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Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 1 LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL MILITAR – CAS 2020 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO PROCESSO PENAL MILITAR Devido Processo Legal Você sabia que a Constituição da República de 1988, em seu art. 5°, inciso LIV estabeleceu que para a existência de privação da liberdade ou de um bem, tais comprometimentos deveriam ocorrer mediante ao Devido Processo Legal? Desta forma, o presente Princípio é um limitador do Poder Estatal, abarcando outras garantias fundamentais, tais como: ampla defesa, contraditório, imparcialidade do juiz, razoável duração do processo, presunção de inocência etc. Contraditório Em consonância ao art 5°, inciso LV CRFB/88 “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Umas das características marcantes nesse princípio é a participação dialética das partes, a fiscalização, a informação e a contrariedade dos atos praticados no curso do processo. Como se percebe, as partes devem ter ciência da demanda e dos argumentos da parte contraria. Parte da Doutrina denomina o Contraditório como Paridade das Armas. Ampla Defesa O Princípio da Ampla Defesa também se encontra no art. 5°, inciso LIV CRFB/88, no entanto eles não se confundem, uma vez que o contraditório se manifesta em ambas as partes, já a ampla defesa somente ao réu ou acusado. Verifica-se, então, que a ampla defesa é a condição do réu ou acusado de levar à baila todas as provas legais a esclarecer os fatos, omitir- se ou se prevalecer do silêncio. Duplo Grau de Jurisdição O Princípio do Duplo Grau de Jurisdição não está expresso na Constituição da República de 1988, mas sim de maneira implícita no art. 5°, inciso LV CRFB/88, que com os meio e recurso (grifo) a ela inerentes. Faz com que o réu ou o acusado tenha o direito de recorrer à instância hierarquicamente superior, para fins de reexame da decisão judicial. Presunção de Inocência (ou Não Culpabilidade) Com a Constituição da República de 1988, a Presunção de Inocência ganhou status constitucional, uma vez que no art. 5°, inciso LVII CRFB/88 diz: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Esse direito faz com que, o Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 2 acusado ou o réu seja, culpado após o devido processo legal, onde ele tenha utilizado todos os meios de prova para a sua defesa e ainda desconstruir a tese acusatória. Publicidade O acesso a todos aos atos praticados no curso do processo eleva a credibilidade, a transparência e a fiscalização dos atos dos juízes e das partes. Nesse contexto, o art 93, inciso IX CRFB/88 “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”. Dignidade da Pessoa Humana Além de ser um dos princípios fundamentais da República (art. 1°, inciso III CRFB/88) e ainda dos direitos e garantias fundamentais (art.5° CRFB/88), a sua aplicação no Direito Processual Penal Militar está relacionada ao status libertatis do militar, optando assim em medidas menos nocivas ao militar. André Nicolitt2 observar que, como dito, a dignidade é o fim do próprio Estado, dessa maneira, toda atividade estatal deve estar sempre voltada à tutela, à realização e ao respeito à dignidade humana, o que não exclui a atividade persecutória do Estado, seja através da investigação criminal, seja no exercício da ação penal, seja no curso do processo. SISTEMA DO PROCESSO PENAL MILITAR O Processo Penal Militar adotou o Sistema Acusatório, caracterizado pela presença de um Juiz, Ministério Público e a Defesa. De modo que as partes (MP e Defesa) sejam responsáveis pela a produção de provas e cabendo ao magistrado a imparcialidade e a garantia da liberdade e dos direitos fundamentais. Por fim, existem ainda outros Sistemas que são o Inquisitorial e o Misto. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR Fontes do Código de Processo Penal Militar As fontes do Código de Processo Penal Militar são a Constituição da República e a Lei Processual Penal Comum. Nota-se ainda que o CPPM no art. 1° § 1° consolidou que as Convenções e os Tratados, no qual o Brasil foi signatário, prevaleceram em detrimento ao CPPM. Como por exemplo, o Pacto São José da Costa Rica, ratificado pelo Brasil em 1992, através do Decreto n° 687, que no n° 2 do art. 8 estabelece a igualdade entre as partes na fase do processo (paridade das armas). Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 3 Nesse cenário, o Código de Processo Penal Militar, constitui-se na principal fonte formal do processo penal militar, valendo lembrar que sua edição somente é possível por lei lavrada pela União, o que configura o Estado como fonte material do Direito Processual Penal Militar, nos termos do inciso I do artigo 22 da Constituição Federal. Suprimento dos Casos Omissos do Código de Processo Penal Militar A omissão do CPPM é dirimida pela interpretação do art 3°, uma vez que traz o rol de condicionantes para sanar a lacuna existente. Sendo elas: a legislação processual penal comum (Código de Processo Penal), jurisprudência, usos e costumes militares, princípios gerais do direito e analogia. No que tange a Legislação Processual Penal Comum, cabe aqui relatar que, sua utilização não poderá trazer prejuízo ao processo penal militar, como por exemplo, a aplicação da Lei 9099/95, no qual seus institutos não são aplicáveis na Justiça Militar, por força da vedação da Lei 9839/99. Territorialidade e Extraterritorialidade O art. 4° CPPM adotou o princípio da territorialidade, onde todo e qualquer processo penal militar que teve origem no território nacional deve ser equacionado a luz do Código de Processo Penal Militar, salvo as convenções, tratados e regras de direito internacional, como por exemplo a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo Decreto Legislativo n° 103/64, e promulgada pelo Decreto n° 56.435/65. Com a exceção a territorialidade, a extraterritorialidade sobre a aplicação a lei processual penal militar fora do território brasileiro nos crimes contra as instituições militares. APLICAÇÃO À JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL Pela interpretação do art. 6°, o Código de Processo Penal Militar se aplica nas Justiças Militares Estaduais, nota-se que a própria Constituição da República de 1988 já estabeleceu em seu art. 125, § 3° essa possibilidade, na medida em que os Estados poderão criar o Tribunal de Justiça Militar Estadual. No caso em comendo, o Estado do Rio de Janeiro não possui o Tribunal de Justiça Militar, tão somente uma Vara Especializada denominada Auditoria de Justiça Militar/AJMERJ. A JUSTIÇA MILITAR NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Importante observarmos as mudanças ocorridas ao longo do tempo em relação à definição dos crimes militares, sobretudo quando dolosos contra a vida. Publicada no dia 13 de outubro de 2017, a Lei n.º 13.491/17 alterou o art. 9º do Código Penal Militar, modificando, sensivelmente, a definição dos crimes militares e a competência para o julgamento daqueles cometidos por membros das Forças Armadas, dolosamente, contra a vida de civil, em situações específicas. Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 4 Inicialmente, é preciso retroceder ao histórico relativo à questão da competência jurisdicionalpara julgar os crimes dolosos contra a vida de civil praticados por militares e à definição dos crimes militares, para entendermos melhor a efetiva mudança. Na redação originária da CF/88 havia previsão expressa de que os crimes militares definidos em Lei (sem excepcionar os crimes dolosos contra a vida de civil) seriam da competência da Justiça Militar da União ou da Justiça Militar dos Estados, conforme vínculo do sujeito ativo do delito às Forças Armadas ou às Forças Auxiliares (Policiais e Bombeiros Militares). Sucede que, por meio da Lei nº 9.299/96, o Congresso Nacional, atendendo aos apelos de setores da sociedade e do clamor público, diante de confrontos com resultado morte (de civil), alterou o art. 9º do CPM e o art. 82 do CPPM, excepcionando da competência da Justiça Castrense os crimes dolosos contra a vida de civil, atribuindo-a ao Tribunal do Júri. Com essa alteração legislativa de 1996, surgiu uma polêmica doutrinária e jurisprudencial a respeito da constitucionalidade da modificação, haja vista que a CF/88 (em sua redação originária) não continha qualquer tipo de exceção à competência da JM para julgar os crimes dolosos contra a vida de civil, sendo duvidosa a compatibilidade vertical daquela legislação com a Carta Magna, quando criou restrições nela não previstas. Com a promulgação da Emenda Constitucional n.º 45 (Reforma do Judiciário) tal celeuma cedeu, diante da reforma da CF/88, uma vez que nela foi incluída, expressamente, a competência do Tribunal do Júri para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida de civil praticados por militares estaduais. Ressalte-se que, inobstante essa previsão ampliasse a competência do Tribunal do Júri, expressamente, apenas em relação aos militares estaduais, adotou-se a interpretação sistemática de que tal norma era aplicável, também aos militares das Forças Armadas, isso porque o Código Penal Militar, alterado pela Lei nº 9.299/96, regulamentando o art. 124 da CF/88, já continha previsão nesse sentido (art. 9º, então parágrafo único). A partir da EC n.º 45 esse entendimento foi sedimentado. Porém, isso não impedia que o legislador ordinário, ainda regulamentando o art. 124 da CF/88, modificasse tal disposição para excepcionar alguma situação específica. Foi o que se sucedeu com a aprovação da Lei nº 12.432/11, que retirou do âmbito do Tribunal Júri a competência para julgar crimes dolosos contra a vida de civil praticados por militares das Forças Armadas, nas circunstâncias previstas no art. 303, do Código Brasileiro de Aeronáutica, ou seja, relacionadas com o abate de aeronave hostil em sobrevoo no espaço aéreo brasileiro e que não obedeça às ordens para pouso. Assim, a nova Lei nº 13.491/17, como já havia sido feito também pela Lei nº 12.432/11, ampliou as hipóteses em que a competência para julgamento de crimes dolosos contra a vida de civil não será mais do Tribunal do Júri, dilatando o espectro de atuação da jurisdição militar. É imprescindível frisar que, em regra, os crimes dolosos contra a vida de civil continuam da competência do Tribunal do Júri, e somente nas circunstâncias excepcionais incluídas no CPM pelas Leis nºs. 13.491/17 e 12.432/11 é que se atribui à Justiça Castrense. Justiça Militar da União A Justiça Militar da União pertence ao Poder Judiciário (art. 92 CRFB/88), estabelecendo que os Órgãos da Justiça Militar serão compostos pelo Superior Tribunal Militar/STM e os Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 5 Tribunais e Juízes Militares (art. 122 CRFB/88). Para tanto, possui competência para processar e julgar os crimes militares definidos em lei, tendo como agentes os Militares das Forças Armadas e Civis (art. 124 CRFB/88). Em relação à organização da Justiça da Justiça Militar da União, a Lei 8457/92 estabeleceu a regulamentação e o seu funcionamento. Primeira Instância da Justiça Militar da União Os Órgãos de Primeira Instância são as 12 (doze) Circunscrições Judiciárias Militares, espalhas no território nacional, onde cada Circunscrição possui pelo menos 01(uma) Auditoria. As auditorias são divididas em Órgãos Julgadores (Conselhos de Justiça): Conselho Permanente de Justiça: Constituído pelo Juiz Auditor (Juiz de Direito), por um Oficial Superior, que será o Presidente, e 03(três) Oficiais de posto até capitão-tenente ou capitão, esses Juízes Militares. A composição do presente Conselho funcionará durante 03(três) meses consecutivos, ou podendo ser prorrogado. Tem competência para processar e julgar Praças e Civis. Conselho Especial de Justiça: Constituído pelo Juiz Auditor (Juiz de Direito) e 04(quatro) Juízes Militares, sob a presidência, dentre estes, de um Oficial General ou Oficial Superior, de posto mais elevado que o dos demais juízes. Os Juízes Militares serão de posto superior ao do acusado, ou do mesmo posto e de maior antiguidade. A composição do Conselho Especial é constituída para cada processo, e dissolvido após conclusão dos seus trabalhos. Tem competência para processar e julgar os Oficiais das Forças Armadas, exceto Oficiais Generais, que cuja competência é originaria do STM. Em caso de concurso de agentes envolvendo oficiais e praças, a competência para processar e julgar o feito será do Conselho Especial de Justiça. Segunda Instância da Justiça Militar da União O Superior Tribunal Militar/STM é o Órgão de Segunda Instância da Justiça Militar da União, com sede no Distrito Federal e jurisdição em todo território nacional. A composição do STM é assim disposta: 03 (três) Oficiais Generais da Marinha, 04 (quatro) Oficiais Generais do Exército, 03 (três) Oficiais Generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado, e ainda 03 (três) advogados, 1(um) Juiz Auditor e 01(um) Membro do Ministério Publico Militar, perfazendo 15(quinze) Ministros. Justiça Militar dos Estados e Distrito Federal e Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ A Justiça Militar dos Estados e Distrito Federal pertence ao Poder Judiciário (art. 125 CRFB/88), estabelecendo, a critério do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar Estadual, construída, em primeiro grau, pelos Juízes de Direito e pelos Conselhos de Justiça, e de segundo grau os Tribunais Militares ou pelos Tribunais de Justiça, em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 6 O Estado do Rio de Janeiro não possui um Tribunal de Justiça Militar, no entanto os crimes militares serão julgados e processados por uma Vara Especializada, denominada Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ juntamente com os Conselhos de Justiça. A AJMERJ e os Conselhos de Justiça possuem competência para processar e julgar os crimes militares praticados pelos Militares Estaduais, salvo os crimes dolosos contra a vida praticados contra civil (lei 9299/96), de competência do Tribunal do Júri. Já nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, podemos constar a existência do Tribunal de Justiça Militar (órgão de segunda instância) e as Auditorias Militares (órgão de primeira instância). Competência singular do Juiz de Direito do Juízo Militar em processar e julgar os crimes militares contra civis e as ações contra atos disciplinares No que se refere às ações judiciais contra atos disciplinares militares, mesmo por força do art. 125 § 4° e 5° CRFB/88, com redação da EC n° 45/04, que determina a competência da Justiça Militar, na pessoa do Juiz de Direito do Juízo Militar; no Estado do Rio de Janeiro esta realidade é bem diferente, visto a Súmula n° 131 TJRJ combinado com o art. 97 § 9° Código de Organização e Divisão Judiciária do Estado do Rio de Janeiro (CODJERJ), transferiu esta atribuição para as Varas de Fazenda Pública.Nesse diapasão, o art. 125 § 5° CRFB/88 estabeleceu a competência singular do Juiz de Direito do Juízo Militar, em processar SÚMULA 131 TJRJ Ações de impugnação a atos disciplinares. Art. 125, par. 4°, da Constituição Federal. Norma constitucional dependente de lei infraconstitucional para a sua regulamentação. Competência das Varas Fazendárias. “Enquanto não editada a legislação infraconstitucional de que trata o Art. 125, par .4°, da Constituição Federal, a competência para julgar as ações contra atos disciplinares militares continua sendo dos Juízes Fazendários”. Referência: Uniformização de Jurisprudência n° 2006.018.00004 – Julgamento em 13/11/2006. Relatora: Desembargadora Marianna Pereira Nunes Feteira Gonçalves. Votação por maioria. FONTE: http://portaltj.tjrj.jus.br/web/guest/sumulas-131. Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 7 e julgar os crimes militares cometido contra civis, e os demais crimes militares cabendo os Conselhos de Justiça. Primeira Instância da Justiça Militar Estadual/AJMERJ O Órgão de Primeira Instância que julga e processa os crimes militares praticados por integrantes da PMERJ e do CBMERJ é a Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ através dos Conselhos de Justiça, conforme preceitua o art. 152 CODJERJ. Nesse compasso, a AJMERJ é constituída pelos Conselhos Permanentes e Especiais de Justiça, e seus funcionamentos são regulados Lei 8457/92. Conselho Permanente de Justiça: Constituído pelo Juiz de Direito do Juízo Militar (Presidente do Conselho), por 01(um) Oficial Superior e 03(três) Oficiais de posto até capitão, esses Juízes Militares. A composição do presente Conselho funcionará durante 03(três) meses consecutivos, ou podendo ser prorrogado. Tem competência para processar e julgar Praças. Conselho Especial de Justiça: Constituído pelo Juiz de Direito do Juízo Militar (Presidente do Conselho) e 04(quatro) oficiais. Os Juízes Militares serão de posto superior ao do acusado, ou do mesmo posto e de maior antiguidade. A composição do Conselho Especial é constituída para cada processo, e dissolvido após conclusão dos seus trabalhos. Tem competência para processar e julgar os Oficiais. Segunda Instância da Justiça Militar Estadual/AJMERJ O Órgão de Segunda Instância da Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro/AJMERJ é o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, conforme preceitua o art 125 § 3° CRFB/88 combinado com o art. 153 CODJERJ. Cabendo a este decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR Você já ouviu falar em Polícia Administrativa e Polícia Judiciária? Saberia diferenciá-las? POLÍCIA ADMINISTRATIVA E JUDICIÁRIA Sobre o tema nos ensina Célio Lobão: Em função de suas atribuições, as polícias das corporações militares federais são administrativas e judiciárias. A primeira previne e reprime o crime militar, no âmbito das respectivas corporações, e excepcionalmente fora dela. (...). A Polícia Judiciária tem como atribuição apurar as infrações penais militares, a fim de oferecer elementos destinados a propositura da ação penal(...). Lobão, Célio. Direito Processual Inicialmente, o poder de polícia do Estado encontra-se dividido em duas funções: Polícia Administrativa e Polícia Judiciária. A primeira possui a função preventiva já a segunda a apuração dos fatos que já ocorreram. Dito isto, agora no plano constitucional, as Forças Armadas possuem funções e Policia Administrativa no que se refere ao art. 142 CRFB/88(Defesa da Pátria e garantia dos Poderes Constitucionais) combinado com a Lei Complementar 97/99, regulamentado pelo Dec. 3897/01, que instituiu a aplicação das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem (GLO). No que tange as Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, segundo o art. 144, §5° Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 8 CRFB/88 realizam também função predominante de polícia administrativa, uma vez que a Policia Militar consiste no policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública e o Corpo de Bombeiros a defesa civil. Não se afastando dessas premissas, essas Instituições exercem atividade de Polícia Judiciária Militar, uma no plano Federal (Marinha, Exército e Aeronáutica) e no plano Estadual/Distrital (Policiais Militares e Corpos de Bombeiros Militares), no momento em que ocorre um crime militar, conforme o Código de Processo Penal Militar no Título II - Capítulo Único da Polícia Judiciária Militar, nos artigos 7° e 8. Ademais, de suma importância consignar, que existe uma vedação expressa no texto constitucional no que se refere à apuração dos crimes militares pela Policia Civil, no art. 144, § 4° CRFB/88. Exercício da Polícia Judiciária Militar (art. 7° CPPM) O artigo em análise destina-se a indicação das Autoridades de Polícia Judiciária Militar (APJM), assim mencionadas: a) Pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro; b) Pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por disposição legal, estejam sob sua jurisdição; c) Pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e unidades que lhes são subordinados; d) Pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando; e) Pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos territórios; f) Pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados; g) Pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; h) Pelos comandantes de forças, unidades ou navios. Em relação às APJM das Policias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares, nos ensina Cícero Robson Coimbra Neves5: No âmbito das Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, esse paralelismo também deve ser procurado, sendo autoridades originariamente competente para medida de polícia judiciária militar, in exemplis, o Comandante-Geral, o Subcomandante da PM e os Comandantes de Unidade. Em suma, os Comandantes, Chefes e Diretores de Organizações Policiais Militares (OPM), serão a APJM no âmbito da PMERJ, tendo como simetria o artigo em comento. Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 9 Delegação do Exercício de Polícia Judiciária Militar Os parágrafos do art. 7° CPPM enumeram as possibilidades de delegação, por tempo limitado, das atividades de Polícia Judiciária Militar aos Oficiais da ativa, no entanto tais circunstâncias deverão obedecer aos seguintes requisitos: a) Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado. b) Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo. c) Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a delegação, a antiguidade de posto. d) Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a existência de outro oficial da ativa nas condições do § 3º, caberá ao ministro competente a designação de oficial da reservade posto mais elevado para a instauração do inquérito policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá-lo, para tomar essa providência. Competência da Polícia Judiciária Militar (art. 8° CPPM) As competências estabelecidas no rol do art. 8° CPPM é meramente exemplificativa, na medida em que o legislador infraconstitucional não teve a intenção de esgotar toda a matéria. Nesse sentido são as lições de Cícero Robson Coimbra Neves6 quando diz: Essas atribuições numeradas no rol do art. 8° do CPPM, rol que dever ser considerado exemplificativo, e não taxativo, ao contrário do que entendem alguns autores. Essa conclusão note-se, decorre da amplitude inerente à apuração de um fato e da conclusão de que a conjunção de provas pela polícia judiciária militar é precária, ou seja, será refeito sempre que possível, no curso do processo penal militar constitucional, após o recebimento da denúncia, sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. Em decorrência do art. 8° CPPM, passamos agora a analisar as competências da Polícia Judiciária Militar, a saber: ➢ Apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria: Inicialmente, deverá ficar demonstrado a existência de indícios de uma infração penal militar, e que consequentemente, tais delitos militares deverão estar consignados no Código Penal Militar (Dec. Lei 1.001/69). No que se refere à Lei Especial, não, mas de coaduna com os dispositivos constitucionais, na medida em que o art.30 da Lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional) não recepcionado pela CRFB/88. Importante ressaltar que com a mudança do artigo 9º do Código Penal Militar, imposta pela lei nº 13.491, de 2017, podem ser considerados crimes militares os crimes previstos no CPM e os previstos na legislação penal comum, conforme podemos observar na nova redação do artigo em tela: ➢ OS crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 10 a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996); d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; f) Prestar informações do Poder Judiciário e ao Ministério Público: São informações e diligências requisitadas pelo Juiz ou pelo Ministério Público, na fase inquisitorial ou na fase processual. A fim de exemplificar, podemos citar: oitiva de testemunhas, juntada de documentos, reprodução simulada e entre outras; g) Cumprir mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar: Essa competência poderá ser estendida, também, para as Autoridades Judiciárias da Justiça Comum; h) Representar pela decretação da prisão preventiva e pelo reconhecimento de insanidade mental do indiciado: Inicialmente, há a necessidade de esclarecer o instituto da Prisão Preventiva no CPPM. Como se percebe, o art. 254 CPPM retrata a competência e os requisitos desta medida cautelar, nesse compasso tal medida poderá ser decretada pelo PRISÃO PREVENTIVA Sobre o tema nos ensina Célio Lobão: (...) Na Justiça Militar Estadual, aplica-se o exposto nos feitos da competência do colegiado. Nos crimes da competência singular do Juiz de Direito do Juízo Militar, a este compete decretar a prisão preventiva na fase pré- processual e durante a instrução criminal. Lobão, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 312. Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 11 Juiz de Direito do Juízo Militar ou pelo Conselho de Justiça (Especial ou Permanente), e ainda a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Encarregado do IPM. Para tanto, a Prisão Preventiva poderá ser decretada em qualquer fase, tanto no IPM ou no Processo Criminal. No que concerne aos requisitos: prova do fato delituoso (prova/certeza da existência do crime militar) e indícios suficientes de autoria (não se exige aqui a certeza, mas sim a probabilidade de autoria). Agora vejamos os fundamentos da Prisão Preventiva (art. 255 CPPM): garantia da ordem pública (risco do agente solto praticar reiteradamente crimes militares), conveniência da instrução criminal (quando o agente solto poderá prejudicar a colheita de elementos de informação ou provas), periculosidade do indiciado ou acusado (atos que poderiam ameaças a coletividade e a paz social), segurança da aplicação da lei penal militar (perigo iminente de fuga do agente) e exigências da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares (na medida em que atos desafiadores e desrespeitosos são perpetrados pelo agente em desfavor de seus superiores hierárquicos). Finalmente, no que tange a insanidade mental do indiciado (art. 156 § 2° c/c art. 160, parágrafo único, ambos, CPPM), poderá ser ordenada pelo Juiz de Direito do Juízo Militar (ofício), a requerimento do MP, defensor, curador, cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do indiciado e ainda pelo encarregado do IPM. i) Cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob a sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código: No caso em comendo, podemos fazer uma referência à Unidade Prisional da PMERJ- UP/PMERJ, onde seu Diretor ficará sujeito aos ditames da Justiça Militar (AJMERJ), bem como as referências da Lei de Execução Penal (Lei 7210/84). j) Solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo: O encarregado buscará em órgãos externos elementos de informação (documentos, certidões, filmagens) para elucidar a infração penal militar. k) Requisitar da Policia Civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários: A PMERJ possui o Centro de Criminalística, que muito embora seja referência nacional em perícia criminal, infelizmente alguns exames não são realizados por esta Unidade, como é o caso dos exames de corpo e delito e necropsia. Nesse sentido, será requisitado aos órgãos da Policia Civil o devido exame pericial, e que na inobservância desta requisição poderá o perito responder administrativamente e criminalmente. l) Atender pedidos de apresentação de militares à autoridade civil: Nesse dispositivo, a Autoridade de Polícia Judiciária Militar deverá apresentar os Policiais Militares, a seu comando, às autoridades civis, sob pena de responsabilidade administrativa e criminal. Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 12 INQUÉRITO POLICIAL MILITAR O inquérito policial, portanto, é o instrumento de que se vale o Estado, através da polícia, órgão integrante da função executiva, para iniciar a persecução penal com controle das investigações realizadas do Ministério Público (cf, art.129, VII, da CRFB). Nesse sentido, a doutrina afirma que o Inquérito Policial Militar é um mecanismo de se evitar abusos por parte do Estado, evitando assim que um cidadão responda a um processo criminal, sem que antes se apure as informações que lhe são imputadas, resguardando os direitos e garantias fundamentaisdo cidadão. Conceito ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO E PROVA Nesse sentido aponta Renato Brasileiro de Lima: (...) a palavra prova só pode ser usada para se referir aos elementos de convicção produzidos, em regra, no curso do processo judicial, e, por conseguinte, com a necessária participação dialética das partes, sob o manto do contraditório (ainda que diferido) e da ampla defesa. Por outro lado, elementos de informação são aqueles colhidos na fase investigatória, sem a necessária participação dialética das partes (...) DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 116. O Inquérito Policial Militar é um procedimento administrativo de característica inquisitorial, cujo encarregado exerce as funções de Autoridade de Polícia Judiciária Militar, no qual desenvolve diligências objetivando a coleta de elementos de informação, indicando o autor (se possível) e possibilitando o oferecimento da peça acusatória por parte do Ministério Público. Natureza Jurídica Por se tratar de um procedimento administrativo, o Inquérito Policial Militar não contempla a ampla defesa e o contraditório, consagrados no art. 5°, inciso LVI CRFB/88, pelo simples motivo de não ser um Processo Judicial ou Administrativo. Por derradeiro, o IPM é considerado pela doutrina e pela jurisprudência uma mera peça informativa (elementos de informação), e que eventuais irregularidades no curso deste procedimento não tem o condão de contaminar o processo penal militar, mas sim a retirada dessa prova dos autos do processo. Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 13 Finalidade A finalidade do Inquérito Policial Militar encontra-se disciplinada no art. 9° CPPM, que em síntese atribui ao IPM à apuração sumária de fato, que configure crime militar e sua autoria. Possui caráter de instrução provisória, cuja finalidade é ministra elementos necessários para à propositura da ação penal. Características do Inquérito Policial Militar a) Procedimento escrito De acordo com o art. 21 CPPM, todas as peças serão, por ordem cronológicas, reunidas num só processado e datilografado, com folhas numeradas e rubricadas pelo escrivão. b) Procedimento inquisitorial O entendimento da doutrina e jurisprudência é que o Inquérito Policial Militar possui caráter inquisitorial, não abarcando os princípios do contraditório e da ampla defesa. Essa natureza inquisitorial, está ligada a não comunicação dos atos investigatórios ao indiciado, fazendo com que, esse procedimento seja eficiente e eficaz, no que concerne a identificação do autor do crime militar. Convém destacar, que embora o IPM seja inquisitorial, tal característica não afasta a possibilidade de o indiciado propor a formulação de quesitos nas pericias e exames, conforme preceitua o art. 316 CPPM. c) Procedimento sigiloso O sigilo do IPM está consagrado no art. 16 CPPM, momento em que o encarregado pode permitir o acesso dos autos do IPM ao advogado do indiciado. Esta “faculdade” do encarregado, não encontra respaldo legal na nova ordem jurídica, na medida em que a Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB) no seu art. 7°, inciso XIV, atribui o direito ao advogado de ter acesso aos autos do flagrante e dos inquéritos, combinado com a SV n° 14. No que tange as demais pessoas, se faz necessário o sigilo, pelo simples motivo de que o IPM visa investigar as infrações penais militares, buscando assim os elementos de informação para a identificação da a autoria e a materialidade. Por certo a divulgação da investigação poderá interferir na efetividade das ações de polícia judiciária militar. d) Procedimento dispensável Sendo o Ministério Público o titular da ação penal, poderá ele, dispor do IPM quando obtiver informações mínimas para o oferecimento da denúncia. Essas informações constam nos seguintes artigos do CPPM, a saber: Art. 27 CPPM: Quando o Auto de Prisão em Flagrante for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria; Art. 28 CPPM: No momento em que o fato e autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas matérias, nos crimes contra a honra (escritos ou publicados e seu autor identificado) e nos crimes do art. 341 (desacato) e art. 349 (desobediência de decisão judicial), ambos do Código Penal Militar. Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 14 e) Procedimento Oficial Incumbe a Autoridade de Polícia Judiciária Militar (Marinha, Exército, Aeronáutica, Policia Militar e Corpo de Bombeiros Militares) a presidência do IPM. f) Procedimento oficioso A Autoridade de Polícia Judiciária Militar que tomar conhecimento de uma notícia crime, ela é obrigada a agir de oficio, independente de provocação da vítima ou de qualquer outra parte. g) Procedimento indisponível Uma vez instaurado o IPM, a Autoridade de Polícia Judiciária Militar não poderá arquivar esse procedimento, visto que compete ao titular da ação penal propor ao Juiz de Direito o arquivamento do feito. Formas de Instauração do IPM A instauração do IPM é mediante Portaria, lavrada pela Autoridade de Polícia Judiciária Militar, conforme preceitua o art. 10 CPPM. NOTITIA CRIMINIS Nesse sentido aponta Renato Brasileiro de Lima: Notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato delituoso. Subdivide-se em: Espontânea: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por meios de suas atividades rotineiras (...). Provocada: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento da infração penal através de um expediente escrito (...). Coercitiva: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do indivíduo preso em flagrante. DE LIMA, Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 143 e 144. Instauração de Ofício – Art. 10, Alínea (a) CPPM É quando a Autoridade de Polícia Judiciária Militar conhece diretamente os fatos que noticiam a infração penal militar. Instauração por Determinação ou Delegação - art. 10, Alínea (b) CPPM A Autoridade de Polícia Judiciária Militar Superior irá determinar ou delegar para outra Autoridade, de condição inferior (subordinada) a instauração de IPM. Instauração por Requisição do Ministério Público - Art. 10, Alínea (C) Cppm O Ministério Público irá requisitar diretamente a Autoridade de Polícia Judiciária Militar a instauração do IPM. Cabe ainda consignar, que a própria Constituição da República de 1988 atribui essa competência ao Parquet, conforme art. 129, VIII CRFB/88. Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 15 Instauração por Decisão do Superior Tribunal Militar - Art. 10, Alínea (d) CPPM Aplicando a simetria aos Estados, no caso em comendo o Estado do Rio de Janeiro, onde o Órgão de Segunda Instância da AJMERJ é o Tribunal de Justiça, este, poderá decidir em remeter os autos ao Ministério Público para fins de instauração do Inquérito Policial Militar. Instauração Por Requerimento do Ofendido, do Seu Representante Legal ou Por Uma Pessoa que Tenha Conhecimento de Uma Infração Penal Militar - Art. 10, Alínea (e) CPPM Os fatos que constituem indícios de infração penal militar, que são narrados pelo ofendido, seu representante legal ou qualquer cidadão, devem a Autoridade de Polícia Judiciária Militar apurar os fatos através do IPM. Instauração Através de Sindicância - Art. 10, Alínea (f) CPPM Saiba mais... O Supremo Tribunal Federal proíbe a instauração de Inquérito Policial baseando exclusivamente em denúncia anônima, devendo o Órgão Policial apurar as informações através procedimentos preliminares, no julgamento do HC n°99.490/SP, Relator Ministro Joaquim Barbosa, 23/11/10. Este meio investigatório pode ser interpretado de forma extensiva, na medida em que outros meios como, por exemplo, a averiguação, irá ensejar em elementos indiciários para a instauração do IPM. Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 16 Superior ou Igualdade de Posto do Infrator - art. 10, § 1° CPPM Quando o infrator for superior ou de igual posto da Autoridade de Polícia Judiciária Militar, em cujo local tenha ocorrido à infração penal militar, deverá este, comunicar o fato ao seu superior para fins de delegação. Providências Antes do IPM - art. 10, § 2° CPPM c/c Art. 12 CPPM A Autoridade de Polícia Judiciária Militar ou qualquer outro militar que tenha conhecimento de uma infração penal militar, adotará as seguintes providências, a saber: • Dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto necessário; • Apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato; • Efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244 CPPM; • Colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias. Infração de Natureza Não Militar - art. 10, § 3° CPPM Se a infração penal não constituir natureza militar, deverá ser comunicado os fatos a Autoridade de Polícia Judiciária e se for o caso apresentar o infrator. Indícios Contra Oficial de Posto Superior ou Mais Antigo no Curso do IPM - Art. 10, § 3° CPPM Se no curso do IPM, o encarregado verificar a existência de indícios de infração penal militar, em desfavor de oficial de posto superior ou mais antigo ao seu, deverá delegar suas atribuições a outro oficial de posto superior ou mais antigo do que o indiciado. ESPECIFICIDADES DE UM IPM E SEUS ENVOLVIDOS ENCARREGADO DO IPM – ART. 15 CPPM O encarregado do IPM será, sempre que possível (grifo nosso), oficial de posto não inferior ao de capitão. No entanto a referida locução grifada, não impede que um oficial subalterno (segundo ou primeiro tenente) exerça as atividades de polícia judiciária militar, por tratar-se de uma clausula discricionária da Autoridade de Polícia Judiciária Militar. Suspeição do Encarregado do IPM – Art 142 CPPM Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 17 Não se admite a suspeição do encarregado por parte do indiciado ou pelo seu advogado, cabendo tão somente ao encarregado do IPM declarar-se suspeito quando ocorrer motivos que impliquem em sua imparcialidade na condução das investigações. Atribuições do Encarregado do IPM – Art. 13 CPPM Além das medidas do art. 12 CPPM (item 10.7) o encarregado deverá também adotas as seguintes atribuições, a saber: • Ouvir o ofendido; • Ouvir o indiciado; • Ouvir testemunhas; • Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações; • Determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros exames e perícias; • Determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou danificada, ou da qual houve indébita apropriação; • Proceder a buscas e apreensões e • Tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência para a realização de perícias ou exames. Escrivão – Art. 11 CPPM A designação do escrivão será de competência do encarregado do IPM, caso não tenha sido feita pela autoridade que delegou o feito. Nos casos em que o indiciado seja oficial, recairá sob segundo ou primeiro tenente, e nos demais casos o escrivão será sargento ou subtenente. Compromisso Legal – Art. 11, Parágrafo Único CPPM O escrivão deverá prestar o compromisso de manter o sigilo do IPM e de cumprir as determinações do CPPM. Atribuições do Escrivão – Art. 21 CPPM ➢ datilografar (digitar) as peças do IPM; ➢ numerar e rubricar as folhas; ➢ alocar as peças em ordem cronológica; ➢ lavrar juntada de documentos e ➢ lavar o recebimento, certidão e conclusão. Incomunicabilidade do Indiciado – Art. 17 CPPM De acordo com a doutrina e jurisprudência, o artigo em análise não foi recepcionado, na medida em que a própria Constituição assegura que toda a prisão deverá ser comunicada imediatamente ao juiz competente (art. 5°, LXII CRFB/88) e o preso terá o direito à assistência familiar bem como de constituir um advogado (art. 5°, LXIII CRFB/88). Se no Estado de Defesa (art. 136, § 3°, inciso IV CRFB/88), onde se verifica diversas restrições no que tange aos Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 18 direitos fundamentais, a Constituição vedou a incomunicabilidade do preso, conclui-se então, que esse instituto no Estado Democrático de Direito não deve prosperar, visto que se prevalece às garantias e os direitos fundamentais do indivíduo. Detenção do Indiciado – Art 18 CPPM Poderá o encarregado, independente de flagrante delito, deter o indiciado por até 30 (trinta) dias, devendo comunicar a presente prisão ao Juiz de Direito. Havendo a necessidade, devidamente fundamentada e a pedido do encarregado, poderá o Comandante de Área prorrogar o feito por mais 20 (vinte) dias. Prazo Para Terminação do IPM – Art. 20 CPPM Indiciado preso: 20 (vinte) dias, contado a partir do dia em que se executar a ordem de prisão. Indiciado solto: 40 (quarenta) dias, contados a partir da data em que se instaurar o inquérito, podendo ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias pela autoridade militar superior. A presente prorrogação visa complementar a investigação no que concerne aos exames, pericias e diligência não concluída. O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo oportuno. O IPM pode ser devolvido pelo Ministério Público e pelo Juiz de Direito, para fins de requisição de diligências e preenchimento de formalidades, conforme art. 26 CPPM, e o prazo será fixado por essas autoridades. Dedução em Favor dos Prazos - Art. 20, § 3° CPPM São deduzidos dos prazos, quando ocorre no curso do IPM, que o indiciado é superior ou mais antigo do que o encarregado. INDÍCIOS Definição: Art. 382 CPPM. Indício é a circunstância ou fato conhecido e provado, de que se induz a existência de outra circunstância ou fato, de que não se tem prova. Requisitos: Art. 383 CPPM. Para que o indício constitua prova, é necessário: a) que a circunstância ou fato indicante tenha relação de causalidade, próxima ou remota, com a circunstância ou o fato indicado; b) que a circunstância ou fato coincida com a prova resultante de outro ou outros indícios, ou com as provas diretas colhidas no processo. Relatório – Art. 22 CPPM O IPM será encerrado por um relatório minucioso, confeccionado pelo encarregado, que irá concluir se há transgressão da disciplina ou indícios de crime, que neste último, representar pela conveniência da prisão preventiva. Solução – Art. 22, § 1° CPPM Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 19 No caso de delegação, o encarregado enviará o IPM à autoridade delegante para fins de homologação ou não, aplicando, quando necessário, penalidade disciplinar ou determinando novas diligências. Remessa – Art. 23 CPPM Por força do Sistema Acusatório adotado pela CRFB/88, o referido artigo não foi recepcionado pela nova ordem constitucional, visto que o Ministério Público (art. 129, inciso I CFRB/88) é considerado o verdadeiro destinatário do IPM. Arquivamento SÚMULA 524 STF Arquivado o inquérito policial, por despacho do Juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.A autoridade de polícia judiciária militar não poderá mandar arquivar o IPM (art. 24 CPPM), todavia o feito poderá ser proposto pelo Ministério Público e endereçado ao Juiz de Direito que poderá concordar ou não. Instauração de Novo IPM – Art. 25 CPPM O IPM arquivado poderá ensejar em investigações, se novas provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa, ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade. Saiba mais... O Supremo Tribunal Federal fixou parâmetros para a investigação do MP. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticia Detalhe.asp?idConteudo=291563 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=291563 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=291563 Projeto Monitoria @projetomonitoriacas 20
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