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Copyright © 2005, Editora Cristã Evangélica 17a reimpressão, 2013 Todos os direitos nacionais e internacionais desta edição reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida - em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. - nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autoriza ção da Editora Cristã Evangélica (lei n° 9.610 de 19/02/1998), salvo em breves citações, com indicação da fonte. As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), 2a edição (Sociedade Bíblica do Brasil), exceto indicações de outras versões. Editora filiada à Associação de Editores Cristãos © Evangélica Rua Goiânia, 294 - Parque Industrial 12235-625 São José dos Campos-SP comercial@editoracristaevangelica.com.br www.editoracristaevangelica.com.br Telefax: (12) 3202-1700 ■ F É? 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A igreja de Jerusalém era muito pobre (Rm 15.26), por isso Tiago apresenta o Evangelho do ponto de vista do oprimido. Este é um ponto muito relevante para a nossa situação, pois a opressão continua acon tecendo em nossos dias. O escritor Boerma afirma: “Lucas e Tiago são os escritores do Novo Testamento em cujos livros as palavras pobreza e riqueza mais aparecem”. EJma contribuição chave desta epístola para a fé evangélica é a relação fé-obras. Vamos aprender uma grande verdade: as obras não produzem fé; é a fé que produz obras, e as obras confirmam a nossa fé. Ao estudar a carta de Tiago, percebemos que ele dá muitos conselhos práticos sobre a provação, o cuidado de órfãos e viúvas, como enfrentar a tentação, não acep ção de pessoas, a sabedoria, o mau uso da língua, a influência do mundo, a soberba, o valor da oração e os problemas da apostasia. De fato, Tiago tinha como seus alvos: encorajar aqueles que estavam sofrendo na Dispersão; corrigir certas tendências de conduta e confrontar os cristãos com as suas responsabilidades cristãs. Tiago se preocupou muito com a possibilidade da fé dos seus leitores não ser algo vitalmente operante na vida deles. Por isso, apresenta uma série de provas pelas quais é possível testar a autenticidade da fé cristã. Será que, ao estudar esta carta tão prática, vamos passar neste vestibular? John D. Barnett índice Abrindo a cena... O valor das provações. O que devemos valorizar........... Provação e tentação... Deus é bom e imutável.. Praticando a Palavra... Fé sem parcialidade Fé e obras 06 12 18 23 27 32 37 42 0 perigo da língua sem controle.................................... 4 7 A verdadeira sabedoria......................................... 5 2 A origem dos conflitos e os meios para vencê-los................ 56 A maledicência é condenada..................................... 61 O perigo da autoconfiança.................................. 66 Condenação aos ricos gananciosos..................................... 6 9 A paciência e suas recompensas.................................... 74 Juramento e oração............................................... 79 Acerca dos que se desviam............................................. 8 4 , 1 Abrindo a cena Pr José Humberto de Oliveira texto básico __ textodevoçional versículo-chave Tiago 1.1 ICoríntios 15.1-11 Tiago 2.17 "Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta" alvo da lição O aluno aprenderá a identificar os três principais elementos no estudo de uma epístola: o autor, os leitores e o propósito da carta. seg Tg 1.1-27 ter Tg 2.1-26 qua Tg 3.1-18 qui Tg4.l-17 sex Tg 5.1-20 sáb Jo 7.1-13 dom At 1.12-2.4 A epístola de Tiago é uma carta prática. Pertence à classificação de literatura na Bíblia conhecida como “literatura de sabedoria”. Seu propósito é caracteri zado por instruções para o viver diário e por uma compreensão das perplexidades da vida. Henrietta Mears, a denominou de “manual prático de religião” e outros escritores a chamam de “guia prático para a vida e a conduta cristã”. Broadus Hale foi iluminado ao observar que “as falhas que Tiago estava tentando corrigir em seus leitores (fé sem obras, palavras sem atos, censuras, ambição, amor desordenado pelo ensino, valor à riqueza e posição, tratamento depreciativo dos pobres e viúvas, etc.) eram e são tipicamente farisaicas”. Desta forma, esta epístola é um convite e uma exortação para que os cristãos judeus lutem para ir além do judaísmo farisaico ou da fé inoperante. Assim como cre ram em Jesus Cristo para a salvação, a partir daí deveriam viver como discípulos do Senhor, e não apenas como fariseus “melhorados”. O vinho novo exige odres novos. I. Quem é este tiago? 1. Os "Tiagos" do Novo Testamento Quatro homens no Novo Testamento são chamados de Tiago. a. Tiago, o filho de Zebedeu O irmão de João que, juntamente com ele e Pedro, formava aquele trio mais íntimo de Jesus (Mc 5.37; 9.2; 10.35; 14.33). b. Tiago, o filho de Alfeu Um dos Doze. Seu nome é mencionado na lista dos apóstolos (M c 3.18). Em Marcos 15.40 ele é chamado “Tiago, o menor” (texto paralelo em Mt 27.56). Nada mais sabemos sobre ele. c. Tiago, o pai de Judas É mencionado em Lucas 6.16. Este Judas se diferencia do Iscariotes, conforme João 14.22, e provavelmente é o mesmo Tadeu de Mateus 10.3 e Marcos 3.18. d. Tiago,"o irmão do Senhor" (G1 1.19). Este Tiago tinha uma posição influente na igreja de Jerusalém (At 12.17; 15.13; G12.9). Destes quatro, apenas dois poderiam ser o autor da epístola: o filho de Zebedeu e o irmão do Senhor. Contudo, Herodes Agripa I fez o primeiro "passar ao fio da es pada” (At 12.2) no ano 44 d.C., e a carta foi escrita numa data posterior. Além disso, o autor da epístola não se identifica como um apóstolo, como o fazem Paulo e Pedro em suas cartas. Isto apoia a conclusão de que nenhum dos dois apóstolos chamados Tiago escreveu esta carta. Diante disto, resta-nos Tiago, o irmão do Senhor Jesus. 2. Tiago, o irmão do Senhor Os irmãos de Jesus são nomeados com Tiago aparecendo sempre em primeiro lugar, o que indicaria que ele era o mais velho dos quatro (Tiago, José, Judas e Simão - Mc 6.3). Os evangelhos também nos informam que eles não eram simpáticos ao ministério de seu outro irmão, Jesus. O evangelista João declara abertamente que “nem mesmo os seus irmãos criam nele” (Jo 7.5). É provável que o episódio de Maria e os irmãos querendo falar com Jesus tenha sido uma tentativa de levá-Lo para casa, acreditando que Ele pudesse estar fora de si (M t 12.46-50). Os irmãos tinham tão pouca simpatia por Ele que, ao precisar cumprir o dever de filho mais velho, pediu que o apóstolo João cuidasse de Maria (Jo 19.26-27). Ao relatar que o Cristo res- surreto apareceu particularmente a Tiago (lC o 15.7), o Espírito Santo nos informa, pelo apóstolo Paulo, que nosso Senhor sabia que seu “meio-irmão” precisava de um encontro especial com Aquele que fora gerado no mesmo ventre, mas não pelo mes mo Pai. Atos 1.14 declara que os irmãos de Jesus, juntamente com Maria,estavam presentes no cenáculo, aguardando o cumprimento da promessa do Pai (At 1.4; 2.1). 3. Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo Ao colocar-se como “servo” e chamar Jesus Cristo de “Senhor”, Tiago testemunha claramente que, graças a Deus, reconheceu que seu irmão mais velho era realmente tudo o que afirmava ser. II. Para quem Tiago escreveu? "às doze tribos que se encontram na Dispersão, saudações." (Tiago 1.1) Esta carta foi incluída na divisão do Novo Testam ento que ficou co nhecida como “Epístolas Gerais” porque não se dirige a um leitor ou igreja específicos. Todavia, D.A. Carson e outros encontram na carta evidências internas de que Tiago a escreveu para um público específico. Vários trechos da carta, dizem eles, deixam claro que os destinatários eram cristãos judeus, como a maneira natural de mencionar o Antigo Testamento (Tg 1.25; 2 .8-13) e a referência ao lugar onde os destinatários se reuniam como uma sinagoga (Tg 2 .2). 1. "Às doze tribos" Após o exílio babilónico (538 a .C ), as doze tribos de Israel já não existiam mais fisicamente, mas a expressão era usada para indicar o povo de Deus reunido nos últimos dias (Ez 47.13; Mt 19.28; Ap 21.12). Sendo assim, “doze tribos” é uma expressão simbólica que denota os que são filhos de Deus por causa da fé em Jesus Cristo, ou seja, “a igreja como o novo povo pactuai de Deus” (Introdução ao NT, Vida Nova, p.460). Alguns chegam a acreditar que havia cristãos judeus de cada uma das doze tribos de Israel entre estes convertidos, embora a comprovação não seja possível. 2. "Que se encontram na Dispersão" A palavra “dispersão”, no grego diaspora, era usada para os judeus que viviam fora da Palestina e, por extensão, o local onde viviam. Ela aparece três vezes no N T ( jo 7.35; T g l . l e l P e l . l ) . “Esta palavra adquiriu um sentido metafórico, caracte rizando os cristãos em geral como aqueles que viviam longe de seu verdadeiro lar celestial” (Carson, ob. cit., p.460). Alguns estudiosos do N T sugerem que o pano de fundo da epístola de Tiago seja Atos 11.19: ‘'Então; os que foram dispersos por causa da tribulação que sobreveio a Estêvão se espalharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus”. O termo “dispersos” pertence à mesma raiz de “dispersão”. É possível harmonizar os leitores de Tiago com esses primeiros cristãos judeus que foram perseguidos em Jerusalém e tiveram que se espalhar pelos lugares mencionados no versículo acima. A carta seria a maneira possível de Tiago pastorear aquele “rebanho disperso”. . 8 Diáspora. Enciclopedistas e historiadores abrem espaço em suas obras para a “diáspora”. Eles a usam para referir-se às “colônias judaicas (forçadas ou não) que se estabeleceram em outras partes do mundo, fora de Israel”. Alguns afirmam que, historicamente, a primeira diáspora ocorreu quando os judeus foram exilados para a Babilônia por Nabucodonosor em 586 a.C.; mesmo após a libertação, apenas uma parte dos judeus retornou para Israel. Todavia, a diáspora judaica maior e culturalmente mais rica floresceu em Alexandria (a antiga capital do Egito), onde, no primeiro século a.C., quarenta por cento da população era formada de judeus. Isto quer dizer que na época de Jesus havia mais judeus fora da Palestina que nela mesma. Outra grande diáspora aconteceu no ano 70 d.C, com a destruição de Jerusalém pelos romanos. Apartir desse momento os judeus se dirigiram a diversos países da Ásia Menor e do sul da Europa, formando comunidades que mantiveram a religião e os hábitos culturais judaicos. Anos mais tarde, outros grupos se estabeleceram no leste europeu. Empurrados pelo islamismo, os judeus do norte da África migraram para a Península Ibérica. Expulsos de lá no século XV, foram para a Holanda (países baixos), Bálcãs, Turquia, Palestina e, estimulados pela colonização europeia, chegaram ao continente americano. O extermínio de seis milhões de judeus em campos de concentração durante a II Guerra Mundial impulsionou a reconstituição de um Estado próprio, após quase 2 mil anos de desaparecimento. A diáspora terminou em 1948, com a criação do Estado de Israel. Em 1996, estima-se que havia 4,5 milhões de judeus vivendo em Israel, cerca de 5,5 milhões nos Estados Unidos, 2,5 milhões nos países da CEI, 700 mil na França, 500 mil no Reino Unido, 250 mil na Argentina e 130 mil no Brasil. Alguns veem nisto o cumprimento de Ezequiel 12.15: “Saberão que eu sou o Senhor; quando eu os dispersar entre as nações e os espalhar pelas terras” Entretanto, as opiniões judaicas a respeito da diáspora divergem. Enquanto a maioria dos judeus ortodoxos apoia o sionismo (movimento para unir os judeus da diáspora e estabelecê-los em Israel), outros se opõem ao conceito de moderna nação como um Estado secular e acreditam que esta só poderá existir após a chegada do Messias. Aqui entram questões não somente bíblicas e espirituais, mas políticas e ideológicas também, e assim nos calamos e voltamos para a estrada principal, após esta importante digressão. III. O que Tiago pretendia transmitir a seus leitores? Ao pedir de seus leitores, “tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22), Tiago deixa-nos claro que escreveu sua carta para dar conselhos práticos; encorajar aqueles que estavam sofrendo na dispersão; corrigir certas tendências de conduta; e confrontar os cristãos com as responsabilidades da vida cristã. O esboço a seguir nos ajudará a perceber os principais assuntos da epístola. 1. Deus É interessante observarmos a doutrina de Deus em Tiago, pois ele O apresenta como: a. Doador de sabedoria (Tg 1.5) b. Jamais tentado pelo mal (Tg 1.13) C. Santo - Ele mesmo a ninguém tenta (Tg 1.13) d. Imutável (Tg 1.17) e. Criador (Tg 1.18) f. Justo (Tg 1.20) g. Pai (Tg 1.27; 3.9) h. Deus que escolhe os rejeitados (Tg 2.5) i. Amigo de Abraão (Tg 2.23) j. Criador do homem (Tg 3.9) k. Zeloso - não tolera rivais (Tg 4.4) l. Doador de graça e resistente aos soberbos (Tg 4.6) m. Legislador e Juiz (Tg 4.12) 2. Jesus Cristo O nome de “Jesus Cristo” aparece duas vezes ( l . l ; 2.1), e “Senhor” (que tam bém é Jesus) ocorre 14 vezes (1.7, 12; 2.1; 3.9; 4.10, 15; 5.4, 7, 8, 10, 11, 14, 15). A preferência por se referir a Cristo como o “Senhor” ensina-nos que o autor quer que seus leitores saibam que o Deus de Israel a partir daí deve ser visto na pessoa do Senhor Jesus Cristo. 3. Fé e obras E provável que a mais importante contribuição desta epístola para a fé evan gélica seja a relação fé-obras. Ao usar o termo “fé” por 12 vezes, Tiago demonstra que a nossa confiança no amor e poder de Deus e o conteúdo doutrinário, ou seja, aquilo em que cremos, define um cristão. Mas, se tudo isso não redundar em prática de coisas boas, esta fé está morta. A lição n° 8 desta revista tratará exclusivamente deste assunto. 4. A escatologia Tiago lembra a seus leitores que “o juiz está às portas” (Tg 5.9). Este lembrete funciona como uma espécie de motivação para os cristãos viverem de maneira santa e agradável a Deus ( l . 10-11; 2.12-13; 3.1; 5.1-6, 9, 12). Mas as recompensas de Deus também fazem parte da escatologia (últimas coisas), e é por isso que temos Tiago 1.12; 2.5; 4.10; 5.7-11. 5. A lei Numa carta escrita por um cristão-judeu a leitores com iguais raízes raciais, não poderia faltar o tema “lei”. O termo ocorre sete vezes na epístola (Tg 1.25; 2.8, 9, 10, 11, 12; 4 .1 1). E importante destacar que para Tiago a lei do N T se cumpriu no ensino e na obra de Jesus. Daí ele usar a expressão “lei da liberdade” (Tg 1.25; 2.12), que é a lei de Cristo. 6. Questões éticas e práticas da vida cristã São questões como provação, pobreza e riqueza, tentação, visita a órfãos e viúvas, sabedoria, acepção de pessoas, mau uso da língua, mundanismo, soberba, maledi cência, omissão na prática do bem, opressão dos ricos, queixas, juramento, oração e apostasia. Muitos comentaristasveem uma ligação muito direta entre a epístola de Tiago e o Sermão do Monte (M t 5-7). Concordamos plenamente. Conclusão Se precisássemos resumir Tiago, diríamos que ele remove todo o pensamento que a fé pode estar presente em uma vida não transformada. Se você acredita nesta afirmação, então seja bem-vindo a esta série de estudos sobre a carta de Tiago, pois ela é uma carta para a igreja de hoje. Desafio: Comprometa-se com Deus em ler toda a carta a cada semana, durante este quadrimestre. um ! Ij 0 valor das provações Pr. Evaldo Alencar de Lima texJjHjásiçj^^ textodevoçional uersiculo-chave Tiago 1.2-8 Gênesis 45.1-15 Tiago 1.2 "Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações" alvo da lição O aluno compreenderá que as provações fazem parte do plano de Deus para promover a maturidade cristã. leia a Bíblia diariamente seg Tg 1.2-8 ter Rm 5.1-5 qua At 16.16-26 qui 2Co 13-11 sex Gn 22.1-19 sáb Mt4.1-11 dom Pv 27.21 A s fontes que promovem as provações são muitas e variadas. As provações -ZTipodem vir diretamente de Deus, a exemplo do que ocorreu com Abraão em Gênesis 22; de Satanás, no caso de Jó ( jó 1.6-12); do nosso semelhante, como no episódio em que os irmãos de José lhe intentaram o mal (Gn 37.14-28; 50.20); e das mais diversas circunstâncias desencadeadas nos planos religiosos, políticos, sociais e econômicos, dentre tantos outros. Não obstante, uma coisa é absolutamente certa, Deus está monitorando cada uma delas visando nossa edificação. A seguir, apresentaremos três itens relacionados ao ensino de Tiago que dizem respeito ao valor das provações às quais, necessariamente, temos que responder. I. O imperativo nas provações (Tg 1.5) Até o presente momento, ainda não me chegou nenhum irmão pulando de con tentamento e em brados de alegria, confessando: “Pastor, estou muito feliz porque a minha vida está cheia de provações!” Imagine alguém chegando a você e dizendo: “A medida que os meus problemas aumentam, a minha alegria transborda.” Talvez ficás semos assustados; acharíamos estranho, por uma razão muito simples: não estamos observando nem obedecendo o imperativo do “tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações” (Tg 1.2). Pulamos, sim, de contentamento quando recebemos as “bênçãos”. Entenda-se por “bênçãos” tudo aquilo que sacia o nosso desejo de ter e possuir, além do que proporciona bem-estar. As bênçãos de Deus na nossa vida incluem tanto aquelas que produzem prazer, como aquelas que causam dor. Quando Paulo recebeu o “espinho na carne” este causava-lhe dor e sofrimento mas era bênção de Deus na vida do apóstolo. Sem a bênção do espinho ele poderia sí ensoberbecer e, consequentemente, envergonhar o evangelho. O desafio de encarai com alegria as provações foi vivenciado por alguns personagens da Bíblia. Destes destacaremos três exemplos. 1. Habacuque A disposição do coração do profeta era louvar ao Senhor a todo custe (Hc 3.17-19). Ainda que a esterilidade prevalecesse, paralisando toda a fonte pro dutiva, Habacuque louvaria o Deus da sua salvação. Especialmente o verso 18 nos revela o segredo do profeta: o motivo da sua alegria estava fixado em Deus. Quandc a fonte da nossa alegria consiste nas bênçãos que Deus oferece e não no Deus que oferece as bênçãos, a nossa alegria está fadada à instabilidade; a nossa fé, à fraqueza e o nosso relacionamento com Deus à confusão. Infelizmente, em nossos dias, muitas pessoas vão aos templos com um único objetivo: receber bênçãos de Deus. Desejarr a cura de uma enfermidade, um emprego, a restauração da empresa que está às portas da falência, um livramento, enfim, a solução de problemas que atingem a todos os mortais. Não constitui pecado buscar as bênçãos de Deus. Jesus mesmo nos incitou £ pedir. Porém erramos o alvo quando fazemos da dádiva divina o nosso deus. Erramos também, quando a busca da bênção é o fator que motiva nossa ida aos cultos. Deus deve ser a razão do nosso culto, a finalidade exclusiva do nosso serviço, o motive supremo da nossa alegria. 2. Paulo Paulo, que entusiasticamente fez a seguinte confissão: “Sim, deveras considere tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para conseguir Cristo’ (Fp 3.8), demonstrou em seu ministério que realizava a missão para a qual foi chamadc com muita alegria, como um presente que recebera do Senhor, e não como um farde a ser suportado, apesar das provações que lhe sobrevinham. Ainda em Filipenses encontramos a razão por que Paulo transmite tanto entusiasmo e contentamento: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquei situação” (Fp 4 .1 1). Tiago nos deixa o mandamento da alegria diante das provações e Paulo nos ensina o caminho para vivermos este princípio. O caminho é o aprendi zado. Paulo aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação. Este deve ser c nosso alvo, o nosso desafio em meio às provações. 3. Jesus “Homem de dores e que sabe o que é padecer”, assim era Jesus de Nazaré. Sofrer rejeição. Padeceu por fazer a vontade de Deus. Foi perseguido e desprezado. Mas 13 não perdeu a doçura em meio às lutas. As provações não deixaram Jesus amargurado. Continuava sereno. Mesmo tendo uma “agenda apertada” atraía as crianças e lhes dispensava atenção. Apesar das dificuldades, contemplava e ensinou os Seus discí pulos a contemplar os lírios do campo e as aves do céu. Instruiu-os a cultivar a arte da contemplação. Ensinou-lhes a vencer as inquietações do cotidiano tirando lições da natureza. Jesus tinha motivos para a amargura, para o ódio. Foi traído pelo preço de um escravo, trocado por um homicida e crucificado como um malfeitor. Senhor das Suas emoções e fiel guerreiro contra o ódio e a amargura, Jesus optou pelo amor. Mesmo crucificado, sofrendo as mais terríveis dores, não Lhe faltou ternura para transmitir graça e perdão àqueles que só lhe causaram males. Seguimos os passos do nosso Mestre quando temos alegria, serenidade e ternura nas provações. II. 0 propósito das provações (Tg 1.3-4} É muito comum, quando estão em meio às aflições, as pessoas dizerem que não sabem o porquê de tudo isso que lhes está acontecendo. É verdade que nem sempre sabemos o motivo das experiências desagradáveis pelas quais passamos. A dor e o sofrimento quase sempre nos tiram a capacidade de perceber a razão dos fatos. Não sabermos o porquê da provação não a invalida. Ela continua sendo genuína e tem propósito. As vezes, eu não sei a razão, mas Deus sabe. Isso basta. Jó não tinha a menor ideia por que estava passando por tamanho sofrimento; por que ele estava sendo tão provado. Não obstante, Deus sabia. E Jó, no devido tempo, sabería também. A palavra de Deus, a nossa experiência com Ele e o fu turo se encarregarão de nos confirmar que as provações na vida do cristão têm propósitos definidos. Nada acontece por acaso. Não estamos à mercê da História. Somos servos do Todo-Poderoso, Aquele que age em todas as coisas para o bem daqueles que O amam, dos que foram chamados de acordo com o Seu propósito (cf. Rm 8 .28). As provações visam produzir dois resultados, como veremos a seguir. 1. Fé aprovada Abraão é considerado o pai dos que têm fé. Para que ele recebesse esse honroso título, sua fé foi provada até as últimas consequências. Quando chamado, obedeceu (Hb 11.8); quando posto à prova, ofereceu Isaque (Hb 11.17). Sua fé esteve sobre o altar da provação. Fé aprovada é aquela que produz perseverança. A fé genuína, resultado direto dos testes de que Deus faz uso para promovê-la, induz o crente a continuar caminhando mesmo quando as circunstâncias não lhe são favoráveis. Ela induz o crente a continuar crendo em Deus e em Sua Palavra mesmo quando a dor não passa, quando a doença prevalece sobre a saúde, quando o emprego não vem; embora haja perdas e danos, sua fé permanece inabalável. 2. Caráteraprovado A nossa experiência vai comprovar que a maioria das grandes mudanças que ocorreram em nosso caráter se deram em meio às provações. O sofrimento, muitas vezes, age como um verdadeiro instrumento da graça para reduzir a nada o orgulho do soberbo e a autossuficiência do arrogante. Quanta gente que se achava o dono da situação, supremo e intocável, só se aproximou da cruz devido ao rigor das provações a que foi submetido? As provações têm como objetivo, também, polir o caráter, ainda que seja a ferro e fogo. Evidentemente o poder transformador não está na dureza das tribulações, mas no Espírito Santo que age. Este, sabiamente, faz uso das circunstâncias e dos acontecimentos para nos instruir e nos moldar. Devido ao estado caído em que o homem se encontra e a dureza de coração provocada pelo pecado após a queda, nem sempre nos é fácil ouvir a voz de Deus em situações normais. Às vezes, o leito de enfermidade, o luto pela perda de alguém que nos era importantíssimo, a dor e o sofrimento de uma crise existencial, entre outras, constituem oportunidades onde a voz de Deus é ouvida com mais clareza e os nossos valores e conceitos são mais bem avaliados. Não devemos subestimar o valor que as provações exercem na vida do crente no que diz respeito à construção de um caráter aprovado por Deus. III. 0 essencial nas provações (Tg 1.5-8) Todos os frutos que as provações visam produzir podem se tornar nulos se nos faltar o essencial - a sabedoria para passar por elas. A sabedoria é o ingrediente que, quando não nos faz compreender o porquê da dor, por exemplo, nos ensina a aceitá-la com paciência. A sabedoria nos faz perceber que, apesar da provação, Deus é nosso aliado. A falta de sabedoria, que seria a falta de compreensão das realidades eter nas e do governo de Deus em todas as coisas, nos impele a não aceitar a pro vação e a duvidar da bondade de Deus. A instrução é clara: aquele que tem sabedoria deve aplicá-la; e quem não tem deve pedir com fé, resistindo a toda dúvida. E quanto a você, cuja fé está sendo severamente provada, pergunto-lhe: como está sendo sua reação? Como você está se comportando enquanto sua fé está sendo testada? Em meio às suas lágrimas é possível perceber alegria, ou apenas murmura ção? Atos 16.19-26 relata um interessante episódio. Paulo e Silas já estavam presos, depois de terem sido açoitados, com os pés no tronco. Por volta da meia-noite, co meçaram a orar e cantar louvores a Deus. Orar em uma ocasião como essa não é tão difícil; cantar louvores, sim, soa estranho ao nosso entendimento. Numa situação semelhante normalmente choramos. Paulo e Silas cantaram. Aí eu vejo sabedoria. Deus, para eles, era tão real quanto o sofrimento. Eles tinham o sofrimento como razão para murmurar e abandonar a fé. Em contrapartida, tinham Deus para render louvores. Deus é maior que o sofrimento. E assim que a sabedoria faz seus cálculos. Se Deus é maior que o sofrimento, então rendamos a Ele o que Lhe é devido, e quanto ao sofrimento, paciência. Veja três momentos na vida de Jesus, onde Ele age com profunda sabedoria ao ser provado. 1. Diante do príncipe das trevas Depois de jejuar 40 dias, Jesus teve fome. Foi tentado pelo Diabo, e em todas as três investidas registradas em Mateus 4.1-11, Jesus rebateu com “está escrito”. O Mestre poderia ter usado os mais impressionantes discursos para combater o príncipe das trevas, no entanto, recorreu às Sagradas Escrituras. Desta forma, demonstrou que contra o Diabo, nossa arma mais eficaz é a espada do Espírito, a Bíblia. Contra o mal, age sabiamente quem age baseado na palavra de Deus. 2. Diante das autoridades judaicas Os principais sacerdotes e os anciãos do povo, movidos pela inveja, não tarda ram a perguntar com que autoridade Jesus estava a realizar o Seu trabalho, além de ensinar. Jesus Cristo os calou com a pergunta: donde era o batismo de João, do céu ou dos homens (M t 21.23-27) ? Quanta sabedoria! Evidentemente eles tinham uma resposta. Em momento algum deram crédito ao ministério de João. Mas, devido ao ambiente composto por uma multidão que acreditava ser João Batista um profeta, foram obrigados a se calar. 3. Diante das autoridades romanas Em virtude da fama de Jesus, Herodes desej ava vê-Lo. Queria ver milagres. Nada viu e desprezou o Rei dos reis. Em relação a Antipas, Jesus manteve silêncio absoluto (Lc 23.8-12). Não quis lançar pérola aos porcos. A sabedoria se manifestou sem palavras. Pilatos ficou grandemente admirado pelo fato de Jesus não responder às acusações dirigidas contra Ele pelos principais sacerdotes e pelos anciãos. O silêncio 16 de Jesus impressionou o governador da Judeia (M t 27.12-14). Não devemos esquecer que o silêncio de Jesus também aconteceu para cumprir as escrituras do AT quando dizem que não proferiu palavra quando levado ao matadouro. Conclusão Uma vez que as provações estão no plano que Deus arquitetou para o nosso benefício e crescimento espiritual, só nos resta encontrar o caminho da alegria, da sabedoria e da confiança de que Ele está usando todas as circunstâncias para imprimir na nossa vida, no nosso caráter, as indeléveis marcas de Cristo. Aceitemo-las com alegria! 17 3 0 que devemos valorizar Pr. Silas Arbolato da Cunha texto básico 1 Tiago 1.9-11 ■ leia a Bíblia diariamente SI 73.1-28texto devocional | Romanos 5.1-11 seg ter SI 49.1-20versículo-chave I Tiaqo 1.11 "Porque o sol se levanta com seu ardente calor, e a erva seca, e a sua flor cai, e qua Mc 8.34-38 desaparece a formosura do seu aspecto; assim também se murchará o rico em seus caminhos" qui 1Tm 6.17-19 sex Pv 30.7-9 alvo da lição i sáb Is 40.6-8 0 aluno ficará motivado a adequar sua escala de valores à de Deus. dom Rm 5.1-11 Já vimos anteriormente que as tribulações e o sofrimento são como ferramentas que Deus usa na nossa vida para nos tornar aquilo que Ele planej ou. Alegrem- Tiago, o sofrimento está dentro da soberania e do projeto de Deus. Por mais que a provação seja uma ferramenta nas mãos de Deus, ela sempre é dolorosa. A provação sempre traz uma tônica bem forte daquilo que é desagradável, desconfortável, inseguro. Esta seção da carta provavelmente descreve a realidade profetizada por Ágabo em Atos 11.28-29. Diante desta realidade, uma pergunta que provavelmente pairava na mente dos leitores de Tiago era: “Valeu a pena ter crido em Cristo e agora estar sofrendo perseguição, fome, pobreza?” Talvez alguns daqueles crentes tenham feito suas as palavras de Asafe - "inutilmente conservei puro o coração” (SI 73.13). Eles olhavam para as pessoas à sua volta e as viam numa condição muito boa. Mas a situação deles era bem diferente. Não é assim que nos sentimos algumas vezes também? 1. Recebemos um diagnóstico do médico não muito agradável - sobrevém-nos a insegurança, não sabemos o que vai acontecer conosco ou com nossa família. 2. Enfrentamos as dores de relacionamentos quebrados - temos ressentimentos, raiva. 3. Perdemos um emprego - a angústia nos abate, o desconforto, a ansiedad0 ° r,c temores se instalam em nosso coração, sofremos restrições. Como nos sentimos diante de situações como essas? Observe ainda o que Asafe diz no Salmo 73.2 e 11. Tanto o salmista quanto os leitores de Tiago estão com um sentimento de inveja, um sentimento de que per deram tempo na vida levando Deus a sério. Isto nos leva a uma questão: o que de fato tem valor na vida que estamos vivendo? Será que passar por restrições e seguir os conselhos de Deus, o caminho de Deus, vale a pena? Tiago nos apresenta três perspectivas desta situação. I. Igualdade no contraste (Tg 1.9-10) Notem que por duas vezes Tiago usa a palavra orgulhar. Uma vez para o irmão de condição humilde e a outra para o rico (Tg 1.9-11 NVl). Ambos devem olhar além das circunstâncias físicas externas, em direção aos valores espirituais interiores e circunstâncias do reino celestial que não se veem. “O contraste antitético entre pobre e rico retoma um tema bíblico comum:a transito- riedade das coisas deste mundo, nas quais não devemos depositar nossa confiança e nem nos orgulhar” (Douglas J. Moo). Todavia, há coisas das quais devemos nos orgulhar. É fácil alguém abastado se orgulhar de sua condição, e aquele que “está por baixo” nutrir sentimentos como a inveja. Ambos estão com perspectivas erradas dos valores de Deus, daquilo que Deus considera de fato como valor. Observemos que os valores humanos não são os mesmos de Deus. E possível que os crentes estivessem olhando os ricos, que estavam “numa boa”, enquanto eles estavam sendo perseguidos. Sua atitude estava correta? Apalavra insig nificância (ARA) no versículo 10 e humilde no versículo 9 têm a mesma raiz grega. Então, quando falamos de riqueza e pobreza, precisamos entender duas coisas sobre as quais Tiago não está falando e uma terceira que trata da fugacidade dos valores terrenos. 1. A pobreza não é má e não é resultado de incredulidade Ilustração: num encontro de pastores, um irmão compartilhou a alegria de que naquela semana havia comprado um carro, depois de cinco anos poupando, e pediu que os outros louvassem a Deus com ele. Alguém perguntou: “Que carro?” “Um Gol 86”, foi a resposta. “Um gol 86? Eu não vou louvar nada, você é filho de Deus, deveria ter um carro importado 0 km. Você não crê no Deus que eu creio”. Interessante esta 19 percepção, na qual ser pobre (literalmente no grego - de baixa condição social) signi fica ser incrédulo. Não é disto que Tiago está falando. O pobre não pode ser acusado nem condenado por sua pobreza, como se esta fosse resultado de incredulidade. 2. A riqueza não é tudo e não é pecado Os ricos também não são acusados ou condenados por serem ricos, mas por depositarem sua confiança nas riquezas (cf. lTm 6.9, 17-19). A palavra de Paulo é contra a ambição, a ganância, o apego, o viver em função do dinheiro e o confiar no dinheiro que se tem. Possuir bens, ser rico, não implica pecar. O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, não o dinheiro em si. 3. As "moedas" que mais valorizamos Há três moedas valorizadas na nossa sociedade: a riqueza, a beleza e a inteligência. Que valor tem isso de fato? Num determinado momento, o dinheiro possuído pode ser perdido (“farápara si asas”) . Além disso, ao morrer, o ser humano não levará nada consigo (Pv23.5, SI 49.16-17). Quando você passar desta vida para a eternidade, aquilo que é considerado de valor aqui não terá valor lá. Seus títulos, a beleza da sua casa, seu carro, seu dinheiro, sua beleza física de nada valerão na eternidade. Não se orgulhe disso, não confie nisso. Você confia no que você ganha? Você confia que é a sua empresa que vai manter você lá o resto da vida, sustentando você? Essas coisas não fazem parte da ordem de valores de Deus, é tudo aparência. O sol vai bater, elas irão desaparecer, e na hora em que comparecermos perante Deus, estas moedas não vão valer nada. É isto que Tiago está dizendo (Tg 1.11). Então, o que vale para Deus? Quais são os valores eternos? II. 0 que é valor para Deus? Há um motivo significante para nos orgulharmos, e para saber qual é, precisamos olhar para nós do mesmo modo como Deus o faz. Jesus, no Sermão do Monte, disse "Bem-aventurados os humildes de espírito,porque deles é o reino dos céus” (Mt 5.3). Feliz é aquele que compreende corretamente a sua condição diante de Deus, pois Ele não Se agrada da soberba, mas da humildade (Tg 4.6). A melhor maneira de investir no que realmente tem valor é enxergar a nossa insignificância e incapacidade de cumprir as exigências de Deus, sem pretender requerer qualquer tipo de direito. Do que podemos nos orgulhar nesta vida? Em que vale a pena investirmos ? Paulo, em Romanos 5.1-11, usou três vezes a palavra gloriar, que tem o mesmo sentido da 20 usada por Tiago: orgulhar (Tg 1.9-10 N V l). Esta passagem de Romanos 5 apresenta os motivos de termos orgulho alegre. 1. Nossa posição em Cristo (Rm 5.1,11) Fomos justificados mediante a fé e temos paz com Deus. Tenhamos o alegre orgulho do fato de Deus estender o Seu favor e enviar Seu filho para morrer por nós. Nos gloriamos em Deus, por Jesus Cristo, por Quem recebemos a reconciliação. E só por fé, exclusivamente por fé, está apaziguada a nossa situação com Deus. 2. Nossa esperança da glória de Deus (Rm 5.2) Tenhamos o alegre orgulho por causa das coisas que Deus prometeu, especial mente a eternidade com Ele. 3. Nossa dignidade nas tribulações (Rm 5.3) Tenhamos o alegre orgulho de passarmos por elas, pois isto faz parte do projeto de Deus para nossa vida, de nos fazer crescer, perseverar. Vejamos alguns motivos que Pedro também nos apresenta, embora não empregue o verbo gloriar (lP e 2.9-10): a. raça eleita - temos uma linhagem divina; b. sacerdotes reais - temos acesso à presença de Deus continuamente; C. nação santa - fomos separados com um propósito; d. propriedade exclusiva de Deus - somos alvo dos cuidados do Pai; e. propósito - temos o privilégio de compartilhar o que Deus tem feito por nós. Quantos motivos para nos orgulharmos alegremente! Esta é a diferente escala de valores de Deus, que vale para toda a eternidade. A “moeda” que vale é a graça de Deus que nos alcançou e nos dá uma nova perspectiva para a eternidade. Conclusão Quais são os seus valores? Você tem valorizado a aparência da casa, trabalho, dinheiro, beleza, segurando a “cumbuca”, sem perceber que enquanto a agarra, está acumulando um prejuízo eterno? Você quer uma riqueza que vale a pena? Certamente não é a que está guardada neste mundo. Ela está reservada nos céus. Não acumule “tralhas”! 21 Talvez nesta vida você não vá ter o dinheiro, o carro, a casa, a beleza que vo< gostaria, mas, lembre-se: seus valores acabam definindo sua agenda, suas prioridad e seus procedimentos. Você quer se orgulhar de algo? Orgulhe-se da posição que Deus lhe concede das provisões que Deus lhe deu, da herança que Ele lhe prometeu. Tenha o aleg orgulho de valorizar as mesmas coisas que Deus valoriza! 4 Provação e tentação Pr.Esli Pereira Faustino 7 $ % texto básico texto devocional versículo-chave Tiago 1.12-15 Deuteronômio 8.1-5 Êxodo 20.20 "Respondeu Moisés ao povo: Não temais; Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis" alvo da lição O aluno entenderá que a prova é um processo utilizado por Deus para disciplina e crescimento espiritual de Seus filhos, enquanto a tentação é uma forma de solicitação para a prática do mal. leia a Biblia diariamente seg Dt 13.1-9 ter 5126.1-12 qua 1Ts 2.1-6 qui S1139.1-24 sex Pv 3.1-12 sáb Zc 13.7-9 dom ICo 3.10-17 Os israelitas, na revelação do Antigo Testamento, eram proibidos de pôr Deus à prova (Dt 6.16), embora o tenham feito de modo notório no deserto, em Massá, que significa tentação (Êx 17.2-7). O termo hebraico para “provar” foi usado quando Deus testou tanto Abraão (G n 2 2 .l) quanto o rei Ezequias (2Cr 32.31) com o propósito de aprimorar o caráter deles, a fim de que andassem em Seus caminhos. Foi uma prova de caráter elevado, vinda diretamente das mãos do Senhor, para pôr o ente querido na fornalha de fogo a fim de provar a realidade da sua fé. Só entendemos esse fato à luz de Hebreus 12.4-13, onde a palavra de Deus declara o propósito divino da nossa disciplina. Coisa diferente, entretanto, significa sermos provados pelas mãos de Satanás - o adversário das nossas almas. Nesse caso, trata-se de uma solicitação para a prática do mal, com fins destrutivos (Lc 22.31-32), ou mesmo a provação provocada pelas circunstâncias (Ec 2.1). Daí o propósito desta lição: fazer diferença entre provação e tentação. I. O prêmio da perseverança na provação (Tg 1.12) Tiago emprega o mesmo termo usado nas bem-aventuranças do chamado Ser mão do Monte para passar a ideia de felicidade resultante de uma fé aprovada após a passagem do período de turbulência. É o prêmio de quem venceu na corrida da vida e suportou com paciência a longa travessia dodeserto (Hb 11.36-40). Jesus 23 lembrou aos discípulos o aspecto futuro do prêmio pela renúncia de tudo nesta vidz (M t 19.28-29); e Paulo menciona o que Deus reserva para aqueles que O amare ( l Co 2.9). Segundo H.E. Alexander, a Bíblia menciona cinco coroas dos vencedores. Cada uma trata de um aspecto da vida cristã: 1. A coroa incorruptível como prêmio do combate espiritual (lC o 9.24-27); 2 . A coroa da glória como prêmio de serviço para os obreiros fiéis ( IPe 5.4); 3. Acoroa da vida como prêmio da provação (Tg 1.12; Ap 2.10); 4 . A coroa da justiça como prêmio da salvação (2Tm 4 .7 -8 ) para os que amam a volta de Jesus; 5. A coroa da alegria como prêmio para ganhadores de almas (lT s 2 .19-20; Fp4.l). II. A força destruidora da cobiça (Tg 1.13-4) A tentação em si não é pecado. Pode ser descartada, mas uma vez assumida, se transforma em pecado e desvio dos padrões estabelecidos por Deus. A palavra cobiça vem do latim, com o sentido de um desejo recheado de avidez O problema central está em pensarmos em nós mesmos e não propriamente nai coisas que podemos obter, situação que torna o ambicioso uma pessoa sempre des contente e insatisfeita. A cobiça, depois de destituir o homem de sua força espiritua e governá-lo inexoravelmente durante a vida, torna a existência humana um malogro Segundo o Dicionário Houaiss, a cobiça está em oposição ao desprendimen to, sendo um desejo imoderado de bens, honras e riquezas em forma de ambiçã: concupiscente. Segundo o Comentário Bíblico Moody, a palavra tentação carrega a ideia c; seduzir ao pecado. Tiago tinha em mente a doutrina judia de “yetzer hará” (impuls: do mal), que tornava Deus indiretamente responsável pelo mal. Tiago não concorã com essa ideia. Para ele, Deus é imune ao mal. O último mandamento do Decálogo fala sobre a cobiça como uma força interna qr leva o ser humano ao ponto culminante da existência em busca da realização pessoal. L mandamento põe uma cerca de arame farpado em volta deste sentimento, que é capaz de transtornar toda a nossa personalidade. Como conseguimos extirpar os maus desejos do coração? Substituindo-os por entranhados afetos de misericórdia (Rm 7.7; 13.9; Ef 5.3; lTm ó.10; 2Tm 4.3; ICo 10.6; Cl 3.12-14). III. O processo de gestação do mal no interior humano (Tg 1.14-15) Os dois verbos gregos usados no texto eram usados pelos caçadores e pescadores para atrair as presas e tirá-las do seu esconderijo, atraindo-as para as armadilhas, redes ou anzóis num processo de atração das vítimas. Segundo Tiago, algo semelhante ao processo de gravidez: "o pecado uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1.15). O segundo verbo podia se referir aos atrativos de uma prostituta. Nesse caso descreve o resultado de ceder às suas tentações. O livro do Apocalipse, por descrever as últimas formas de sedução do mal no mundo, utiliza os mesmos dois verbos com frequência (Ap 2.20; 13.14; 18.23; 19.20; 20.8). O primeiro efeito da concupiscência é tirar o homem de seu repouso original, o segundo é atraí-lo para a armadilha definitiva. Olhando para o pecado deDavicomBate-Seba (2Sm 11.1-5), podemos perceber claramente este processo de gestação do mal. 1. Ociosidade Era primavera (abril-maio), depois das chuvas, o “tempo em que os reis costuma vam sair para a guerra”, mas Davi ficou em Jerusalém (v.l). Quando uma pessoa está na ociosidade e deixa de fazer o que deve, sua mente se desarma e enfraquece o espírito de vigilância. 2. Concupiscência dos olhos “Uma tarde... passeando no terraço da casa real; daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa (o hebraico acrescenta uma expressão idiomática: ‘de se ver’) ” (v.2). O vislumbre transforma-se em olhar fixo. Agora que os olhos estão sendo saciados, não há espaço para se pensar em Deus. Afinal, “a cobiça atrai e seduz" (Tg 1.14). 3. Concepção da cobiça Eis o próximo passo: "Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado” (Tg 1.15). Davi envia mensageiros para trazerem a mulher. Ela veio, “e ele se deitou com ela" (2Sm 11.4). O termo grego para “concebido” é traduzido como “prender” ou “ficar grávida”. E foi isto, literalmente, o que aconteceu com Bate-Seba: “A mulher concebeu e mandou dizer a Davi: Estou grávida" (2Sm 11.5). 4. O resultado “E o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1.15). O resultado de se per mitir que a cobiça seduza é o que faz parte da história humana desde Gênesis 2.17: a morte. Davi e Bate-Seba não morreram, mas Urias e o bebê morreram. "É melhor evitar a isca do que debater-se na armadilha." (John Dryden) Conclusão Devemos esperar que a fé verdadeira seja provada pelas tribulações desta vida presente. Pois importa entrar para o reino de Deus através de muitas tribulações (At 14.22), prosseguir em meio a grandes sofrimentos ( IPe 5.8-9), mas certos de que o mal, embora pareça descontrolado no mundo, está sob a alçada de Deus e é usado para o bem daqueles que amam o Senhor e são chamados segundo o Seu propósito (Rm 8.26-28). . Deus é imune ao mal e com ele lida sem Se comprometer, o que não acontece com os seres humanos que acabam enredados por ele (Gn 3 .4 -6 ). Que possamos lutar incansavelmente contra as tentações, procurando aprender do Senhor quando somos provados! 26 Deus é bom e imutável texto básico Tiago 1.16-18 Atos 17.24-28 Tiago 1.17 "Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança" texto devocional versículo-chave alvo da lição 0 aluno terá certeza de que a bondade do Deus que jamais muda está sempre presente na vida cristã e o encoraja a confiar no Senhor, apesar das provações. leia a Bíblia diariamente seg Ml 3.21-25 ter SI 25.8-10 qua At 17.22-30 qui Zc 9.14-17 sex S1102.18-28 sáb Ap 1.4-8 dom Hc 3.17-19 Lembro-me perfeitamente da primeira vez em que entrei num avião. Era um dia cinzento, de céu nublado e com uma leve garoa que nem um pouco en corajava um estreante. Apesar do pequeno avião e das circunstâncias desconfortáveis daquela tarde, tentei demonstrar uma aparente tranquilidade racional. Quando o aparelho começou a deslocar-se na pista, apertei discretamente os dedos das mãos e, como que numa atitude fatalista, entreguei-me à sorte. Em poucos segundos vi a pista distanciando-se dos meus olhos e, rapidamente, o avião alcançou a altura das nuvens, as quais foram tornando cada vez menor a minha visibilidade da janela. A expectativa e a incerteza do que aconteceria, após aqueles momentos enevoados, eram grandes. Até que minha frieza exterior foi abruptamente assaltada por uma visão jamais esquecida. O avião ao atravessar a densa barreira de vapor levou-me a contemplar um céu tão azul e um sol tão brilhante que eu mesmo não saberia afirmar se já tinha visto algo assim. Foram instantes de contemplação, mas também de muita reflexão, pois aquela nova experiência ensinou-me a reconhecer que, apesar do dia cinzento e chuvoso lá embaixo, o sol sempre esteve no mesmo lugar brilhando tão intensamente como sem pre brilhou! Com certeza já enfrentamos ou estamos enfrentando dias cinzentos da vida; atribulados ou enevoados pelas dificuldades, ansiedades, temores ou tristezas da vida... A lição é a mesma: apesar das circunstâncias adversas que enfrentamos na vida, não devemos perder a confiança, pois Deus é o mesmo, eternamente bom e imutável! Antes de prosseguirmos é muito importante que lembremos que esta epístola foi dirigida a um grupo de crentes dispersos, os quais estavam sujeitos a todo tipo de dificuldades. No início da epístola, Tiago aborda os conceitos de provação e tentação. A provação pode ser vista como de natureza externa, e serve de instrumento de Deus para aprovar e aperfeiçoar aquele que nela persevera (Tg 1.2-8). Já a tentação pode ser vista como de natureza interna, e serve de instrumento da própria cobiça humana para reprovar e destruir quem ela concebe (Tg 1.12-15). Tiago estava preocupado que um mau entendimentodestes conceitos poderia gerar um mau entendimento do caráter de Deus por parte dos seus leitores. Por isso, ordena: “não vos enganeis” ou "não vos deixeis enganar” diante das circunstâncias (Tg 1.16). Visando a instrução ou mesmo uma pos sível correção, o autor faz duas declarações a respeito de uma visão correta do caráter e da pessoa de Deus que o crente deve manter, mesmo em circunstâncias adversas. I. Deus é bom (Tg 1.17) Aprimeira declaração a respeito de uma visão correta de Deus diante das adver sidades é que “Deus í bom”. Afirma Tiago: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto> descendo do Pai da luzes”. Em outras palavras, tudo aquilo que é bom procede de Deus, o qual é bom. Embora parecesse estranho ouvir sobre a bondade de Deus diante de situações ruins da vida, os cristãos dispersos do primeiro século precisavam aprender a não confundir o caráter de Deus com as circunstâncias adversas da vida. Tiago ensina o seguinte. 1. A manifestação da bondade de Deus evidencia-se em Seus presentes Deus manifesta Sua bondade através das Suas dádivas ou dons. Estas duas palavras têm significados parecidos: “dádiva” pode significar presente, galardão ou mesmo dom; e “dom” também pode significar presente (Rm 5.16). Este não é o con texto para a palavra dom (carisma) espiritual, mas de um presente que manifesta a benevolência de Deus. O bom Deus derrama Sua graça e misericórdia nos homens, dando o sol e a chuva (Mt 5.45), as estações frutíferas (At 14.17), a vida e a respiração (At 17.25), por exemplo. 2. A manifestação da bondade de Deus revela Sua perfeição As palavras “dádiva” e “dom” são qualificadas pelos adjetivos “boa” e “perfeito”. O autor não está fazendo uma distinção entre os termos, mas usando um estilo literário para pensar numa mesma coisa. Quando coloca os dois adjetivos lado a lado está se referindo a algo de valor incomparável. Suas dádivas revelam o caráter benevolente do próprio Deus perfeito. O termo “perfeito” é o mesmo que descreve Deus em Mateus 5.48. 3. A manifestação da bondade de Deus expressa Sua pessoa A origem destas dádivas e dons é o próprio Deus, pois “são lá do alto”. Somente pode ser divina. O que se origina no coração humano não é bom (Tg 1.14), mas o 28 que é unicamente bom e perfeito procede de Deus (“descendo do Pai das luzes”) . Mais à frente, Tiago cria um contraste entre a sabedoria que procede de Deus e a sabe doria humana: “A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento” (Tg3.17), enquanto que a humana é “terrena, animal e demoníaca” (Tg 3.15). Assim, a bondade de Deus expressa Sua Pessoa. A expressão “Pai das luzes” sugere tanto a figura paternal do Deus benevolente (veja também 1.27 e 3.9) quanto a do Criador benevolente, uma vez que o termo “luzes” frequentemente, faz alusão aos astros e corpos celestes (sol, lua e estrelas). Estas considerações a respeito da bondade de Deus revelam que, apesar das circunstâncias adversas da vida ou mesmo da permissão do mal na vida do crente (exemplo da história de Jó), Deus não é injusto, cruel ou sádico. Ele não tenta Seus próprios filhos, pelo contrário é bom e benevolente, e aperfeiçoa a quem ama. II. Deus é imutável (Tg 1.17) Uma segunda declaração a respeito de uma visão correta de Deus diante das adversidades é que “Deus é imutável”. Escreveu Tiago a respeito de Deus: “em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”. O autor não apenas utiliza o tema bondade para defender a imutabilidade de Deus, claramente apresentada em outras partes da Escrituras, como faz dela uma preparação de outros atributos e ações divinas apresentadas ao longo da epístola. 1. A bondade divina e a imutabilidade de Deus A ideia de imutabilidade de Deus está arraigada à ideia da Sua bondade. Isso implica a certeza de que a bondade do Deus imutável nunca sofre alteração ou mudança. Com respeito à pessoa de Deus, a Nova Versão Internacional traduz: “que não muda como sombras inconstantes”. A palavra grega traduzida como “som bra” pode implicar o ato de fazer sombra ou de refletir uma determinada imagem. Tiago escolheu esta palavra para afirmar que Deus é como uma luz que não pode ser colocada na sombra ou extinta. 2. Atributos divinos e a imutabilidade de Deus O conceito desta imutabilidade prepara e se aplica à descrição de Deus que Tiago apresenta na sua epístola. a. Doador da sabedoria (Tg 1.5) 29 b. Fiel às Suas promessas (Tg 1.12; 2.5) C. Recompensador (Tg 1.12) d. Justo (Tg 1.20; 2.23) e. Único (Tg 2.19) f. Criador do homem (Tg 3.9) g. Gracioso (Tg 4.6) h. Legislador e Juiz (Tg 4.12) i. Soberano (Tg 4.15) j. Misericordioso e Compassivo (Tg 5 .1 l) k. Restaurador da vida (Tg 5.15) 3. As Escrituras Sagradas e a imutabilidade de Deus Quanto a esta imutabilidade de Deus, a epístola de Tiago encontra bases na pró pria palavra de Deus. Muito embora as expressões “então se arrependeu o Senhor” (Gn 6.6) e “Deus se arrependeu” ( jn 3.10) pareçam implicar uma mutabilidade de Deus, apenas representam, através da força de uma linguagem carregada do senti mentalismo pela narrativa bíblica, uma de duas reações divinas consequentes à ação humana naquele contexto: bênção aos tementes e obedientes; juízo aos incrédulos e desobedientes. A doutrina da imutabilidade de Deus é encontrada em textos muito claros das Escrituras. a. “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não 0 fiará'? Ou, tendo fialado, não 0 cumprirá?” (Nm 23.19). b. “Tu, porém, és sempre 0 mesmo” (SI 102.27) C. "Porque eu, 0 Senhor, não mudo” (Ml 3.6) (ver também ISm 15.29; Hb 6.17-18; 13.8; Ap 1.4,8). Assim, Tiago conduz aqueles crentes dispersos a não terem quaisquer razões para questionar ou duvidar da pessoa e do caráter de Deus. As duras provas da vida não podem afetar ou comprometer a pessoa ou as ações de Deus. Conclusão A grande demonstração da bondade imutável de Deus para conosco apresentada por Tiago está no último versículo deste parágrafo: “Pois, segundo 0 seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fiássemos como que primícias das suas criaturas” (Tg 1.18). Abondade de Deus nos alcançou com a salvação em Cristo Jesus, a qual 30 nos encoraja e fortalece a prosseguir adiante mesmo diante das provas e adversidades da vida. E sempre bom lembramos que mesmo quando os nossos dias se encontram nublados, cinzentos ou chuvosos, sobre as mais densas, sombrias e carregadas nuvens, sempre existirá o Sol que nunca Se apaga. Nunca se esqueça: o Deus bondoso e imutável está soberanamente presente em nossas provações! 31 6 Praticando a Palavra Pr. Luiz César N. Araújo T ia g o 1 .1 9 -2 7 S a lm o 1 6 .1 -1 1 T ia g o 1 .21 "Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, a mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a 0 aluno entenderá a relevância da Palavra de Deus para salvar e e< como os cuidados que devemos tomar com a nossa própria palavra. T em-se falado muito ultimamente no poder das palavras. A ênfase, no entanto, tem sido dada para palavras chamadas “místicas”, de maldição, de imprecações, etc. Tem-se esquecido do poder da palavra sobrenatural de Deus e de resposta do crente à Sua Palavra. A Bíblia é uma fonte inesgotável de riqueza. Espe cificamente nesta porção citada por Tiago é uma fonte inesgotável de riqueza. Issc requer do leitor atenção e cuidado, como veremos. Os irmãos já pensaram em como a palavra é importante em nossa vida cristã; É pela palavra de Deus que chegamos ao conhecimento da salvação, dos propósi tos Dele para nós, dos Seus atributos e Seus sentimentos em relação à Sua criação Em resposta à palavra de Deus, com a nossa palavra, tomamos posse da salvaçãc (Rm 10.9-10). Também com a nossa palavra oramos, na convicção de que Ele St relaciona conosco pessoalmente. A essência donosso relacionamento com Deus st dá mediante a palavra Dele e a nossa como resposta. Deus gosta de falar. A Bíblia é prova disso, pois é a declaração de Sua vontade A diferença entre a palavra de Deus e a nossa é que Deus nunca cometerá um erre por mais que fale, enquanto nós devemos tomar muito cuidado, para não pecarmo contra Ele e outras pessoas enquanto falamos. Vejamos como a aplicação da palavr; deve ser feita neste texto de Tiago (1.19-27). I. A palavra de Deus e seus resultados Sabemos que Deus é poder e Sua Palavra, consequentemente, é poderosa. Ela influenci positivamente, de várias formas, a vida de cada um que tem Jesus como Senhor de sua vida texto básico leia a Bíblia diariamente seg SI 119.1-24 ter S1119.25-48 >/) com qua SI 119.49-72 alma" qul SI 119.73-96 sex SI119.97-120 r, bem sáb S1119.121-144 dom SI 119.145-176 32 1. A palavra de Deus salva a alma dg i.2 i) Deus não salva por meio do sacrifício de animais (Hb 9.11-12) nem pelas nossas obras (Ef 2.8-10).E pela pregação do evangelho, das Boas-Novas, que podemos chegar ao pleno conhecimento da salvação. Sendo assim, a ordem bíblica é que preguemos a Palavra crendo que esta é a única forma de uma pessoa salvar sua alma do inferno eterno (Tg 1.21). Lembremos que a palavra alma, neste texto, indica o homem real, o ser essencial, a vida integral. Devemos tomar cuidado para não falhar na pregação da Palavra. Às vezes, a igrejapode servista apenas como uma comunidade alternativa, uma espécie de clube religioso. Não fomos chamados a entreter as pessoas, a produzir shows evangélicos, a enfeitar a pregação bíblica com cores e luzes, mas a pregar a Palavra, quer ouçam quer não, a tempo e a fora de tempo (2Tm 4.2). Ai de nós se não fizermos assim (lC o 9.16). 2. A palavra de Deus traz felicidade (Tg 1.25) O que vive a palavra do Senhor será bem-aventurado (feliz) naquilo que realizar. O que medita na palavra do Senhor será bem sucedido em tudo que fizer (SI 1.3). A alegria será o resultado da obediência à Palavra e à vontade de Deus reveladas nela. Haverá sempre um senso de realização no coração do que obedece a Sua Palavra. O que não obedece a Palavra e simplesmente a ouve não será capaz de se ver livre da impureza da maldade (v.2l). Este é como alguém que não deixa a Palavra moldar o seu caráter. Ele apenas a contempla e acha bonita e interessante, como a sua própria imagem em um espelho (v.23-24), mas não permite que ela deixe marcas eternas em sua vida. Veja com Tiago fala da diferença entre contemplar a Palavra (v.23) e praticá-la (v.25). O que contempla é chamado de negligente, o que pratica, de bem-aventurado. Que tipo de leitor você é? Alguém que lê a Bíblia só de vez em quando, superficial e rapidamente, como um olhar no espelho, ou você a considera atentamente e persevera nela? Se você levar a leitura da Bíblia a sério e tentar colocar em prática o que ela ensina, com certeza será muito feliz e abençoado. II. A palavra do homem e seus cuidados Nossas palavras devem ser ponderadas, produzidas pelo conhecimento da pa lavra de Deus e pela prática das verdades aprendidas (Tg 1.22). Quanto mais assim fizermos, mais pessoas à nossa volta serão abençoadas. 33 Tiago dá atenção especial aos efeitos das nossas palavras (3.26); as quais precisar de alguns cuidados. Vejamos. 1. 0 cristão deve ser pronto para ouvir e tardio para falar (Tg 1.19) Devemos ouvir bem o que nos está sendo ensinado, e devemos ser ponderados e cuidadosos ao falar. Uma das interpretações desse texto é que Tiago está se referindc à precipitação na proclamação do Evangelho. Vamos nos deter nessa interpretação. Neste sentido é importante ouvir bem a palavra para falar melhor depois. Querr. não compreende claramente o que ouve, pode deturpar a mensagem. A instrução precede a prática. Talvez seja por isso que Paulo disse que para ser um obreiro apro vado era preciso manejar bem a Palavra da verdade (2Tm 2.15). Quantas heresias e seitas proliferam porque algumas pessoas não recebem bem a instrução e já come çam a ensinar! Hoje em dia, algumas instituições estão formando obreiros com oitc meses de curso e enviando-os para abrir igrejas e liderar grupos. O resultado é crise doutrinária e espiritual, tanto do que ensina como de seus liderados. Certa vez, um aluno de teologia perguntou a C.H. Spurgeon por que ele teria que ficar quatro ou cinco anos estudando teologia e não apenas seis me ses, visto que o tempo é curto para a obra de Deus ser realizada. A resposta foi “Um pé de abóbora nasce, cresce e produz em alguns meses, mas uma criançe pode destruí-lo com facilidade. Uma árvore leva anos até produzir frutos, mai fica tão robusta que o fará por muitos e muitos anos”. Será que é este o sen timento do apóstolo Paulo, quando pediu a Timóteo que não impusesse a; mãos precipitadamente? Isto é, que não ordenasse obreiros apressa-damente! (lT m 5.22). 2. 0 cristão deve despojar-se da ira antes de falar (Tg 1.21) A palavra precipitada pode causar a ira e esta pode levar à palavra precipitada E um ciclo vicioso. Quanto mais palavras precipitadas, mais ira, quanto mais ira mais palavras precipitadas. O melhor, segundo Tiago, é ser ponderado nas duas coisas. Uma pessoa tardia em irar-se exerce a paciência e o domínio próprio. A ira e abrigada no coração dos que não têm juízo (Ec 7.9). Paulo, escrevendo aos efésios exortou a que os irmãos se afastassem de amargura, cólera, ira, gritaria, blasfêmias e malícias (E f 4.31); em Gênesis 49.7 lemos: "maldito seja seu furor... e a sua ira disse Jacó, falando a seus filhos Simeão e Levi; Salomão, em Provérbios 21.9, di: que é melhor a pobreza do que viver com pessoa briguenta. A ira atrapalha a oraçãc (•lTm 2.8). 34 p n ü I A Bíblia relata a possibilidade de uma “ira justa” (E f 4.26), uma espécie de ‘indignação” diante do erro, mas esta não pode perdurar e dar lugar ao diabo (E f 4 .27); ela deve ser dominada para que não cause danos maiores do que o erro que a gerou. Ainda que nos indignemos diante dos pecados e injustiças, de vemos tomar muito cuidado para que este sentimento não esteja carregado de impureza e maldade (Tg 1.21). E preciso deixar para Deus a vingança por atos contra nós cometidos (Rm 12.19). A nossa ira não produz a justiça de Deus (Tg IÃO), isto é, ela não pode implantar a justiça de Deus em alguém, ou ainda, ela não pode justificar ninguém. A ira do homem não pode produzir qualquer ação justa aos olhos de Deus visto que o homem é pecador e não há nele justiça própria (Rm 3 .IO). Devemos tomar cuidado para que, em nome da “justiça de Deus”, não procuremos exercer sobre os outros a nossa própria vontade, e não a de Deus. 3. 0 cristão deve falar sem maldade (Tg 1.26) Tiago faz uma correlação entre a verdadeira religião e aquela que é vã. A religião se torna vã quando não é acompanhada de palavras coerentes e abençoadoras. O que falamos espelha o que somos. Jesus disse que a boca fala do que está cheio o coração (Mt 12.34). Paulo, no mesmo sentido, diz que os convertidos devem falar palavras que edificam, que trazem graça aos que as ouvem (E f 4.29). Não pode ser puro o coração de alguém cuja língua não é limpa. J. Sidlow Baxter disse certa vez que uma das primeiras coisas que acontece quando alguém está realmente cheio do Espírito não é falar em línguas, mas, sim, aprender a dominar a língua que já tem. 4. 0 cristão deve praticar a Palavra (Tg 1.27) Se o mau uso da língua expõe a falsa religião, a verdadeira religião mostra os seus frutos de maneira clara. Tiago afirma que a verdadeira religião, a religião sem manchas, se revela quando visitamos os órfãos e as viúvas e nos mantemos puros diante das coisas do mundo. Visitar os órfãos e viúvas e cuidar deles era comum no início da igreja ( lTm 5.16). Parece que os diáconos deviam cuidar das viúvas sem assistência financei ra (At 6.1-7). Tiago aconselha a que mostremos generosidade com as pessoas menos favorecidas, especialmente as da família cristã (lTm 5.8; Gl. 6.10). Devemos ajudar a suprir as suas necessidades, demonstrando nosso amor por elas; é a vida cristã em prática, não apenas falada, mas verdadeira ( l jo 3.18). 35 Manter-se puro no mundo também é citado por Tiago como uma forma de verdadeira religiosidade. Ele se une ao Apóstolo Paulo, que disse que não devemos nos assemelhar ao sistema deste mundo (Rm 12.1-2). Não devemos imitar as pessoas não convertidas em seus costumes pecaminosos. Somos propriedade exclusiva de Deus (lP e 2.9) e, como tais, devemos agradá-Lo em tudo o que fazemos. Através de exercícios espirituais como a oração, a leitura da Bíblia, a comunhão com a igreja, o exercício dos dons espirituais, podemos nos fortalecer, e no final não nos conta minarmos com o sistema mundano que nos cerca. As vezes, nos sentimos atraídos pelas ofertas e encantos deste presente século, mas a aparência deste mundo passa e não resistirá ao julgamento eterno (lC o 7.31). Os que se tornam muito íntimos e amigos do sistema do mundo acabam se afastando de Deus (Tg4.4), e aos poucos vão deixando de servir ao Senhor (2Tm 4.10). Faça uma análise criteriosa de sua vida cristã agora mesmo. Através de reflexão vej a se você tem assimilado alguns sentimentos, pensamentos e comportamentos iguais aos das pessoas que não conhecem a Cristo. Peça a Deus que sonde o seu coração e descubra se há nele algum caminho mau (SI 139.23-24). Tome a decisão de manter-se puro do mundo, não se contaminando com as coisas atraentes que ele oferece. Resista como fez Daniel e veja como Deus o abençoou quando tomou a mesma decisão (Dn 1.8). Conclusão Fazendo uma correlação entre a palavra de Deus e a nossa podemos dizer que a Palavra Dele é viva e eficaz (H b 4 .1 2 ). Quanto mais falamos da palavra de Deus, tanto mais as pessoas são abençoadas. As nossas palavras são deficientes e devem ser cheias de cuidado e vigilância. Para que a nossa palavra também abençoe, devemos alinhá-la com a de Deus. Devemos consagrar os nossos lá bios ao Senhor (SI 19.14). Se a semente da palavra de Deus estiver plantada em nosso coração, o resultado é que a nossa conversa edificará aos que nos ouvem (E f 4.29). Sendo assim, o mundo reconhecerá que a nossa religião é verdadeira e que temos ligação, não com o mundo, mas com Deus. Só assim Deus será glorificado através de nós (M t 5.14-16). 36 7 Fé sem parcialidade Pr.Vanderli Alves Neto texto básico texto devocional versículo-chave Tiago 2.1-13 Atos 10.23-36 Atos 10.34 "Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas" alvo da lição O aluno ficará alerta quanto ao perigo de uma fé discriminativa na igreja, e saberá que quem deixa de ajudar o próximo mostra que ainda não tem fé. leia a Biblia diariamente seg Zc 7.8-14 ter At 8.1-3 qua Ef 2.11-22 qui At 16.19-26 sex Lc 14.7-14 sáb 1Co 1.10-17 dom ICo 1.26-29 Tiago aqui levanta um problema de ordem interna da igreja que deve ser tratado com muito cuidado e discernimento espiritual: o problema das diferenças entre os membros da igreja. Não tomar partido, ou seja, não tratar os irmãos com parcialidade deve ser a nossa opção como servos do Senhor Jesus Cristo (Rm 6.22). Honrar um irmão na congregação em detrimento do outro é, no mínimo, uma atitude incoerente em relação à fé cristã (E f 2.19-22) que, portanto, deve ser evitada. Tiago foi incumbido de enfatizar a ética cristã. Ele apresenta essencialmente o ensino de Cristo. Tem-se dito que a epístola de Tiago é baseada no sermão da mon tanha. Examinando-a com cuidado, verificamos que, até certo ponto, essa afirmação faz sentido (Mt 5.1-16). No trecho de 2.1-13, Tiago condena a parcialidade dentro do corpo de Cristo, que é a igreja. Se Cristo é o Senhor de nossa vida, por que não podemos fazer acepção de pessoas? Para responder esta pergunta, vamos considerar pelo menos três razões. I. Porque é incompatível com o caráter de Deus Acepção é a tradução de uma palavra grega que significa literalmente “receber o rosto”. No Novo Testamento ela é usada primeiramente como uma tradução literal da palavra hebraica do Antigo Testamento que corresponde ao nosso termo acepção. “Receber o rosto” é fazer julgamentos e estabelecer diferenças baseadas em conside- m £ Á rações externas, tais como aparência física, status social ou raça. Deus jamais agiria assim, conforme frequentes afirmações nas Escrituras: Romanos 2.11; Efésios 6.9 Colossenses 3.25; Atos 10.34. 1. Criados à imagem de Deus (Gn 1.26-27) A discriminação vai contra o caráter de Deus, que nos criou à Sua imagem e semelhança. 2. Oportunidades de salvação (1Tm 2.S-6) A discriminação vai contra o caráter de Deus, que oferece oportunidades iguais de salvação para todos os povos, independente de raça, cor e posição social 3. Julgamento imparcial (At 10.34-35) A discriminação vai contra o caráter de Deus, que julga de maneira imparcial as ações dos homens. As indagações de Tiago (Tg 2.4-7) parecem demonstrar um certo favoritismo da parte de Deus pelos pobres. É mais fácil ter fé quando é pobre? Aparentemente sim. “Para Tiago os ricos são perversos e os pobres são piedosos (Tg 2.4-5). Isso pode ter sido uma situação toda peculiar às pessoas a quem ele escreve” (Arthur Duck). Sabemos que o pobre pode ser tão ruim, tão ganancioso e com pensamentos tãc pervertidos quanto o rico. O pobre só não tem as mesmas oportunidades. II. Porque é incompatível com os princípios cristãos Arthur Duck afirmou que: “Como cristãos não podemos aceitar as divisões sociais e políticas que o mundo impõe sobre nós. A fé cristã tem que acabar com as distinções que existem na sociedade”. A expressão: “Ouçam, meus amados irmãos” (2.5 NVI) demonstra uma certa se veridade da parte de Tiago, mas ao mesmo tempo revela o seu cuidado pastoral pelas ovelhas. É como se ele estivesse dizendo: “favorecendo os ricos vocês estão indo contra Deus, que favorece os pobres”. Todos sabiam que Deus escolhera Israel no passado; e os próprios judeus se viam como o povo escolhido de Deus (Dt 4.37; 7.7; 14.2). Mas aqu: Tiago aplica o termo “eleição” de modo específico aos pobres. Peter Davids informa-nos que “a maior parte dos membros da igreja primitiva era constituída de pobres, como a 38 dejerusalém (2Co 8.9). Tiago está aplicando o ensinamento dejesus sobre ospobres (Lc 4.18; 6.20). Jesus selecionara os pobres como os especialmente contemplados com o Seu reino. Eles são favoritos aos olhos de Deus, visto que Deus os vê de modo bem diferente. Isto é, os pobres não são pessoas desprezíveis, mas são escolhidos para serem ricos na fé e herdeiros do reino - o contrário da perspectiva mundana” (Tiago: Novo Comentário Bíblico Contemporâneo, Vida, p.81-82). Entretanto, é importantíssimo ressaltar que a pobreza em si não é caminho para a salvação, mas apenas deixa o coração mais fértil ou mais aberto para a semente do evangelho de Jesus Cristo. Tiago faz determinadas perguntas e afirmações (2.5-7), provando com elas que havia acepção de pessoas naquela comunidade cristã. Examinemos essas perguntas. 1. Não são os ricos que oprimem vocês? (Tg 2.6) “Oprimem” - palavra usada também em Atos 10.38, para falar dos oprimidos pelo diabo. Se a questão aqui envolve um julgamento legal, a igreja se colocou contra um indivíduo pobre e não contra todos os pobres. aplicação Menosprezo e opressão sã,o características dos ricos de fora da igreja, com raras exceções, que não deveriam acontecer entre os salvos. 2. Não são des os que os arrastam para os tribunais? (Tg 2.6) É muito provável que alguns judeus ricos estivessem arrastando os cristãos diante dos tribunais, assim como Paulo fazia antes de sua conversão (At 8.1-3). Paulo teve de suportar as mesmas coisas que impusera sobre os outros (At 16.19-26). “Os ricos arrastavam os crentes pobres para os tribunais por dois motivos. Primeiro, quando o pobre necessitava de um empréstimo, o rico dava com juros elevados. E quando surgia disputa na hora do pagamento ouo pobre não tinha como restituir o empréstimo, o rico contratava o melhor advogado e ambos se associavam. Resultado: o pobre ficava mais pobre e o rico mais rico. A segunda forma do rico arrastar o pobre para os tribunais era por acusações caluniosas, acusando os cristãos de perturbarem a tranquilidade e a ordem da comunidade” (Tiago, Peter Davids, p.82-83). 3. Não são eles que difamam o bom nome que sobre vocês foi invocado? (Tg 2.7) “Difamar o nome invocado sobre os cristãos” mostra claramente que havia per seguição religiosa contra eles. O termo “invocar” se refere à ocasião em que o nome de alguém é invocado sobre uma outra pessoa, passando a primeira a se tornar sua 39 propriedade. O nome de Jesus havia sido invocado sobre os cristãos e eles se tornaram posse de Deus (lP e 2.9-10). A igreja deve tomar muito cuidado para não se assemelhar àqueles que blasfemam o bom nome que sobre ela foi invocado (Ap 12.17). A Bíblia Viva traduz o versículo 7 assim: “E grande parte das vezes são eles que se riem de Jesus Cristo, cujo nome honroso vocês levam". III. Porque é incompatível com a natureza da igreja Não é possível hoje pensarmos numa igreja tão somente para um grupo de terminado de pessoas. A igreja não pode estar aliada a um grupo político ou social, pobres ou ricos, ou a determinado grupo étnico (lC o 1.10-11). A igreja tem de estar de portas abertas para todas as camadas da sociedade. Foi Jesus que reforçou o ensinamento da lei de que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao pró ximo como a nós mesmos. Essa lei se baseia no modelo de Cristo, que não fazia diferença entre rico e pobre - Ele morreu por todos (Rm 5.5-8). Jesus nos ensinou a amar o próximo. O mandamento específico citado por Tiago, “Amarás o próxi mo como a ti mesmo”, é um dos prediletos de Jesus, que o citou várias vezes nos evangelhos. Três princípios bíblicos devem governar nossos relacionamentos na igreja (T g2). 1. Amor ao próximo O amor ao próximo deve ser evidenciado em obediência e submissão à palavra de Deus (Tg 2.8). Em várias passagens do Antigo e do Novo Testamento, somos exortados a amar o Senhor Deus de todo o nosso coração, de toda a nossa alma, de todo o nosso entendimento e de toda a nossa força (Dt 6.5; Mc 12.30). Este é o primeiro e o maior mandamento, como ensinou Jesus. O segundo mandamento é o amor pelos nossos semelhantes (Mc 12.31; Jo 13.34-35). 2. Não violar um mandamento Violar um mandamento é desobedecer ao próprio Deus, e faz com que a pessoa se torne culpada diante Dele (Tg 2.9-11). “Neste aspecto é interessante observar que, no cristianismo primitivo, o mandamento do amor estava intimamente ligado aos mandamentos do próximo da segunda tábua do decálogo (veja Mt 19.18,19; Rm 13.8-10). Portanto, embora empregue uma lógica extraída do AT, Tiago a aplica a uma situação nova” ( Tiago - Introdução e Comentário, Douglas J. Moo). 3. Justiça e amor A justiça e o amor exigem que todas as pessoas sejam tratadas com dignid, (Tg 2.12-13). Há muitos que pensam que amar é um mero sentimento prazeroso coração. Isto não é verdade. De acordo com a palavra de Deus o próximo é a pessoa a quem devemos amar, sem demonstrar nenhuma parcialidade. Todos merecem nosso amor e respeito. Tiago defende o ensino bíblico de que a pessoa que guarda todas as leis de Deus, mas quebra um único princípio, se torna culpada de todos os outros. Para Peter H. Davids, a razão que alicerça este ensino é o truísmo. Isto não significa que as más consequências são sempre as mesmas, não importando que mandamento a pessoa quebra, mas significa que, quando alguém quebra um mandamento, demonstra uma atitude básica contra o Outorgador da lei que caracteriza tal pessoa como transgressor (Dt 27.26). Conclusão A luz do ensino de Tiago podemos concluir que a acepção de pessoas é um pe cado contra o mandamento do amor (Tg 2.8-9), e que este mandamento é que deve governar aqueles que professam fé em Jesus Cristo (Tg 2.1). Tiago dá ênfase a dois verbos: “falar” e “proceder” (v.12); os verbos estão no tempo presente, enfatizando que a maneira de “falar” e “proceder” deve ser a nossa conduta de vida. Aquele que não usou de misericórdia não pode esperar receber um julgamento misericordioso. Isso vem como uma advertência para todos os cristãos (v. 13). Jesus ensinou: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5.7). “Pelas misericórdias de Deus as nossas boas ações são aceitas diante Dele como evidência de que a salvação pela misericórdia de Deus nos alcançou” (Arthur Duck). 8 Fé e obras Pr. José Humberto de Oliveira I W i m P - f f » Tiago 2.14-26 Gênesis 22.1-19 versículo-chave "Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta" alvo da lição 0 aluno entenderá que a fé deve, necessariamente, ser traduzida em obras que beneficiam o próximo e glorificam a Deus. leia a Bíblia diariamente ^ seg Mt 5.13-16;25.31-46 ter Lc10.25-37; Ef 2.10 qua 1 Jo 3.16-18 qui Gn 15.1-21 sex Gn 22.1-19 sáb Js 2.1-24 dom Rm 4.1-25 i òcê acreditaria numa pessoa que se diz eletricista, mas não consegue troca: J uma lâmpada? Você acreditaria num homem que diz ser excelente pilote mas não consegue estacionar o carro numa garagem? Você acreditaria em alguérr. que diz ser matemático, mas não sabe o resultado de 8 x 8? Tiago também quer sabe: como é que uma pessoa pode dizer que tem fé, mas não possui uma obra, nem uma sequer, para poder provar esta fé! O problema é sério! Qual é a fé que salva? Como conciliar Romanos 3.28 com Tiago 2.24? Estaria Tiago contradizendo o ensino de Paulo? Qual o papel das obras na salvação? I. Qual é o problema? “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obrasi Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?" (Tg 2.14). O versículo acima, que é uma pergunta, leva-nos ao ponto central deste pará grafo, ou desta lição. Tiago quer saber como uma pessoa sem obras pode dizer que está salva? Antes que você pense errado, acompanhe comigo algumas observações. 1. Tiago inicia o parágrafo fazendo uma pergunta (Tg 2.14) Uma pergunta não é uma afirmação. Uma pergunta chama ou espera uma res posta. Então, o autor está apenas iniciando o diálogo com seus leitores. A palavn “proveito”, no grego, significa “lucro ou vantagem”. Não pense que Tiago estejá pregando a salvação pelas obras, contradizendo o apóstolo Paulo. Analise as três afirmações a seguir. a. Tiago dirige suas perguntas a alguém que defende a “fé somente”. b. Tiago não afirma que a fé não pode salvar; ele está dizendo que a fé que essa pessoa afirma ter, ou seja, uma fé sem obras, não pode salvar. C. Paulo e Tiago querem dizer a mesma coisa com a palavra “obras”: atos pratica dos em obediência à Palavra de Deus. A diferença entre eles é o contexto em que estas obras são praticadas. Paulo nega que as obras possam ter algum valor em nos colocar num relacionamento com Deus; Tiago insiste em que, uma vez estabelecido o relacionamento, as obras são essenciais (Tiago: Introdução e Comentário, Douglas Moo, p. 100). 2. Tiago ilustra de cinco maneiras o ensino que quer transmitir (Tg 2.15-25) a. Indiferença em face dos irmãos necessitados (Tg 2 .15-17) Como reage o crente? Ele se despede das pessoas necessitadas usando palavras evasivas e piedosas: “Vá em paz, irmão”, ou “estarei orando por você.” Mas o necessitado não está pre cisando de oração, e sim de auxílio material. Observe que Tiago não está falando de alguém na igreja que está querendo um carro mais novo ou uma casa na praia ou no campo. Ele está falando de gente na igreja que não tem o pão de cada dia e roupa suficiente para se cobrir ou se proteger do frio. O prefeito, não evangélico, de uma cidade do interior de São Paulo fez a se guinte afirmação: “Quando vejo um mendigo na rua, tenho a certeza que ele não é evangélico”. Que testemunho bonito, demonstrando que os crentes estão cuidando dos seus ( lTm 5.9)! b. Pergunta retórica (Tg 2
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