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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA CURSO DE REDAÇÃO JURÍDICA PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA COMO ELABORAR O PARÁGRAFO JURÍDICO DE INTRODUÇÃO PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Introdução do parágrafo jurídico A introdução estabelece as diretrizes do assunto que será tratado na peça processual, facilitando a leitura do texto, porque o leitor já tem em mente o que será desenvolvido no texto. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 1. Conceito de parágrafo O parágrafo é um conjunto de enunciados articulados entre si de forma harmoniosa no qual se desenvolvem uma ideia central a que se agregam outros pensamentos secundários logicamente relacionados com a ideia principal. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Exemplo da ideia principal O direito processual, em sua história lógica já referida, assenta-se em três conceitos fundamentais que se relacionam e interagem: a ação, a jurisdição e o processo. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O tópico frasal é o eixo que norteia o desenvolvimento do parágrafo, permitindo ao enunciador agregar novas ideias àquela escrita inicialmente. Exemplo: É patente a ilegalidade passiva ad causam da requerida para figurar no polo passivo da demanda. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Observemos como ocorre a formulação do tópico frasal na peça processual: Em ___/____/____, o autor conduzia seu veículo pela Rua _________, na cidade de São Paulo, quando, por volta das ________ horas, o réu, que dirigia em alta velocidade o seu carro, colidiu com a traseira do automóvel do autor. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Nos dois primeiros exemplos, o tópico frasal do parágrafo introdutório indicou de maneira sucinta a ideia principal. Depois da apresentação da ideia-núcleo, passa-se ao desenvolvimento, ou seja, à explanação dessa mesma ideia e à sua conclusão. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Empregamos duas técnicas diferentes para a elaboração do parágrafo jurídico introdutório da apresentação dos fatos jurídicos e do parágrafo jurídico. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Exemplo de Exame de Ordem Mario e Henrique celebraram contrato de compra e venda, tendo por objeto uma máquina de cortar grama, ficando ajustado o preço de R$ 1.000,00 e definido o foro da comarca da capital do Rio de Janeiro para dirimir quaisquer conflitos. Ficou acordado, ainda, que o cheque nº 007, da Agência nº 507, do Banco X, emitido por Mário para o pagamento da dívida, seria pós-datado para ser depositado em 30 dias. Ocorre, porém, que, nesse ínterim, Mário ficou desempregado. Decorrido o prazo convencionado, Henrique efetuou a apresentação do cheque, que foi devolvido por insuficiência de fundos. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi compensado pelo mesmo motivo, acarretando a inclusão do nome de Mário nos cadastros de inadimplentes. Passados dez meses, Mário conseguiu um novo emprego e, diante da inércia de Henrique, que permanece de posse do cheque, em cobrar a dívida, procurou-o a fim de quitar o débito. Entretanto, Henrique havia se mudado e Mário não conseguiu informações sobre seu paradeiro, o que inviabilizou o contato pela via postal. Mário, querendo saldar a dívida e restabelecer seu crédito perante as instituições financeiras procura um advogado para que sejam adotadas as providências cabíveis. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Mario e Henrique celebraram contrato de compra e venda, tendo por objeto uma máquina de cortar grama, ficando ajustado o preço de R$ 1.000,00 e definido o foro da comarca da capital do Rio de Janeiro para dirimir quaisquer conflitos. Ficou acordado, ainda, que o cheque nº 007, da Agência nº 507, do Banco X, emitido por Mário para o pagamento da dívida, seria pós-datado para ser depositado em 30 dias. Ocorre, porém, que, nesse ínterim, Mário ficou desempregado. Decorrido o prazo convencionado, Henrique efetuou a apresentação do cheque, que foi devolvido por insuficiência de fundos. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi compensado pelo mesmo motivo, acarretando a inclusão do nome de Mário nos cadastros de inadimplentes. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O consignante celebrou contrato de compra e venda com o consignado cujo objeto contratual incidiu sobre uma máquina de cortar grama, ajustando-se o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Para formalização do negócio, ficou ainda acordado entre os contraentes que a forma de pagamento dar-se-ia por meio da emissão do cheque de n. 007, da Agência n. 507, do Banco X, emitido pelo consignante para pagamento da dívida. Esse cheque era pós-datado para ser depositado em 30 (trinta) dias. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Por que a ação de consignação em pagamento é o meio idôneo para quitar o débito do devedor? A ação de consignação é meio idôneo para quitar o débito do consignante, porque tem previsão legal quando o credor estiver em lugar incerto, conforme dispõe o art. 335, inc. III, do CC. Além disso, a doutrina também explicita que esse instituto jurídico é meio hábil para permitir ao devedor desonerar-se da obrigação assumida, desvencilhando-se do credor. Sabe-se por fim que a jurisprudência também caminha no sentido de permitir ao devedor exonerar-se da obrigação, consignando o valor devido em juízo. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA ATENÇÃO: Se fixarmos a ideia-núcleo logo de saída, o tópico frasal garante a objetividade, a coerência e a unidade do parágrafo, definindo-lhe o propósito e evitando digressões impertinentes. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O parágrafo jurídico deve caminhar para frente. Veja o exemplo de um parágrafo que não se pode copiar: O direito de ação encontra-se protegido pela Carta Maior. A Constituição Federal protege o direito de ação dos brasileiros. Os brasileiros podem propor ações judiciais, porque a Carta Magna autoriza o direito de ação. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Como iniciar o tópico frasal a) Explicação da ideia inicial “Todo conhecimento jurídico necessita do conceito de direito. O conceito é um esquema prévio, um ponto de vista anterior, munido do qual o pensamento se dirige à realidade, desprezando seus vários setores e somente fixando aquele que corresponde às linhas ideais delineadas pelo conceito.” Maria Helena Diniz. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA b) Definição “Bem, em sentido filosófico, é tudo o que satisfaz uma necessidade humana. Juridicamente falando, o conceito de coisas corresponde ao de bens, mas nem sempre há perfeita sincronização entre as duas expressões.” Carlos Roberto Gonçalves PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA c) Definição Sabe-se que o processo trabalhista divide-se em dois tipos fundamentais não coincidentes em todos os seus aspectos e diferentes nos seus fins, isto é, dissídios individuais e dissídios coletivos. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA d) Citação histórica Após algumas tentativas frustradas de promover a revisão do Código Civil, o Governo nomeou, em 1967, nova comissão de juristas, sob a supervisão de Miguel Reale, convidando para integrá- la: José Carlos Moreira Alves (Parte Geral), Agostinho Alvim (Direito das Obrigações), Sylvio Marcondes (Direito de Empresa), Ebert Vianna Chamoun (Direito das Coisas), Clóvis do Couto e Silva (Direito de Família) e Torquato Castro (Direito das Sucessões). Essa comissão... PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA DICAS PARA REDIGIR A IDEIA-NÚCLEO 1. Evite ambiguidade A autoridade policial deu voz de prisão em flagrante delito ao autuado em sua casa. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 2. A ideia-núcleo não pode apresentar redundância. O de cujus faleceu pobre, porque não deixou fortuna. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 3. A ideia-núcleo não pode apresentar contradição. O apelante interpõe o recurso de apelação para recorrer da brilhante sentença proferida por esse juízo. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 4. Evite o emprego de gírias Os meganhas detiveram os caras que caminhavam em atitude suspeita, e confirmou-se que os elementos estavam armados, no entanto, não tinham porte de arma, por isso o cano foi apreendido e os elementos levados à Delegacia.PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 5. Não inicie o tópico-frasal com dito popular Ilustre magistrado, já dizia meu avó: dize-me com quem andas, que eu te direi quem és.” PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA AMPLIANDO O TÓPICO FRASAL PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Ocorre, porém, que, nesse ínterim, Mário ficou desempregado. Decorrido o prazo convencionado, Henrique efetuou a apresentação do cheque, que foi devolvido por insuficiência de fundos. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi compensado pelo mesmo motivo, acarretando a inclusão do nome de Mário nos cadastros de inadimplentes. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA No entanto, o consignante ficou desempregado e, decorrido o prazo convencionado, o consignado efetuou a apresentação do cheque o qual foi devolvido por insuficiências de fundo. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi compensado pelo mesmo motivo, ou seja, insuficiência de fundo, acarretando o nome do consignante nos cadastros de inadimplentes. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O consignante celebrou contrato de compra e venda com o consignado cujo objeto contratual incidiu sobre uma máquina de cortar grama, ajustando-se o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Para formalização do negócio, ficou ainda acordado entre os contraentes que a forma de pagamento dar-se-ia por meio da emissão do cheque de n. 007, da Agência n. 507, do Banco X, emitido pelo consignante para pagamento da dívida. Esse cheque era pós-datado para ser depositado em 30 (trinta) dias. No entanto, o consignante ficou desempregado e, decorrido o prazo convencionado, o consignado efetuou a apresentação do cheque o qual foi devolvido por insuficiências de fundo. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi compensado pelo mesmo motivo, ou seja, insuficiência de fundo. Além disso, o nome do consignante foi inscrito nos cadastros de inadimplentes. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Passados dez meses, Mário conseguiu um novo emprego e, diante da inércia de Henrique, que permanece de posse do cheque, em cobrar a dívida, procurou-o a fim de quitar o débito. Entretanto, Henrique havia se mudado e Mário não conseguiu informações sobre seu paradeiro, o que inviabilizou o contato pela via postal. Mário, querendo saldar a dívida e restabelecer seu crédito perante as instituições financeiras procura um advogado para que sejam adotadas as providências cabíveis. Depois de dez meses, o consignante conseguiu um novo emprego e deseja quita o débito, mas o consignado permanece inerte e, mesmo com a posse do cheque, não demonstra interesse em cobrar a dívida. O consignante não logrou êxito em localizar o paradeiro do consignado, e esse fato inviabilizou não somente o contato pela via postal, mas também a quitação do débito. Mesmo diante desses obstáculos que impedem o consignante de quitar seu débito, ele quer cumprir com sua obrigação e, por isso, quer consignar a referida quantia, devidamente atualizada, em juízo. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O consignante celebrou contrato de compra e venda com o consignado cujo objeto contratual incidiu sobre uma máquina de cortar grama, ajustando-se o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Para formalização do negócio, ficou ainda acordado entre os contraentes que a forma de pagamento dar-se-ia por meio da emissão do cheque de n. 007, da Agência n. 507, do Banco X, emitido pelo consignante para pagamento da dívida. Esse cheque era pós-datado para ser depositado em 30 (trinta) dias. No entanto, o consignante ficou desempregado e, decorrido o prazo convencionado, o consignado efetuou a apresentação do cheque o qual foi devolvido por insuficiências de fundo. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi compensado pelo mesmo motivo, ou seja, insuficiência de fundo. Além disso, o nome do consignante foi inscrito nos cadastros de inadimplentes. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Depois de dez meses, o consignante conseguiu um novo emprego e deseja quita o débito, mas o consignado permanece inerte e, mesmo com a posse do cheque, não demonstra interesse em cobrar a dívida. O consignante não logrou êxito em localizar o paradeiro do consignado, e esse fato inviabilizou não somente o contato pela via postal, mas também a quitação do débito. Mesmo diante desses obstáculos que impedem o consignante de quitar seu débito, ele quer cumprir com sua obrigação e, por isso, quer consignar a referida quantia, devidamente atualizada, em juízo. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Com o resultado dessa colisão, o veículo do autor sofreu danos de grande monta na parte de trás. Embora o acidente tenha causado danos ao carro do autor, não houve vítimas, exigindo a preservação do local. Por isso, aguardaram a chegada da viatura da CET para formalizar a ocorrência do acidente automobilístico. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA COMO DESENVOLVER O PARÁGRAFO JURÍDICO PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O parágrafo de desenvolvimento é a ampliação da ideia apresentada no parágrafo de introdução. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O desenvolvimento é a parte do texto jurídico, no qual as ideias, as doutrinas, as informações, as explicações, e as teses argumentativas são apresentadas e explanadas de forma organizada e muito bem articuladas. Aqui o profissional do direito apresentará sua argumentação. Relembrando: o processo argumentativo abrange três elementos essenciais: citação da lei, indicação da jurisprudência e nomeação da doutrina. Não necessariamente nessa ordem, mas os três são imprescindíveis no processo argumentativo. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA No parágrafo de desenvolvimento, aprofundamos nossos conhecimentos sobre o tema. Às vezes, precisamos aumentar o número de parágrafos jurídicos para ampliar nossos argumentos. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Na narração jurídica, o desenvolvimento é o progresso das ideias apresentadas na introdução. Trata-se do mero relato. Este é a explicação inicial dos fatos jurídicos sem a apresentação do conflito de interesse (fundamento jurídico), isto é, o motivo que levou o autor a propor a ação. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O segundo parágrafo jurídico, ou seja, o parágrafo jurídico de desenvolvimento precisa apresentar o conflito de interesses. Com a apresentação dos fatos, espera-se que o consignante tenha pagado o cheque. Esse conflito de interesse pode ser apresentado por meio das conjunções adversativas: mas, porém, entretanto, no entanto, todavia etc. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O conjunto probatório amealhado nos autos revelou de forma incontestável que o apelante, após ingerir bebida alcoólica, conduziu seu veículo pelo local dos fatos, vindo a colidir com motocicleta estacionada, que por sua vez, derrubou outras motocicletas, vindo a atingir a vítima Fulano de Tal. (Introdução) No presente caso, a embriaguez restou comprovada pelo depoimento das testemunhas e pelo exame pericial, indicando que estava acima do limite permitido, restando presumida sua incapacidade para a condução de veículo automotor, sendo desnecessária a comprovação de que o estado psicomotor do apelante estivesse alterado através de outros exames. (Desenvolvimento) PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Ademais, estando na condução de veículo automotor com concentração de álcool por litro de sangue muito superior ao limite estabelecido pela legislação em vigor, a sua capacidade psicomotora ainda evidenciou-se visivelmente alterada. (Desenvolvimento) PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Malgrado o inconformismo do apelante, que insiste no pedido de indenização de dano moral, não comporta a pretendida reforma da r. sentença. Conforme relato da inicial e pela prova documental constante dos autos, verifica-se que o apelante, ao se preparar para abrir a garrafa de refrigerante fabricado pela apelada, notou a existência de corpo estranho no interior da garrafa, com aparência de um plástico e, por isso, desistiu de consumir o produto. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Embora seja sabido que a responsabilidade do fornecedor pelos danos causadosao consumidor decorrentes de fato ou de vício nos produtos e serviços seja objetiva e, portanto, independente de culpa (v. artigos 12 e 14 da Lei nº 8.078/90), o fato é que a simples aquisição de produto alimentício contendo corpo estranho em seu interior, sem que tenha havido a efetiva ingestão, não é circunstância apta, por si só, a provocar dano moral indenizável. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Embora a repulsa sentida pelo autor, ao visualizar no interior da garrafa o corpo estranho, ele manteve intacta a garrafa, que foi periciada. Ora, não se vislumbra na situação narrada nos autos elementos de convicção capazes de justificar o reconhecimento do dano moral indenizável reclamado pelo autor, mesmo porque não foi demonstrada a real ofensa ao direito de personalidade. Na verdade, a dinâmica dos fatos indica que o padecimento do autor não passou da esfera do mero aborrecimento, transtorno ou percalço do cotidiano. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Exemplo a não ser seguido: Trata-se, como se vê, de recurso de apelação interposto pela Autora, em autos de ação de obrigação de fazer, julgado improcedente na origem, em face do Estado de São Paulo, no qual, a autora objetivava o fornecimento de medicamentos gratuitos, para a manutenção de sua saúde e tratamento de moléstia. Com efeito, o artigo 5º da Constituição Federal que trata dos direitos individuais assegura aos cidadãos o direito à vida. E como essa garantia fundamental não é um mero exercício de retórica, impõe-se ao Estado o dever de garanti-la dentre outros modos, assegurando o acesso à saúde pública. Bem por isso, o artigo 196 da Constituição Federal reconhece que a saúde é direito de todos e obrigação do Estado, que promoverá o atendimento integral do indivíduo, abrangendo a promoção, preservação e recuperação de saúde. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Trata-se, como se vê, de recurso de apelação interposto pela autora, em autos de ação de obrigação de fazer, julgado improcedente na origem, em face do Estado de São Paulo, no qual, a autora objetivava o fornecimento de medicamentos gratuitos, para a manutenção de sua saúde e tratamento de moléstia. Com efeito, o artigo 5º da Constituição Federal que trata dos direitos individuais assegura aos cidadãos o direito à vida. E como essa garantia fundamental não é um mero exercício de retórica, impõe-se ao Estado o dever de garanti-la dentre outros modos, assegurando o acesso à saúde pública. Bem por isso, o artigo 196 da Constituição Federal reconhece que a saúde é direito de todos e obrigação do Estado, que promoverá o atendimento integral do indivíduo, abrangendo a promoção, preservação e recuperação de saúde. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA COMO ELABORAR PARÁGRAFO DE CONCLUSÃO 46 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O parágrafo de conclusão é muito importante, porque é o fechamento tanto da narração jurídica quanto da dissertação jurídica da peça processual. 47 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Na primeira parte da peça processual, ou seja, a narração jurídica, o fechamento é o encerramento dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido. Na segunda parte, isto é, na dissertação jurídica, a conclusão diz respeito ao encerramento das ideias articuladas anteriormente. 48 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA A dissertação jurídica exige mais do profissional do Direito no encerramento de sua tese, no entanto, a estrutura redacional poderá auxiliá-lo na conclusão de suas ideias. 49 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Método dedutivo A dedução consiste no encadeamento lógico de ideias que partam de afirmações gerais e cheguem a uma conclusão particular. Todo homem é mortal (premissa maior – afirmação generalista) Sócrates é homem (premissa menor – desenvolvimento com enfoque particular) Logo, Sócrates é mortal (conclusão de cunho particular) 50 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA ATENÇÃO Toda gata mia. Minha namorada é uma gata. Logo, minha namorada mia. 51 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Método indutivo A indução consiste no encadeamento lógico de um raciocínio que parte de uma afirmação particular para chegar a uma conclusão mais genérica. 52 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Estrutura Geral do Parágrafo de Conclusão Deve-se estabelecer uma relação entre o parágrafo de conclusão com os parágrafos de introdução e desenvolvimento. 53 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Para encerrar o parágrafo de conclusão, podemos valer das seguintes expressões: • Em suma, • Cabe concluir que • Infere-se, por último, que • Conforme foi explicitado acima • Dado o exposto 54 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Ao finalizar sua peça processual, ou seja, depois de redigi-la, observe as seguintes considerações sobre seu texto jurídico: a) Seja claro, objetivo, direto e conciso. 55 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA b) Não empregue frases longas nem curtas. Encontre o parágrafo ideal (no máximo sete linhas). 56 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA c) Construa períodos sempre na ordem direta, seguindo a estrutura do parágrafo jurídico padrão (introdução – desenvolvimento – conclusão) 57 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA d) Dispense detalhes irrelevantes no seu texto jurídico. As provas e o conhecimento técnico-jurídico da matéria convencem o juiz sobre seu ponto de vista e não “apelos sentimentais”. 58 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA e) Evite empregar formas e frases desgastadas na linguagem forense. Seja criativo e original. 59 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA f) Fuja do rebuscamento e pedantismos vocabulares. O que importa é ser compreendido. 60 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA g) Escolhas as palavras adequadas para expressar suas ideias. Cuidado com palavras que não expressam exatamente aquilo que estamos pensando. 61 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA h) Cuidado ao redigir o fato e os fundamentos jurídicos do pedido. Estamos familiarizados com o caso, mas o mesmo não acontece com o juiz de direito. Temos de narrar os acontecimentos sem ser prolixo e sem deixar de tratar de todos os pontos relevantes na ação judicial. 62 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA i) Mantenha um raciocínio lógico. Faça o texto “andar para frente”. Não retome questões que já foram mencionadas anteriormente, exceto se for para reforçar a argumentação jurídica. Cuidado com a repetição excessiva. 63 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Evite na sua peça processual: a) Obscuridade Tentar atribuir responsabilidade civil a um cidadão, é a mesma coisa do que encontrar uma ideia vertida em expressões dos filósofos antigos mais claras, expressivas e cristalina. 64 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA b) Pleonasmo Há muito tempo atrás o autor já havia registrado os fatos na Delegacia de Polícia. 65 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA c) Cacofonia As afirmações do réu, como as concebo, são inverdades descabidas sobre o fatos narrados na contestação. 66 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA d) Eco A decisão dos jurados não causou comoção na população. Na verdade, houve muita indignação. 67 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Como Organizar as Ideias para Redigir Peças Processuais 1. Devemos dominar o assunto sobre o qual vamos tratar 2. Refletir sobre o assunto e traçar um plano redacional antes de elaborar a peça processual 68 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 3. Devemos redigir as ideias, conforme elas vão surgindo. 4. Após relacionar as ideias, devemos organizá-las de forma sequencial para desenvolvê-las amplamente, transformando-as em assuntos para a introdução, desenvolvimento e conclusão. 69 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA ESTILÍSTICA JURÍDICA 70 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Temos um estilo próprio de escrita jurídica que é construída a partir da leitura e da prática. 71 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 1.O que é a estilística jurídica? É a arte de escrever um texto jurídico de forma elegante. 72 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Você pensa ao selecionar as palavras para construir seu texto jurídico ou deixa ser levado pelas palavras, conforme vão surgindo na sua mente? 73 PROF.JOSEVAL MARTINS VIANA Escrever de forma escorreita e elegante não é produzir um texto rebuscado. 74 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Vejamos este exemplo dado pelo Desembargador Rodrigo Collaço, quando defendia a simplificação da linguagem jurídica: “O vetusto vernáculo manejado no âmbito dos excelsos pretórios, inaugurado a partir da peça ab ovo, contaminando as súplicas do petitório, não repercute na cognoscência dos frequentadores do átrio forense. Ad excepcionem o instrumento do remédio heroico e o jus laboralis, onde o jus postulandi sobeja em beneplácito do paciente (impetrante) e do obreiro. Hodiernamente, no mesmo diapasão, elencam-se os empreendimentos in judicium specialis, curiosamente primando pelo rebuscamento, ao revés do perseguido em sua prima gênese”. 75 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Aprender a escrever com estilo é aprender a pensar. 76 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Você sabia que um dos processos mais comuns e mais eficazes para dar relevo às ideias é a colocação das palavras na frase? 77 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Ordem direta: O apelante protocolou o recurso de apelação no prazo legal. 78 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O recurso de apelação, o advogado protocolou-o no fórum cível. 79 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA No fórum cível, o apelante protocolou o recurso de apelação no prazo legal. 80 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA No prazo legal, o apelante protocolou o recurso de apelação. 81 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Inadequação estilística O autor firmou com o réu contrato de locação por escrito, pelo prazo determinado de 48 meses, tendo como objeto o aluguel do imóvel residencial situado na Rua ___________, na cidade de São Paulo. 82 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Adequação O locador firmou com a locatária contrato de locação por escrito pelo prazo determinado de 48 meses, tendo como objeto o aluguel do imóvel residencial situado na Rua ___________, na cidade de São Paulo. 83 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O contrato de locação, firmou-o o locador com a locatária pelo prazo determinado de 48 meses (...) 84 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Inadequação O locatário vem cumprindo todas as obrigações pactuadas, inclusive com o pagamento mensal dos aluguéis, que monta atualmente em R$ 4.000,00 (quatro mil reais). 85 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O locador firmou com o locatário contrato de locação por escrito pelo prazo determinado de 48 meses, tendo como objeto o aluguel do imóvel residencial situado na Rua _________________, na cidade de São Paulo. O locatário está cumprindo todas as obrigações pactuadas, inclusive com o pagamento mensal dos aluguéis cujo valor atual é de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). O valor mensal do aluguel pago atualmente, conforme recibo em anexo, excede aquele praticado pelo mercado imobiliário. 86 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O locador firmou com o locatário contrato de locação por escrito pelo prazo determinado de 48 meses, tendo como objeto o aluguel do imóvel residencial situado na Rua _________________, na cidade de São Paulo. Está o locatário cumprindo todas as obrigações pactuadas, inclusive com o pagamento mensal dos aluguéis cujo valor atual é de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Conforme recibo em anexo, o valor mensal do aluguel pago atualmente, conforme recibo em anexo, excede aquele praticado pelo mercado imobiliário. 87 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O locador firmou com o locatário contrato de locação por escrito pelo prazo determinado de 48 meses, tendo como objeto o aluguel do imóvel residencial situado na Rua _________________, na cidade de São Paulo. Está o locatário cumprindo todas as obrigações pactuadas, inclusive com o pagamento mensal dos aluguéis cujo valor atual é de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Conforme recibo em anexo, o valor mensal do aluguel pago atualmente, excede aquele praticado pelo mercado imobiliário. 88 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA a) O advogado, antes do jantar, costuma ler o Código Civil. b) Antes do jantar, o advogado costuma ler o Código Civil. c) O advogado costuma ler o Código Civil antes do jantar. d) Costuma ler o advogado, antes do jantar, o Código Civil. e) Costuma o advogado, antes de jantar, ler o Código Civil. f) O advogado, antes do jantar, costuma ler o Código Civil. 89 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O estilo da escrita vai se aperfeiçoando com a nossa experiência, quando damos devida atenção aos textos jurídicos produzidos diariamente. 90 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O “copiar” e o “colar” empobrecem nossa escrita, porque não exercitamos nossa criatividade redacional. Apenas reproduzimos aquilo que “copiamos” e “colamos”. 91 PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA REGRAS DA COERÊNCIA JURÍDICA PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA A coerência garante a inteligibilidade das ideias inseridas no texto. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA a) Coerência sintática Está relacionada com a estrutura linguística das orações, como ordem na construção, seleção lexical etc. Eliminamos estruturas ambíguas e o uso inadequado dos conectivos. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Exemplos: A autora alegou que houve inobservância do art. 393 do CC, posto que houve caso fortuito e de força maior, causa excludente da responsabilidade civil. Posto que = embora, ainda que, por muito que, mesmo que, se bem que, conquanto, apesar de que etc. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Ainda que tivesse dinheiro, não compraria aquele imóvel. Embora tivesse dinheiro, não compraria aquele imóvel. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA b) Coerência semântica Devemos conhecer o significado correto das palavras a fim de aplicá-las corretamente. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Aquisição de lote de terreno, pelo autor, através de cessão de direitos e obrigações, sendo os réus os proprietários do bem. Através de = de um lugar para o outro, cruzar, transpor. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Aquisição de lote de terreno, pelo autor, por meio de (pela) cessão de direitos e obrigações, sendo os réus os proprietários do bem. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA c) Coerência temática Todos os enunciados do texto precisam ter lógica entre eles e devem ser relevantes para o tema. Devemos evitar termos irrelevantes, impedindo assim o comprometimento da coerência temática. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O reclamante propõe reclamação trabalhista em face da reclamada a fim de obter o pagamento das horas extraordinárias do período de ___/___/___ a ___/___/___. Convém salientar que se trata de uma empresa idônea e que cumpre com as obrigações trabalhistas. No entanto, não se sabe o porquê, a reclamada não pagou ao reclamante as horas extras do período supramencionado. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA d) Coerência narrativa A coerência narrativa apresenta os fatos de forma cronológica, linear e progressiva. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O réu chegou à casa de seus pais no dia 15 de março do corrente ano, por volta das 24h. Ao aproximar da residência deles, o réu foi levado à Delegacia de Polícia. Ele não cometeu crime algum. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Percebemos que a construção do texto jurídico exige duas preocupações: a produção de frases e a organização delas em um todo significativo. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Temos então: a) Regras para a construção das frases. b) Regras para relacionar essas frases, construindo um texto jurídico coeso e coerente. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Ao escrever a primeira frase, o enunciador situa-se num determinado contexto. Sua preocupação é iniciar a abordagem do tema. Ao escrever a segunda frase, tem em mente o desenvolvimento da ideia inicial, construindo processos de coesão e coerência a fim de manter a ligação entre a exposição de suas ideias. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA A atribuição de textualidade a uma sequência de enunciados começa a se operar a partir do momento em que as frases (produção do escritor no primeiro patamar) passam a ser relacionadas entre si de forma harmoniosa.O que chega ao leitor, no final, é o texto acabado, como sistema de sequência de frases articuladas entre si, transformando o texto jurídico em um todo significativo. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA A textualidade é obtida por meio de mecanismos de coesão e coerência textuais; os primeiros atuando no microtexto, isto é, na conexão frase a frase, e os segundos, no macrotexto, isto é, nas conexões conceituais necessárias para o estabelecimento global do texto. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Há estudar, e estudar. Há trabalhar, e trabalhar. Desde que o mundo é mundo, se vem dizendo que o homem nasce para o trabalho: “Homo nascitur ad laborem.”** Mas o trabalhar é como o semear, onde tudo vai muito das sazões, dos dias e das horas. O cérebro, cansado e seco do laborar diurno, não acolhe bem a semente: não a recebe fresco e de bom grado, como a terra orvalhada. Nem a colheita acode tão suave às mãos do lavrador, quando o torrão já lhe não está sorrindo entre o sereno da noite e os alvores do dia. (Rui Barbosa, Oração aos Moço) PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O artigo 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor preleciona que “São direitos básicos do consumidor: III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”. Há vários conceitos importantes que podem ser extraídos desse artigo, contudo o objetivo aqui estabelecido é estudar os princípios da informação e da transparência na relação entre o consumidor e o prestador de serviços. Esses princípios incidem sobre o seguinte fragmento do artigo: “informação adequada e clara sobre os diferentes serviços”. Entende-se por princípio da informação ou da transparência... PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Há estudar, e estudar. Há trabalhar, e trabalhar. Desde que o mundo é mundo, se vem dizendo que o homem nasce para o trabalho: “Homo nascitur ad laborem.”** Mas o trabalhar é como o semear, onde tudo vai muito das sazões, dos dias e das horas. O cérebro, cansado e seco do laborar diurno, não acolhe bem a semente: não a recebe fresco e de bom grado, como a terra orvalhada. Nem a colheita acode tão suave às mãos do lavrador, quando o torrão já lhe não está sorrindo entre o sereno da noite e os alvores do dia. (Rui Barbosa, Oração aos Moço) PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA COESÃO TEXTUAL O texto não é simplesmente uma sequência de frases isoladas, mas unidade significativa que deve ser ligada de forma harmoniosa. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 1. CONCEITO A coesão textual é a ligação harmoniosa estabelecida entre as palavras e as orações. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Consoante se depreende do auto de penhora em anexo, houve a constrição do veículo “sub judice”. Contudo, nos termos do documento anexo, percebe-se claramente que esse bem não é de propriedade do executado. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA A autora adquiriu um carro na concessionária da ré, e esta alegou que o veículo era zero quilômetro, no entanto, nota-se que o automóvel apresenta sinais usado. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Trata-se de sentença que, em ação de cobrança c/c indenização por danos morais, julgou a demanda improcedente. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 1. Elementos anafóricos: Os elementos anafóricos recuperam, por meio de uma palavra ou expressão gramatical, ideias expressas anteriormente: PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA A r. sentença julgou improcedente o pedido de indenização por danos morais formulado pela autora. Esta, em suas razões, pleiteia a reforma do “decisum”. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 2. Elementos catafóricos: Os elementos catafóricos anunciam as ideias que serão desenvolvidas no parágrafo: De todo o universo de peças processuais que existe no processo penal, as suas estruturas podem ser resumidas em três: petição inicial, manifestação nos autos e recurso arrazoados. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 3. Elipse: Elipse é a omissão de um termo ou de uma palavra facilmente subentendida na oração. A reclamada, conhecedora da intenção do reclamante, antes mesmo de [ele] propor a reclamação trabalhista, convocou-o para uma reunião, realizada na presença de outros empregados. Nessa reunião, o reclamante ratificou sua intenção de buscar amparo no Judiciário Trabalhista, visto que [ele] se sentia preterido e injustiçado, uma vez que [ele] sempre cumpriu suas funções com o mesmo ânimo que os demais obreiros. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 4. Palavras ou expressões sinônimas: Para não repetir as palavras, o advogado pode substituí-las por sinônimos ou palavras que remetem àquele significado: Trata-se de tempestiva apelação, isenta de preparo, interposta contra sentença proferida em autos de busca e apreensão de veículo alienado fiduciariamente, que julgou procedente o pedido e consolidou em favor da fiduciária a posse e o domínio do bem apreendido. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 5. Elementos de conexão: Os elementos de conexão são as conjunções, os pronomes relativos e as preposições. Os pronomes relativos funcionam como elementos de coesão das orações, e as preposições ligam as palavras entre si. Artigo 405 do Código de Processo Civil O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA No dia 17 de junho de 2010, uma criança recém-nascida é vista boiando em um córrego e, ao ser resgatada, não possuía mais vida. Helena, a mãe da criança, foi localizada e negou que houvesse jogado a vítima no córrego. Sua filha teria sido, segundo ela, sequestrada por um desconhecido. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA A ordem direta também nos auxilia na construção da frase coesa: Busca o autor o judiciário pleiteando recebimento dos valores referentes à utilização dos serviços hoteleiros Prefira O autor pleiteia ao Judiciário o recebimento de valores pela utilização dos serviços hoteleiros que não foram efetivamente prestados. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Para mantermos a coesão textual é importante: •Planejamento •Elaboração •Reelaboração PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA É incontroverso que a autora, em 04/09/2013, recebeu atendimento médico por prepostos da ré, permanecendo internada no nosocômio até o dia 10/09/2013, quando recebeu alta com anotação em seu prontuário de que sofreu “aborto espontâneo, completo ou não especificado, sem complicações” (fls.32), e que em 20/09/2013, após apresentar hemorragia e dor abdominal, foi socorrida pelo SAMU (fls.34), encaminhada ao Hospital São José, e posteriormente transferida para as dependências da ré, onde foi constatada a existência de um feto nas trompas de falópio, bem como a necessidade de cirurgia urgente, a qual foi realizada no mesmo dia (fls.45). PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O autor internou-se no hospital do réu, porque foi acometido de um forte resfriado. Ao ser atendido no hospital, notou que a anamnese realizada pelo médico não abrangeu todos os elementos necessários para o correto diagnóstico da doença do autor, uma vez que a consulta durou pouco mais de dois minutos. O facultativo não solicitou exames laboratoriais necessários para a identificação da enfermidade do autor nem colocou-o em observação. Esse fato dá conta de que o médico foi negligente... PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O artigo 319 do Código de Processo Civil apresenta os requisitos essenciais da petição inicial. Todos os requisitos são relevantes, entretanto, destacam-se entre eles o fato e os fundamentos jurídicos do pedido. O fato jurídico é um acontecimento natural ou humano, suscetível de produzir efeitos jurídicos. Por sua vez, o fundamento jurídico é o motivo que justifica a existência da ação, baseado nos princípios de ordem jurídica. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Podemos também empregar a coesão textual nestetipo de texto jurídico: Vejamos o exemplo que segue PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Apelação Cível n. 1027161-81.2015.8.26.0053 - Tribunal de Justiça de São Paulo Trata-se, como se vê, de recurso de apelação interposto pela Autora, em autos de ação de obrigação de fazer, julgado improcedente na origem, em face do Estado de São Paulo, no qual, a autora objetivava o fornecimento de medicamentos gratuitos, para manutenção de saúde e tratamento de moléstia. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O recurso merece provimento. Com efeito, o artigo 5º da Constituição Federal que trata dos direitos individuais, assegura aos cidadãos o direito à vida. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA E como essa garantia fundamental não é um mero exercício de retórica, impõe-se ao Estado o dever de garanti-la dentre outros modos, assegurando o acesso à saúde pública. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Bem por isso, o artigo 196 da Constituição Federal reconhece que a saúde é direito de todos e obrigação do Estado, que promoverá o atendimento integral do indivíduo, abrangendo a promoção, preservação e recuperação de sua saúde. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 1. Coesão referencial A coesão referencial é um processo de escrita pela qual retomamos ou antecipamos um elemento gramatical ou uma ideia no texto, instalando uma cadeia de referenciação. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Extrai-se dos autos que a filha dos autores, em 25/04/2009, encontrava-se em estado febril e foi levada por seus genitores ao Hospital Alpha Med onde foi diagnosticado dor de ouvido. Os autores, buscando uma segunda opinião, a levaram [levaram-na] ao Hospital Hospitalis, onde, após a realização de exames (fls.31/33), [ela] foi diagnosticada com “ITU” (infecção do trato urinário fls.35), sendo tratada com medicação para infecção urinária, com alta médica em 25/04/2009. Em 28/04/2009, a criança foi levada novamente ao Hospital Alpha Med, falecendo em 29/04/2009, em virtude de meningite, doença que não foi tratada. Apelação nº 0003157-42.2010.8.26.0127 - Voto nº 2.534 3 – Tribunal de Justiça de São Paulo. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Inadequação redacional A autora, ora apelante, afirmou no recurso de apelação que (...) A apelante afirmou no recurso de apelação que (...) PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 2.2. Coesão referencial pronominal Coesão referencial textual é a articulação estabelecida no texto por meio de pronomes. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA De forma clara e segura, o policial militar relatou que ele e seu colega de farda estavam em patrulhamento de rotina quando avistaram o acusado. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 3. Classificação da coesão referencial pronominal 3.1. Referência exofórica O pronome exofórico (dêitico) indica algo externo do texto que é compreendido quando se compartilha determinado conhecimento com o leitor. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Exemplo: Esta cidade necessita de sanções penais mais eficazes, como aquelas que foram tomadas no mês passado. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA A coesão referencial pode ser aquela indicada por palavras que já são do conhecimento do interlocutor, não necessitando, portanto, de conceituação. Vejamos o exemplo que segue: PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Trata-se de agravo de instrumento, que objetiva a reforma da r. decisão de fls. 48/49, proferida pelo MM. Juiz de Direito, em ação de busca e apreensão, que deferiu a liminar [de busca e apreensão] do bem alienado fiduciariamente, ordenando a citação do réu para o pagamento da integralidade da dívida, no prazo de 05 dias contados do cumprimento da liminar e, no caso do não pagamento, ficam consolidadas, a favor do autor, a posse e a propriedade plena do bem. O texto pode ser melhorado por meio da coesão referencial PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Atenção: Na coesão referencial exofórica pode ser estabelecida por pronomes de primeira e segunda pessoa. No entanto, nas peças processuais, os pronomes devem se referir à terceira pessoa do singular ou do plural PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Exemplos: Como nós sabemos Como se sabe Como verificamos Como se verifica Senão, vejamos Veja-se que Observamos que Observe-se que Defendemos que Defende-se que PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA O adjunto adverbial de tempo é um elemento de coesão referencial, mas pode trazer uma difícil interpretação no texto: Hoje é amasiado, mesmo estando na prisão. Tem um filho de onze meses. Nunca foi processado por outro crime. Hoje significa no dia em que estamos. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 3.2. Referência endofórica anafórica A referência anafórica é aquela em que um elemento gramatical retoma outro termo anterior explícito no texto. Houve outros boatos de sua sogra de que seu primeiro filho não seria em verdade seu, mas de um colega de trabalho da vítima, antes de se casarem, mas não acreditou nisso PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA a) Nesse sentido, o entendimento jurisprudencial: b) Tal testemunha e o próprio réu mencionaram a circunstância de este ser nervoso. Esse traço de sua personalidade foi verificado no caso concreto, em que reagiu à abordagem policial. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 3.3. Referência endofórica catafórica O termo referente está após o termo que o substitui. O Juízo a quo julgou improcedente o pedido de indenização por danos materiais e morais, estes porque o mero descumprimento contratual, por si só, não é suficiente para ensejar prejuízo psicológico, mas simples aborrecimento, não tendo os autores descrito nenhum fato que pudesse caracterizar o dano moral. Aqueles porque os danos materiais foram abordados vagamente na exordial e porque não houve pedido na petição inicial. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Isto espantou a população brasileira: que a justiça não tenha condenado o criminoso no artigo 121 do Código Penal. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 3.4. Coesão referencial por elipse Eliminação de um termo facilmente identificável na oração: O autor propôs ação indenização por dano moral, porque [ele] foi vítima de erro médico, conforme demonstra o laudo pericial em anexo. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 3.5. Coesão referencial lexical A coesão referencial lexical é estabelecida por meio da correspondência de sentido que alguns termos possuem no contexto em que estão inseridos. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Narra o autor na inicial, correntista do banco réu, que [ele] teve extraviado um talonário de cheques que lhe foi enviado pelo correio, sendo os títulos preenchidos e utilizados por terceiro fraudador, razão pela qual [ele]solicitou ao requerido a microfilmagem e a sustação das folhas de cheque. Diante do ocorrido, [ele] teve seu nome negativado e [ele] sofreu protesto das cártulas, o que lhe ocasionou danos morais.
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