Buscar

Fisioterapia Traumato-Ortopedica do Membro Inferior_Final

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 90 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Fisioterapia traumato-ortopédica 
do membro inFerior
Elaboração
Samuel Straceri Lodovichi
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO 
DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES ....................................................................... 9
CAPÍTULO 1
ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES .......................................................... 9
CAPÍTULO 2
TÓPICOS EM ANATOMIA FUNCIONAL DO JOELHO .................................................................. 17
CAPÍTULO 3
TÓPICOS EM ANATOMIA FUNCIONAL DO TORNOZELO E PÉ .................................................... 22
UNIDADE II
PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES ............................................................................. 26
CAPÍTULO 1
PATOLOGIAS RECORRENTES DO QUADRIL ............................................................................... 26
CAPÍTULO 2
PATOLOGIAS RECORRENTES DO JOELHO ................................................................................ 30
CAPÍTULO 3
PATOLOGIAS RECORRENTES DO TORNOZELO 
E PÉ ....................................................................................................................................... 38
UNIDADE III
TRAUMATOLOGIA DOS MMII ................................................................................................................ 42
CAPÍTULO 1
TÓPICOS EM TRAUMATOLOGIA DOS MEMBROS INFERIORES .................................................... 42
CAPÍTULO 2
TRAUMATOLOGIA DO JOELHO ................................................................................................ 50
CAPÍTULO 3
TRAUMATOLOGIA DO PÉ E TORNOZELO .................................................................................. 56
CAPÍTULO 4
TÓPICOS EM ARTROPLASTIAS .................................................................................................. 61
UNIDADE IV
AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES .................................................................... 64
CAPÍTULO 1
TÓPICOS EM AVALIAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES ............................................................ 64
CAPÍTULO 2
TÓPICOS EM AVALIAÇÃO DO JOELHO ................................................................................... 67
CAPÍTULO 3
TÓPICOS EM AVALIAÇÃO DO TORNOZELO ............................................................................. 72
CAPÍTULO 4
REABILITAÇÃO DO QUADRIL ................................................................................................... 74
CAPÍTULO 5
REABILITAÇÃO DO JOELHO .................................................................................................... 79
CAPÍTULO 6
REABILITAÇÃO DO TORNOZELO .............................................................................................. 85
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 88
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
As lesões dos membros inferiores são problemas frequentes nos consultórios médicos 
e de fisioterapia aqui no Brasil e em todo o mundo. Por causa da grande incidência 
de disfunções ortopédicas e traumatológicas dos quadris, joelhos e tornozelos, 
faz-se necessário um entendimento mais aprofundado acerca das patologias que estas 
articulações sofrem e discutirmos qual ou quais os melhores métodos para a avaliação 
e tratamento.
Na última década, vários pesquisadores têm-se debruçado sobre as reais fontes dos 
problemas e disfunções dos membros inferiores, deixando de lado antigas convicções 
sobre como tratar. Embora ainda tenhamos um ranço daquela fisioterapia convencional 
do calor, frio, aparelhos de eletrotermofototerapia (e que ainda têm sua utilidade 
em alguns casos), isto deve ser superado, pois devemos nos atentar para as últimas 
evidências no que diz respeito ao correto diagnóstico e tratamento destas patologias 
que afetam os quadris, joelhos e tornozelos.
Portanto, caro leitor, o propósito deste material, é levar até você o que se tem discutido 
atualmente na reabilitação das doenças e fraturas que acometem os membros inferiores, 
de uma forma sucinta, porém, objetiva, calcada na ciência atual e com relevância clínica.
Objetivos
 » Mostrar ao aluno as novas modalidades no manejo, diagnóstico e 
tratamento dos membros inferiores. 
 » Rever e aprofundar conceitos cinesiológicos e biomecânicos dos membros 
inferiores. 
 » Estimular o aluno na busca de conhecimento adicional acerca do estudo 
dos quadris, joelhos e tornozelos. 
9
UNIDADE I
ANATOMIA E 
BIOMECÂNICA 
DOSMEMBROS 
INFERIORES
CAPÍTULO 1
Anatomia e biomecânica dos membros 
inferiores
Quadril
Anatomia e cinesiologia do quadril
O membro inferior é responsável pela sustentação do peso do corpo e locomoção. O 
quadril, ou articulação coxofemoral é formado pela união do acetábulo da pelve e a 
cabeça do fêmur, o osso mais longo do corpo humano. 
A articulação do quadril é sinovial do tipo esferoide e possui 3 graus de liberdade, 
denominada triaxial (DRAKE, VOGL, MITCHELL, 2010).
Figura 1. Osso do quadril (ílio, ísquio e púbis).
Fonte: Drake, 2010.
10
UNIDADE I │ ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES
Figura 2. Cartilagem articular e lábio acetabular.
Fonte: Drake, 2010.
Algumas estruturas são responsáveis por estabilizarem a articulação do quadril, são 
elas: lábio acetabular, ligamento iliofemoral, isquiofemoral e pubofemoral. Veja a 
seguir (DRAKE, VOGL, MITCHELL, 2010).
 » Lábio acetabular: anel fibrocartilaginoso que aprofunda a cavidade 
acetabular aumentando a congruência da articulação.
 » Ligamento iliofemoral: suporte anterior ao quadril resiste movimentos 
de hiperextensão, rotação medial e lateral.
 » Ligamento isquiofemoral: resiste os movimentos de adução e rotação 
medial.
 » Ligamento pubofemoral: resiste os movimentos de abdução e rotação 
lateral.
 » Ligamento redondo da cabeça do fêmur: não apresenta função mecânica 
específica, mas sim para suprimento sanguíneo para a cabeça do fêmur.
11
ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE I
Figura 3. Ligamento Iliofemoral.
Fonte: Kapandji, 2001.
Figura 4. Ligamento isquifemoral e cápsula articular.
Fonte: Kapandji, 2001.
Figura 5. Ligamentos do quadril.
Fonte: Kapandji, 2001.
12
UNIDADE I │ ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES
Os movimentos do quadril são: flexão/extensão no eixo frontal e plano sagital, abdução/
adução no eixo sagital e plano frontal e rotação medial/lateral no eixo longitudinal e 
plano transverso. 
O movimento de cincundução do quadril é a combinação simultânea de movimentos 
elementares realizados ao redor de três eixos (KAPANDJI, 2000).
Amplitude de movimento de referência para os movimentos do quadril (MAGEE, 2010):
 » Flexão: 0°-120º
 » Extensão: 0º-20º
 » Abdução: 0º-45º
 » Adução: 0°-30º - Deve ser combinada com flexão ou extensão.
 » Rotação medial: 0°-35°
 » Rotação lateral: 0°-45°
Figura 6. Movimentos do quadril.
Fonte: Kapandji, 2001.
13
ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE I
Figura 7. Músculo quadríceps.
Fonte: Drake, 2010.
Figura 8. Músculos glúteos.
Fonte: Drake, 2010.
14
UNIDADE I │ ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES
Figura 9. Músculo iliopsoas.
Fonte: Drake, 2010.
Conceitos biomecânicos do quadril
Balança de Pauwels
Durante a marcha (apoio monopodal) todo peso do corpo tende a indicar a pelve para o 
lado sem apoio, porém isso não acontece devido à ação da musculatura oposta abdutora.
A balança se resume em: braço de alavanca do peso corpóreo que é aproximadamente 
duas a três vezes maior que o braço da musculatura abdutora. Para manter o equilíbrio 
do quadril, a força muscular deve ser aproximadamente três vezes maior que o peso 
corpóreo (NEUMANN, 2011).
BCO3X > BABD
Figura 10. Balança de Pauwels.
Fonte: Neumann, 2011.
15
ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE I
Figura 11. Balança de Pauwels.
Fonte: Neumann, 2011.
Sinal de Trendelemburg
Ao avaliar a musculatura abdutora de quadril com apoio unipodal, pode-se observar 
a queda da pelve. Se isso ocorrer, podemos afirmar que há diminuição de força da 
musculatura abdutora da perna de apoio, produzindo queda da pelve contralateral.
Figura 12. Sinal de Trendelemburg.
Fonte: Magee, 2010.
16
UNIDADE I │ ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES
Ângulo de inclinação do colo do fêmur
O eixo do colo femoral é oblíquo para cima formando um ângulo de 125° no adulto. 
Essa conformação do fêmur faz com que o plano frontal que passa pela cabeça do 
fêmur e pelos côndilos femorais, deixe a diáfise e sua extremidade superior com uma 
conformação anterior. O ângulo de inclinação varia de acordo com os indivíduos e em 
determinadas épocas da vida, resultante de adaptações funcionais (KAPANDJI, 2001).
Figura 13. Ângulo de inclinação da cabeça femoral.
Fonte: Kapandji, 2001.
 » KAPANDJI, A. I. Fisiologia articular: membro inferior. 5. ed. 2001.
 » NEUMANN, D. A. Cinesiologia do aparelho musculoesquelético: 
fundamentos para reabilitação, 2011.
17
CAPÍTULO 2
Tópicos em anatomia funcional do 
joelho
Joelho
Anatomia e cinesiologia do joelho
A articulação do joelho é uma articulação complexa com pouca congruência articular, 
e para isso deve ser suportada por ligamentos e músculos. É frequentemente exposta a 
severos esforços e por isso é também frequentemente lesada. 
O joelho é formado por duas articulações: femorotibial (sinovial do tipo condilar) e 
femoropatelar (sinovial do tipo plana). 
A patela é o maior osso sesamoide do corpo humano e tem grande importância para 
a produção de torque do quadríceps, já que aumenta a distância do centro do joelho 
(DRAKE, VOGL, MITCHELL, 2010).
Figura 14. Patela.
Fonte: Drake, 2010.
18
UNIDADE I │ ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES
Figura 15. Anatomia do joelho.
Fonte: Drake, 2010.
Figura 16. Anatomia do joelho.
Fonte: Drake, 2010.
19
ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE I
A amplitude de movimento de referência do joelho é:
 » Flexão: 0°-120°.
 » Extensão: 0°-10° Maior que 0° é caracterizado como hiperextensão.
 » Rotação medial e lateral: movimento acessório com o joelho em flexão de 
90°.
No joelho podemos encontrar alguns desvios laterais conhecidos como valgo ou varo. 
Normalmente há uma tendência ao posicionamento valgo de joelho pela presença do 
ângulo Q. Quando exacerbado, pode gerar sobrecarga no compartimento lateral da 
articulação femorotibial. Quando há alteração da angulação do joelho para posição varo, 
há sobrecarga sobre o compartimento medial da articulação femorotibial (MAGEE, 
2010). 
Figura 17. Ângulo Q.
Fonte: Magee, 2010.
20
UNIDADE I │ ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES
Figura 18. Desvios joelho.
Fonte: Magee, 2010.
Os meniscos no joelho são responsáveis por aumentar a congruência articular, melhorar 
a distribuição de carga, absorver choques e melhorar lubrificação na articulação. São 
dois meniscos, um lateral e um medial. O menisco medial está fixo ao ligamento colateral 
medial e por este motivo apresenta menor mobilidade tornando-o mais susceptível a 
lesões (DRAKE, VOGL, MITCHELL, 2010). 
Os ligamentos que estabilizam a articulação do joelho são:
 » Ligamento colateral medial: suporta estresse em valgo.
 » Ligamento colateral lateral: suporta estresse em varo.
 » Ligamento cruzado anterior: impede translação anterior da tíbia em 
relação ao fêmur.
 » Ligamento cruzado posterior: impede translação posterior da tíbia em 
relação ao fêmur.
21
ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE I
Figura 19. Músculo isquiotibiais.
Fonte: Drake, 2010.
Conceitos biomecânicos do joelho
Devemos nos atentar para o funcionamento da articulação femoropatelar, motivo 
de lesões frequentes. A falta de conhecimento desta articulação leva a tratamentos 
ineficazes e muitas vezes lesivos ao paciente.
Basicamente, a patela entra em contato com a tróclea do fêmur a 0°, com uma área de 
contato mínima. Em 135° de flexão, as duas facetas laterais mantêm íntimo contato 
com a tróclea. À medida que o joelho migra para 90°, a área de contato patela-fêmur 
vai mais para seu polo inferior. Entre 60-90°, a patela se encaixa no sulco intercondilar 
do fêmur e possui uma área de contato maior. Mas, embora com uma área de contato 
maior, a pressão por unidade de área ainda é relativamente alta. 
Já nos últimos graus de extensão (20-30°), o ponto de contato retorna ao polo inferior 
e perde o seu encaixe. A perda do encaixe faz com que o paciente luxe a patela nesta 
angulaçãonormalmente.
Lembre-se portanto que em CCA, a angulação ideal para trabalhar vai de 90-45° em 
média, pois mantemos uma área de contato relativamente ótima para não sobrecarregar 
a cartilagem articular, mesmo com a ativação do quadríceps (NEUMANN, 2011).
22
CAPÍTULO 3
Tópicos em anatomia funcional do 
tornozelo e pé
Tornozelo e pé
Anatomia e cinesiologia do tornozelo e pé
Proporciona base de suporte para o corpo, além de servir como uma alavanca rígida para 
a execução da marcha. A articulação do tornozelo promove adaptações às mudanças de 
superfície.
Podemos dividir em três segmentos, a saber:
 » retropé: calcâneo e tálus; 
 » mediopé: navicular, cuboide e cuneiformes;
 » antepé: metatarsos e falanges. 
As articulações tibiofibular proximal (sinovial do tipo plana) e distal (sindesmose) 
funcionam exclusivamente para o tornozelo (DRAKE, VOGL, MITCHELL, 2010). 
Figura 20. Articulação tibiofibular proximal.
Fonte: Drake, 2010.
23
ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE I
As estruturas estabilizadoras da articulação tibiofibular são: 
 » ligamento tibiofibular anterior;
 » ligamento tibiofibular posterior;
 » membrana interóssea. 
Responsáveis por manter a união entre tíbia e fíbula
Figura 21. Articulação tibiofibular distal.
Fonte: Drake, 2010.
A articulação talocrural corresponde à tibiotalar e talofibular e é caracterizada como 
sinovial em gínglimo. É a articulação mais congruente do corpo humano e em posição 
neutra forma um ângulo reto entre o pé e a tíbia.
A amplitude de movimento de referência é:
 » Flexão plantar: 50°
 » Dorsiflexão: 20°
Os ligamentos responsáveis por estabilizar a articulação talocrural são: 
 » Ligamento colateral medial – deltoide (lig. tibiotalar anterior, lig. 
tibionavicular, lig. tibiocalcâneo, lig. tibiotalar posterior): impedem uma 
inclinação excessiva lateral do talus do calcâneo.
 » Ligamento talofibular anterior: impede translação anterior do tálus em 
relação à tíbia e a fíbula.
 » Ligamento talofibular posterior: impede translação posterior do tálus em 
relação à tíbia e à fíbula.
24
UNIDADE I │ ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES
 » Ligamento calcâneo fibular: impede uma inclinação excessiva medial do 
tálus e do calcâneo.
A articulação subtalar ou talocalcânea é formada entre o tálus inferiormente e o calcâneo 
superiormente. 
Os ligamentos que estabilizam a articulação subtalar são:
 » Ligamento talocalcâneo interósseo.
 » Ligamento talocalcâneo posterior.
 » Ligamento talocacâneo lateral.
Responsáveis pela união entre tálus e calcâneo
Figura 22. Articulação subtalar.
Fonte: Drake, 2010.
25
ANATOMIA E BIOMECÂNICA DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE I
Figura 23. Músculo tríceps sural.
Fonte: Drake, 2010.
Conceitos biomecânicos do tornozelo
Basicamente, precisamos ter conhecimento do funcionamento da “pinça bimaleolar”. 
Para a realização da dorsiflexão, o tálus rola e desliza para trás, abrindo a pinça, mas 
bloqueando-a ao mesmo tempo. Dessa forma, há maior encaixe articular e maior 
estabilidade para a articulação. Já na flexão plantar, o tálus rola e desliza para frente, 
afrouxando a pinça, desbloqueando a articulação e diminuindo a estabilidade da 
articulação. Isso explica porque o paciente normalmente faz uma entorse em flexão 
plantar, do que em dorsiflexão (NEUMANN, 2011).
NEUMANN, D. A. Cinesiologia do aparelho musculoesquelético: fundamentos 
para reabilitação. 2011.
26
UNIDADE II
PATOLOGIAS 
COMUNS DOS 
MEMBROS 
INFERIORES
CAPÍTULO 1
Patologias recorrentes do quadril
Patologias comuns do complexo do quadril
Osteoatrose de quadril (Coxartrose)
A osteoartrose ou osteoartrite (OA) é popularmente conhecida como desgaste da 
cartilagem articular, porém já sabemos que há o envolvimento de todas as estruturas 
articulares, como cartilagem, ligamentos e a estrutura óssea (American College 
of Rheumatology). É caracterizada por um colapso articular, mudanças ósseas, 
degeneração dos tendões e ligamentos e possui manifestações clínicas caracterizadas 
por estágios inflamatórios (LITTLE; FOSANG, 2010). Apesar das manifestações clínicas 
de estágios inflamatórios, a osteoartrose não é considerada uma doença inflamatória. 
Figura 24. Osteoatrose de quadril (Coxartrose).
Fonte: <http://medicinadoquadril.com.br/site/coxartrose/>.
27
PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE II
Etiologia
A evolução da patologia pode iniciar com uma alteração de metabolismo da cartilagem 
articular. Alguns estudos mostram que o funcionamento dos condrócitos se altera e 
este pode ser o início do processo. Os condrócitos são células mesenquimais e tem 
importância no metabolismo da cartilagem, pois, sintetizam colágeno, proteoglinacos 
e proteinases, e se o funcionamento local está alterado, a síntese de matriz óssea não 
é mais a mesma, alterando a fisiologia articular (FELICE et al., 2002, HWANG; KIM, 
2015).
Fatores que também influenciam no desenvolvimento da patologia são: genéticos, 
bioquímicos, mecânicos, idade, sexo, hereditariedade e obesidade (American College 
of Rheumatology). 
Manifestações clínicas
Ao exame físico paciente pode apresentar edemaciamento local, restrição de 
amplitude de movimento, dor à palpação e ao movimento principalmente nos estágios 
inflamatórios, crepitação articular, diminuição de força, alterações na conformação 
óssea, alterações no equilíbrio e marcha e déficits funcionais.
Impacto femoroacetabular
Definição
Entende-se por uma condição patológica em que ocorre uma incongruência articular 
entre acetábulo e colo femoral durante a mobilização do quadril, principalmente nos 
movimentos de flexão e rotação interna do quadril (ZIPPERER; HESS; JACINTO, 
2012).
O impacto sintomático pode evoluir para lesões do lábio acetabular e da cartilagem 
articular, sendo responsável pelo surgimento antecipado das condições degenerativas 
do quadril (POLESELLO, 2009).
O impacto resulta de duas condições anatômicas diferentes, definindo sua classificação 
em Pincer ou Came. No impacto classificado como Pincer, a alteração encontra-se no 
acetábulo, já o tipo Came a alteração encontra-se na região entre cabeça e colo femoral 
(FRASSON et al, 2015).
28
UNIDADE II │ PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES
Figura 25. Impacto femoroacetabular.
Fonte: Magee, 2010.
Etiologia
O aparecimento e a evolução do quadro de impacto femoroacetabular estão relacionados 
com alterações morfológicas do acetábulo no crescimento ósseo ou decorrente de 
traumas prévios, por exemplo, fraturas com consolidação inadequada (CRESTANI; 
TELOKEN; GUSMÃO, 2006).
Manifestações clínicas
Os sintomas comumente aparecem em adultos, em média, na segunda e terceira década 
de vida. Iniciam com dores do quadril, relacionada com a região inguinal, e ao demostrar 
a dor, apresenta padrão em “C” (BYRD; JONES, 2004).
Figura 26. Sinal do “C”.
Fonte: Magee, 2010.
Para a prática de atividade física pode haver restrição, e os movimentos mais limitados 
e provocantes são: flexão, rotação interna e adução de quadril. Podem relatar que após 
muito tempo na posição sentada a dor piora (CRESTANI; TELOKEN; GUSMÃO, 2006). 
29
PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE II
Figura 27. Movimento de flexão de quadril.
Fonte: Kapandji, 2001.
Figura 28. Movimento de rotação interna de quadril.
Fonte: Kapandji, 2001.
30
CAPÍTULO 2
Patologias recorrentes do joelho
Patologias comuns do joelho
Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)
Uma das lesões mais comuns entre os esportistas, principalmente jogadores de futebol, 
com alta incidência, porém com dados escassos na literatura sobre casos relatados. 
Comumente, a lesão do LCA é a responsável pelo fim da prática esportiva em muitos 
esportistas, pelo seu tempo prolongado de recuperação (BRITOS; SOARES; REBELO, 
2009). 
Figura 29. Ligamento cruzado anterior.
Fonte: Drake, 2010.
Etiologia
A lesão do LCA está relacionada com mecanismo de lesão sem contato físico e 
frequentemente associado com forças de desaceleração.A somatória de uma força 
em valgo, joelho em leve flexão com rotação da perna com o pé fixo, comumente 
31
PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE II
resulta em ruptura do ligamento de forma parcial ou total (FATARELLI, ALMEIDA, 
NASCIMENTO, 2004).
Figura 30. Ruptura do LCA.
Fonte: Magee, 2010.
Manifestações clínicas
Imediatamente no momento da lesão, o paciente pode relatar ter sentido um estalo 
ou mesmo ouvido um som no momento da torção. Outra manifestação comum nos 
primeiros minutos é o derrame articular e edemaciamento da região. Os pacientes 
relatam que não conseguem mais dar continuidade na prática esportiva. O sintoma 
álgico pode aparecer no momento da torção, porém alguns pacientes podem relatar que 
no meio da noite, após algumas horas do ocorrido, a dor apareceu de forma significativa. 
Depois de passado o período de maior quadro inflamatório o paciente pode começar 
a relatar que o joelho está apresentando falseios. Dependendo do grau da lesão, 
confirmado pelo exame de ressonância magnética, será determinado o tratamento 
conservador ou cirúrgico. De qualquer maneira, para tratamento cirúrgico, espera se 
em média uns 02 meses para sanar o processo inflamatório e ser possível visualizar o 
grau da lesão.
Uma observação importante é que a sintomatologia do paciente irá variar se tiverem 
ocorrido outras lesões associadas, dependendo do mecanismo da lesão (ANDREWS; 
HARRELSON, 2005).
32
UNIDADE II │ PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES
Lesões meniscais
Definição
As lesões meniscais podem ser definidas como traumáticas geralmente associadas a 
traumas rotacionais ou em flexão de joelho, ou degenerativas que são associadas a 
processos cirúrgicos prévios como meniscectomias parciais ou lesões ligamentares 
prévias (CAMACHO 2009).
Figura 31. Meniscos.
Fonte: Drake, 2010.
Figura 32. Menisco com reparo cirúrgico.
Fonte: Drake, 2010.
Podemos definir as lesões meniscais traumáticas com relação à conformidade do 
trauma. São elas:
33
PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE II
Lesão meniscal horizontal 
Figura 33. Menisco com lesão horizontal.
Fonte: Stoller, 2004.
Lesão meniscal longitudinal
Geralmente está associada com lesão de LCA prévia (STOLLER, 1987).
Figura 34. Menisco com lesão longitudinal.
Fonte: Stoller, 2004.
Lesão meniscal radial
Figura 35. Menisco com lesão radial ou transversa.
Fonte: Stoller, 2004.
Lesão meniscal em “flap”
Padrão de lesão meniscal mais comum (STOLLER, 1987).
34
UNIDADE II │ PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES
Figura 36. Menisco com lesão em Flap.
Fonte: Stoller, 2004.
Lesão meniscal em alça de balde
Figura 37. Menisco com “alça de balde”.
Fonte: Magee, 2010.
Para as lesões degenerativas é comumente encontrada em indivíduos, em média, na 4a 
década de vida e pode estar associada à osteoartrose de joelho.
Etiologia
As lesões meniscais traumáticas são resultantes de forças de cisalhamento (lesão 
meniscal horizontal), aumento de carga axial (lesão meniscal longitudinal) e cargas 
rotacionais (lesão meniscal radial). Pode estar associada a mecanismos de entorse de 
joelho (lesão meniscal em flap) ou decorrente de traumas de grande intensidade, podendo 
dividir o menisco em duas porções (lesão meniscal em alça de balde) (STOLLER, 1987).
Manifestações clínicas
O paciente comumente apresenta dor na interlinha articular do joelho à palpação. Pode 
apresentar sintomas de travamento do joelho principalmente quando relacionado às 
35
PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE II
lesões em flap ou alça de balde. Relata sintomas nas atividades de vida diária como 
descer e subir escadas ou realizar agachamento.
Síndrome da Dor Patelofemoral (SDPF)
Definição
Condição clínica caracteriza por dor retro e/ou peripatelar associada com atividades 
envolvendo o membro inferior (POWERS, 2010).
Até os anos 1960, a dor anterior no joelho era atribuída a uma condição clínica 
caracterizada como condromalácia patelar. Porém a condromalácia está diretamente 
relacionada com alterações na cartilagem. O que foi contestado é que as dores anteriores 
no joelho não estariam relacionadas diretamente com alguma alteração, já que pacientes 
apresentavam dor anterior no joelho, porém sem qualquer alteração cartilagínea 
(LESLIE; BENTLEY, 1978). Atualmente usamos a nomenclatura de síndrome da 
dor patelofemoral, e as manifestações clínicas e tratamento estão relacionadas com 
alterações biomecânicas encontradas em cada indivíduo. 
Etiologia
O desenvolvimento da SDPF irá variar de acordo com a condição de cada paciente. O 
que sabemos é que tem maior incidência no sexo feminino e com maior predomínio 
em indivíduos que praticam alguma atividade física. Estudos sugerem que pode 
estar relacionado ao desenvolvimento da SDPF, mau alinhamento patelar, retração 
dos retináculos no joelho, ou retração muscular ou do trato iliotibial, fraqueza de 
musculatura do quadril, joelho valgo (aumento do ângulo Q), pronação do pé entre 
outros (POWERS, 2003; SOUZA et al. 2010).
36
UNIDADE II │ PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES
Figura 38. Alinhamento patelar.
Fonte: Roque et al. 2012.
Figura 39. Ângulo Q.
Fonte: Magee, 2010.
Manifestações clínicas
Paciente apresenta dor anterior que pode ser exacerbada ao estender o joelho em cadeia 
cinética aberta além dos 45° ou agachar. Quando há correção do alinhamento patelar, 
se este for presente, paciente realiza movimento de estender o joelho e a dor é aliviada. 
Comumente encontramos nestes pacientes, presença de valgo dinâmico, que é quando 
há aumento do posicionamento valgo do joelho durante alguma atividade, por exemplo, 
um salto (MAIA et al. 2012).
Uma manifestação comum é a diminuição da força da musculatura de quadril como 
glúteo médio e máximo principalmente que deverá ser avaliada para intervenção 
durante o tratamento (CABRAL, et al. 2008).
37
PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE II
Figura 40. Correção do alinhamento patelar com taping.
Fonte: Dutton, 2010.
38
CAPÍTULO 3
Patologias recorrentes do tornozelo 
e pé
Patologias comuns do tornozelo e pé 
Entorse de tornozelo
A entorse é uma lesão articular abrupta que gera alongamento de estruturas 
capsuloligamentares e que pode levar a ruptura ou não dos ligamentos do tornozelo. 
Frequentemente acomete indivíduos que realizam alguma prática esportiva, mas 
principalmente para aqueles praticantes de futebol, vôlei e basquete. Pode ser 
classificada em grau 1 (estiramento ligamentar), grau 2 (lesão ligamentar parcial) e 
grau 3 (lesão ligamentar total) (RODRIGUES; WAISBERG, 2009).
O mecanismo mais comum é a entorse em inversão por algumas razões anatômicas, 
sendo elas: 
 » O maléolo lateral projeta-se mais distalmente do que o maléolo medial, 
ou seja, a obstrução óssea para eversão é maior do que para inversão.
 » O ligamento deltoide (compartimento medial) apresenta maior resistência 
aos movimentos do que os ligamentos laterais. 
Figura 41. Exemplificação entorse.
Fonte: Drake, 2010.
39
PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE II
Figura 42. Mecanismo de entorse em inversão.
Fonte: Drake, 2010.
Manifestações clínicas
Alguns achados no exame físico podem indicar com precisão a condição do paciente, 
principalmente se o exame for realizado alguns dias após a lesão. Autores relatam 
que a presença de edema persistente após o episódio de entorse pode indicar algum 
comprometimento. 
A dor à palpação no ligamento estirado também pode ser um indicativo de lesão, e 
quanto mais rápido for o desenvolvimento do edema e aparecimento de hematoma, 
maior a chance de uma ruptura ligamentar.
Para as lesões mais graves, imediatamente após a entorse, o indivíduo relata 
não conseguir mais colocar o pé no chão e fazer apoio para marcha (ANDREWS; 
HARRELSON, 2005). 
Instabilidade Crônica do Tornozelo (ICT)
Definição
A ICT é uma condição crônica caracterizada por repetitivos episódios de entorse de 
tornozelo, gerando instabilidade mecânica e funcional.Após um primeiro episódio de 
40
UNIDADE II │ PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES
entorse a recorrência de próximos episódios pode ser de 40% se essa condição não for 
tratada, podendo evoluir para uma ICT (BICICI; KARATAS; BALTACA, 2012).
A causa de instabilidade mecânica pode ser atribuída a fatores que alteram a 
biomecânica da articulação após as entorses, como uma frouxidão patológica, uma 
disfunção do movimento artrocinemático, impacto, inflamação sinovial e alterações 
degenerativas. A instabilidade funcional é atribuída a deficiências específicas na 
propriocepção, controle neuromuscular, controle postural ou força após a lesão 
(HERTEL, 2002).
Figura 43. Instabilidade crônica do tornozelo.
Fonte: Hertel, 2002.
Etiologia
Como citado anteriormente, o desenvolvimento da ICT está relacionado com um 
primeiro episódio de entorse de tornozelo. 
As três maiores contribuições para a estabilidade do tornozelo são: a congruência das 
superfícies articulares quando estão expostas a descarga de peso, os ligamentos que 
dão estabilidade estática e as unidades musculotendínias que permitem a estabilização 
dinâmica da articulação (HERTEL, 2002). Qualquer dano a essas estruturas, pode ser 
o inicio de um quadro de ICT.
41
PATOLOGIAS COMUNS DOS MEMBROS INFERIORES │ UNIDADE II
Estudos relatam que após uma lesão ligamentar ocorre déficit das aferências nervosas 
articulares localizadas nessas estruturas. Concluíram, também, que é de maior 
responsabilidade deste feedback aferente, as informações provenientes da pele, 
músculos, tendões e outros receptores articulares (SOUZA, 2004). Após um primeiro 
episódio de entorse e dependendo do grau da lesão, faz-se necessário que o indivíduo 
passe por um tratamento fisioterapêutico para prevenção de novos episódios. 
Manifestações clínicas
Pacientes com ICT relatam apresentar entorses recorrentes, presença de edema 
articular após esforço físico, redução da prática de atividade física por dor ou sensação 
de falseios, dificuldade para marcha em terrenos instáveis, aumento de amplitude de 
movimento para flexão plantar por estiramento dos ligamentos acometidos, crepitação 
articular e dor à palpação ou à descarga de peso (REFSHAUGE; HILLER, 2012).
42
UNIDADE IIITRAUMATOLOGIA 
DOS MMII
CAPÍTULO 1
Tópicos em traumatologia dos 
membros inferiores
Conceitos básicos sobre osteossíntese
Para iniciarmos nosso estudo sobre as fraturas, vamos falar um pouco sobre as 
osteossínteses. E o que vem a ser osteossíntese?
Sabemos que após uma fratura, há um processo de consolidação óssea, certo? A 
osteossíntese nada mais é do que uma placa, parafuso ou qualquer outro material que 
ajude na fixação e manutenção da estabilidade óssea local, do segmento fraturado, para 
assim dar possibilidade da região consolidar-se adequadamente.
No nosso dia a dia, encontraremos os seguintes implantes:
 » placas;
 » parafusos;
 » bandas de tensão;
 » fios de Kirschner;
 » fixadores externos;
 » hastes intramedulares.
As placas e parafusos, muitas vezes erroneamente chamados de pinos (pino é outra 
coisa) são largamente conhecidos e utilizados em nosso meio. Veremos em fraturas de 
fêmur, calcâneo, punho etc.
43
TRAUMATOLOGIA DOS MMII │ UNIDADE III
Figura 44. Parafusos.
Fonte: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-36162011000200005>.
As bandas de tensão são estruturas que foram criadas para transformar forças de tração, 
de separação em forças de compressão. Facilitam a consolidação óssea. Veremos muito 
em fraturas de cotovelo e patela. Na coluna não é utilizada normalmente.
Figura 45. Bandas de tensão.
Fonte: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-78522005000500009>.
Os fios de Kirschner são fios de aço utilizados em fraturas simples, pediátricas, e na 
maioria das vezes para tratamentos rápidos, de algumas semanas. 
44
UNIDADE III │ TRAUMATOLOGIA DOS MMII
Figura 46. Fios de Kirschner.
Fonte: <http://www.scielo.br/pdf/rbort/v46n4/04.pdf>.
Os fixadores externos são estruturas criadas para fraturas complexas, cominutivas 
e expostas. Podem ser divididos em fixadores circulares e lineares. Na verdade são 
implantes provisórios na maioria das vezes. Você os utiliza para fixar e estabilizar a 
fratura e preparar o segmento para um implante fixo, como placas e parafusos.
Figura 47. Fixadores externos.
Fonte: <http://www.ifor.com.br/?p=html/fixadores_externos>.
E por fim, as hastes intramedulares são hastes, como o próprio nome diz, utilizadas 
para fixação de fraturas de tíbia e fêmur, por exemplo. Atualmente é padrão ouro no 
tratamento destes tipos de fraturas.
45
TRAUMATOLOGIA DOS MMII │ UNIDADE III
Figura 48. Hastes intramedulares.
Fonte: <https://ortopediasp.wordpress.com/tag/haste-intramedular/>.
 
Ficou curioso para saber mais sobre implantes? Para mais informações, sugerimos 
a seguinte leitura:
SCHATZKER, J.; TILE, M. Tratamento cirúrgico das fraturas. 2. ed. 2002. 
Para facilitar nosso entendimento, existe uma classificação universal alfanumérica 
das fraturas, chamada AO. Esta classificação foi criada para facilitar a comunicação 
entre cirurgiões e profissionais da saúde que lidam com as fraturas, sem a necessidade 
de memorizar todas as classificações que se utilizam de nomes de pesquisadores. 
(SCHATZKER, 2002)
No nosso caso, como vamos falar de quadril, joelho e tornozelo, nossas fraturas são 
chamadas pelos seguintes códigos:
 » Fêmur: 3
 » Tíbia/Fíbula: 4
 » Pé: 8
Além disso, podemos dividir a fratura em três partes: terço proximal, médio e distal, 
sendo chamadas pelos números 1, 2 e 3 respectivamente. Portanto, como exemplo, uma 
fratura do terço médio do fêmur seria uma “3.2”. Entenderam?
Agora, vamos falar das principais fraturas do membro inferior, começando pelo quadril.
46
UNIDADE III │ TRAUMATOLOGIA DOS MMII
Fraturas do quadril
Bem, são inúmeras as fraturas, portanto vamos elencar as principais e as que aparecem 
frequentemente nos nossos consultórios. 
Figura 49. Classificação AO.
Fonte: Schatzker, 2002.
Fratura do colo do fêmur
Estes tipos de fraturas proximais possuem uma predominância em pessoas idosas e 
mais no sexo feminino (HEBERT, 2005).
Normalmente, a fragilidade óssea é um dos principais causadores das fraturas proximais 
e podem estar relacionadas à osteoporose.
O grande problema da fratura do colo é as comorbidades, as complicações que podem 
ocorrer. Por isso, é considerada uma fratura grave. (SCHATZKER, 2002)
Obviamente, o RX é o exame de imagem para a detecção da fratura, e recomendam-se duas 
incidências: a AP e a Perfil (lateral). Interessante notar que esta fratura está diretamente 
ligada à vascularização desta região. Se houver lesão de vasos locais, a irrigação para 
a fratura ficará comprometida e pode haver não consolidação do local fraturado. Pela 
47
TRAUMATOLOGIA DOS MMII │ UNIDADE III
classificação AO é uma fratura classificada como 31-B. Pela classificação normal, utiliza-
se a classificação de Garden. 
 » Garden 1= fraturas incompletas ou impactadas.
 » Garden 2= completas não desviadas.
 » Garden 3= parcialmente desviada.
 » Garden 4= totalmente desviada.
Melhor prognóstico, obviamente a Garden 1 e 2. Garden 3 e 4 o risco de perda da 
vascularização é bem maior. (HEBERT, 2005)
O tratamento destas fraturas normalmente segue a conduta cirúrgica, pois o tratamento 
conservador muitas vezes pode não apresentar bons resultados e complicar futuramente.
Para as fraturas 1 e 2, pode-se utilizar parafusos canulados, em média 2 ou 3, fazendo 
uso de técnicas pouco invasiva.
Já nas fraturas 3 e 4, recupera-se o alinhamento normal da cabeça femoral com 
parafusos canulados e placas. Em alguns casos, normalmente após os 65, pode-se 
fazer uso de artroplastia, evitando-se assim risco de não consolidação e complicações. 
De acordo com cada caso, opta-se por artroplastias parciais ou totais (LU-YAO, 1994).
Figura 50. Fratura do colo femoral.
Fonte: Sizinio, 2009. 
48
UNIDADE III │ TRAUMATOLOGIA DOS MMIIFigura 51. Parafusos canulados.
Fonte: Sizinio 2009.
Fraturas transtrocantéricas
São fraturas que acontecem entre os trocânteres menor e maior. De localização 
extracapsular, ocorrem em uma área bastante vascularizada e com bom prognóstico e 
baixo risco de necrose. (HEBERT, 2005)
Segundo Schatzker (2002), pela classificação AO é considerada uma fratura 31-A, 
sendo:
 » A1=estáveis. 
 » A2=desviadas e fragmentadas, instáveis. 
 » A3= com traço invertido. 
Normalmente o tratamento cirúrgico é o mais indicado. Utiliza-se com maior frequência 
placas mais parafusos, fazendo uso do sistema DHS (Dynamic Hip Screw). Caso a 
fratura seja muito instável, pode-se utilizar uma placa mais alongada para dar mais 
estabilidade.
49
TRAUMATOLOGIA DOS MMII │ UNIDADE III
Figura 52. Sistema DHS.
Fonte: <https://www2.aofoundation.org>
Pode-se fazer uso também das hastes bloqueadas. Autores afirmam que este método 
seria superior ao uso da DHS dependendo do traço da fratura, mas na maioria dos 
casos não há diferenças clinicamente importantes entre um método e outro (PARKER; 
HANDOLL, 2005).
Figura 53. DHS.
Fonte: Sizinio, 2009.
50
CAPÍTULO 2
Traumatologia do joelho
Nesta seção, iremos abordar as fraturas correspondentes ao fêmur distal e patela, que 
são fraturas comuns em nosso meio.
Fratura do fêmur distal
Embora não seja tão comum no jovem, quando acontece é por trauma de alta energia, 
como, por exemplo, um acidente automobilístico. Por isso que escolhemos falar dela. 
Atualmente, lidamos com inúmeros pacientes que sofreram acidentes, e para tanto, 
precisamos estar preparados para lidar com estas situações.
Não há um mecanismo de trauma exclusivo que leva a esta fratura. Além disso, existem 
três tipos que podem acontecer:
 » fratura supracondilar;
 » fratura unicondilar;
 » supra e intercondilar. 
Independente dos tipos de fratura listados acima, o paciente apresentará dor, crepitação, 
às vezes deformidade e incapacidade para permanecer em pé. 
Figura 54. Fratura distal do fêmur.
Fonte: <https://www2.aofoundation.org>
51
TRAUMATOLOGIA DOS MMII │ UNIDADE III
O tratamento cirúrgico é o de escolha normalmente, pois o conservador pode não 
apresentar bons resultados em longo prazo e trazer complicações ao paciente.
Radiografias AP mais Perfil são suficientes para detectar uma fratura deste tipo. 
Segundo a classificação AO, esta fratura é considerada uma 3.3, podendo ser A, B ou C.
Figura 55. Classificação AO.
Fonte: <https://www2.aofoundation.org>
O tratamento para este tipo de fratura segue alguma regras. Se for conservador, pode 
fazer uso da tração por 6 a 12 semanas no leito, seguida por imobilização gessada até 
plena recuperação. 
Outro artifício que pode ser usado é a tala ortopédica, que pode permanecer com o 
paciente durante três semanas e depois retirada para mobilização.
Todas estas possibilidades acima podem ser realizadas, mas trazem prejuízos com 
facilidade para o paciente, como artrose precoce, perda da redução do segmento, desvios 
dos fragmentos que não conseguem ser mantidos na posição e consolidação viciosa.
Já o tratamento cirúrgico apresenta bons resultados e menores complicações. Mas, 
segundo Muller et al. (1991) devemos ter mente os seguintes parâmetros:
52
UNIDADE III │ TRAUMATOLOGIA DOS MMII
 » restabelecer a anatomia articular; 
 » redução, com alinhamento axial, comprimento e correção da rotação 
local;
 » fixação estável;
 » mobilidade precoce. 
Se possível, operar este paciente em 24 a 48 horas após acidente, a fim de evitar maiores 
complicações. 
Normalmente, utiliza-se do sistema DCS (Dynamic Condilar Screw), que consiste 
em uma placa angulada (95°) e permite melhor compressão da fratura pelo parafuso 
condilar (HEBERT, 2005).
Figura 56. Placa DCS.
Fonte: Sizinio, 2009.
Como alternativa, pode-se fazer uso de uma haste do tipo DFN (Distal Femoral Nail), 
constituída de parafusos para fixação e uma haste bloqueada que perpassa a medula do 
osso. 
53
TRAUMATOLOGIA DOS MMII │ UNIDADE III
Figura 57. Haste DFN. 
Paciente portador de fratura do colo e diálise femoral tratado com DFN e parafuso canulados. 
a) Radiografia pré-operatória; b e c) Radiografias no pós-operatório imediato em AP e perfil; d e e) 
1 ano e 2 meses de pós-operatório, radiografias em AP e perfil;
Fonte: Sizinio, 2009.
Neste tipo de fratura devemos iniciar nossa reabilitação o mais rápido possível, ainda 
no leito com movimentação precoce.
Fratura de patela
Os mecanismos de fratura deste osso, que é o maior osso sesamoide do nosso corpo, 
pode ser dividido em duas partes: trauma direto ou tração violenta do aparelho extensor. 
De ocorrência entre os 20 a 50 anos de idade, podem também ser divididas em quatro 
tipos de traços de fratura:
 » transversas;
 » longitudinais;
 » cominutivas;
 » osteocondrais.
O paciente apresentará dor, edema, incapacidade funcional e impossibilidade para 
flexionar e estender o joelho.
Orienta-se RX em incidências AP mais Perfil, e se necessitar, tomografia 
computadorizada ou ressonância magnética.
Opta-se pelo tratamento conservador quando o desvio não ultrapassar 4 mm e função 
adequada do aparelho extensor. Caso contrário, opta-se pela cirurgia. 
E qual é o tratamento cirúrgico?
54
UNIDADE III │ TRAUMATOLOGIA DOS MMII
Normalmente, faz-se cerclagem, também conhecida como banda de tensão. Utiliza-se 
fios de Kirschner para esta amarração, que transforma as forças de tração em forças 
de compressão, permitindo bom alinhamento, mobilidade precoce e diminuição da 
possibilidade de desvios do fragmento fraturado, quando comparado à fixação por 
parafusos no foco de fratura.
Em casos mais graves, com cominuição importante, pode-se realizar a patelectomia 
parcial ou total, que é a retirada de parte ou a totalidade da patela. O grande problema 
disso é a perda da vantagem mecânica que a patela promove para o funcionamento do 
aparelho extensor (SCHATZKER, 2002).
Importantíssimo, fisioterapeuta!
A mobilidade precoce é de suma importância para estes pacientes! Lembre-
se que a patela está fixa! Portanto, a mobilidade patelar, com ganhos de 
flexoextensão progressivamente e na tolerância do seu paciente só beneficiará 
o mesmo!
Nada de perder tempo!
Figura 58. Banda de tensão em patela.
Fonte: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-78522005000500009>.
55
TRAUMATOLOGIA DOS MMII │ UNIDADE III
Figura 59. Patelectomia total.
Fonte: Sizinio, 2009.
56
CAPÍTULO 3
Traumatologia do pé e tornozelo
Vamos falar agora sobre algumas fraturas que acometem esta porção do nosso corpo, 
tão importante para a marcha.
Fratura do pilão tibial
Podemos entender fratura de pilão tibial como aquelas que afetam a metáfise distal e 
epífise da tíbia, além de fratura associada da fíbula. Embora sejam menos frequentes, 
quando acontecem são graves. Por isso, nossa escolha em mostrá-la para você, caro 
leitor.
Exames como raio X em incidência AP mais Perfil podem evidenciar a fratura, mas em 
alguns casos necessita-se de tomografia computadorizada.
Normalmente, este tipo de fratura acontece por acidentes, quedas de altura, e às vezes 
explosão do chão e do piso onde o paciente se encontra.
Outro grande problema desta fratura, é que como normalmente afeta a articulação, 
pode afetar também a cartilagem articular, deixando sequelas, como a osteoartrose, 
além de rigidez articular (HEBERT, 2005).
Usamos como classificação a preconizada pela AO, sendo fraturas distais da tíbia (3), 
com código B e C (SCHATZKER, 2002).
 » Fratura B: há destacamento da epífise distal da tíbia, mas outra parte da 
superfície articular em relação normal com a metáfise ou diáfise.
 » Fratura C: fratura com traços intra-articulares, separados da metáfise ou 
diáfise tibial.
57
TRAUMATOLOGIA DOS MMII │ UNIDADE III
Figura 60. Classificação AO.
Fonte: <https://www2.aofoundation.org>
Pode-se optar por tratamento conservador (incruento), com bota gessada de 4 a 6 
semanas, seguida de descarga de peso precocee mobilização.
No tratamento cirúrgico, opta-se por placa e parafuso, com redução anatômica, e se 
houver necessidade, enxerto ósseo.
Em casos graves, pode-se realizar a artrodese, que é a fusão articular. Este tipo de 
cirurgia traz grandes complicações ao paciente, em virtude da perda da ADM (amplitude 
de movimento) e compensações musculares e articulares (HEBERT, 2005).
De uma forma geral, é uma fratura com um prognóstico não tão bom, visto que há 
facilidade de complicações, como rigidez articular por exemplo. Outras que podemos 
destacar são as necroses de pele, infecção e necrose óssea. Portanto, o cirurgião deve 
realizar um bom planejamento do tratamento, e no pós-operatório, o fisioterapeuta 
deve não medir esforços para cuidar adequadamente deste paciente, pois perda de 
tempo ou não saber o que fazer, pode prejudicar e muito a reabilitação deste indivíduo 
(DUTTON, 2007).
58
UNIDADE III │ TRAUMATOLOGIA DOS MMII
Figura 61. Tratamento cirúrgico de fratura do pilão tibial com artrodese.
Fonte: Sizinio, 2009.
Fratura de calcâneo
Segundo Hebert (2005), o calcâneo é o osso mais frequentemente fraturado. E para 
piorar, as fraturas são normalmente intra-articulares, o que dificulta sua recuperação 
podendo trazer muitas vezes incapacidade para o paciente. Ocorrem por mecanismo de 
tração, carga axial, como por exemplo, queda de altura. 
Como incidências para a correta detecção do foco d fratura recomenda-se a lateral, AP, 
axial posterior e oblíquas.
Existem diversas classificações para as fraturas do calcâneo, e a mais utilizada é a de 
Sanders e Gregory (1995):
 » Tipo 1: sem desvio articular.
 » Tipo 2: fraturas em duas partes da faceta posterior.
 » Tipo 3: três partes, com fragmento central afundado.
 » Tipo 4: fraturas muito cominutivas.
59
TRAUMATOLOGIA DOS MMII │ UNIDADE III
Figura 62. Classificação das fraturas do calcâneo.
Fonte: Schatzker, 2002.
O tratamento é ainda controverso, pois existem múltiplos protocolos de tratamento 
(SCHATZKER, 2002).
Se for extra-articular, pode-se optar por tratamento conservador com gesso por quatro 
semanas. Havendo desvio maior que 1 cm, opta-se pelo tratamento cirúrgico, com 
redução aberta e fixação interna com parafuso. Utiliza-se bota (robotfoot) no pós-
operatório por 4 a 6 semanas.
Agora, se for uma fratura articular, a situação se complica um pouco mais. Opta-se por 
tratamento cirúrgico, mas se utilizarmos de placa e parafuso, a descarga de peso deve 
ser retardada. O ideal ainda é a utilização de parafusos canulados, com apoio permitido 
entre 10 e 12 semanas (DUTTON, 2010).
Como é uma fratura complexa, o fisioterapeuta deve estar em contato com o cirurgião, 
a fim de decidirem conjuntamente as questões da descarga de peso precoce ou não, e 
progressões no tratamento (MACNICOL, 2002).
60
UNIDADE III │ TRAUMATOLOGIA DOS MMII
Figura 63. Fratura de calcâneo com placa.
Fonte: Dutton, 2010.
61
CAPÍTULO 4
Tópicos em artroplastias
Artroplastias
Artroplastias do quadril
Tentar promover uma melhor conformação articular e aliviar a dor do paciente 
utilizando-se de próteses para o quadril datam por volta de 1800, mas sem materiais 
adequados e que surtiam um bom efeito.
Mas foi só a partir da década de 1950 que as próteses começaram a tomar a forma 
que conhecemos hoje, pelos trabalhos de Sir John Charnley, que combinou material 
plástico e metal.
As próteses basicamente podem ser de metal e plástico ou cerâmica. Utiliza-se também 
cimento para diminuir o estresse do material das próteses e diminuir a pressão por 
unidade de área. Mas não vá pensando que é o cimento usado nas construções! Este 
cimento ósseo chama-se metilmetacrilato.
Há a possibilidade também de utilizamos a prótese sem o cimento, apenas com 
travamento por pressão ou crescimento ósseo interno, que “segura” o implante no local 
desejado. Esta prótese normalmente apresenta porosidades que facilitam a aderência 
e o crescimento ósseo local.
A cabeça femoral pode apresentar os seguintes tamanhos: 22, 26, 28 ou 32 mm. Já o 
comprimento do colo femoral varia de 30 a 40 mm e a distância da cabeça à haste femoral 
pode variar entre 38-45 mm. Haste femoral normalmente possui um comprimento 
vertical de 12 a 18 cm (HEBERT, 2005).
As próteses também podem ser totais ou parciais. No total, tanto o fêmur quanto o 
acetábulo são substituídos pelos materiais. Já na parcial, normalmente faz-se uso da 
prótese femoral apenas e mantém-se o acetábulo (DUTTON, 2010).
Tanto a cimentada quanto prótese não cimentada do quadril possui pontos positivos e 
negativos. Cabe ao cirurgião e à sua equipe decidirem qual o melhor método seguir de 
acordo com as características individuais do paciente e suas necessidades.
62
UNIDADE III │ TRAUMATOLOGIA DOS MMII
Figura 64. Prótese total quadril.
Fonte: Sizinio, 2009.
Artroplastias do joelho
As artroplastias do joelho têm se mostrado com demanda considerável nas últimas 
décadas, e cada vez se faz mais presente nas clínicas de fisioterapia. É indicada em 
fraturas graves ou nas artroses do joelho. Utiliza-se de material plástico (polietileno) e 
metal.
Indicada para pacientes acima dos 60 anos, mas em alguns casos pode-se fazer antes. 
Faz-se uma ressecção da porção proximal do fêmur e substitui-se por peça metálica. Na 
tíbia fixa-se o material plástico para articular-se com a parte metálica do fêmur.
Embora surjam complicações em alguns pacientes como infecção e soltura do material, 
se a cirurgia tiver sido bem realizada, sem intercorrências, a reabilitação corre 
positivamente, com recuperação da flexoextensão em pouco tempo. Mas lembre-se: 
não tentar recuperar a flexão total de seu paciente com prótese de joelho acima dos 
100°. Normalmente as próteses não permitem movimentação acima desta angulação. 
A deambulação, tanto nas próteses de quadril quanto nas de joelho podem começar já 
no hospital, com andador ou muletas, no 2o ou 3o dia de PO.
63
TRAUMATOLOGIA DOS MMII │ UNIDADE III
Figura 65. Artroplastia total de joelho.
Fonte: Sizinio, 2009.
Figura 66. Prótese total de joelho em RX.
Fonte: Sizinio, 2009.
64
UNIDADE IV
AVALIAÇÃO E 
REABILITAÇÃO 
DOS MEMBROS 
INFERIORES
CAPÍTULO 1
Tópicos em avaliação dos membros 
inferiores
Avaliação do quadril
Toda avaliação começa com a inspeção. Procure perceber marcas na pele, cicatrizes, 
edemas (o que não é muito comum nesta região), hematomas etc.
Avalie os movimentos ativos e passivos e perceba se há restrição ou dor durante os 
movimentos. Dor também durante os movimentos passivos pode sugerir disfunções em 
tecidos como ligamentos, cápsula. Dor aos movimentos ativos e não nos passivos pode 
sugerir disfunção muscular ou tendínea.
Vamos a seguir mostrar os principais testes para a avaliação do quadril.
Teste do comprimento real e aparente
Paciente em decúbito dorsal. Com uma fita métrica, meça da EIAS até o maléolo medial 
(comprimento aparente). Logo em seguida, meça da cicatriz umbilical até o maléolo 
medial (comprimento real). 
65
AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES│ UNIDADE IV
Figura 67. Comprimento real e aparente.
Fonte: Magee, 2010.
Teste de Nelaton-Galeazzi
Avalia o comprimento do fêmur e tíbia na criança.
Inspecione a criança de frente e de perfil e note se há alguma alteração de comprimento 
em fêmur ou tíbia (MAGEE, 2010).
Figura 68. Sinal de Nelaton-Galeazzi.
Fonte: Magee, 2010.
Teste de Trendelenburg
Pede-se ao paciente que permaneça em pé sobre uma perna apenas. Queda da pelve 
para o lado contralateral à perna suspensa denota fraqueza do glúteo médio e é um 
sinal de Trendelenburg positivo (CIPRIANO, 2002).
66
UNIDADE III │ TRAUMATOLOGIA DOS MMII
Figura 69. Teste de Trendelemburg.
Fonte: Magee, 2010.
Teste de Thomas
Avalia o comprimento dos flexores do quadril.
Paciente permanece em decúbito dorsal, com os joelhos para fora da maca. O terapeuta 
então flexiona o quadril da perna testada e avalia se há levantamento do membro inferior 
contralateral da maca. Caso haja, é um sinal positivopara encurtamento adaptativo de 
flexores de quadril, mais pronunciadamente de Iliopsoas. Caso o joelho estenda, sugere-
se encurtamento de reto femoral. Se o joelho flexionar-se, encurtamento associado de 
sartório (KENDALL, 2000).
Figura 70. Teste de Thomas.
Fonte: Kendall, 2000.
67
CAPÍTULO 2
Tópicos em avaliação do joelho
Avaliação do joelho
Vamos falar agora sobre os principais pontos da avaliação do joelho. Embora tenhamos 
que mostrar os testes especiais de joelho, não se pode esquecer jamais que o quadril 
tem papel importante na gênese de muitas patologias do joelho. A insuficiência da 
musculatura do quadril pode levar muitas vezes a disfunções de movimento e sobrecarga 
à articulação do joelho. Retomaremos este tópico quando falarmos sobre tratamento.
Incialmente avalie os movimentos ativos e passivos, procurando por instabilidades, 
restrições de ADM e dor. Inspecione também se há marcas, cicatrizes, edemas, 
hematomas e hipotrofias/atrofias musculares, principalmente no quadríceps.
Vamos agora aos testes especiais. 
Teste da gaveta anterior
Avalia a integridade do ligamento cruzado anterior, responsável por impedir a translação 
anterior da tíbia sobre o fêmur.
Posicione o paciente em decúbito dorsal, joelhos flexionados a 90°. Segure firmemente a 
tíbia do joelho que queira avaliar, sente-se sobre o pé do paciente e tracione para frente o 
planalto tibial. Note se há jogo articular maior em comparação ao lado contralateral, ou 
seja, se a tíbia se desloca anteriormente em comparação ao joelho oposto. (CIPRIANO, 
2005)
68
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
Figura 71. Teste da gaveta anterior.
Fonte: Magee, 2010.
Teste da gaveta posterior
O teste de gaveta posterior avalia a integridade do Ligamento Cruzado Posterior (LCP). 
Realiza-se da mesma forma que o teste anterior, porém ao invés de tracionar a tíbia 
para sua frente, empurre-a para trás, procurando por instabilidade e movimento acima 
do normal em comparação ao joelho oposto. (CIPRIANO, 2005)
Figura 72. Teste da gaveta posterior.
Fonte: Magee, 2010.
Teste do estresse em varo 
O teste do estresse em varo avalia a integridade do ligamento colateral lateral.
Posicione o paciente em decúbito dorsal, com joelhos e quadris estendidos. Segure o 
joelho da perna que queira avaliar e faça uma força na porção média da tíbia, fixando o 
69
AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES│ UNIDADE IV
fêmur na região distal (MAGEE, 2010). Esta força deve ser em direção à linha média, 
como mostra a figura a seguir. 
Figura 73. Teste do estresse em varo.
Fonte: Magee, 2010.
Teste do estresse em valgo
Teste que avalia a integridade do ligamento colateral medial.
Faz-se da mesma forma que o teste anterior, porém aplica-se uma força na tíbia para 
longe da linha média, como se quisesse “abrir” o compartimento medial do joelho.
Figura 74. Teste do estresse em valgo.
Fonte: Magee, 2010.
Teste de McMurray
Avalia a integridade dos meniscos medial e lateral.
70
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
Posicione o paciente em decúbito dorsal, com o joelho flexionado que queira avaliar. 
Então, flexione o quadril e joelho, levantando-os da maca, e faça um movimento de 
compressão e rotação para lateral e medial do joelho.
Dor nestes movimentos sugere-se lesão meniscal. Rodando joelho medialmente, 
expõe-se mais facilmente o menisco medial. Aproveite para palpá-lo. Caso haja dor, 
sugere-se lesão do menisco medial. Rodando para lateral, expõe-se o menisco lateral. 
Fazendo o mesmo procedimento, veja se o paciente refere dor. (MAGEE, 2010)
Figura 75. Teste de McMurray.
Fonte: <www.medscape.com>.
Teste de compressão e raspagem
Este teste avalia comprometimento da articulação femoropatelar. Pede-se ao paciente 
para deitar-se em decúbito dorsal, com quadris e joelhos estendidos. Faz-se então uma 
compressão por sobre a patela avaliada e ao mesmo tempo atrita-se contra a tróclea. 
Dor neste procedimento indica disfunção e/ou lesão da femoropatelar (MAGEE, 2010)
71
AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES│ UNIDADE IV
Figura 76. Teste de compressão e raspagem.
Fonte: Magee, 2010.
72
CAPÍTULO 3
Tópicos em avaliação do tornozelo
Avaliação do tornozelo
Bem, finalmente vamos falar sobre a avaliação do tornozelo. Como sempre, avalie os 
movimentos ativos e passivos: dorsiflexão, flexão plantar, eversão e inversão, e procure 
por dor, restrição e instabilidades.
Como testes especiais do tornozelo, listamos os principais a seguir. 
Teste da gaveta anterior
Avalia a integridade do ligamento talofibular anterior. Assim como na gaveta anterior 
do joelho, fixa-se o pé do paciente, mas aqui se puxa o tálus e calcâneo para frente. 
Com a outra mão, desloca-se posteriormente a tíbia. Movimentos anormais, com ADM 
aumentada em comparação ao pé oposto, sugere-se lesão do ligamento (HOPPENFELD, 
2002)
Figura 77. Gaveta anterior do tornozelo.
Fonte: Magee, 2010.
Teste da gaveta posterior
Avalia a integridade do ligamento talofibular posterior. Exatamente como na manobra 
anterior, mas desta vez empurre a tíbia para frente, e o calcâneo e tálus para trás. 
Sinal de Homans
Avalia possível Tromboflebite da extremidade inferior (CIPRIANO, 2005).
73
Figura 78. Sinal de Homans.
Fonte: Cipriano, 2005.
Teste de Thompson 
Avalia integridade do tendão calcâneo. 
Pede-se ao paciente para ficar em decúbito ventral, e o examinador flexiona o joelho 
da perna testada. Aplica-se então uma compressão intermitente na panturrilha do 
paciente. O reflexo característico normal é flexão plantar. Caso isso não ocorra, sugere-
se ruptura parcial ou total do tendão calcâneo (HOPPENFELD, 2002)
Figura 79. Teste de Thompson.
Fonte: Hoppenfeld, 2002.
74
CAPÍTULO 4
Reabilitação do quadril
Reabilitação das patologias dos MMII 
(Membros inferiores)
Bem, leitor, finalmente, chegamos à seção sobre o tratamento. 
Atualmente, tratar patologias do membro inferior não se tem resumido apenas àquela 
articulação em questão, ou seja, se seu paciente apresenta dor e disfunção no joelho, 
não necessariamente o problema dele é primariamente no joelho! O quadril pode 
influenciar e muito no aparecimento da dor, por exemplo.
Portanto, a fisioterapia traumato-ortopédica tem evoluído muito nos últimos anos, e se 
o fisioterapeuta não acompanhar esta evolução, se tornará obsoleto em sua avaliação, 
diagnóstico e tratamento.
Para darmos início à nossa discussão sobre tratamento, vamos começar pelas patologias 
do quadril.
Osteoartrite de quadril
Se tratada de modo conservador, devemos nos atentar para que nem todas as condições 
osteoartríticas irão responder ao tratamento fisioterapêutico, sendo encaminhadas 
para a artroplastia de quadril.
De um modo geral, o quadril destes pacientes normalmente está sofrendo sobrecarga 
por diminuição de força muscular. Se é causa ou consequência, não sabemos ainda. O 
que sabemos é que se há fraqueza da musculatura estabilizadora do quadril, como glúteo 
médio, glúteo máximo e piriforme, possivelmente estes pacientes irão desenvolver mais 
dor, e consequentemente, mais sobrecarga na articulação, levando assim a um círculo 
vicioso. 
Nós devemos tentar quebrar este ciclo, iniciando com programas de fortalecimento e 
controle motor para esta musculatura. 
Portanto, baseado na literatura vigente, devemos nos nortear da seguinte forma no 
tratamento da osteoratrite de quadril:
75
AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES│ UNIDADE IV
 » Mobilizações articulares, segundo Maitland e Mulligan, para diminuir 
o quadro álgico e buscar recuperar o movimento artrocinemático da 
articulação.
 » Assim que possível, iniciar com um programa de fortalecimento de 
abdutores e rotadores laterais do quadril. Inicialmente, sem carga, para 
adquirir controle motor, e depois naturalmente, progredindo na repetição 
e carga conforme tolerância do paciente.
 » Treino de equilíbrio em pranchas instáveis e outras formas de 
desequilíbrios
Caso o pacientenão responda ao tratamento conservador, ele será encaminhado para a 
cirurgia. E o que devemos então fazer neste tipo de paciente no PO?
PO 1 a 3 dias
 » Paciente no leito: estará com espaçador abdutor entre as pernas. 
Fisioterapeuta deverá mobilizar tornozelos, joelhos e quadril 
passivamente. No PO2, paciente deve ser estimulado a sentar em 
poltrona. No PO3, deve ser estimulado a ficar em pé e andar com andador 
pelo corredor do hospital. Sim! Ele já pode andar!
PO 4
 » Paciente possivelmente já de alta.
 » Inicie com exercícios de baixa carga para fortalecimento dos quadris.
A partir daqui, avance semana a semana no treino de fortalecimento do seu paciente, 
buscando enfatizar o treino de glúteos e marcha.
A bengala pode ser utilizada a partir do 30o dia de PO. Até esta data, procure 
ser cuidadoso nos movimentos de flexão, rotação medial e adução, pois são 
movimentos que podem levar à luxação da prótese.
Recomende isso ao seu paciente também!
Fraturas do quadril
Mas o leitor pode estar se perguntando: e as fraturas? São difíceis de reabilitar?
76
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
É claro que não podemos generalizar, mas na maioria dos casos, se o paciente realizou 
cirurgia com um profissional experiente e não houve nenhuma intercorrência, a 
reabilitação caminha bem mais tranquila.
Vamos dar um exemplo de fratura bem comum em nosso meio e que foi citada nos 
capítulos anteriores: a fratura de colo femoral.
Para vocês terem uma ideia, neste tipo de fratura, o paciente pode deambular a partir 
do 2o dia de PO! Por isso, não precisa ter medo de reabilitar um paciente com fratura 
de quadril. A fratura se bem fixada, não dá a possibilidade de soltura do material. Você 
deve apenas sempre manter contato com o cirurgião, a fim de decidirem o melhor 
caminho para cada paciente. Só haverá soltura do material caso haja infecção, trauma 
novamente, ou o paciente não siga as recomendações do fisioterapeuta. 
PO1 a 3 dias
 » Com o paciente no leito ainda, mobilize passivamente tornozelos, joelhos 
e quadris, se possível. Não há contra indicações para a mobilização. 
Apenas se o cirurgião lhe indicar.
 » No PO2, ponha o paciente sentado e inicie com exercícios para o 
quadríceps com carga manual, de acordo com a tolerância do paciente.
 » No PO3, ponha o paciente em pé, ensinando-o a deambular com a ajuda 
do andador pelo corredor do hospital. 
 » Já de alta, continue com o andador até por volta do PO30. Até lá, 
intensifique as mobilizações, caso haja ainda restrição de ADM. Atenção: 
não pode haver restrição de movimento com 30 dias de PO!
 » O treino de fortalecimento dos glúteos aqui também é muito importante. 
São eles que darão estabilidade para seu paciente voltar a deambular 
naturalmente. Vá conforme tolerância do paciente subindo a carga e 
as repetições. Inicie em decúbito dorsal, fazendo abdução horizontal já 
no PO7-8, ativo assistido. A partir do momento que o paciente consiga 
deixar em decúbito lateral, pode-se iniciar com abdução nesta posição.
 » Não esqueça também de fortalecer o quadríceps e gastrocnêmios. O 
quadríceps já pode começar ainda no leito, no PO2-3. Os gastrocnêmios 
podem começar com apoio bipodal por volta da 3a semana.
77
AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES│ UNIDADE IV
Cada paciente evoluirá de uma forma, mas de um modo geral, nas artroplastias 
o indivíduo estará apto as suas atividades normais dentro de 4 meses. Nas fraturas 
tratadas cirurgicamente, dentro de 6 meses. 
Estamos falando de andador, pois são fraturas que normalmente acometem o idoso. 
Caso seja jovem, pode-se já iniciar com marcha com muletas axilares bilateral.
Inicialmente, o paciente solta apenas 15% do peso corporal sobre o membro fraturado, 
e gradativamente, vai dando mais carga para o fêmur. 
Leva-se em consideração um tempo médio de 10 a 12 semanas para a fratura estar 
consolidada. O andador ou muleta deve ser usado até o tempo de consolidação, retirando 
a cargo do fisioterapeuta e médico em comum acordo.
Figura 80. Exercício avançado de glúteo médio em decúbito lateral.
Fonte: Kisner, 2016.
Figura 81. Exercício para glúteo máximo (fase avançada).
Fonte: Kisner, 2016.
78
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
Figura 82. Exercício para glúteo máximo (fase inicial).
Fonte: Kisner, 2016.
Caro leitor, existe um questionário usado para avaliar a incapacidade relacionada ao 
procedimento de artroplastia do quadril, já adaptado e validado para nossa língua. 
Chama-se HARRIS HIP SCORE. Caso você se depare com um paciente pós-artroplastia 
de quadril e identifique a necessidade de avaliar e quantificar sua incapacidade, ou até 
mesmo como medida de comparação pré e pós-tratamento, esse é um bom questionário 
para isso. (GUIMARÃES et al., 2010).
79
CAPÍTULO 5
Reabilitação do joelho
Reabilitação das patologias do joelho 
Vamos falar agora um pouco sobre a reabilitação das patologias do joelho, sendo no 
tratamento conservador ou cirúrgico. 
Elegemos as patologias mais do nosso dia a dia, que são as lesões de LCA e menisco. 
Vamos começar por essas lesões, e depois falamos sobre o tratamento fisioterapêutico 
no pós- operatório de fraturas do joelho.
Lesões de LCA
Segundo Hebert (2005) a reabilitação pós-cirurgia do LCA deve levar em conta o tipo 
de enxerto, seu posicionamento e todo o processo de maturação. 
Existem diversos protocolos para reabilitação do LCA, e aqui vamos fazer um apanhado 
do que há na literatura atual para pós-operatório e oferecer a você, leitor, um protocolo 
para seguir e obviamente adicionar a sua expertise.
Vamos dividir por fases para facilitar a compreensão. 
Fase 1: da semana 4 até a semana 12
 » Mobilização do paciente no leito, mesmo com dreno. 
 » Exercícios de bombeamento do tornozelo,
 » Mobilizações patelares,
Já na clínica:
 » Uso de eletroestimulação em quadríceps, com isometria.
 » Mobilizações patelares.
 » Estímulo à deambulação com muletas axilares.
 » Estímulo ao ganho de ADM de flexão e extensão, na tolerância do paciente. 
Não é necessário forçar!
 » Fortalecimento de toda a cadeia do quadril e gastrocnemios.
80
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
A partir do momento que a dor começa a ceder, libera-se exercícios isotônicos para 
quadríceps, respeitando o ângulo de 90-45° em CCA e 0-45° em CCF, pois são 
angulações de proteção patelar e do ligamento cruzado anterior. Não respeitar esta 
angulação até a alta, corre-se o risco de lesão femoropatelar e forçar a tensão ligamentar. 
(HOPPENFELD, 2005)
Não realizar elevação com a perna estendida se o paciente apresentar sinal de 
lag, que é a semiflexão do joelho. Denota insuficiência de quadríceps além de 
problemas com o enxerto.
Assim que possível, liberar o paciente para exercícios em CCF, pois se leva o 
mesmo a atividades mais funcionais quando comparado a exercícios de CCA. 
(DUTTON, 2010)
Fase 2: da semana 13 a semana 20
Manter, de forma progressiva, os avanços nos exercícios do paciente, tanto em CCA 
quanto CCF, subindo carga e repetições.
Pode-se iniciar antes, mas na fase 2 é obrigatório o paciente estar já realizando exercícios 
proprioceptivos, para reeducação sensório-motora.
Pode-se também levar o paciente para pequenas corridas, na esteira, por exemplo, se 
estiver sem dor ou quadro inflamatório.
Iniciar gesto esportivo, por exemplo se for jogador de futebol, pode-se começar com 
treino com bola.
Fase 3: da semana 21 a semana 24
Continuar os avanços e dificuldades nos exercícios propostos.
Nesta fase o paciente não deve apresentar de forma alguma dor, derrame articular 
ou limitação de ADM. Caso um destes fatores esteja presente, deve-se investigar 
minuciosamente o que está de errado nas condutas tomadas. 
A muleta axilar só deve ser usada até no máximo 15 dias pós-cirurgia. Não há 
necessidade de mais tempo.
81
AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES│ UNIDADE IV
Convém lembrar que os exercícios para os glúteossão de extrema importância na 
reabilitação de quaisquer patologias do joelho, seja conservador ou cirúrgico. Os 
exercícios propostos acima para o quadril podem e devem ser usados para a reabilitação 
do joelho.
Lesão meniscal
As lesões meniscais são um problema desafiador muitas vezes para o fisioterapeuta, 
pois dependendo do sítio da lesão (mas localizado no corpo do menisco) o tratamento 
conservador pode se tornar inviável. (HEBERT, 2005)
Felizmente, com o avanço das técnicas fisioterapêuticas calcadas na biomecânica e 
cinesiologia, a reabilitação tem-se mostrado muito eficaz nestes casos.
Em lesões com fissuras no aspecto mais externo dos meniscos, o fisioterapeuta tem 
grandes chances de recuperar seu paciente, por meio, mais uma vez, da estabilização da 
região por meio do quadril. E é esta lesão que vamos discutir. 
Se seu paciente se apresenta com lesão meniscal já diagnosticada por exames de 
imagem e clínico, no caso uma lesão meniscal medial, o seu raciocínio clínico deve ser 
o seguinte:
 » controle analgésico e anti-inflamatório por meio de recursos 
eletrotermofototerapêuticos; 
 » exercícios para fortalecimento de glúteo máximo, médio e piriforme, 
pois ajudarão na estabilização do complexo do joelho e diminuirão a 
sobrecarga sobre a articulação femorotibial; 
 » exercício para adutores, com carga leve. Os adutores ajudam a estabilizar 
o compartimento medial da articulação do joelho. Cuidado com carga e 
repetições. Ao menor sinal de dor, interrompa. Quando possível, retorne.
Este exemplo apresentado acima reflete não “uma receita de bolo” mas sim um 
direcionamento para você. Ao treinarmos o complexo póstero-lateral do quadril, estamos 
diminuindo a sobrecarga sobre o joelho e neutralizando as forças que agem sobre ele, 
evitando assim rotações excessivas. Já o adutor auxilia na manutenção da estabilidade do 
compartimento medial, evitando sobrecarga local. Com isso, diminui-se o cisalhamento 
local.
Mas e as meniscectomias? A retirada parcial do menisco não traz grandes dificuldades 
para o fisioterapeuta. Em média, a reabilitação dura 6 semanas, e o paciente não tem 
82
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
a necessidade de utilizar muletas. Só usar para conforto. Gradativamente, inicie com 
exercícios para os quadris e avance com exercícios em CCF, respeitando a dor do 
paciente.
A ADM deve ser completa já na primeira semana!
Fraturas de patela
As fraturas da patela correspondem a mais ou menos 1% de todas as fraturas. Embora 
seja um número pequeno, são fraturas que muitas vezes o fisioterapeuta não sabe como 
agir no pós-operatório. Pois bem, estamos aqui para ajudar. 
 » Com o paciente ainda no leito, pode-se mobilizar a patela. O implante 
está fixo e não se soltará. Vá de acordo com a tolerância do paciente.
 » Mobilize quadris e tornozelos.
 » Exercícios de bombeamento dos tornozelos são importantes nesta fase.
Com o paciente em sua clínica:
 » Inicie com descarga de peso proprioceptiva, com muletas axilares, 
descarregando apenas 15% do peso corporal na perna afetada.
 » exercícios de fortalecimento para o quadríceps já podem começar a partir 
do PO6-7. 
Faça isometria caso o paciente não consiga realizar isotonia.
Todo movimento ativo ou ativo-assistido é positivo para articulação! Portanto, 
não tenha receio de mobilizar!
Mas você pode me perguntar: e a flexão? Posso incentivar a flexão? Não corro o risco 
do implante se soltar?
Você pode ir trabalhando a flexão. Se em 12 semanas seu paciente não atingir mais 
de 90°, será necessário rever sua conduta ou retirar o material de síntese. Até as 12 
semanas, a flexão deve ser melhorada pouco a pouco. Mas normalmente antes, o 
paciente já consegue flexão total sem dor. (SCHATZKER, 2002).
83
AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES│ UNIDADE IV
Na verdade, neste tipo de fratura, a flexão transforma as forças de tração em forças de 
compressão. Por isso, a consolidação da fratura será estimulada.
Fraturas de fêmur distal
As fraturas de fêmur distal afetam significativamente a articulação do joelho. Portanto 
aqui vão algumas dicas para sua reabilitação.
 » Muletas axilares devem ser utilizadas até cerca de 10 semanas, retirando 
de acordo com comunicação direta com o cirurgião. 
 » Já no leito, mobilizações de patela, tornozelos e quadris. Não tenha medo 
de mobilizar passivamente a femorotibial. Está fixado e não irá soltar. 
 » No PO2-3, estimule o treino de marcha com muletas no corredor do 
hospital, deixando apenas 15% do peso corpóreo no membro afetado.
Na clínica:
 » Fortalecimento de quadris é liberado, subindo carga e repetição conforme 
tolerado.
 » Fortalecimento de quadríceps em CCA respeitando a angulação de 
proteção (90-45°) de acordo com a tolerância do paciente. Pode-se iniciar 
a partir da primeira semana.
 » CCF a partir da 4a semana. 
 » Mobilizações em joelho e movimentos ativos para ganho de flexoextensão 
são estimulados, dentro e fora da clínica, em ambiente domiciliar.
 » Um dos exercícios mais interessantes que existem para ganho de 
flexoextensão de joelho, e que pode ser feito já nos primeiros dias de PO é 
o wall slide. Deslize o membro afetado do paciente até a ADM suportada, 
e então com a outra perna, auxilie na extensão. A perna contralateral 
serve como apoio em todos os momentos. Veja a figura a seguir.
84
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
Figura 83. Exercício wall slide para ganho de flexoextensão do joelho.
Fonte: Kisner, 2016.
Leitor, se sentir a necessidade de avaliar a incapacidade relacionada a lesões traumáticas 
no joelho, o questionário LYSHOLM é indicado (PECCIN; CICONELLI; COHEN, 2006). 
85
CAPÍTULO 6
Reabilitação do tornozelo
Reabilitação das patologias do tornozelo
Entorse de tornozelo
O entorse de tornozelo, ou torsão de tornozelo pode acometer vários ligamentos, mas 
o mais conhecido é o entorse em inversão. Neste tipo de entorse, o ligamento mais 
comumente lesionado é o talofibular anterior (DUTTON, 2007).
Este tipo de lesão normalmente é tratado conservadoramente. 
Inicia-se com o acrônimo em inglês RICE: repouso, gelo, compressão e elevação. 
Embora genérica esta recomendação, ainda hoje se faz uso dela. Não há necessidade de 
proteção, apenas repouso relativo do membro (em graus II e III pode-se usar uma bota 
chamada de robotfoot) por 3-4 semanas. 
O gelo é importante nas primeiras 72 horas. Mais tempo do que isso, o gelo perde seu 
valor terapêutico como controle da inflamação.
A compressão com faixa elástica ou atadura serve para ajudarmos na drenagem do 
edema. Lembre-se que esta compressão não deve ser excessiva e incômoda ao paciente.
A elevação também deve ser feita para controle do edema, lembrando sempre que o 
membro deve estar suspenso no nível do coração, cerca de 100°. Abaixo disso, a elevação 
não tem muita serventia para drenagem do edema.
Este protocolo deve ser seguido nas primeiras 72 horas, podendo se estender 
dependendo da severidade do quadro. (HOPPENFELD, 2001; CANALE, 2006)
Na primeira semana, fazendo-se uso do protocolo RICE, os exercícios já podem começar.
 » exercícios de bombeamento para tornozelo;
 » técnicas de mobilização articular para controle do quadro álgico;
 » recursos eletrotermofototerapêuticos para controle do quadro álgico, 
inflamatório e potencializar a regeneração tecidual. 
A partir da 3a semana, com o quadro doloroso diminuído, pode-se iniciar com exercícios 
de fortalecimento para a musculatura do tornozelo, como os inversores, eversores, 
86
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
flexores plantares e dorsiflexores, subindo carga e repetição de acordo com a tolerância 
do paciente.
 » Lembre-se que o apoio pode ser normal, não devendo ser evitado em 
entorses grau I. Nos graus II ou III, pode-se estar usando a bota ortopédica, 
mas desmama-se o mais rápido possível dela.
 » Lembre-se também de trabalhar os músculos do quadril, pois ajudarão a 
prevenir futuros episódios

Outros materiais