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aula 7 ipl

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Direito Processual Penal 
Inquérito Policial II
Características, Fundamentos, Titularidade, Grau de Cognição 
Prof. M.Sc. Adriano Barbosa
Delegado de Polícia Federal
Doutrina referência para a nossa aula:
• Guilherme NUCCI - Código de Processo Penal
Comentado.
• Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado.
• Nestor TÁVORA e Fábio ROQUE – Código de Processo
Penal para Concursos.
• Renato BRASILEIRO – Manual de Processo Penal.
• Bruno CABRAL e Rafael SOUZA - Manual Prático de
Polícia Judiciária
Características
São características próprias do Inquérito Policial
(IPL), conforme CABRAL e SOUZA:
1) Escrito – Todas as peças do IPL serão apresentadas
na forma escrita, cf. art. 9º, CPP:
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial
serão, num só processado, reduzidas a escrito
ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela
autoridade.
2) Sigiloso – O sigilo do IPL há de ser observado
para fins de garantia da apuração da verdade
material (verdade real) sobre os fatos sob
investigação e para preservação da intimidade da
vida privada, da honra e da imagem do
investigado, resguardando-se o princípio
constitucional da presunção de não culpabilidade
(inocência), conforme o art. 5º, X e LVII, da CF.
Quanto ao sigilo ordena o art. 20 do CPP:
Art. 20. A autoridade assegurará no
inquérito o sigilo necessário à elucidação
do fato ou exigido pelo interesse da
sociedade.
Não há sigilo absoluto do IPL ou de qualquer outro
procedimento de persecução criminal. O STF já decidiu em
sede de Súmula Vinculante 14:
É direito do defensor, no interesse do
representado, ter acesso amplo aos elementos
de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão
com competência de polícia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa.
ATENÇÃO
3) Inquisitivo – No IPL não há o exercício de
contraditório e da ampla defesa. Isso, pois,
nele não há acusação em curso e sim
apuração das provas criminais.
Todavia, em que pese inquisitivo, no IPL há
observância das garantias e direitos
fundamentais do investigado e lhe é garantido
o direito de defesa, seja autodefesa, seja
defesa técnica, como ordena a Súmula
Vinculante 14.
4) Oficialidade – O IPL é um procedimento
investigatório formal presidido pelo Delegado
de Polícia, que é a Autoridade Policial no
sistema de persecução criminal pátrio,
conforme ordem legal do CPP e da Lei
12830/2013, que, atua como representante
do Estado, segundo NUCCI, o Estado-
Investigação.
Ordena o art. 2º, §1º da Lei 12830/2013:
§1º Ao Delegado de Polícia, na qualidade
de Autoridade Policial, cabe a condução
da investigação criminal por meio de
inquérito policial ou outro procedimento
previsto em lei, que tem como objetivo a
apuração das circunstâncias, da
materialidade e da autoria das infrações
penais.
5) Obrigatoriedade – O IPL é procedimento, em
princípio, de iniciativa obrigatória em face da notícia
da prática de uma infração penal. Assim, o Delegado
de Polícia mandará instaurar o IPL nos termos do §3º,
art. 5º, CPP:
§3o Qualquer pessoa do povo que tiver
conhecimento da existência de infração penal
em que caiba ação pública poderá, verbalmente
ou por escrito, comunicá-la à autoridade
policial, e esta, verificada a procedência das
informações, mandará instaurar inquérito.
Conforme o art. 5º §3º, in fine, CPP se não houver
elementos claros de justa causa (fato típico e indícios
indicativos de materialidade e autoria) para a instauração
de IPL, (p. ex. “denúncia anônima”) o Delegado de Polícia
fundamentadamente (juízo de prelibação) promoverá o
desenvolvimento de uma VPI – Verificação de
Procedência de Informações .
Do resultado das diligências preliminares, o
Delegado de Polícia decidirá ou não pela instauração de
IPL, sempre forma fundamentada.
ATENÇÃO
Há exceção legal à obrigatoriedade em sede de IPL,
vide art. 5º §§ 4º e 5º, CPP:
§4º O inquérito, nos crimes em que a ação
pública depender de representação, não poderá
sem ela ser iniciado.
§5º Nos crimes de ação privada, a autoridade
policial somente poderá proceder a inquérito a
requerimento de quem tenha qualidade para
intentá-la.
ATENÇÃO
6) Discricionário – O Delegado de Polícia possui
ampla discricionariedade na condução do IPL (mas de
forma fundamentada), possuindo ampla liberdade de
agir para a apuração do fato sob investigação, com
observância dos ditames constitucionais e legais.
A Lei 12830 no seu art. 2º, §2o ordena:
§2o Durante a investigação criminal, cabe ao
delegado de polícia a requisição de perícia,
informações, documentos e dados que
interessem à apuração dos fatos.
7) Dispensável - O IPL é dispensável para
oferecimento da AP. Mas, sem o IPL a AP é
claudicante, pois quem detém a melhor expertise
investigativa é a Polícia Judiciária.
Havendo prova pré-constituída sobre as
circunstâncias, a materialidade e a autoria da
infração penal sob exame, ela poderá servir de base
ao autor da Ação Penal.
Fundamento
O IPL é um procedimento preparatório e preventivo
utilizado para a proteção do indivíduo e para colheita
célere de provas perecíveis, cf. NUCCI.
O IPL auxilia, com efeito, a Justiça Criminal a
preservar inocentes de acusações injustas e temerárias,
garantindo um juízo inaugural de delibação
(admissibilidade), inclusive para verificar se se trata de
fato definido como crime.
A exposição de Motivos do Código de Processo
Penal, item IV, faz a seguinte menção expressa de sobre o
Inquérito:
(...) há em favor do inquérito policial, como
instrução provisória antecedendo à propositura
da ação penal, um argumento dificilmente
contestável: é ele uma garantia contra
apressados e errôneos juízos, formados
quando ainda persiste a trepidação moral
causada pelo crime ou antes que seja possível
uma exata visão de conjunto dos fatos, nas
suas circunstâncias objetivas e subjetivas.
Titularidade
O Delegado de Polícia é o titular do Inquérito
Policial. É ele quem o instaura, o preside e o
conduz.
Determina o CPP no seu art. 4º, caput:
Art. 4º A polícia judiciária será exercida
pelas autoridades policiais no território
de suas respectivas circunscrições e terá
por fim a apuração das infrações penais e
da sua autoria.
Ordena a Lei 12.830/2013 no seu art. 2º:
Art. 2o As funções de polícia judiciária e a
apuração de infrações penais exercidas
pelo Delegado de Polícia são de natureza
jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
Continua a Lei 12.830/2013 no seu art. 2º:
§1o Ao Delegado de Polícia, na qualidade
de autoridade policial, cabe a condução
da investigação criminal por meio de
inquérito policial ou outro procedimento
previsto em lei, que tem como objetivo a
apuração das circunstâncias, da
materialidade e da autoria das infrações
penais.
Grau de Cognição
O conhecimento (cognição) pela Autoridade
Policial da ocorrência de um fato, em tese,
criminoso se dá mediante a chamada notitia
criminis.
Há três formas de cognição relativas à
ocorrência de um evento em tese criminoso junto
ao Delegado de Polícia, a saber:
1) Cognição Imediata - Direta – Quando o próprio
Delegado de Polícia toma ciência e descobre o
acontecimento em tese criminoso.
2) Cognição Mediata - Indireta – Quando a notícia
do crime chega a Autoridade Policial pela vítima, pelo MP
ou pelo Magistrado ou qualquer do povo.
3) Cognição Coercitiva (que também é indireta) –
Quando a notícia do crime é levada ao Delegado de Polícia
através da prisão em flagrante.
Diante do conhecimento do fato com indícios
(justa causa) de ser criminoso a Autoridade Policial
instaura do IPL que representa o seu início.
Direito Processual Penal
Muito obrigado!
Até a próxima.
Prof. M.Sc. Adriano Barbosa
Delegado de Polícia Federal

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