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ENSINO MÉDIO FÍSICA | FRENTE A 7 FÍSICA FRENTE A Antônio Máximo Beatriz Alvarenga Carla Guimarães CALOR 1 Primeira lei da Termodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 O calor como energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Transferência de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Capacidade térmica e calor específico . . . . . . . . . . . . . 17 Trabalho em uma variação de volume . . . . . . . . . . . . . . 22 A primeira lei da Termodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Aplicações da primeira lei da Termodinâmica . . . . . . . . . 28 2 Mudanças de estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Estados da matéria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Fusão e solidificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Vaporização e condensação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Influência da pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Sublimação – diagrama de fases . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Revisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 2137813 (PR) MÓDULO Calor Termograma de um cachorro. A escala de temperatura vai do branco (mais quente), passando por vermelho, amarelo, verde, ciano, azul e preto (mais frio). REFLETINDO SOBRE A IMAGEM Por que usamos um metal para passar roupa, e não uma madeira? Qual a melhor posição para instalar um aparelho de ar-condicionado? Como o calor do Sol chega a Terra? Como fun- ciona uma garrafa térmica? O corpo humano emite calor como o Sol? Apesar de parecerem um tanto desconexas, es- sas questões tratam do mesmo assunto: calor e temperatura. Neste módulo, veremos como responder e relacionar essas questões com uma ideia muito importante da Física: a primeira lei da Termodinâmica. S C IE N TI FI C A /V IS U A LS U N LI M IT E D /C O R B IS /L A TI N S TO C K www.sesieducacao.com.br 4 Calor CAPÍTULO 1 Objetivos: c Identificar o calor como uma forma de energia. c Abordar a transferência de calor entre os corpos. c Relacionar capacidade térmica e calor específico. c Conceituar trabalho em uma variação de volume. c Reconhecer as aplicações da primeira lei da Termodinâmica. Primeira lei da Termodinâmica Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo. O CALOR COMO ENERGIA A teoria do calórico De acordo com o conceito de equilíbrio térmico, se dois corpos a temperaturas diferentes são colocados em contato, eles atingem, após certo tempo, uma mesma temperatura. Até o início do século XIX, os cientistas explicavam esse fato supondo que todos os corpos continham, em seu interior, uma substância fluida, invisível, de peso desprezível, que era denominada calórico. Quanto maior fosse a temperatura de um corpo, maior seria a quantidade de calórico em seu interior. Segundo esse modelo, quando dois corpos, a temperaturas diferentes, eram colocados em contato, haveria passagem de calórico do corpo mais quente para o mais frio, acarretando uma diminuição na temperatura do primeiro e um aumento na temperatura do segundo. Quando os corpos atingiam a mesma temperatura, o fluxo de calórico era interrompido e eles permaneciam, a partir daquele instante, em equilíbrio térmico. Apesar de essa teoria ser capaz de explicar satisfatoriamente um grande número de fenôme- nos, alguns físicos mostravam-se insatisfeitos em relação a certos aspectos fundamentais da ideia do calórico e tentaram substituí-la por outra, mais adequada, na qual o calor é considerado uma forma de energia. Calor é energia A ideia de que o calor é energia foi introduzida por Rumford, um engenheiro militar que, em 1798, trabalhava na perfuração de canos de canhão. Observando o aquecimento das peças ao serem perfuradas, Rumford teve a ideia de atribuir esse aquecimento ao trabalho que era realizado pelo atrito na perfuração. Em outras palavras, parte da energia empregada na realização daquele trabalho era transferida para as peças, provocando uma elevação em sua temperatura. Portanto, a antiga ideia de que um corpo mais aquecido possui maior quantidade de calórico começava a ser substituída pela ideia de que esse corpo possui, realmente, maior quantidade de energia em seu interior. LEIA O LIVRO Breve história da Ciência Moder- na: a belle époque da Ciência. Marco Braga, Andreia Guerra e José Cláudio Reis. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. Calor é a energia que se transfere de um corpo para outro em virtude de uma diferença de temperatura entre eles. Ambiente Ambiente Calor Calor A B 5 FÍ S IC A F R EN TE A Calor A divulgação dessas ideias provocou muitas discussões entre os cientistas do século XIX. Al- guns deles realizaram experiências que vieram confirmar as suposições de Rumford. Entre esses cientistas, devemos destacar James P. Joule (1818-1889), cujas célebres experiências acabaram por estabelecer, definitivamente, que o calor é uma forma de energia. Atualmente, considera-se que, quando a temperatura de um corpo é aumentada, a energia que ele possui em seu interior, denominada energia interna, também aumenta. Se esse corpo é colocado em contato com outro, de temperatura mais baixa, haverá transferência de energia do primeiro para o segundo, energia esta que é denominada calor. Portanto, o conceito moderno de calor é o seguinte: Calor é a energia transferida de um corpo para outro em virtude, unicamente, de uma diferença de temperatura entre eles. Observações: 1a) O termo calor só deve ser usado para designar a energia em trânsito, isto é, enquanto ela está sendo transferida de um corpo para outro, em virtude de uma diferença de temperatura. A transferência de calor para um corpo acarreta um aumento na energia de agitação de seus átomos e moléculas, ou seja, acarreta um aumento da energia interna do corpo, o que, em geral, provoca uma elevação em sua temperatura. Não se pode, portanto, dizer que “um corpo possui calor” ou que “a temperatura é uma medida do calor no corpo”. 2a) A energia interna de um corpo pode aumentar sem que o corpo receba calor, desde que receba alguma outra forma de energia. Quando, por exemplo, agitamos uma garrafa com água, sua temperatura se eleva, apesar de a água não ter recebido calor. O aumento de energia interna, nesse caso, ocorreu em virtude da transferência da energia mecânica à água, ao realizarmos o trabalho de agitar a garrafa. Unidades de calor Uma vez estabelecido que o calor é uma forma de energia, é necessário que determinada quantidade de calor deve ser medida em unidades de energia. Então, no SI, mediremos o calor em joule – em homenagem a James Prescott Joule, que descobriu as relações entre calor e trabalho mecânico (fig. 1). Entretanto, na prática, é até hoje usada uma outra unidade de calor, muito antiga (da época do calórico), que não pertence ao SI, denominada 1 caloria 5 1 cal. Por definição, 1 cal é a quantidade de calor que deve ser transferida a 1 g de água para que sua temperatura se eleve 1 °C (fig. 1). Na década de 1940, a comunidade científica decidiu que a relação entre essas duas unidades é: 1 cal 5 4,18 J A “caloria” (Cal) utilizada em nutrição, aquela que aparece no rótulo das informações nutricio- nais dos alimentos, na realidade equivale a 1 kcal, ou seja, 1 Cal nutricional 5 1 000 cal 5 1 kcal. Um jovem do sexo masculino, por exemplo, com 20 anos e 72 kg, consome 2 900 kcal por dia quando está em repouso, enquanto uma jovem do sexo feminino, com mesma idade e 58 kg, gasta 2 200 kcal por dia. 14,5 °C A água recebeu 1 cal de calor. 15,5 °C Fig. 1 – 1 cal é a quantidade de calor transferido necessário para elevar 1 °C a temperatura de 1 g de água. 6 Calor TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 3 Para aprimorar: 1 e 2 PARA CONSTRUIR 1 Dois blocos idênticos, A e B, ambos de ferro, são colocados em contato e isolados de influências externas, como mostra a figura desteexercício. As temperaturas iniciais dos blocos são TA 5 200 °C e TB 5 50 °C. TA TB A Fe B Fe a) Depois de um certo tempo, o que ocorreu com a tempe- ratura TA? E com TB? O valor de TA terá diminuído e o de TB terá aumentado. b) De acordo com os cientistas anteriores a Rumford e Jou- le, qual era a explicação das variações das temperaturas TA e TB? A causa era a passagem de calórico do corpo A, mais quente (que possuía maior quantidade de calórico), para o corpo B, mais frio. 2 Considere, ainda, os blocos do exercício anterior. De acordo com o ponto de vista dos cientistas atuais: a) Depois de um certo tempo, o que ocorreu com a energia interna de A? E com a de B? Sabemos que, quanto maior for a temperatura de um corpo, maior é sua energia interna. Consequentemente, a energia interna de A diminuiu e a de B aumentou. b) Houve transferência de energia de um bloco para outro? Em que sentido? Sim, houve transferência de energia de A para B. c) Como se denomina essa energia transferida? Essa energia que se transferiu de A para B, em virtude da diferença de temperatura entre eles, é denominada calor. 3 Uma pessoa, usando um martelo, golpeia repetidas vezes um bloco de chumbo. Verifica-se que a temperatura do bloco se eleva apreciavelmente. Lembrando-se da 2a observação feita na página 5, responda: a) A energia interna do bloco de chumbo aumentou? Sim, pois sua temperatura aumentou. b) Houve alguma transferência de calor para o chumbo? Não, pois o chumbo não foi colocado em contato com nenhum corpo a uma temperatura superior à dele. c) Então, qual foi a causa do aumento da energia interna do bloco de chumbo? A energia interna do bloco de chumbo aumentou porque ele recebeu energia mecânica por meio do trabalho realizado pelos golpes do martelo. 4 a) No exercício 1, suponha que 100 cal de calor foram trans- feridas de A para B. Qual é, em joules, o valor dessa quan- tidade de calor? Como 1 cal 5 4,18 J, temos: 100 cal 5 100 ? 4,18 J 5 418 J b) Suponha que o trabalho total realizado pelo martelo so- bre o bloco de chumbo, no exercício anterior, tenha sido de 836 J. Qual a quantidade de calor, em calorias, que de- veria ser fornecida ao chumbo para provocar nele a mes- ma elevação de temperatura? Usando novamente a equivalência 1 cal 5 4,18 J, temos: 4,18 J ––– 1 cal 836 J –––– x ∴ 5 5 5x 836 4,18 200, isto é, 836 J 200 cal Então, se fossem cedidas 200 cal ao chumbo, sua temperatura sofreria o mesmo acréscimo provocado pelo trabalho de 836 J realizado sobre ele pelo martelo. 5 (Vunesp) Desde 1960, o Sistema Internacional de Unidades (SI) adota uma única unidade para quantidade de calor, trabalho e energia, e recomenda o abandono da antiga unidade ainda em uso. Assinale a alternativa que indica na coluna I a unidade adotada pelo SI e na coluna II a unidade a ser abandonada. a I II a) joule (J) caloria (cal) b) caloria (cal) joule (J) c) watt (W) quilocaloria (kcal) d) quilocaloria (kcal) watt (W) e) pascal (Pa) quilocaloria (kcal) Ene m C-5 H-18 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-18 Ene m C-6 H-21 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-21 Ene m C-5 H-17 5. No Sistema Internacional de Unidades (SI), adota-se o joule (J) para unidade das grandezas físicas – trabalho, energia e calor –, em substituição da uni- dade caloria (cal), que, supostamente, deveria ser abandonada. As competências e habilidades do Enem estão indicadas em questões diversas ao longo do módulo. Se necessário, explique aos alunos que a utilidade deste “selo” é indicar o número da(s) competência(s) e habilidade(s) abordada(s) na questão, cuja área de conhecimento está diferenciada por cores (Lin- guagens: laranja; Ciências da Natureza: verde; Ciências Humanas: rosa; Matemática: azul). A tabela para consulta da Matriz de Referência do Enem está disponível no portal. 7 FÍ S IC A F R EN TE A Calor TRANSFERÊNCIA DE CALOR A propagação do calor acontece de três maneiras diferentes: por condução, por convecção e por radiação. Qualquer que seja o processo, a transmissão do calor ocorre espontaneamente, indo sempre de um corpo com maior temperatura para um corpo de menor temperatura. Condução Suponha que uma pessoa esteja segurando uma das extremidades de uma barra metálica e que a outra extremidade seja colocada em contato com uma chama (fig. 2-A). Os átomos ou moléculas dessa extremidade, aquecida pela chama, adquirem uma maior energia de agitação. Parte dessa ener- gia é transferida para as partículas da região vizinha a essa extremidade, e a temperatura dessa região também aumenta. Esse processo continua ao longo da barra (fig. 2-B) e, após certo tempo, a pessoa que segura a outra extremidade perceberá uma elevação de temperatura nesse local. Ocorre, portanto, uma transmissão de calor ao longo da barra, que continuará enquanto existir uma diferença de temperatura entre as duas extremidades. Observe que essa transmissão é feita pela agitação dos átomos da barra, transferida sucessivamente de um para outro, sem que esses átomos sofram translação ao longo do corpo. Esse processo de transmissão de calor é denominado condução. A maior parte do calor que é transferido através dos corpos sólidos é transmitida, de um ponto a outro, por condução. LEIA O LIVRO Física 2: Física Térmica e Óptica. Grupo de Reelaboração do En- sino de Física (Gref ). São Paulo: Edusp, 1991. Dependendo da constituição atômica de uma substância, a agitação térmica é transmitida de um átomo para outro com maior ou menor facilidade, fazendo com que essa substância seja boa ou má condutora de calor. Assim, os metais, por exemplo, são bons condutores de calor, enquanto outras substâncias, como o isopor, a cortiça, a porcelana, a madeira, o ar, o gelo, a lã, o papel, etc., são isolantes térmicos, isto é, conduzem mal o calor. O fenômeno de condução térmica é muito utilizado no cotidiano. A propriedade de isola- mento térmico pode ser empregada, por exemplo, para manter um corpo em uma temperatura mais elevada ou mais baixa que a temperatura ambiente. Esse princípio é utilizado nas geladeiras de isopor, nas paredes de fogões e refrigeradores e nas próprias roupas de inverno que utilizamos, que são fabricadas com material isolante para nos proteger do frio. Fluxo de calor Consideremos dois corpos mantidos em temperaturas fixas T 1 e T 2 , tais que T 2 . T 1 (ou seja, sempre existirá essa diferença de temperatura). Unindo esses corpos por uma barra de seção unifor- me de área A e de comprimento L (fig. 3), haverá condução de calor, através da barra, do corpo mais quente para o mais frio, como poderíamos prever. Seja ΔQ a quantidade de calor que passa por uma seção qualquer da barra, durante um intervalo de tempo Δt. O quociente ∆ ∆ Q t é denominado fluxo de calor através daquela seção, grandeza que vamos representar pela letra grega (fi maiúsculo), isto é: ∆ ∆ F 5 Q t Fig. 2 – O calor se transfere, por condução, ao longo de um sólido, através da agitação dos átomos e moléculas desse sólido. T2 T1 L T2 . T1 A Isolante Fluxo de calor Fig. 3 – Em uma barra sólida, o calor se transfere por condução. A V IT S E S TÚ D IO G R Á FI C O / A R Q U IV O D A E D IT O R A IL U S TR A Ç Õ E S : A V IT S E S TÚ D IO G R Á FI C O /A R Q U IV O D A E D IT O R A Muito agitada Agitada Pouco agitada Calor A LT A T E M P E R AT U R A CALOR B A IX A T E M P E R AT U R A Barra metálica (b) A B 8 Calor Se a barra da figura 3 for envolvida por um isolante térmico, verifica-se que depois de certo tem- po ela atinge uma situação denominada regime estacionário, que é caracterizado por ter o mesmo valor de fluxo de calor em qualquer seção da barra. Em consequência, a temperatura de um ponto qualquer da barra atinge um valor que não se altera com o decorrer do tempo. Em nosso estudo vamos trabalhar sempre com barras conduzindo calor em regime estacionário. Verifica-se experimentalmente que o fluxo de calor é: 1o) diretamente proporcional à área A da seção reta da barra, isto é, A. 2o) diretamente proporcional à diferença de temperatura entre as extremidades da barra, isto é, (T2 2 T1). 3o) inversamente proporcional ao comprimento da barra, isto é, 1 L . Podemos escrever: A T T L 2 12 ou, introduzindo a constante de proporcionalidade K, temos: KA T T L 2 15 2 A constante K é característica do material de que é feita a barra e se denomina condutividade térmica da substância. Na tabela 1 estão apresentados valores da condutividade térmica de alguns materiais. Quanto maior o valor de K, maior é o fluxo de calor que a barra conduz e, portanto, melhor condutora de calor será a substância de que é feita a barra. Tabela 1 – Condutividade térmica (temperatura ambiente) W/m ? K kcal/s ? m ? °C Prata 429 0,10 Cobre 401 0,096 Ouro 317 0,076 Alumínio 237 0,057 Chumbo 35,3 8,4 ? 1023 Titânio 21,9 5,2 ? 1023 Ferro 80,2 0,019 Aço-carbono 65 0,016 Aço inox 14 3,3 ? 1023 Ar 0,0262 6,3 ? 1026 Hidrogênio 0,187 45 ? 1026 Gelo a 0 °C 2,2 0,53 ? 1023 Amianto 0,09 22 ? 1026 Vidro 0,6 a 0,8 0,14 ? 1023 a 0,19 ? 1023 9 FÍ S IC A F R EN TE A Calor Tabela 1 – Condutividade térmica (temperatura ambiente) Concreto 0,8 0,19 ? 1023 Baquelite 1,4 0,33 ? 1023 Madeira 0,04 a 0,26 9,6 ? 1026 a 62 ? 1026 Cortiça 0,06 14 ? 1026 Aerogel 0,003 0,7 ? 1026 Mylar 0,0001 0,02 ? 1026 Obs.: Os gases estão em condições normais de temperatura e pressão. 1 Uma barra de alumínio de comprimento L 5 80 cm e de se- ção reta de área A 5 200 cm2 tem uma de suas extremidades introduzida em uma caldeira com água em ebulição (veja a figura a seguir). A outra extremidade da barra encontra-se, no ar ambiente, a 20 °C. Isolante Φ100 ºC 20 ºC A V IT S E S TÚ D IO G R Á FI C O / A R Q U IV O D A E D IT O R A a) Determine o fluxo de calor que é transferido através da barra para o ar ambiente. b) Qual é em watts a potência térmica, P, que está sendo transferida através da barra para o ar? c) Supondo que a situação descrita no item a seja mantida invariável, durante 10 minutos, calcule, em calorias, a quan- tidade total de calor transferida ao ar durante esse tempo. RESOLUÇÃO: a) Supondo o regime estacionário, sabemos que o fluxo de calor por condução é dado pela equação: KA T T L 2 1T T2 1T T 5 T T2T T Na tabela 1, encontramos a condutividade térmica do alumínio: K 5 5,7 ? 1022 kcal/s ? m ? °C Observe que o valor de K está expresso usando-se o me- tro como unidade de comprimento. Então, os valores de A e L devem ser expressos nessa unidade, isto é: L 5 80 cm 5 80 ? 1022 m e A 5 200 cm2 5 200 ? 1024 m2 Logo: 5,7 10 200 10 (100 20) 80 10 11,4 10 kcal/s 2 42002 4200 102 410 2 2∴ 5 ? ?7 1? ?7 10? ?0 ? ?10? ?10 2 ? 5 ? 2 22 42 22 42002 42002 22002 4200 102 4102 2102 410 2 2 A unidade obtida nessa resposta vem da combinação de unidades de cada grandeza presente na equação que for- nece : kcal s m °C m °C m kcal s 2 ? ?s m? ?s m ? ?m? ?m 5 Como 1 kcal 5 1 quilocaloria 5 103 cal, temos: 5 11,4 ? 1022 ? 103 cal/s 5 114 cal/s b) O fluxo é a própria potência transferida, expressa em cal/s. Supondo que 1 cal 5 4,2 J, temos: 5 P 5 114 ? 4,2 J/s ou P 5 478 J/s 5 478 W Observe, apenas para comparação, que essa potência equivale aproximadamente à potência emitida por 5 lâm- padas de 100 W. c) De Q t 5 , obtemos Q t5 Q t5 Q tQ t?Q t. Temos que Δt 5 5 10 min 5 600 s Logo: Q t 144 cal s 600 s Q 6,8 10 cal4∴ 5 Q t5 Q t 5 ?5 ?1445 ?144 5 ?Q 65 ?Q 6,85 ?,8 EXERCÍCIO RESOLVIDO 10 Calor Convecção Quando um recipiente com água é colocado sobre uma chama, a camada de água do fundo do recipiente recebe calor da chama, por condução. Consequentemente, o volume dessa camada aumenta e sua densidade diminui, fazendo com que ela se desloque para a parte superior do recipiente e seja substituída por água mais fria e mais densa, proveniente dessa região superior. O processo continua, com a circulação contínua de corrente de água mais quente para cima e mais fria para baixo, denominadas correntes de convecção (fig. 4-A e 4-B). Assim, o calor que é transmitido, por condução, às camadas inferiores vai sendo distribuído, por convecção, a toda a massa do líquido, através do movimento do próprio líquido. A transferência de calor, nos líquidos e gases, pode ser feita por condução, mas o processo de convecção é o responsável pela maior parte do calor transferido através dos fluidos. Ar frio Ar quente Correntes de convecção BA Fig. 4 – Em um líquido, o calor se transfere de um ponto a outro devido à formação de correntes de convecção. A água se aquece em contato com o fundo da chaleira, sua densidade diminui e ela se dilata, subindo para a superfície, enquanto que a água fria que está nas camadas superiores desce para o fundo da chaleira (A). No refrigerador, a fonte fria localiza-se na parte superior e resfria o ar ao redor, reduzindo a agitação das moléculas e provocando contração. O ar frio, mais denso, desce para a parte inferior do refrigerador, enquanto o ar quente sobe (B). Note que no processo de condução o transporte de energia térmica ocorre através do trans- porte de matéria. O fenômeno de convecção térmica também pode ser observado no cotidiano, como em um refrigerador (fig. 4-B). As camadas de ar em contato com o congelador do refrigerador perdem calor para ele. Assim, há uma diminuição na temperatura dessas camadas e um consequente aumento em sua densidade. Por esse motivo, essas camadas movimentam-se para baixo no interior do refri- gerador. Se o congelador fosse colocado na parte inferior do refrigerador não haveria formação das correntes de convecção, porque o ar de maior densidade (em contato com o congelador) já estaria na parte inferior da geladeira, ali permaneceria e não daria origem, portanto, às correntes de convecção. Podemos observar o fenômeno de convecção no radiador dos automóveis, em que a água quente aquecida pelo motor, sendo menos densa, sobe, e a água fria da parte superior desce; e também na localização dos aparelhos de ar-condicionado próximo ao teto: o resfriamento é feito pela parte superior porque o ar frio tende a descer, fazendo o ar do recinto circular. LU C C IC O M U N IC Ar quente Ar frio Dia Ar quente Ar frio Noite Fig. 5 – Durante o dia, o ar aquecido e menos denso da superfície terrestre sobe e o ar mais frio e denso do mar desloca-se para o continente terrestre, formando a brisa marítima. Durante a noite, o ar sobre o mar permanece aquecido mais tempo do que o ar sobre a terra, invertendo o processo e formando a brisa terrestre. As brisas litorâneas são exemplos naturais de convecção (fig. 5), fenômeno conhecido como inversão térmica. Numa região litorânea, a areia da praia fica mais quente que o mar durante o dia, aquecendo o ar em contato com ele. O ar aquecido sobe e produz uma região de baixa pressão, aspirando o ar que está sobre o mar (brisa marítima) e produzindo correntes de convecção. Durante a noite, a areia esfria mais rapidamente que o mar e o processo se inverte (brisa terrestre). Cerca de 25% escapa pelo telhado. Cerca de 10% escapa pelas janelas. Aproximadamente 35% é perdido através das paredes. Cerca de 15% pode fluir através de várias gretas. Aproximadamente 15% escapa pelo chão. Em regiões frias, para evitar o escape do calor do interior de uma casa, costuma-se isolar a residência empregando mate- riais que não conduzem calor. Espaços nos telhados podem ser revestidos com fibra de vidro, por exemplo, para impedir o es- cape de calor através do telha- do. Também pode-se empregar janelas com vidros duplos com ar no interior, pois o ar é um mau condutor de calor. COMO O CALOR ESCAPA DE UMA CASA A V IT S E S TÚ D IO G R Á FI C O /A R Q U IV O D A E D IT O R A 11 FÍ S IC A F R EN TE A Calor Radiação Suponha que um corpo aquecido, nesse caso uma lâmpada de filamento,seja colocado no interior de uma campânula de vidro, onde se fez o vácuo (fig. 6). Um termômetro, situado no exterior da campânula, acusará uma elevação de temperatura, mostrando que houve uma transmissão de calor através do vácuo existente entre o corpo aquecido e o exterior. Essa transmissão não pode ter sido feita por condução ou por convecção, pois esses processos só podem ocorrer quando há um meio material através do qual o calor é transmitido. Nesse caso, a transmissão de calor foi feita por um outro processo, denominado radiação térmica. O calor que recebemos do Sol chega até nós por esse mesmo processo, uma vez que entre o Sol e a Terra existe vácuo. Radiação Fonte de calor Vácuo Fig. 6 – Na figura da esquerda, temos uma imagem térmica de uma lâmpada incandescente. Na figura da direita, o calor emitido pela lâmpada se propaga, no vácuo, por radiação. 400 nm500 nm600 nm700 nm Espectro visível ao ser humano Espectro eletromagnético Rádio 103 Micro-onda 1022 Infravermelho 1025 104 1 K 2272 °C 100 K 2173 °C 10 000 K 9 727 °C 10000000 K .10000000 °C Prédios Comprimento de onda (metros) Aproximadamente o tamanho de... Frequência (Hz) Temperatura dos corpos emitindo dado comprimento de onda (K) Humanos Abelhas Alfinetes Protozoários Moléculas Átomos Núcleos atômicos 108 1012 1015 1016 1018 1020 Visível 0,5 ? 1026 Ultravioleta 1028 Raios X 10210 Raios gama 10212 Fig. 7 – Espectro eletromagnético. Todos os corpos aquecidos emitem radiações térmicas que, ao serem absorvidas por outro corpo, podem provocar, nele, uma elevação de temperatura. Quando um corpo está mais quente que o meio onde se encontra, ele irá esfriar, pois a taxa de emissão de energia é maior do que a taxa de absorção, até atingir o equilíbrio térmico. Em Física, radiação significa transferência de energia por ondas eletromagnéticas. Toda onda eletromagnética é capaz de se propagar no vácuo com a velocidade da luz, igual a 3 ? 108 m/s. A luz que enxergamos é um exemplo de onda eletromagnética, S C IE N TI FI C A /V IS U A LS U N LI M IT E D /C O R B IS /L A TI N S TO C K 12 Calor assim como também o são as ondas de rádio, as micro-ondas, a radiação infravermelha, a radiação ultravioleta, os raios X e os raios gama. O que diferencia esses vários tipos de onda eletromagnética é sua frequência de vibração (fig. 7). A frequência de uma onda eletromagnética se relaciona com a frequência por: V 5 λƒ em que v é a velocidade de luz (3 ? 108 m/s), λ é o comprimento de onda e ƒ é a frequência. No caso da luz, as várias cores correspondem a frequências diferentes. A luz visível situa-se no es- pectro eletromagnético na faixa que se estende da luz violeta (comprimento de onda de 400 nm) até a luz vermelha (comprimento de onda de 700 nm). O tipo predominante da radiação que transporta o calor pode variar, dependendo da temperatura do corpo aquecido (fig. 6). Um corpo numa tempera- tura próxima do zero kelvin emite radiação térmica predominantemente na região das micro-ondas. Na temperatura ambiente, cerca de 300 K, a emissão se situa praticamente no infraver- melho. Um corpo a 1 000 K irradia a maior parte da energia no infravermelho, mas já consegue emitir radiação visível, com uma tonalidade de luz avermelhada. O Sol, a 5 800 K, emite luz branca (45% da energia irradiada), além de irradiar no infravermelho (45%) e no ultravioleta (10%). A temperaturas muito altas os corpos, como as estrelas, têm luminosidade própria, logo, podemos dizer que os corpos com luminosidade própria são muito quentes. A distribuição de energia emitida pela superfície de uma estrela é similar à distribuição de energia de um corpo negro, que é um corpo opaco que emite radiação térmica. Um corpo negro perfeito pode ser definido como um corpo quente, cujas superfícies absorvem toda a radiação térmica que sobre ele incide, não podendo refleti-la. À temperatura ambiente, um corpo negro irá aparecer negro, o que lhe atribui o nome corpo negro, mas quando aquecido à alta temperatura, um corpo negro irá emitir luz intensamente. Esse fenômeno ocorre, por exemplo, em um pedaço de metal aquecido a altas temperaturas. Assim, o corpo negro, além de absorvedor ideal, é um emissor ideal. Independentemente da sua composição, os corpos negros à mesma temperatura T emitem radiação térmica com mesmo espectro. Chamamos de espectro um gráfico em que na abscissa (eixo x) está o comprimento de onda ou a frequência da radiação eletromagnética e no eixo das ordenadas (eixo y) temos a intensidade ou a potência por unidade de área (fig. 8), e a partir dele podemos estudar as radiações emitidas. Na figura 8, temos um espectro contínuo emitido por corpos aquecidos desde 3 000 K até 6 000 K. Observe que quando a temperatura do corpo é baixa (3 000 K) a radiação emitida está na fai- xa do infravermelho. À medida que a temperatura do corpo aumenta, a radiação emitida vai do ver- melho para o laranja até chegar ao violeta, faixa esta que corresponde à radiação visível que os olhos humanos conseguem perceber. Podemos observar no gráfico que quanto maior a temperatura do corpo, mais radiação ultravioleta é emitida. Para cada curva de tem- peratura, a maior quantidade de energia emitida pelo corpo ocorre no ponto de comprimento de onda máximo (λ máx ). Se considerarmos o Sol (6 000 K), o pico de máximo ocorre na faixa da luz visível entre as cores amarelo e verde. Mas, devido ao Sol emitir frequências em todo espectro visível, sua cor é branco-amarelada. Observe que o espectro se desloca para maiores frequências à medida que a temperatura (T) aumenta, o que é conhecido como lei do deslocamento de Wien. λ máx ? T 5 2,898 ? 1023 m ? K Fig. 8 – Espectro de emissão por um corpo negro aquecido a diferentes temperaturas. Comprimento de onda (? 1026 m) λmáx λmáx T 5 6 000 K 5 000 K U ltr av io le ta Po tê n ci a p o r u n id ad e d e ár ea V is ív el In fr av er m el ho 4 000 K 3 000 K 0 1,0 2,0 13 FÍ S IC A F R EN TE A Calor A lei de Stefan-Boltzmann A potência irradiada (eixo y da figura 8) varia com a temperatura e pode ser determinada pela lei de Stefan-Boltzmann, que iremos apresentar a seguir. Consideremos um corpo cuja superfície externa tenha uma área A, emitindo através dela uma radiação total de potência P (energia irradiada por unidade de tempo, por toda a superfície). Deno- mina-se radiância ou poder emissivo, R, do corpo a relação: R A P 5 A unidade de medida dessa grandeza no SI é 1 W/m2. Vemos que o valor de R, no SI, representa a quantidade de energia, em joules, emitida por segundo em cada metro quadrado da superfície do corpo. Na segunda metade do século passado, os cientistas austríacos J. Stefan e L. Boltzmann chega- ram (o primeiro experimentalmente, e o segundo teoricamente) a um resultado, referente aos corpos negros, denominado lei de Stefan-Boltzmann. O enunciado da lei de Stefan-Boltzmann é o seguinte: A radiância, R N , de um corpo negro é proporcional à quarta potência de sua temperatura Kelvin T, isto é: R N T4 ou R N 5 σT4 A constante de proporcionalidade s (letra grega sigma minúsculo) é denominada constante de Stefan-Boltzmann, e seu valor no SI é: 5,67 10 W m K 8 2 4s 5 ? 2 Qualquer emissor não ideal, isto é, um corpo real qualquer, terá, a uma dada temperatura, uma radiância (R), menor do que a do corpo negro, ou seja, R , R N . Define-se emissividade (e) de um corpo qualquer da seguinte maneira: e R R R eR ou R e T N N 4 ∴5 5 5 s Com essa equação, podemos calcular a radiância de um corpo qualquer quando conhecemos sua temperatura e emissividade. Para um corpo negro, temos e 5 1 e, para um refletor ideal, ou seja, um corpo que não emite radiação alguma, temos e 5 0. Outros corpos terão emissividade compreendida entre esses limites. Por exemplo: para o aço polido, temos e 5 0,07; para o cobre polido, e 5 0,3; para uma pintura metálica preta, e 5 0,97, etc. Observação:A equação R e T45 s nos mostra que a quantidade de radiação emitida por um corpo aumenta muito rapidamente à medida que sua temperatura se eleva. Verifica-se, além disso, que o tipo da radiação também se altera, dependendo da temperatura do corpo emissor. Em temperaturas mais baixas, até nas proximidades de 1 000 K, praticamente todas as radiações emitidas são invisíveis. A partir dos 1 000 K, o corpo começa a emitir no visível; quando sua tempe- ratura atinge cerca de 2 000 K, 1% da radiação térmica já é visível e a tonalidade do emissor torna-se avermelhada; nas proximidades de 3 000 K (temperatura do filamento de uma lâmpada incandes- cente), cerca de 10% da radiação térmica emitida é visível e o corpo adquire tonalidade amarelada; a 5 800 K (temperatura da superfície do Sol), o corpo emite luz (cerca de 45% da emissão total) com tonalidade do branco intenso; um corpo a 10 000 K (temperatura de algumas estrelas muito quentes) passa a emitir mais na região do ultravioleta (cerca de 44%) – emite cerca de 16% de infravermelho e 40% no visível, aparentando uma cor azulada. Para temperaturas superiores, a aparência do corpo é azulada, com um brilho cada vez mais intenso. 14 Calor Convém ressaltar que nem toda radiação eletromagnética é de natureza térmica. A lâmpada fluorescente, ao contrário da lâmpada incandescente, não é uma fonte de radiação térmica. Outros exemplos comuns de fontes não térmicas de radiação eletromagnética são os LEDs, os lasers, o con- trole remoto de infravermelho, o forno de micro-ondas, o radar, os telefones celulares e as estações de televisão e rádio. Nenhum desses exemplos segue as leis que estudamos para a radiação térmica, como a lei de Stefan-Boltzmann ou a dependência do tipo de radiação emitida com a temperatura da fonte. 2 a) Um objeto a uma temperatura T1 está envolvido por um ambiente à temperatura T2. O objeto emite radiações para o ambiente e absorve radiações emitidas por ele. Sendo e a emissividade e A a área do objeto, determine a potência térmica líquida (diferença entre o fluxo emitido e o fluxo absorvido) irradiada por ele. b) Uma pessoa sem roupa está em pé em uma sala cujas pa- redes estão à temperatura de 15 °C. Sabe-se que a área da superfície do corpo da pessoa é A 5 1,5 m2 e que a temperatura de sua pele é de 34 °C (a pele se apresenta sempre em temperatura um pouco inferior à do interior do corpo). Considerando a emissividade da pele e 5 0,70, determine a potência líquida irradiada pela pessoa. RESOLUÇÃO: a) Da expressão R A P 5 , vem: R A e AT 4P PR AP PR AP P5 ?P PR AP PR A5 ?R AP PR A 5 se A5 se A Então, o objeto emite uma potência: e AT1 1e A1 1e AT1 1T 4P 5 se A5 se A1 15 s1 1e A1 1e A5 se A1 1e A A capacidade de absorção de um corpo é igual à sua ca- pacidade de emissão. Isso significa que o coeficiente e que caracteriza a emissividade de determinado corpo é o mesmo coeficiente e que caracteriza sua absorvidade. Portanto, a potência absorvida pelo objeto será dada por: e AT2 2e A2 2e AT2 2T 4P 5 se A5 se A2 25 s2 2e A2 2e A5 se A2 2e A Logo, a potência líquida irradiada pelo objeto é: P 5 P1 2 P2 ou e AP ( )T T( )T T1( )1T T1T T( )T T1T T4( )4T T4T T( )T T4T T2( )2T T2T T( )T T2T T 4( )45 se A5 se A T T( )T T2T T( )T T b) Temos: T1 5 273 1 34 5 307 K e T2 5 273 1 15 5 288 K Então, usando o resultado obtido no item a, vem: P 5 0,70 ? 5,67 ? 1028 ? 1,5 (3074 2 2884) ∴ P 5 120 W De modo geral, uma pessoa em repouso produz calor, pelo metabolismo interno, com uma potência inferior a 120 W. Assim, nas condições deste exemplo, a temperatura da pes- soa, em virtude da irradiação e de outras perdas de calor, tenderá a cair, causando-lhe um considerável desconforto. Seu organismo reage a esse desconforto e começa a tremer, o que ocasiona aumento da taxa metabólica para compen- sar a perda e manter estável a temperatura de seu corpo. Evidentemente, o uso de roupas ou agasalhos, diminuindo as perdas de calor, pode evitar o desconforto mencionado. EXERCÍCIO RESOLVIDO Quando certa quantidade de energia radiante incide em um corpo, parte dela é absorvida pelo corpo, outra parte é transmitida através dele e a parte restante é refletida. Na figura 9, essas partes estão representadas pelas faixas a, t e r. t r a Fig. 9 – Quando um corpo recebe energia radiante, esta pode ser refletida, absorvida ou transmitida por ele. 15 FÍ S IC A F R EN TE A Calor De modo geral, o calor que uma pessoa recebe quando está próxima de um corpo aquecido chega até ela pelos três processos: condução, convecção e radiação. Quanto maior for a temperatura do corpo aquecido, maior será a quantidade de calor transmitida por radiação, como acontece quando você se encontra próximo a um forno. Conhecer os processos de transferência de calor é muito importante para o ser hu- mano. Uma casa, por exemplo, pode ser aquecida pela luz do sol quando os raios solares atingem a parede da residência. Como a transmissão de calor acontece no sentido da temperatura mais elevada para a menos elevada, quando a luz do sol atinge a parede a transmissão de calor acontece por radiação, condução e convecção (fig. 10). Mas, se o exterior da residência for muito úmido, é possível isolar o interior do exterior através da construção de paredes duplas, ou seja, paredes constituídas por dois planos de alvenaria e um espaço com ar entre elas. Chamamos esse procedimento de isolamento térmico e essa técnica é largamente empregada na construção civil. Existem materiais especiais, como o aerogel, que podem ser utilizados no isolamento das casas e construções. Fig. 10 – Transferência de calor através de uma parede.O aerogel é um novo material extremamente leve porque sua estrutura interna é constituí- da de um grande número de cavidades muito pequenas. Um pedaço de aerogel pode ter uma área interna da ordem de grandeza de um campo de futebol. Sua densidade é apenas cerca de 4 vezes a densidade do ar, e por esse motivo é chamado de “fumaça congelada”. Além da leveza, outra propriedade notável do aerogel é aliar baixa condutividade térmica com uma boa capacidade de resistir a altas temperaturas. O aerogel pode vir a melhorar significativamente o isolamento térmico, como no caso de refrigeradores, fornos e residências em países de clima frio, contribuindo para a economia de energia. AEROGEL Foto de uma pessoa com sua mão encostada em uma amostra de aerogel mantida sobre a chama de um bico de Bunsen. A cena ilustra as propriedades que tornam esse material atrativo para diversas aplicações. Ambiente condicionado 24 °C Parede Transmissão por condução Transmissão por radiação Transmissão por convecção Exterior 34 °C S P L/ LA TI N S TO C K 16 Calor PARA CONSTRUIR 6 (UEL-PR) O cooler, encontrado em computadores e em apa- relhos eletroeletrônicos, é responsável pelo resfriamento do microprocessador e de outros componentes. Ele contém um ventilador que faz circular ar entre placas difusoras de calor. No caso de computadores, as placas difusoras ficam em con- tato direto com o processador, conforme a figura a seguir. Vista lateral do cooler e do processador. Ventilador Placas difusoras Cooler Processador Sobre o processo de resfriamento desse processador, assinale a alternativa correta. c a) O calor é transmitido das placas difusoras para o processa- dor e para o ar através do fenômeno de radiação. b) O calor é transmitido do ar para as placas difusoras e das placas para o processador através do fenômeno de con- vecção. c) O calor é transmitido do processador para as placas difu- soras através do fenômeno de condução. d) O frio é transmitido do processador para as placas di- fusoras e das placas para o ar através do fenômeno de radiação. e) O frio é transmitido das placas difusoras para o ar através do fenômeno de radiação. 7 a) Uma pessoa afirma que seu agasalho é de boa qualidade “porque impede que o frio passe através dele”. Essa afirma- tiva é correta? Explique.Não, pois não existe essa grandeza que as pessoas leigas denominam frio. Como vimos, a sensação de frio é causada por uma perda de calor sofrida por nosso corpo. Assim, o agasalho impede que o calor seja transmitido do corpo da pessoa para o exterior. b) Um menino descalço, em uma sala ladrilhada, coloca seu pé esquerdo diretamente sobre o ladrilho e seu pé direito sobre um tapete aí existente. O tapete e o ladrilho estão a uma mesma temperatura. Em qual dos dois pés o menino terá maior sensação de frio? Explique. Como o ladrilho é melhor condutor de calor do que o tapete, o pé esquerdo do menino perderá calor mais rapidamente do que seu pé direito. Consequentemente, o menino terá maior sensação de frio em seu pé esquerdo (em contato com o ladrilho). 8 (UFMT) A coluna da esquerda apresenta processos de termo- transferência e a da direita, fatos do cotidiano relacionados a esses processos. Numere a coluna da direita de acordo com a da esquerda. 1. Condução 2. Convecção 3. Radiação ( ) O movimento do ar no interior das geladeiras. ( ) O cozinheiro queimou-se com a colher aquecida. ( ) Energia que recebemos do Sol. ( ) Ar-condicionado deve ser instalado próximo ao teto. Assinale a sequência correta. c a) 2, 1, 3, 1 b) 1, 2, 3, 3 c) 2, 1, 3, 2 d) 3, 1, 1, 2 e) 1, 3, 2, 2 9 a) Suponha que, na equação KA T T L 2 1 5 2 , a quantidade de calor seja medida em kcal (1 kcal 5 103 cal), o tempo em segundos, L em metros, A em m2 e as temperaturas em °C. Qual seria, nesse caso, a unidade da condutividade térmica K? O valor de K é dado por: K L A T T2 1( ) 5 2 Então, a unidade de K, usando as unidades mencionadas, será: 5 ? ? 5 ? ? ? ? ?2 2 2K 1 kcal s m m °C 1 kcal s m °C ou 1 kcal s m °C2 1 1 1 b) Consulte a tabela 1 e verifique se a unidade ali usada para K coincide com sua resposta do item anterior. Esta é exatamente a unidade de K usada na tabela 1. Ene m C-6 H-21 Ene m C-1 H-3 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-18 Ene m C-6 H-21 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-21 6. Como o processador e as placas difusores estão em contato, a transmissão do calor acontece por condução. 17 FÍ S IC A F R EN TE A Calor TAREFA PARA CASA: Para praticar: 4 a 7 Para aprimorar: 3 a 9 10 (Fuvest-SP) Um contêiner com equipamentos científicos é mantido em uma estação de pesquisa na Antártida. Ele é fei- to com material de boa isolação térmica e é possível, com um pequeno aquecedor elétrico, manter sua temperatura interna constante, Ti 5 20 °C, quando a temperatura externa é Te 5 240 °C. As paredes, o piso e o teto do contêiner têm a mesma espessura, L 5 26 cm, e são de um mesmo material, de condutividade térmica K 5 0,05 J/(s ? m ? °C). Suas dimen- sões são 2 3 3 3 4 m. Para essas condições, determine: a) a área A da superfície interna total do contêiner; A área é: A 5 2 ? (2 ? 3 1 3 ? 4 1 2 ? 4) A 5 52 m2 b) a potência P do aquecedor, considerando ser ele a única fonte de calor; A potência corresponde ao fluxo de calor que é dissipado para o meio, logo, 5 5 2 5 ? ? ? 2 2 ? 5 ? 5 2 2 [ ] Φ kA T T L 5 10 52 20 ( 40) 26 10 6 10 W 0,6 kW 2 1 2 2 2 P P P P c) a energia ε, em kWh, consumida pelo aquecedor em um dia. A energia consumida é: t 0,6 24 14,4 kWh Pε ε ε 5 5 ? 5 11 (UPE) Sobre os processos de transmissão do calor, analise as proposições a seguir dizendo se são verdadeiras ou falsas. 0. O calor sempre se propaga de um corpo com maior tem- peratura para um corpo de menor temperatura. 1. Na transmissão de calor por condução, a energia térmica se propaga de partícula para partícula, sem que elas se- jam transladadas. 2. Na convecção, o calor se propaga por meio do movimen- to de fluidos de densidades diferentes. 3. A irradiação térmica exige um meio material, para que ocorra a propagação de calor. 4. O poder emissivo do corpo negro é proporcional à quarta potência de sua temperatura absoluta. V – V – V – F – V 0. Afirmativa verdadeira, pois os corpos estão buscando o equilíbrio térmico. 1. Afirmativa verdadeira, pois a transmissão é feita pela agitação dos átomos, transferida sucessivamente de um para outro, sem que esses átomos sofram translação ao longo do corpo. 2. Afirmativa verdadeira, pois esta é a definição das correntes de convecção. 3. Afirmativa falsa, pois não há necessidade de um meio para a propagação das ondas eletromagnéticas. Lembre-se do calor do Sol que atinge a Terra, propagando-se pelo vácuo. 4. Afirmativa verdadeira, pois esta é a lei de Stefan-Boltzmann, ou seja, R 5 σT4, em que R é a potência irradiada por área (poder emissivo do corpo negro) e σ 5 5,67 ? 1028 W/m2K4, que é a constante de Stefan-Boltzmann. Ene m C-5 H-21 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-18 Ene m C-6 H-21 CAPACIDADE TÉRMICA E CALOR ESPECÍFICO Capacidade térmica Suponha que uma quantidade de calor igual a 100 cal fosse fornecida a um corpo A e que sua temperatura se elevasse de 20 °C. Entretanto, fornecendo-se a mesma quantidade de calor (100 cal) a um corpo B, poderemos observar uma elevação de temperatura diferente, por exemplo, de 10 °C. Portanto, fornecendo a mesma quantidade de calor a corpos diferentes, eles, em geral, apresentam variações diferentes em suas temperaturas. Para caracterizar esse comportamento dos corpos, define-se uma grandeza, denominada ca- pacidade térmica, do seguinte modo: Se um corpo recebe uma quantidade de calor ΔQ e sua temperatura varia de ΔT, a capa- cidade térmica desse corpo é dada por: ∆ ∆ C Q T 5 18 Calor Assim, calculando as capacidades térmicas dos corpos A e B do exemplo anterior, teremos: 5 5 5 5 5 5 C Q T 100 cal 20 °C C 5,0 cal/°C C Q T 100 cal 10 °C C 10 cal/°C A A A A B B B B ∆ ∆ ∆ ∆ Esses resultados indicam que devemos fornecer ao corpo A 5,0 cal para cada 1 °C de elevação em sua temperatura, enquanto, para o corpo B, são necessárias 10 cal para provocar esse mesmo efei- to. Logo, quanto maior for a capacidade térmica de um corpo, maior será a quantidade de calor que devemos fornecer a ele para provocar determinada elevação em sua temperatura e, do mesmo modo, maior será a quantidade de calor que ele cede quando sua temperatura sofre determinada redução. Sendo a capacidade térmica de um corpo dada pela relação ∆ ∆ C Q T 5 , uma unidade para a medida dessa grandeza é 1 cal/°C, que já usamos nesta seção. Como sabemos que o calor é uma forma de energia e pode, portanto, ser expresso em joules, podemos usar, também, como unidade de capacidade térmica 1 J/°C. Calor específico De modo geral, o valor da capacidade térmica varia de um corpo para outro. Mesmo que sejam feitos de um mesmo material, dois corpos podem ter capacidades térmicas diferentes, desde que suas massas sejam diferentes. Assim, se tomarmos blocos feitos de um mesmo material, de massas m 1 , m 2 , m 3 , etc., suas capaci- dades térmicas C 1 , C 2 , C 3 , etc. serão diferentes. Entretanto, verificou-se que, dividindo-se a capacidade térmica de cada bloco pela sua massa, obtém-se o mesmo resultado para todos os blocos, isto é: 5 5 5 C m C m C m (para o mesmo material)1 1 2 2 3 3 ⊃ Então, o quociente C m é constante para dado material, variando, porém, de um material para outro. Esse quociente é denominado calor específico (c) do material. Logo: Se um corpo de massa m tem uma capacidade térmica C, o calor específico (c) do material que constitui o corpo é dado por: c C m 5 Por exemplo, tomando-se um bloco de chumbo cuja massa é m 5 170 g, verificamos que sua capacidade térmica é C 5 5,0 cal/°C. Consequentemente, o calor específico do chumbo vale: ∴c C m 5,0 cal/°C 170 g c 0,030 cal g °C 5 5 5 ? Observe a unidade para a medida do calor específico: cal/g°C. É claro que poderíamos também expressá-lo em joules/kg°C. O resultado obtido acima indica que, para elevarmos de 1 °C a tempe- ratura de 1 g de chumbo, devemos fornecer-lhe 0,030 cal de calor. Cálculo do calor absorvido por um corpo A capacidade térmicade um corpo foi definida como C Q T 5 . Então, a quantidade de calor, ΔQ, que um corpo absorve (ou libera) quando sua temperatura varia de ΔT é dada por: ΔQ 5 C ? ΔT Podemos, ainda, expressar ΔQ em função do calor específico c e da massa m do corpo, lem- brando que c C m 5 , ou seja, C 5 m ? c. Assim, teremos, para ΔQ: ΔQ 5 mcΔT 19 FÍ S IC A F R EN TE A Calor Chegamos, portanto, ao seguinte resultado: A quantidade de calor, ΔQ, absorvida ou liberada por um corpo de massa m e calor espe- cífico c, quando sua temperatura varia de ΔT, pode ser calculada pela relação: ΔQ 5 mcΔT Se colocarmos uma panela com água para aquecer em um fogão, a água aquecerá mais rápida se a chama do fogão estiver alta, ou seja, quando o fogão estiver com maior potência térmica. Podemos, então, escrever uma relação entre quantidade de calor e potência, ou seja: t P ε∆ ∆ 5 ou ∆ ∆ 5P Q t Em palavras, potência é a quantidade transmitida de energia (calor) por unidade de tempo (Δt). No Sistema Internacional, potência é dada por Watt (W) ou joule por segundo (J/s), mas também pode ser escrita como cal/s, cal/min, kcal/min, J/min, entre outros. 1o) Sendo o calor específico característico de cada material, seus valores, para cada substância, são determinados cuidadosamente nos laboratórios e apresentados em tabelas, como na tabela 2. 2o) Vimos que 1 cal é a quantidade de calor que deve ser fornecida a 1 g de água para que sua temperatura se eleve de 1 °C. Podemos concluir que o calor específico da água é: c 1 cal g C° 5 ? O calor específico da água é bem maior do que os calores específicos de quase todas as de- mais substâncias (veja a tabela 2). Isso significa que, cedendo-se a mesma quantidade de calor a massas iguais de água e de outra substância, observa-se que a massa de água se aquece muito menos (veja figura a seguir). 3o) Verifica-se que o calor específico de um material pode apresentar variações em determinadas circunstâncias. Assim, quando uma substância passa do estado sólido para o estado líquido (ou para o gasoso), seu calor específico é alterado. Por exemplo, na tabela 2, vemos que o calor específico da água (estado líquido) é 1,0 cal/g°C, enquanto o do gelo é 0,55 cal/g°C e o do vapor d’água é 0,50 cal/g°C. Tabela 2 – Calores específicos Substância J/kg ? K cal/g ? °C Água 4 186 1,00 Gelo 2,3 ? 103 0,55 Vapor d’água 2,1 ? 103 0,50 Alumínio 897 0,21 Vidro 0,84 ? 103 0,20 Ferro 449 0,11 Latão 0,39 ? 103 0,094 Cobre 385 0,093 Prata 235 0,056 Mercúrio 140 0,033 Chumbo 129 0,031 COMENTÁRIOS Água Chamas iguais Ferro Massas iguais A V IT S E S TÚ D IO G R Á FI C O / A R Q U IV O D A E D IT O R A Quando dois corpos de massas iguais recebem iguais quantidades de calor, o de menor calor específico sofrerá maior elevação de temperatura. Acesse o Material Comple- mentar disponível no Portal e aprofunde-se no assunto. Desafio 20 Calor PARA CONSTRUIR 3 Um bloco de alumínio, cuja massa é m 5 200 g, absorve calor e sua temperatura se eleva de 20 °C para 140 °C. Qual a quantidade de calor absorvida pelo bloco? RESOLUÇÃO: Como já sabemos, essa quantidade de calor pode ser calculada por ΔQ 5 mcΔT. Consultando a tabela 2, encontramos o valor do calor específico do alumínio: c 5 0,21 cal/g ? °C. A variação de temperatura do bloco foi ΔT 5 140 °C 2 20 °C 5 120 °C. Assim: ΔQ 5 mcΔT 5 200 ? 0,21 ? 120 ∴ ΔQ 5 5,04 ? 103 cal Observe que o valor de ΔQ foi expresso em calorias porque tomamos m em gramas, c em cal/g ? °C e Δt em °C. Então: ? ? 5g cal g °?g °? C °C? 5°C? 5 lca Se a temperatura do bloco retornasse de 140 °C para 20 °C, ele liberaria 5,04 ? 103 cal de calor, isto é, a mesma quantidade de calor que absorveu ao ser aquecido. EXERCÍCIO RESOLVIDO 12 O gráfico representa, aproximadamente, como varia a tem- peratura ambiente no período de um dia, em determinada época do ano, no deserto do Saara. Nessa região a maior parte da superfície do solo é coberta por areia e a umidade relativa do ar é baixíssima. 16 18 20 22 2414121086 42 0 60 50 40 30 20 10 210 220 t (h) u (°C) A grande amplitude térmica diária observada no gráfico pode, dentre outros fatores, ser explicada pelo fato de que: b a) a água líquida apresenta calor específico menor do que o da areia sólida e, assim, devido à maior presença de areia do que de água na região, a retenção de calor no ambien- te torna-se difícil, causando a drástica queda de tempera- tura na madrugada. b) o calor específico da areia é baixo e, por isso, ela esquen- ta rapidamente quando ganha calor e esfria rapidamente quando perde. A baixa umidade do ar não retém o calor perdido pela areia quando ela esfria, explicando a queda de temperatura na madrugada. c) a falta de água e, consequentemente, de nuvens no am- biente do Saara intensifica o efeito estufa, o que contribui para uma maior retenção de energia térmica na região. d) o calor se propaga facilmente na região por condução, uma vez que o ar seco é um excelente condutor de ca- lor. Dessa forma, a energia retida pela areia durante o dia se dissipa pelo ambiente à noite, causando a queda de temperatura. e) a grande massa de areia existente na região do Saara apre- senta grande mobilidade, causando a dissipação do calor absorvido durante o dia e a drástica queda de temperatu- ra à noite. 13 (Uerj) Uma pessoa, com temperatura corporal igual a 36,7 °C, bebe 0,5 litro de água a 15 °C. Admitindo que a temperatura do corpo não se altere até que o sistema atinja o equilíbrio térmico, determine a quantidade de calor, em calorias, que a água ingerida absorve do corpo dessa pessoa. Dados: utilize calor específico da água 5 1,0 cal/g°C e massa específica da água 5 1 g/cm3. A quantidade de calor é dada por: ΔQ 5 mcΔT Para encontrar a massa (em gramas), utilizamos a massa específica da água, 1 g/cm³, que foi dada. 5 5 ? 5 ? 5 m V m V m 1 g cm 500 cm m 500 g 3 3 ρ ρ em que ρ é a densidade e V, o volume (em cm3). Logo, ΔQ 5 mcΔT ΔQ 5 500 ? 1 ? (36,7 2 15) ΔQ 5 10 850 cal Ene m C-6 H-21 Ene m C-6 H-24 Ene m C-5 H-21 Ene m C-6 H-21 A água tem maior calor específico do que a areia, logo, quase não existirá vapor d’água no ar. 21 FÍ S IC A F R EN TE A Calor TAREFA PARA CASA: Para praticar: 8 a 11 Para aprimorar: 10 a 16 14 Suponha que dois blocos, A e B, ambos de zinco, tenham massas mA e mB, tais que mA . mB. a) O calor específico de A é maior, menor ou igual ao de B? Como os dois blocos são feitos do mesmo material, o calor específico de A é igual ao de B. b) A capacidade térmica de A é maior, menor ou igual à de B? De 5c C m temos C 5 c ? m. Como o valor de c é o mesmo para os dois blocos e mA . mB, concluímos que CA . CB. c) Se A e B sofrerem o mesmo abaixamento de temperatura, qual deles liberará maior quantidade de calor? De ∆ ∆ 5C Q T obtemos ΔQ 5 C ? ΔT. Como o valor de ΔT é o mesmo para os dois blocos, vemos que vai absorver ou liberar maior quantidade de calor aquele que tiver maior capacidade térmica (o bloco A). 15 (Uesc-BA) Considere uma barra de liga metálica, com densidade linear de 2,4 ? 1023 g/mm, submetida a uma variação de tempe- ratura, dilatando-se 3,0 mm. Sabendo-se que o coeficiente de dilatação linear e o calor específico da liga são, respectivamen- te, iguais a 2,0 ? 1025 C21 e a 0,2 cal/g°C, a quantidade de calor absorvida pela barra nessa dilatação é igual, em cal, a: e a) 245,0. b) 132,0. c) 120,0. d) 80,0. e) 72,0. A densidade linear (λ) é dada por: m L0 λ 5 em que m é a massa e L0 é o comprimento da barra. Relacionando a fórmula do coeficiente de dilatação linear e a de capacidade térmica, temos: 5 5 5 5 ? 5 5 5 ? ? ? ? 5 Q mc T L L T Q L mc T L T Q L m L c Q L c Q c L Q 2,4 10 0,2 2,0 10 3 Q 72 cal 0 0 0 3 5 2 2 }α α α λ α λ α ∴ 16 Um bloco de cobre, de massa m 5 200 g, é aquecido de 30 °C até 80 °C. a) Qual a quantidade de calor que foi cedida ao bloco? Essa quantidade de calor é dadapor ΔQ 5 mcΔT, em que m 5 200 g, c 5 0,093 cal/g? °C (obtido da tabela 2) e ΔT 5 80 °C 2 30 °C 5 50 °C. Então: ΔQ 5 mcΔT 5 200 ? 0,093 ? 50 [ ΔQ 5 930 cal. Deve-se notar que, sendo o valor de c expresso em cal/g? °C, de- vemos expressar m em gramas e ΔT em °C para obter ΔQ em cal. b) Se fornecermos a esse bloco 186 cal de calor, de quanto se elevará sua temperatura? De ΔQ 5 mcΔT obtemos: ∆ ∆ ∆5 5 ? 5T Q mc 186 200 0,093 T 10 °C 17 (EEWB-MG) Um forno de micro-ondas produz ondas eletro- magnéticas que aquecem os alimentos colocados no seu in- terior ao provocar a agitação e o atrito entre suas moléculas. Se colocarmos no interior do forno um copo com 250 g de água a 15 °C, quanto tempo será necessário para aquecê-lo a 80 °C? Suponha que as micro-ondas produzam 13 000 cal/min na água e despreze a capacidade térmica do copo. Dado: calor específico sensível da água: 1,0 cal/g°C. d a) 1,25 s b) 25,0 s c) 50,0 s d) 75,0 s O calor recebido pela água vindo do forno fornece potência: 5 5 ? ? Q t t m c T P P ∆ ∆ ∆ ∆ ( )∆ ∆ ∆ 5 ? ? 2 5 5 t 250 1 80 15 13000 t 1,25 min t 75 s Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-21 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-21 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-21 22 Calor TRABALHO EM UMA VARIAÇÃO DE VOLUME O que é um sistema A palavra sistema é usada, na Física, para designar um corpo (ou um conjunto de corpos) sobre o qual fixamos nossa atenção a fim de estudá-lo. Tudo aquilo que não pertencer ao sistema, isto é, o resto do universo, denomina-se vizinhança do sistema. Um sistema pode trocar energia com a sua vizinhança sob a forma de calor ou pela realização de trabalho. Realmente, se há uma diferença de temperatura entre o sistema e a vizinhança, certa quantidade, Q, de calor poderá ser transferida de um para o outro (fig. 11). T1 , T2 T1 T1 . T2 Q Sistema T2 IL U S TR A Ç Õ E S : A V IT S E S TÚ D IO G R Á FI C O /A R Q U IV O D A E D IT O R A Sistema Vizinhança Vizinhança T1 T2 Q Além disso, o sistema pode se expandir, vencendo uma pressão externa e, portanto, realizando trabalho sobre a vizinhança (fig. 12-A) ou, ainda, o sistema pode ter o seu volume reduzido, com a realização de um trabalho da vizinhança sobre ele (fig. 12-B). Nas seções anteriores, já analisamos as trocas de calor entre um sistema e sua vizinhança. Nesta seção, será analisado o trabalho realizado nas variações de volume do sistema e, na seção seguinte, estudaremos a primeira lei da Termodinâmica, que estabelece uma relação entre essas energias que um sistema pode trocar com a sua vizinhança. Trabalho realizado em uma expansão Para simplificar nosso estudo, consideraremos como sistema um gás ideal, encerrado em um cilindro provido de um êmbolo (pistão) que pode se deslocar livremente. Suponha que o gás se encontre em um estado inicial i, ocupando um volume V i (fig. 13). Em virtude da pressão do gás, ele exerce uma força F &sobre o pistão que, estando livre, desloca-se de uma distância ΔS. Assim, o gás se expandiu até o estado final f, em que o seu volume é Vf , e realizou um trabalho τ. Se a pressão, p, do gás permanecer constante (transformação isobárica), o valor da força F &também será constante durante a expansão e o trabalho, τ, realizado pelo gás, pode ser facilmente calculado. De fato, para esse caso (força constante e no mesmo sentido do deslocamento), temos: τ 5 F ? ΔS Mas F 5 pA, em que A é a área do pistão (fig. 13). Então: τ 5 p ? A ? ΔS ΔS fi F A & A V IT S E S TÚ D IO G R Á FI C O /A R Q U IV O D A E D IT O R A Observe, porém, que A ? ΔS é o volume “varrido” pelo pistão durante a expansão, que é igual à variação do volume do gás, isto é, A ? ΔS 5 V f 2 V i . Logo, τ 5 p(Vf 2 Vi) Portanto, essa expressão nos permite calcular o trabalho que um gás realiza, ao sofrer uma variação de volume, sob pressão constante. Fig. 11 – Um sistema pode trocar energia com a vizinhança sob a forma de calor. Fig. 12 – Um sistema pode trocar energia com a vizinhança por meio da realização de trabalho. Fig. 13 – Quando um gás se expande isobaricamente, o trabalho que realiza é dado por τ 5 p(Vf 2 Vi). SistemaSistema τ τ A B Acesse o Material Comple- mentar disponível no Portal e aprofunde-se no assunto. Desafio 23 FÍ S IC A F R EN TE A Calor Trabalho positivo e trabalho negativo A expressão τ 5 p(Vf 2 Vi) pode ser usada, também, para calcular o trabalho realizado quando o gás é comprimido isobaricamente. Na expansão, como V f . V i , a diferença V f 2 V i é positiva e o trabalho realizado é positivo. Nesse caso, dizemos que o trabalho foi realizado pelo sistema. Quando ocorre uma compressão do gás, o volume final é menor do que o inicial e V f 2 V i será negativo, acarretando um trabalho também negativo. Nessas condições, dizemos que o trabalho foi realizado sobre o sistema. Assim, no exercício que acabamos de resolver, o gás realizou um trabalho positivo, de 60,6 J, ao se expandir. Se ele fosse comprimido, sob a mesma pressão, voltando ao volume inicial, diríamos que o trabalho realizado foi de 260,6 J, ou que foi realizado, sobre o gás, um trabalho de 60,6 J. De maneira geral, sempre que um sistema aumenta de volume (trabalho positivo) dizemos que ele realiza trabalho e, quando seu volume é reduzido (trabalho negativo), dizemos que um trabalho foi realizado sobre ele. Se o volume do sistema for mantido constante (transformação isovolumé- trica), o sistema não realiza trabalho, nem trabalho é realizado sobre ele, isto é, τ 5 0. De fato, se o volume permanece constante, não há deslocamento e, como sabemos, nessas condições não há realização de trabalho. 4 Suponha que, na figura 13, o gás se expandiu, exercendo uma pressão constante p 5 2,0 atm, desde o volume Vi 5 200 cm3 até o volume Vf 5 500 cm 3. Qual o trabalho realizado pelo gás nessa expansão? RESOLUÇÃO: Como se trata de uma expansão isobárica, esse trabalho é dado por: τ 5 p(Vf 2 Vi) Para obtermos o valor de τ em joules, isto é, no Sistema Internacional, devemos expressar p em N/m2 e os volumes em m3. Consi- derando 1 atm 5 1,01 ? 105 N/m 2, então: p 5 2,0 atm 5 2,02 ? 105 N/m 2 Sendo 1 cm3 5 10 26 m3, obtemos: Vi 5 200 cm 3 5 2,00 ? 1024 m 3 e Vf 5 500 cm 3 5 5,00 ? 1024 m 3 Logo: τ 5 p(Vf 2 Vi) 5 2,02 ? 105(5,00 ? 1024 2 2,00 ? 1024) τ 5 60,6 J EXERCÍCIO RESOLVIDO 18 Suponha, na figura 13, que o gás se expandiu sob pressão constante p 5 3,0 ? 105 N/m2. Considerando a área do pistão A 5 5,0 ? 1022 m2 e que ele tenha se deslocado uma distância ΔS 5 10 cm, responda: a) Qual o valor da força F &que o gás exerce sobre o pistão? Da definição de pressão, 5p F A , vem: F 5 p ? A 5 (3,0 ? 105) ? (5,0 ? 1022) [ F 5 1,5 ? 104 N b) Calcule o trabalho realizado pelo gás usando a expressão τ 5 F ? ΔS. Para obter o resultado no SI, devemos expressar ΔS em metros: ΔS 510 cm 5 0,10 m. Logo: τ 5 F ? ΔS 5 1,5 ? 104 ? 0,10 ∴ τ 5 1,5 ? 103 J Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-21 PARA CONSTRUIR 24 Calor TAREFA PARA CASA: Para praticar: 12 Para aprimorar: 17 e 18 19 Considere a situação descrita no exercício anterior. a) Qual foi a variação de volume (Vf 2 Vi) que o gás sofreu ao se expandir? Como se pode perceber analisando a figura 13, a variação do volume do gás, (Vf – Vi), é dada por: Vf – Vi 5 A ? ΔS 5 5,0 ? 10 –2 ? 0,10 [ Vf – Vi 5 5,0 ? 10 –3 m3 b) Calcule o trabalho realizado pelo gás usando a expressão τ 5 p(Vf 2 Vi). τ 5 p(Vf 2 Vi) 5 (3,0 ? 105) ? (5,0 ? 1023) ∴ τ 5 1,5 ? 103 J c) A resposta obtida no item b coincide com a resposta do exercício anterior? Em ambos os casos obtivemos o mesmo valor para o trabalho τ realizado pelo gás. 20 Como vimos, a figura 12-A mostra um sistema construído por um gás em expansão. Observando essa figura, responda: a) A variação de volume do gás foi positiva, negativa ou nula? Como o gás se expandiu, temos Vf . Vi , e a variação do volume foi positiva. b) Então, o trabalho realizado foi positivo, negativoou nulo? Como a variação do volume foi positiva, o trabalho realizado foi positivo. c) Nesse caso, dizemos que o trabalho foi realizado pelo sis- tema ou sobre ele? Quando há um aumento do volume do sistema, dizemos que o trabalho foi realizado pelo sistema. 21 Observando a figura 12-B, que representa um gás sendo comprimido, responda, para esse caso, às mesmas questões do exercício anterior. a) Como o gás foi comprimido, temos Vf , Vi e, então, a variação do volume foi negativa. b) Como a variação do volume foi negativa, o trabalho realizado também foi negativo. c) Quando há uma diminuição do volume do sistema, dizemos que o trabalho foi realizado sobre o sistema. 22 Suponha que, após a expansão, o gás do exercício 18 tenha sido comprimido, conservando a mesma pressão, até retor- nar ao seu volume inicial. a) Qual o trabalho realizado nessa compressão? O trabalho terá o mesmo valor numérico daquele realizado na expressão. Mas, como houve uma diminuição do volume do gás, o trabalho será negativo. Logo, temos: τ 5 21,5 ? 103 J. b) Esse trabalho foi realizado pelo gás ou sobre ele? Como o gás foi comprimido, dizemos que o trabalho foi realizado sobre ele. Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-21 Ene m C-5 H-17 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-17 Ene m C-6 H-21 Ene m C-6 H-21 A PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA Energia interna Vimos que a energia interna de um corpo representa a soma das diversas formas de energia que os átomos e moléculas desse corpo possuem. De modo geral, quando estamos estudando um sistema qualquer, a energia interna desse sistema, que representaremos por U, nada mais é do que a energia total existente em seu interior. Quando um sistema vai de um estado inicial i a outro estado final, f, ele geralmente troca ener- gia com a sua vizinhança (absorve ou libera calor e realiza ou recebe trabalho). Consequentemente, sua energia interna sofre variações, passando de um valor inicial U i para um valor final U f , ou seja, a energia interna varia de: ΔU 5 U f 2 U i 25 FÍ S IC A F R EN TE A Calor A primeira lei da Termodinâmica Consideremos um sistema, como o gás da figura 14-A, ao qual fornecemos uma quantidade de calor Q 5 100 J. Naturalmente, essa energia é acrescentada ao interior do sistema e, pelo princípio de conservação da energia, tenderia a provocar um aumento ΔU 5 100 J na sua energia interna. Entretanto, suponha que, ao mesmo tempo que isso ocorre, o sistema também tenha se expandido, realizando um trabalho τ 5 30 J sobre a vizinhança (fig. 14-A). Esse trabalho é feito com a utilização de energia interna do sistema, a qual, portanto, tende a de- crescer de 30 J. Assim, se a energia interna tende a aumentar de 100 J (calor absorvido) e a diminuir de 30 J (trabalho realizado), será observada uma variação, ΔU, da energia interna do sistema, cujo valor é: ΔU 5 100 J 2 30 J [ ΔU 5 70 J Generalizando, se um sistema absorve uma quantidade de calor Q e realiza um trabalho τ (fig. 14-B), o princípio de conservação da energia nos permite concluir que sua energia interna sofrerá uma variação ΔU, dada por: ΔU 5 Q 2 τ Essa expressão poderá ser usada mesmo quando o sistema ceder calor à vizinhança, mas, nesse caso, deve-se atribuir a Q um sinal negativo, pois a liberação de calor contribui para diminuir a energia interna do sistema. Quando o trabalho é realizado sobre o sistema, a relação ΔU 5 Q 2 τ continua válida, devendo-se lembrar que, agora, τ é negativo, como vimos na seção anterior. Essas considerações que acabamos de fazer, com base no princípio de conservação da energia, constituem, essencialmente, o conteúdo da primeira lei da Termodinâmica, uma das leis fundamen- tais da Física e que pode ser enunciada como: Primeira lei da Termodinâmica (conservação da energia) Quando uma quantidade de calor Q é absorvida (Q positivo) ou cedida (Q negativo) por um sistema e um trabalho τ é realizado por esse sistema (τ positivo) ou sobre ele (τ negativo), a variação da energia interna, ΔU, do sistema é dada por: ΔU 5 Q 2 τ Fig. 14 – Quando um sistema absorve uma quantidade de calor Q e realiza um trabalho τ, a variação de sua energia interna é ΔU 5 Q 2 τ. 5 Suponha que um sistema passe de um estado a outro, tro- cando energia com a sua vizinhança. Calcule a variação de energia interna do sistema nos seguintes casos: a) O sistema absorve 100 cal de calor e realiza um trabalho de 200 J. b) O sistema absorve 100 cal de calor e um trabalho de 200 J é realizado sobre ele. c) O sistema libera 100 cal de calor para a vizinhança e um trabalho de 200 J é realizado sobre ele. RESOLUÇÃO: a) A variação da energia interna é dada pela primeira lei da Termodinâmica, isto é: ΔU 5 Q 2 τ Nesse caso, temos Q 5 100 cal 5 418 J (pois 1 cal 5 5 4,18 J) e seu sinal é positivo, porque se trata de calor absorvido pelo sistema. O valor τ 5 200 J também é po- sitivo, porque o trabalho foi realizado pelo sistema. Então: ΔU 5 418 2 200 ∴ ΔU 5 218 J Esse resultado nos diz que a energia interna do sistema aumentou de 218 J. b) Como no caso anterior, Q 5 100 cal 5 418 J e é positivo. Entretanto, temos agora τ 5 2200 J, pois o trabalho foi realizado sobre o sistema. Assim: ΔU 5 Q 2 τ 5 418 2 (2200) ∴ ΔU 5 618 J Portanto, a energia interna sofreu um acréscimo de 618 J, uma vez que tanto o calor fornecido ao sistema (418 J) quanto o trabalho realizado sobre ele (200 J) representam quantidades de energia transferidas para o sistema. c) Temos, nesse caso, Q 5 2100 cal 5 2418 J e τ 5 2200 J, pois o calor foi cedido pelo sistema e o trabalho foi realiza- do sobre ele. Logo: ΔU 5 Q 2 τ 5 2418 2 (2200) ∴ ΔU 5 2218 J Vemos que a energia interna do sistema diminuiu de 218 J. Esse resultado poderia ser previsto, pois o siste- ma perdeu 418 J sob a forma de calor e recebeu apenas 200 J pelo trabalho realizado sobre ele. EXERCÍCIO RESOLVIDO A V IT S E S TÚ D IO G R Á FI C O /A R Q U IV O D A E D IT O R A τ Q100 J 30 J ΔU 5 100 J 2 30 J ΔU 5 Q 2 τ A B 26 Calor PARA CONSTRUIR 23 Quando um sistema troca energia com sua vizinhança: a) se o sistema absorver calor, sua energia interna tenderá a au- mentar ou a diminuir? Então, nesse caso, em ΔU 5 Q 2 τ, Q deverá ser positivo ou negativo? A energia interna tenderá a aumentar. Então, a colaboração de Q na equação deve ser tal que tenda a tornar ΔU positivo. Logo, Q deve ser positivo. b) se o sistema liberar calor, sua energia interna tenderá a aumentar ou a diminuir? Então, em ΔU 5 Q 2 τ, Q deverá ser positivo ou negativo? A energia tenderá a diminuir. Então, Q deve colaborar para tornar ΔU negativo. Portanto, Q deve ser negativo. 24 Considere novamente o sistema do exercício anterior: a) Se o sistema realizar trabalho, sua energia interna tenderá a aumentar ou a diminuir? Então, em ΔU 5 Q 2 τ, deve- remos considerar τ positivo ou negativo? Para realizar um trabalho, o sistema utiliza parte de sua energia interna, a qual, então, tende a diminuir. Assim, τ deve colaborar para tornar ΔU negativo e, como na equação ΔU 5 Q 2 τ o sinal que precede τ é negativo, o valor de τ deverá ser positivo. b) Se for realizado trabalho sobre o sistema, sua energia interna tenderá a aumentar ou a diminuir? Então, em ΔU 5 Q 2 τ, deveremos considerar τ positivo ou negativo? Quando um trabalho é realizado sobre um sistema, estamos transferindo energia para ele e, assim, sua energia interna tende a aumentar. Então, τ deve colaborar para tornar ΔU positivo e, como na equação ΔU 5 Q 2 τ o sinal que precede τ é negativo, o valor de τ deverá ser negativo. 25 Um sistema sofre uma transformação na qual absorve 50 cal de calor e se expande, realizando um trabalho de 320 J. a) Qual é, em joules, o calor absorvido pelo sistema? (Consi- dere 1 cal 5 4,2 J.) Temos: Q 5 50 cal 5 50 ? 4,2 J 5 210 J b) Calcule a variação de energia interna que o sistema expe- rimentou. Essa variação é dada por ΔU 5 Q 2 τ. Como o calor foi absorvido pelo sistema, Q é positivo (Q5 210 J). Sendo o trabalho realiza- do pelo sistema, teremos τ também positivo (τ 5 320 J). Então: ΔU 5 Q 2 τ 5 210 2 320 ∴ ΔU 5 2110 J. c) Interprete, como foi feito no exercício resolvido 5, o signi- ficado da resposta do item b. Como o trabalho realizado pelo sistema foi superior em 110 J ao calor que ele absorveu, a energia interna do sistema diminuiu de, exatamente, 110 J. 26 (UFJF-MG) A figura abaixo mostra o diagrama P 3 V para o ciclo de um sistema termodinâmico contendo um gás ideal monoatômico. Dado: 1 atm 5 105 N/m2. 0,02 0,04 0,06 V (m3) 1,0 0 2,0 3,0 A B E F CD P (atm) a) Calcule o trabalho total, em joules, realizado pelo gás no ciclo completo. O trabalho é dado pela área do ciclo. Logo, temos: τ τ τ τ [ ] [ ] ( )( ) ( )( ) + 5 2 2 1 2 2 ? 5 ? 5 ? 5 0,06 0,02 3,0 2,0 0,06 0,04 2,0 1,0 10 0,04 0,02 10 0,06 10 6 kJ 5 5 5 b) Calcule a variação da energia interna, em joules, no per- curso AB. Transformação isobárica. Para calcular a energia interna: U 3 2 P V U 3 2 3 10 0,04 U 18 kJ AB AB AB 5 AB 5 5 ? ? ? 5 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-18 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-18 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-21 Ene m C-6 H-25 Ene m C-6 H-21 27 FÍ S IC A F R EN TE A Calor c) Qual é a quantidade de calor, em joules, trocada pelo sis- tema no percurso AB? Segundo a primeira lei da Termodinâmica, para a transformação AB temos: U Q Q U P V Q 18 kJ 3 10 0,04 Q 30 kJ AB AB AB AB AB AB AB 5 AB τ5 2 5 1 ? 5 1 ? ? 5 27 (Udesc) O gráfico a seguir mostra a variação do volume de um gás perfeito, em função da temperatura. A transformação entre os estados A e B ocorre à pressão constante de 105 N/m2, e a energia interna do gás aumenta em 1 000 J. Durante a transformação entre os estados B e C, o gás recebe calor. 200 400 B A C 600 T (K) 20 40 60 80 0 V (1024 m3) Calcule: a) a quantidade de calor recebida pelo gás entre os estados A e B; A quantidade de calor recebida pelo gás entre os estados A e B é dada por: Q 5 ΔU 1 τ Q 5 p ? ΔV 1 1 000 J Q 5 105 ? (70 2 20) ? 1024 1 1 000 5 500 1 1 000 5 1 500 J b) o trabalho realizado sobre o gás entre os estados B e C; O trabalho é igual a zero, pois não há variação de volume. c) o valor da pressão do gás no estado C. Como o volume é constante na transformação B-C (isocórica), pela lei geral dos gases temos: 5 5 5 ? P T P T 10 350 P 700 P 2 10 N / m 1 1 2 2 5 2 2 5 2 28 Um gás é comprimido sob uma pressão constante p 5 5,0 ? ? 104 N/m2, desde um volume inicial Vi 5 3,0 ? 10 23 m3 até um volume final Vf 5 1,5 ? 10 23 m3. a) Houve trabalho realizado pelo gás ou sobre o gás? Como o gás foi comprimido, dizemos que o trabalho foi realizado sobre ele. b) Calcule esse trabalho. Como p permaneceu constante, podemos usar a expressão τ ( )5 2p V Vf i . Uma vez que as grandezas já estão expressas no SI, temos: τ τ( )( ) ∴5 2 5 ? ? ? 2 ? 5 2p V V 5,0 10 1,5 10 3,0 10 75 Jf i 4 3 32 2 c) Se o gás liberou 100 J de calor, determine a variação de sua energia interna. Como Q 5 2100 J (calor liberado), τ ( ) ∴5 2 5 2 2 2 5 2U Q 100 75 U 25 J 29 (UEM-PR) Sobre o consumo e a transformação da energia, dê a soma da(s) proposição(ões) correta(s). (01) Ao realizar exercícios físicos, é possível sentir a tempe- ratura do corpo aumentar. Isso ocorre porque as célu- las musculares estão se contraindo e, para isso, estão realizando várias reações exergônicas (exotérmicas). (02) Durante o processo de combustão biológica, a ener- gia é liberada de uma só vez, na forma de calor, que é entendido como uma forma de energia em trânsito. (04) Os organismos autótrofos, como algas e plantas, con- seguem transformar a energia química do ATP em energia luminosa, obedecendo à lei da conservação da energia. (08) A transformação da energia química do ATP em ener- gia mecânica, como na contração muscular em um mamífero, obedece à primeira lei da Termodinâmica. (16) De acordo com a primeira lei da Termodinâmica, po- de-se dizer que o princípio da conservação da ener- gia é válido para qualquer sistema físico isolado. Ene m C-6 H-25 Ene m C-6 H-21 Ene m C-6 H-21 Ene m C-5 H-21 Ene m C-5 H-18 Ene m C-6 H-21 29. (02) Afirmativa incorreta, pois a energia é liberada de forma gradual durante o processo de combustão biológica. (04) Afirmativa incorreta, pois os autótrofos armazenam energia no ATP gerada a partir da transformação da energia luminosa em energia química. 01 1 08 1 16 5 25 28 Calor APLICAÇÕES DA PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA Após ter sido estudada a primeira lei da Termodinâmica, vamos agora aplicá-la a algumas si- tuações particulares, para obter informações sobre a energia interna de um sistema nessas situações. Transformação adiabática Considere um gás encerrado em um cilindro, cujas paredes são feitas de um material isolante térmico (fig. 15). Em virtude disso, se esse gás se expandir (ou for comprimido), ele não poderá ceder nem receber calor da vizinhança. Uma transformação como essa, em que o sistema não troca calor com a vizinhança, isto é, na qual Q 5 0, é denominada transformação adiabática. Quando um gás sofre uma expansão (ou compressão) rápida, mesmo que as paredes do re- cipiente não sejam isolantes, essa transformação pode ser considerada adiabática. Realmente, se a transformação é muito rápida, a quantidade de calor que o sistema poderá ceder ou absorver é muito pequena e, assim, podemos considerar Q 5 0. Isolante Aplicando a primeira lei da Termodinâmica, Q 5 ΔU 1 τ, a uma transformação adiabática, como Q 5 0, temos: ΔU 5 2τ Analisemos esse resultado. Supondo que o gás tenha se expandido, o trabalho τ que ele reali- zou, como sabemos, é positivo. Então, a expressão anterior nos mostra que ΔU será negativo, isto é, a energia interna do sistema diminuiu. Uma diminuição na energia interna de um gás acarreta um abaixamento de sua temperatura. Logo, quando um gás se expande adiabaticamente, sua temperatura diminui. Podemos constatar esse fato deixando um gás comprimido se expandir rapidamente (transformação adiabática) e ob- servando que ele realmente se resfria (fig. 16). Fig. 16 – Em uma expansão adiabática, a energia interna do gás diminui e, portanto, há uma diminuição em sua temperatura. 20 °C 3 atm 15 °C 1 atm Suponha agora que o sistema tenha sido comprimido. Nesse caso, como sabemos, τ é negativo. Da expressão ΔU 5 2τ, concluímos que ΔU será positivo, isto é, a energia interna do gás aumenta e, consequentemente, haverá um aumento em sua temperatura. Você poderá verificar esse efeito se tampar, com um de seus dedos, a saída de ar de uma bomba de encher pneu e comprimir rapida- mente o pistão (compressão adiabática): com o dedo você perceberá a elevação de temperatura do ar que foi comprimido no interior da bomba (fig. 17). Fig. 15 – Quando um gás se expande rapidamente ou em um volume com isolação térmica, ele realiza trabalho, mas não recebe nem libera calor (dizemos que a transformação foi adiabática). Fig. 17 – Em uma compressão rápida (adiabática), a energia interna do gás aumenta e há, portanto, uma elevação em sua temperatura. 29 FÍ S IC A F R EN TE A Calor Em um motor de explosão, no segundo tempo, quando a mistura gasosa (gasolina e ar) é comprimida rapidamente (compressão adiabática), sua temperatura se eleva consideravelmen- te. Isso pode provocar a explosão da mistura antes de a vela produzir a centelha (pré-ignição), causando distúrbios no funcionamento do motor. Em um motor a diesel, essa elevação de tem- peratura é tão grande que a ignição da mistura sempre ocorre, sem a necessidade da centelha. Por isso, um motor a diesel não precisa de velas para seu funcionamento. Válvula de escape Vela Barra Manivela Pistão Cilindro Injetor de combustível Válvula de entrada de ar EX P ER IM EN TA N D O Procure realizar a experiência mostrada na figura. Coloque uma de suas mãos nas proximidades de sua boca e, com esta aberta, sopre sobre a mão. Em seguida,
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