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Lição 03 – Usando as lentes da fé e dos propósitos de Deus 
 
Texto Áureo 
 Romanos 8.28 
E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, 
daqueles que são chamados por seu decreto”. 
 
Verdade Aplicada 
Enquanto estão “debaixo do sol”, os discípulos de Cristo precisam ter sempre em mente a importância 
de usar as lentes da fé e dos propósitos de Deus. 
 
Textos de Referência. 
Gênesis 45.4-5, 7-8 
 
4 E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então, disse ele: Eu sou 
José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. 
5 Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; 
porque, para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face. 
 
7 Pelo que Deus me enviou diante da vossa face, para conservar vossa sucessão na terra e para 
guardar-vos em vida por um grande livramento. 
8 Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e 
por senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito. 
 
Introdução 
Sendo discípulos de Jesus, como temos percebido o mundo ao nosso redor? Como estamos lidando 
com as adversidades e a prosperidade? Reflitamos sobre este assunto à luz da Palavra de Deus, nossa 
lâmpada e luz. 
 
1. Cosmovisão: significado e importância. 
Nem sempre paramos para pensar sobre a nossa vida de mundo, principalmente no presente século, 
quando estamos sempre muito ocupados. Porém, ainda que o ser humano não pense sobre isso, faz 
parte das nossas ações e reações, bem como da nossa compreensão da realidade. Sendo assim, trata-se 
de um aspecto intensamente prático. Inicialmente, nos deteremos nos aspectos do significado, 
importância e as diversas formas adotadas pelos seres humanos para explicar e reagir diante da 
realidade do mundo e dos diversos acontecimentos que nos envolvem, sejam (aos nossos olhos) 
positivos ou negativos. 
 
1.1. Significado e conceitos. 
Considerando o exposto acima, todo ser humano possui uma cosmovisão. Segundo o Dicionário 
Aurélio, cosmovisão é “concepção ou visão do mundo”. Ou seja, a maneira de ver e entender o mundo. 
Essa maneira é resultado de um conjunto de ideias e crenças que funcionam como base ou lentes para 
vossos conceitos, atitudes e decisões na vida. Trata-se de como interpreto a vida, afetando assim, a 
forma de pensar, sentir, e viver dia após dia. Envolve todas as áreas da vida: fé em Deus; razão de 
viver; riqueza; valores; família; morte; eternidade; prosperidade; entre outros aspectos. 
 
Norman L. Geisler, escritor e apologista cristão, assim definiu o termo cosmovisão: “Modo pelo qual a 
pessoa vê ou interpreta a realidade. A palavra alemã é weltanschau-ung, que significa um ‘mundo e 
uma visão da vida’, ou ‘um paradigma’. É a estrutura por meio da qual a pessoa entende os dados da 
vida. Uma cosmovisão influencia muito a maneira em que a pessoa vê Deus, origens, mal, natureza 
humana, valores e destino”. 
 
 
 
1.2. Diferentes cosmovisões. 
Como destacado no item anterior a cosmovisão de uma pessoa vai depender do conjunto de crenças, 
valores e ideias adotados ela mesma. Há aqueles que adotam como base da sua vida o materialismo. 
Ou seja, a visão de mundo dessas pessoas não considera ou valoriza a realidade espiritual e a 
eternidade. Há aqueles que têm como base o existencialismo. Acreditam que o sentido da vida está em 
conquistar, realização pessoal, alcançar sonhos e projetos. Há os que creem em Deus, porém não 
acreditam que Ele interfere na história da humanidade (são os deístas). Os humanos supervalorizam a 
capacidade humana: você pode, consegue e muda a realidade. 
 
Como discípulos de Jesus Cristo, qual é a nossa visão de mundo? Como está formada a nossa base? 
Quais são as nossas crenças e os nossos valores? Quais as lentes que estamos usando para ver o 
mundo? A escritora evangélica Nancy Pearcey diz que “a cosmovisão é como um mapa mental que 
nos diz como navegar de modo eficaz no mundo”. O texto sagrado diz que a Palavra de Deus é 
lâmpada para o nosso caminho (Sl 119.105). 
 
1.3. A importância da cosmovisão. 
Não se trata apenas de olhar a realidade na qual estamos inseridos, mas perceber de uma forma mais 
profunda a totalidade desta realidade. Não decidir escolher, agir ou reagir somente pelo que vemos, 
ouvimos ou sentimos, mas procurar perceber as razões, motivos e consequências nos acontecimentos e 
atitudes da vida. Vide o exemplo de Caim. Após Deus não ter atentado para sua oferta, ficou irado. O 
Senhor Deus procurou conduzi-lo a uma reflexão, lhe dirigindo três perguntas e fazendo um alerta 
(Gn 4.4-7). Porém ele decidiu agir por conta própria (Gn 4.8). Qual era a visão de mundo de Caim? 
 
Vejamos o exemplo de José, marido de Maria, registrado em Mateus 1.18-25. Quando soube que sua 
noiva estava grávida, ele não agiu por impulso, mas pensou, planejou, intentou, meditou acerca de 
como agiria. Não se precipitou. A Bíblia diz que José era justo (um aspecto relacionado ao caráter). 
Notemos que o texto diz: “projetando ele isto... lhe apareceu um anjo do Senhor”. José decidiu agir de 
acordo com a Palavra de Deus! Mattew Henry escreveu: “Deus guiará aqueles que pensam”. 
Tenhamos uma cosmovisão coerente com a vida de discípulos de Cristo! 
 
2. O exemplo de José. 
Dentre muitos exemplos encontrados na Bíblia, destaca-se a postura de José diante de realidades 
adversas e favoráveis. Ele demonstrou uma visão de mundo baseada não somente na superficialidade 
dos fatos, mas na sua fé em Deus e nas promessas e propósitos do Senhor na sua vida e dos seus. 
 
2.1. José e a realidade no lar. 
José era filho de Jacó e Raquel. Seu pai gerou vários filhos de diferentes mulheres (Gn 35.22-26). A 
preferência de Jacó por José era notória, resultando grande descontentamento entre seus irmãos. José 
procurava ajudar e obedecer seu pai *Gn 37.2); discordava do comportamento de seus irmãos (não 
deixou influenciar e nem pactuava com seus erros, mesmo tendo lhe custado o isolamento) e sofreu 
inveja e violência por parte dos irmãos (Gn 37.8, 11, 18, 23-28). 
 
A realidade em seu lar e os relatos bíblicos sinalizam que José era um jovem com valores bem 
definidos e seguro de sua postura, mesmo num ambiente com possibilidade de sofrer influências 
negativas por parte de pessoas tão próximas a ele. O historiador Flávio Josefo diz que José tinha 
“...melhores qualidades de espírito e de corpo e grande sabedoria”. Assim, já demonstrava que a 
formação de sua base estava sendo construída com elementos que fariam a diferença também na 
realidade fora do lar. 
 
2.2. José e a realidade longe do lar. 
Sendo José ainda bem jovem, foi vendido aos ismaelitas e, no Egito, a Potifar, eunuco de Faraó (Gn 
37.28, 36). Que grande mudança na realidade de José. De filho passou a ser escravo e depois 
prisioneiro. Esta realidade perdurou por longos treze anos (Gn 41.46), antes de se tornar governador 
do Egito. Foi alvo de tentação, calúnia e esquecimento. Porém, “...Deus era com ele” (At 7.9). Mesmo 
nas adversidades e dificuldades, na casa de Potifar e na prisão, o Senhor o abençoava, usando com ele 
de benignidade e fazendo-o prosperar no trabalho que desenvolvia (Gn 39.2-5, 21-23). 
 
Que grande desafio para José manter sua fé e continuar temendo a Deus, mesmo vivenciando 
momentos tão difíceis. O segredo é preservar a comunhão com Deus nas mais difíceis situações e em 
diferentes lugares (Rm 8.31-39). Os reformadores usavam uma expressão teológica em latim: “Coram 
Deo”, que significa “diante de Deus” Ou seja, como disse o teólogo e pastor R. C. Sproul: “Viver a 
vida na presença de Deus, sob a autoridade de Deus e para a glória de Deus”. Assim vivia Jose, mesmo 
na realidade longe do lar. Notemos também o exemplo de Daniel, mesmo vivendo num contexto de 
grandes desafios (Dn 1.8-9; 6.10). 
 
2.3. José e a mudança da realidade. 
A históriade José é rica de ensinamentos práticos para a vida do discípulo de Cristo. São diversas as 
realidades do nosso viver, pois abrange diferentes ambientes e circunstâncias. A história de José não 
se resume a inveja, violência, escravidão, esquecimento e calúnia. Há, também, benignidade de Deus, 
exaltação, casamento, filhos, honrarias, perdão, prosperidade, trabalho, testemunho e esperança. 
Precisamos, como José, saber vivenciar essas diferentes realidades. 
 
Antes escravo e prisioneiro, agora José era o governador do Egito. Somente no trono Faraó era maior 
do que ele naquele país (Gn 41.38-46). A Palavra de Deus nos instrui tanto a lidar com as dificuldades 
e momentos difíceis com as bênçãos (Dt 8.2-5, 10-18). José aprendeu (e nós precisamos ter esta 
verdade bíblica em mente) que a realidade das dificuldades e das bênçãos vai além do momento e dos 
acontecimentos visíveis. Precisamos olhar mais além, usando as “lentes” da fé e dos propósitos de 
Deus revelados em Sua Palavra. 
 
3. A fé e os propósitos de Deus. 
Vários são os pressupostos que devem nortear a maneira do discípulo de Cristo perceber o mundo e 
suas decisões, atitudes e reações diante das diversas realidades vivenciadas. Entre outros objetivos, 
destacamos: fomos resgatados para pertencermos a Deus (1Co 6.20); estamos no mundo, porém não 
somos do mundo (Jo 17.14, 16); devemos fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10.31); a fé é 
indispensável no relacionamento com Deus (Hb 11.6); nossa existência não se resume à vida debaixo 
do sol (1Co 15.19). 
 
3.1. A lente da fé. 
Sendo filho de Jacó, José ouviu acerca da história de Abraão, Isaque e seu Pai, inclusive como eles se 
relacionavam com Deus. Ele nasceu e cresceu numa família que cria no Deus Criador de todas as 
coisas e Todo Poderoso. Assim, ele usava a “lente da fé” para perceber as diversas realidades que 
vivenciava. Foi assim quando tentado na casa de Potifar (Gn 39.9), na prisão lidando com outros 
presos (Gn 40.8), perante Faraó (Gn 41.16), quando do nascimento dos filhos (Gn 41.51-52), ao 
encontrar com os irmãos (Gn 45.5-8) e no final de sua vida (Gn 50.25; Hb 11.22). 
 
A fé professada por José fez a diferença em com percebia as diversas situações. Precisamos manter o 
uso da “lente da fé”, pois “o justo pela sua fé viverá” (Hc 2.4). É a “lente da fé”que nos faz ver o 
invisível (Hb 11.27). Ela nos leva a perceber além do que os olhos físicos e a mente humana conseguem 
captar. 
 
3.2. A lente dos propósitos de Deus. 
Ao reencontrar seus irmãos, José testemunhou sobre a sua percepção, compreensão e convicção 
acerca dos acontecimentos adversos de sua vida: “Deus me enviou”; “não fostes vós...senão Deus” (Gn 
45.5-8). Notemos, agora, o seu testemunho após a morte de seu pai e antes de encerrar seus dias na 
terra: “Deus o tornou em bem” e “Certamente vos visitará Deus” (Gn 50.20, 25). Ele venceu a 
tentação de perceber a realidade somente pela conduta má de seus irmãos. 
 
José cria no Deus Todo-Poderoso, que tinha firmado uma aliança, com promessas, com seus 
antepassados e confirmado com seu pai e seus descendentes. Tanto que, mesmo no final de sua vida, 
quando a realidade era de prosperidade, aceitação no Egito, proteção e preservação, não se desviou do 
foco: aliança com Deus e promessa de retornar para a Terra Prometida. Assim, também, como 
discípulos de Jesus Cristo vivamos neste mundo com a expectativa do retorno do Senhor. Somos 
peregrinos e forasteiros (Fp 3.20-21; 1Ts 1.9-10; Hb 11.13; 2Pe 3.13-14). 
 
3.3. A importância das Escrituras Sagradas. 
Evidente que a base da cosmovisão do discípulo de Jesus Cristo é a revelação de \deus nas Escrituras 
Sagradas. A Bíblia é a nossa regra de fé e de conduta. Ela é a base de nossas crenças e valores que 
nortearão nossa percepção das diversas realidades. Assim, evitaremos a utilização de “lentes” que 
estejam embaçadas, ou seja, informações e referências a partir da televisão, das redes sociais, de 
filmes, filosofias e intelectualidade, sem passar pela luz da Palavra. Somente nas Escrituras Sagradas 
vamos encontrar o conteúdo da fé e a revelação dos propósitos de Deus (2Tm 3.14-17). 
 
Estamos num processo de aperfeiçoamento e crescimento (Ef 4.12; 2Pe 3.18), até que cheguemos “à 
medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13) e sejamos “conformes à imagem de seu Filho” (Rm 
8.29). E, neste processo, sabemos que todas as coisas contribuem (Rm 8.28). Foi essa a percepção de 
José. Deve ser também a nossa percepção. Jesus falou para Pedro que ele não compreendia, no 
momento, tudo o que O Senhor estava fazendo, mas saberia depois (Jo 13.7). O conhecido escritor 
John Stott, refletindo sobre a complexidade do mundo em que vivemos, lançou um alerta: “Como 
cristãos, precisamos estar certos de que temos uma cosmovisão cristã, o que só acontece se tivermos 
um entendimento bíblico completo sobre as doutrinas básicas da nossa fé”. 
 
Conclusão. 
Precisamos aprender a vivenciar os bons e os maus momentos, pois ambos fazem parte do processo de 
formação do discípulo de Cristo. É preciso cuidado para que nossa mente não fique contaminada com 
a cosmovisão mundana, mas que nosso entendimento seja sempre renovado para a glória de Deus.

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