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Piracema: Preservação e Sustentabilidade

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PIRACEMA: UM PONTO POSITIVO NA BUSCA PELO EQUILÍBRIO DO 
ECOSSISTEMA 
 
Emerson Miranda de Souza 
Reginaldo Soares Martins 
Valéria Roberta Silva Borges 
 
RESUMO: O presente trabalho apresentou a grande problemática que o período da Piracema 
busca solucionar desde a criação da Lei 7.653/88, a qual alterou a redação do artigo 27, 
parágrafo 4° da Lei 5.197/67. Um dos problemas encontrados nessa temática, pode-se dizer 
que seria a falta de consciência tanto dos envolvidos diretamente quanto indiretamente, isto é 
os pescadores e agentes econômicos, respectivamente. Outro fator é a insuficiência e/ou os 
poucos recursos disponibilizados pelo Estado, um deles intitulado seguro defeso, esse muitas 
vezes, não é o suficiente para garantir o sustento das famílias que sobrevivem exclusivamente 
da pesca, fazendo com que desobedeçam às normas que regulamentam o período da Piracema. 
O foco peculiar da pesquisa tende a buscar conhecimentos teóricos e práticos, com a 
finalidade de estabelecer um elo entre esses dois núcleos, primando disseminar o 
conhecimento e a necessidade de obedecer às regras sociais e legais dispostas para o 
cumprimento de todos, resultando com isso, melhores condições de se alcançar a garantia de 
um desenvolvimento ambiental e, consequentemente, social deveras sustentável. Justificou-se 
pela necessidade de debater a importância da preservação das espécies de peixes para garantir 
o equilíbrio do ecossistema, como também levar o conhecimento das implicações sociais 
neste contexto, quando as leis e normas que buscam regulamentar o fenômeno da Piracema 
em tese não são respeitadas; mas não só isso, como também apresentar o quão sustentável 
pode ser todo o meio ambiente que se vive, se as regras de convivência social e vistas de 
consequência àquelas estabelecidas em lei infraconstitucional forem inteiramente respeitadas. 
Foi utilizado o método qualitativo tendo em vista não ter sido a intenção apresentar 
estatísticas em relação à problemática. Também foi utilizado o método indutivo, pois foram 
enfatizadas situações peculiares que depois foram se generalizando. Trabalhou-se a 
perspectiva da conscientização cidadã, ou seja, de todos os agentes sociais e econômicos 
envolvidos no contexto direto e/ou indireto da pesca, através de políticas públicas, em que o 
Estado deverá manobrar ações positivas para que se amadureça a importância e a 
imprescindibilidade do cumprimento das normas que regem tal matéria, validando com essas 
ações, os preceitos constitucionais envoltos ao conceito de sustentabilidade. 
Palavras-chave: Cidadão; Conscientização; Lei; Sustentabilidade; Piracema. 
 
PIRACEMA: A POSITIVE POINT IN SEARCH FOR ECOSYSTEM 
BALANCE 
 
ABSTRACT: This paper presented the great problem that the Piracema period seeks to solve 
since the creation of Law 7.653 / 88, which altered the wording of article 27, paragraph 4 of 
Law 5.197 / 67. One of the problems encountered in this theme, it can be said that would be 
the lack of awareness both directly and indirectly involved, ie fishermen and economic agents, 
respectively. Another factor is the insufficiency and / or the limited resources provided by the 
state, one of them entitled closed insurance, which is often not enough to guarantee the 
survival of families that survive exclusively from fishing, causing them to disobey the rules 
that regulate fishing. Piracema period. The peculiar focus of the research tends to seek 
theoretical and practical knowledge, in order to establish a link between these two nuclei, 
striving to disseminate knowledge and the need to obey the social and legal rules laid down 
for the fulfillment of all, resulting in this. better conditions to achieve the guarantee of a 
sustainable and therefore socially sustainable development. It was justified by the need to 
discuss the importance of preserving fish species to ensure ecosystem balance, as well as 
bringing knowledge of the social implications in this context, when laws and regulations that 
seek to regulate the phenomenon of Piracema in theory are not respected. ; but not only that, 
but also how sustainable the whole living environment can be, if the rules of social 
coexistence and consequent views to those established in infraconstitutional law are fully 
respected. The qualitative method was used since it was not intended to present statistics in 
relation to the problem. The inductive method was also used, as they emphasized peculiar 
situations that later became generalized. The perspective of citizen awareness was worked, 
that is, of all social and economic agents involved in the direct and / or indirect context of 
fishing, through public policies, in which the State should maneuver positive actions to 
mature the importance and the indispensability of compliance with the rules that govern such 
matter, validating with these actions, the constitutional precepts involved in the concept of 
sustainability. 
Key-words: Citizen; Awareness; Law, Sustainability; Piracema 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 O presente trabalho justificará a necessidade de debater a importância da preservação 
das espécies de peixes para garantir o equilíbrio do ecossistema, como também levar o 
conhecimento das implicações sociais neste contexto, quando as leis e as normas que buscam 
regulamentar o fenômeno da Piracema, em tese, não são respeitadas; mas não só isso, como 
também apresentará o quão sustentável pode ser todo o meio ambiente que se vive, se as 
regras de convivência social e vistas de consequências àquelas estabelecidas em lei 
infraconstitucional forem inteiramente respeitadas. 
Fazendo observar que é dever de todos preservá-lo e defendê-lo, utilizando os recursos 
presentes de uma forma a não prejudicar as gerações futuras, ou seja, respeitando o período da 
Piracema, os peixes reproduzirão de forma eficiente e assim manterão os mesmos recursos 
disponíveis de geração em geração. 
Verificar-se-á a falta de consciência, tanto dos envolvidos diretamente, isto é, os 
pescadores, quanto os indiretamente, leia-se todos os agentes econômicos (mercado de 
consumo), que incorrem, principalmente, no descumprimento das normas impostas pelo 
Estado, mas não só isso, igualmente, vislumbra-se uma minimização cultural motivada pelo 
individualismo, que certa feita, caracteriza o maior inimigo da sustentabilidade. 
Outro fator é a insuficiência e/ou os poucos recursos disponibilizados pelo Estado. Um 
deles intitulado seguro defeso, esse muitas vezes, não é o suficiente para garantir o sustento 
das famílias que sobrevivem exclusivamente da pesca, fazendo com que desobedeçam às 
normas que regulamentam o período da Piracema. 
Não obstante, releva-se também o paradoxo sofrido pelo ecossistema e/ou habitat 
comum, em que se percebe um desajuste da natureza para a reprodução dos peixes; a esse 
respeito, as construções edificadas pelo homem (como por exemplo, barragens de 
hidrelétricas) atrapalham, sobremaneira, o ciclo de vida dos peixes, uma vez que eles ficam 
impossibilitados de subir o rio na época da desova pela falta de escadarias nas barragens, 
como servem de chamariz para pescas predatórias colocadas pelo caminho deles. 
 O foco peculiar da pesquisa tenderá buscar conhecimentos teóricos e práticos, com a 
finalidade de estabelecer um elo entre esses dois núcleos, primando disseminar o 
conhecimento e a necessidade de obedecer às regras sociais e legais dispostas para o 
cumprimento de todos, resultando com isso, melhores condições de se alcançar a garantia de 
um desenvolvimento ambiental e, consequentemente, social deveras sustentável. 
Também trazer a tona o quão prejudicial é para o desenvolvimento regional o não 
cumprimento das normativas que regulamentam o período da Piracema, como prejuízos para 
economia local devido à escassez dos recursos naturais renováveis, e, de forma indireta, o 
desemprego. 
 Para isso, será utilizado o método qualitativotendo em vista não ter sido a intenção 
apresentar estatísticas em relação à problemática. Também foi utilizado o método indutivo, 
pois foram enfatizadas situações peculiares que depois foi se generalizando. A utilização 
desses métodos justifica-se devida ser a forma mais adequada de se entender os fenômenos da 
natureza - a saber, a Piracema - e seu impacto social. 
 
A IMPORTÂNCIA DO PERÍODO DA PIRACEMA PARA A PROMOÇÃO DA 
SUSTENTABILIDADE 
 
A pesca é algo comum ao ser humano desde muito tempo. Estudos científicos relatam 
que essa arte, por assim dizer, teve seu primeiro registro histórico há 40 (quarenta) mil anos 
a.C. Ao mesmo tempo, os Neandertais lançavam mãos da pescaria há mais de 200 (duzentos) 
mil anos atrás. (SANTANA, 2019, n.p.). 
Nessa época, a pesca ainda era limitada apenas à sobrevivência e os humanos ainda 
eram poucos em todo o Planeta, e assim, pouco se afetava o ecossistema devido à mínima 
influência do homem exercida sobre ele. Apesar de, nessa época, o homem já se intitulara um 
superpredador, porém não numa alta escala. Grande o bastante para colocar em risco o 
Planeta inteiro. (SANTANA, 2019, n.p.). 
Com o passar do tempo, desencadeou-se um grande crescimento populacional, e o que 
era considerado na pré-história pouco milhares de homens, atualmente já somam mais de sete 
bilhões de pessoas. E com seu grande poder de destruição, esse é um número de habitantes 
bastante ameaçador. Foi pensando nas possíveis consequências que o próprio homem passou 
a assumir a culpa do colapso vivido pela natureza e decidiu programar algumas políticas 
públicas, restringindo o uso excessivo dos recursos naturais, nesse contexto, o pescado 
restringido pela Lei da Piracema. (SANTANA, 2019, n.p.). 
A Piracema é um fenômeno que acontece com algumas espécies de peixes na época da 
desova. Basicamente, é uma corrida dos peixes rio acima - contra a correnteza – a fim de 
aumentar a carga hormonal e assim perder o máximo de calorias possível. Simples no falar, 
mas é esse processo que vai garantir o sucesso da procriação. 
Essa corrida ocorre, geralmente, nas chuvas de verão, pois é nessa época que as águas 
dos rios sobem sua temperatura e aumentam também o volume. É quando os peixes percebem 
a hora de vencerem as correntezas para desovarem nas cabeceiras dos rios, onde a chance de 
sobrevivência dos filhotes são maiores. (SANTOS, 2019, n.p.). 
Quanto ao percurso, varia de espécie para espécie, chegando algumas a percorrerem 
até 600 (seiscentos quilômetros), onde encontram águas mais profundas e uma temperatura 
mais elevada, o que propicia um cenário perfeito para que as fêmeas coloquem seus ovos e os 
machos fecunda-os. (SANTOS, 2019, n.p.). 
Apesar da preocupação com o período da Piracema ser atual, no que tange à 
regulamentação e preservação, esse processo já era observado há muito tempo. Tanto é que o 
nome Piracema tem origem na língua tupi que significa “subida do peixe”. Por certo, os 
índios foram os primeiros observadores desse fenômeno e eles entendiam a necessidade de 
permitir que ele ocorresse naturalmente. (SANTOS, 2019, n.p.). 
É importante salientar que o período da Piracema é um processo que faz com que as 
espécies de peixes não sejam extintas, e sim, continuem se sustentando por séculos e séculos. 
Fala-se isso, porque um estudo feito pela bióloga Vanessa Sardinha, foi constatado que uma 
fêmea que pesa mais ou menos 10 (dez) quilos, da espécie Dourado, chega a desovar cerca de 
1 500 000 (hum milhão e quinhentos mil) ovos, mas que depois de passar por todos os 
perigos, entre predadores naturais e armadilhas construídas pelo homem, cerca de 1% (um por 
cento) conseguem chegar à fase adulta. (SANTOS, 2019, n.p.). 
Mas isso é quando o processo é totalmente respeitado. Imagina o prejuízo para fauna 
quando o homem inicia a pesca predatória em meio ao período da Piracema, tornando uma 
pesca em massa, devido, nessa época, as espécies viajarem em grandes cardumes! 
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, caput, traz, expressamente, os 
direitos que os cidadãos têm em relação ao meio ambiente, no entanto, àqueles que são 
concedidos direitos, também são cominados deveres. É esse artigo da Magna carta que diz: 
Todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente sustentável, ou seja, duradouro. Mas 
quem pode proporcionar isso, senão o próprio homem? Utilizando os recursos naturais de 
forma racional, sempre pensando nas gerações futuras, deixando de lado o egoísmo e 
ganância. 
Muito provavelmente, o direito ao meio ambiente sustentável é um dos direitos 
fundamentais que mais preocupa a contemporaneidade. Isso porque as pessoas não conhecem 
de verdade as consequências que o mau uso dos recursos naturais traz e pouco se faz para 
evitá-las. 
No fenômeno da Piracema não é diferente. Os peixes precisam de um tempo para 
garantir a preservação da espécie. Isso acontece exatamente nesse período, pois eles 
necessitam seguir exatamente o processo que a mãe natureza determina e, esse processo é 
garantir o máximo de ovos possíveis, mas não só isso, eles têm que estar saudáveis para 
darem filhotes fortes e resistentes para fugirem dos constantes predadores, armadilhas e 
construções humanas. (SANTOS, 2019, n.p.). 
Ligando o processo que acontece na Piracema com a necessidade de preservar o meio 
ambiente (fauna e flora), encontra-se um dos maiores problemas: A falta de consciência. 
Tanto dos envolvidos diretamente, isto é, os pescadores, quanto os indiretamente, leia-se 
todos os agentes econômicos (mercado de consumo), que incorrem, principalmente, no 
descumprimento das normas impostas pelo Estado, mas não só isso, igualmente, vislumbra-se 
uma minimização cultural motivada pelo individualismo, que certa feita, caracteriza o maior 
inimigo da sustentabilidade. (GAZETA, 2005, n.p.). 
Outro fator é a insuficiência e/ou os poucos recursos disponibilizados pelo Estado, um 
deles intitulado seguro defeso, esse muitas vezes, não é o suficiente para garantir o sustento 
das famílias que sobrevivem exclusivamente da pesca, fazendo com que desobedeçam às 
normas que regulamentam o período da Piracema. (MOTA, 2019, n.p.). 
Não obstante, releva-se também o paradoxo sofrido pelo ecossistema e/ou habitat 
comum, em que se percebe um desajuste da natureza para a reprodução dos peixes; a esse 
respeito, as construções edificadas pelo homem (como por exemplo, barragens de 
hidrelétricas) atrapalham, sobremaneira, o ciclo de vida dos peixes, uma vez que eles ficam 
impossibilitados de subir rio acima na época da desova pela falta de escadarias nas barragens, 
como servem de chamariz para pescas predatórias colocadas pelo caminho deles. (SANTOS, 
2019, n.p.). 
Concernente à falta de consciência, é saber que existe o risco de ser extinta diversas 
espécies de peixes, caso não seja obedecido o período da Piracema, entretanto, ainda assim, 
pouco se faz para ajudar nessa parte, pelo contrário, corroboram para eficácia do não 
cumprimento das normativas de proteção da mesma. 
Essa problemática, como já citado, afeta diretamente a auto reprodução dos peixes, e 
isso, consequentemente, desenvolve grande prejuízo para a economia regional. Ora, a espécie 
de peixe pintado, em seu habitat natural, pode chegar a medir mais de 1 (um) metro e pesar 
cerca de 90 (noventa) quilos. É muito cobiçada sua carne para fazer filé e também para cortar 
pedaços em “tora” para fazer molho, na questão do filé, quanto maior é o peixe, melhor será o 
aproveitamento e, consequentemente, maior o seu valor comercial. (LÁZIA, 2019, n.p.). 
É aí que o prejuízo começa, pois, quando os peixes não têm o livre arbítrio para fazer 
sua reprodução de forma correta, a pesca local começa ficar insustentável, obrigando a quem 
sobrevive somente da pesca intensificá-la, até mesmo em época proibida, assim, a rotatividade 
dos peixes é cada vez maior o que acaba por também diminuir não só a quantidade do 
pescado,mas também o tamanho dos peixes e isso é um prejuízo tanto quantitativo, quanto 
qualitativo, tendo em vista os peixes não conseguirem atingir seu tamanho ideal para alguns 
tipos de comércio. (LÁZIA, 2019, n.p.). 
Para tentar minimizar essa investida dos pescadores em tempo de suspensão da pesca, 
o Estado utiliza uma prestação positiva denominada seguro defeso. Não obstante, muitas das 
vezes ela não é suficiente, ou não é eficaz. (MOTA, 2019, n.p.). 
Fala-se da eficácia pelo fato dessa prestação ser 4 (quatro) parcelas de um salário 
mínimo vigente e, pelo processo de concessão desse benefício ser deveras vagaroso, na 
maioria das vezes, quando o pescador chega a receber esse seguro já se passaram mais de 120 
(cento e vinte) dias. Pergunta-se: E até lá? O que fazer uma família que sobrevive, 
exclusivamente, da pesca? (MOTA, 2019, n.p.). 
Por certo, há uma defasagem na organização estatal em fazer com que essa prestação 
funcione e funcione com a devida eficiência a fim de que os resultados disso provoquem um 
impacto ambiental e, consequentemente, social. 
Por outro lado, há também a parte egoísta e individualista do homem, o qual sempre 
busca acumular riquezas. Esses dois comportamentos humanos influenciam diretamente no 
fenômeno da Piracema, pois, com a falta de uma fiscalização mais presente por parte do 
Estado, ainda que esteja no período de defeso, havendo a oportunidade de lucrar, o homem 
tende a infringir a legislação vigente e com isso afetar, drasticamente, o meio ambiente. 
(MESQUITA, 2019, n.p.). 
 
FUNDAMENAÇÃO JURÍDICA PARA O ESTABELECIMENTO DO PERÍODO DA 
PIRACEMA 
 
O artigo 225, §1°, da Constituição Federal de 1988, diz que é dever do poder público 
garantir a efetividade dos direitos elencados no caput , e, para isso, elenca várias ações a 
serem cumpridas, em sete incisos, desse parágrafo, inclusive, o inciso VII diz: “ proteger a 
fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função 
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”. 
(MARTINS, 2019, p. 652). 
Observa-se que o constituinte originário preocupava-se com a preservação da fauna e 
da flora lá em 1988, na promulgação da Constituição Cidadã. É nesse inciso que se encontra a 
fundamentação das Leis que regulamentam o período da Piracema. Ora, nele diz que o poder 
público, ou seja, aquele que faz a lei e também fiscaliza sua aplicação tem o dever de proteger 
a fauna. Dentro do contexto trabalhado citam-se os peixes. (MARTINS, 2019, p. 651). 
Essas normas vedam as práticas que colocam em risco a função ecológica e 
provoquem a extinção da espécie, ou seja, praticar a pesca durante o período de desova dos 
peixes. São momentos em que eles estão passando por um processo natural de procriação e 
por isso viajam em grandes cardumes, facilitando sua captura em massa, e por fim, a última 
parte do inciso, em que muitas das vezes, essa pesca é com meios que provoca sofrimento 
intenso nos peixes, como: armadilhas, arpões, veneno etc. (JOSÉ, 2009, n.p.). 
A Lei Federal 5.197 de 03 de janeiro de 1967 já protegia a fauna, porém, 
sobremaneira, a caça. Esta Lei possui 38 (trinta e oito) artigos e cita algo sobre pesca somente 
nos artigos 27 (vinte e sete) e 33 (trinta e três). Por esse motivo, havendo necessidade de uma 
maior regulamentação sobre o assunto, foi publicada em 12 de fevereiro de 1988 a Lei 
Federal 7.653, esta alterou diversos dispositivos da Lei anterior, em especial o artigo 27 
(vinte e sete), parágrafo 4°, que trata exatamente do período da Piracema. 
Nesse parágrafo, fica expresso o período a ser observados pelos pescadores, que não 
se deve pescar as espécies arroladas na lista emitida pelo Estado, que é de 1° de outubro a 30 
de janeiro, seja em águas paradas, seja no mar territorial. Também estipula as penas que serão 
cominadas àqueles que infringirem esse parágrafo. (SANTOS, 2019, n.p.). 
Já o parágrafo 5° penaliza tanto os que infringem diretamente, quanto os que 
contribuem para a prática do crime, mesmo que indiretamente. Nesse caso a Lei está sendo 
concernente com o artigo 225 da Constituição, caput. Nele diz que a proteção da fauna é 
dever de todos, logo, se a pessoa testemunha um crime contra a natureza e não faz nada para 
impedir, nem mesmo comunica as autoridades locais, está concorrendo com o crime e 
responderá por isso. Se a pessoa que praticar o ato ilícito for estrangeira, ela cumprirá sua 
pena listada no parágrafo 4°, e após isso, será expulsa do país, é o que dita o parágrafo 6° 
desta Lei. 
E por último, o Legislador cuidou de não deixar impune de cumprir penas aqueles que 
têm bom poder aquisitivo, pois estabeleceu no artigo 34 (trinta e quatro) que os crimes 
praticados durante o período da Piracema são inafiançáveis, ou seja, não será objeto de 
pagamento pecuniário para escusar de pagar a pena, tirante a pena de multa estipulada no 
parágrafo 4°, alíneas a, b, c. 
Por força do artigo 27 (vinte e sete) da Lei 7.753 de 1988, os crimes praticados no 
período da Piracema por meio do uso de agrotóxicos, com uso de explosivos, constitui crime 
punível de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Assim também é punido com pena de 1 (um) a 3 (três) 
anos aquele que efetuar a pesca no período da Piracema, desrespeitando as regras estipuladas 
para esse tempo. 
Embora haja essa Lei Federal que regulamenta o período da Piracema, é possível que 
os estados-membros, inclusive, os municípios legislem sobre o assunto e fiscalizem de forma 
mais incisiva, na verdade, a Constituição traz o dever de fiscalização para todos, até mesmo 
para os cidadãos. (MARTINS, 2019, p. 652). 
Objetivo geral não é punir ninguém, mas sim disseminar o conhecimento e a 
necessidade de obedecer às regras sociais e legais dispostas para o cumprimento de todos, 
resultando com isso, melhores condições de se alcançar a garantia de um desenvolvimento 
ambiental e, consequentemente, social deveras sustentável. Também trazer a tona o quão 
prejudicial é para o desenvolvimento regional o não cumprimento das normativas que 
regulamentam o período da Piracema, como prejuízos para economia local devido à escassez 
dos recursos naturais renováveis, e, de forma indireta, o desemprego. (G1, 2014, n.p.). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Verifica-se que, o tema pesquisado, evidencia o grande risco que algumas espécies de 
peixes estão correndo de entrar em extinção. É possível desprender também que é necessária 
a união de todos para que, além de se desenvolver mais soluções por parte do Estado, 
diminua-se as problemáticas por parte da sociedade. 
Portanto, imprescindível é, primeiramente, trabalhar a perspectiva da conscientização 
cidadã, ou seja, de todos os agentes sociais e econômicos envolvidos no contexto direto e/ou 
indireto da pesca, através de políticas públicas, em que o Estado deverá manobrar ações 
positivas para que se amadureça a importância e a imprescindibilidade do cumprimento das 
normas que regem tal matéria, validando com essas ações, os preceitos constitucionais 
envoltos ao conceito de sustentabilidade. Por último, e não menos importante, também 
defende-se uma postura mais presente do Estado e da sociedade para que se instaure uma 
fiscalização mais efetiva dos órgãos responsáveis dentro do cenário da pesca, buscando-se um 
ambiente ecologicamente equilibrado para todos. 
As políticas públicas a serem utilizadas para trabalhar a conscientização dos cidadãos, 
devem, sobremaneira, ligar os pensamentos deles para o futuro, ou seja, convencê-los de que, 
do jeito que está, todos serão prejudicados e ficarão sem os recursos renováveis. Se essa 
primeira opção for bem trabalhada e gerar uma grande efetividade, pouco restará para a 
segunda, que é trabalhar mais a fiscalização, pois com a conscientização de cada cidadão, sua 
consciência será seu próprio fiscal. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
AMBIENTE BRASIL. A Piracema. Disponível em:https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/artigos_agua_doce/a_piracema.html. Acesso em 
23 de out. de 2019. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em 19 out. 
2019. 
BRASIL. Lei 5.197, de 03 de janeiro de 1967: Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras 
providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5197compilado.htm 
Acesso em 30 de out. de 2019. 
BRASIL. Lei 7.953, de 12 de fevereiro de 1988: Altera a redação dos arts. 18, 27, 33 e 34 da 
Lei nº 5.197, de 3 de janeiro de 1967, que dispõe sobre a proteção à fauna, e dá outras 
providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7653.htm. Acesso 
em 03 de nov. 2019. 
CONEXÃO TOCATINS. Pesca esportiva é permitida durante a Piracema no Tocantins. 
Disponível em: https://conexaoto.com.br/2018/11/06/pesca-esportiva-e-permitida-durante-a-
piracema-no-tocantins. Acesso em 23 de out. de 2019. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5197compilado.htm
CURSOS CP. Pintado ou Cachara, o Surubim, é muito cobiçado por criadores de peixe. 
Disponível em: https://www.cpt.com.br/cursos-criacaodepeixes/artigos/pintado-ou-cachara-o-
surubim-e-muito-cobicado-por-pescadores-profissionais-e-amadores. Acesso em 09 de out. de 
2019. 
EM TEMPO. Atraso no pagamento do seguro defeso prejudica pescadores do Amazonas. 
Disponível em: https://d.emtempo.com.br/economia/175831/atraso-no-pagamento-do-seguro-
defeso-prejudica-pescadores-do-am. Acesso em: 10 de out. de 2019. 
MARTINS, Flávio. Curso de Direito Constitucional. 3ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 
2019. P. 651 a 653. 
MUNDO ESTRANHO. O que é a Piracema? Disponível em: 
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-a-piracema/ . Acesso em 09 de out. de 
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OLIVEIRA, Dante; COELHO, Vivian. Piracema. Universidade Federal Rural do semiárido 
departamento de ciências animais pet engenharia de pesca. Disponível em: 
http://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/234/arquivos/Piracema.pdf. Acesso 
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