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5_ERTHAL Psicoterapia Vivencial Cap 2- a formação do psicoterapeuta (1)

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Ficha	Técnica:
Trilogia	da	Existência:	Teoria	e	Prática	da	Psicoterapia	Vivencial
TEREZA	CRISTINA	SALDANHA	ERTHAL
Editora	Appris	Ltda.
1ª	Edição	-	Copyright©	2013
Todos	os	Direitos	Reservados.
	
Editor	Chefe:
Vanderlei	Cruz
editorchefe@editoraappris.com.br
	
Coordenação	Editorial:
Marli	Caetano
editorial@editoraappris.com.br
	
Coordenação	Administrativa:
Eliane	Andrade
administrativo@editoraappris.com.br
	
Diagramação	e	Projeto	Visual:
Sara	Coelho
Bruno	Braz
	
Conversão	para	ePub
Cumbuca	Studio
Dados	Internacionais	de	Catalogação	na	Publicação	(CIP)
Elaborado	por	Sônia	Magalhães
Bibliotecária	CRB9/1191
E73t
2013
Erthal,	Tereza	Cristina	Saldanha
Trilogia	da	existência	:	teoria	e	prática	da	psicoterapia	vivencial	/	Tereza	Cristina	Saldanha	Erthal.	–	1.
ed.	–	Curitiba	:	Appris,	2013.
407	p.	;	27	cm
	
Inclui	bibliografias
ISBN	978-85-8192-131-0
	
1.	Psicoterapia.	2.	Existencialismo.	3.	Filosofia	existencial.	4.	Psicologia.	I.	Título.	II.	Série.
CDD	20.	ed.	–	616.8914
Editora	e	Livraria	Appris	Ltda.
Rua	José	Tomasi,	924	- 	Santa	Felicidade
Curitiba/PR	- 	CEP:	82015-630
Tel:	(41)	3156-4731	|	(41)	3030-4570
http://www.editoraappris.com.br
mailto:editorchefe@editoraappris.com.br
mailto:editorial@editoraappris.com.br
mailto:administrativo@editoraappris.com.br
http://www.editoraappris.com.br
Capítulo	II
A	FORMAÇÃO	DO	PSICOTERAPEUTA	NA	TERAPIA	VIVENCIAL:	UM
ASPECTO	GERAL
“Atribuir	uma	norma	fixa	a	uma	espécie	em	mutação
é	como	atirar	às	cegas	num	pássaro	voando”.
BARRY	STEEVENS
UM	ASPECTO	GERAL	DA	FORMAÇÃO
Na	 formação	 adequada	 de	 um	 psicoterapeuta	 existencialista	 devem	 estar	 presentes	 a
constante	 responsabilidade,	 a	 busca	 de	 desenvolvimento	 pessoal	 e	 o	 aprimoramento	 cada	 vez
maior	 da	 sensibilidade,	 da	mesma	 forma	 que	 o	 preparo	 teórico	 e	 técnico	 adequados.	 Havendo
flexibilidade	 em	 sua	 atuação,	 consegue	 apreender	 o	 momento	 do	 seu	 cliente	 e	 a	 forma	 como
conduzir	a	entrevista.
Toda	a	atitude	que	o	iniciante	precisa	desenvolver	em	relação	a	seu	cliente	já	é	vivenciada	pela
relação	estabelecida	como	supervisor.	Desde	o	início,	na	entrevista	de	seleção,	a	ênfase	é	dada	na
relação	 onde	 são	 observados	 comportamentos	 como	 o	 grau	 de	 relacionamento,	 a	 empatia,	 a
capacidade	 de	 reflexão	 e	 crítica,	 a	 flexibilidade,	 o	 nível	 de	 concentração	 e	 conhecimento	 etc.	 A
escolha	 pode	 ser	 baseada	 na	 observação	 do	 desenvolvimento	 do	 indivíduo	 durante	 o	 próprio
curso.	Na	formação	está	presente	também	a	crença	na	capacidade	da	pessoa	de	se	autogerir	e	por
isso	é	dada	ênfase	à	autonomia	(coerência	com	a	atitude	filosófica	adotada).
A	formação	de	um	psicoterapeuta	existencial	se	apresenta	em	quatro	fases:
1.	Estudo	da	Filosofia	Existencial
2.	Estudo	da	Psicologia	Existencial
3.	Estudo	da	Teoria	da	Prática	Psicoterápica
4.	Prática	propriamente	dita.
Os	dois	primeiros	se	destinam	a	dar	a	base	teórica	necessária	à	compreensão	do	ser	humano.
Várias	teorias	são	examinadas	e	exemplificadas	com	casos	para	que	o	supervisando	possa	ver	a	sua
nítida	aplicação.	É	importante	a	incorporação	dos	conceitos	básicos	para	que	se	passe	para	outro
estágio.	O	terceiro	é	pré-prático	e	destina-se	a	treinar	os	iniciantes	no	método	fenomenológico	e
nas	 atitudes	 básicas	 que	 deve	 desenvolver	 –	 desde	 os	 tipos	 de	 respostas	 terapêuticas	 à
compreensão	 da	 dinâmica	 do	 cliente.	 Dramatizações	 são	 frequentemente	 utilizadas	 para	 que
possam	 ser	 treinadas	 respostas	 diante	 de	 situações	 que	 normalmente	 ocorrem	 no	 “setting”
terapêutico.	O	estudo	com	gravações	torna	o	indivíduo	mais	sensível	à	escuta,	avaliando	melhor	o
que	 se	 passa	 com	 o	 cliente,	 transcendendo	 As	 palavras	 e	 captando	 a	 essência	 daquilo	 que	 é
explicitado.	 Esse	 treino	 ajuda	 a	 fazer	 com	 que	 o	 iniciante	 observe	 seus	 erros	 e	 amplie	 a	 sua
Juliana
Destacar
capacidade	 empática.	 Eventuais	 dinâmicas	 de	 grupo	 são	 necessárias	 para	 desenvolver	 a
sensibilidade	às	relações	humanas.
Embora	as	técnicas	sejam	secundárias	à	compreensão,	são	ocasionalmente	usadas	e,	portanto,
levadas	 ao	 treinamento	 nessa	 fase.	 Geralmente,	 são	 técnicas	 retiradas	 de	 outras	 abordagens
desde	que	desafiem	o	cliente	a	perceber	as	formas	de	evitação	de	tomada	de	decisão	e	a	fazer
uma	avaliação	a	respeito	disso	(ex.:	técnicas	de	exploração	da	autoimagem,	exploração	do	conflito
interno,	trabalho	com	sonhos	etc).
A	última	etapa	é	a	 supervisão.	Pode	 ser	 realizada	 individualmente	ou	em	grupo.	A	primeira	é
indicada	 para	 trabalhar	 problemas	 de	 ordem	 emocional	 do	 supervisando	 tendo	 que	 se	 ter	 um
cuidado	maior	para	não	cair	numa	psicoterapia.	A	de	grupo	é	adequada	na	influência	do	grupo	no
que	toca	à	formação	de	atitudes	e	à	catalisação	do	processo	de	aprendizagem.
Geralmente	o	uso	de	espelhos	unidirecionais,	filmagens	e/ou	gravações	são	meios	que	ajudam	o
iniciante	a	participar	de	uma	sessão	terapêutica	duplamente:	primeiro	atuando,	depois	observando
a	sua	atuação,	ajudando-o	a	perceber	suas	dificuldades	e	com	isso	ampliando	suas	possibilidades.
A	 supervisão	 é	 a	 maneira	 de	 avaliar,	 corrigir	 e	 refletir	 sobre	 sua	 experiência;	 é	 dar	 ao
psicoterapeuta	iniciante,	e	eventualmente	ao	psicoterapeuta	experiente,	de	forma	sistemática,	o
contexto	de	relação	apropriado	à	reflexão	sobre	a	situação	terapêutica.	Baseado	na	experiência,	o
supervisor	reflete	junto	com	o	supervisando,	na	relação	de	supervisão,	a	relação	terapêutica	–	não
apenas	a	que	foi	vivida,	mas	também	a	que	está	sendo	vivida	naquele	momento,	refletindo,	desta
forma,	no	aqui	e	agora,	a	relação	na	relação.
É	fundamental	que	se	considere	o	momento	do	iniciante,	isto	é,	aquilo	que	naquele	instante	ele
está	 podendo	 compreender	 e	 assimilar.	 Além	 do	 mais,	 cada	 relação	 supervisor-supervisando	 é
única	e	irrepetível	exatamente	como	a	relação	terapêutica,	dado	que	torna	imprescindível	a	ênfase
na	relação	como	forma	de	generalização	para	a	relação	terapeuta-cliente	futura.
Em	toda	ciência	humana,	a	observação	é	um	instrumento	vulnerável	à	subjetividade,	a	interferir
no	comportamento	do	observado	ou	a	deixar-se	influenciar	por	este.	Mas	é	um	erro	criticar	esse
fato	já	que	é	impossível	haver	separação	entre	sujeito	e	objeto	exatamente	como	ocorre	com	as
ciências	exatas,	pois	um	e	outro	participam	da	mesma	realidade	existencial.	O	que	é	discriminante
são	os	diferentes	papéis	adotados.	Mas	embora	o	relacionamento	deva	ser	empático,	em	que	o
foco	 é	 relacional	 (e	 não	 somativo),	 pode	 acontecer	 que	 o	 iniciante	 se	 defenda	 projetando	 no
cliente	características	conflitivas	suas.	E	geralmente	a	defesa	maior	é	manter,	a	qualquer	custo,	o
status	profissional	frente	ao	cliente	para	que	isso	seja	minimizado.	Recomenda-se	que	o	terapeuta
seja	 submetido	 a	 uma	psicoterapia,	 experimentando	o	papel	 do	paciente-terapeuta,	 e	 obtendo
assim	melhor	desenvolvimento	na	empatia,	vencendo	os	possíveis	 temores	de	uma	 identificação
sem	retorno.	No	 início,	os	 supervisandos	 sofrem	uma	“crise”	de	 identidade	ao	 ter	que	passar	do
status	de	estudante	para	o	de	profissional.	Em	busca	de	um	maior	autoconhecimento,	aprendem	a
lidar	 com	os	próprios	 conflitos,	podendo	manejar	 conflitos	alheios	 com	 relativa	 imparcialidade	e
objetividade.	 A	 psicoterapia	 facilita	 o	 trabalho	 de	 supervisão	 que	 estaria	 mais	 voltada	 para
aspectos	 técnicos	 do	 treinamento,	 sem	 os	 grandes	 desgastes	 que	 os	 problemas	 pessoais
acarretam.
Existem	 dois	 tipos	 de	 trabalhos	 enfocados	 na	 prática,	 de	 acordo	 com	 Rogério	 Buys	 (1987):
dimensão	relacional,	que	focaliza	tanto	a	experiência	do	terapeuta	quanto	a	experiência	do	cliente
(tal	como	é	vista	pelo	terapeuta);	e	a	 relação	vivência	aprendizagem,	ou	seja,	o	supervisor	pode
intervir	 tanto	 de	 maneira	 experimental,	 focalizando	 os	 sentimentos	 do	 psicoterapeuta	 ou	 do
cliente,	como	pode	intervir	didaticamente	a	nível	teórico-técnico.
A	intervenção	didática	tem	dupla	função	no	contexto	da	supervisão,	relacionada	tanto	como
nível	teórico	quanto	técnico:	ao	mesmo	tempo	em	que	aprofunda	a	visão	crítica,	oferece,	ao	nível
técnico,	instrumentos	comportamentais	para	trabalhar	com	o	seu	cliente	em	psicoterapia.
Pela	minha	experiência	com	grupos	de	 formação,	por	 longos	anos,	percebi	a	 importância	dos
grupos	 de	 estudos	 destinados	 à	 discussão	 teórica	 sem	 a	 preocupação	 imediata	 com	o	 trabalho
terapêutico	realizado	pelo	aprendiz.	Estuda	teorias	e	técnicas	em	caráter	geral	evitando	discussão
de	casos	individuais,	o	que	fica	mais	bem	situado	em	reuniões	didáticas,	em	estudos	de	caso	etc.	É
necessário	que	grupos	de	estudo,	supervisão	e	atendimento	psicoterápico	mantenham	seus	limites
bem	 diferenciados.	 A	 supervisão	 deve	 funcionar	 como	 conexão	 entre	 a	 prática	 (o	 atendimento
psicoterápico)	e	a	 teoria	 (o	grupo	de	estudos),	não	devendo	pender	para	apenas	um	dos	 lados.
Aproximando-se	mais	do	grupo	de	atendimento,	e,	consequentemente,	distanciando-se	do	grupo
de	estudos,	tende	a	tornar-se	muito	experiencial,	carecendo	do	suporte	teórico.	Aproximando-se
mais	 dos	 grupos	 de	 estudos,	 torna-se	 por	 demais	 intelectual,	 prejudicando-se	 nos	 aspectos
experienciais.
A	 equidistância	 entre	 supervisão,	 grupo	 de	 estudos	 e	 atendimento	 psicoterapêutico,	 dá	 ao	 supervisando
claramente	as	dimensões	da	psicoterapia:	uma	atividade	teórico-técnico-experiencial	(Buys,	1987).
Cada	 etapa	 do	 curso	 de	 formação	 deve	 ter	 uma	 avaliação	 do	 desenvolvimento	 do	 iniciante
para	 verificar	 aonde	 uma	 maior	 atenção	 deve	 ser	 focalizada.	 O	 objetivo	 é	 fazer	 o	 jovem
psicoterapeuta	 chegar	 à	 última	 etapa	 com	 conhecimento	 e	 atitude	 necessários	 para	 a
compreensão	 do	 comportamento	 de	 outrem.	 A	 supervisão	 lapidará	 esse	 conhecimento
aumentando	ainda	mais	a	capacidade	empática.
Terminada	a	sua	formação,	o	jovem	psicoterapeuta	é	estimulado	a	se	lançar	e	a	desenvolver	de
forma	 autônoma	 a	 sua	 prática	 clínica.	 Agora	 ele	 é	 uma	 pessoa	 em	 desenvolvimento	 que
provavelmente	ajudará	a	outros	a	serem	espontaneamente	pessoas.

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