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TEORIA GERAL DA INVESTIGAÇÃO E PERICIA -Aula 2 -Inquerito policial

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TEORIA GERAL DA INVESTIGAÇÃO E PERICIA 
PROFº MOACIR JOSE SERPA
AULA 2: 
Investigação criminal
Lopes Jr. (2013, p.224) afirma que “O CPP de 1941 denomina a investigação preliminar de inquérito policial em clara alusão ao órgão encarregado da atividade. O inquérito policial é realizado pela polícia judiciária, que será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições, e terá por fim a apuração das infrações penais e de sua autoria (art. 4º) ”
Art. 4º, CPP. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995).
Por essa leitura do art. 4º do Código de Processo Penal, temos uma clara alusão ao propósito do inquérito policial, que pode ser estendido para o próprio fim de toda investigação criminal: a determinação de indícios de autoria e prova da materialidade do delito.
 Informa o professor Nicolitt: A finalidade do inquérito é proporcionar ao Ministério Público, ou ao ofendido no caso de ação penal privada, os elementos necessários para dar seguimento à persecutio criminis através da ação penal, a saber: indícios de autoria e materialidade do fato.
Bettiol (1973, p.250), já ensinava que o fim de todo processo será a busca da verdade dos fatos, para que sejam provados em sua subsistência histórica. A busca dessa verdade, no contexto da investigação criminal, seria, nos termos do art. 4º do Código de Processo Penal, a reconstrução histórica dos fatos, demonstrando-se quem foi o autor do fato criminoso (indícios de autoria) e a própria existência desse fato criminoso (materialidade do delito).
O inquérito, embora seja doutrinariamente o principal instrumento utilizado na investigação, não é o único e, atualmente, talvez seja o menos prestigiado. Pelo seu excessivo formalismo, produto de uma legislação datada de 1941, a sociedade moderna demandou novos instrumentos investigativos.
Uma dessas inovações foi a edição da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que, entre outros institutos, criou os chamados Termos Circunstanciados de Ocorrências, com o objetivo de desburocratizar as investigações e substituir o inquérito policial.
Art. 69, Lei 9.099/95. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima (Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002).
Essa maneira de investigação (procedimento investigativo) encontrava-se restrita às infrações penais de menor gravidade chamadas de pequeno potencial ofensivo, ou de menor potencial ofensivo. Nesses casos, o inquérito policial era substituído por outro procedimento investigatório, menos formal, chamado Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
MENOR POTENCIAL OFENSIVO: O próprio legislador definiu as infrações de pequeno potencial ofensivo como sendo todas as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima cominada em abstrato não fosse superior a 2 anos, conforme art. 61 da Lei 9.099/95:
“Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.” (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006).
Embora o inquérito policial e o Termo Circunstanciado apresentem peculiaridades procedimentais distintas, ambos preservam sua finalidade como princípio reitor: a busca pela reconstrução história da verdade dos fatos (autoria e materialidade do delito).
Características da investigação criminal
Vejamos algumas características da investigação criminal, também chamada de persecução penal. Essas características são apontadas pelos doutrinadores como sendo características do inquérito policial, mas se estendem às outras formas procedimentais de investigação.
UNIDIRECIONAL
Essa é a característica do inquérito policial (e de todas as outras formas de investigação). Nicolitt, ao estudar essa característica, afirmou: O objetivo único do inquérito policial é apurar os fatos e encaminhar os resultados à apreciação do Ministério Público.
Em razão desse raciocínio, o delegado de polícia não poderia realizar nenhum juízo de valor sobre os elementos informativos do inquérito, o que na prática não ocorre, já que para o delegado aplicar a lei é necessário realizar uma análise jurídica sobre os fatos. E cada fato ou ocorrência policial possui peculiaridades do caso concreto, o que forçosamente exige a aplicação do conhecimento jurídico deste profissional para aplicar a lei ao caso concreto, sejam as normas penais ou processuais penais.
Em algumas ocasiões, a própria lei já deixa essa necessidade de forma expressa, como ocorre no art. 52, I da Lei 11.343/06:
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:
I - Relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ”
A investigação, com base nessa perspectiva controvertida, portanto, tem como seu principal destinatário o Ministério Público, órgão com atribuição constitucional para a propositura da ação penal pública em juízo, ou o próprio ofendido (vítima do crime), nos casos de ação penal privada.
A doutrina processual penal classifica a ação penal como sendo: crime de ação pública (incondicionada e condicionada) e crimes de ação privada. Nos primeiros (crimes de ação pública), caberá ao próprio Estado, mediante a atuação do Ministério Público, a propositura da ação penal, mediante uma peça técnica chamada de “denúncia”. Já nos crimes de ação privada, cabe à própria vítima do crime, chamada de querelante, a propositura da ação penal, mediante a peça técnica chamada de “queixa-crime”. A repercussão social do crime, definida na própria lei, é que determinará se o crime é de ação penal pública (quando o interesse lesado atinge, além da vítima do crime, a sociedade/Estado/coletividade) ou de ação penal privada (quando o interesse lesado atinge apenas a vítima).
Essa concepção não é tão clara assim em relação ao delegado de polícia. No entanto, na 6ª edição de seu livro, Nicolitt (2016, p. 201) alterou seu entendimento com base na doutrina do professor e Delegado Henrique Hoffmann: “nas edições anteriores afirmávamos que o inquérito era unidirecional, no intuito de demonstrar que sua função é exclusivamente direcionada a formar a opinião do MP sobre a propositura ou não da ação penal. No entanto, a doutrina tem vinculado que o sentido de tal característica seria a impossibilidade do delegado de polícia fazer juízo de valor no âmbito do inquérito policial. Certo é que, no curso da investigação, a autoridade policial emite inúmeros juízos de valor. ”
INQUISITORIAL OU INQUISITIVO
O inquérito policial também é inquisitivo ou inquisitório, se contrapondo ao processo que, por previsão expressa na Constituição, deve respeitar o princípio do contraditório (art. 5º, inciso LV, CRFB).
Art. 5º, CRFB. [...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; [...].
O inquérito, bem como as demais formas de investigação, é um procedimento. E como tal, não se encontra abrangidopelo princípio do contraditório, visto como a organização dialética entre as partes (acusação e defesa). Assim, temos:
Por ser inquisitivo e unidirecional, o inquérito policial objetiva unicamente que o órgão acusador promova a acusação em juízo, ou seja, proponha a ação penal.
SIGILOSO
Modelo inquisitivo sigiloso é previsto no art. 20 do Código de Processo Penal. 
Art. 20, CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Desde a edição do Código de Processo Penal, o sigilo do inquérito sofreu grande mitigação, inclusive ganhando novos contornos e funções.
Por uma leitura exclusiva do art. 20 do CPP, tem-se um sigilo absoluto, visto sob uma “função utilitarista”, ou seja, com o fim de assegurar a eficácia da investigação no interesse da sociedade.
Contudo, modernamente, principalmente após a promulgação da Constituição de 1988, a pessoa investigada (suspeita de um crime) deixa de ser vista como mero objeto de uma investigação, passando a ser observada como sujeito de direitos. Nessa linha, desenvolve-se uma função garantista do sigilo do inquérito policial, no sentido de garantir a intimidade e dignidade da pessoa investigada (que tecnicamente se chama indiciado).
Além disso, com a promulgação do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, Lei 8.906, de 4 de julho de 1994, restou mitigado o sigilo do Inquérito, na medida em que o art. 7º, inciso XIV, concedeu a prerrogativa funcional ao advogado ter acesso à procedimentos de investigação.
Art. 7º, Lei 8.906/94. São direitos do advogado:
[...]
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016).
O aparente conflito entre o direito de acesso do advogado a investigações em curso e o sigilo do inquérito policial acabou chegando ao Supremo Tribunal Federal, que pacificou o tema com a edição da Súmula Vinculante nº 14, permitindo o acesso do advogado aos elementos de prova já documentados na investigação, no interesse do exercício de defesa do investigado. Observe:
Súmula Vinculante nº 14 do STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
ESCRITO
O inquérito policial também possui como característica o fato de ser escrito, conforme dispõe o art. 9º do Código de Processo Penal.
Art. 9º, CPP. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
INDISPONIVEL 
O inquérito policial pode ser, ainda, indisponível, pois uma vez instaurado não pode a Autoridade Policial determinar seu arquivamento, conforme art. 17 do Código de Processo Penal.
Art. 17, CPP. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
DISPENSAVEL 
O inquérito policial também pode ser dispensável, pois o titular da ação penal poderá utilizar outras fontes de informação para a propositura da ação penal.
Quem pode conduzir uma investigação criminal? 
A investigação criminal é procedimento normalmente conduzido por delegado de polícia, servidor público integrante das Polícias Civis, no âmbito estadual, ou da Polícia Federal, no âmbito federal.
Contudo, a função de investigar não é monopólio das polícias, conforme interpretação do parágrafo único, art. 4º do CPP e art. 144 da CRFB. Veja a seguir.
Art. 4º, CPP. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995).
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Art. 144, CRFB. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
[...]
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
O monopólio da investigação penal pela polícia é tema que já chegou aos Tribunais brasileiros. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal decidiu que ao cuidar das funções de polícia judiciária e investigações criminais atribuídas às Polícias Civis, o texto constitucional do §4º do art. 144 não utiliza o termo exclusividade.
Assim, outros órgãos podem realizar investigação criminal. São eles:
Ministério público: Possui atribuição para praticar atos de investigação por força de interpretação de vários dispositivos legais e constitucionais esparsos.
A possibilidade do Ministério Público realizar investigações criminais decorreria da interpretação conjunta do art. 129, VIII, CRFB; Art. 7º e 8º da LC 75/83; art. 26 da Lei 8.625/93; e aplicação da chamada teoria dos poderes implícitos, reproduzido no brocado “quem pode o mais, pode o menos”, na medida em que se o Ministério Público pode realizar a propositura da ação penal, por ser o titular da ação penal pública, poderia, também, realizar investigação criminal.
Comissão parlamentar de inquéritos (CPI): Possui competência expressa para realizar investigações criminais por força do art. 58, § 3º, da CRFB.
Art. 58, CRFB. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
[...]
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
Tribunais: Também poderão, embora excepcionalmente, realizar investigação criminal quando houver indício da prática de crime por parte de magistrado.
	
	
Art. 33, LC 33/79 (Loman). São prerrogativas do magistrado:
Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial competente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigação.
Como examinamos, o inquérito policial, visto como uma das formas procedimentais mais conhecidas para se realizar a investigação criminal, é o instrumento utilizado para a busca da verdade dos fatos. Ou seja, por meio da investigação criminal busca-se provar algo.
O vocábulo prova não possui um único sentido, podendo ser entendido de duas maneiras:
Desse binômio entre objeto de prova e meio de prova é que ganhará relevância o tema das perícias, vista como um dos meios de prova mais relevantes na investigação e no processo judicial.

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