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RESPONSABILIDADE-CIVIL-NO-AMBIENTE-DIGITAL

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1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 O INSTITUTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL ........................................ 4 
2.1 Espécies de Responsabilidade Civil ..................................................... 8 
3 O CÓDIGO E DEFESA DO CONSUMIDOR ............................................. 11 
3.1 O Objeto de Tutela ............................................................................. 12 
3.2 A Responsabilidade do Fornecedor de Serviços ................................ 14 
3.3 A Sintonia da Lei com os Ditames Constitucionais ............................ 15 
4 MARCO CIVIL DA INTERNET .................................................................. 17 
4.1 O Objeto de Tutela ............................................................................. 18 
4.2 A Responsabilidade do Provedor de Serviço de Rede Social Virtual . 19 
4.3 A Sintonia da Lei com os Ditames Constitucionais ............................ 23 
5 A INTERNET ............................................................................................. 24 
6 PROVEDORES DE SERVIÇOS DE INTERNET ...................................... 28 
7 RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO BRASILEIRO DOS 
PROVEDORES DE SERVIÇOS DE INTERNET POR SEUS PRÓPRIOS ATOS ..... 33 
7.1 Responsabilidade Civil do Provedor de Backbone ............................. 38 
7.2 Responsabilidade do Provedor de Acesso ......................................... 39 
7.3 Responsabilidade do Provedor de Correio Eletrônico ........................ 40 
7.4 Responsabilidade Civil do Provedor de Hospedagem ....................... 42 
7.5 Responsabilidade do Provedor de Conteúdo ..................................... 43 
8 A RESPONSABILIDADE CIVIL POR USO INDEVIDO DA IMAGEM NAS 
MÍDIAS SOCIAIS ...................................................................................................... 45 
8.1 A Responsabilidade Civil por uso Indevido da Imagem de Pessoas 
Mortas ............................................................................................................48 
8.2 A Responsabilidade Civil por uso Indevido da Imagem na Pornografia 
da Vingança ........................................................................................................... 49 
 
2 
 
9 ADVERSIDADES ...................................................................................... 52 
9.1 A Identificação e Localização do Usuário Responsável pelo Ato Ilícito
 ............................................................................................................52 
9.2 A Remoção ou Bloqueio de Acesso a Conteúdo Lesivo .................... 54 
9.3 A Quantificação o Dano causado pela Divulgação de Conteúdo 
Ofensivo..................... ............................................................................................ 55 
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da 
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, 
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse 
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No 
espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser 
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 O INSTITUTO DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
Fonte:grupotgl.com 
Nos dizeres de Gonçalves (2017) a palavra responsabilidade tem sua origem 
na raiz latina spondeo, pela qual se vinculava o devedor, solenemente, nos contratos 
verbais do direito romano. Dentre as várias acepções existentes, algumas fundadas 
na doutrina do livre-arbítrio, outras em motivações psicológicas, se destaca a noção 
de responsabilidade como aspecto da realidade social. 
Toda atividade que ocasiona algum prejuízo traz consigo, como fato social, o 
problema da responsabilidade. A ela cabe restaurar o equilíbrio moral e patrimonial 
provocado pelo autor do dano. Exatamente o interesse em restabelecer a harmonia e 
o equilíbrio violados pelo dano constitui a fonte geradora da responsabilidade civil. 
Gonçalves também nos pontua que a responsabilidade pode resultar tanto da 
violação de normas morais quanto de normas jurídicas, estejam elas separadas ou 
unidas. Tudo irá depender do fato que configura a infração, podendo este ser, muitas 
vezes, proibido pela lei moral ou religiosa, ou pelo direito. 
O campo da moral é mais amplo do que o do direito, pois só se cogita da 
responsabilidade jurídica quando há prejuízo. Esta só se revela quando 
ocorre infração da norma jurídica que acarrete dano ao indivíduo ou à 
 
5 
 
coletividade. Neste caso, o autor da lesão será obrigado a recompor o direito 
atingido, reparando em espécie ou em pecúnia o mal causado. A 
responsabilidade moral e a religiosa, contudo, atuam no campo da 
consciência individual. O homem sente-se moralmente responsável perante 
sua consciência ou perante Deus, conforme seja ou não religioso, mas não 
há nenhuma preocupação com a existência de prejuízo a terceiro. Como a 
responsabilidade moral é confinada à consciência ou ao pecado, e não se 
exterioriza socialmente, não tem repercussão na ordem jurídica. Pressupõe, 
porém, o livre-arbítrio e a consciência da obrigação. (GONÇALVES, 2017, 
p.12) 
Imprescindível, portanto, se faz, distinguir “responsabilidade” de “obrigação”. 
Diferença primordial que podemos apontar é que a “obrigação” é considerada 
um "dever principal", que nasce de diversas fontes e quando cumprida se extingue. E 
quando o devedor não a cumpre, surge a responsabilidade pelo inadimplemento. 
Resumindo, a responsabilidade é o dever de ressarcir os prejuízos, ou seja, o dever 
de indenizar. A responsabilidade é, portanto, a consequência jurídica patrimonial do 
descumprimento da relação obrigacional. 
As causas jurídicas que podem gerar a obrigação de indenizar são muitas, 
dentre elas se encontram: o ato ilícito stricto sensu, ilícito contratual, violação de 
deveres especiais de segurança, obrigação contratualmente assumida de reparar o 
dano, dentre outras. A intenção de se reparar esse dano por ato ilícito através de 
indenização (artigo 927 do Código Civil) significa colocar a vítima no estado em que 
estaria sem a ocorrência do fato danoso. 
A título de conhecimento, ressaltamos que o instituto da responsabilidade civil 
no Código de 1916 estava disciplinado no dispositivo 159, substituído após pelo 186 
e seguintes cumulados com o artigo 927 e ulteriores do Código de 2002. Assim 
vejamos o que descrevem os novos dispositivos: 
 
Artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito. 
Artigo 187 - Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, 
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela 
boa-fé ou pelos bons costumes. 
Artigo 927. Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, 
fica obrigado a repará-lo. 
 
6 
 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentementede 
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente 
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de 
outrem. 
 
O parágrafo único apresenta a denominada responsabilidade objetiva, por 
ressaltar que a obrigação de indenizar independerá de comprovação da culpa. 
O Código Civil de 2002 coaduna com o disposto em nossa Constituição 
Federal, que ressalta em seu artigo 5°, inciso V, o amparo à indenização por dano 
material, moral ou a imagem, além de resguardar no inciso X do mesmo artigo, o 
direito à intimidade, à honra e à imagem das pessoas, assegurando a indenização 
pelo dano material ou moral decorrente da violação. 
Ratificando que para configurar a obrigação de indenizar pelo instituto da 
responsabilidade civil é preciso haver um ato ilícito, consequentemente gerando o 
dano. Assim confirma a doutrina: 
[...] atos ilícitos, concretizados em um procedimento, em desacordo com a 
ordem legal. O ato ilícito, pela força do reconhecimento do direito, tem o poder 
de criar faculdades para o próprio agente. É jurígeno. Mas o ato ilícito, pela 
sua própria natureza não traz a possibilidade de gerar uma situação em 
benefício do agente. O ato ilícito pela sua submissão mesma à ordem 
constituída, não é ofensiva ao direito alheio; o ato ilícito, em decorrência da 
própria iliceidade que o macula, é lesivo do direito de outrem. Então, se o ato 
ilícito é gerador de direitos ou de obrigações, conforme num ou noutro sentido 
se incline a manifestação de vontade, o ato ilícito é criador tão somente de 
deveres para o agente, em função da correlata obrigatoriedade da reparação, 
que se impõe àquele que transgredindo a norma causa dano a outrem. 
(PEREIRA, 2004, p. 653. – apud BAHIA, 2014. p.38) 
Os requisitos para configurar a obrigação de indenizar estão previstos nos 
artigos 186, 187, 927 e seguintes do Código Civil vigente. Devendo-se pontuar os 
quatro elementos essenciais da responsabilidade civil: ação ou omissão, culpa ou dolo 
do agente, relação de causalidade e o dano experimentado pela vítima. 
 
Ação ou omissão 
 
A lei se refere a qualquer pessoa que, por ação ou omissão, venha a causar 
dano a outrem. A responsabilidade podendo derivar de ato próprio, de ato de terceiro 
 
7 
 
que esteja sob a guarda do agente, e ainda de danos causados por coisas e animais 
que lhe pertençam. 
O Código Civil prevê a responsabilidade por ato próprio, dentre os casos de 
calúnia, difamação e injúria; de demanda de pagamento de dívida não vencida ou já 
paga; de abuso de direito, entre outros. A responsabilidade por ato de terceiro ocorre 
nos casos de danos causados pelos filhos, tutelados e curatelados. Também o 
empregador responde pelos atos de seus empregados. Os educadores, hoteleiros e 
estalajadeiros, pelos seus educandos e hóspedes. Os farmacêuticos, por seus 
prepostos. As pessoas jurídicas de direito privado, por seus empregados, e as de 
direito público, por seus agentes. E, ainda, aqueles que participam do produto de 
crime. A responsabilidade por danos causados por animais e coisas que estejam sob 
a guarda do agente é, em regra, objetiva: independe de prova de culpa. 
 
Culpa ou dolo do agente 
 
O dolo consiste na vontade de cometer uma violação de direito (“ação ou 
omissão voluntária”), e a culpa, na falta de diligência (“negligência ou imprudência”). 
Dolo, portanto, é a violação deliberada, consciente, intencional, do dever jurídico. 
Para se ter a reparação do dano, usualmente a vítima deve comprovar o dolo 
ou culpa stricto sensu do agente, segundo a teoria subjetiva adotada em nosso 
diploma civil. Todavia, como essa prova muitas vezes se faz difícil de ser conseguida, 
o nosso direito positivo admite, em hipóteses específicas, casos de responsabilidade 
sem culpa: a responsabilidade objetiva, com base especialmente na teoria do risco. 
De acordo com Venosa, no que tange a culpa, esta pode ser objetiva ou 
subjetiva. Na primeira a conduta ilícita independe de culpa. No entanto, a segunda se 
faz necessária a comprovação do ato culposo. Contudo, devido à dificuldade de se 
comprovar a culpa em alguns casos concretos, criou-se a Teoria do Risco decorrente 
da Atividade, ou seja, o agente é responsável pelos riscos que sua atividade promove, 
mesmo tendo esse se precavido para evitar o dano. Assim, assegura Venosa, que há 
Teoria do Risco criado e do Risco benefício, sendo que o agente obtém vantagem 
dessa atividade, que se porventura, ocasionar danos, este terá a obrigação de 
indenizar. 
 
 
8 
 
Relação de causalidade 
 
É a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão do agente e o dano 
verificado. Vem expressa no verbo “causar”, utilizado no artigo 186. Sem ela, não 
existe a obrigação de indenizar. Se existiu o dano, mas sua causa não está 
relacionada com o comportamento do agente, então não existe a relação de 
causalidade e também a obrigação de indenizar. Se, por exemplo, o motorista estiver 
dirigindo de forma correta e a vítima, com intuito de suicidar-se, se atira sob o veículo, 
não se pode afirmar ter o condutor “causado” o acidente, pois na verdade foi um mero 
instrumento da vontade da vítima, esta sim responsável exclusiva pelo evento. 
 
Dano 
 
O dano pode ser material ou moral, ou seja, sem repercussão na órbita 
financeira do ofendido. O Código Civil assente um capítulo sobre a liquidação do dano, 
ou seja, sobre o modo de se apurarem os prejuízos e a indenização cabível. Sem a 
prova do dano, não há como ser civilmente responsabilizado. 
Com efeito, o elemento objetivo da culpa é o dever violado. A 
responsabilidade é uma reação provocada pela infração de um dever 
preexistente. No entanto, ainda mesmo que haja violação de um dever 
jurídico e que tenha havido culpa, e até mesmo dolo, por parte do infrator, 
nenhuma indenização será devida, uma vez que não se tenha verificado 
prejuízo. Se, por exemplo, o motorista comete várias infrações de trânsito, 
mas não atropela nenhuma pessoa nem colide com outro veículo, nenhuma 
indenização será devida, malgrado a ilicitude de sua conduta. A obrigação de 
indenizar decorre, pois, da existência da violação de direito e do dano, 
concomitantemente. (GONÇALVES, 2017, p.55) 
2.1 Espécies de Responsabilidade Civil 
Considerando a natureza do instituto, a responsabilidade civil apresenta uma 
clássica divisão realizada. Pode estar efetivada em decorrência de um contrato, 
quando existe descumprimento de um dever preestabelecido, gerando então a 
obrigação de ressarcir, caso este em que falamos em responsabilidade civil contratual, 
ou, ainda, na hipótese em que entre o autor do dano e a vítima não há qualquer vínculo 
jurídico anterior até a realização do comportamento que ensejou um prejuízo e a 
 
9 
 
consequente obrigação de reparar, caso em que nos relatamos a responsabilidade 
civil extracontratual ou aquiliana. 
A responsabilidade contratual, assim, decorre do não atendimento à prestação 
fixada em contrato. Ao se falar em contrato, destacamos que todos têm a livre escolha 
para contratar, no entanto, uma vez compactuado o contrato, se torna dever entre as 
partes cumprir o que ficou avençado – princípio da força vinculante das convenções, 
traduzido na expressão pacta sunt servanda. Compreende-se, do referido princípio, 
portanto, que o contrato impera entre as partes, que devem cumpri-lo rigorosamente. 
A Responsabilidade “não está no contrato, como equivocadamente alguns a 
definem. O que está no contrato é o dever jurídico preexistente, a obrigação 
originária voluntariamente assumida pelas partes contratantes. A 
responsabilidade contratual surge quando uma delas (ou ambas) descumpre 
esse dever, gerando o dever de indenizar. ” (Cavalieri Filho, 2012. 305p. - 
apud LIMA, 2017, p.4) 
Imprescindível afirmar que a responsabilidade contratual tem fundamento na 
autonomia da vontade. Podemos concluir, assim, que do não cumprimento das 
obrigaçõesfixadas espontaneamente dar-se-á ao inadimplente a incumbência de 
reparar o prejuízo causado pelo seu comportamento infiel. Concluindo-se, portanto, 
que o descumprimento do contrato compromete o andamento da relação jurídica 
alicerçada entre as partes, atentando-se para o fato de que a reparação deve ser 
equivalente ao prejuízo suportado, pois o objetivo do instituto da responsabilidade civil 
é assegurar que a vítima do dano retorne à sua posição jurídica anterior à conduta 
danosa. 
Além disso, é importante evidenciar que tanto na responsabilidade contratual, 
como na extracontratual, é primordial que exista a desobediência a uma norma. A 
diferença se dá no passo em que na responsabilidade contratual há o desrespeito ao 
dever de cumprir o acordado em contrato, enquanto que na responsabilidade 
extracontratual, a obrigação prevista em lei de não causar prejuízo a outrem é 
descumprida. 
Existem duas correntes que estudam a responsabilidade civil sob a ótica da 
presença ou não do elemento culpa: a doutrina subjetiva ou teoria da culpa e a 
doutrina objetiva ou teoria do risco. 
A responsabilidade subjetiva tem esteio na teoria da culpa, que preconiza a 
comprovação da culpa do autor da conduta danosa, com o objetivo de perseguir a 
reparação do dano. Tarcísio Teixeira, apud LIMA, 2017, p.5, afirma que “a base da 
 
10 
 
responsabilidade subjetiva está no fato de saber o quanto a prática do ato contribuiu 
para o prejuízo sofrido pela vítima”. Sendo assim, a culpa deve ser reconhecida em 
sentido amplo, compreendendo o dolo, ou seja, vontade direta do agente de 
prejudicar, e a culpa em sentido estrito (imprudência, negligência e imperícia). Desse 
modo, a existência da culpa pressupõe responsabilidade civil subjetiva. A falta de 
comportamento culposo do autor da conduta afasta a obrigação de reparar. Da leitura 
do artigo 186 do Código Civil combinado com o artigo 927 também do Código Civil, 
resulta a teoria a responsabilidade subjetiva adotada por nosso ordenamento jurídico. 
A principal característica da responsabilidade objetiva, que se baseia na teoria 
do risco, é a ausência de culpa para sua configuração. Portanto, haverá dever de 
reparação independentemente de culpa. Necessário apenas que haja nexo de 
causalidade entre a conduta do agente e o dano para que se tenha a obrigação de 
indenizar. Carlos Roberto Gonçalves, apud LIMA, 2017, p.5, destaca também, que a 
teoria do risco defende que o comportamento de alguém que criar um risco de dano a 
terceiro, deve ser obrigado a efetuar a reparação, mesmo que a conduta seja 
desprovida de culpa. Assim, o parágrafo único do art. 927 do Código Civil contemplou 
a regra geral da responsabilidade objetiva, ao estabelecer que haverá obrigação de 
reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou 
quando a atividade normalmente desenvolvida, por sua natureza, implicar risco para 
os direitos de outrem. 
 
11 
 
3 O CÓDIGO E DEFESA DO CONSUMIDOR 
 
Fonte: site.pkodobrasil.com.br 
O Código de Defesa do Consumidor é considerado um instrumento de tutela 
dos vulneráveis, que vem buscar um reequilíbrio nas relações de consumo desiguais 
diante do fornecedor, adotando o princípio da prevenção dos danos, reconhecendo a 
necessidade primeira de evitar que os mesmos venham a ocorrer. Ensina Cláudia 
Lima Marques, apud MALHEIROS, 2014, p.46 
o Código Civil brasileiro de 2002 deseja ser um Código central e para iguais. 
Já o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90) possui espírito e 
teleologia que ligam-se a um novo paradigma, o paradigma da diferença, da 
igualdade dos desiguais, do tratamento desigual para os desiguais, do 
tratamento de grupos ou plural, de interesses difusos e de equidade. Assim, 
o CDC continua a regular, com primazia e prioridade, as relações de 
consumo. As normas do Código Civil de 2002 podem ser aplicadas às 
relações de consumo como normas gerais, subsidiárias e no que couber, ou 
quando especifiquem sua aplicação ao caso concreto. 
Importante frisar a infinidade de produtos e serviços oferecidos pelos avanços 
tecnológicos, afastando qualquer dificuldades referentes à distância, formas de 
pagamento , e, de outro, o direcionamento de anúncios de produtos e serviços a 
determinados públicos-alvo, ao implementar seus sistemas com foco na coleta de 
 
12 
 
informações de seus usuários. A sociedade de consumo é, também, a sociedade da 
informação. 
Mas em algum momento, a pessoa poderá se ver em situação de fragilidade 
concreta nas relações que venha a estabelecer. É diante da vulnerabilidade do usuário 
– decorrente tanto da relação com a tecnologia implementada no ambiente virtual, 
quanto da necessidade de adesão ao serviço prestado – que vem a ser exigida a 
proteção especial pelo Direito, buscando promover a equivalência em uma relação 
que já nasce desigual. 
O fundamento para este tratamento diferenciado se encontra na posição 
privilegiada do fornecedor, especialmente em razão de um pressuposto poder 
econômico e domínio técnico, que corresponderá a uma posição de fragilidade, de 
subordinação e de exposição do consumidor. 
3.1 O Objeto de Tutela 
Existem muitos obstáculos na relação entre consumidor e fornecedor. Estamos 
diante uma realidade forjada pela complexidade tecnológica, na qual o ambiente 
virtual da Internet surge como novo local de relacionamento social, de consumo e de 
riscos. A oferta com base na aparência e a aceitação baseada na confiança são 
conceitos apropriados para a excessiva sofisticação proposta pelas relações 
eletrônicas, despersonalizadas e virtuais, que acabam por potencializar o 
desequilíbrio entre as partes, dando início a uma relação que não é familiar. 
O Código do Consumidor busca compensar essa vulnerabilidade diante o 
fornecedor, se voltando para a legitimidade das expectativas do consumidor. Com o 
intuito de promover o equilíbrio de uma relação desigual, onde o fornecedor possui 
posição favorecida em razão de um pressuposto poder econômico mais elevado, e, 
sobretudo, quanto ao domínio técnico e informacional do serviço disponibilizado, 
ficando o consumidor numa possição fragilizada, necessitando de proteção e 
segurança na execução do serviço. 
Na busca pelo padrão de qualidade de produtos e serviços, o Código de Defesa 
do Consumidor, além de prever o princípio da boa-fé objetiva como linha teleológica 
de interpretação (artigo 4º, III), como cláusula geral (artigo 51, IV), positivou uma série 
 
13 
 
de deveres anexos em todo o seu corpo de normas, como, por exemplo, os deveres 
de informação e proteção constantes no art. 14. 
 
Art.4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde 
e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade 
de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos 
os seguintes princípios: 
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e 
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento 
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a 
ordem econômica, sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre 
consumidores e fornecedores; 
 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais 
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: 
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o 
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a 
equidade; 
 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência 
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos 
à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas 
sobre sua fruição e riscos. 
 
Assim, é possível apontar dois campos distintosde preocupações no âmbito do 
CDC. Um se encontra focalizado na garantia da incolumidade físico-psíquica do 
consumidor, protegendo sua saúde e segurança, preservando sua vida e integridade 
contra os acidentes de consumo provocados pelos riscos de produtos e serviços. O 
outro campo se baseia na incolumidade econômica do consumidor em face dos 
incidentes de consumo capazes de atingir seu patrimônio 
 
14 
 
Podemos, desse modo, concluir que o objeto de tutela do código do consumidor 
é a confiança no serviço prestado pelo fornecedor, e que para tanto, lança mão dos 
deveres anexos impostos pelo princípio da boa-fé objetiva como meio de proteção. 
3.2 A Responsabilidade do Fornecedor de Serviços 
Atualmente, vivemos na chamada era digital, onde as relações sociais são 
vivenciadas muitas vezes através de redes sociais e as de consumos pelo conhecido 
e-comerce. E para enfrentar essa situação, e seus riscos, o Código de Defesa do 
Consumidor desenvolveu um novo sistema de responsabilidade civil para as relações 
de consumo, com fundamentos e princípios novos, uma vez que a responsabilidade 
civil tradicional se tornou insuficiente para proteger o consumidor. Tamanha proteção 
recuperou a dimensão humana do consumidor, na medida em que o afirma como 
sujeito, titular de direitos constitucionalmente protegidos. 
De acordo com o Código do Consumidor, a responsabilidade está objetivada, 
concentrada no produto ou no serviço prestado. 
De acordo com Antonio Herman Benjamin, apud apud MALHEIROS, 2014, 
p.48: 
o sistema de responsabilização proposto pelo Código de Defesa do 
Consumidor adotou a teoria da qualidade, segundo a qual produtos e serviços 
devem oferecer garantia contra: i) os vícios de qualidade por insegurança, 
tutelando a incolumidade físico-psíquica (art. 8º a 17) e ii) os vícios de 
qualidade por inadequação, levando em consideração o desempenho de 
produtos e serviços, ou seja, com o cumprimento de sua finalidade (art. 18 a 
25). Trata-se, dessa maneira, de verdadeiro incentivo à criação, pelos 
fornecedores, de meios eficientes de controle de qualidade daquilo que 
colocam no mercado. (2013, p. 139) 
Há de se observar, primeiramente, que a exigência de um defeito no serviço 
como pressuposto da obrigação de indenizar relativiza sua responsabilidade com a 
ocorrência de um fato antijurídico, como a colocação no mercado de serviço inseguro. 
Uma vez que a colocação no mercado desse serviço inseguro beneficia o fornecedor, 
e ele tem que arcar com as consequências deste ato, e provar a inexistência do defeito 
do mesmo. Sendo que se não o fizer, objetivamente responde pelos danos causados 
ao consumidor. 
 
15 
 
Não se trata, portanto, de uma segurança absoluta, já que é necessária a 
incidência de um defeito, de falha na segurança esperada legitimamente. O 
fornecedor não responde pela simples colocação em circulação do serviço. 
A expectativa legítima do consumidor se origina da confiança na segurança do 
serviço prestado, de modo que o Direito só virá a atuar quando a insegurança 
ultrapassar o patamar de normalidade e previsibilidade do risco, se tornando, assim, 
um verdadeiro defeito. 
Portanto, essa expectativa legítima do consumidor se liga a dois conceitos: ao 
do aspecto objetivo (a normalidade) e ao do aspecto subjetivo (a previsibilidade do 
risco). 
3.3 A Sintonia da Lei com os Ditames Constitucionais 
A Constituição Federal, como norma maior de nosso ordenamento jurídico, 
deve ser base para todas as demais leis. Seus princípios e fundamentos respeitados 
e seguidos. 
Vigilante às singularidades da relação de consumo, o constituinte brasileiro 
tratou de estabelecer expressamente a defesa do consumidor como direito 
fundamental (artigo 5º, XXXII), bem como princípio da ordem econômica (artigo 170, 
V, CF), determinando a elaboração de um sistema normativo que garantisse a 
proteção estabelecida na Constituição (artigo 48, ADCT). 
 
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do 
consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 
170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. 
 
De origem em preceitos constitucionais, o Código de Defesa do Consumidor se 
caracteriza como uma norma de caráter social, com a finalidade de impor uma nova 
conduta e transformar a própria realidade social. Explica Cláudia Lima Marques, apud 
MALHEIROS, 2014, p.50: 
as leis de função social caracterizam-se por impor novas noções valorativas 
que devem orientar a sociedade, e por isso optam, geralmente, em positivar 
uma série de direitos assegurados ao grupo tutelado e impõem uma série de 
novos deveres imputados a outros agentes da sociedade, os quais, por sua 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5xxxii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art170v
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#adctart48
 
16 
 
profissão ou pelas benesses que recebem, considera o legislador que 
possam e devam suportar estes riscos. 
A determinação do Código como de ordem pública traz um status diferenciado 
à lei que, mesmo não a tornando hierarquicamente superior às demais, lhe dá um 
caráter preferencial. Em contrapartida, na medida em que o conteúdo de um direito 
fundamental de matriz constitucional é efetivado, é tirada da esfera da autonomia 
privada das partes a possibilidade de derrogar tais normas. 
Com relação a proteção à parte mais frágil na relação de consumo, explica 
Bruno Miragem, apud MALHEIROS, 2014, p.50/51: 
O direito do consumidor também tem claro caráter promocional na 
perspectiva econômica. Justifica-se não apenas sob o fundamento ético de 
proteção da pessoa humana na sociedade de consumo, mas também sob o 
critério da economicidade que orienta o conteúdo da intervenção legislativa 
do Estado na regulação do mercado. Significa dizer: ao impor deveres 
jurídicos aos fornecedores, visa ao estabelecimento de um standard de 
conduta que não diz respeito apenas às relações individuais entre 
consumidores e fornecedores, mas como padrão de qualidade e eficiência do 
mercado como um todo, gerando efeitos positivos não apenas aos interesses 
individuais dos consumidores, mas também ao próprio incremento das 
relações econômicas. É fator com que contribui, pois, com o próprio 
desenvolvimento econômico. 
É pois, de origem constitucional o tratamento privilegiado do consumidor, para 
que tenhamos uma verdadeira harmonia das relações de consumo. 
 
 
17 
 
4 MARCO CIVIL DA INTERNET 
 
Fonte: diariodocentrodomundo.com.br 
Diante da crescente necessidade de regulação das relações estabelecidas no 
universo virtual, em 23 de junho de 2014 entrou em vigor a Lei nº 12.965, também 
conhecida como o Marco Civil da Internet, estabelecendo princípios, garantias, direitos 
e deveres para o uso da Internet no Brasil. Com escopo, fundamentalmente, de 
preservação e garantia da neutralidade da rede, proteção da privacidade e a garantia 
da liberdade de expressão. 
 
Art. 3o A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios: 
I - garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de 
pensamento, nos termos da Constituição Federal; 
II - proteção da privacidade; 
III - proteção dos dados pessoais, na forma da lei; 
IV - preservação e garantia da neutralidade de rede; 
V - preservação da estabilidade, segurança e funcionalidade da rede, por meio 
de medidas técnicas compatíveis com os padrões internacionais e pelo estímulo ao 
uso de boas práticas; 
 
18 
 
VI - responsabilização dos agentes de acordo com suas atividades, nos termos 
da lei; 
VII - preservação da natureza participativa da rede; 
VIII - liberdade dos modelos de negócios promovidos na internet, desde que 
não conflitem com os demais princípios estabelecidos nesta Lei. 
Parágrafo único. Os princípios expressos nesta Lei não excluemoutros 
previstos no ordenamento jurídico pátrio relacionados à matéria ou nos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 
Segundo George Leite, apud Zagato, ao abordar o referido tema: 
Outro aspecto importante do processo do Marco Civil foi a transparência. No 
processo de consulta pública, os participantes poderiam ver em tempo real a 
contribuição de todos os outros participantes. Desse modo, criou-se um 
modelo propício ao embate racional de ideias. Considerando-se que os 
participantes do processo de consulta do Marco Civil envolviam indivíduos, 
usuários, bibliotecários, tradutores, empresas de tecnologia, provedores de 
serviços de internet, empresas de telecomunicações, radio difusores, 
associações de classe e assim por diante, construiu-se um verdadeiro fórum 
hibrido, onde todos tinham igualdade de vozes. Empresas de tele- 
comunicações contribuíam de forma aberta e lado a lado com usuários 
individuais da rede. Os argumentos de um e de outro competiam por sua 
fundamentação, não por sua origem ou autoridade. Além disso, a 
possibilidade de se enxergarem as posições públicas de cada participante 
serviu para ampliar e qualificar o debate. (LEITE, 2014, p.6 - apud Zagato 
2017, p.3,) 
A lei 12.965 vem como garantidor de princípios, direitos e deveres dentro desse 
novo universo (virtual), estabelecendo, assim, maior segurança jurídica ao nosso 
ordenamento jurídico. 
4.1 O Objeto de Tutela 
Tido como um dos elementos fundamentais do Estado Democrático de Direito, 
a liberdade de expressão vem tendo grande relevância com o crescimento da 
comunicação via Internet. Lembrando que foi o livre compartilhamento de ideias e 
opiniões que ensejou o desenvolvimento de uma estrutura tecnológica que permitisse 
a interligação entre as fontes de pensamento, qual seja, a liberdade de expressão é 
característica essencial ao nascimento da rede mundial de computadores. 
O artigo 2º da lei em questão, estabelece a liberdade de expressão como 
fundamento: 
 
19 
 
Art. 2o A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o respeito 
à liberdade de expressão 
 
O artigo 3º, I apresenta a liberdade de expressão como princípio: 
Art. 3o A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios: 
I - garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de 
pensamento, nos termos da Constituição Federal; 
 
O artigo 8º determina a garantia à liberdade de expressão como condição ao 
pleno exercício do direito de acesso à internet: 
Art. 8o A garantia do direito à privacidade e à liberdade de expressão nas 
comunicações é condição para o pleno exercício do direito de acesso à internet. 
 
De acordo com Malheiros, 2014, os defensores do modelo adotado pelo Marco 
Civil, como Ronaldo Lemos, se apoiam na experiência norte-americana, onde o 
tratamento dado à liberdade de expressão é bastante peculiar, e, não raro, resulta 
vitoriosa frente a outros direitos fundamentais, como privacidade, reputação e 
igualdade. 
Este privilégio vai de encontro com a harmonia proposta pelo constituinte 
brasileiro. Além do mais, as justificativas à proteção da liberdade de expressão devem 
compreender os interesses de quem se manifesta e, também, dos destinatários da 
manifestação. Em outras palavras, incorrendo no castigo de reforçar a desigualdade 
de uma relação que já nasce desigual: entre o destinatário da manifestação e provedor 
de serviço, a lei utiliza o direito de terceiro (direito à liberdade de expressão) para 
tutelar, no fim, o interesse do intermediário (provedor de serviços na Internet), 
desconsiderando, ainda, os direitos e interesses do destinatário. 
4.2 A Responsabilidade do Provedor de Serviço de Rede Social Virtual 
No que tange a danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros, a lei 
12.965 discorre sobre o tema nos artigos 18 ao 21. 
 
 
20 
 
Seção III 
Da Responsabilidade por Danos Decorrentes de Conteúdo Gerado por 
Terceiros 
 
Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente 
por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros. 
Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a 
censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado 
civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após ordem 
judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos limites técnicos 
do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado 
como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário. 
§ 1o A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob pena de nulidade, 
identificação clara e específica do conteúdo apontado como infringente, que permita 
a localização inequívoca do material. 
§ 2o A aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos de autor ou 
a direitos conexos depende de previsão legal específica, que deverá respeitar a 
liberdade de expressão e demais garantias previstas no art. 5º da Constituição 
Federal. 
§ 3o As causas que versem sobre ressarcimento por danos decorrentes de 
conteúdos disponibilizados na internet relacionados à honra, à reputação ou a direitos 
de personalidade, bem como sobre a indisponibilização desses conteúdos por 
provedores de aplicações de internet, poderão ser apresentadas perante os juizados 
especiais. 
§ 4o O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3o, poderá antecipar, total 
ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, existindo prova 
inequívoca do fato e considerado o interesse da coletividade na disponibilização do 
conteúdo na internet, desde que presentes os requisitos de verossimilhança da 
alegação do autor e de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. 
Art. 20. Sempre que tiver informações de contato do usuário diretamente 
responsável pelo conteúdo a que se refere o art. 19, caberá ao provedor de aplicações 
de internet comunicar-lhe os motivos e informações relativos à indisponibilização de 
conteúdo, com informações que permitam o contraditório e a ampla defesa em juízo, 
 
21 
 
salvo expressa previsão legal ou expressa determinação judicial fundamentada em 
contrário. 
Parágrafo único. Quando solicitado pelo usuário que disponibilizou o conteúdo 
tornado indisponível, o provedor de aplicações de internet que exerce essa atividade 
de forma organizada, profissionalmente e com fins econômicos substituirá o conteúdo 
tornado indisponível pela motivação ou pela ordem judicial que deu fundamento à 
indisponibilização. 
Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize conteúdo gerado 
por terceiros será responsabilizado subsidiariamente pela violação da intimidade 
decorrente da divulgação, sem autorização de seus participantes, de imagens, de 
vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter 
privado quando, após o recebimento de notificação pelo participante ou seu 
representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites 
técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo. 
Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter, sob pena de 
nulidade, elementos que permitam a identificação específica do material apontado 
como violador da intimidade do participante e a verificação da legitimidade para 
apresentação do pedido. 
 
O artigo 18 traz, pois, a não responsabilização civil por danos decorrentes de 
conteúdo gerado por terceiros, com relação ao provedor de conexão. 
Com relação aos provedores de aplicações o artigo 19 determina que a rede 
social só será responsabilizada se, após ordem judicial específica, não tomar 
providências para indisponibilizar o conteúdo apontado como infringente. 
Realmente, exigir que as redes sociais analisem todo e qualquer conteúdo 
que possa ser ofensivo ao usuário, poderia, além de inviabilizar os serviços 
prestados,resultar numa forma de censura prévia, pois ensejaria a remoção 
de conteúdo potencialmente prejudicial, sem a adequada ponderação. 
(Malheiros, 2014, 57) 
Todavia, se critica a judicialização de questões que já eram solucionadas por 
instrumentos mais céleres, cominando um ônus à vítima, fazendo com que a mesma 
tenha que provocar o Judiciário para requerer a retirada do conteúdo ofensivo. 
O artigo 19, no seu parágrafo 3º traz a previsão expressa que nos casos que 
envolvem a honra, à reputação ou a direitos de personalidade, devido a gravidade e 
 
22 
 
extensão que os danos podem alcançar, as causas sejam apresentadas em juizados 
especiais, uma vez que envolve um processo mais célere. 
Citando a Ministra Ellen Gracie, Malheiros, interpela sua posição, abordando a 
proteção à honra: “a busca tardia pela reparação da honra injustamente ultrajada” 
corresponde ao “esforço de reunir as plumas de um travesseiro, lançadas do alto de 
um edifício.” 
O artigo 21 afungenta a obrigação de notificação judicial nos casos de violação 
da intimidade por divulgação não autorizada de imagens, de vídeos ou de outros 
materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado. Isenta o 
provedor de responsabilidade quando atender prontamente à notificação do ofendido 
para a retirada do material impróprio. 
Estimula, assim, uma solução imediata em sede extrajudicial. 
Malheiros observa que o Marco Civil da Internet 
1) Estabelece a responsabilidade subjetiva dos provedores de aplicações 
ao determinar a retirada de conteúdo . 
2) Observa apenas o critério de verificação de conteúdo gerado por 
terceiro, ao disciplinar a responsabilidade dos provedores, afastando-se da 
possibilidade de controle cadastral por intermédio dos filtros que o próprio provedor 
administrativo. 
3) Despreza o potencial lesivo que os próprios provedores de serviços 
viabilizam, afastando-se de qualquer hipótese de precaução de danos, principalmente 
no caso de controle de cadastro de perfil falso de usuário da rede social. 
4) Generaliza a caracterização dos provedores de aplicações, não se 
preocupando com as particularidades de diferentes modalidades, não levando em 
consideração qualquer possibilidade de diferentes classificações tendo em vista as 
funcionalidades técnicas, e, fundamentalmente, os objetivos do serviço prestado. 
 
Portanto, pela lei n.º 12.695/14, como dito em alhures, a regra é que o provedor 
não responda por conteúdo gerado por terceiro e o usuário terá o encargo de provocar 
o judiciário e relatar as violações de forma específica, demonstrando os locais onde 
estão armazenadas as ofensas. 
 
23 
 
4.3 A Sintonia da Lei com os Ditames Constitucionais 
Sabemos que todas as normas devem ser orientadas pelos princípios 
norteadores de nossa Carta Maior, a Constituição Federal, base do ordenamento 
jurídico brasileiro. 
Acontece que o Marco Civil da Internet, ao priorizar a liberdade de expressão, 
acaba por causar um desequilíbrio perante os demais princípios fundamentais. O 
Ministro Celso de Mello, do STF se manifestou a respeito: 
É inquestionável que o exercício concreto da liberdade de expressão pode 
fazer instaurar situações de tensão dialética entre valores essenciais, 
igualmente protegidos pelo ordenamento constitucional, dando causa ao 
surgimento de verdadeiro estado de colisão de direitos, caracterizado pelo 
confronto de liberdades revestidas de idêntica estatura jurídica, a reclamar 
solução que, tal seja o contexto em que se delineie, torne possível conferir 
primazia a uma das prerrogativas básicas, em relação de antagonismo com 
determinado interesse fundado em cláusula inscrita na própria Constituição. 
Portanto, devem ser observadas as próprias restrições constitucionais, tal qual 
o anonimato das manifestações, à inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e 
imagem das pessoas. 
Continua o Ministro: 
Tenho por irrecusável, por isso mesmo, que publicações que extravasam, 
abusiva e criminosamente, o exercício ordinário da liberdade de expressão e 
de comunicação, degradando-se ao nível primário do insulto, da ofensa e, 
sobretudo, do estímulo à intolerância e ao ódio público, não merecem a 
dignidade da proteção constitucional que assegura a liberdade de 
manifestação do pensamento, pois o direito à livre expressão não pode 
compreender, em seu âmbito de tutela, exteriorizações revestidas de ilicitude 
penal ou de ilicitude civil. 
A cláusula proibitória do anonimato visa, portanto, desestimular manifestações 
abusivas do pensamento, que delas possam docorrer danos ao patrimônio moral das 
pessoas injustamente desrespeitadas em sua esfera de dignidade, qualquer que seja 
o meio utilizado na veiculação das imputações ofensivas. 
 
24 
 
5 A INTERNET 
 
Fonte: st2.depositphotos.com 
Clara se torna a necessidade de conhecer a origem da ferramenta essencial 
aos dias de hoje, chamada “internet”. Os conceitos e a tecnologia utilizados pela 
internet surgiram de um projeto ao longo dos anos de 1960 pelo Departamento de 
Defesa Americano. O projeto em questão tinha como principal objetivo, o 
desenvolvimento de uma rede de computadores para a comunicação entre os 
principais centros militares de comando e controle que sobreviveria a um ataque 
nuclear, em tempos de Guerra Fria. Nos anos de 1970 e meados dos anos de 1980, 
muitas universidades se conectaram a rede, promovendo assim a utilização da 
mesma para um uso acadêmico e cultural. 
Ainda nos anos de 1980, a Fundação Nacional de Ciência dos EUA, utilizou-se 
de uma rede de fibra ótica para interligar os centros de supercomputadores que 
estavam localizados em pontos chaves do país. 
A rede criada pela NSF (National Science Foundation), que posteriormente foi 
chamada de “backbone NSF”, possuiu um papel fundamental para o desenvolvimento 
da internet nos últimos anos, pois diminuiu consideravelmente o custo da 
comunicação de dados para as redes de computadores existentes, que foram 
estimuladas, amplamente, para se conectarem na “backbone NSF”. O controle da 
 
25 
 
“backbone” pela NSF foi encerrado no ano de 1995, passando seu gerenciamento 
para o setor privado. 
Um dos elementos mais importantes que possibilitou que a Internet se 
transformasse num instrumento de comunicação em massa foi à adição do World 
Wide Web (ou WWW, ou ainda W3, ou simplesmente Web), a rede mundial. 
O WWW nasceu em 1989 no Laboratório Europeu de Física de altas energias, 
com sede em Genebra, sob o comando de T. Bemers-Lee e R. Cailliau. A ferramenta 
em questão é composta por hipertextos, qual seja, documentos onde diferentes tipos 
de dispositivos de informações são evidenciados de forma particular, como sons, 
imagens e textos, e podem ser relacionados com outros documentos. Com um clique 
o usuário pode ter acesso aos mais variados serviços, sem necessidade de conhecer 
os inúmeros protocolos de acesso, podendo dessa forma ser acessado pela grande 
massa. 
A disseminação da internet é semelhante, de certa maneira, a da rede 
telefônica, o que as diferencia é que ao conectar-se com um dispositivo com acesso 
à internet o usuário tem a possibilidade de encontrar uma gigantesca fonte de 
informações transmitidas por outros usuários, contendo experiências pessoais e 
conhecimentos adquiridos, e fornecer sua opinião sobre os mais diversos assuntos, 
algo que raramente aconteceria através da rede telefônica. 
Atualmente, a internet é vista como uma grande rede mundial que possibilita a 
comunicação entre diversos aparelhos, abarcando desde grandes computadores, até 
microcomputadores como notebooks ou smartphones. Tais dispositivos são 
interligados por diversos meios de comunicação como por exemplo: linhas comuns de 
telefone (modem), canais de satélite, cabos submarinos, cabos ópticos. E os mesmos 
podem estar localizados em qualquer lugar, sejam universidades, bibliotecas, imóveis 
residenciais, cafés... 
O Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em fevereiro 
de 2018 dados de uma Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) 
em relação ao acesso à internet em 2016, e dois deles chamaram atenção. Quase a 
totalidade (92,4%) dos 116,1 milhões de habitantes do país que acessaram a rede 
fizeram uso de aplicativos de troca de mensagens (com exceção do e-mail) para se 
comunicar, o que significa que nove entre dez internautas no país já utilizavam 
aplicativos de mensagens. 
 
26 
 
De acordo com a gerente da pesquisa, Maria Lucia Vieira, o e-mail era 
considerado a principal razão desse acesso em 2005 e hoje está mais restrito aos 
processos de trabalho: “esse quadro demonstra que as pessoas priorizam as formas 
de comunicação mais fáceis e mais rápidas, como as oferecidas pelos aplicativos de 
celular”, diz. O celular foi o equipamento utilizado por 94,6% das pessoas que 
acessaram a rede em 2016. 
O acesso móvel está acima de 90% em todas as grandes regiões”, completa. 
A utilização da Internet foi crescente com o aumento da idade, alcançando o 
máximo entre as pessoas de 18 a 24 anos de idade, passando a diminuir nas 
seguintes. O percentual de pessoas de 10 a 24 anos que utilizaram a Internet foi: 
66,3% no grupo etário de 10 a 13 anos, 82,5%, no de 14 a 17 anos, 85,4%, no de 18 
ou 19 anos, de 85,2%, no de 20 a 24 anos. Entre os idosos (60 anos ou mais), apenas 
24,7% acessaram. Tal comportamento foi observado tanto nos indicadores dos 
homens como das mulheres, sendo que a parcela feminina superou a masculina em 
todas as faixas etárias, exceto entre os idosos. 
 
 
Fonte: idgnow.com.br 
 
27 
 
 
Fonte:idgnow.com.br 
 
Fonte: idgnow.com.br 
Como vimos, o acesso à internet está disponibilizado a todos nesse mundo tão 
globalizado. E as redes sociais aparecem como um dos veículos informativos mais 
utilizados pela grande massa atualmente. Estas se dividem em diversos níveis, como 
por exemplo: redes de relacionamentos (youtube, facebook, snapchat, etc), redes de 
profissionais (linkedin), entre outras. 
 
28 
 
O fortalecimento do uso das redes sociais na sociedade contemporânea se dá 
pelo compartilhamento de informações, conhecimentos, interesses e esforços em 
buscas de objetivos comuns e ascensão social, além de demonstrar um processo de 
fortalecimento da sociedade através da participação democrática e a mobilidade 
social. 
Entretanto existe também o lado obscuro do universo cibernético, a “pirataria” 
de softwares, as invasões de privacidade, as fake news, a exploração indevida de 
imagem, spam, os crimes cibernéticos, anonimato, perfis falsos, hospedagem de sites, 
intercepção de dados, invasões aos bancos de dados de servidores públicos e 
privados, calúnia, difamação, manipulamento de e-mail de funcionário, pornografia 
infantil, pedofilia, crime contra a honra e liberdade de expressão na internet, dentre 
tantos outros fatos que existem atualmente e também devem ser amparados pelo 
Direito. 
6 PROVEDORES DE SERVIÇOS DE INTERNET 
 
Fonte:msolinformatica.com 
Segundo Marcel Leonardi “Provedor de serviços de Internet é o gênero do qual 
as demais categorias (provedor de backbone, provedor de acesso, provedor de 
correio eletrônico, provedor de hospedagem e provedor de conteúdo) são espécies.” 
 
29 
 
Ele é uma pessoa natural ou jurídica que oferece serviços relacionados ao 
funcionamento da Internet, ou por meio dela. 
Natureza jurídica das espécies de provedor de serviços de Internet: 
 
Provedores de backbone 
 
Representa o nível máximo da hierarquia de uma rede de computadores. 
Equivalem as estruturas físicas pelas quais trafega a quase totalidade dos dados 
transmitidos através da Internet, e é frequentemente composto de múltiplos cabos de 
fibra ótica de alta velocidade. 
A Rede Nacional de Pesquisa (RNP) foi o primeiro provedor de backbone no 
país, e dela dependeu todo o desenvolvimento da Internet no Brasil até que novas 
estruturas semelhantes, criadas por empresas públicas ou pela iniciativa privada, 
estivessem disponíveis. 
O provedor de backbone oferece conectividade, vendendo acesso à sua 
infraestrutura a outras empresas que, no que lhe concerne, fazem a revenda de 
acesso ou hospedagem para usuários finais, ou que simplesmente utilizam a rede 
para fins institucionais internos. O usuário final, que utiliza a Internet através de um 
provedor de acesso ou hospedagem, dificilmente terá qualquer contato com o 
provedor de backbone. 
Ippolito, apud LEONARDI, 2005, p.21, assim dispõe 
(...) pressuposto para o fornecimento do serviço de acesso à rede Internet é 
a relação contratual que o provedor de acesso estipula com o gestor da rede 
de telecomunicações que aplicará, com as variações necessárias à 
particularidade do serviço, normas reguladores das condições de uso do 
serviço telefônico. 
O provedor de backbone é o aludido gestor da rede de telecomunicações, sem 
o qual o acesso à Internet não seria possível. 
 
Provedores de acesso 
 
Existem várias formas de se acessar a internet. Seja através de conexões 
diretas ou por meio de entidades que a disponibilizem. Seja qual for o caso, necessário 
se faz a figura do provedor de acesso à Internet, que pode ser o provedor comercial 
 
30 
 
ou a própria empresa, instituição de ensino ou órgão público, caso disponha de 
conexão direta a um provedor de backbone. 
Mas, geralmente é por intermédio do provedor de acesso que o usuário comum 
de Internet utiliza a rede, pois os custos de estabelecimento e manutenção de uma 
conexão direta à Internet são muito elevados. 
“O provedor de acesso é a pessoa jurídica fornecedora de serviços que 
possibilitem o acesso de seus consumidores à Internet. Normalmente, essas 
empresas dispõem de uma conexão a um backbone ou operam sua própria 
infraestrutura para conexão direta.” (LEONARDI, 2005, p.21) 
O provedor de acesso tem a liberdade de estabelecer o preço do serviço 
prestado ao usuário final, de acordo com sua abrangência e qualidade, em um regime 
de livre concorrência, sendo facultado ao usuário escolher aquele que melhor se 
amoldar às suas necessidades. 
Importante frisar que para ser considerada um provedor de acesso é suficiente 
que a empresa fornecedora desses serviços ofereça a seus consumidores apenas o 
acesso à Internet, não se exigindo que o provedor forneça quaisquer serviços 
adicionais a seus clientes além da própria conexão (como correio eletrônico, 
hospedagem ou conteúdo). 
Também conforme o pensamento de Leonardi, quando se tratar de provedor 
de acesso comercial, o serviço é prestado de modo oneroso, mediante remuneração 
direta, paga pelo consumidor (variável conforme a velocidade e forma de conexão, o 
tempo de acesso e a utilização de serviços adicionais), ou de modo aparentemente 
gratuito para o consumidor, mediante remuneração indireta, paga pelos anunciantes 
e pelas companhias telefônicas. A relação jurídica existente entre o usuário e o 
provedor de acesso é, portanto, de consumo. O usuário é o destinatário final do 
serviço, enquanto que o provedor de acesso, por prestar serviços, se encaixa na 
categoria de fornecedor. 
Observa-se, ainda, que normalmente os contratos celebrados entre provedores 
de acesso e usuários são contratos de adesão, não permitindo sequer a discussão ou 
modificação de suas cláusulas, restando ao consumidor apenas optar pelas 
modalidades de serviço preestabelecidas pelo fornecedor. 
 
 
 
 
31 
 
Provedores de correio eletrônico 
 
Mesmo que quase todos os provedores de acesso também ofereçam, 
conjuntamente, uma ou mais contas de correio eletrônico, existem diversas empresas 
que oferecem apenas o serviço de correio eletrônico. São, portanto, serviços distintos. 
Os serviços de correio eletrônico dependem necessariamente da existência de 
acesso prévio à Internet. Ele fornece serviços que consistem em possibilitar o envio 
de mensagens do usuário a seus destinatários,armazenar as mensagens enviadas a 
seu endereço eletrônico até o limite de espaço disponibilizado no disco rígido de 
acesso remoto e permitir, somente ao contratante do serviço, o acesso ao sistema e 
às mensagens, mediante o uso de um nome de usuário e senha exclusivos. 
A exemplo do que também ocorre com os provedores de acesso, os 
provedores de correio eletrônico podem prestar seus serviços de modo 
oneroso, mediante remuneração direta, paga pelo consumidor, variável de 
acordo com o espaço total disponibilizado em disco rígido de acesso remoto 
e em razão de eventual utilização de serviços adicionais, tais como filtros e 
bloqueadores de mensagens indesejadas, cópias automáticas de segurança 
e sistemas anti-vírus. (LEONARDI, 2005, p.25) 
A relação jurídica estabelecida entre o usuário, como destinatário final do 
serviço, e o provedor de correio eletrônico, fornecedor de serviços, é de consumo. 
Sendo os contratos também celebrados por adesão. 
 
Provedores de hospedagem 
 
São também conhecidos como hosting ou hospedeiros De acordo com 
Leonardi, “Provedor de hospedagem é a pessoa jurídica que fornece o serviço de 
armazenamento de dados em servidores próprios de acesso remoto, possibilitando o 
acesso de terceiros a esses dados, de acordo com as condições estabelecidas com o 
contratante do serviço”. 
Ele oferece o armazenamento dos arquivos em um servidor, e a possibilidade 
de acesso a esses arquivos de acordo com as condições previamente estipuladas 
com o provedor de conteúdo. 
Os provedores de hospedagem também podem oferecer serviços adicionais, 
como locação de equipamentos informáticos e de servidores, registros de nomes de 
domínio, cópias periódicas de segurança do conteúdo do website armazenado, entre 
 
32 
 
outros, mas isto não é necessário para que seja considerado um provedor de 
hospedagem. 
Barbagalo, apud LEONARDI, 2005, p.25, estabelece os serviços desse tipo de 
servidor “em colocar à disposição de um usuário pessoa física ou de um provedor de 
conteúdo espaço em equipamento de armazenagem, ou servidor, para divulgação das 
informações que esses usuários ou provedores queiram ver exibidos em seus sites”. 
Oferecem, assim, espaço no disco rígido de servidores conectados de forma 
dedicada à rede Internet, através de uma conexão de acesso, geralmente de alta 
largura de banda, possibilitando a uma empresa ou a um simples internauta hospedar 
seus websites e torná-los visíveis e acessíveis em qualquer lugar. 
Os serviços prestados pelos provedores de hospedagem são, portanto, 
essenciais ao funcionamento da world wide web, e inerentes à existência de 
provedores de conteúdo, que necessariamente utilizam esses serviços para veicular 
informações na rede. 
Seus serviços podem ser prestados de modo oneroso, pago diretamente pelo 
consumidor, variável de acordo com o volume mensal do tráfego dos dados utilizados 
pelo website, espaço disponível em disco rígido para armazenamento das 
informações, sistemas de segurança possivelmente adotados e outros serviços 
adicionais utilizados; ou de modo aparentemente gratuito para o consumidor, por meio 
de remuneração indireta, como venda de dados cadastrais do usuário a empresas 
interessadas, anúncios do provedor e de terceiros inseridos em todas as páginas por 
ele criadas, envio de propaganda pelo correio eletrônico, etc. 
O provedor de conteúdo é o destinatário final dos serviços fornecidos pelo 
provedor de hospedagem. Sendo assim, a relação jurídica existente entre eles é de 
consumo. E o contrato celebrado entre as partes também é o de adesão, não 
permitindo a modificação ou a discussão das cláusulas, restando ao consumidor 
escolher entre as opções oferecidas pelo fornecedor 
 
Provedores de conteúdo 
 
Referente à utilização da informação virtual, essa espécie apresenta maior 
relevância, pelo fato de ser responsável por disponibilizar seu teor na Internet, seja 
em espaço próprio ou de terceiros. 
 
33 
 
O provedor de conteúdo, na maioria dos casos, exerce controle editorial prévio 
sobre as informações do que divulga, escolhendo o teor do que será apresentado aos 
usuários antes de permitir o acesso ou disponibilizar estas informações. 
Pode, inclusive, disponibilizar informações a título gratuito, permitindo o acesso 
a qualquer pessoa, ou apenas a pessoas cadastradas previamente em um 
determinado serviço: ou a título oneroso, limitando o acesso ao pagamento ou 
assinatura mensal, utilizando também senhas para impedir o acesso de terceiros. 
O simples acesso a uma página ou website disponibilizado livremente na 
Internet não caracteriza nenhuma relação de consumo, o que não se pode considerar, 
nessa hipótese, o provedor de conteúdo como fornecedor e o usuário como 
consumidor, o qual é livre para buscar as informações que desejar, em qualquer dos 
infinitos provedores de conteúdo que as oferecem. 
A relação de consumo apenas irá se configurar se o provedor de conteúdo 
comercializar especificamente determinadas informações, exercendo assim sua 
atividade a título oneroso, e condicionando o acesso ao pagamento prévio de 
determinada quantia pelo usuário, fornecendo a ele nome e senha exclusivos para 
tanto. 
7 RESPONSABILIDADE CIVIL NO DIREITO BRASILEIRO DOS PROVEDORES 
DE SERVIÇOS DE INTERNET POR SEUS PRÓPRIOS ATOS 
 
Fonte: genjuridico.com.br 
 
34 
 
Para estabelecer a responsabilidade de um provedor de serviços por seus 
próprios atos, necessário se faz analisar a natureza da atividade por ele exercida e as 
cláusulas contratuais estabelecidas com o tomador dos serviços. Uma mesma 
empresa pode fornecer serviços de acesso, de correio eletrônico, de hospedagem e 
de conteúdo, e poderá ser responsabilizada pela má prestação de cada um deles 
individualmente, caso a isso dê causa. 
Conforme assevera o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, “O 
fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela 
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação 
de serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
fruição e riscos.” 
Lembrando que o Código de Defesa do Consumidor é amparado pelo princípio 
da responsabilidade objetiva dos prestadores de serviços. E dessa responsabilidade 
desenrolam três elementos: defeito do serviço, dano experimentado pelo consumidor, 
e relação de causalidade entre o defeito e o dano. 
Assim é expresso no § 1º do mesmo artigo: 
 
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele 
pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as 
quais: 
I – o modo de seu fornecimento; 
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III – a época em que foi fornecido. 
 
Sendo, portanto o serviço fornecido de modo inadequado, apresentando 
resultados manifestamente insatisfatórios, oferecendo riscos acima do permitido ou 
sendo obsoleto em relação à época em que é fornecido, será este considerado 
defeituoso, sem prejuízo de outros critérios complementares a serem adotados pela 
jurisprudência. 
Com relação à vida útil, o objeto pode ser considerado defeituoso se não era 
considerado apresentável e seguro aos fins destinados no momento da contratação. 
O desenvolvimento ulterior de novas técnicas não implica responsabilidade do 
fornecedor de serviços. 
 
35 
 
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 
 
Não é assim, entretanto, com relação aos provedores de serviços de Internet, 
que solenizam com seus usuários contratos de prestação continuada de serviços e 
possuem o dever de dispor de tecnologias apropriadas ao momento da utilização dos 
serviços (e não ao momento de sua contratação), atualizando seus equipamentos 
informáticos e programas de computador conforme se fizer necessário, haja vista a 
rápida evolução da tecnologia nessa área. 
Deve-se, portanto, levar em conta sena época da prestação do serviço o 
provedor se utilizou de equipamentos atualizados e compatíveis com o estado da 
técnica daquele determinado momento. Sendo a resposta negativa, o serviço será 
considerado defeituoso. 
Existem os casos que são considerados como excludentes de 
responsabilidade. Os mesmos se encontram dispostos no § 3º, também do artigo 14: 
 
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: 
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; 
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
O caso fortuito e a força maior também são aceitos pela jurisprudência e alguns 
doutrinadores como excludentes de responsabilidade em determinadas hipóteses. 
O artigo. 20 do Código de Defesa do Consumidor abarca a responsabilidade 
do fornecedor por vícios do serviço, considerando a discrepância entre a oferta e o 
serviço efetivamente prestado: 
 
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem 
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem 
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I – a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; 
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo 
de eventuais perdas e danos; 
III – o abatimento proporcional do preço. 
 
36 
 
§ 1º A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente 
capacitados, por conta e risco do fornecedor. 
§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que 
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam às normas 
regulamentares de prestabilidade. 
 
Importante apresentarem a definição de serviços impróprios, para que assim 
ocorra verificação da existência do vício de acordo com o caso concreto analisado. 
O artigo 24 do Código de Defesa do Consumidor expressa que todo produto ou 
serviço colocado no mercado de consumo tem que ser isento de vícios ou defeitos 
que os tornem impróprios ao uso ou lhes diminuam o valor, independentemente de 
termo contratual expresso: 
 
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo 
expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor. 
 
 Portanto, qualquer cláusula que limite ou afaste contratualmente a obrigação 
de garantia do fornecedor será considerada nula. 
Antônio Carlos Efing, apud LEONARDI, 2005, p.65, destaca que essa garantia 
de adequação “abarca tanto a segurança de funcionamento do produto ou de 
qualidade do serviço quanto de inexistência de risco para a incolumidade física, 
psíquica ou patrimonial dos consumidores”. 
Por isso nem serviço e nem produto algum podem ser oferecidos 
desobedecendo as normas de segurança, ou oferecer quaisquer riscos acima dos 
permitidos por lei. 
O artigo 25 proíbe cláusulas contratuais que de alguma maneira atenuem a 
obrigação do fornecedor em reparar os danos causados pelos serviços oferecidos: 
 
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou 
atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas Seções anteriores. 
 
Os parágrafos informam que respondem solidariamente todos os agentes que 
causaram o dano decorrente da má prestação do serviço: 
 
37 
 
§ 1º Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão 
solidariamente pela reparação prevista nesta e nas Seções anteriores. 
§ 2º Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou 
serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que 
realizou a incorporação. 
 
Assim, o Código de Defesa do Consumidor estabelece um sistema de 
responsabilidade solidária de todos os agentes que participam da cadeia de 
fornecimento de produto ou serviço. Fato este de especial importância para 
provedores de serviços de Internet, que incorporam a seus serviços muitos 
componentes fornecidos por terceiros (como estrutura de outros provedores, 
equipamentos informáticos e programas de computador, etc), desta feita, irão 
responder pelos danos causados aos usuários em razão desta incorporação, como 
disposto no mencionado § 2º do artigo 14. 
O artigo 51 informa que são consideradas abusivas todas as cláusulas que de 
alguma forma tentam afastar a garantia e o dever de indenizar inerentes ao 
fornecimento de produtos e serviços. 
 
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao 
fornecimento de produtos e serviços que: 
I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios 
de qualquer natureza dos produtos ou serviços ou impliquem renúncia ou disposição 
de direitos. [...] 
III – transfiram responsabilidades a terceiros. 
 
No caso da prestação do serviço, não é admitido cláusula de restrição ou 
exclusão de responsabilidade, entretanto existente em contratos de provedores de 
acesso. Nelson Nery Junior apud LEONARDI, 2005, p.65, destaca que no regime do 
Código de Defesa do Consumidor “toda e qualquer cláusula que contenha óbice ao 
dever legal de o fornecedor indenizar é considerada abusiva e, portanto, nula de pleno 
direito, sendo ilegítima sua inclusão no contrato de consumo” 
 
38 
 
7.1 Responsabilidade Civil do Provedor de Backbone 
O provedor de backbone, conhecido como “espinha dorsal”, exterioriza a base 
principal de uma rede que interliga o sistema da rede mundial de computadores, do 
qual as empresas privadas prestadoras dos demais serviços de Internet dependerão. 
Este provedor apenas oferece a infraestrutura necessária ao acesso à Internet, sem 
interferir em criação de conteúdo ou armazenamento de dados e informações. Assim, 
a responsabilidade civil irá se restringir aos contornos da atividade prestada. 
Via de regra, é inaplicável o Código de Defesa do Consumidor à 
responsabilização ao provedor de backbone, pois a relação jurídica estabelecida entre 
os demais provedores de serviços de Internet, especialmente os de hospedagem e 
acesso, com este, dificilmente irá se configurar como uma relação de consumo. 
Pode ser considerado lícito ao provedor de backbone interromper a prestação 
dos serviços em caso de inadimplemento dos provedores de acesso, de correio 
eletrônico ou de hospedagem que os contratam, uma vez que estes serviços, ainda 
que tenham como destinatários indivíduos e empresas que se revestem da qualidade 
de consumidores, não podem ser considerados como essenciais, sendo inaplicável o 
princípio da continuidade previsto no art. 22 do Código de Defesa do Consumidor. 
Nesse sentido decidiu o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, ao 
dar provimento ao recurso de agravo de instrumento interposto por provedor de 
backbone que havia sido compelido a continuar prestando serviços a um provedor de 
acesso que, além de ter sobrecarregado o sistema (em razão de o número de acessos 
realizados haver ultrapassado a previsão estimada pelas partes), encontrava-se 
inadimplente com o pagamento de serviço intitulado “virtual dial”, que permite o 
acesso à Internet: “os serviços prestados pelos provedores de acesso à Internet são 
de grande utilidade nos dias atuais, entretanto, não podem ser considerados 
essenciais ou indispensáveis à população e, por esta razão, não estão subordinados 
ao princípio da continuidade previsto no art. 22 do Código de Defesa do Consumidor. 
Desta forma, não é razoável exigir que a agravante preste um serviço oneroso sem a 
respectiva contraprestação pecuniária por parte da agravada, logo, possível a sua 
interrupção por falta de pagamento” (LEONARDI, 2005). 
Regra geral, não existe relação jurídica entre provedor de backbone e usuário 
final do serviço de Internet. Assim, é possível inferir impossibilidade de 
 
39 
 
responsabilização dessa espécie de provedor em razão de ato ilícitopraticado por 
terceiro usuário direto do produto ou do serviço. 
O artigo. 18 da Lei 12.965/2014, Marco Civil da Internet, prevê: “o provedor de 
conexão à internet não será responsabilizado civilmente por danos decorrentes de 
conteúdo gerado por terceiros”. 
Diante disso, entende-se a impossibilidade da responsabilização civil do 
provedor de backbone por ilícitos não praticados diretamente, pois sua função é 
fornecer a estrutura técnica sem a qual as informações editadas por terceiros não 
chegariam ao ciberespaço. 
7.2 Responsabilidade do Provedor de Acesso 
Provedores de acesso fornecem ao usuário o endereço eletrônico da conexão, 
conhecido como IP (Internet Protocol), mecanismo de identificação permanente de 
usuários da rede. Devem possibilitar a conexão entre os computadores de seus 
usuários e a Internet através de seus equipamentos informáticos, de acordo com os 
termos contratados, sempre de maneira eficiente, segura e contínua, jamais 
impedindo o acesso a quaisquer informações disponíveis na rede, salvo por razão de 
ordem judicial expressa. 
Em razão disso, a relação jurídica estabelecida entre provedor de serviço de 
acesso à Internet e usuário destinatário final do serviço se enquadra, perfeitamente, 
como relação de consumo. 
O provedor de acesso responderá em razão de falha na prestação de serviço 
de conexão ou em virtude de descumprimento de deveres gerais de conduta, como a 
responsabilização nas hipóteses de falhas na conexão, de velocidade de transmissão 
de dados inferior à contratada, de interrupção total da conexão, de impossibilidade de 
acesso a determinadas páginas, dentre outros problemas. 
A extensão dos danos causados e a indenização devida serão calculadas de 
acordo com a atividade do consumidor contratante de serviços de conexão, pois as 
consequências da falha na prestação de serviços serão maiores se gerarem perda de 
negócios ou prazos na prestação de serviços desenvolvidos pelos consumidores. 
Entretanto, a interrupção efêmera da transmissão de dados, quando o 
consumidor faz uso da rede apenas para fins de entretenimento, não motivará 
 
40 
 
indenização vultosa a título de danos materiais ou morais, podendo, no máximo, 
ensejar o desconto automático no valor mensal cobrado pelo serviço. 
É comum que os provedores de acesso se utilizarem de contratos de adesão 
com cláusulas estabelecendo limitações quanto à garantia legal de adequação de 
seus serviços, e destacando ainda, que o acesso poderá sofrer interrupções aleatórias 
em razão de manutenções operacionais ou técnicas, de desligamento temporário do 
sistema, de falta de fornecimento de energia elétrica, de interrupção do fornecimento 
dos serviços de empresas de telefonia, de ocorrência de falhas nos sistemas de 
transmissão da Internet ou de outras ações de terceiros. 
Por força do disposto no art. 24 do Código de Defesa do Consumidor, os 
provedores de acesso à Internet devem arcar com os riscos de falhas nos 
equipamentos e sistemas por eles utilizados, e nunca os transferir para os seus 
usuários. A natureza de sua atividade pressupõe o emprego de tecnologias 
apropriadas para a prestação dos serviços. 
Apenas quando puder demonstrar que a má prestação dos serviços se deu 
exclusivamente por culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro não-fornecedor de 
componente incorporado ao serviço ou, ainda, em razão de força maior, é que o 
provedor de acesso à Internet não será responsabilizado pelos danos causados ao 
usuário. Que são as hipóteses elencadas no § 3º, do artigo 14, do Código de Defesa 
do Consumidor. 
7.3 Responsabilidade do Provedor de Correio Eletrônico 
Provedores de correio eletrônico ou e-mail são fornecedores de serviço de 
acesso exclusivo de usuário, já previamente conectado à Internet, à conta pessoal 
destinada a envio de mensagens e armazenamento de arquivos, assegurando sigilo 
de informações armazenadas e permitindo acesso restrito da conta ao titular, 
mediante nome e senha pessoais. Ele deve garantir o sigilo das mensagens que 
armazena, permitindo o acesso à conta de e-mail somente ao usuário que a contratou, 
e impedindo, assim, mediante verificação do nome e senha do usuário titular da conta, 
o acesso de terceiros e o envio de mensagens sem autenticação prévia. 
 
41 
 
Destacamos aqui a aplicação do direito fundamental à inviolabilidade das 
correspondências, previsto no artigo 5.º, XII, da Constituição Federal, à 
correspondência virtual. 
O usuário, ao contratar os serviços de correio eletrônico, gratuito ou oneroso, 
possui legítima expectativa e confiança na segurança do mesmo, portanto, acredita 
que o conteúdo armazenado não será lido nem tampouco interceptado por terceiros 
antes de chegar ao destino. Assim, é dever geral do provedor de e-mail tomar 
precauções hábeis a assegurar a inviolabilidade da correspondência eletrônica. Logo, 
responderá por atos próprios, em razão de falha na prestação do serviço, conforme 
assevera Leonardi (2005, p.68): 
O provedor de correio eletrônico responde pelos danos causados ao usuário 
em razão da má prestação dos serviços, tais como nas hipóteses de falhas 
ou atrasos no envio e recebimento de mensagens armazenadas, envio 
indevido de mensagens a destinatários diversos daqueles especificados pelo 
remetente, devolução de mensagens em razão de erros de configuração ou 
sobrecarga do servidor, impossibilidade de acesso à conta de e-mail por seu 
titular, entre outros. 
A responsabilidade dos provedores de correio eletrônico por atos próprios é 
objetiva, havendo necessidade apenas da prova do dano e do nexo causal. Só não 
responderá, se demonstrar que a má prestação dos serviços foi proveniente das 
hipóteses previstas no artigo 14, § 3.º, do CDC. 
Existem questionamentos sobre a invasão de e-mail por hackers, se 
configuraria uma hipótese de fato exclusivo de terceiro, excluindo a responsabilidade. 
Sobre à responsabilização civil do provedor de correio eletrônico em razão de 
ilícitos praticados por terceiros, via de regra, não é imputado o dever de indenizar, 
uma vez que não existe controle editorial do veiculado em contas de e-mail. 
Barbagalo (2003, p. 353 – apud COLAÇO, 2018, p.9) diz não responder o 
provedor de correio eletrônico por recebimento de mensagens indesejadas ou 
ofensivas a direitos da personalidade do usuário, “uma vez que o provedor de e-mail 
não exerce controle editorial sobre as mensagens, o que lhe seria inclusive proibido, 
sob pena de violar o direito à intimidade dos usuários”. 
Muito se discute sobre a responsabilidade civil do provedor de e-mail por envio 
de spams. Tartuce (2009– apud COLAÇO, 2018, p.9) considera essa prática hipótese 
de abuso de direito, suscetível de reparação civil, visto que exterioriza conduta 
 
42 
 
contrária à boa-fé objetiva, na medida em que o usuário sequer solicitou envio nem 
forneceu endereço de e-mail. 
Tramita no Congresso o projeto de reforma do Código de Defesa do 
Consumidor (PLS 281/2012) que pretende regulamentar o envio de spams, permitindo 
o spam apenas em duas situações distintas: quando o destinatário mantém 
relacionamento com setor produtivo da empresa remetente ou quando autorizar 
expressamente o recebimento dessas mensagens. 
7.4 Responsabilidade Civil do Provedor de Hospedagem 
Os provedores de hospedagens devem garantir o armazenamento de arquivos 
e permitir seu acesso por usuários conforme os termos compactuados com o provedor 
de conteúdo, sendo sua função principal hospedar páginas ou arquivos de terceiros e 
disponibilizá-los aos outros internautas, conforme regras de privacidade escolhidas 
pelo titular dos arquivos, respondendo por falhas ocorridas em seus servidores. 
A relação jurídica entre provedor de hospedagem e usuário contratante ou 
provedor de conteúdo se configura, portanto, em relação de consumo, logo, conforme 
explica Leonardi, o provedor de hospedagem responderá objetivamente, nos termos 
dos artigos.

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