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09 LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR - APOSTILA RESUMO

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Projeto Monitoria 
 
@projetomonitoriacas 1 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR – CAS 2020 
 
 
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO PROCESSO PENAL MILITAR 
 
 
Devido Processo Legal 
 
Você sabia que a Constituição da República de 1988, em seu art. 5°, inciso LIV 
estabeleceu que para a existência de privação da liberdade ou de um bem, tais 
comprometimentos deveriam ocorrer mediante ao Devido Processo Legal? 
 
Desta forma, o presente Princípio é um limitador do Poder Estatal, abarcando outras 
garantias fundamentais, tais como: ampla defesa, contraditório, imparcialidade do juiz, razoável 
duração do processo, presunção de inocência etc. 
 
Contraditório 
 
 
Em consonância ao art 5°, inciso LV CRFB/88 “aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes”. 
 
Umas das características marcantes nesse princípio é a participação dialética das 
partes, a fiscalização, a informação e a contrariedade dos atos praticados no curso do 
processo. Como se percebe, as partes devem ter ciência da demanda e dos argumentos da 
parte contraria. Parte da Doutrina denomina o Contraditório como Paridade das Armas. 
 
Ampla Defesa 
 
 
O Princípio da Ampla Defesa também se encontra no art. 5°, inciso LIV CRFB/88, no 
entanto eles não se confundem, uma vez que o contraditório se manifesta em ambas as partes, 
já a ampla defesa somente ao réu ou acusado. Verifica-se, então, que a ampla defesa é a 
condição do réu ou acusado de levar à baila todas as provas legais a esclarecer os fatos, omitir-
se ou se prevalecer do silêncio. 
 
Duplo Grau de Jurisdição 
 
 
O Princípio do Duplo Grau de Jurisdição não está expresso na Constituição da 
República de 1988, mas sim de maneira implícita no art. 5°, inciso LV CRFB/88, que com os 
meio e recurso (grifo) a ela inerentes. Faz com que o réu ou o acusado tenha o direito de 
recorrer à instância hierarquicamente superior, para fins de reexame da decisão judicial. 
 
 
Presunção de Inocência (ou Não Culpabilidade) 
 
 
Com a Constituição da República de 1988, a Presunção de Inocência ganhou status 
constitucional, uma vez que no art. 5°, inciso LVII CRFB/88 diz: “Ninguém será considerado 
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Esse direito faz com que, o 
 
Projeto Monitoria 
 
@projetomonitoriacas 2 
 
acusado ou o réu seja, culpado após o devido processo legal, onde ele tenha utilizado 
todos os meios de prova para a sua defesa e ainda desconstruir a tese acusatória. 
 
Publicidade 
 
 
O acesso a todos aos atos praticados no curso do processo eleva a credibilidade, a 
transparência e a fiscalização dos atos dos juízes e das partes. Nesse contexto, o art 93, inciso 
IX CRFB/88 “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em 
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos 
quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse 
público à informação”. 
 
Dignidade da Pessoa Humana 
 
 
Além de ser um dos princípios fundamentais da República (art. 1°, inciso III CRFB/88) e ainda dos 
direitos e garantias fundamentais (art.5° CRFB/88), a sua aplicação no Direito Processual Penal 
Militar está relacionada ao status libertatis do militar, optando assim em medidas menos nocivas 
ao militar. 
 
André Nicolitt2 observar que, como dito, a dignidade é o fim do próprio Estado, dessa maneira, 
toda atividade estatal deve estar sempre voltada à tutela, à realização e ao respeito à dignidade 
humana, o que não exclui a atividade persecutória do Estado, seja através da investigação 
criminal, seja no exercício da ação penal, seja no curso do processo. 
 
 
SISTEMA DO PROCESSO PENAL MILITAR 
 
 
O Processo Penal Militar adotou o Sistema Acusatório, caracterizado pela presença de 
um Juiz, Ministério Público e a Defesa. De modo que as partes (MP e Defesa) sejam 
responsáveis pela a produção de provas e cabendo ao magistrado a imparcialidade e a 
garantia da liberdade e dos direitos fundamentais. Por fim, existem ainda outros Sistemas que 
são o Inquisitorial e o Misto. 
 
 
 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
 
Fontes do Código de Processo Penal Militar 
 
 
As fontes do Código de Processo Penal Militar são a Constituição da República e a Lei 
Processual Penal Comum. Nota-se ainda que o CPPM no art. 1° § 1° consolidou que as 
Convenções e os Tratados, no qual o Brasil foi signatário, prevaleceram em detrimento ao 
CPPM. Como por exemplo, o Pacto São José da Costa Rica, ratificado pelo Brasil em 1992, 
 
através do Decreto n° 687, que no n° 2 do art. 8 estabelece a igualdade entre as partes na fase 
do processo (paridade das armas). 
 
Projeto Monitoria 
 
@projetomonitoriacas 3 
 
 
Nesse cenário, o Código de Processo Penal Militar, constitui-se na principal fonte 
formal do processo penal militar, valendo lembrar que sua edição somente é possível por lei 
lavrada pela União, o que configura o Estado como fonte material do Direito Processual 
Penal Militar, nos termos do inciso I do artigo 22 da Constituição Federal. 
 
Suprimento dos Casos Omissos do Código de Processo Penal Militar 
 
 
A omissão do CPPM é dirimida pela interpretação do art 3°, uma vez que traz o rol de 
condicionantes para sanar a lacuna existente. Sendo elas: a legislação processual penal 
comum (Código de Processo Penal), jurisprudência, usos e costumes militares, princípios 
gerais do direito e analogia. No que tange a Legislação Processual Penal Comum, cabe aqui 
relatar que, sua utilização não poderá trazer prejuízo ao processo penal militar, como por 
exemplo, a aplicação da Lei 9099/95, no qual seus institutos não são aplicáveis na Justiça 
Militar, por força da vedação da Lei 9839/99. 
 
Territorialidade e Extraterritorialidade 
 
 
O art. 4° CPPM adotou o princípio da territorialidade, onde todo e qualquer processo penal militar que 
teve origem no território nacional deve ser equacionado a luz do Código de Processo Penal Militar, 
salvo as convenções, tratados e regras de direito internacional, como por exemplo a Convenção de 
Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo Decreto Legislativo n° 103/64, e 
promulgada pelo Decreto n° 56.435/65. 
 
Com a exceção a territorialidade, a extraterritorialidade sobre a aplicação a lei processual penal 
militar fora do território brasileiro nos crimes contra as instituições militares. 
 
 
 
APLICAÇÃO À JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL 
 
 
Pela interpretação do art. 6°, o Código de Processo Penal Militar se aplica nas Justiças 
Militares Estaduais, nota-se que a própria Constituição da República de 1988 já estabeleceu 
em seu art. 125, § 3° essa possibilidade, na medida em que os Estados poderão criar o 
Tribunal de Justiça Militar Estadual. No caso em comendo, o Estado do Rio de Janeiro não 
possui o Tribunal de Justiça Militar, tão somente uma Vara Especializada denominada Auditoria 
de Justiça Militar/AJMERJ. 
 
 
 
A JUSTIÇA MILITAR NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
Importante observarmos as mudanças ocorridas ao longo do tempo em relação à 
definição dos crimes militares, sobretudo quando dolosos contra a vida. 
 
Publicada no dia 13 de outubro de 2017, a Lei n.º 13.491/17 alterou o art. 9º do Código 
Penal Militar, modificando, sensivelmente, a definição dos crimes militares e a competência 
para o julgamento daqueles cometidos por membros das Forças Armadas, dolosamente, contra 
a vida de civil, em situações específicas. 
 
 
Projeto Monitoria 
 
@projetomonitoriacas 4 
 
Inicialmente, é preciso retroceder ao histórico relativo à questão da competência 
jurisdicionalpara julgar os crimes dolosos contra a vida de civil praticados por militares e à 
definição dos crimes militares, para entendermos melhor a efetiva mudança. 
 
Na redação originária da CF/88 havia previsão expressa de que os crimes militares definidos em Lei 
(sem excepcionar os crimes dolosos contra a vida de civil) seriam da competência da Justiça Militar da 
União ou da Justiça Militar dos Estados, conforme vínculo do sujeito ativo do delito às Forças Armadas 
 
ou às Forças Auxiliares (Policiais e Bombeiros Militares). 
 
Sucede que, por meio da Lei nº 9.299/96, o Congresso Nacional, atendendo aos apelos 
de setores da sociedade e do clamor público, diante de confrontos com resultado morte (de 
civil), alterou o art. 9º do CPM e o art. 82 do CPPM, excepcionando da competência da Justiça 
Castrense os crimes dolosos contra a vida de civil, atribuindo-a ao Tribunal do Júri. 
 
Com essa alteração legislativa de 1996, surgiu uma polêmica doutrinária e 
jurisprudencial a respeito da constitucionalidade da modificação, haja vista que a CF/88 (em 
sua redação originária) não continha qualquer tipo de exceção à competência da JM para julgar 
os crimes dolosos contra a vida de civil, sendo duvidosa a compatibilidade vertical daquela 
legislação com a Carta Magna, quando criou restrições nela não previstas. 
 
Com a promulgação da Emenda Constitucional n.º 45 (Reforma do Judiciário) tal 
celeuma cedeu, diante da reforma da CF/88, uma vez que nela foi incluída, expressamente, a 
competência do Tribunal do Júri para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida de civil 
praticados por militares estaduais. 
 
Ressalte-se que, inobstante essa previsão ampliasse a competência do Tribunal do Júri, 
expressamente, apenas em relação aos militares estaduais, adotou-se a interpretação sistemática 
de que tal norma era aplicável, também aos militares das Forças Armadas, isso porque o Código 
Penal Militar, alterado pela Lei nº 9.299/96, regulamentando o art. 124 da CF/88, já continha 
previsão nesse sentido (art. 9º, então parágrafo único). 
 
A partir da EC n.º 45 esse entendimento foi sedimentado. 
 
Porém, isso não impedia que o legislador ordinário, ainda regulamentando o art. 124 da 
CF/88, modificasse tal disposição para excepcionar alguma situação específica. 
 
Foi o que se sucedeu com a aprovação da Lei nº 12.432/11, que retirou do âmbito do 
Tribunal Júri a competência para julgar crimes dolosos contra a vida de civil praticados por 
militares das Forças Armadas, nas circunstâncias previstas no art. 303, do Código Brasileiro de 
Aeronáutica, ou seja, relacionadas com o abate de aeronave hostil em sobrevoo no espaço 
aéreo brasileiro e que não obedeça às ordens para pouso. 
 
Assim, a nova Lei nº 13.491/17, como já havia sido feito também pela Lei nº 12.432/11, 
ampliou as hipóteses em que a competência para julgamento de crimes dolosos contra a vida 
de civil não será mais do Tribunal do Júri, dilatando o espectro de atuação da jurisdição militar. 
 
É imprescindível frisar que, em regra, os crimes dolosos contra a vida de civil 
continuam da competência do Tribunal do Júri, e somente nas circunstâncias excepcionais 
incluídas no CPM pelas Leis nºs. 13.491/17 e 12.432/11 é que se atribui à Justiça Castrense. 
 
Justiça Militar da União 
 
 
A Justiça Militar da União pertence ao Poder Judiciário (art. 92 CRFB/88), estabelecendo 
que os Órgãos da Justiça Militar serão compostos pelo Superior Tribunal Militar/STM e os 
 
Projeto Monitoria 
 
@projetomonitoriacas 5 
 
Tribunais e Juízes Militares (art. 122 CRFB/88). Para tanto, possui competência para 
processar e julgar os crimes militares definidos em lei, tendo como agentes os Militares das 
Forças Armadas e Civis (art. 124 CRFB/88). 
 
Em relação à organização da Justiça da Justiça Militar da União, a Lei 8457/92 
estabeleceu a regulamentação e o seu funcionamento. 
 
Primeira Instância da Justiça Militar da União 
 
 
Os Órgãos de Primeira Instância são as 12 (doze) Circunscrições Judiciárias Militares, 
espalhas no território nacional, onde cada Circunscrição possui pelo menos 01(uma) Auditoria. 
 
As auditorias são divididas em Órgãos Julgadores (Conselhos de Justiça): 
 
Conselho Permanente de Justiça: Constituído pelo Juiz Auditor (Juiz de Direito), por 
um Oficial Superior, que será o Presidente, e 03(três) Oficiais de posto até capitão-tenente ou 
capitão, esses Juízes Militares. A composição do presente Conselho funcionará durante 
03(três) meses consecutivos, ou podendo ser prorrogado. Tem competência para processar e 
julgar Praças e Civis. 
 
Conselho Especial de Justiça: Constituído pelo Juiz Auditor (Juiz de Direito) e 
04(quatro) Juízes Militares, sob a presidência, dentre estes, de um Oficial General ou Oficial 
Superior, de posto mais elevado que o dos demais juízes. Os Juízes Militares serão de posto 
superior ao do acusado, ou do mesmo posto e de maior antiguidade. A composição do 
Conselho Especial é constituída para cada processo, e dissolvido após conclusão dos seus 
trabalhos. Tem competência para processar e julgar os Oficiais das Forças Armadas, exceto 
Oficiais Generais, que cuja competência é originaria do STM. 
 
 
Em caso de concurso de agentes envolvendo oficiais e praças, a competência para processar 
e julgar o feito será do Conselho Especial de Justiça. 
 
 
 
Segunda Instância da Justiça Militar da União 
 
 
O Superior Tribunal Militar/STM é o Órgão de Segunda Instância da Justiça Militar da 
União, com sede no Distrito Federal e jurisdição em todo território nacional. A composição do 
STM é assim disposta: 03 (três) Oficiais Generais da Marinha, 04 (quatro) Oficiais Generais do 
Exército, 03 (três) Oficiais Generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado, e 
ainda 03 (três) advogados, 1(um) Juiz Auditor e 01(um) Membro do Ministério Publico Militar, 
perfazendo 15(quinze) Ministros. 
 
 
Justiça Militar dos Estados e Distrito Federal e Auditoria de Justiça Militar 
do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ 
 
A Justiça Militar dos Estados e Distrito Federal pertence ao Poder Judiciário (art. 125 
CRFB/88), estabelecendo, a critério do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar Estadual, 
construída, em primeiro grau, pelos Juízes de Direito e pelos Conselhos de Justiça, e de 
segundo grau os Tribunais Militares ou pelos Tribunais de Justiça, em que o efetivo militar seja 
superior a vinte mil integrantes. 
 
 
Projeto Monitoria 
 
@projetomonitoriacas 6 
 
O Estado do Rio de Janeiro não possui um Tribunal de Justiça Militar, no entanto os 
crimes militares serão julgados e processados por uma Vara Especializada, denominada 
Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ juntamente com os Conselhos 
de Justiça. A AJMERJ e os Conselhos de Justiça possuem competência para processar e julgar os 
crimes militares praticados pelos Militares Estaduais, salvo os crimes dolosos contra a vida 
praticados contra civil (lei 9299/96), de competência do Tribunal do Júri. Já nos Estados de São 
Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, podemos constar a existência do Tribunal de Justiça 
Militar (órgão de segunda instância) e as Auditorias Militares (órgão de primeira instância). 
 
Competência singular do Juiz de Direito do Juízo Militar em processar e 
julgar os crimes militares contra civis e as ações contra atos disciplinares 
 
 
No que se refere às ações judiciais 
contra atos disciplinares militares, mesmo por 
força do art. 125 § 4° e 5° CRFB/88, com redação 
da EC n° 45/04, que determina a competência da 
Justiça Militar, na pessoa do Juiz de Direito do 
Juízo Militar; no Estado do Rio de Janeiro esta 
realidade é bem diferente, visto a Súmula n° 131 
TJRJ combinado com o art. 97 
§ 9° Código de Organização e Divisão 
Judiciária do Estado do Rio de Janeiro 
(CODJERJ), transferiu esta atribuição para as 
Varas de Fazenda Pública.Nesse diapasão, o art. 125 § 5° CRFB/88 
estabeleceu a competência singular do Juiz de 
Direito do Juízo Militar, em processar 
 
 
SÚMULA 131 TJRJ 
 
Ações de impugnação a atos disciplinares. Art. 
125, par. 4°, da Constituição Federal. Norma 
constitucional dependente de lei 
infraconstitucional para a sua regulamentação. 
Competência das Varas Fazendárias. 
“Enquanto não editada a legislação 
infraconstitucional de que trata o Art. 125, par 
.4°, da Constituição Federal, a competência 
para julgar as ações contra atos disciplinares 
militares continua sendo dos Juízes 
Fazendários”. 
Referência: Uniformização de Jurisprudência 
n° 2006.018.00004 – Julgamento em 
13/11/2006. 
Relatora: Desembargadora Marianna Pereira 
Nunes Feteira Gonçalves. Votação por maioria. 
FONTE: 
http://portaltj.tjrj.jus.br/web/guest/sumulas-131. 
 
Projeto Monitoria 
 
@projetomonitoriacas 7 
 
 
e julgar os crimes militares cometido contra civis, e os demais crimes militares cabendo os 
Conselhos de Justiça. 
 
Primeira Instância da Justiça Militar Estadual/AJMERJ 
 
O Órgão de Primeira Instância que julga e processa os crimes militares praticados por 
integrantes da PMERJ e do CBMERJ é a Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de 
Janeiro/AJMERJ através dos Conselhos de Justiça, conforme preceitua o art. 152 CODJERJ. 
 
Nesse compasso, a AJMERJ é constituída pelos Conselhos Permanentes e Especiais de 
Justiça, e seus funcionamentos são regulados Lei 8457/92. 
 
Conselho Permanente de Justiça: Constituído pelo Juiz de Direito do Juízo Militar 
(Presidente do Conselho), por 01(um) Oficial Superior e 03(três) Oficiais de posto até capitão, 
esses Juízes Militares. A composição do presente Conselho funcionará durante 03(três) meses 
consecutivos, ou podendo ser prorrogado. Tem competência para processar e julgar Praças. 
 
Conselho Especial de Justiça: Constituído pelo Juiz de Direito do Juízo Militar 
(Presidente do Conselho) e 04(quatro) oficiais. Os Juízes Militares serão de posto superior ao 
do acusado, ou do mesmo posto e de maior antiguidade. A composição do Conselho Especial 
é constituída para cada processo, e dissolvido após conclusão dos seus trabalhos. Tem 
competência para processar e julgar os Oficiais. 
 
 
Segunda Instância da Justiça Militar Estadual/AJMERJ 
 
 
O Órgão de Segunda Instância da Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ é o 
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, conforme preceitua o art 125 § 3° CRFB/88 
combinado com o art. 153 CODJERJ. Cabendo a este decidir sobre a perda do posto e da patente 
dos oficiais e da graduação das praças. 
 
POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR 
 
 
 
Você já ouviu falar em Polícia Administrativa e Polícia Judiciária? Saberia diferenciá-las? 
 
 
 
POLÍCIA ADMINISTRATIVA E 
JUDICIÁRIA 
Sobre o tema nos ensina Célio 
Lobão: 
Em função de suas atribuições, as 
polícias das corporações militares 
federais são administrativas e 
judiciárias. A primeira previne e 
reprime o crime militar, no âmbito 
das respectivas corporações, e 
excepcionalmente fora dela. (...). 
A Polícia Judiciária tem como 
atribuição apurar as infrações 
penais militares, a fim de oferecer 
elementos destinados a 
propositura da ação penal(...). 
Lobão, Célio. Direito Processual 
 
 
 
Inicialmente, o poder de polícia do Estado encontra-se 
dividido em duas funções: Polícia Administrativa e Polícia 
Judiciária. A primeira possui a função preventiva já a 
segunda a apuração dos fatos que já ocorreram. Dito isto, 
agora no plano constitucional, as Forças Armadas 
possuem funções e Policia Administrativa no que se 
refere ao art. 142 CRFB/88(Defesa da Pátria e garantia 
dos Poderes Constitucionais) combinado com a Lei 
Complementar 97/99, regulamentado pelo Dec. 3897/01, 
que instituiu a aplicação das Forças Armadas na Garantia 
da Lei e da Ordem (GLO). No que tange as Policias 
Militares e Corpos de Bombeiros Militares, segundo o art. 
144, §5° 
 
Projeto Monitoria 
 
@projetomonitoriacas 8 
 
 
CRFB/88 realizam também função predominante de polícia administrativa, uma vez que a 
Policia Militar consiste no policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública e o Corpo 
de Bombeiros a defesa civil. Não se afastando dessas premissas, essas Instituições exercem 
atividade de Polícia Judiciária Militar, uma no plano Federal (Marinha, Exército e Aeronáutica) e no 
plano Estadual/Distrital (Policiais Militares e Corpos de Bombeiros Militares), no momento em que 
ocorre um crime militar, conforme o Código de Processo Penal Militar no Título II - Capítulo Único da 
Polícia Judiciária Militar, nos artigos 7° e 8. Ademais, de suma importância consignar, que existe uma 
vedação expressa no texto constitucional no que se refere à apuração dos crimes militares pela 
Policia Civil, no art. 144, § 4° CRFB/88. 
 
Exercício da Polícia Judiciária Militar (art. 7° CPPM) 
 
 
O artigo em análise destina-se a indicação das Autoridades de Polícia Judiciária 
Militar (APJM), assim mencionadas: 
 
a) Pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território nacional 
e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como 
a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, 
em país estrangeiro; 
 
b) Pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por 
disposição legal, estejam sob sua jurisdição; 
 
c) Pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e 
unidades que lhes são subordinados; 
 
d) Pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, 
forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando; 
 
e) Pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e 
unidades dos respectivos territórios; 
 
f) Pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da 
Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados; 
 
g) Pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços 
previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; 
 
h) Pelos comandantes de forças, unidades ou navios. 
 
 
Em relação às APJM das Policias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, nos 
ensina Cícero Robson Coimbra Neves5: 
 
No âmbito das Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, esse paralelismo 
também deve ser procurado, sendo autoridades originariamente competente para medida de 
polícia judiciária militar, in exemplis, o Comandante-Geral, o Subcomandante da PM e os 
Comandantes de Unidade. 
 
Em suma, os Comandantes, Chefes e Diretores de Organizações Policiais Militares 
(OPM), serão a APJM no âmbito da PMERJ, tendo como simetria o artigo em comento. 
 
 
 
 
Projeto Monitoria 
 
@projetomonitoriacas 9 
 
 
Delegação do Exercício de Polícia Judiciária Militar 
 
 
Os parágrafos do art. 7° CPPM enumeram as possibilidades de delegação, por tempo 
limitado, das atividades de Polícia Judiciária Militar aos Oficiais da ativa, no entanto tais 
circunstâncias deverão obedecer aos seguintes requisitos: 
 
a) Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá 
aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da 
reserva, remunerada ou não, ou reformado. 
 
b) Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá 
ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo. 
 
c) Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a delegação, a 
antiguidade de posto. 
 
d) Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo 
absoluto, a existência de outro oficial da ativa nas condições do 
 
§ 3º, caberá ao ministro competente a designação de oficial da reservade posto mais 
elevado para a instauração do inquérito policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá-lo, 
para tomar essa providência. 
 
 
Competência da Polícia Judiciária Militar (art. 8° CPPM) 
 
 
As competências estabelecidas no rol do art. 8° CPPM é meramente exemplificativa, na 
medida em que o legislador infraconstitucional não teve a intenção de esgotar toda a matéria. 
 
Nesse sentido são as lições de Cícero Robson Coimbra Neves6 quando diz: 
 
Essas atribuições numeradas no rol do art. 8° do CPPM, rol que dever ser considerado exemplificativo, 
e não taxativo, ao contrário do que entendem alguns autores. Essa conclusão note-se, decorre da 
amplitude inerente à apuração de um fato e da conclusão de que a conjunção de provas pela polícia 
judiciária militar é precária, ou seja, será refeito sempre que possível, no curso do processo penal 
militar constitucional, após o recebimento da denúncia, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. 
 
Em decorrência do art. 8° CPPM, passamos agora a analisar as competências da Polícia 
Judiciária Militar, a saber: 
 
➢ Apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição 
militar, e sua autoria: Inicialmente, deverá ficar demonstrado a existência de indícios de 
uma infração penal militar, e que consequentemente, tais delitos militares deverão estar 
consignados no Código Penal Militar (Dec. Lei 1.001/69). No que se refere à Lei Especial, 
não, mas de coaduna com os dispositivos constitucionais, na medida em que o art.30 da Lei 
7.170/83 (Lei de Segurança Nacional) não recepcionado pela CRFB/88.
 
 
 
Importante ressaltar que com a mudança do artigo 9º do Código Penal Militar, imposta pela 
lei nº 13.491, de 2017, podem ser considerados crimes militares os crimes previstos no CPM e 
os previstos na legislação penal comum, conforme podemos observar na nova redação do 
artigo em tela: 
➢ OS crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: 
 
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a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma 
situação ou assemelhado; 
 
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração 
militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou 
em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da 
reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996); 
 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou 
reformado, ou assemelhado, ou civil; 
 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a 
administração militar, ou a ordem administrativa militar; 
 
f) Prestar informações do Poder Judiciário e ao Ministério Público: São informações e 
diligências requisitadas pelo Juiz ou pelo Ministério Público, na fase inquisitorial ou na 
fase processual. A fim de exemplificar, podemos citar: oitiva de testemunhas, juntada 
de documentos, reprodução simulada e entre outras; 
 
 
g) Cumprir mandados de prisão expedidos 
pela Justiça Militar: Essa competência poderá 
ser estendida, também, para as Autoridades 
Judiciárias da Justiça Comum; 
 
h) Representar pela decretação da prisão 
preventiva e pelo reconhecimento de 
insanidade mental do indiciado: Inicialmente, 
há a necessidade de esclarecer o instituto da 
Prisão Preventiva no CPPM. Como se percebe, o 
art. 254 CPPM retrata a competência e os 
requisitos desta medida cautelar, nesse 
compasso tal medida poderá ser decretada pelo 
 
 
PRISÃO PREVENTIVA 
Sobre o tema nos ensina Célio 
Lobão: 
(...) Na Justiça Militar Estadual, 
aplica-se o exposto nos feitos da 
competência do colegiado. Nos 
crimes da competência singular do 
Juiz de Direito do Juízo Militar, a 
este compete decretar a prisão 
preventiva na fase pré-
processual e durante a instrução 
criminal. 
Lobão, Célio. Direito Processual 
Penal Militar. Rio de Janeiro: 
Forense, 2010, p. 312. 
 
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Juiz de Direito do Juízo Militar ou pelo Conselho de Justiça (Especial ou Permanente), e 
ainda a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Encarregado 
do IPM. Para tanto, a Prisão Preventiva poderá ser decretada em qualquer fase, tanto 
no IPM ou no Processo Criminal. No que concerne aos requisitos: prova do fato delituoso 
(prova/certeza da existência do crime militar) e indícios suficientes de autoria (não se 
exige aqui a certeza, mas sim a probabilidade de autoria). Agora vejamos 
 
os fundamentos da Prisão Preventiva (art. 255 CPPM): garantia da ordem pública 
(risco do agente solto praticar reiteradamente crimes militares), conveniência da 
instrução criminal (quando o agente solto poderá prejudicar a colheita de elementos 
de informação ou provas), periculosidade do indiciado ou acusado (atos que 
 
poderiam ameaças a coletividade e a paz social), segurança da aplicação da lei penal 
 
militar (perigo iminente de fuga do agente) e exigências da manutenção das 
 
normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares (na medida em que atos 
desafiadores e desrespeitosos são perpetrados pelo agente em desfavor de seus 
superiores hierárquicos). Finalmente, no que tange a insanidade mental do indiciado 
(art. 156 § 2° c/c art. 160, parágrafo único, ambos, CPPM), poderá ser ordenada pelo 
Juiz de Direito do Juízo Militar (ofício), a requerimento do MP, defensor, curador, 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do indiciado e ainda pelo encarregado do 
IPM. 
 
i) Cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob a sua 
guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código: No 
caso em comendo, podemos fazer uma referência à Unidade Prisional da PMERJ-
UP/PMERJ, onde seu Diretor ficará sujeito aos ditames da Justiça Militar (AJMERJ), 
bem como as referências da Lei de Execução Penal (Lei 7210/84). 
 
j) Solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à 
elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo: O encarregado buscará 
em órgãos externos elementos de informação (documentos, certidões, filmagens) para 
elucidar a infração penal militar. 
 
k) Requisitar da Policia Civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames 
necessários: A PMERJ possui o Centro de Criminalística, que muito embora seja 
referência nacional em perícia criminal, infelizmente alguns exames não são realizados 
por esta Unidade, como é o caso dos exames de corpo e delito e necropsia. Nesse 
sentido, será requisitado aos órgãos da Policia Civil o devido exame pericial, e que na 
inobservância desta requisição poderá o perito responder administrativamente e 
criminalmente. 
 
l) Atender pedidos de apresentação de militares à autoridade civil: Nesse dispositivo, a 
Autoridade de Polícia Judiciária Militar deverá apresentar os Policiais Militares, a seu 
comando, às autoridades civis, sob pena de responsabilidade administrativa e criminal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INQUÉRITO POLICIAL MILITAR 
 
 
O inquérito policial, portanto, é o instrumento de 
que se vale o Estado, através da polícia, órgão integrante 
da função executiva, para iniciar a persecução penal com 
 
controle das investigações realizadas do Ministério 
Público (cf, art.129, VII, da CRFB). 
 
Nesse sentido, a doutrina afirma que o Inquérito 
Policial Militar é um mecanismo de se evitar abusos por 
parte do Estado, evitando assim que um cidadão 
responda a um processo criminal, sem que antes se 
apure as informações que lhe são imputadas, 
resguardando os direitos e garantias fundamentaisdo 
cidadão. 
 
Conceito 
 
 
ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO 
E PROVA 
Nesse sentido aponta Renato 
Brasileiro de Lima: 
(...) a palavra prova só pode ser 
usada para se referir aos 
elementos de convicção 
produzidos, em regra, no curso do 
processo judicial, e, por 
conseguinte, com a necessária 
participação dialética das partes, 
sob o manto do contraditório 
(ainda que diferido) e da ampla 
defesa. 
Por outro lado, elementos de 
informação são aqueles colhidos 
na fase investigatória, sem a 
necessária participação dialética 
das partes (...) 
DE LIMA, Renato Brasileiro. 
Manual de Processo Penal. Rio 
de Janeiro: Impetus, 2011, p. 116.
 
 
O Inquérito Policial Militar é um procedimento administrativo de característica inquisitorial, 
cujo encarregado exerce as funções de Autoridade de Polícia Judiciária Militar, no qual desenvolve 
diligências objetivando a coleta de elementos de informação, indicando o autor (se possível) e 
possibilitando o oferecimento da peça acusatória por parte do Ministério Público. 
 
Natureza Jurídica 
 
Por se tratar de um procedimento administrativo, o Inquérito Policial Militar não contempla a ampla 
defesa e o contraditório, consagrados no art. 5°, inciso LVI CRFB/88, pelo simples motivo de não 
ser um Processo Judicial ou Administrativo. 
 
Por derradeiro, o IPM é considerado pela doutrina e pela jurisprudência uma mera peça 
informativa (elementos de informação), e que eventuais irregularidades no curso deste 
procedimento não tem o condão de contaminar o processo penal militar, mas sim a retirada dessa 
prova dos autos do processo. 
 
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Finalidade 
 
 
A finalidade do Inquérito Policial Militar encontra-se disciplinada no art. 9° CPPM, que 
em síntese atribui ao IPM à apuração sumária de fato, que configure crime militar e sua autoria. 
Possui caráter de instrução provisória, cuja finalidade é ministra elementos necessários para à 
propositura da ação penal. 
 
Características do Inquérito Policial Militar 
 
 
a) Procedimento escrito 
 
De acordo com o art. 21 CPPM, todas as peças serão, por ordem cronológicas, reunidas 
num só processado e datilografado, com folhas numeradas e rubricadas pelo escrivão. 
b) Procedimento inquisitorial 
 
O entendimento da doutrina e jurisprudência é que o Inquérito Policial Militar possui 
caráter inquisitorial, não abarcando os princípios do contraditório e da ampla defesa. Essa 
natureza inquisitorial, está ligada a não comunicação dos atos investigatórios ao indiciado, 
fazendo com que, esse procedimento seja eficiente e eficaz, no que concerne a identificação 
do autor do crime militar. 
 
Convém destacar, que embora o IPM seja inquisitorial, tal característica não afasta a 
possibilidade de o indiciado propor a formulação de quesitos nas pericias e exames, conforme 
preceitua o art. 316 CPPM. 
 
c) Procedimento sigiloso 
 
O sigilo do IPM está consagrado no art. 16 CPPM, momento em que o encarregado 
pode permitir o acesso dos autos do IPM ao advogado do indiciado. Esta “faculdade” do 
encarregado, não encontra respaldo legal na nova ordem jurídica, na medida em que a Lei 
8.906/94 (Estatuto da OAB) no seu art. 7°, inciso XIV, atribui o direito ao advogado de ter 
acesso aos autos do flagrante e dos inquéritos, combinado com a SV n° 14. 
 
No que tange as demais pessoas, se faz necessário o sigilo, pelo simples motivo de 
que o IPM visa investigar as infrações penais militares, buscando assim os elementos de 
informação para a identificação da a autoria e a materialidade. Por certo a divulgação da 
investigação poderá interferir na efetividade das ações de polícia judiciária militar. 
 
d) Procedimento dispensável 
 
Sendo o Ministério Público o titular da ação penal, poderá ele, dispor do IPM quando 
obtiver informações mínimas para o oferecimento da denúncia. Essas informações constam 
nos seguintes artigos do CPPM, a saber: 
 
Art. 27 CPPM: Quando o Auto de Prisão em Flagrante for suficiente para a elucidação do fato 
e sua autoria; 
 
Art. 28 CPPM: No momento em que o fato e autoria já estiverem esclarecidos por documentos 
ou outras provas matérias, nos crimes contra a honra (escritos ou publicados e seu autor 
identificado) e nos crimes do art. 341 (desacato) e art. 349 (desobediência de decisão judicial), 
ambos do Código Penal Militar. 
 
 
 
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e) Procedimento Oficial 
 
Incumbe a Autoridade de Polícia Judiciária Militar (Marinha, Exército, Aeronáutica, 
Policia Militar e Corpo de Bombeiros Militares) a presidência do IPM. 
 
f) Procedimento oficioso 
 
A Autoridade de Polícia Judiciária Militar que tomar conhecimento de uma notícia crime, ela 
é obrigada a agir de oficio, independente de provocação da vítima ou de qualquer outra parte. 
g) Procedimento indisponível 
 
Uma vez instaurado o IPM, a Autoridade de Polícia Judiciária Militar não poderá 
arquivar esse procedimento, visto que compete ao titular da ação penal propor ao Juiz de 
Direito o arquivamento do feito. 
 
Formas de Instauração do IPM 
 
 
A instauração do IPM é mediante Portaria, lavrada pela 
Autoridade de Polícia Judiciária Militar, conforme preceitua o art. 10 CPPM. 
 
 
 
 
NOTITIA CRIMINIS 
 
Nesse sentido aponta Renato Brasileiro de Lima: 
 
Notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade 
policial, acerca de um fato delituoso. Subdivide-se em: 
Espontânea: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por 
meios de suas atividades rotineiras (...). 
Provocada: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da infração penal 
através de um expediente escrito (...). 
Coercitiva: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso 
através da apresentação do indivíduo preso em flagrante. 
DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 
143 e 144. 
 
 
 
Instauração de Ofício – Art. 10, Alínea (a) CPPM 
 
 
É quando a Autoridade de Polícia Judiciária Militar conhece diretamente os fatos que 
noticiam a infração penal militar. 
 
Instauração por Determinação ou Delegação - art. 10, Alínea (b) CPPM 
 
 
A Autoridade de Polícia Judiciária Militar Superior irá determinar ou delegar para outra 
Autoridade, de condição inferior (subordinada) a instauração de IPM. 
 
Instauração por Requisição do Ministério Público - Art. 10, Alínea (C) Cppm 
 
 
O Ministério Público irá requisitar diretamente a Autoridade de Polícia Judiciária Militar 
a instauração do IPM. Cabe ainda consignar, que a própria Constituição da República de 1988 
atribui essa competência ao Parquet, conforme art. 129, VIII CRFB/88. 
 
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Instauração por Decisão do Superior Tribunal Militar - Art. 10, Alínea (d) 
CPPM 
 
 
Aplicando a simetria aos Estados, no caso em comendo o Estado do Rio de Janeiro, 
onde o Órgão de Segunda Instância da AJMERJ é o Tribunal de Justiça, este, poderá decidir 
em remeter os autos ao Ministério Público para fins de instauração do Inquérito Policial Militar. 
 
Instauração Por Requerimento do Ofendido, do Seu Representante Legal ou 
Por Uma Pessoa que Tenha Conhecimento de Uma Infração Penal Militar 
- Art. 10, Alínea (e) CPPM 
 
 
Os fatos que constituem indícios de infração penal militar, que são narrados pelo 
ofendido, seu representante legal ou qualquer cidadão, devem a Autoridade de Polícia 
Judiciária Militar apurar os fatos através do IPM. 
 
Instauração Através de Sindicância - Art. 10, Alínea (f) CPPM 
 
 
Saiba mais... 
O Supremo Tribunal Federal proíbe a 
instauração de Inquérito Policial baseando 
exclusivamente em denúncia anônima, 
devendo o Órgão Policial apurar as 
informações através procedimentos 
preliminares, no julgamento do HC n°99.490/SP, Relator Ministro Joaquim Barbosa, 
23/11/10. 
 
 
 
Este meio investigatório pode ser 
interpretado de forma extensiva, na medida em 
que outros meios como, por exemplo, a 
averiguação, irá ensejar em elementos 
indiciários para a instauração do IPM. 
 
 
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Superior ou Igualdade de Posto do Infrator - art. 10, § 1° CPPM 
 
 
Quando o infrator for superior ou de igual posto da Autoridade de Polícia Judiciária 
Militar, em cujo local tenha ocorrido à infração penal militar, deverá este, comunicar o fato ao 
seu superior para fins de delegação. 
 
 
Providências Antes do IPM - art. 10, § 2° CPPM c/c Art. 12 CPPM 
 
A Autoridade de Polícia Judiciária Militar ou qualquer outro militar que tenha conhecimento de 
uma infração penal militar, adotará as seguintes providências, a saber: 
 
• Dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, 
enquanto necessário;
 
 
• Apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato; 
• Efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244 CPPM; 
• Colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias. 
 
 
Infração de Natureza Não Militar - art. 10, § 3° CPPM 
 
 
Se a infração penal não constituir natureza militar, deverá ser comunicado os fatos a 
Autoridade de Polícia Judiciária e se for o caso apresentar o infrator. 
 
 
Indícios Contra Oficial de Posto Superior ou Mais Antigo no Curso do IPM 
- Art. 10, § 3° CPPM 
 
 
Se no curso do IPM, o encarregado verificar a existência de indícios de infração penal 
militar, em desfavor de oficial de posto superior ou mais antigo ao seu, deverá delegar suas 
atribuições a outro oficial de posto superior ou mais antigo do que o indiciado. 
 
 
ESPECIFICIDADES DE UM IPM E SEUS ENVOLVIDOS 
 
 
ENCARREGADO DO IPM – ART. 15 CPPM 
 
 
O encarregado do IPM será, sempre que possível (grifo nosso), oficial de posto não 
inferior ao de capitão. No entanto a referida locução grifada, não impede que um oficial 
subalterno (segundo ou primeiro tenente) exerça as atividades de polícia judiciária militar, por 
tratar-se de uma clausula discricionária da Autoridade de Polícia Judiciária Militar. 
 
Suspeição do Encarregado do IPM – Art 142 CPPM 
 
 
 
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Não se admite a suspeição do encarregado por parte do indiciado ou pelo seu 
advogado, cabendo tão somente ao encarregado do IPM declarar-se suspeito quando 
ocorrer motivos que impliquem em sua imparcialidade na condução das investigações. 
 
Atribuições do Encarregado do IPM – Art. 13 CPPM 
 
 
Além das medidas do art. 12 CPPM (item 10.7) o encarregado deverá também adotas 
as seguintes atribuições, a saber: 
• Ouvir o ofendido; 
 
• Ouvir o indiciado; 
 
• Ouvir testemunhas; 
 
• Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações; 
 
• Determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros 
exames e perícias; 
 
• Determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou 
danificada, ou da qual houve indébita apropriação; 
• Proceder a buscas e apreensões e 
 
• Tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do 
ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, 
ou a independência para a realização de perícias ou exames. 
 
 
Escrivão – Art. 11 CPPM 
 
 
A designação do escrivão será de competência do encarregado do IPM, caso não tenha 
sido feita pela autoridade que delegou o feito. Nos casos em que o indiciado seja oficial, recairá 
sob segundo ou primeiro tenente, e nos demais casos o escrivão será sargento ou subtenente. 
 
Compromisso Legal – Art. 11, Parágrafo Único CPPM 
 
 
O escrivão deverá prestar o compromisso de manter o sigilo do IPM e de cumprir as 
determinações do CPPM. 
 
Atribuições do Escrivão – Art. 21 CPPM 
 
➢ datilografar (digitar) as peças do IPM; 
➢ numerar e rubricar as folhas; 
➢ alocar as peças em ordem cronológica; 
➢ lavrar juntada de documentos e 
➢ lavar o recebimento, certidão e conclusão. 
 
 
Incomunicabilidade do Indiciado – Art. 17 CPPM 
 
 
De acordo com a doutrina e jurisprudência, o artigo em análise não foi recepcionado, 
na medida em que a própria Constituição assegura que toda a prisão deverá ser comunicada 
imediatamente ao juiz competente (art. 5°, LXII CRFB/88) e o preso terá o direito à assistência 
familiar bem como de constituir um advogado (art. 5°, LXIII CRFB/88). Se no Estado de Defesa 
(art. 136, § 3°, inciso IV CRFB/88), onde se verifica diversas restrições no que tange aos 
 
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direitos fundamentais, a Constituição vedou a incomunicabilidade do preso, conclui-se 
então, que esse instituto no Estado Democrático de Direito não deve prosperar, visto que se 
prevalece às garantias e os direitos fundamentais do indivíduo. 
 
 
Detenção do Indiciado – Art 18 CPPM 
 
 
Poderá o encarregado, independente de flagrante delito, deter o indiciado por até 30 
(trinta) dias, devendo comunicar a presente prisão ao Juiz de Direito. Havendo a necessidade, 
devidamente fundamentada e a pedido do encarregado, poderá o Comandante de Área prorrogar 
o feito por mais 20 (vinte) dias. 
 
Prazo Para Terminação do IPM – Art. 20 CPPM 
 
 
Indiciado preso: 20 (vinte) dias, contado a partir do dia em que se executar a ordem de prisão. 
 
Indiciado solto: 40 (quarenta) dias, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito, podendo ser 
prorrogado por mais 20 (vinte) dias pela autoridade militar superior. A presente prorrogação visa 
complementar a investigação no que concerne aos exames, pericias e diligência não concluída. O pedido de 
prorrogação deve ser feito em tempo oportuno.
 
 
O IPM pode ser devolvido pelo Ministério Público e pelo Juiz de Direito, para fins de requisição de 
diligências e preenchimento de formalidades, conforme art. 26 CPPM, e o prazo será fixado por 
essas autoridades. 
 
Dedução em Favor dos Prazos - Art. 20, § 3° CPPM 
 
São deduzidos dos prazos, quando ocorre no curso do IPM, que o indiciado é superior 
ou mais antigo do que o encarregado. 
 
 
INDÍCIOS 
 
Definição: Art. 382 CPPM. Indício é a circunstância ou fato conhecido e provado, de que 
se induz a existência de outra circunstância ou fato, de que não se tem prova. 
Requisitos: Art. 383 CPPM. Para que o indício constitua prova, é necessário: 
a) que a circunstância ou fato indicante tenha relação de causalidade, próxima ou 
remota, com a circunstância ou o fato indicado; 
b) que a circunstância ou fato coincida com a prova resultante de outro ou outros 
indícios, ou com as provas diretas colhidas no processo. 
 
 
 
Relatório – Art. 22 CPPM 
 
 
O IPM será encerrado por um relatório minucioso, confeccionado pelo encarregado, 
que irá concluir se há transgressão da disciplina ou indícios de crime, que neste último, 
representar pela conveniência da prisão preventiva. 
 
Solução – Art. 22, § 1° CPPM 
 
 
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No caso de delegação, o encarregado enviará o IPM à autoridade delegante para 
fins de homologação ou não, aplicando, quando necessário, penalidade disciplinar ou 
determinando novas diligências. 
 
Remessa – Art. 23 CPPM 
 
 
Por força do Sistema Acusatório adotado pela CRFB/88, o referido artigo não foi 
recepcionado pela nova ordem constitucional, visto que o Ministério Público (art. 129, inciso I 
CFRB/88) é considerado o verdadeiro destinatário do IPM. 
 
Arquivamento 
 
 
SÚMULA 524 STF 
 
Arquivado o inquérito policial, 
por despacho do Juiz, a 
requerimento do promotor de 
justiça, não pode a ação penal 
ser iniciada, sem novas provas.A autoridade de polícia judiciária militar não poderá 
mandar arquivar o IPM (art. 24 CPPM), todavia o feito 
poderá ser proposto pelo Ministério Público e endereçado ao 
Juiz de Direito que poderá concordar ou não. 
 
 
 
Instauração de Novo IPM – Art. 25 CPPM 
 
 
O IPM arquivado poderá ensejar em 
investigações, se novas provas aparecerem 
em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira 
pessoa, ressalvados o caso julgado e os 
casos de extinção da punibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Saiba mais... 
O Supremo Tribunal Federal fixou 
parâmetros para a investigação do MP. 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticia 
Detalhe.asp?idConteudo=291563 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=291563
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=291563
 
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