Lorca, “A casada infiel”, na cena de amor de Romeu e Julieta. O Santo e a Porca e “O Avarento” de Molière Baseado na comédia romana de Plauto, A comédia da panela. Conta a história de um homem avarento que escondia o dinheiro num cofre em formato de porca. Molière também já tinha se inspirado na mesma peça de Plauto para escrever “O Avarento”. Romeu e Julieta – Shakespeare, escrita entre 1594 e 1597 A tragédia de Romeu e Julieta é considerada verídica, tendo, provavelmente, acontecido nos primeiros anos do século XIV. Apesar disso, é tema muito antigo, já existindo na literatura grega história semelhante. Luigi da Porto é o primeiro a usar o nome de Romeu e Julieta. Mateo Bandello adapta a história que foi traduzida para o francês por Pierre de Boisteau de Launay. Arthur Brooke traduziu desta última fonte em versos ingleses, dando-lhe o título de Tragical History of Romeo and Juliet, com o qual publica o poema em 1562. Foi daí que Shakespeare tirou inspiração para a sua tragédia, que segue fielmente a versão de Brooke. Brooke diz ter visto representar o mesmo argumento, o que faz os estudiosos acreditarem ter Shakespeare feito uso de uma peça ainda mais antiga, possivelmente La Hadriana, tragédia de Luigi Groto, mas tal versão está desaparecida, só existindo hoje a que foi inspirada na obra de Brooke. • A reelaboração de materiais na construção dramatúrgica é um procedimento bastante comum entre alguns dos grandes autores. • O Professor de teatro também pode lançar mão desse procedimento, trabalhando com os materiais trazidos ou produzidos pelos alunos. Isso aproxima o trabalho do universo de conhecimento do aluno e pode ser um estímulo à construção de uma dramaturgia adaptada, reelaborada ou atualizada. EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 45 CÊNICAS ARTES PROCEDIMENTOS ÉPICOS PARA A CONSTRUÇÃO DO ESPETÁCULO 1) Relação direta e livre com a plateia – não há 4.ª parede 2) Transposição para e 3.ª pessoa: Ele / Ela – a voz do narrador 3) Transposição para o passado 4) Canções que devem ser críticas, não descritivas. 5) Jogo de troca de papéis entre os atores 6) Jogo de multiplicação de papéis. Vários atores fazendo juntos o mesmo personagem. 7) Imagens, cartazes, fotos, filmes etc. Material imagético. 8) Repetição da mesma cena já apresentada. A repetição pode ser apresentada em outro ritmo (mais lenta, mais acelerada), de forma resumida (tirando-se o texto e mostrando apenas a marcação cênica). 9) Exagero como procedimento de estranhamento. A atuação/teatralidade expandida. 10) Citações – de diferentes textos / citar outros personagens / citar acontecimentos do cotidiano, da região onde o aluno mora, da cidade etc, com o intuito de criar uma cumplicidade e uma aproximação. INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS SOBRE A OBRA DE ARIANO SUASSUNA RABETTI, Beti (org.). Teatro e comicidades: estudos sobre Ariano Suassuna e outros ensaios. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2005. SANTOS, Idelette Muzart Fonseca dos. Em demanda da poética popular: Ariano Suassuna e o Movimento Armorial. Campinas, São Paulo: Unicamp, 1999. VASSALLO, Ligia. O sertão medieval: origens européias do teatro de Ariano Suassuna. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1993. Outra indicação é o prefácio de suas peças. Sempre antes de começar o texto da peça publicada, Suassuna escreve um longo prefácio, onde traz informações sobre a obra. Filmes “O Auto da Compadecida” – Direção de Guel Arraes, Globo Filmes, 2000. A micro série (5 capítulos) “A Pedra do Reino” – Direção de Luiz Fernando Carvalho, 2007. http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.elaineelesbao.com.br http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.elaineelesbao.com.br EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 46 CÊNICAS ARTES Curso de Formação Continuada em Artes Cênicas / Módulo II - Montagem Cênica OUTUBRO / 2011 - MARCIA VALERIA / Atelier de Figurino "Estudando a história da indumentária podemos observar que a simbologia sempre foi intensa na construção dos trajes. Tem significados perante a sociedade, perante a personalidade, perante uma forte distinção de classes, exploração de artifícios sexuais ou até ocultação destes artifícios. No teatro ou em qualquer outra representação artística, temos a representação desses significados e caracterização subliminar ou exagerada através das roupas e acessórios, os quais se encarregam de transmitir as mensagens sugeridas“. GHISLERI, Janice. “Como entender a importância do figurino no espetáculo?” FIGURINO Figurino é o traje usado por um personagem de uma produção artística (cinema, teatro ou vídeo) e o figurinista é o profissional que idealiza ou cria o figurino. “É necessário que o figurinista conheça a fundo a história a ser tratada no trabalho, pois o figurino tem que revelar muito dos personagens. Para elaborá-lo, o figurinista deve levar em conta uma série de fatores como a época em que se passa a trama, o local onde são gravadas as cenas, o perfil psicológico dos personagens, o tipo físico dos atores e as orientações de luz e cor feitas pelo diretor de arte.” GHISLERI, Janice. Linguagem do Vestuário Teatral O figurino é composto por todas as roupas e acessórios dos personagens, projetados e/ou escolhidos pelo figurinista, de acordo com as necessidades do roteiro, personagem, da direção do filme e as possibilidades do orçamento. É mais que uma simples veste, mais que uma roupa. Possui uma carga, um depoimento, uma lista de mensagens implícitas visíveis e subliminares sobre todo o panorama do espetáculo. Possui funções específicas dentro do contexto e perante o público, ora com grau maior ora menor. A roupa faz transparecer sentimentos, vida, estética, movimento, posição social, épocas e lugares através de suas formas, cores e texturas. Estabelecido isso, o espectador, ao olhar o conjunto, faz a identificação imediata da situação ou do simbolismo da personagem dentro da peça, junto com os outros elementos cênicos. Os acessórios, com seus significados simbólicos, ajudam a acentuar os objetivos e linguagens que o todo quer passar. F re e p ik .c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 47 CÊNICAS ARTES Se a mensagem (história) do espetáculo não causar efeito e não atingir o público, este não entende a mensagem, não se emociona, não ri nem chora, não reflete sobre o que está vendo e ouvindo, e nada lhe altera os sentimentos. Podemos concluir que não houve comunicação. Os signos reforçam-se uns aos outros, se completam, e essas combinações e afinidades formam uma linguagem homogênea que deve ser transmitida. Os signos teatrais são artifícios planejados e induzidos onde os atores e os outros elementos cênicos (cenários, iluminação, figurino, atores etc) são encarregados de passar. Se por acaso um desses signos estiver em desarmonia, fora do contexto, há uma quebra e o espectador pode ser sugado da fantasia e voltar à realidade, visualizando um simples teatro. Mesmo que o espectador tenha que ter o trabalho de decifrar e questionar, pensar sobre o que os elementos e signos significam, para que possa compreender a história, isso não pode ser excessivo, pois podelevar ao descaso. Muitos elementos e signos são tão sutis e subliminares, que passam despercebidos, ainda que possuam uma missão importante para o contexto visual, ou seja, um figurino descuidado afeta a chamada “suspensão da descrença”, interferindo na verossimilhança da narração. Figurinos também fazem uso dos clichês visuais, estereótipos e arquétipos para facilitar sua identificação no palco, pois algumas roupas são usadas sempre para um mesmo fim, e assim, socialmente, começa a se criar uma identificação automática, um canal de assimilação pela lógica. Enfim, o figurino é parte de suma importância do espetáculo, pois através dele se cria uma linguagem através das formas, cores, texturas; é transmitida a época, a situação econômica política e social; é indicada a região ou cultura, o estilo da personagem, estação climática, o aspecto psicológico, ou seja, todos os elementos necessários para passar ao espectador o sentido do espetáculo, devendo mostrar as relações entre todos os personagens e ser complementar aos outros elementos da cena. "O que um figurinista faz é um cruzamento entre magia e camuflagem. Nós criamos a ilusão de mudar os atores em algo que eles não são. Nós pedimos ao público que acreditem que cada vez que eles veem um ator no palco ele se tornou uma pessoa diferente." Edith Head. Personagem O figurino serve à narrativa ao ajudar a diferenciar (ou tornar semelhante) os personagens, e ajuda a identificar em que arquétipo (clichê e estereótipo) o personagem se encaixa. O figurino muitas vezes serve como elemento para identificar o personagem e separá-lo da persona do ator que o interpreta. As roupas também podem servir para delinear a história de um personagem, seja através do estado em que elas se encontram ou da significação que a peça, ou parte dela, tem dentro da estrutura do filme. Lembremos que o figurino significa o ponto do espaço-tempo em que a história se insere, marca passagens de tempo e também indica as características sociopsicológicas dos personagens. b r. p in te re s t. c o m EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 48 CÊNICAS ARTES Estilo Se é realista ou estilizado, como demonstra a classificação adotada por Marcel Martin e Gérard Betton: • Realistas: comportando todos os figurinos que retratam o vestuário da época retratada pelo filme com precisão histórica. • Para-realistas: O figurinista inspira-se na moda da época para realizar seu trabalho, mas procedendo de uma estilização onde a preocupação com o estilo e a beleza prevalece sobre a exatidão pura e simples. • Simbólicos: quando a exatidão histórica perde completamente a importância e cede espaço para a função de traduzir simbolicamente caracteres, estados de alma, ou, ainda, de criar efeitos dramáticos ou psicológicos. Cores expressam sensações e podem definir um contexto com muitos significados. Através das cores pode-se detectar o estado de espírito (se está alegre, triste, de luto, se é recatada, clean, rebelde, etc) e o gênero no qual a peça/filme está inserida/o (drama, comédia etc). Elementos de um figurino Volume Produções estilizadas pode ser utilizadas de formas exageradas ou pequenas demais para enfatizar uma cena. Pode-se utilizar para ressaltar aspectos do corpo do ator como, por exemplo, uma barriga saliente num personagem com caráter cômico. Volume Estilo Cores Texturas Através das texturas pode-se demonstrar algo sobre o personagem no relacionamento dele com os outros personagens, ou de determinados grupos. A demonstração de classes sociais menos favorecidas geralmente é visualizada fortemente em tecidos mais rústicos. A textura também expõe ocasiões. “Muitas vezes a escolha do vestuário muda de significado segundo o contexto em que se insere. Por exemplo, usar camisola para dormir tem um significado, mas sair à rua com ela tem outro bem diferente. E todas essas significações auxiliam na personificação de um personagem.” GHISLERI, Janice. Linguagem do Vestuário Teatral É de suma importância notar o figurino corresponde ao contexto pedido na cena, assim como observar a ambientação culturalmente, temporalmente, se não há conflito entre o figurino, a cenografia e a iluminação, para que não haja uma descaracterização, ou sobreposição de sentidos que faça o figurino perder em conceito. Contexto e ambiente EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 49 CÊNICAS ARTES Silhueta A silhueta do figurino o insere temporalmente. O figurino deve não apenas possuir movimento próprio, para assim prender o olhar do espectador, ao traçar seu caminho no palco, como condizer com as necessidades de movimentação do personagem. Nesse caso, acessórios merecem especial atenção, uma vez que se o personagem segurar algo em suas mãos terá a movimentação, de certa, forma limitada. Movimento da roupa e da personagem COSTA, Francisco Araujo da. O figurino como elemento essencial da narrativa. Porto Alegre. 2002. GHISLERI, Janice. Linguagem do Vestuário Teatral. GHISLERI, Janice. Como entender a importância do figurino no espetáculo? Bibliografia Aprendendo a fazer figurinos EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 50 CÊNICAS ARTES Oficina de Preparação Vocal Resumo didático-pedagógico com bibliografia de referência Dinamizador: Getulio Nascimento Exercícios Vocais 2. Sibilação: 2.1 - Execute estas sílabas: Zi - Si - Fi - Chi - Vi - Gui - Qui - Z - S - F - C - V 2.2 - Para articulação dos RR: Bar - Mur - Per - Vur - Der - Xar - Cor -Ter - Quer – Dru - Cro - Vri - Fra - Tre - Terê - Fará - Viri - Coro – Duru. Obs. De forma suave, com baixa intensidade. ME - TRÚ - VÊ - JÊ - QUE - GUE - ZÊ – BRÊ 1. Relaxamento: - Circular a cabeça para a direita e para a esquerda - Circular a cabeça para os lados, para cima e para baixo - Fazer caretas procurando utilizar todos os músculos do rosto -Articular A/E/I/O/U, forçando o diafragma e anasalando as expressões 3. Limpeza das cordas vocais e fonoarticulação: "O mameluco maluco e melancólico meditava e a megera megalocéfala macabra e maquiavélica mastigava mostarda na maloca, minguadas e míseras miavam na moagem mas mitigavam mais e mais as meninas" 4. Para leitura lenta: "E há nevoentos desencantos dos encantos dos pensamentos nos santos lentos dos recantos bentos, dos cantos dos conventos. Prantos de intentos, lentos tantos que encantam os atentos ventos EM CENA: O ENSINO DE TEATRO 2009 / 2016 Página 51 CÊNICAS ARTES 5. “Cuidados com a voz Períodos curtos de rouquidão em adultas geralmente não são motivos de maiores preocupações. Costumam aparecer por causa de gripes que atingem a laringe, onde estão localizadas as cordas vocais. Dificuldades emocionais também podem estar por trás dos sintomas. A associação entre agressões físicas causadas pelo cigarro, alergias, infecções e o uso inadequado da voz é de fato o agente causador de boa parte dos problemas das cordas vocais. A ansiedade aumenta a tensão muscular e modifica a postura. O paciente tende a não relaxar o corpo para a respiração diafragmática, a forçar a voz na garganta e até se agitar sem motivo. O tratamento desses casos conjuga exercícios de fonoaudiologia com técnicas de relaxamento e diminuição de ansiedade. 6. Exercícios Para Relaxamento 6.1 - Com os olhos fixados, comece a massagear a cabeça com as pontas dos dedos (lavar a cabeça), e, ao mesmo tempo, vá eliminando todo e qualquer pensamento. 6.2 - Alternando a palma da mão e a ponta dos dedos, massageie todo o rosto (amassar o rosto). 6.3 - Movimente a cabeça para um lado e para outro (direita e esquerda) como se quisesse encostar a cabeça nos ombros (não mexa os ombros),alterne o movimento passando a movimentar a cabeça para frente e para trás. Por último,
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