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Direito Civil

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FACULDADE SANTA LÚCIA 
 MATERIAL DE APOIO 03 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2019/1 
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A CIÊNCIA DO DIREITO 
 
Há dúvidas no tocante se o Direito é ou não uma ciência diante de 
uma série de pressupostos de difícil avaliação. 
 
Como ramo da ciência humana a ciência do direito teve e tem como 
substrato de pesquisa o homem em todos os aspectos valorativos de sua 
personalidade. 
 
A ciência do direito é uma ciência de investigação das condutas que 
tem em vista um “dever ser” jurídico, isto é, a Ciência do Direito investiga e estuda 
as normas jurídicas. Estas prescrevem aos indivíduos certas regras de conduta que 
devem ser obedecidas. 
 
Para justificar as dificuldades encontradas para se chegar a uma 
decisão segura (decidibilidade), pode ser citado como exemplo o motorista que deve 
parar no trânsito (dever ser jurídico). 
 
Quando o indivíduo pára, a ordem é cumprida. Assim, a norma 
jurídica é vivenciada como um mundo do “ser” dos fatos. 
 
Quando não pára, há violação do comando e portanto, ao mesmo 
tempo outro tipo de “ser”, um fato sancionado pela norma jurídica. 
 
O motorista poderia alegar inúmeros argumentos como, por exemplo, 
o fato do farol estar quebrado; ter sido instalado naquele dia; a competência da 
autoridade administrativa que autorizou a instalação. 
 
Estas questões fazem com que o cientista do direito encontre inúmeras 
dificuldades para se chegar a uma conclusão segura. É exatamente por causa destas 
variáveis que muitos doutrinadores afirmam que o Direito não é uma ciência, mas 
pode-se dizer, pelo menos do nosso ponto de vista, que o Direito é uma ciência 
dogmática, isto é, parte-se de uma posição já pacificada pelos estudiosos e, a seguir, 
aplicam-se as mesmas regras. 
 
 
 FACULDADE SANTA LÚCIA 
 MATERIAL DE APOIO 03 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2019/1 
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Pode-se dizer, ainda, que o Direito é uma ciência do direito é uma 
ciência ética por excelência. 
 
A DEFINIÇÃO DO DIREITO 
 
Na magistral definição do grande poeta italiano Dante Alighieri, o 
Direito é a proporção real e pessoal de homem para homem que, conservada, 
conserva a sociedade e que, destruída, a destrói. 
 
No dizer de Goffredo Telles, o Direito é o nome de três realidades 
distintas, o nome de três diferentes objetos. É um termo que tem três sentidos. 
Pertence, portanto, à classe de palavras plurívocas. 
 
1º realidade chamada Direito enquanto NORMA (Direito Objetivo) 
 
2º realidade (sentido de permissão concedida pela norma jurídica. 
Trata-se, pois, da faculdade que o particular tem de processar alguém, eis que 
tutelado pela norma jurídica) é o Direito Subjetivo. 
 
3º realidade é a qualidade do que é justo (MORAL). 
 
Etimologia da palavra Direito: 
 
Provém do adjetivo latino directus (directus, directa, directum), que, 
por sua vez, deriva do particípio passado do verbo dirigere (dirigo, dirigis, direxi, 
directum, dirigere). 
 
Este verbo significa endireitar, tornar reto, alinhar, directus designa a 
qualidade de ser conforme a linha reta. É o “Directum iter ad laudem” Caminho 
direito para a glória.” 
 
A palavra direito é devida pelo fato de sempre ter simbolizado o 
caminho do bem, o próprio bem, pela imagem da linha reta. 
 
É por esse motivo que a mão mais hábil é a “mão direita”. 
 
 
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DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2019/1 
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Em consequência, a palavra direito tem dois sentidos etimológicos, 
um sentido fundamental, referente ao mundo físico e um sentido analógico, referente 
ao mundo ético. 
 
Etimologicamente define-se o adjetivo direito nos seguintes termos: 
“qualidade de ser conforme a linha reta ou régua, ou a linha moral ou a regra 
(norma). 
 
As palavras régua e regra têm a mesma origem etimológica. Ambas 
provém de regula. Como adjetivo, repetimos, a palavra direito designa a qualidade 
de ser conforme a régua, ou a regra. 
 
Tudo que é conforme tem a forma de outro ou a ele se ajusta. É o que 
é ajustado, é justo. Um vestido ajustado é um vestido justo. 
 
Definições do Direito: 
 
Direito positivo: (jus in civitate positum) é o conjunto de normas 
estabelecidas pelo poder político que se impõem e regulam a vida social de um dado 
povo em determinada época. 
 
Direito objetivo: é o complexo de normas jurídicas que regem o 
comportamento humano, prescrevendo uma sanção no caso de sua violação. Trata-se 
do conjunto de normas vigentes em determinado Estado. 
 
Direito subjetivo, para Goffredo Telles Jr. é a permissão, dada por 
meio de norma jurídica válida, para fazer ou não fazer alguma coisa, para ter ou não 
ter algo, ou , ainda, a autorização para exigir, por meio dos órgãos competentes do 
poder público ou através dos processos legais, em caso de prejuízo causado por 
violação de norma, o cumprimento de norma infringida ou reparação do mal sofrido. 
Trata-se da faculdade ou prerrogativa de agir. 
 
Direito Natural (na visão do Prof. Ricardo Brancato): Para o 
Professor Alexandre Correa, o “jus naturalis é uma norma constituída de antemão 
pela natureza e não criação arbitrária do homem. “Justiniano o considerava um direito 
estabelecido pela Providência Divina, que é sempre bom e equitativo”. Os 
 
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DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
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escolásticos (Idade Média) também se ocuparam do direito natural, ou seja, das 
normas morais emanadas de Deus, como Supremo Legislador, e que impedem os 
homens, à luz da razão, para a prática do Bem. Santo Tomás de Aquino dizia que 
uma das tendências naturais do homem é a prática do bem e a fuga do mal e que essa 
prática se conforma e adapta à própria razão humana. 
 
Difere do direito positivo, pois este é um direito temporal e espacial, 
ou seja, o conjunto de regras escritas e costumeiras em vigor num determinado país e 
em certo período. 
 
O direito natural, por seu turno, é um ordenamento supremo, ideal e 
constante, que determina o direito positivo. Lafayette dizia que o direito natural 
regula o direito positivo e que é a norma ideal para o qual o direito positivo tende 
sempre e da qual tanto mais se aproxima quanto mais se aperfeiçoa. 
 
A expressão Direito Natural quer dizer um Direito que deve existir 
independentemente de qualquer regra imposta aos indivíduos pelo constrangimento 
social organizado. 
 
O direito natural, a princípio estabeleceu e vigorou por força exclusiva 
de suas regras entre os grupos humanos primitivos. Como exemplo do direito natural 
temos o direito de ser livre, de viver, de constituir família, de reproduzir. 
 
Savigny afirma que o direito positivo é o único direito e Kelsen acha 
que a expressão envolve um pleonasmo. (Teoria Pura do Direito). 
 
A IMPORTÂNCIA DO DIREITO 
 
O direito exprime um anelo inquieto do coração humano. Ele 
acompanha a vida. Ele é, em suma, o reflexo do que somos. Somos destinados a viver 
em sociedade. Para o ser humano, viver é conviver. Aristóteles resume no conhecido 
aforismo. “O homem só ou é um bruto ou é um Deus.” 
 
Para São Tomaz de Aquino “a vida solitária só se tem verificado em 
três hipóteses: MALA FORTUNA (infortúnio, um naufrágio, por exemplo); 
CORRUPTIO NATURA (doente mental que não suporta a natureza) ou 
 
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EXCELLENS NATURA (na de natureza excelente, como na de um ser humano que 
encontrou nasolidão e na mente o caminho da perfeição e da felicidade). 
 
As sagradas Escrituras fazem a eloquente advertência: 
DESGRAÇADO DO HOMEM SÓ, POIS QUANDO CAIR, NÃO TERÁ QUEM O 
LEVANTE. “ Eclesiastes IV, 9, 10. 
 
O Estado social é o estado de natureza do Homem. Direito é a 
disciplina da convivência. 
 
“A vida em sociedade seria impossível sem uma disciplina. Toda 
comunidade supõe uma organização que regulamente seu 
comportamento e dos vários indivíduos que a compõem. O convívio 
harmônico no corpo social e a própria persistência da sociedade 
dependem de um mecanismo regulador que estabeleça o que pode e o 
que não pode ser feito. Sem a limitação do exercício da atividade 
individual e da satisfação dos interesses particulares de cada um, o 
conflito seria inevitável e permanente. Daí a necessidade de um corpo 
de normas, mais ou menos desenvolvidas, expresso de modo mais 
formal e explícito ou menos formal e implícito, que pauta o 
comportamento dos indivíduos e do grupo social, exigindo, de modo 
obrigatório, a obediência de certos ditames.” 
 
As normas compõem-se de três elementos: hipótese, mandamento e 
sanção. Hipótese é a previsão abstrata de um comportamento. Mandamento é o 
comando estabelecido na norma. Sanção é a consequência desfavorável prevista para 
quem transgredir o que foi fixado no mandamento. Por exemplo, o artigo 129 do 
código penal estabelece: Ofender a integridade corporal ou saúde de outrem. Pena – 
detenção de três meses a um ano. No caso, a hipótese é o ato de ofender a integridade 
ou a saúde de outrem. O mandamento está implícito: é a proibição de praticar tal ato. 
A sanção é a pena que o ofensor deverá sofrer. 
 
Esse conjunto de disposições que regulam com força coativa a vida 
social são as normas jurídicas. Desempenham a função de mecanismos de frenagem 
de comportamentos antissociais, pela prévia delimitação dos interesses que serão 
objeto de proteção e repressão àqueles que conflitem com os interesses individuais ou 
 
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sociais protegidos pelas normas. O Direito, portanto, em linhas gerais, é um conjunto 
de regras que disciplinam a vida social com força obrigatória. “ (pensamento do Prof. 
Bandeira de Melo). 
 
DIREITO E MORAL 
 
O direito apresenta algumas semelhanças com a moral, mas com ela 
não se confunde. 
 
Pode-se dizer que ambos são regras de conduta; todavia o Direito 
pertence à Ciência Dogmática do Direito e a Moral às Ciências Sociais. 
 
O Direito está ligado ao campo externo ao passo que a moral está 
intimamente ligada com a consciência do indivíduo. 
 
Para o caso de transgredir regra de Direito, existe a sanção, que é uma 
punição aplicada pelo Estado; quem transgride regras morais está sujeito ao remorso 
e ao arrependimento. 
 
DIVISÃO DO DIREITO: 
 
Direito Público, Direito Privado, Direitos Difusos e Coletivos. 
 
Direito Público: são as normas destinadas a disciplinar os interesses gerais da 
coletividade. Normalmente o Poder Público ou o Estado está num dos polos da 
relação jurídica. 
 
É dividido em direito público interno (direito constitucional, direito tributário, direito 
processual, direito penal e direito administrativo) e direito público externo (direito 
internacional público e direito internacional privado). 
 
O Direito Constitucional visa a regulamentar a estrutura básica do Estado e suas 
metas, além de fixar os direitos fundamentais da pessoa humana. 
 
O Direito Administrativo é um conjunto de regras destinadas ao funcionamento da 
administração pública no que concerne às relações entre a Administração e 
administrados. 
 
 
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PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
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O Direito Tributário cuida da forma de instituição e arrecadação de tributos e tem por 
escopo a obtenção de receita para o Estado. 
 
O Direito Processual disciplina a atividade do Poder Judiciário e dos que a ele 
recorrem. 
 
O Direito Penal visa à repressão dos delitos. É um conjunto de leis que define os 
crimes e estabelecem as penas. 
 
Direito Privado: conjunto de regras que disciplinam a vida privada no que concerne 
às pessoas e seus bens, suas obrigações, contratos, vida em família e sucessões. O 
Código Civil de 2002 também tem um livro referente ao direito de empresa. 
 
Direitos difusos e coletivos: a definição é dada pelo artigo 81 do Código de Defesa 
do Consumidor, in verbis: 
 
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá 
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os 
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas 
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os 
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou 
classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação 
jurídica base; 
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os 
decorrentes de origem comum. 
 
Destacam-se o Direito do Consumidor, Estatuto do Idoso, Estatuto da Criança e do 
Adolescente e Direito do Trabalho. 
 
O direito do consumidor pode ser compreendido como um conjunto de normas 
destinadas a regular a relação jurídica de consumo existente entre o fornecedor e o 
consumidor. 
 
Outras definições de interesse: 
 
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DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2019/1 
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• Ética: ramo da filosofia que estuda os assuntos morais. 
Diferencia-se da moral, pois, enquanto esta se fundamenta na obediência a normas, 
tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos, a 
ética, ao contrário, busca fundamentar o bom modo de viver pelo pensamento 
humano. 
• Cidadania (do latim, civitas, "cidade") é o conjunto de direitos e deveres ao qual 
um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive. É cidadão quem tem 
título de eleitor e pode votar e ser votado. 
 
• Direito social: aqueles relacionados ao piso vital mínimo de que toda pessoa 
necessita para sobreviver. É implementado a longo prazo pelo Estado. Ex: 
Previdência Social. 
 
O artigo 6º da Constituição Federal, sobre os direitos sociais, dispõe: 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, 
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 64, de 2010) 
Fontes do Direito: origem do Direito 
 
Lei 
 
Tratados Internacionais 
 
Jurisprudência 
 
Costume: “o costume jurídico é norma jurídica obrigatória, imposta 
ao setor da realidade que regula, passível de imposição pela autoridade pública e em 
especial pelo Poder Judiciário. É uma norrma “não escrita”, que surge da prática 
longa, diuturna e reiterada da sociedade.” Rizzatto Nunes. Manual de Introdução ao 
estudo do direito.”. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. 
 
Doutrina 
 
Princípios gerais do Direito 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Moralidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc64.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc64.htm#art1
 
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 MATERIAL DE APOIO 03 
DISCIPLINA: DIREITO CIVILI 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2019/1 
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Analogia 
 
Equidade 
 
 
Considerações históricas sobre o Direito Romano 
 
Direito romano é o complexo de normas jurídicas que vigorou em Roma e nos países 
dominados pelos romanos há 2000 anos aproximadamente. É o conjunto de 
princípios que regeram a sociedade romana em diversas épocas de sua existência, 
desde sua origem até a morte de Justiniano. 
Importância histórica: os romanos tiveram aptidão especial para o direito. O direito 
atual é baseado nas compilações do direito romano. Pode-se dizer que o direito 
romano é o fundamento básico da civilização moderna. 
Segundo Ihering, Roma representa o triunfo da universalidade sobre o princípio da 
nacionalidade. 
Fases do Direito Romano: 
a) Período régio: 754 a.c. até 510 a.c – fundação de Roma até expulsão dos reis. 
b) Período da República: de 510 a.c até a instauração do Principado com Otaviano 
Augusto, em 27 a.c. 
c) Período do Principado: de Augusto até o Imperador Diocleciano, ou seja, 27 
a.c. a 284 d.c. 
d) Período da Monarquia absoluta – de Diocleciano até a morte de Justiniano, em 
565 d.c 
Período régio: 
Fase legendária dos sete reis. 
Roma, a princípio, foi um aglomerado modesto de trabalhadores do campo, reunidos 
no Lácio, distante alguns quilômetros da embocadura do Rio Tibre. 
O regime familiar era patriarcal, sob a chefia do pater familias. Este era o 
proprietário do fruto do trabalho da família, o senhor dos escravos, de sua mulher e 
filhos. Podia vendê-los como fazia com os produtos agrícolas. Era o juiz em matéria 
penal. Podia impor penas de morte a sua mulher, filhos e escravos. Possuía poder 
absoluto no seu âmbito de ação. 
A noção de família romana é mais ampla que a atual. 
O rei era o magistrado único, vitalício e irresponsável no sentido técnico. Era 
assistido por um conselho de anciãos, os quais primitivamente eram chefes de várias 
 
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 MATERIAL DE APOIO 03 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2019/1 
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tribos. Todavia, tendo em vista o poder do pater famílias, pouca função judicial 
restava ao rei. 
O pater familias era encarregado do culto familiar dos antepassados. 
Em determinado momento cessa o absolutismo e surgem os comícios das assembléias 
do povo masculino. Nos comícios não eram votadas leis abstratas, mas casos 
concretos. 
 
Período da República: 
O Senado adquiriu importância política. 
Os cônsules ganharam o direito de comandar o exército, distribuir justiça civil e 
criminal, convocar comícios e nomear senadores. 
Para os plebeus foi criado o Tribuni plebis. Por iniciativa da plebe houve a 
codificação do Direito até então costumeiro. 
Surge o direito escrito (Lei das doze tábuas). 
Embora a Lei das XII tábuas contenha regras rudes, traz disposições sobre direito 
civil e penal. A família da Lei das XII tábuas ainda é tradicional e patriarcal. 
 
Período do Principado: 
Período do maior poderio de Roma. 
Fundado por Augusto, ocupa um período de mais de 300 anos. 
O Senado divide com o Imperador o Poder Judiciário. 
Em 212 a.c. Caracala estende a cidadania romana a todos os homens livres. 
Dessa época há as Institutas de Gaio, traduzidas para o português em 1953, por 
Alexandre Correia. 
 
Período da Monarquia absoluta: 
Vai de Diocleciano (284 a.c.) até a morte de Justiniano (565 d.c.) 
O centro de interesses do Império desloca-se para Constantinopla (hoje Istambul). 
Surge o Império Romano do Oriente e o Império Romano do Ocidente. 
O imperador detém todos os poderes. 
Não há grandes juristas no período. 
 
Codificação de Justiniano: Corpus Juris Civilis 
Código: a missão dos compilares levou dois anos. Em 7 de abril de 529, o imperador 
publica o Código e diz que entraria em vigor em 16 de abril do mesmo ano. O Código 
é uma reunião de todas as Constituições Imperiais editadas desde o governo do 
Imperador Adriano (117 até 138). 
Digesto ou pandectas: é obra mais completa que o Código. Trata-se da compilação 
dos textos dos jurisconsultos clássicos. Demorou três anos para ficar pronto. 
Analisaram mais de 1.500 livros. 
 
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 MATERIAL DE APOIO 03 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2019/1 
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Institutas: obra de professores. São expostas noções gerais, definições e 
classificações. Foi publicada em 21 de novembro de 533 e entrou em vigor como 
manual de estudo no mesmo dia do Digesto. Cuida das pessoas, coisas e ações. 
Novelas: Constituições importantes entre 535 e 565. Contém reformas fundamentais, 
como no direito hereditário e no direito matrimonial. 
 
Bibliografia utilizada: 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 12. ed. São Paulo: Atlas. P. 29-
57. 
Sistemas jurídicos 
 
Cada país tem seu próprio ordenamento jurídico. Os ordenamentos 
jurídicos podem ser agrupados em sistemas jurídicos. 
 
Sistemas jurídicos podem ser definidos como um agrupamento de 
ordenamentos unidos por um conjunto de elementos comuns, tanto pelo regulamento 
da vida em sociedade, como pela existência de instituições jurídicas e administrativas 
semelhantes. 
 
É importante ressaltar que existe certa continuidade no Direito, 
independentemente ou não da revogação de uma lei ou do surgimento de um outro 
entendimento sobre o assunto, o que dá relevo aos sistemas jurídicos. 
 
O profissional do direito formado em um país está preparado para 
trabalhar com instituições jurídicas de um outro país cuja cultura seja muito diferente 
da sua? Se a resposta for negativa, é porque o jurista se defronta com um instituto de 
outro sistema jurídico. 
 
Por que estudar os fundamentos dos vários sistemas jurídicos? Porque 
ainda não vivemos num mundo globalizado juridicamente falando, ou seja, não existe 
um ordenamento jurídico único mundial, daí porque precisamos conhecer outros 
sistemas, em razão das inúmeras diferenças de tratamento dado às relações sociais e 
econômicas. Exemplo: sistema financeiro internacional. 
 
Você acredita que campos como a internet, por exemplo, demandaria 
uma legislação supranacional? 
 
 
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 MATERIAL DE APOIO 03 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2019/1 
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Sistema romano-germânico: sistema a qual pertence o direito brasileiro, bem como 
o direito daqueles países que tomaram por base o direito germânico. Normas 
preocupadas com a justiça e com a moral. As obras de doutrina preocupam-se em ser 
dogmáticas e interpretar os textos legislativos. A jurisprudência e a prática do direito 
ficam a um plano secundário. As aulas são conferenciais. O direito civil é a base de 
todo o sistema jurídico, influindo até mesmo nos princípios do Direito Público. 
 
Common Law. É o direito da Inglaterra e dos países que o copiaram, principalmente 
os de língua inglesa. Foi elaborado a partir do direito costumeiro e hoje é baseado em 
decisões judiciais. Os Estados Unidos e o Canadá hoje se distanciam bastante do 
direito inglês. 
 
Inglaterra: o estudo do direito deve ser feito sob uma perspectiva histórica. 
É engano dizer que o direito inglês é costumeiro, porque hoje é um direito baseado 
nos precedentes judiciais. 
 
Common Law significa ser um direito comum a toda Inglaterra. 
 
Não existe propriamente a divisão do direito em público e privado, nem mesmo a 
divisão no direito privado entre direito comercial ou de empresa e direito civil. 
 
No sistema de common Law, o direito depende menos dos professores de Direito e 
mais dos juízes. 
 
Estados Unidos da América: 
 
Nos Estados Unidos existe um federalismo. Há um direito federal e um direito dos 
estados. A instituiçãodo Júri é muito mais viva do que na Inglaterra. O júri existe 
inclusive para questões de direito civil. O advogado, para exercer a prática em 
determinado estado, deve ser aprovado pelos Tribunais. O estudo do direito é pelo 
case method, ou seja, estudo de casos práticos, divergindo de nosso sistema. 
O professor fica com a missão de questionar os pontos controvertidos. Embora os 
Estados Unidos seja um país de common Law, existem existem que adotam o código 
civil. 
 
 
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 MATERIAL DE APOIO 03 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2019/1 
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Relações entre o sistema romano-germânico e o common Law: 
 
Conforme elucida Sílvio de Salvo Venosa (Direito Civil: parte geral), “o sistema de 
common Law conserva sua sistemática bastante diversa de nosso sistema, mas há a 
tendência para avicinar os métodos de conceber cada vez mais a norma como fonte 
de Direito nos países de sistema inglês, com conteúdo do sistema romano, oferecendo 
soluções muito semelhantes. Essa tendência fica ainda mais clara quando falamos dos 
direitos chamados mistos, isto é, aqueles que usam elementos de um e de outro 
sistema, como Israel, Escócia e Província do Quebec, no Canadá. 
 
Direitos socialistas: 
Esse sistema ruiu juntamente com a queda da União Soviética e muro de Berlim. 
O sistema socialista iniciou-se em 1917 com a revolução comunista e espalhou-se 
pelos países que a União Soviética passou a ter influência política e econômica. A 
propriedade privada era restrita, o direito era praticamente somente público. 
O sistema socialista entendia que o direito era uma forma de opressão. Para eles, as 
lutas e a miséria cessariam quando se pusesse em prática uma solução adequada, 
correspondente ao modelo marxista. Impossível compreender o direito socialista sem 
conhecer os fundamentos e a teoria marxista. Era um direito revolucionário sob todos 
os pontos de vista 
 
O essencial da doutrina marxista está na convicção de que o antagonismo entre as 
classes é a causa de todos os males da sociedade. 
 
Sistemas filosóficos: 
Direito muçulmano: refere-se aos estados ligados pela religião Maometana. 
A concepção islâmica é de uma sociedade teocrática, em que o Estado apenas se 
justifica para servir a religião. 
 
Direito hindu: é o direito de todos os países do sudeste asiático. 
 
Direito chinês: dá ênfase à conciliação antes de um processo judicial. Para conhecê-
lo, a doutrina de Confúcio é um bom começo. 
 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. São Paulo: Atlas, 2010. v. 1 
 
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Sugestões de leitura: 
DAVID, René. Os grandes sistemas do direito contemporâneo. São Paulo, Martins 
Fontes, 1998. 
FIGES, Orlando. Sussurros: a vida privada na Rússia de Stalin. Rio de Janeiro: Record, 
2010. 
ROBINSON, Francis. O mundo islâmico: o esplendor de uma fé. Barcelona: Folio, 2007. 
 
Conceito de Direito Civil: 
 
“Direito civil é o direito comum, o que rege as relações entre os particulares. 
Disciplina a vida das pessoas desde a concepção – e mesmo antes dela, quando 
permite que se contemple a prole eventual (CC, art. 1799,I) e confere relevância 
ao embrião excedentário (CC, 1597, IV) até a morte, e ainda depois dela, 
reconhecendo-se a eficácia pós mortem do testamento (CC, art. 1857) e exigindo 
respeito à memória dos mortos (CC, art. 12, parágrafo único)” 
 
Noções sobre o Direito Civil 
 
No período colonial vigoravam no Brasil as Ordenações Filipinas. Com a 
Independência, a legislação portuguesa continuou em vigência no Brasil. Somente 
teríamos uma legislação civilista pátria com a elaboração de um Código. 
 
A Constituição de 1824 referia-se a elaboração de um Código Civil “baseado na 
justiça e na equidade”. 
 
Várias tentativas de elaboração do Código Civil foram feitas. Após a proclamação da 
República, Clóvis Beviláqua elaborou o projeto do Código Civil. O Presidente da 
República encaminhou o projeto ao Congresso Nacional, em 1900. O Código foi 
aprovado em 1916 e entrou em vigência em 1º de janeiro de 1917. 
 
Com o desenvolvimento das relações sociais, surgiram outros microssistemas 
jurídicos. Ex: Lei do Divórcio (Lei 6.515/77); Estatuto da Criança e do Adolescente 
(Lei 8.069/90); Lei dos Registros Públicos (Lei 6.015/73), Código de Defesa da 
Consumidor (Lei 8.078/90) e Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91). 
 
 
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Fenômeno da Constitucionalização do Direito Civil: alguns importantes institutos 
de Direito Civil ganharam status de natureza constitucional. Ex: contratos, 
propriedade e família. 
 
Argumentos favoráveis à codificação: 
 
• São importantes instrumentos de unificação do direito; 
• Constituem a estrutura fundamental do ordenamento jurídico de um país e, portanto, 
meio eficiente de unificação dos usos e costumes da população. 
• Organiza e sistematiza cientificamente o direito, possibilitando maior estabilidade das 
relações jurídicas. 
 
Argumentos contrários à codificação: 
• Fossiliza o direito; 
• Ideia de um código, com uma legislação estática, estaria ultrapassada; 
• Facilita a pretensão dos medíocres. 
Vale lembrar que o Código de Napoleão, de 1804, continua em vigência regulando a 
vida de um povo altamente civilizado: o francês. 
 
O Código Civil de 1916. 
 
Continha 1.807 artigos e era antecedido pela Lei de Introdução ao Código Civil. 
Refletia a sua época, com as concepções predominantes em fins do século XIX e no 
início do século XX, baseados no individualismo então preponderante. 
 
Todavia, a evolução social, o progresso cultural e o desenvolvimento científico 
trouxeram a necessidade de transformações no direito, com a elaboração de leis 
especiais. O direito de família sofreu profunda transformação. 
 
O surgimento de novas leis fez com que vários artigos do Código Civil de 1916 
fossem revogados. Lei do Divórcio (Lei 6.515/77); Estatuto da Criança e do 
Adolescente (Lei 8.069/90); Lei dos Registros Públicos (Lei 6.015/73), Código de 
Defesa da Consumidor (Lei 8.078/90) e Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91); Código de 
Águas, Código de Minas. 
 
 
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A Constituição de 1988 trouxe inovações no direito de família, especialmente no que 
diz respeito à filiação, direito das coisas (reconhecimento da função social da 
propriedade) , restringindo a liberdade de contratar em prol do interesse público. 
 
O Código Civil de 2002. 
 
Em 1967, foi nomeado uma Comissão de juristas, sob a supervisão de Miguel Reale, 
para elaboração de uma anteprojeto, apresentado em 1972. 
Foi encaminhado ao Congresso Nacional e transformou-se no Projeto de Lei 634/75. 
A demora na tramitação fez com que fosse atropelado por várias leis especiais e pela 
própria Constituição Federal. 
 
Conteúdo: 
Parte Geral 
Livro I 
Das Pessoas - 0001 a 0078 
Livro II 
Dos Bens - 0079 a 0103 
Livro III 
Dos Fatos Jurídicos - 0104 a 0232 
 
Parte Especial 
Livro I 
Do Direito das Obrigações - 0233 a 0965 
Livro II 
Do Direito de Empresa - 0966 a 1195 
Livro III 
Do Direito das Coisas - 1196 a 1510 
Livro IV 
Do Direito de Família - 1511 a 1783 
Livro V 
Do Direito das Sucessões - 1784 a 2027 
 
Livro Complementar 
Das Disposições Finais e Transitórias - 2028 a 2046 
 
http://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010406_2002_cc__0001_0078.htm
http://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010406_2002_cc__0079_0103.htmhttp://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010406_2002_cc__0104_0232.htm
http://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010406_2002_cc___0233_0965.htm
http://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010406_2002_cc___0966_1195.htm
http://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010406_2002_cc___1196_1510.htm
http://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010406_2002_cc___1511_1783.htm
http://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010406_2002_cc___1784_2027.htm
http://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010406_2002_cc___2028_2046.htm
 
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Princípios básicos: socialidade, eticidade e operabilidade. 
 
Sociabilidade: prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, sem perda do 
valor fundamental da pessoa humana. Há uma revisão dos cinco principais 
personagens do direito privado tradicional: o proprietário, o contratante, o 
empresário, o pai de família e o testador. 
 
Eticidade: valor do ser humano como fonte de todos os demais valores. Ex: princípio 
do equilíbrio econômico do contrato como base de ética de todo o direito 
obrigacional. 
 
Operabilidade: o novo Código Civil evitou deixar muitas dúvidas, afastando as 
perplexidades e complexidades. Ex: diferenciação clara de prescrição e decadência. 
 
Direito Civil Constitucional: fenômeno ocorrido como advento da Constituição 
Federal de 1988. 
 
Bibliografia: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 10. Ed. São 
Paulo: Saraiva, 2012. p. 32-47. 
 
Comentários à Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 
4657, de 04 de setembro de 1942). 
 
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e 
cinco dias depois de oficialmente publicada. 
 
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, 
se inicia três meses depois de oficialmente publicada.(Vide Lei nº 2.410, de 1955) 
(Vide Decreto-Lei nº 333, de 1967) (Vide Lei 2.145, de 1953) 
 
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009). 
 
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada 
a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova 
publicação. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L2410.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/1965-1988/Del0333.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L2145.htm#art16
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12036.htm#art4
 
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§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
 
Lei como fonte jurídica formal: a lei é a principal fonte do direito. 
Na maioria dos Estados a formulação do direito é obra exclusiva do legislador. A 
legislação é o processo pelo qual um ou vários órgãos estatais formulam e 
promulgam normas jurídicas de observância geral. Nos países anglo-saxões 
prevalecem o costumes. Supremacia da lei: existe uma tendência cada vez maior em 
codificar o direito. 
 
A fonte formal pode ser entendida como um processo ou meio pelo 
qual a norma jurídica se positiva com força obrigatória, com exigência e eficácia. Ex: 
processo legislativo, atividade jurisdicional, prática consuetudinária, poder negocial 
(contrato). 
 
Sentidos: 
 
• Amplíssima: sinônimo de norma jurídica (escritas ou costumeiras). Toda 
norma geral de conduta. 
 
• Ampla: legere (ler). Aquilo que se lê. Leis gravadas em tábuas na época dos 
romanos. 
 
• Estrita ou técnica: norma elaborada pelo Poder Legislativo, por meio do 
processo adequado. 
 
Processo legislativo: está previsto no artigo 59 da Constituição 
Federal, que dispõe, in verbis: 
 
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
I - emendas à Constituição; 
II - leis complementares; 
III - leis ordinárias; 
IV - leis delegadas; 
V - medidas provisórias; 
VI - decretos legislativos; 
VII - resoluções. 
 
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Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, 
redação, alteração e consolidação das leis. 
 
O processo legislativo pode ser definido como um conjunto de fases 
constitucionalmente estabelecidas pelos quais há de passar o projeto de lei, até a sua 
transformação em lei vigente. Incluem: iniciativa, discussão, deliberação, sanção, 
promulgação e publicação. 
 
Sanção ou veto (art. 66 da Constituição Federal), por 
inconstitucionalidade ou inconveniência. 
 
“Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o 
projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o 
sancionará. 
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou 
em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á 
total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data 
do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao 
Presidente do Senado Federal os motivos do veto. 
§ 2º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de 
parágrafo, de inciso ou de alínea. 
§ 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da 
República importará sanção. 
§ 4º - O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a 
contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da 
maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. 
§ 5º - Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para 
promulgação, ao Presidente da República. 
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto 
será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobrestadas as 
demais proposições, até sua votação final. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 32, de 2001) 
§ 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo 
Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do 
Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao 
Vice-Presidente do Senado fazê-lo.” 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art66§6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc32.htm#art66§6
 
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A sanção pode ser expressa ou tácita, quando se omite, deixando que 
se esgote o prazo de 15 dias sem decisão (art. 66, § 2º CF). 
 
Promulgação: ato pelo qual o executivo autentica a lei autentica a lei, 
atestando sua existência, ordenando sua aplicação e cumprimento. 
 
Executoriedade e efeito da promulgação: impõe um dever, 
regulando a conduta social. A norma jurídica traça objetivamente a fronteira entre o 
lícito e o ilícito. Goffredo Telles Junior diz que a lei é um imperativo autorizante. 
 
Validade constitucional: disposição normativa é conforme as 
prescrições constitucionais. 
 
Validade formal: a lei deve ser elaborada por órgão competente em 
obediência aos procedimentos legais. 
 
Validade formal e eficácia: o simples fato da norma ter validade 
formal não significa que tenha eficácia. Ex: a facilitação da conversão da união 
estável em casamento está prevista na Constituição Federal, mas o Código Civil ainda 
não regula a matéria. 
 
Para que uma lei tenha vigência é necessário: 
 
• elaboração por órgão competente; 
• competência ratione materiae do órgão: a matéria objeto da norma deve estar 
contida na competência do órgão.• due process of law. 
• vigência temporal: qualidade atinente ao tempo de sua atuação, podendo ser 
invocada para produzir efeitos. 
 
Vacatio legis: lapso temporal existente entre a data de publicação da lei e a de sua 
entrada em vigor. Tal fenômeno ocorre quando a lei não entra em vigor na data da 
sua publicação. 
_______________________________________________________ 
 
 
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Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a 
modifique ou revogue. (Vide Lei nº 3.991, de 1961) 
 
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja 
com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei 
anterior. 
 
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, 
não revoga nem modifica a lei anterior. 
 
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei 
revogadora perdido a vigência. 
 
Hipóteses de cessação de vigência normativa: 
 
1ª causa de cessação: para as leis de vigência temporária 
 
decurso de prazo; 
consecução do fim a que se propõe. Ex: suspensão de um concurso público. 
Cessação do estado de coisas não permanentes (estado de sítio, calamidade); 
 
2ª causa de cessação: para as leis de vigência permanente. 
 
A lei tem vigência até que seja revogada por outra lei com que ela conflite. 
 
A lei velha perde sua eficácia pela ab-rogação e por derrogação. 
 
Ab-rogação ou ad-rogação é a revogação total da lei velha pela lei nova. 
 
Derrogação é a revogação parcial da lei velha pela lei nova. 
 
Isto significa que a lei nova, ao tratar do mesmo assunto de uma lei velha, pode 
acarretar as seguintes consequências: 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L3991.htm
 
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Regulação total (lei velha é revogada); regulação parcial (subsiste na lei velha aquilo 
que não for contrário à lei nova) e sub-rogação (modificação, em acréscimo, da lei 
anterior. 
 
Não se permite a revogação da lei: 
• pelo simples desuso; 
• costume; 
• jurisprudência; 
• lei posterior de hierarquia inferior. 
 
Repristinação: nova vigência da lei revogada pela lei revogadora, decorrente da 
revogação desta última por uma terceira lei. 
A repristinação tácita é vedada no ordenamento jurídico brasileiro. 
 
Antinomia de normas: é o que ocorre quando existe incompatibilidade entre o 
conteúdo de duas leis, devendo-se estabelecer um critério para verificar quais das 
duas prevalece. 
Os principais critérios de resolução de antinomias são: hierárquico, cronológico e da 
especialidade. 
Questões. 
 
1- Se a lei entrar em vigência no Brasil depois de 90 dias de sua publicação, quando 
entrará em vigência no exterior? 
2- Imagine que uma lei nova possibilita ao proprietário de um imóvel proceder à 
edificação de uma edícula cujas dimensões estão nela descritas, sem a necessidade de 
alvará municipal, porém ela ainda não entrou em vigor. O proprietário poderá, desde 
a publicação, iniciar a construção? 
3- Uma lei foi publicada pela imprensa oficial em 02/08/17, republicada em 03/01/18 e 
novamente em 19/02/18. Seu texto não dizia quando ela entraria em vigor. Quando 
entrará em vigor então? 
4- Lei municipal publicada em 08 de março de 2017, com disposição expressa de que 
entraria em vigor no mesmo dia da sua publicação, viola frontalmente lei federal. 
Qual das duas prevalece? 
5- Lei estadual, publicada em 2018, trata de determinado assunto contrariamente ao que 
ao que a Constituição Federal prescreve. Referida lei tem validade? Como ela pode a 
vir a ser declarada pelo Poder Judiciário? 
 
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6- Lei nova trata do mesmo assunto que a lei velha. Em suas disposições finais constou: 
“revogam-se as disposições em contrário”. Essa frase precisaria constar do texto de 
lei? Por que? 
________________________________________________________ 
 
Artigo 3º da LINDB 
 
Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 
 
O conhecimento da lei decorre da publicação. A promulgação constituirá o 
marco de seu existir a publicação fixará o momento em que se reputará conhecida. 
Não é possível notificar individualmente cada destinatário. Trata-se do princípio da 
inescusabilidade da ignorância da lei. 
 
Erro de direito: nada impede que um ato jurídico praticado sob o império de erro de 
direito oriundo de ignorância de prescrições legais se cancelem as consequências 
prejudiciais que este erro pode produzir. 
____________________________________________________________ 
 
Artigo 4º da LINDB 
 
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, 
os costumes e os princípios gerais de direito. 
Para o juiz aplicar corretamente uma lei ao caso concreto, deve existir o fenômeno da 
subsunção. Nem sempre isto é possível, dada a eventual inexistência de norma a ser 
aplicada ao caso concreto. Se isto ocorrer, o juiz deverá, primeiramente, aplicar a 
analogia; se não for possível, os costumes e, se não houver costumes aplicáveis à 
hipótese, os princípios gerais de direito. 
Espécies de lacunas: 
Normativa: ausência de norma sobre determinado caso. 
Ontológica: existe norma, mas ela não corresponde aos fatos sociais. 
Axiológica: ausência de norma justa. 
 
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Lacuna como problema da jurisdição: o juiz não substitui o legislador, pois não 
cria regras gerais, mas individuais. 
A existência de lacuna não torna um comportamento obrigatório ou permitido, mas 
juridicamente indecidível, cabendo ao órgão judicante fazê-lo. 
Atentar-se para o que dispõe o artigo 335 do Código de Processo Civil: 
Art. 335. Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as 
regras de experiência comum subministradas pela observação do que 
ordinariamente acontece e ainda as regras da experiência técnica, 
ressalvado, quanto a esta, o exame pericial. 
Meios supletivos das lacunas: 
Analogia: aplicar, a um caso não contemplado de modo direto ou específico por uma 
norma jurídica, uma norma prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao 
caso não contemplado. 
Envolve duas etapas: constatação de uma semelhança e juízo de valor que mostra a 
relevância das semelhanças sobre as diferenças. 
A analogia é tão somente um processo revelador de normas implícitas. Seu 
fundamento é a igualdade jurídica. 
É importante que haja semelhança e a mesma razão. 
Requisitos: 
• que o caso não esteja previsto na norma jurídica; 
• que o caso contemplado guarde semelhança com o previsto na norma; 
• elemento de identidade seja fundamental. 
Exemplo: Decreto 2682, de 07 de junho de 1912 regula a responsabilidade das 
companhias de estrada de ferro por danos causados a passageiros e a bagagens. 
Passou a ser aplicado a todas as espécies de transportes terrestres. 
Costumes: uso e a convicção jurídica. É a norma jurídica que deriva de uma longa 
prática uniforme. 
Ex: Chapada de Araripe no Ceará: cada lote de terra tem dois ou três dias do mês para 
o uso de água, sendo que as terras se transmitem com esse 
 
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Condições: continuidade, diuturnidade, moralidade e obrigatoriedade. 
 
Costumes podem ser classificados em : 
Secundum legem – previstos na lei. 
Praeter legem – quando se reveste de caráter supletivo (art. 4º da LINDB). 
Contra legem – contrário a lei. Precedente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado 
de São Paulo que julgou uma ação sobre o Mercado de Barretos onde os negócios são 
estabelecidos verbalmente, afastando-se a necessidade de documento. 
 
Princípios Gerais de Direito: normas do direito natural, isto é, valor genérico, que 
orientam a compreensão do sistema jurídico. 
 
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às 
exigências do bem comum. 
Na interpretação da lei surge um problema: qual o critério para 
interpretação autêntica? Ao interpretar uma norma deve-se buscar a vontade da lei ou 
do legislador? Qual a interpretação e o sentido que podem por um fim prático à 
cadeia das múltiplas possibilidades interpretativas? 
 
Quais técnicas deveriam ser utilizadas? Gramatical, lógica, 
sistemática, histórico-evolutiva, teleológica? 
 
O juiz, para cumprir a sua função, baseado no artigo 5º da LINDB, 
fornecerá vários caminhos possíveis para uma decisão, que ao aplicar a norma ao 
caso concreto, atenda à sua finalidade social e ao bem comum. Para tanto, fará uma 
consideração dinâmica, construindo, cientificamente, além do subsistema normativo, 
o fático e o valorativo. 
 
Parêmia latina: in claris cessat intrepretatio. Será verdade? 
 
Quando surge a necessidade de interpretar a lei: 
 
“A necessidade de interpretar uma lei pode nascer: 1. defeitos em sua 
redação, resultando daí obscuridade e equivoco em seu sentido; 2. da 
concisão habitual e inevitável com que são escritas todas as leis, 
 
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nascendo daí dúvidas não em seu sentido direto, mas em sua 
conformidade ou não-conformidade com os diversos casos ocorrentes, 
cumprindo, então, salvar incoerências e contradições virtuais de seus 
espíritos com as palavras; 3. de silencio” BAPTISTA, Francisco de 
Paula. Compêndio de Hermenêutica Jurídica. São Paulo, SP: 
Saraiva, 1984, p. 27-28. 
 
É certo que a obscuridade dificulta o entendimento, pois: 
 
a) a norma contém palavras fora do seu significado; 
b) a lei apresenta imprecisões; 
c) a norma contém fórmula falha, por lhe faltar palavras que 
complementem o sentido legal. 
 
Grande é a utilidade prática do artigo 5º da LINDB, pois a técnica da 
decisão requer uma solução justa ao caso singular sub judice, sem conflitar com o 
direito positivo, com o meio social. 
 
Técnicas interpretativas: 
 
• Técnica gramatical: sentido literal do texto normativo. As 
palavras podem ter significado comum e técnico. Deve-se dar 
preferência ao técnico. 
• Antinomia entre o gramatical e o lógico, este prevalece. O 
significado da palavra deve estar em consonância com a lei. O 
termo deve ser analisado comparando-o com os demais. 
 
• Processo lógico: raciocínios lógicos, analisando os períodos da 
lei, combinando-os entre si. 
• Lei posterior revoga lei anterior; princípio da especialidade (lei 
especial revoga lei geral; irretroatividade (lei posterior não pode 
atingir direito adquirido, ato jurídico perfeito e a coisa julgada). 
 
• Processo sistemático: considera o sistema em que se insere a 
norma. Nunca se deve ler o segundo parágrafo antes de ler o 
primeiro. 
 
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• Técnica interpretativa-histórica: antecedentes da norma 
(processo legislativo, desde o projeto de lei, justificativa, 
exposição de motivos, emendas, aprovação e promulgação, 
além das circunstâncias fáticas que precederam a norma. 
 
• Processo sociológico ou o teleológico: procura a finalidade do 
preceito normativo. A presença de certos princípios para uma 
série indefinidas de casos, como a de boa-fé, exigência de 
justiça, respeito aos direitos de personalidade, igualdade perante 
a lei. 
 
A interpretação legal é essencialmente teleológica, pois deve buscar a 
finalidade social e valorativa da norma, ou seja, o resultado que se pretende alcançar 
na sua atuação prática. 
 
Pelo artigo 5º deve haver: 
 
• repulsa à exclusiva interpretação literal da lei ou a sua aplicação mecânica; 
• repúdio à busca da vontade do legislador que deve ser substituída pela intentio 
legis; 
• afastamento da ideia de in claris cessat interpretatio; 
• predomínio do caráter valorativo, político-social de interpretação. 
 
Fim social: não há lei que não contenha uma finalidade social 
imediata. A ordem jurídica é um conjunto de normas para tornar possível a 
sociabilidade humana. O aplicador deverá ter por escopo a felicidade da sociedade 
política. O intérprete aplicado poderá concluir que um caso que se enquadra na lei 
não deverá ser por ela regido, porque não está dentro de sua razão, não atendendo a 
sua finalidade social; poderá também aplicar a norma a hipóteses fáticas não 
contempladas pela letra da lei. O comando legal não poderá ser interpretado fora do 
meio social presente; imprescindível será adaptá-lo às necessidades sociais existentes 
no momento de sua aplicação. 
 
Bem comum: devem possuir os elementos de liberdade, paz, justiça, 
segurança, utilidade social, solidariedade ou cooperação. 
 
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Direito fundamental da sociedade exige que certos requisitos condicionantes de uma 
vida digna para os cidadãos, significando a prevalência dos valores da pessoa humana 
sobre os interesses particulares dos indivíduos. 
 
O bem comum está longe de ser a soma bruta dos interesses 
individuais, como queira o individualismo, mas é a coordenação do bem dos 
indivíduos segundo um princípio ético. 
 
 
DINIZ, Maria Helena. Lei de introdução às normas do direito brasileiro interpretada. 18. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2013. 
 
 
A eficácia das leis no tempo. A lei tem seu tempo de vigência. A partir da 
revogação, a lei é substituída por outra, que a partir dali produzirá efeitos. Mas a 
matéria não é tão simples assim. É que existem relações jurídicas que foram 
estabelecidas durante a vigente da lei revogada e que continuarão produzindo efeitos 
com o advento da lei nova. É preciso estabelecer o chamado direito intertemporal ou 
transitório nestes casos. 
 
Proibição do retrocesso. No que diz respeito aos direitos e às garantias fundamentais 
e sociais, o texto constitucional proíbe o retrocesso. 
 
Para resolver a questão do conflito de leis no tempo, existem duas 
regras: 
1- Irretroatividade, ou seja, a lei nova não se aplica às situações 
jurídicas constituídas antes de sua vigência. 
2- Efeito imediato, incidindo a nova lei a todas as situações 
concretizadas sob sua égide. 
 
Isto resulta que a lei nova somente se aplicará aos fatos ocorridos após 
a sua vigência; quanto às relações jurídicas passadas, continuarão a ser regidos pela 
lei velha. 
 
Veja-se o que dispõe o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro: 
 
 
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Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o 
direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) 
§ 1º Reputa-seato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em 
que se efetuou. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957) 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, 
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou 
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (Incluído pela Lei nº 
3.238, de 1957) 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba 
recurso. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957) 
 
Por sua vez, a Constituição Federal também possui determinação 
similar, em seu artigo 5º, XXXVI: 
 
Art. 5º....XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a 
coisa julgada 
No entanto, poderá haver a retroatividade, desde que prevista na lei e 
não houver ofensa ao ato jurídico perfeito, direito adquirido e a coisa julgada. 
 
Aplicação imediata da lei nova às relações jurídicas continuativas: no 
que diz respeito às relações continuativas (também chamadas de trato sucessivo), a 
sua existência e validade ficam submetidas à norma vigente no tempo de seu início; 
no entanto, sua eficácia fica submetida à lei nova. 
 
Exemplo: novo limite de multa (cláusula penal) às taxas condominiais, 
não podem ultrapassar 2% ao mês, segundo o Código Civil de 2002. No Código Civil 
de 1916, a multa poderia ser fixada em até 20% ao mês. 
 
Não existe direito adquirido em face do poder constituinte originário. 
Isto porque o surgimento de uma nova Constituição faz desaparecer a ordem jurídica 
anterior. 
 
Existe direito adquirido em face do poder constituinte derivado? Zeno 
Veloso entende que sim. E categoricamente afirma: “É inconstitucional emenda à 
Constituição que desrespeita esta garantia.” Comentários à Lei de Introdução ao 
Código Civil, p. 110. No entanto, o STF afirma que não há direito adquirido nem 
mesmo em face do Poder Constituinte Derivado. Cristiano Chaves de Farias e Nelson 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3238.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3238.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3238.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3238.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3238.htm#art1
 
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Rosenvald citam como exemplo a Reforma da Previdência Social que relativizou 
alguns direitos dos servidores públicos em razão da emenda Constitucional PEC nº 
33. 
Relativização da coisa julgada: possibilidade. Exemplos: 
 
1- propositura de nova ação de investigação de paternidade quando 
na primeira ação não foi feito exame de DNA em razão da inexistência desse exame à 
época. 
2- § 5º do artigo 535 do novo Código de Processo Civil (Lei 
13.105/15), que dispõe: 
 
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por 
carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos 
próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: 
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; 
§ 5o Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se 
também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado 
em lei ou ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal 
Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido 
pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal, 
em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. 
 
3- A relativização da coisa julgada em ações coletivas. Dissertação 
de Mestrado do Prof. Dairson Mendes de Souza. 
 
Conclusão. Os autores Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald tecem 
importantes conclusões sobre a matéria, aqui transcritas: 
1) “A lei aplicável aos contratos será a do tempo de sua constituição no que diz respeito à sua 
existência e validade. Todavia, quanto à sua eficácia, aplicam-se as normas vigentes na data 
de sua execução. (...) 
2) Os direitos sucessórios serão regidos pela lei em vigor no tempo da abertura da sucessão, 
que corresponde ao momento do óbito do autor da herança (CC, art. 1784). 
3) O testamento submete-se às leis do tempo em que foi elaborado, inclusive no que tange à 
capacidade de testar (CC, art. 1861). 
4) Não se perde a capacidade já adquirida pelo advento de uma lei revogadora, alterando as 
regras sobre a capacidade civil (exemplificando, se uma nova lei aumentar a capacidade 
plena, novamente, para os vinte e um anos, aquele que, contando com dezenove anos, era 
maior e capaz não retorna à incapacidade). 
5) O casamento tem sua validade regida pelas normas vigentes quando de sua celebração, 
enquanto o regime de bens entre os cônjuges será disciplinado pela lei em vigor na 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
 
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celebração do pacto antenupcial, no que tange à sua eficácia e validade, estando a eficácia 
submetida à lei atual. 
6) A existência e a validade do pacto antenupcial estão submetidas à norma vigente no 
momento de sua celebração, mas a sua eficácia está subordinada à norma atual. Por isso, 
mesmo as pessoas casadas sob a égide do Código Civil de 1916 podem alterar o seu regime 
de bens, valendo-se do permissivo do § 2º do art. 1639 da Codificação, por dizer respeito 
aos seus efeitos; 
7) A qualificação dos direitos reais submete-se à lei nova.” 
 
Eficácia das leis no espaço 
 
Princípio da territorialidade: as leis são editadas para serem aplicadas no 
território nacional. 
Princípio da extraterritorialidade: em determinadas hipóteses, aplica-se a 
norma estrangeira em território nacional ou a lei brasileira em território estrangeiro. 
 
O Brasil adota o princípio da territorialidade mitigada, temperada ou 
moderada, em razão de admitir, a um só tempo, as regras da territorialidade (arts. 8º 
e 9º da LINDB) e da extraterritorialidade (arts. 7º, 10, 12 e 17). 
 
Aplica-se a regra do estatuto pessoal (lei do domicílio da pessoa): 
 
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e 
o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. 
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos 
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. 
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas 
ou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) 
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a 
lei do primeiro domicílio conjugal. 
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os 
nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. 
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa 
anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se 
apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de 
terceiros e dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 
1977) 
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, 
só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido 
antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito 
imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no 
país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimentointerno, poderá reexaminar, 
a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3238.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6515.htm#art49
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6515.htm#art49
 
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sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os 
efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009). 
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro 
cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. 
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua 
residência ou naquele em que se encontre. 
 
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do 
país em que estiverem situados. 
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens 
moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. 
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se 
encontre a coisa apenhada. 
 
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o 
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em 
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja 
mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 1995) 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. 
 
Em algumas hipóteses, a lei brasileira afasta o estatuto social para 
prestigiar critérios específicos de aplicação da lei estrangeira em território 
nacional. 
 
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a 
lei do país em que estiverem situados. (só o caput, os parágrafos são regulados pelo estatuto do 
domicílio) 
 
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. 
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, 
será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos 
do ato. 
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o 
proponente. (só o parágrafo segundo) 
 
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o 
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei 
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre 
que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, 
de 1995) 
 
 
O respeito à ordem pública com filtro para a admissão da lei estrangeira no 
território nacional 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12036.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9047.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9047.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9047.htm
 
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 Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não 
terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons 
costumes. 
 
Conceito de ordem pública: considerar os valores vigentes em determinado momento. O acatamento 
de uma norma estrangeira não pode tornar o seu resultado inconstitucional. Devem ser sopesados os 
princípios constitucionais. 
 
Prova dos fatos ocorridos no exterior 
 
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto 
ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira 
desconheça. 
 
Vale lembrar que a Constituição Federal proíbe a utilização das provas ilícitas (art. 
5º, LVI). 
 
A lei de interceptação telefônica (Lei 9.296/96) só pode ser utilizada para 
investigação criminal. Assim, não pode ser aplicada no cível. Porém, se necessário 
for, excepcionalmente, se necessária a preservação da dignidade da pessoa humana, o 
juiz poderá permitir a interceptação. 
 
Ementa: EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA DO DEVEDOR 
DE ALIMENTOS. CABIMENTO. Tentada a localização do executado de todas as formas, 
residindo este em outro Estado e arrastando-se a execução por quase dois anos, mostra-se cabível a 
interceptação telefônica do devedor de alimentos. Se por um lado a Carta Magna protege o direto à 
intimidade, também abarcou o princípio da proteção integral a crianças e adolescentes. Assim, 
ponderand0-se os dois princípios sobrepõe-se o direito à vida dos alimentados. A própria 
possibilidade da prisão civil no caso de dívida alimentar evidencia tal assertiva. Tal medida dispõe 
inclusive de cunho pedagógico para que outros devedores de alimentos não mais se utilizem se 
subterfúgios para safarem-se da obrigação. Agravo provido. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Agravo de 
Instrumento Nº 70018683508, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria 
Berenice Dias, Julgado em 28/03/2007) 
Bibliografia utilizada: FARIAS, Cristiano Chaves de; Rosenvald, Nelson. Curso de 
Direito Civil: parte geral e LINDB. 13. ed. São Paulo: Atlas, p. 105-124 
DA PESSOA NATURAL 
DA CAPACIDADE E DO INÍCIO DA PERSONALIDADE 
“Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.” 
 
 
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“Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, 
desde a concepção, os direitos do nascituro.” 
 
O nascimento com vida pode ser comprovado por um exame denominado docimasia 
hidrostática de Galeno. A presença de ar nos pulmões é o que determina o início da 
personalidade. Outros sinais também comprovam o nascimento como, por exemplo, 
movimentos e choro da criança. 
 
O início da personalidade é o nascimento e não a data do registro do nascimento. 
Proteção jurídica do nascituro (do latim nasciturus, aquele que deverá nascer): 
 
Não há consenso na doutrina acerca da natureza jurídica do nascituro. Existem três 
teorias a respeito: teoria natalista (a personalidade jurídica só é adquirida a partir do 
nascimento com vida), teoria condicionalista (porque existe uma condição para que 
adquira a personalidade jurídica, que é o nascimento com vida) e a teoria conceptista 
(a partir da concepção já há proteção à sua personalidade jurídica). 
Alguns direitos do nascituro: 
• Reconhecimento da filiação do nascituro (artigo 1609, parágrafo único 
CC), in verbis: 
 
“Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será 
feito: 
I - no registro do nascimento; 
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; 
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; 
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja 
sido o objeto único e principal do ato que o contém. 
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao 
seu falecimento, se ele deixar descendentes.” 
 
• Possibilidade de nomeaçãode curador ao nascituro (artigo 1709 CC) 
 
“Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não 
tendo o poder familiar.” 
Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro. 
 
• Possibilidade de se fazer doação ao nascituro (art. 542 CC) 
 
“Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante 
legal.” 
 
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• Capacidade sucessória do nascituro (art. 1798 CC) 
 
“Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento 
da abertura da sucessão.” 
 
• Direito à vida (art. 5º CF e art. 7º do ECA) e criminalização do aborto (art. 124 a 128 
do Código Penal); art. 4º da Declaração Universal dos Direitos Humanos e 
 
• Alimentos gravídicos (Lei 11.804/08) 
 
• Estabilidade da gestante no âmbito do direito de trabalho. O escopo é a 
tutela do nascituro. 
 
• Possibilidade de responsabilidade civil da gestante por condutas 
prejudiciais ao nascituro durante a gravidez? O tema ainda não chegou 
aos tribunais brasileiros. 
 
DA INCAPACIDADE ABSOLUTA E RELATIVA 
 
Conceito de incapacidade: é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, 
imposta pela lei somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção, pois a 
capacidade é a regra. 
 
Formas de suprir a incapacidade: representação e assistência. E se não houver a 
representação e assistência? Vejam o que dispõem o Código Civil: 
 
O artigo 166, I, do CC, in verbis: 
 
“Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;” 
 
O artigo 177, I, do CC, in verbis: 
 
“Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente;” 
 
 
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DOS ABSOLUTAMENTE INCAPAZES 
 
O artigo 3º do Código Civil dispõe sobre a incapacidade absoluta, in verbis: 
 
“Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 
16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)” 
 
Em quase todos os ordenamentos jurídicos existe restrição da capacidade aos 
menores de idade. 
 
DOS RELATIVAMENTE INCAPAZES 
 
O artigo 4º do Código Civil dispõe sobre a incapacidade relativa, in verbis: 
 
“Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela 
Lei nº 13.146, de 2015) 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação 
dada pela Lei nº 13.146, de 2015).” 
 
Causas transitórias que podem impedir a expressão da vontade: arteriosclerose, 
excessiva pressão arterial, paralisia, embriaguez não habitual, uso eventual e 
excessivo de psicotrópico ou substâncias alucinógenas. 
 
DA CURATELA DOS INTERDITOS 
 
A capacidade é a regra; a incapacidade, exceção. Por isso, a incapacidade 
relativa exige prova cabal e, excetuada a hipótese do inciso I do artigo 4º do CC, 
deverá ser demonstrada em processo judicial de interdição. 
 
Com efeito, os relativamente incapazes deverão ser interditados, conforme 
previsão do artigo 1.767 do Código Civil, in verbis: 
“Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
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 FACULDADE SANTA LÚCIA 
 MATERIAL DE APOIO 03 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL I 
PROFESSOR: Dairson Mendes de Souza 
CURSO: DIREITO – 1º SEMESTRE - 2019/1 
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I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
IV - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
V - os pródigos.” 
 
Somente após decisão judicial pela interdição é que uma pessoa será 
considerada relativamente incapaz, nas hipóteses dos incisos II, III e IV do CC. 
Quem pode solicitar o pedido de interdição? A legitimidade para a propositura 
da ação de interdição está prevista no artigo 747, do CPC de 2015, in verbis: 
“Art. 747. A interdição pode ser promovida: 
I - pelo cônjuge ou companheiro; 
II - pelos parentes ou tutores; 
III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; 
IV - pelo Ministério Público. 
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por documentação que acompanhe a 
petição inicial.” 
 
DA CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE 
 
A cessação da incapacidade ocorre quando desaparece o motivo que a 
determinou. O artigo 5º do CC dispõe: 
 
“Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à 
prática de todos os atos da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, 
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor 
tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde 
que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.” 
 
Maioridade: faz cessar a incapacidade decorrente da menoridade. Isto ocorre quando 
a pessoa faz aniversário aos 18 anos. Se nasceu no dia 29 de fevereiro do ano 
bissexto, completa a maioridade no dia 1º de março. Se ignora a data do nascimento, 
precisa de exame médico. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art123
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A opção do legislador não é critério científico. 
 
No direito comparado as pessoas alcançam a maioridade: aos 18 anos, em Portugal e 
Argentina; aos 20, na Suíça; aos 21, na Itália, Alemanha e Espanha. Aos 25, no Chile. 
 
Aos 18 anos, no Brasil, a pessoa responde civilmente pelos danos causados a 
terceiros, ficando autorizados a praticar validamente todos os atos da vida civil, sem a 
assistência de um representante legal, como adotar uma criança, desde que 16 anos 
mais velho que o adotado (art.

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