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Relações de Gênero Intergeracionais e Políticas Transversais

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1 
 
 
 
2 
 
 
 
3 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. Política Transversal .................................................................................................. 4 
2. Decreto Nº 8.727, DE 28 de abril de 2016 ............................................................... 6 
3 Conceito de Gênero e sua Importância para a Análise das Relações Sociais. ... 9 
3.1 Relações de Gênero ............................................................................................... 9 
3.2 A categoria gênero ............................................................................................... 11 
4. Usos da categoria “geração” ................................................................................ 14 
4.1 Os Jovens .............................................................................................................. 17 
4.2 Os Velhos .............................................................................................................. 19 
4.3 Violência, Gênero e Idade .................................................................................... 20 
QUESTÕES DE PROVAS ............................................................................................ 28 
GABARITO ................................................................................................................... 37 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Relações de Gênero Intergeracionais é um tema que se encontra inserido nas 
Políticas Transversais. O conteúdo desta aula aborda a categoria gênero e 
geração que também se encontra em outros conteúdos das aulas de Serviço 
Social. No conteúdo das questões de provas com comentários e sem 
comentários, estaremos aprofundando o aspecto das relações de gênero e 
intergeracionais inserida no âmbito do conhecimento do Serviço Social. 
 
1. POLÍTICA TRANSVERSAL 
 
 Embora o uso do termo "transversalidade" esteja se tornando, a cada momento, 
mais comum no Brasil, muitas dúvidas ainda pairam sobre o seu significado. A literatura 
que se propõe a debater o tema oscila entre explicar a transversalidade como uma mera 
importação da ideia difundida na Europa de gender maintreaming (dimensão de gênero) 
e o debate sobre formas alternativas de gestão pública. O termo transversalidade, 
costuma ser visto nos debates sobre políticas de combate à desigualdade entre homens 
e mulheres por sua relação com o gender mainstreaming (dimensão de gênero). 
 No entanto, no governo federal brasileiro entre 2003 e 2012, três são as 
Secretarias reconhecidas agentes de políticas transversais: a Secretaria de Políticas 
para Mulheres (SPM), a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) e a Secretaria de 
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). 
 Além de realizar uma reconstrução histórica de como se desenvolveram os 
órgãos governamentais brasileiros que tratam da temática de gênero, também foi feito 
um esforço de caracterização das três Secretarias. Assim, após a caracterização que 
demonstrou aspectos formais dos órgãos, são apresentadas análises de entrevistas 
com gestores das Secretarias que demonstram o uso transversalidade nas suas ações 
cotidianas de trabalho. 
 Os apontamentos sistematizados a partir desses depoimentos, contribuíram 
para a realização de uma análise, do ponto de vista da gestão pública, sobre como o 
termo transversalidade é utilizado para se tratar de ações relacionadas ao combate a 
um problema "maldito". 
 
 
5 
 
 
 No Brasil, "além das políticas mais tradicionais, desenvolvem-se uma série 
de políticas de corte transversal que podem ter caráter tanto de proteção quanto 
de promoção social, semelhante às ações voltadas à igualdade de gênero e racial, 
assim como as destinadas especificamente às etapas do ciclo de vida, conforme 
as políticas voltadas para as crianças, adolescentes, juventudes e idosos". 
 
 Políticas Setoriais: Previdência, Assistência, Saúde, Trabalho, Educação Cultura 
- divididas entre as de promoção e proteção; 
Políticas Transversais: destinadas, mas não restritas, aos grupos minoritários: 
políticas de igualdade, gênero, idoso, juventude, criança, adolescente - englobam 
proteção e promoção. 
 
 
 
2015/CETRO/MDS. A análise da recente Política Social Brasileira passa pelo 
entendimento do que se chama política setorial e política transversal. Diante 
desses conceitos, assinale a alternativa que apresenta apenas tipos de política 
transversal. 
a) Igualdade de Gênero/ Igualdade Racial/ Idosos. 
b) Juventude/ Idosos/ Cultura. 
c) Desenvolvimento Agrário/ Educação/ Assistência Social. 
d) Assistência Social/ Igualdade Racial/ Juventude. 
e) Educação/ Juventude/ Igualdade de Gênero. 
 
Resposta Correta: Letra a) Igualdade de Gênero/ Igualdade Racial/ Idosos. 
 
 
 
6 
 
 
2. DECRETO Nº 8.727, DE 28 DE ABRIL DE 2016 
 
 
Dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero 
de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal 
direta, autárquica e fundacional. 
 
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, 
inciso VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 1º, caput, inciso 
III, no art. 3º, caput, inciso IV; e no art. 5º, caput, da Constituição, 
 
DECRETA: 
 
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento 
da identidade de gênero de pessoas travestis ou transexuais no âmbito da 
administração pública federal direta, autárquica e fundacional. 
Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, considera-se: 
 
I - nome social - designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se 
identifica e é socialmente reconhecida; e 
II - identidade de gênero - dimensão da identidade de uma pessoa que diz 
respeito à forma como se relaciona com as representações de masculinidade 
e feminilidade e como isso se traduz em sua prática social, sem guardar 
relação necessária com o sexo atribuído no nascimento. 
 
 
Art. 2º Os órgãos e as entidades da administração pública federal direta, autárquica e 
fundacional, em seus atos e procedimentos, deverão adotar o nome social da pessoa 
travesti ou transexual, de acordo com seu requerimento e com o disposto neste Decreto. 
 
7 
 
Parágrafo único. É vedado o uso de expressões pejorativas e discriminatórias para 
referir-se a pessoas travestis ou transexuais. 
Art. 3º Os registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de 
serviços, de fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos órgãos e das 
entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional deverão 
conter o campo “nome social” em destaque, acompanhado do nome civil, que será 
utilizado apenas para fins administrativos internos. 
Art. 4º Constará nos documentos oficiais o nome social da pessoa travesti ou 
transexual, se requerido expressamente pelo interessado, acompanhado do nome civil. 
Art. 5º O órgão ou a entidade da administração pública federal direta, autárquica e 
fundacional poderá empregar o nome civil da pessoa travesti ou transexual, 
acompanhado do nome social, apenas quando estritamente necessário ao atendimento 
do interesse público e à salvaguarda de direitos de terceiros. 
 
 
Art. 6º - A pessoa travesti ou transexual poderá requerer, a qualquer tempo, a 
inclusão de seu nome social em documentos oficiais e nos registros dos 
sistemas de informação, de cadastros, de programas, de serviços, de fichas, 
de formulários, de prontuários e congêneres dos órgãos e das entidades da 
administração pública federal direta, autárquica e fundacional. 
 
 
Art. 7º Este Decreto entra em vigor: 
I - um ano após a data de sua publicação, quanto ao art. 3o; e 
II - na data de sua publicação, quanto aos demais dispositivos. 
Brasília, 28de abril de 2016; 195º da Independência e 128º da República. 
DILMA ROUSSEFF 
Nilma Lino Gomes 
 
 
 
8 
 
 
2016/FCC/AL-MS. A regulamentação nacional trouxe, no âmbito da Administração 
pública federal direta, autárquica e fundacional o uso do nome social e a 
identidade de gênero, o que tem sido adotado pela política pública de assistência 
social. Nessa linha, compreende-se que: 
a) é obrigatório constar nos documentos oficiais, nos registros de sistema de 
informação, nos cadastros, nas fichas, nos formulários e nos prontuários o nome social 
da pessoa travesti ou transexual, independentemente de ser requerido pelo interessado. 
 b) é proibido constar nos documentos oficiais o nome civil para a pessoa que tem o 
nome social. 
 c) a identidade de gênero é a designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se 
identifica e é socialmente reconhecida. 
 d) a identidade de gênero é a dimensão da identidade de uma pessoa que diz respeito 
à forma como se relaciona com as representações de masculinidade e feminilidade, e 
como isso se traduz em sua prática social, sem guardar relação necessária com o sexo 
atribuído no nascimento. 
 e) a identidade de gênero é a forma como uma pessoa se relaciona com as 
representações de masculinidade e feminilidade, estando diretamente vinculada com o 
sexo atribuído no nascimento, podendo ainda definir um nome social que é a designação 
pela qual a pessoa é socialmente reconhecida. 
Resposta Correta: Letra d) a identidade de gênero é a dimensão da identidade de 
uma pessoa que diz respeito à forma como se relaciona com as representações 
de masculinidade e feminilidade, e como isso se traduz em sua prática social, sem 
guardar relação necessária com o sexo atribuído no nascimento. 
Comentário: DECRETO Nº 8.727, DE 28 DE ABRIL DE 2016: I - nome social - 
designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é socialmente 
reconhecida; II - identidade de gênero - dimensão da identidade de uma pessoa que diz 
respeito à forma como se relaciona com as representações de masculinidade e 
feminilidade e como isso se traduz em sua prática social, sem guardar relação 
necessária com o sexo atribuído no nascimento. 
 
 
9 
 
3 CONCEITO DE GÊNERO E SUA IMPORTÂNCIA 
PARA A ANÁLISE DAS RELAÇÕES SOCIAIS 
 
3.1 Relações de Gênero 
 
 A produção de nossa existência tem bases biológicas que implicam a 
intervenção conjunta dos dois sexos, o macho e a fêmea. A produção social da 
existência, em todas as sociedades conhecidas, implica por sua vez, na intervenção 
conjunta dos dois gêneros, o masculino e o feminino. Cada um dos gêneros 
representa uma particular contribuição na produção e reprodução da existência. Para 
Izquierdo poderíamos nos referir aos gêneros como obras culturais, modelos de 
comportamento mutuamente excludentes cuja aplicação supõem o 
hiperdesenvolvimento de um número de potencialidades comuns aos humanos em 
detrimento de outras. Modelos que se impõem ditatorialmente às pessoas em função do 
seu sexo. Mas esta só seria uma aproximação superestrutural do fenômeno dos 
gêneros. 
 A autora chama a atenção para as palavras de Marx quando este diz que 
na produção social de sua existência, os homens entram em relações 
determinadas, necessárias, independentes de sua vontade; estas relações de 
produção correspondem a um grau determinado de desenvolvimento de suas 
forças produtivos materiais. O conjunto destas relações de produção constituem 
a estrutura econômica da sociedade, a base real, sobre a qual se eleva uma 
superestrutura jurídica e política e a qual correspondem formas sociais 
determinadas de consciência. Não é a consciência dos homens o que determina 
a realidade; ao contrário, a realidade social é a que determina sua consciência 
(Marx apud IZQUIERDO, 199). 
 
 
 A existência de gêneros é a manifestação de uma desigual distribuição de 
responsabilidade na produção social da existência. A sociedade estabelece uma 
distribuição de responsabilidades que são alheias as vontades das pessoas, 
sendo que os critérios desta distribuição são sexistas, classistas e racistas. Do 
lugar que é atribuído socialmente a cada um, dependerá a forma como se terá 
 
10 
 
acesso à própria sobrevivência como sexo, classe e raça, sendo que esta relação 
com a realidade comporta uma visão particular da mesma. 
 A construção dos gêneros se dá através da dinâmica das relações sociais. 
Os seres humanos só se constroem como tal em relação com os outros. Saffioti 
(1992, p. 210) considera que não se trata de perceber apenas corpos que entram 
em relação com outro. É a totalidade formada pelo corpo, pelo intelecto, pela 
emoção, pelo caráter do EU, que entra em relação com o outro. Cada ser humano 
é a história de suas relações sociais, perpassadas por antagonismos e 
contradições de gênero, classe, raça/etnia. 
 
Chamamos a atenção, ao que Izquierdo coloca como sendo o espaço social do 
gênero, já que isso tem uma grande importância quando se analisa a questão da mulher 
na relação com a atividade trabalho. Para a autora, o modo masculino, que contribui 
para a produção da existência, é diferente do feminino. 
 
 
 Além disso as atividades masculinas produtoras da existência estão 
imbricadas em espaços distintos das femininas, que resultam em duas esferas: 
esfera de sobrevivência (doméstica); esfera de transcendência (pública). 
 Cada uma destas esferas constitui o espaço social de um dos gêneros, 
sendo a esfera doméstica o espaço próprio do gênero feminino e a esfera pública 
própria do gênero masculino. A autora lembra que a separação da sobrevivência 
e da transcendência em duas esferas, converte as atividades que se desenvolvem 
em cada uma delas em alienadas, porque uma carece de sentido se não se refere 
à outra. A questão não é tanto estabelecer valorações a respeito da importância 
relativa de cada uma das esferas, mas assinalar que linearmente e circularmente, 
sobrevivência e transcendência doméstica e pública, masculinidade e 
feminilidade não são outra coisa que as duas caras da mesma realidade única e 
indivisível. 
 
A tentativa de construir o ser mulher enquanto subordinado, ou melhor, como diz 
Saffioti (1992), como dominada-explorada, vai ter a marca da naturalização, do 
 
11 
 
inquestionável, já que dado pela natureza. Todos os espaços de aprendizado, os 
processos de socialização vão reforçar os preconceitos e estereótipos dos gêneros 
como próprios de uma suposta natureza (feminina e masculina), apoiando-se sobretudo 
na determinação biológica. A diferença biológica vai se transformar em desigualdade 
social e tomar uma aparência de naturalidade. 
 As relações de gênero, refletem concepções de gênero internalizadas por 
homens e mulheres. “Eis porque o machismo não constitui privilégio de homens, sendo 
a maioria das mulheres também suas portadoras. Não basta que um dos gêneros 
conheça e pratique atribuições que lhes são conferidas pela sociedade, é imprescindível 
que cada gênero conheça as responsabilidades do outro gênero” (Saffioti, 1992, p. 10). 
 
 
 
O “quem somos” vai se constituindo através das relações com os outros, com 
o mundo dado, objetivo. Cada indivíduo encarna as relações sociais, 
configurando uma identidade pessoal, uma história de vida e um projeto de 
vida. Neste processo, o fato de se pertencer a um gênero ou outro, ser menino 
ou menina também conformam as referências iniciais no mundo. 
 
 
3.2 A categoria gênero 
 
 A categoria gênero vai ser desenvolvida pelas teóricas do feminismo 
contemporâneo sob a perspectiva de compreender e responder, dentro de parâmetros 
científicos, a situação de desigualdade entre os sexos e como esta situação opera na 
realidade e interfere no conjunto das relações sociais. 
 
 Varikas (1989) afirma que ao tomar emprestado o termo da gramática e da 
linguagem, as feministas postularam a necessidade de superar o sexo biológico,mais ou menos dado pela natureza, do sexo social, produto de uma construção 
social permanente, que forma em cada sociedade humana, a organização das 
relações entre os homens e as mulheres. A noção de gênero adquire um duplo 
 
12 
 
caráter epistemológico, de um lado, funciona como categoria descritiva da 
realidade social, que concede uma nova visibilidade para as mulheres, referindo-
se a diversas formas de discriminação e opressão, tão simbólicos quanto 
materiais, e de outro, como categoria analítica, como um novo esquema de leitura 
dos fenômenos sociais. 
 
A principal importância desta abordagem é que além de ser um conceito que 
tenta desconstruir a relação entre as mulheres e a natureza é como nos diz Suárez 
(2000) um conceito acionado para distinguir e descrever categorias sociais (uso 
empírico) e para explicar as relações que se estabelecem entre elas (uso analítico). 
 Para Kergoat (1996), que fala em “relações sociais de sexo” o conceito leva a 
uma visão sexuada dos fundamentos e da organização da sociedade, ancorada 
materialmente na divisão sexual do trabalho, num esforço para pensar de forma 
particular, mas não fragmentada, o conjunto do social, já que as relações de gênero 
existem em todos os lugares, em todos os níveis do social. Esta abordagem deve estar 
integrada em uma análise global da sociedade e ser pensada em termos dinâmicos, 
pois repousa em antagonismos e contradições. 
 Lauretis (1994), iniciando a reflexão sobre o termo gênero a partir da 
gramática e de como este aparece na forma gramatical de diferentes maneiras, ou 
mesmo ausentes, conforme a língua, verifica que: 
 
gênero é uma representação não apenas no sentido de que cada 
palavra, cada signo, representa seu referente, seja ele um objeto, uma coisa, ou 
ser animado. O termo “gênero” é, na verdade, a representação de uma relação, 
a relação de pertencer a uma classe, um grupo, uma categoria. Gênero é a 
representação de uma relação(...) o gênero constrói uma relação entre uma 
entidade e outras entidades previamente constituídas como uma classe, uma 
relação de pertencer(...) Assim, gênero representa não um indivíduo e sim uma 
relação, uma relação social; em outras palavras, representa um indivíduo por 
meio de uma classe (Lauretis, 1994, p. 210). 
 
 Seguindo o texto de Lauretis (1994), as concepções de masculino e feminino, 
nas quais todos os seres humanos são classificados, formam em cada cultura, um 
sistema de gênero, um sistema simbólico ou um sistema de significações que 
relaciona o sexo a conteúdos culturais de acordo com valores e hierarquias 
sociais. Vale destacar, pela pertinência ao tema deste texto, que embora os significados 
 
13 
 
possam variar de uma cultura para outra, qualquer sistema de sexo-gênero está sempre 
intimamente interligado a fatores políticos e econômicos em cada sociedade. Sob essa 
ótica, a construção cultural do sexo em gênero e a assimetria que caracteriza todos os 
sistemas de gênero através de diferentes culturas são entendidas como sendo 
sistematicamente ligadas à organização da desigualdade social (Lauretis, p. 212). 
 Uma das principais proposições do texto de Lauretis (1994) é quanto à 
construção do gênero enquanto produto e processo: 
 
a construção do gênero é tanto produto quanto o processo de sua 
representação”. Para ela o “sistema sexo-gênero, enfim, é tanto uma 
construção sociocultural quanto um aparato semiótico, um sistema de 
representações que atribui significado (identidade, valor, prestígio, posição de 
parentesco, status dentro da hierarquia social etc.) a indivíduos dentro da 
sociedade. Se as representações de gênero são posições sociais que trazem 
consigo significados diferenciais, então o fato de alguém ser representado ou 
se representar como masculino ou feminino subentende a totalidade daqueles 
atributos social (Lauretis, 1994, p. 212). 
 
Lauretis (1994, p. 216), chama a atenção para a relação ideologia-gênero. Diz ela: 
 
pois, se o sistema sexo-gênero é um conjunto de relações sociais que 
se mantém por meio da existência social, então o gênero é efetivamente uma 
instância primordial da ideologia, e obviamente não só para as mulheres. Além 
disso, trata-se de uma instância fundamental de ideologia, independentemente 
do fato de que certos indivíduos se vejam fundamentalmente definidos 
(oprimidos) pelo gênero, como as feministas culturais brancas, ou por relações 
de classe e raça, como é o caso das mulheres de cor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
4. USOS DA CATEGORIA “GERAÇÃO” 
 
 Independentemente da larga utilização dessa categoria no cotidiano, em que 
passou a designar até as etapas do progresso técnico (por exemplo, 
maquinário de última geração), os usos do par conceitual idade/geração no campo 
da análise científica, particularmente no âmbito das ciências sociais, podem ser 
sintetizados segundo três perspectivas ou sentidos principais (Attias-Donfut, 1988; 
Delbes & Gaymu, 1993) que terminam por ser, em parte, intercambiáveis, embora 
criticamente observados também em seus deslizamentos de sentido (Attias-Donfut, 
1988, 1991): coortes, grupos etários e gerações propriamente ditas. 
 
Coorte é referência estatística ou demográfica e basicamente designa um 
conjunto de indivíduos nascidos em um mesmo intervalo de tempo, expostos a 
determinados eventos de caráter demográfico. Em princípio, entre as três noções, 
encerraria o sentido menos geral ou sociológico, mas não é assim para alguns 
estudiosos. 
 Para Bengtson (1995), por exemplo, coorte é o que deveria ser usado no 
sentido social mais amplo, geração referindo-se apenas ao âmbito da família, no 
sentido genealógico. 
 Bengtson (1995) critica duramente o uso de geração, pela imprecisão, 
propondo até, em seu lugar, o termo linhagem, porém ao mesmo tempo edita toda 
uma discussão teórica em que geração é inevitável – a paradigmática equidade 
entre as gerações. 
 A tradição antropológica é responsável pela segunda acepção de geração, 
que se expressa, basicamente, em termos de idades (grupos etários, categorias 
de idade, classes de idade etc.) referindo-se quase sempre à filiação, guardando 
um sentido ou uma função classificatória que inclui tanto as posições na família 
como na própria organização social mais ampla. Essa acepção tangencia outros 
sentidos não exclusivamente cronológicos, quando enfatiza atributos 
culturalmente definidos, como na proposta de Meyer Fortes (1984), de estágios de 
maturação. 
 
15 
 
Essa classificação primeira e fundante que as idades historicamente 
alcançam, em interseção com o sexo/gênero, permanece na sociedade 
contemporânea e se mantém como gerações na família e (ou) etapas no curso da 
vida, idades biossociais para assunção de direitos e deveres que são cobrados, 
permitidos ou admitidos, mas também passíveis de contestação, tanto nas 
relações cotidianas como nas normas jurídicas e prescrições oriundas do Estado 
Derivam daí as “idades da vida”, traduzidas hoje aproximadamente em 
infância, juventude, maturidade e velhice, mas que atravessaram o imaginário dos 
últimos séculos, registradas em ilustrações de publicações, capas de livros, 
almanaques, depois também nomeadas ou tratadas como “gerações”, 
principalmente na atualidade. Essas “idades” tornaram-se também “ramos” de 
uma sociologia das gerações – sociologia da juventude, sociologia do 
envelhecimento. 
O sentido mais plenamente sociológico, ou macrossociológico – geração, 
propriamente dita – designa um coletivo de indivíduos que vivem em determinada 
época ou tempo social, têm aproximadamente a mesma idade e compartilham 
alguma forma de experiência ou vivência, ou têm a potencialidade para tal. 
 
Tanto o conceito como, sobretudo, uma estimativa dos limites ou 
justificativa de vigência social de uma geração – possibilidade de eficácia política 
ou cultural – no tempo, constroem-se ao longo de uma trajetória de reflexãosociológica que vem de Comte a Mentré (1920) e amadurece com Mannheim 
(1928), com um desenvolvimento paralelo e não diretamente 
comunicante com este, na proposta de Ortega (1923). 
Mannheim (1928: 134) define geração em vários momentos e etapas de 
desenvolvimento do seu texto na Sociologia do conhecimento, sempre 
acentuando seu sentido histórico: 
[...] indivíduos que pertencem à mesma geração [...] estão ligados [...] a 
uma posição comum na dimensão histórica do processo social, [o que significaria 
uma predisposição para] um certo modo característico de pensamento e 
experiência e um tipo característico de ação historicamente relevante 
(Mannheim, 1928: 135-136). 
 
16 
 
Embora esse seja o sentido básico de sua concepção, Mannheim não 
desvincula, evidentemente, geração e grupo de idade: 
[...] o fenômeno social geração nada mais representa do que um 
tipo particular de identidade de situação de grupos de idade mergulhados 
num processo histórico social (idem: 137). 
Situa, também, a base biológica da vida humana, para reforçar, pelo 
contraste, o sentido histórico dos fenômenos sociais: Na verdade, o traço mais 
surpreendente do processo histórico parece ser o de os fatores biológicos 
básicos operarem duma forma latente e só poderem ser compreendidos através 
dos fenômenos sociais e históricos que constituem uma esfera acima deles. 
Apresentadas alternativas de definições de geração que, em boa parte, 
confluem, duas questões básicas imediatamente se impõem e guardam intensa 
atualidade. Ao se observar que o mesmo contexto social não afeta igualmente 
todos os indivíduos de um grupo de idade e vivência classificado ou auto 
identificado como geração, verifica-se que segmentos dessa geração podem 
assumir posturas e caminhos sociais diferentes, ou até opostos. É o caso de 
padrões ou de movimentos culturais que se manifestam diversamente na mesma 
conservadores, cada um reunindo indivíduos de idade aproximada num cenário 
social semelhante. Por outro lado, cada momento histórico se realiza com a 
presença simultânea de experiências e trajetórias de vida. 
Mannheim detém-se criativamente sobre ambas as questões. Propõe a 
categoria “unidade de geração” para designar a potencialidade – ou não – de 
formação de “grupos concretos” em que se fracionariam as gerações e, por outro 
lado, incorpora a brilhante formulação sobre a “não contemporaneidade do 
contemporâneo”: Todas as pessoas convivem com pessoas da mesma e de 
diferentes idades [...]. Mas para cada uma o mesmo tempo é um tempo diferente 
[...] (Mannheim, 1928: 124). 
Na sociedade longeva que vem se constituindo nas últimas décadas – quando, 
cada vez mais frequentemente, coexistem quatro e até cinco gerações na mesma 
família, pois, desse ponto de vista, as gerações quase não se substituem, se sucedem–
, a reflexão de Mannheim constitui-se em importante ponto de partida analítico e 
inspiração para a pesquisa. Ao enunciar os pressupostos básicos de uma teoria de 
gerações – até hoje a mais completa e elucidativa –, Mannheim dedicou-se, nesse 
campo, concretamente, a estudos sobre a juventude; aos jovens como agentes 
 
17 
 
“naturais” da mudança social, ou aos jovens problematizados como membros de grupos 
ou facções políticas radicais. 
4.1 Os Jovens 
 
Será sobre a juventude, o segmento etário privilegiadamente estimulado ao 
novo e à mudança e, portanto, com o potencial maior de expressar-se enquanto geração 
social, que todos, durante largo tempo, apenas se debruçarão. E continuam a debruçar-
se. Apesar do reconhecimento, desde o próprio Mannheim (1961), de que essa 
potencialidade da juventude se dá por seu maior espírito de aventura e descompromisso 
com o status quo, mas que depende da natureza da sociedade o uso delas. 
Também Eisenstadt (1976) longa e amplamente analisa os jovens e os 
movimentos juvenis, não em termos centrais de geração social, como o título de seu 
livro clássico De geração a geração promete. Eisenstadt centra-se em grupos 
etários e em graus etários, no geral construindo uma panorâmica de grupos jovens 
em suas formas básicas de organização e inter-relação com as “gerações” – essas 
últimas no sentido de posições na família. Preocupado em analisar a função dos grupos 
etários na interação social, Eisenstadt (1976: 32) discerne uma possível origem e 
razão de ser desses grupos, assinalando que eles: 
[...] se originam das tensões entre as gerações e sua função é descobrir 
válvulas de escape para estas tensões [...]. [Nesse sentido], podem funcionar 
como mecanismos de ajustamento secundário ou, em alguns casos, como ponto 
de partida para a formação de grupos anormativos (idem: 32). 
 E segue explicando: 
Os grupos etários tendem a surgir quando a estrutura da família, ou do 
grupo de descendência, bloqueia as oportunidades dos membros mais jovens de 
alcançar status social dentro da família [...] (ibidem:233). 
Mas refere uma diversidade de situações, pois: 
 
[...] os grupos etários que existem sob estas condições diferem 
consideravelmente daqueles existentes [...] sob critérios universalistas de 
integração dos sistemas sociais (ibidem: 29), 
 
18 
 
os quais ensejam a constituição de grupos etários homogêneos e intermedeiam 
a transição da família para a sociedade mais ampla. 
Se, em fases históricas anteriores, os grupos etários já tinham afluência ou 
visibilidade, na contemporaneidade, principalmente nas cidades, grassam as “tribos” 
que dão vazão às mais variadas formas de expressão de pertencimento grupal, 
atingindo modificações inusitadas até do próprio corpo. Os jovens diferenciam-se 
cuidadosamente das gerações mais velhas, dividindo-se estas entre a crítica a 
eles e a que serve de modelo para um aprendizado imitativo... 
 
Entretanto, com a ampliação significativa das formas de sociabilidade não 
familial, essa tendência atual à formação ou agregação em grupos etários vem 
atingindo também os mais velhos, que passam a constituir objeto recente de 
visibilidade social e exposição ao consumo capitalista de serviços, paralelamente 
à ampliação de uma esfera de liberdade individual, em inédita expressão coletiva 
nos grupos de lazer e cultura para a “terceira idade” e, inesperadamente, na 
política, no movimento dos aposentados. 
Também com foco preciso nos grupos jovens, se começou a discutir 
geração no Brasil nas décadas de 1960 e 1970, o que correspondeu à referida 
tendência praticamente mundial, caracterizada por um afã interpretativo diante 
dos numerosos e amplos movimentos juvenis então em ação: estudantis, hippies, 
contra a guerra do Vietnã, a “segunda onda” do feminismo, movimento negro etc. 
Registra-se variada produção sobre uma possível geração jovem, referenciada, 
sobretudo, à categoria “estudante” e a um quase teoricamente prescrito “conflito 
de gerações.” 
A retomada ou redescoberta da discussão sobre “solidariedade entre as 
gerações” só se daria nos anos 1990, mais em breves referências que em trabalho 
teórico. Ocorre, com ênfase, a propósito da preocupação social com o 
contraditório – desejável e, ao mesmo tempo, indesejado – alcance da 
longevidade. E dar-se-á, em sua dupla vertente, em termos classificatórios de 
gerações e em suas inter-relações. Por um lado, a expectativa de solidariedade 
privada, a sempre esperada e crescentemente induzida solidariedade na família, 
nestes tempos de desemprego estrutural e desincumbências sociais do Estado; 
mas também, e pelas mesmas razões estruturais, uma atualmente inescapável 
discussão sobre a solidariedade pública entre as gerações. Ao mesmo tempo, 
 
19 
 
ensaiando-se retomar, de forma ampliada, uma ênfase, quase em moldes de 
antecipado enredo de “ficção científica”, no conflito entre “gerações” jovens e 
velhas, agora a propósito de uma vagamente preconizada e nunca realizada 
equidade entre as gerações. 
 
4.2 Os Velhos 
 
 A demografia assinala que há, proporcionalmente,cada vez menos crianças – o 
que aponta para uma provável dificuldade de reposição populacional no futuro. Anuncia 
também o “pior”, os velhos aumentam em número e longevidade, o que municia 
certos gestores sociais a argumentar que isto pode levar à “quebra” do sistema 
previdenciário e pôr em perigo a própria reprodução da sociedade. Estes são dos mais 
recentes “problemas sociais”. E no centro deles estão, afinal, os velhos. 
 
 A “geração” que inquieta, enquanto vai se desdobrando em anos e 
diversidades, e enseja uma nova e interessante questão teórica, também 
existencial e política: 
✓ Entre 60 e 110 anos de vida, que percurso geracional pode ser traçado? 
✓ Quantas “gerações” de velhos estão coexistindo neste novo espaço 
cronológico e social de 50 anos? 
✓ Qual a “contemporaneidade” possível entre elas? 
 As gerações, como as classes sociais, não existem isoladamente, mas em 
referência mútua, contraposição ou até oposição umas às outras. Uma geração é 
ou se torna aquilo que o jogo de poder enseja nas relações com as outras. Esse 
movimento ocorre segundo as condições sociais vigentes em cada momento ou 
tempo social e o modo possível de apreensão e resposta dos atores sociais 
geracionais. É preciso lembrar sempre que, no interior de cada grupo geracional 
ou de idade, constroem-se representações, identidades e situações sociais que 
se confrontam com as de outros grupos ou categorias sociais. Ao mesmo tempo, 
essas relações realizam-se em articulação com condições identitárias definidas a 
partir de outras dimensões relacionais, principalmente a de gênero e a de classe 
social (Britto da Motta, 1999). 
 
20 
 
4.3 Violência, Gênero e Idade 
 
 Dos grandes temas e questões da atualidade, o envelhecimento e sua 
personificação nas figuras da idosa e do idoso vem sendo o de expressão social e 
analítica mais tardia. 
 Politicamente ausente na grande expansão mundial de movimentos nas crises 
dos anos 1960 (movimentos estudantis, movimento hippie, feminista, negro etc.), no 
Brasil vai palidamente aparecendo no contexto da retomada democrática dos anos 
1980, porém bem atrás do que estavam sendo as expressões feminista, negra e jovem 
do movimento social. Firma-se, afinal, nos anos 1990, fruto de um visível crescimento 
demográfico e, como no caso dos outros segmentos sociais, também através de 
movimentos: o político, dos aposentados, de luta pela afirmação da previdência pública, 
e o cultural/comercial dos programas, clubes e universidades “para a terceira idade”. 
Mas, ao mesmo tempo, firmando-se também como o referido “problema”: objeto de 
discussão sobre os repetidamente alegados déficits da Previdência e a necessidades 
de “reforma da Previdência”, pelo Estado e o “perigo” que a crescente longevidade, com 
o seu extenso cortejo de velhos, representaria para a própria reprodução social. 
 Trajetória que se desenrola paralela à da maior visibilidade teórica da categoria 
geração, fundamento analítico infungível na discussão de situações sociais referentes 
às idades em sua comunidade de vivências e experiências, mas a derradeira categoria 
relacional a ser cientificamente trabalhada nas pesquisas atuais, quando uma 
articulação analítica gênero, classe e raça torna-se de uso rapidamente consensual, 
como já referido (Britto da Motta, 1999). 
 Em conformidade com essa percepção lenta, em vários aspectos ou situações da 
vida social a existência e a significação dos idosos neles também é percebida 
tardiamente, ou quase nunca. É o caso exemplar da violência, particularmente a 
violência contra a mulher idosa. 
 Se a luta atual contra a violência tem, afinal, um crescente e justificado 
reconhecimento social, apoiada por políticas públicas, propostas, em maioria, pelo 
movimento feminista, a violência contra as mulheres não se restringe à vitimização 
daquelas em idade jovem, no período reprodutivo, como retrata a grande maioria 
dos trabalhos e assumem as instituições sociais. Ao contrário, essa violência 
continua e ganha novas formas velhice adentro. Sendo, neste caso, a expressão gritante 
das relações intergeracionais, tanto quanto das relações e desigualdade de gênero, 
 
21 
 
porque exercida, como começam a demonstrar as pesquisas, majoritariamente por 
filhos, filhas e netos sobre suas mães e avós. 
Vive-se, no Brasil, um tempo em que a violência parece ter crescido e estar 
por toda parte. Com maior intensidade e novas formas. 
Mas o que será realmente novo nesse quadro? 
Além de um redobrado afã em estudar ou propor formas de prevenção ou 
contenção do fenômeno? 
Adorno e Cardia (1999) historiam uma trajetória brasileira de recurso à violência 
nas relações cotidianas desde a sociedade agrária tradicional. A violência como modo 
conhecido e socialmente aceito de solução de conflitos. Na atual produção feminista de 
denúncia social e teorização específica sobre formas e intensidade – que também 
parecem crescentes – de violência contra a mulher, pode-se tangenciar ou plenamente 
confirmar essa informação sobre a presença antiga e ubíqua da violência nas 
relações cotidianas, inclusive no apregoado “lar doce lar” – e não apenas no 
Brasil – explicando-a como constitutiva das próprias relações de gênero, expressão da 
legitimação da dominação patriarcal sobre as mulheres (Saffioti, 1994). 
 
De logo se percebe que essas referências, assim como as próprias 
políticas adotadas, cingem-se à situação das mulheres jovens e adultas plenas, 
isto é, das não velhas. Fica esquecido que as mulheres participam, física e 
socialmente, de diferentes grupos de idade, e mais, de que em todas essas etapas 
de vida, elas são, pelo menos potencialmente, objetos de violência – apenas essa 
violência costuma ter especificidades segundo a sua faixa de idade e, em parte, a 
motivação do agressor (a), além de ter intensidades de repercussão social 
também diferenciadas. 
O caso das mulheres idosas, frequentemente silenciado ou “abafado” pela 
família – ciosa de sua imagem social de proteção e tranquilidade – quando ocorre 
no âmbito doméstico, apresenta motivações e manifestações múltiplas, em que a 
sexual é a mais rara e os maus-tratos, a negligência e a espoliação financeira, as 
mais comuns. Garrido (2004) reporta várias modalidades de violência, percebidas 
através do atendimento de equipes do Programa Saúde da Família (PSF) na Bahia, 
em que se destacam duas. Primeiro, em relação a exagero de carga de trabalho: 
 
22 
 
A mulher idosa queixa-se aos profissionais de saúde de sobrecarga de 
responsabilidades, pois precisam cuidar de netos e/ou bisnetos. Na visão dos 
técnicos, as responsabilidades e os aborrecimentos resultantes dessas 
atividades contribuem para o agravamento de enfermidades crônicas, a exemplo 
da hipertensão arterial. Essas vicissitudes são geralmente comentadas nos 
grupos educativos de diabetes e hipertensão, nos encontros de idosos ou nas 
visitas domiciliares [...] (Garrido, 2004: 87). 
A segunda modalidade condensa-se em relato – de sentido muito geral e ao 
mesmo tempo grave – de suspeita de assassinato de uma senhora idosa, eliminação 
geracional, que a classificação de violência de gênero é insuficiente para caracterizar. 
Relata Garrido: 
Os profissionais da Unidade do PSF foram comunicados pelos vizinhos 
daquela senhora de que um morador estaria tentando assassinar a própria mãe, 
utilizando-se de “chumbinho” para envenená-la (idem: 88). 
Transcreve o depoimento da visitadora do programa: 
Essa senhora mesmo. Até a neta dela me disse: “Olhe B., eu tô vendo a 
hora de acontecer alguma coisa com minha avó e o povo achar que minha mãe 
compartilhou.” Ele é violento. [...] Quando nós fomos 
fazer a visita, ela fazia queixa dele assim, ó: “Ô minha filha, me tire 
daqui que esse homem vai me matar.” [...] Porque vieram denunciar 
que ela tinha dado uma crise que ele tinha dado chumbinho (ACS 01) (ibidem: 
87). 
E continua Garrido: 
Antesdisso, vários episódios de violência contra a mãe e a esposa 
já vinham ocorrendo, resultando, inclusive, em internamentos com lesões 
graves. Esta senhora veio a óbito, porém não houve queixa formal do fato 
e tampouco foi possível confirmar a suspeita de envenenamento (ibidem: 
88). 
E arremata, deixando-nos um elemento para reflexão e mobilização: 
Os vizinhos e profissionais de saúde tiveram, como possíveis barreiras 
de impedimento, a esfera privada do evento e o receio de pôr em 
risco a segurança pessoal (ibidem: 88, grifo da autora) 
 
 
 
23 
 
 
 Realmente, sobre a violência contra os idosos muito poucos se 
manifestam. Na vida cotidiana, mas também na política e na pesquisa acadêmica. 
No Brasil, algumas vozes se destacam, mais ou menos individualmente, a 
exemplo de Camarano (2004), Debert (2001), Debert & Gregori (2008), Faleiros 
(2007, 2009) e Minayo (2003). Fala mais sistematicamente apenas a gerontologia. 
Entretanto, guardando suas origens na medicina e no serviço social, apresenta 
escassa expressão teórica quanto ao contexto e ao tom em que se dão as relações 
sociais e, portanto, também as ações violentas. 
 Um ponto comum entre os estudos sociológicos sobre violência e 
os estudos diretamente feministas sobre esse mesmo tema é justamente a 
omissão em relação à violência contra esse segmento social frequentemente 
invisibilizado: os idosos. Além da ausência de uma consequente extensão de 
enfoque teórico que os contemple, que seria, além do de gênero, o das relações 
entre as gerações, tanto quanto o concomitante projeto possível de ações 
públicas para prevenir e combater essa agressão. 
 Evidente que o enfoque analítico da violência contra as idosas converge 
para as relações de gênero, principalmente no caso da violência doméstica, a 
mais comum a esse segmento geracional – mas perde eficácia interpretativa e 
explicativa se se detiver apenas aí. A violência praticada por esses homens, filhos 
(maioria dos agressores), mas também filhas e, não raro, netos contra essas 
mulheres (maioria entre os idosos agredidos) que são também suas mães ou 
avós, é expressão e consequência de vivências ou conflitos que se armam, 
basicamente, na esfera das relações intergeracionais. 
 Embora possam também ser, alternativamente, mas na mesma clave 
geracional, consequências ou revides de más atuações maternas, de maus-tratos 
dessas mulheres sobre os filhos, no passado. A violência contra as idosas deve 
ser vista/analisada como fenômeno que se dá em âmbito geracional, que ganha 
maior visibilidade por conta da situação de gênero: exerce-se 
preponderantemente sobre as mulheres – pelo próprio fato demográfico de que 
elas são maioria, mesmo – porém, devido, igualmente, à esperada “fragilidade” 
feminina – física, afetiva e social. 
 Ou analisada ao reverso: uma violência de gênero que se realiza 
majoritariamente no contexto geracional. Por isso, é infungível a análise dos 
 
24 
 
acontecimentos no contexto articulado dessas duas dimensões, de gênero e de 
gerações. Como isto não costuma acontecer, é de se perguntar: por que tanta 
dificuldade em se perceber a condição geracional e seus embates? 
Lembre-se que Bourdieu (1983), no conhecido artigo “A juventude é apenas uma 
palavra”, já dizia: 
Na divisão lógica entre os jovens e os velhos, trata-se do poder, da 
divisão (no sentido de repartição) dos poderes. As classificações por idade (mas 
também por sexo, ou, é claro, por classe...) acabam sempre por impor limites e 
produzir uma ordem onde cada um deve se manter, em relação à qual cada um 
deve se manter em seu lugar (idem: 112, grifo do autor) 
E sobre os conflitos entre gerações: 
Uma coisa muito simples e na qual não se pensa é que as aspirações 
das sucessivas gerações de pais e filhos são construídas em relação a estados 
diferentes da estrutura de distribuição de bens e de oportunidades de acesso 
aos diferentes bens: aquilo que para os pais era um privilégio extraordinário (na 
época em que eles tinham 20 anos, por exemplo, havia uma pessoa entre mil da 
sua idade e do seu meio que possuía um automóvel) se tornou banal, 
estatisticamente. E muitos conflitos de gerações são conflitos entre sistemas de 
aspirações constituídos em épocas diferentes (ibidem: 118). 
 
Também Lenoir (1998: 68), em sua análise das categorias de idade, deixa bem 
claras as manobras e lutas pelo poder entre as gerações: 
“[...] o que está em questão é a definição dos poderes associados aos 
diferentes momentos do ciclo da vida [...]. ” E nessa definição de idades, sempre 
ligadas a um lugar e uma definição no espaço social, Lenoir adverte ao sociólogo 
para levar em consideração, em sua análise não só as relações de força entre 
as gerações e entre as classes sociais, mas também as representações 
dominantes das práticas legítimas associadas à definição de sua faixa etária 
(idem: 68). 
 Em relação à velhice, lembra que essa definição é tão arbitrária quanto a de 
outra qualquer idade, porém no caso tem o agravante de que se tornar “velho” significa, 
em verdade, tornar-se velho demais para exercer determinada atividade ou ter acesso, 
de forma legitima, a certas categorias de bens ou posições sociais. E muito da violência 
contra os velhos evidencia-se, deve-se à recusa, consciente ou até instintiva destes, a 
ocupar o (não) lugar social e vital que os mais jovens enxergam para eles e lhes 
 
25 
 
designam: de abdicar da posse dos bens materiais – da aposentadoria, da pensão, da 
casa – ou até de retirar-se da própria vida, incômodas criaturas que atravancam os 
espaços da casa e as redes de relações, e “dão trabalho”. 
 Ao lado disto, há uma tendência, inerente ao imaginário social, a construir 
representações ou tipos sociais ideais em relação às idades da vida. Principalmente 
àquela idade predileta, a que resumiria os anseios mais caros de realização de vida dos 
grupos sociais. É o que ocorre em relação aos adultos jovens. 
Como expressa Foracchi (1972): 
A plenitude do status, a amplitude de participação, a identificação 
completa com os ideais que a sustentam são condições que definem o adulto 
perante a sociedade em que vive (idem, p. 19). [E mais:] Cada etapa [geracional] 
é [...] compreendida em contraposição e em contraste com a anterior ou com a 
subsequente (ibidem: 19). 
 Em verdade, há uma rejeição social, histórica, à condição de velhice, 
personificada nos idosos, que nas objetivações próprias da modernidade se 
constitui, ao mesmo tempo, em negação do passado e do futuro; rejeição a uma 
figura de certo modo ambígua, que remete ao mesmo tempo ao passado (ao que 
já passou e se tornou “superado”, “inútil” e oneroso) e ao futuro; o futuro que ele 
aponta e se nos afigura à espera de cada um – doenças, perdas, dependência e 
fealdade; senilidade e proximidade da morte. Que desencadeia uma pulsão a 
“exorcizar” esse fantasma do futuro, afastando-se dele ou até ensaiando destruí-
lo (Britto da Motta, 1998). 
 Afinal, entre o descarte, real ou simbólico, dos velhos no passado e o 
apossamento atual de suas aposentadorias e pensões por filhos e outros 
parentes, e por empréstimos consignados fraudulentos, deixando-os (ações 
públicas e privadas) à míngua, há diferença apenas de tempo social e geografia. 
Faleiros (2007) retrata, com propriedade, muito do quadro brasileiro atual: 
[...] uma sociedade que, ao mesmo tempo, produz desemprego e 
condições precárias de vida e valoriza o consumo, acirrando-se os conflitos de 
gerações. Essa precariedade, articulada à redução do Estado e à 
competitividade, leva os conflitos sociais para dentro de casa, de forma muito 
explícita, com a pressão por sobrevivência, por atender às exigências de 
consumo e mesmo ao tráfico/consumo de drogas (idem: 369) 
 
26 
 
 Mesmo no cotidiano mais tranquilo das nossas “famílias bem 
estruturadas” atuais, ainda assim pode se notar – na observação cotidiana e na 
pesquisa empírica– a comum e pressionante tentativa de interferência, ou até de 
ingerência, por parte dos mais jovens, sobre a vida dos “seus” idosos; 
principalmente das mulheres. Atividades, saídas, uso do dinheiro, até vida sexual-
afetiva, tudo é acompanhado pelo menos com humor crítico e, não raro, 
tentativamente regulado – e os motivos podem ser, ou não, expressão de real 
cuidado e afetividade. 
 De qualquer modo – e por melhor que esta seja a intenção –, trata-se de um 
protecionismo cerceador, que tem contribuído para que as mulheres idosas 
aspirem e realizem a possibilidade, socialmente recente, de morarem sozinhas. 
Ato libertador, nem sempre totalmente eficaz. 
 Independentemente de seu conteúdo afetivo, diferentemente das relações 
de gênero, as relações entre as gerações histórica e cotidianamente 
desenvolvem-se na direção de substituição e até de aniquilamento. Pela morte 
biológica e pela “morte” ou olvido social. As relações violentas constituem-se no 
auge da realização disto. O processo de substituição geracional é atenuado – 
inclusive quanto à sua percepção – pelo fato de que se realiza no decorrer do 
tempo. Um tempo às vezes longo, em um contexto em que se espera e, 
evidentemente, também se realizam relações de solidariedade e afeto. 
Solidariedade que se desenvolve tanto por obrigação social, pública, formalizada 
por injunção do Estado, como pela presença próxima, familial, às vezes 
contraditória, de uma afetividade positiva que, ao mesmo tempo, pode se 
transmudar, segundo diferentes situações e temporalidades, em sentimento ou 
ação negativa. 
 As substituições dão-se em todas as dimensões: dos papéis estruturais na 
família; nos cargos/ocupações no trabalho, onde guardam competitividade mais 
contundente; nos postos/situações individualizadas, na política; nos grupos 
geracionais na produção cultural (também na ação política) e na economia. 
 A crescente longevidade atual enseja menos substituições “naturais”, o 
que é muito perceptível no âmbito da família: os indivíduos permanecem muito 
mais tempo em seus papéis geracionais – de avós, pais, netos etc. –, além de 
atingirem um número maior de papéis, de certa forma superpondo-os. Sendo-se, 
simultaneamente (e por mais tempo) bisavô, avô, pai, filho. E o ser tudo isto é 
 
27 
 
também uma condição que evidentemente se desenvolve na dimensão de gênero 
e conforme o habitus de classe em determinado tempo social. 
 Ora, exatamente por essa amplitude ou heterogeneidade identitária é que 
podemos repetir, com Mannheim, que “o mesmo tempo” histórico não é igual para 
todos. O que significa que as unidades de geração poderão apresentar 
características diferentes também segundo as várias pertinências identitárias de 
gênero e de classe social dos que as compõem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
QUESTÕES DE PROVAS 
 
 
1. 2015/CETRO/MDS. A análise da recente Política Social Brasileira passa pelo 
entendimento do que se chama política setorial e política transversal. Diante 
desses conceitos, assinale a alternativa que apresenta apenas tipos de política 
transversal. 
a) Igualdade de Gênero/ Igualdade Racial/ Idosos. 
b) Juventude/ Idosos/ Cultura. 
c) Desenvolvimento Agrário/ Educação/ Assistência Social. 
d) Assistência Social/ Igualdade Racial/ Juventude. 
e) Educação/ Juventude/ Igualdade de Gênero. 
 
2. 2016/FCC/AL-MS. A regulamentação nacional trouxe, no âmbito da 
Administração pública federal direta, autárquica e fundacional o uso do nome 
social e a identidade de gênero, o que tem sido adotado pela política pública de 
assistência social. Nessa linha, compreende-se que: 
a) é obrigatório constar nos documentos oficiais, nos registros de sistema de 
informação, nos cadastros, nas fichas, nos formulários e nos prontuários o nome social 
da pessoa travesti ou transexual, independentemente de ser requerido pelo interessado. 
 b) é proibido constar nos documentos oficiais o nome civil para a pessoa que tem o 
nome social. 
 c) a identidade de gênero é a designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se 
identifica e é socialmente reconhecida. 
 d) a identidade de gênero é a dimensão da identidade de uma pessoa que diz respeito 
à forma como se relaciona com as representações de masculinidade e feminilidade, e 
como isso se traduz em sua prática social, sem guardar relação necessária com o sexo 
atribuído no nascimento. 
 e) a identidade de gênero é a forma como uma pessoa se relaciona com as 
representações de masculinidade e feminilidade, estando diretamente vinculada com o 
sexo atribuído no nascimento, podendo ainda definir um nome social que é a designação 
pela qual a pessoa é socialmente reconhecida. 
 
29 
 
3. 2010CESPE/MS. A categoria gênero pode ser compreendida como categoria 
relacional que busca explicar a igualdade dos seres humanos, restringindo a 
discussão à mulher e ao seu papel na sociedade. 
Certo/ Errado 
 
4. 2010/CESPE/MS. As transformações nas relações familiares e de gênero são 
consideradas como indicadoras de fortalecimento da sociedade pós-moderna, 
caracterizada por estruturas familiares hierárquicas e verticalizadas na forma de 
interação. 
Certo/Errado 
 
5. 2010/CESPE/Banco da Amazônia. As possibilidades de inclusão dos membros 
da família no mercado de trabalho são estabelecidas por meio das relações de 
gênero e dos atuais padrões de absorção da força de trabalho pelo mercado. 
Assim, como não há troca nem transferência entre seus membros na inserção no 
mercado de trabalho, os rearranjos familiares nem sempre possibilitam a 
conservação do padrão e das condições econômicas de uma família. 
Certo Errado 
 
6. 2012/CESPE/TJ-AL. Assinale a opção correta a respeito das análises e 
concepções de família. 
a) A ampliação da expectativa de vida da população brasileira, além de possibilitar maior 
convivência entre as gerações, fortalece os vínculos familiares e, consequentemente, 
reduz o nível de dificuldades decorrentes dos acontecimentos próprios do curso de vida 
das famílias. 
b) Nas relações estabelecidas ao longo dos anos entre família e Estado, a família, 
independentemente de suas condições de vida, é reconhecida como capaz quando 
protege e cuida de seus membros, e incapaz, quando falha, tanto nos aspectos 
materiais quanto nos socioafetivos. 
 c) No Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e 
Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, família natural é concebida como 
a estrutura familiar do tipo nuclear, ou seja, preconiza-se um modelo ideal de família 
com ênfase no desempenho adequado dos papéis sociais de cada membro familiar. 
d) No Brasil, existe uma política familiar específica apoiada no atual padrão homogêneo 
de política social. 
e) Tratando-se de intervenção profissional que envolva família, tomada como sujeito 
central, recomenda-se a adoção de modelos de atenção vinculados à perspectiva da 
 
30 
 
normatividade/estabilidade e o atendimento direto para restaurar a capacidade de 
desempenhar funções. 
 
7. 2015/FGV/TJ-SC. “(...) a identificação do grupo conjugal como forma básica e 
elementar, e a percepção de parentesco e da divisão de papéis como fenômenos 
naturais, são obstáculos para a análise da instituição família. Por esta razão, 
propõe dissolver sua aparência de naturalidade, percebendo-a como criação 
humana mutável” (Bruschini, 1993:50). 
A partir dessa citação, analise as afirmativas a seguir: 
I) O modelo nuclear de família, tão natural no imaginário coletivo, só se consolidou por 
volta do século XVIII, como expressão da hegemonia da burguesia na direção política, 
econômica, moral e ideológica das sociedades capitalistas. 
II) Arranjos familiares diferentes do modelo nuclear sempre existiram, mas eram 
marginalizados, representados como disfuncionais e imorais, sobretudo se presentes 
nas classes mais empobrecidas. O mito da “harmoniafamiliar” era atributo exclusivo da 
família nuclear. 
III) O processo de reconhecimento normativo, político e simbólico das configurações 
familiares distintas do modelo dominante se revela na compreensão do conceito de 
instituição como um conjunto de práticas ou de relações sociais concretas que se 
reproduzem, e, nessa reprodução, se legitimam. 
Está correto o que se afirma em: 
 a) somente I; 
 b) somente II; 
 c) somente I e II; 
 d) somente II e III; 
 e) I, II e III. 
 
8. 2012/CESPE/TJ-AC. A vulnerabilidade de crianças e adolescentes à exploração 
sexual é intensificada pelo aumento da pobreza, da desigualdade social e de 
gênero, bem como pela demanda contínua por sexo com crianças, que é reforçada 
por um ambiente de tolerância social, cumplicidade e impunidade. 
Certo/Errado 
 
9. 2012/CESPE/TJ-AL. A Lei n.º 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) resguarda os 
direitos da mulher contra a violência doméstica e familiar, caracterizada como 
 
31 
 
forma de violação dos direitos humanos. Em relação a essa temática e ao que 
dispõe a referida norma, assinale a opção correta. 
a) O termo gênero representa a aceitação do determinismo biológico como decisivo para 
a compreensão da relação entre homem e mulher. 
b) A referida lei, além de estabelecer que os crimes nela previstos sejam julgados 
exclusivamente nos juizados especializados, prevê a aplicação de penas de 
pagamentos de cestas básicas para os casos de violência de menor gravidade. 
c) A concessão de medidas protetivas de urgência está condicionada à realização de 
audiência das partes e à manifestação do Ministério Público, não podendo tais medidas 
ser novamente concedidas no prazo de trinta dias. 
d) À equipe de atendimento multidisciplinar é vedado emitir, verbalmente, opinião 
técnica em audiência quando o agressor estiver presente. 
 e) A violência de gênero, transmitida de geração para geração, configura modelos 
patriarcais de família, em que o poder masculino impõe à mulher uma cultura de 
subjugação. 
 
10. 2010/TJ-SC. Estabelece o artigo 5º da Lei Maria da Penha: "Configura violência 
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no 
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e 
dano moral ou patrimonial". Nos termos do referido artigo, a violência contra a 
mulher pode ocorrer: 
I. No âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas. 
II. No âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que 
são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por 
vontade expressa. 
III. Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor coabite com a ofendida. 
 a) Todas as proposições estão corretas. 
 b) Apenas a proposição I está correta. 
 c) Apenas a proposição III está correta. 
 d) As proposições II e III estão corretas. 
 e) As proposições I e II estão corretas. 
 
11. 2012/ESAF/MI. A respeito dos direitos das mulheres na Lei Maria da Penha (Lei 
n. 11.340, de 7 de agosto de 2006), assinale a opção correta. 
 
32 
 
a) A Lei disciplina toda ação ou omissão praticada contra a mulher que lhe cause algum 
dano. 
b) A Lei restringe à residência, o local de ocorrência da violência motivada por uma 
relação de afeto ou de convivência doméstica ou familiar, entre o agressor e a mulher 
ofendida. 
 c) A Lei estabelece a discriminação positiva ao assegurar à mulher, de modo 
diferenciado, condições privilegiadas, em relação ao homem, nas questões atinentes à 
violência de gênero. 
d) A violência moral é caracterizada, na Lei, por ações ou omissões que visam degradar, 
dominar, humilhar outra pessoa, controlando seus atos e comportamentos. 
e) É importante ressaltar que qualquer mulher e homem podem ser sujeitos dos crimes 
previstos na Lei Maria da Penha (Um homem que agride uma mulher na rua para roubar 
sua bolsa). 
 
12. 2012/FCC/MPE-PE. Os princípios ético-profissionais do Serviço Social são 
fundamentados na concepção: 
a) de liberdade nos moldes do liberalismo, compreendendo-a apenas como livre-arbítrio 
ou como individualismo. 
b) de cidadania baseada na ordem civil e política para a satisfação das necessidades 
básicas dos indivíduos, nos limites postos pela reprodução das relações sociais no 
capitalismo. 
c) de difusão das práticas de mediação das políticas sociais, dentro dos parâmetros 
estabelecidos na lógica minimalista que está presente na distribuição dos benefícios e 
programas. 
d) da neutralidade e de sua vinculação com os usuários dos serviços sociais que 
apontem para a sua inserção no sistema de proteção social, que preconiza a melhoria 
das condições de vida da população e manutenção do projeto societário vigente. 
e) de vinculação explícita com os usuários e com a construção de um novo projeto 
societário, que preconiza o fim da dominação ou exploração de classe, etnia e gênero. 
 
13. 2014/CETRO/FUNDAÇÃO CASA. Além da adoção das correções gramaticais e 
ortográficas no Código de Ética do Assistente Social, de modo a aperfeiçoá-lo e 
adequá-lo às novas regras da Língua Portuguesa, a Resolução CFESS nº 594/2011 
substitui a designação: 
a) “orientação sexual” por “opção sexual” e “identidade de gênero” por “gênero”. 
b) “afetividade” por “união homoafetiva” e “identidade” por “origem”. 
 
33 
 
c) “opção sexual” por “orientação sexual” e “gênero” por “identidade de gênero”. 
d) “união entre pessoas do mesmo sexo” por “união homoafetiva” e “sexualidade” por 
“opção sexual”. 
e) “opção sexual” por “união entre pessoas do mesmo sexo” e “gênero” por “masculino 
e feminino”. 
 
14. 2015/COVEST-COPSET/UFPE. Analise: “Empenho na eliminação de todas as 
formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de 
grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças". Esse trecho, 
extraído do Código de Ética Profissional do/a Assistente Social, se refere a: 
 a) dever do (a) assistente social nas suas relações com os/as usuários/as. 
 b) princípio fundamental. 
 c) diretrizes para o exercício profissional. 
 d) dever do/a assistente social nas suas relações com a Justiça. 
 e) dever do Conselho Federal de Serviço Social. 
 
15. 2012/FCC/MPE-AP. O código de ética profissional do assistente social, editado 
em 1993, traz em seus princípios, uma vinculação ao “processo de construção de 
uma nova ordem societária, sem dominação e exploração de classe, etnia e 
gênero”. Esse posicionamento tem correspondência: 
 a) na superação do modelo capitalista de produção, que teve seu arrefecimento no 
início da década de 90 com a crise do petróleo. 
 b) na incorporação como pressuposto ético da categoria profissional dos assistentes 
sociais em favor de lutas contra a violência doméstica que atingia muito mais as 
mulheres, o que ocorreu em parceria com o movimento nacional de luta pela 
emancipação feminina. 
 c) nas conquistas históricas que têm correspondência no conjunto das forças sociais 
democrático-populares e se coloca na perspectiva de superação do conservadorismo 
no serviço social. 
 d) nas conquistas históricas que respondem ao novo pressuposto moral e figura no 
campo da poliarquia estrutural que as sociedades da América Latina estavam 
experimentando nos anos 90. 
 e) na superação do antigo modelo de práticas profissionais orientadas pela corrente 
fenomenológica, cujo pressuposto baseava-se no processo de educação emancipatória. 
 
 
34 
 
16. 2012/FUNCAB/MPE-RO. Na Convenção sobre o Direito das Pessoas com 
Deficiência da ONU, fica determinado que os Estados Partes tomarão todas as 
medidas apropriadas de natureza legislativa, administrativa, social, educacional e 
outras, para proteger as pessoas com deficiência, tanto dentro como fora do lar, 
contra todas as formas de exploração, violência e abuso,incluindo aspectos 
relacionados com: 
 a) a geração. 
 b) o gênero. 
 c) a habitação. 
 d) a liberdade. 
 e) a economia. 
 
17. UEPB/2013. “O direito a uma vida livre de violência é um dos direitos básicos 
de toda mulher. É pela garantia desse direito que marchamos hoje e marcharemos 
sempre, até que todas sejamos livres”. 
Esse texto constava entre os inúmeros cartazes na Segunda Marcha das Vadias 
no Distrito Federal. 
 
Com base nos seus conhecimentos sobre o tema, são verdadeiras as afirmativas, 
EXCETO: 
a) A violência física contra a mulher é o estágio de uma série de violências verbais, 
simbólicas, psicológicas que atingem mulheres todos os dias. A discriminação histórica 
contra a mulher não é fruto de uma concepção patriarcal que ainda impera, mesmo 
inconscientemente, na sociedade. 
b) A marcha das vadias objetiva conscientizar a sociedade de que a culpa do estupro 
não é da mulher e o estupro não dever estar associado ao modo como ela se veste. 
Protestam contra a culpabilização das vítimas nos casos das violências sofridas. 
Criticam também as instituições que sustentam a dominação e a exploração contra a 
mulher. 
c) A mercantilização do corpo da mulher, do prazer e a banalização da exploração 
sexual são dimensões da globalização econômica. A mulher é considerada alvo 
estratégico do consumismo e o apelo sexual o elemento central nesse método. 
d) Mulheres trabalhadoras assalariadas, depois do trabalho nas fábricas, no comércio, 
no campo ou como empregadas domésticas, são subordinadas à dupla jornada de 
trabalho ao realizarem as tarefas domésticas ao chegarem em casa. Já as mulheres 
burguesas ou de classe média alta, mesmo que trabalhem, relegam as mulheres mais 
pobres a essa segunda atividade. Logo, em sua grande maioria são as mulheres pobres 
 
35 
 
e trabalhadoras exploradas e oprimidas que lutam de forma consciente contra a 
opressão. 
e) A opressão ao sexo feminino nas empresas se dá na prática do assédio e abuso 
sexual em troca da manutenção do emprego e das promoções de cargos. As mulheres 
que não aceitam esses “pré-requisitos” têm que se desdobrar e demonstrar capacidade 
e superioridade para se manter em seus empregos. 
 
18. Unicentro/2012. Considerando-se as teorias sociológicas a respeito das 
questões sobre gênero, assinale V nas afirmativas verdadeiras e F, nas falsas. 
( ) O termo gênero faz referência a uma construção cultural, enfatizando o caráter social 
e histórico das diferenças sexuais. 
( ) Vários elementos estão envolvidos na constituição das relações de gênero, tais como 
a organização política, econômica e social. 
( ) A referência a gênero leva a pensar nas maneiras como as sociedades entendem o 
que é “ser homem” e “ser mulher”, o que consideram “masculino” e “feminino”. 
( ) O termo gênero se refere às diferenças biológicas e naturais dos seres humanos. 
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a: 
a) F F V F 
b) V V V F 
c) V F F V 
d) F V V F 
e) V V V V 
 
19. Unioeste/2012. O conceito de gênero tem como objetivo explicitar que as 
diferenças entre homens e mulheres não são apenas de ordem física ou biológica. 
Antes disso, as relações de gênero estão diretamente relacionadas às 
características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura. Sobre o 
conceito de gênero, é correto afirmar que: 
a) o conceito de gênero começa a ser utilizado de forma mais ampla no final da década 
de 1970 por pesquisadoras interessadas em compreender o fenômeno do feminismo e 
o processo de opressão sofrido pelas mulheres naquele momento histórico. 
b) os estudos de Margareth Mead sobre a importância da cultura na determinação dos 
papéis sociais e nos usos e costumes de homens e mulheres pouco contribuíram para 
o desenvolvimento do conceito. 
 
36 
 
c) os estudos contemporâneos sobre as relações de gênero apresentam uma completa 
ruptura com as concepções desenvolvidas por Joan Scott a respeito da temática que, 
em sua teoria, previa uma grande importância para o conceito ao não restringi-lo a 
história das mulheres. 
d) em uma sociedade democrática e com uma ampla liberdade sexual o conceito de 
gênero não é representativo, pois sua sustentação está centrada exclusivamente nos 
conflitos entre os sexos. 
e) os estudos realizados por Georg Simmel sobre a história da família e sobre o impacto 
do dinheiro nas relações entre os sexos demonstram que as organizações das 
estruturas de parentesco não possuem relação com as concepções históricas do 
conceito de gênero. 
 
20. Uel /2011 Leia o texto a seguir, que remete ao debate sobre questões de 
gênero. 
A violência contra a mulher acontece cotidianamente e nem sempre ganha destaque na 
imprensa, afirmou a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire 
[...]. “Quando surgem casos, principalmente com pessoas famosas, que chegam aos 
jornais, é que a sociedade efetivamente se dá conta de que aquilo acontece 
cotidianamente e não sai nos jornais. As mulheres são violentadas, são subjugadas 
cotidianamente [...]”, afirmou a ministra. [...] “Eliza morreu porque contrariou um homem 
que achou que lhe deveria impor um castigo. Ela morreu como morrem tantas outras 
quando rompem relacionamentos violentos”, disse a ministra. 
(“Violência contra as mulheres é diária”, diz ministra, Agência Brasil, Brasília, 11 jul. 2010.) 
Com base no texto e nos conhecimentos socioantropológicos sobre o tema, é 
correto afirmar: 
a) Questões de gênero são definidas a partir da classe social, razão pela qual são mais 
presentes nas camadas populares do que entre as elites. 
b) As identidades sociais masculina e feminina são configuradas a partir de 
características biológicas imutáveis presentes em cada um. 
c) As diferenças de gênero são determinadas no terreno econômico, daí o fato de serem 
produto da sociedade capitalista. 
d) As experiências socialistas do século XX demonstram que nelas as questões de 
gênero são resolvidas de modo a estabelecer a igualdade real entre homens e 
mulheres. 
e) As relações de gênero são construídas socialmente e favorecem, nas condições 
históricas atuais, a dominação masculina. 
 
 
 
37 
 
 
GABARITO 
 
 
1 A 
2 D 
3 ERRADO 
4 ERRADO 
5 CERTO 
6 B 
7 E 
8 CERTA 
9 E 
10 E 
11 C 
12 E 
13 E 
14 B 
15 C 
16 B 
17 A 
18 B 
19 A 
20 E 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
PONTOS COMENTADOS E NÃO COMENTAOS 
RELAÇÕES DE GÊNERO INTERGERACIONAIS 
 
• Tipos de Política Transversal: Igualdade de Gênero/ Igualdade Racial/ Idosos. 
• DECRETO Nº 8.727, DE 28 DE ABRIL DE 2016: I - nome social - designação pela 
qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é socialmente reconhecida; II - 
identidade de gênero - dimensão da identidade de uma pessoa que diz respeito à 
forma como se relaciona com as representações de masculinidade e feminilidade e 
como isso se traduz em sua prática social, sem guardar relação necessária com o 
sexo atribuído no nascimento. 
• A construção dos gêneros se dá através da dinâmica das relações sociais. Os 
seres humanos só se constroem como tal em relação com os outros. Não se trata 
de perceber apenas corpos que entram em relação com outro. É a totalidade 
formada pelo corpo, pelo intelecto, pela emoção, pelo caráter do Eu, que entra em 
relação com o outro. Cada ser humano é a história de suas relações sociais, 
perpassadas por antagonismos e contradições de gênero, classe, raça/etnia. A 
alternativa está errada. Não se restringe a mulher as suas relações na sociedade. 
É, para além, a relação entre seres humanos e correspondem a um grau 
determinado de desenvolvimento de suas forças produtivos materiais. 
• A lógica de atendimento dos serviços, geralmente, está orientada para as famílias 
que por falimento ou pobreza falharam na responsabilidade de cuidado e proteção 
de seus membros. Nesta perspectiva os interesses,tanto de natureza política como 
sociocultural, recaem sobre as formas diagnosticadas como marginais ou 
patológicas. Nas relações estabelecidas ao longo dos anos entre família e Estado, 
a família, independentemente de suas condições de vida, é reconhecida como capaz 
quando protege e cuida de seus membros, e incapaz, quando falha, tanto nos 
aspectos materiais quanto nos socioafetivos. 
• I) O modelo nuclear de família, tão natural no imaginário coletivo, só se consolidou 
por volta do século XVIII, como expressão da hegemonia da burguesia na direção 
política, econômica, moral e ideológica das sociedades capitalistas. II) Arranjos 
familiares diferentes do modelo nuclear sempre existiram, mas eram 
marginalizados, representados como disfuncionais e imorais, sobretudo se 
presentes nas classes mais empobrecidas. O mito da “harmonia familiar” era atributo 
 
39 
 
exclusivo da família nuclear. III) O processo de reconhecimento normativo, 
político e simbólico das configurações familiares distintas do modelo dominante 
se revela na compreensão do conceito de instituição como um conjunto de práticas 
ou de relações sociais concretas que se reproduzem, e, nessa reprodução, se 
legitimam. 
• A vulnerabilidade de crianças e adolescentes à exploração sexual é 
intensificada pelo aumento da pobreza, da desigualdade social e de gênero, 
bem como pela demanda contínua por sexo com crianças, que é reforçada por um 
ambiente de tolerância social, cumplicidade e impunidade. 
• A cultura de subjugação da mulher e, por consequência, da violência de gênero, 
tem, com efeito, sério lastro em um modelo patriarcal de família, típica das antigas 
gerações. 
• Art. 5º Para os efeitos da Lei Maria da Penha, configura violência doméstica e 
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause 
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I 
- no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por 
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por 
afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual 
o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de 
coabitação. 
• Especificamente em relação ao sujeito passivo da violência doméstica e 
familiar, há uma exigência de uma qualidade especial: Ser mulher. Por isso, estão 
protegidas pela Lei Maria da Penha não apenas esposas, companheiras, amantes, 
namoradas ou ex-namoradas, como também filhas e netas do agressor, sua mãe, 
sogra, avó, ou qualquer outra parente do sexo feminino com a qual haja uma relação 
doméstica, familiar ou íntima de afeto. Na atualidade, nem toda discriminação é 
proibida ou desvaliosa para o ordenamento jurídico. Um exemplo de discriminação 
positiva é a Lei Maria da Penha. Ela constitui-se em um critério de equiparação 
desigual igualitário e representa uma das medidas apresentadas pelo Estado para 
permitir que ocorra o aceleramento da igualdade de fato entre o homem e a mulher, 
circunscrita aos casos de violência doméstica e familiar, já que o alcance da Lei é 
limitado. A Lei estabelece a discriminação positiva ao assegurar à mulher, de 
modo diferenciado, condições privilegiadas, em relação ao homem, nas questões 
atinentes à violência de gênero. 
 
40 
 
• PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS – CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL- 
Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a 
ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; - 
Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; - 
Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda 
sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes 
trabalhadoras; - Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização 
da participação política e da riqueza socialmente produzida; - Posicionamento em 
favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens 
e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão 
democrática; - Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, 
incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente 
discriminados e à discussão das diferenças; - Garantia do pluralismo, através do 
respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões 
teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual; - Opção por 
um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem 
societária, sem dominação exploração de classe, etnia e gênero; - Articulação com 
os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste 
Código e com a luta geral dos trabalhadores; - Compromisso com a qualidade dos 
serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva 
da competência profissional; - Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, 
nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, 
nacionalidade, opção sexual, idade e condição física. 
• Em consulta a Resolução 594/2011: (...) Art.2º. Adotar as correções gramaticais e 
ortográficas no Código de Ética do Assistente Social de modo a aperfeiçoá-lo e 
adequá-lo as novas regras da língua portuguesa. Art. 3º. Substituir a designação 
“opção sexual” por “orientação sexual” e no princípio XI substituir gênero por 
“identidade de gênero”. Art. 4º. Introduzir em todo o texto do Código de Ética do 
Assistente Social, de que trata a Resolução CFESS nº 273/93, a linguagem de 
gênero, adotando forma feminina e masculina: “o/a; os/as; trabalhadores/as, etc.”. 
• Segundo o Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Pessoas 
com Deficiência (Cartilha - 2007), os Estados Partes tomarão todas as medidas 
apropriadas de natureza legislativa, administrativa, social, educacional e outras, 
para proteger as pessoas com deficiência, tanto dentro como fora do lar, contra 
todas as formas de exploração, violência e abuso, incluindo aspectos relacionados 
a gênero. Os Estados Partes também tomarão todas as medidas apropriadas para 
 
41 
 
prevenir todas as formas de exploração, violência e abuso, assegurando, entre 
outras coisas, formas apropriadas de atendimento e apoio que levem em conta o 
gênero e a idade das pessoas com deficiência e de seus familiares e atendentes, 
inclusive mediante a provisão de informação e educação sobre a maneira de evitar, 
reconhecer e denunciar casos de exploração, violência e abuso. Os Estados Partes 
assegurarão que os serviços de proteção levem em conta a idade, o gênero e a 
deficiência das pessoas. 
• Questões Verdadeiras: O termo gênero faz referência a uma construção cultural, 
enfatizando o caráter social e histórico das diferenças sexuais. Vários elementos 
estão envolvidos na constituição das relações de gênero, tais como a organização 
política, econômica e social. A referência a gênero leva a pensar nas maneiras como 
as sociedades entendem o que é “ser homem” e “ser mulher”, o que consideram 
“masculino” e “feminino”. 
• O conceito de gênero começa a ser utilizado de forma mais ampla no final da 
década de 1970 por pesquisadoras interessadas em compreender o fenômeno do 
feminismo e o processo de opressão sofrido pelas mulheres naquele momento 
histórico. 
As relações de gênero são construídas socialmente e favorecem, nas condições 
históricas atuais, a dominação masculina. 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
CARLOTO, Cássia Maria. Conceito de Gênero e sua Importância para Análise das Relações 
Sociais. Acesse: http://bit.ly/2obLoPY 
DECRETO Nº 8.727, DE 28 DE ABRIL DE 2016. Acesse: http://bit.ly/2okma42 
MOTTA,

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