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LETRAS 
ETAPA 2
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
LETRAS EM FOCO
UNIASSELVI 2016
Organização
Elisabeth Penzelien Tafner
Autoria
Iara de Oliveira
Reitor da Uniasselvi
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora de Ensino de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Revisão Final
Harry Wiese
José Roberto Rodrigues
Propriedade do Centro Universitário Leonardo da Vinci
2 ESTUDOS LITERÁRIOS
-------------- [ APRESENTAÇÃO ] ---------------
Se a língua constitui um aspecto de suma importância em nossos estudos, 
não menos relevante é o papel da literatura na formação do licenciado em Letras. É 
entendida como uma manifestação artística e cultural que se concretiza/materializa pela 
palavra. A literatura permite-nos ampliar horizontes, flexibilizar paradigmas e construir 
conhecimentos que vão além da mera aplicação prática e mecânica. A formação crítica 
do ser social passa, também, pelo texto literário.
Desse modo, o segundo capítulo deste caderno se dedica ao estudo da literatura 
e suas especificidades. Inicialmente, veremos os conceitos de literatura, de cultura, e 
como é a linguagem literária, quais suas principais características; seguiremos com os 
estudos das principais teorias críticas da literatura, passando, também pelos movimentos 
literários. Em seguida, deter-nos-emos um pouco na literatura de cordel e, por fim, 
verificaremos a relação da literatura como outros sistemas culturais e semióticos.
Assim, o Capítulo 2 se concretiza com o propósito de alcançar os seguintes 
objetivos:
• conceituar literatura e cultura;
• identificar os elementos que constituem e caracterizam a linguagem literária;
• comparar as diversas correntes críticas da literatura;
• identificar as especificidades de cada movimento literário;
• reconhecer manifestações populares da literatura, como o cordel, como parte 
integrante do universo literário;
• relacionar a literatura com outros sistemas culturais e semióticos.
Comecemos, então, procurando entender o que é a literatura. Vamos lá!
2.1 CONCEITOS DE LITERATURA E CULTURA
Antes de nos aventurarmos no conceito de literatura, vamos entender que 
ela é uma manifestação cultural e artística. Desse modo, cabe estabelecermos alguns 
parâmetros sobre cultura para apreendermos melhor as manifestações literárias.
2 LETRAS
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2.1.1 Conceito de cultura
Erroneamente escutamos pessoas dizerem frases, como: “Ele não tem cultura 
mesmo!”; “Tadinha, ela é assim porque não tem cultura!”; “Esse povo não tem cultura!” 
Todos os seres humanos, vivendo em sociedade, são dotados de cultura. Não existe 
pessoa sem cultura. O que acontece é que normalmente confundimos cultura com 
conhecimento letrado ou conhecimento formal, escolar.
A respeito desta temática, assista ao vídeo relativo à Questão 15 do Enade (2014). 
Ao viver em sociedade, o ser humano apreende normas de conduta, formas de 
agir e vestir, comportamentos, enfim, aspectos de sua constituição como sujeito que lhe 
permitem estabelecer comunicação e interagir com os demais. Isso é cultura! Não há 
homem sem cultura e essa premissa deve ficar clara.
Alfredo Bosi (1999 ), em um importante ensaio intitulado “Plural, mas não 
caótico”, afirmou que o Brasil não é dotado de uma cultura homogênea, mas formado 
por uma pluralidade cultural. De acordo com o próprio autor:
Ocorre, porém, que não existe uma cultura brasileira homogênea, matriz dos 
nossos comportamentos e dos nossos discursos. Ao contrário: a admissão do 
seu caráter plural é um passo decisivo para compreendê-la como um “efeito 
de sentido”, resultado de um processo de múltiplas interações e oposições no 
tempo e no espaço. (BOSI, 1999, p. 5).
Ou seja, nas palavras do autor, somos formados por uma diversidade cultural 
que nos permite ser quem somos: brasileiros.
Em sua visão, no Brasil, evidenciam-se três grandes blocos culturais os quais 
são formados pelo que chamou de subculturas. Esses três grupos culturais são: cultura 
popular; cultura de massa e cultura erudita. Cada um deles estabelece relações com o 
outro e formam a pluralidade defendida em seu texto. 
Para ele, o maior diferenciador dessas culturas é o tempo, já que cada uma delas 
tem um ritmo próprio. A cultura popular apresenta um ritmo mais lento, associado aos 
ciclos naturais, à terra; a cultura de massa é veloz e aglutinadora; e a cultura erudita 
vive um tempo intermediário entre o lento e o veloz, fazendo uso da reflexão para 
3LETRAS
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estabelecer seu ritmo.
Em outra produção sua, um livro intitulado “Dialética da colonização”, Bosi 
(1992) afi rma que a cultura é um conjunto de práticas, técnicas, valores, transmitidos de 
geração para geração, garantindo o convívio social e a continuidade dos sujeitos. Assim, para 
que haja cultura deve haver uma consciência coletiva, a qual ajuda a elaborar ou defi nir os planos 
para o futuro daquela sociedade ou comunidade. Na visão deste autor, a cultura está diretamente 
associada ao ato de educar.
Portanto, ao pensarmos em cultura estamos diretamente pensando no ser humano, de forma 
mais específi ca, naquilo que o torna um ser social ativo. A literatura, como fruto das interações 
humanas, é um dos aspectos da cultura, por isso, merece nossa atenção e seu estudo se constitui 
parte integrante da formação do licenciado em letras.
Ilustrando essa perspectiva, vamos analisar a Questão 16 do Enade de 2014.
DICA
SUGESTÃO DE LEITURA
Seria muito interessante ler o artigo “Plural, mas não caótico” na íntegra. Para tanto, consulte 
BOSI, Alfredo (Org.). Plural, mas não caótico. In: Cultura brasileira: temas e situações. 4. ed. São 
Paulo: Ática, 1999. p. 7-15.
Ao entendermos que todos possuem cultura e que ela se refl ete diretamente da 
literatura, passemos ao conceito desta última. Adiante!
2.1.2 Conceito de literatura e especifi cidade da linguagem literária
Uma pergunta clássica nos estudos literários, talvez a primeira feita quando tais 
estudos se iniciam é: o que é literatura? Essa é uma interrogação complexa para a qual 
há uma diversidade de respostas. A questão chega a um grau tão elevado de implicações 
que, na maior parte do tempo, sabemos o que é literatura, conseguimos reconhecê-la, 
mas temos difi culdades para conceituá-la. 
A difi culdade está no fato de que literatura é uma manifestação artístico-cultural e, 
4 LETRAS
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desse modo, todas as questões que envolvem a arte, todas as indefi nições e inconclusões 
que a rondam também cercam a literatura.
IMPORTANTE
A palavra literatura é derivada do latim literatura, que por sua vez, deriva de litt era, que 
signifi ca letra. Portanto, literatura está associada à escrita.
Apenas dizer, como fazem alguns professores de nossa área, que literatura se 
liga à escrita, não parece uma defi nição muito convincente. Lembre-se da quantidade 
de textos que lemos diariamente e que, mesmo sendo escritos, não são literatura. Assim, 
muitos foram os teóricos que se desafi aram a procurar uma defi nição para ela. Veja os 
títulos de algumas obras produzidas por eles: O que é arte?, de Tolstoi (1898), O que é 
poesia?, de Jakobson (1973, com primeira edição em 1933-34), O que é Literatura?, de 
Du Bos (1945, com primeira edição em 1938) e também O que é Literatura?, de Sartre 
(1948, com primeira edição no ano anterior). Isso signifi ca que a questão da defi nição 
é complexa, pois adiantamos que nenhum deles conseguiu chegar a uma conclusão, a 
um conceito defi nitivo. 
Segundo Compagnon (2001), após uma série de discussões, um fi lósofo chamado 
Nelson Goodman, em 1977, propôs substituir a pergunta O que é arte? pela pergunta 
Quando é arte?, demonstrando, assim, seu caráter mutável. E o mesmo vem sendo 
feito em relação à literatura.Ao invés de perguntarmos o que é, perguntamos quando 
é literatura. Refeita a pergunta, o problema é redimensionado: o que torna um texto 
literário? Que elementos o diferenciam de um texto técnico ou jornalístico? Talvez uma 
parte da resposta esteja no que afi rma Marisa Lajolo (2001, p. 35):
Participando de uma das propriedades da linguagem – simbolizar e, simbolizan-
do, afi rmar e negar simultaneamente a distância entre o mundo dos símbolos e 
o dos seres simbolizados – a literatura pode ser entendida como uma situação 
especial de uso da linguagem que, por meio de diferentes recursos, sugere o 
arbitrário da signifi cação, a fragilidade da aliança entre o ser e o nome e, no 
limite, a irredutibilidade e a permeabilidade de cada ser.
A autora indica que a literatura apresenta a linguagem de forma especial, ou seja, 
na literatura a linguagem é diferente, é especial. Também Ezra Pound (apud NICOLA, 
1998, p. 24) é bastante enfático ao afi rmar que “Literatura é a linguagem carregada de 
signifi cado. Grande literatura é simplesmente a linguagem carregada de signifi cado 
até o máximo grau possível”. 
Compagnon (2001) também trata da linguagem empregada na literatura, 
procurando diferenciá-la da linguagem comum ou cotidiana:
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O uso cotidiano da linguagem procura fazer-se esquecer tão logo se faz com-
preender (é transitivo, imperceptível), enquanto a linguagem literária cultiva 
sua própria opacidade (é intransitiva, perceptível). Numerosas são as manei-
ras de apreender essa polaridade. A linguagem cotidiana é mais denotativa, 
a linguagem literária é mais conotativa (ambígua, expressiva, perlocutória, 
autorreferencial): ‘significam mais do que dizem’, observava Montaigne, 
referindo-se às palavras poéticas. A linguagem cotidiana é mais espontânea, a 
linguagem literária é mais sistemática (organizada, coerente, densa, complexa). 
O uso literário da língua é imaginário e estético. A literatura explora, sem fim 
prático, o material linguístico. (COMPAGNON, 2001, p. 40).
Para esclarecer e ilustrar, vejamos um exemplo de como na literatura a linguagem 
surge de forma diferenciada. Leia os textos que seguem:
Texto 1 – Bolo de aniversário
Ingredientes:
½ xícara (chá) de manteiga
½ xícara (chá) de açúcar
2 ovos
1 ½ xícara (chá) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó
1 pitada de sal
¾ xícara (chá) de essência de baunilha
Modo de preparar:
Bata a manteiga e o açúcar durante 15 minutos. Junte os ovos, um a um, o sal e o fermento 
peneirados juntos. Reserve. À parte, misture o leite com a baunilha e acrescente à massa 
reservada. Bata bem. Ponha a massa em forma untada. Leve ao forno brando durante 
uma hora. Desenforme. Sirva com o recheio e enfeitado a gosto. 
(MARIA, 1985).
Texto 2 – Receita
Ingredientes: 
2 conflitos de gerações
4 esperanças perdidas
3 litros de sangue fervido
5 sonhos eróticos
2 canções dos Beatles
Modo de preparar: 
Dissolva os sonhos eróticos
Nos dois litros de sangue fervido
E deixe gelar seu coração
6 LETRAS
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Leve a mistura ao fogo
Adicionando dois conflitos 
De gerações às esperanças perdidas
Corte tudo em pedacinhos
E repita com as canções do
Beatles o mesmo processo usado
Com os sonhos eróticos, mas desta
Vez deixe ferver um pouco mais e
Mexa até dissolver
Parte do sangue pode ser
Substituído por suco de
Groselha, mas os resultados
Não serão os mesmos
Sirva o poema simples
Ou com ilusões. 
(BEHR, 1982).
Texto 3 – Receita de herói
Tome-se um homem feito de nada
Como nós em tamanho natural
Embeba-se-lhe a carne
Lentamente 
De uma certeza aguda, irracional
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois perto do fim
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
(FERREIRA apud LAJOLO, 1986)
Os três textos são receitas, portanto, fazem parte de um mesmo gênero textual, 
mas há diferença entre eles. Note que a questão da linguagem é importante quando 
se pretende identificar o que é literatura: Bolo de aniversário (texto 1) apresenta 
uma linguagem denotativa, ou seja, a linguagem diz exatamente o que quer dizer, 
sua preocupação é informar, por isso, precisa ser direta, clara, objetiva. É a utilizada 
cotidianamente, cujo objetivo é informar, comunicar. Já na Receita e Receita de herói 
(textos 2 e 3), as palavras estão dispostas de uma forma diferente, especial, a linguagem 
é conotativa. Isso quer dizer que você precisa fazer associações, porque ela está dizendo 
muito mais do que parece. Seu objetivo é despertar sensações, gerar um efeito. Sua 
preocupação não está no conteúdo (o que se diz), mas na forma (como se diz).
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IMPORTANTE
Seria bom relembrar as fi guras de linguagem. Elas são importantes para pensar a 
construção plurissignifi cativa do texto literário. Encontram-se, facilmente, nas gramáticas 
e nos livros didáticos do ensino fundamental e médio, mas, você pode ter um resumo delas 
no seguinte endereço: <htt p://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/portugues/resumo-portugues-
fi guras-linguagem-646762.shtml>.
Embora a questão da linguagem seja muito importante, não é o único elemento 
que torna a literatura Literatura. É necessário associá-la a outros elementos. Jonathan 
Culler (1999) faz, em sua obra, um apanhado de características apresentadas e discutidas 
por vários teóricos ao longo da trajetória da Teoria Literária. Veja que características 
são essas:
a) A literatura como a “colocação em primeiro plano” da linguagem. O escritor, durante 
a escrita do texto literário, tem uma preocupação com a linguagem que será utilizada. 
Há um cuidado com o que se diz (a mensagem, o conteúdo), mas, sobretudo, há uma 
preocupação acentuada com a forma como se diz. Nesse sentido, as palavras são 
cuidadosamente organizadas para gerar o efeito desejado, para que o leitor possa fazer 
as mais variadas associações. A literatura pode falar das situações mais banais de uma 
forma elaborada, criativa e original, graças ao uso da linguagem conotativa.
IMPORTANTE
Não confunda “uso especial” da linguagem com níveis de linguagem. O texto não é 
ou deixa de ser literário porque nele se utiliza uma linguagem formal ou informal. Não 
podemos dizer que, quando o escritor usa “Daí, cara, beleza?” ao invés de dizer “Bom dia, 
como está vossa senhoria?”, está diminuindo o valor literário de seus textos. Lembre-se de que as 
narrativas (contos e romances, por exemplo) usam, muitas vezes, uma linguagem bem informal, 
próxima daquela utilizada em nosso dia a dia, o que não signifi ca que deixam de ser literatura. Ter a 
linguagem em primeiro plano signifi ca escolher a forma de linguagem mais adequada para o efeito 
desejado, priorizando-a durante a escrita.
b) A literatura como integração da linguagem. É importante lembrar que literatura 
é um todo em que as partes precisam integrar-se. Não basta utilizar uma linguagem 
conotativa ou cheia de signifi cações; o conteúdo, o tema abordado, a sequência dos 
fatos, tudo é importante para tornar um texto literário.
Para entendermos melhor esta afi rmação, vamos verifi car como o assunto foi 
abordado na Questão 31 – ENADE 2011.
8 LETRAS
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c) A literatura como ficção. Este é outro item importante quando procuramos uma 
identificação para o que seja literatura. Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., 
afirmou em sua Poética que “a arte é mimese (imitação), é a arte que imita pela palavra”. 
(ARISTÓTELES; HORÁCIO; LONGINO, 1990, p. 19). Dito de outro modo, a literatura 
(re)cria, (re)formula o mundo. Ela constrói uma espécie de universo paralelo, onde as 
coisas acontecem como se desejaria que acontecessem. Mesmo com base na realidade, 
afinal de contas o escritor é o que é porque é fruto de suas experiências sociais e culturais, 
a literatura é a representação escrita da imaginação, dos sonhos, dos ideais, do que 
poderia ter sido. Issoé ficção!
Desse modo, é necessário ter a clareza de que, quando lemos um texto literário, 
entramos em uma espécie de universo paralelo, às vezes, muito semelhante ao nosso, 
mas, ainda assim, um universo outro, que não é o nosso, que não é o que chamamos 
de realidade.
d) A literatura como objeto estético. O texto literário não é produzido dentro de uma 
perspectiva utilitária de, por exemplo, ser um manual de boa conduta, um instrutor 
para o caminho da felicidade ou um guia de sobrevivência nas grandes cidades. Ele é 
produzido para causar sensações no leitor, para que ele se alegre, sofra, sinta medo, 
sinta euforia etc., mas, sobretudo, para que reflita e sonhe. Sintetizando, a literatura é um 
objeto criado com a finalidade de, pela harmonização de suas formas, especificamente, 
de sua linguagem, gerar um efeito no leitor, promover o debate, como toda a arte, por 
isso, ela é um objeto estético.
e) A literatura como construção intertextual ou autorreflexiva. O texto literário não surge 
do nada, ele é criado a partir do diálogo com outras obras, de outros tempos e contextos. 
Por exemplo, um poema de amor dialoga com todos os outros poemas já escritos sobre 
o amor. Essa “conversa” entre os textos é chamada de intertextualidade. O simples fato 
de que a obra esteja escrita em português ou inglês ou alemão já faz com que dialogue 
com todos os textos já produzidos em português, inglês ou alemão.
Como diz Lajolo (2001, p. 48):
Os mitos e espaços poéticos nascem não só da realidade circundante, compar-
tilhada por autor e leitores, mas também do diálogo com tudo o que, vindo de 
tempos anteriores, constitui a chamada tradição literária. É como se a literatura 
fosse um constante passar a limpo de textos anteriores, constituindo o conjunto 
9LETRAS
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de tudo – passado e presente – um grande e único texto de literatura, agora 
sim, leitor, com ele maiúsculo: Literatura!
Além da perspectiva intertextual da literatura, há uma outra a ser considerada: seu 
caráter autorreflexivo. O texto literário, sempre que é criado, faz com que se estabeleça 
uma comparação entre ele e o que foi produzido, faz com que se estabeleça uma 
comparação entre ele e o que foi gerado anteriormente como literatura, promovendo 
uma reflexão sobre o próprio fazer literário. Por exemplo, quando lemos um romance, 
automaticamente o comparamos com outros romances que já lemos, estabelecendo 
qual seria o melhor e as razões que nos levam a considerá-lo assim. Isso é o processo de 
autorreflexão. A literatura, na medida em que é produzida, se analisa e se avalia, num 
contínuo ato de interpretação e reflexão.
Culler (1999), além de apresentar essas cinco características da literatura, também 
esclarece que não basta uma das características para tornar o texto literatura, é necessário 
levar em consideração o conjunto das características porque elas se complementam. No 
entanto, apenas essas cinco características não são suficientes para traçar, para identificar 
o que é literatura. O texto literário precisa também vencer a barreira do tempo. Ou seja, 
mesmo que se passem anos, décadas, séculos, o texto literário ainda parecerá atual, 
ainda gerará os efeitos desejados nos leitores de qualquer época.
Assista ao vídeo da questão 17 do Enade de 2011, que aborda o texto literário e 
o não literário, enfatizando as caraterísticas do texto literário.
Outra perspectiva a ser considerada é a universalidade do texto literário. Embora 
possa ter como pano de fundo um tempo, uma temática e uma sociedade específicos, 
o texto literário precisa apresentá-los de uma forma tal que qualquer sociedade, em 
qualquer tempo se identifique com ele, veja-se representada nele.
Para finalizar, voltemos à questão: o que é literatura? Marisa Lajolo (1986, p. 25) 
afirma que:
O que é literatura? é uma pergunta que tem várias respostas. E não se trata 
de respostas que, paulatinamente, vão-se aproximando cada vez mais de uma 
grande verdade, da verdade-verdadeira. Não é nada disso. Não existe uma 
resposta correta, porque cada tempo, cada grupo social tem sua resposta, sua 
definição para literatura. Respostas e definições – vê-se logo – para uso interno. 
10 LETRAS
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Como se pode notar, não há uma definição para literatura, mas, a partir do 
que vimos, podemos formular um conceito que nos ajude a lidar melhor com ela. 
Pensemos que literatura é uma arte, que seu meio de expressão é a palavra, a escrita 
– predominantemente, e que apresenta algumas características que nos permitem, 
minimamente, identificá-la, não sem uma certa dificuldade. Parece que já temos uma 
definição plausível, que, como diz Lajolo, não é uma “verdade-verdadeira”, uma verdade 
absoluta, mas que, por ora, atende às nossas necessidades.
Vamos, novamente, ilustrar o que estudamos neste item com a questão 17 do 
Enade (2014):
De posse de uma dimensão do conceito de literatura, podemos, neste momento, 
pensar sobre a forma como esta manifestação vem sendo analisada ao longo dos tempos. 
Assim, nosso próximo tópico abordará as teorias críticas sobre a literatura.
2.2 TEORIAS CRÍTICAS DA LITERATURA
A literatura, assim como a língua, vai se adaptando aos tempos e aos contextos. 
Da mesma forma que os estudos sobre a língua modificam-se para incorporar novas 
visões, assim também ocorre com os estudos sobre a literatura. Ao longo dos tempos, 
a forma de olhar para o texto literário, de analisá-lo, de julgá-lo foi se transformando e 
se redirecionando. Considerando a complexidade do tema e sua extensão, traçaremos 
aqui apenas um breve panorama.
De forma bastante superficial, podemos afirmar que as formas de olhar o texto 
literário agruparam-se em dois grandes grupos: um deles buscava apenas os elementos, 
os valores intrínsecos (de dentro) ao texto; o outro buscava apenas os elementos 
extrínsecos (de fora) ao texto. Um grupo não é superior ao outro. São apenas duas 
formas diferentes de pensar o texto literário.
Os estudos literários apontam que o primeiro crítico literário foi Aristóteles. Sua 
Poética fazia uma análise detalhada da estrutura da tragédia, estabelecendo parâmetros 
que mediam sua “qualidade”. Nela, Aristóteles analisa a tragédia Édipo Rei, colocando-a 
como exemplo a ser seguindo quando se pensa na produção de tragédias. Seu conceito 
de mimesis (imitação) e de verossimilhança serviram de base para diversos estudos 
críticos ao longo da história da literatura.
11LETRAS
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IMPORTANTE
Mimesis – signifi ca imitação. Para Aristóteles, o poeta (aquele que produz) por meio de 
palavras “imita” o homem e sua natureza, tornando-o superior ao que é (tragédia), igual 
ao que é, inferior ao que é (comédia).
Verossimilhança – signifi ca “parecer verdade”. Na visão do fi lósofo, o papel da literatura não é retratar 
a realidade como ela é, mas como ela poderia ter sido, como se gostaria que ela fosse.
Aristóteles afi rmava que as qualidades do texto literário estão no próprio texto, 
a perspectiva intrínseca. Ou seja, o que tornava o texto um bom texto literário, eram 
características que podiam ser medidas no próprio texto, não dependo de fatores 
externos de interpretação (autor, leitor, contexto etc.). Essa visão se estendeu até o fi nal 
do século XVIII quando o mundo sofreu grandes transformações de ordem política, 
econômica, científi ca, religiosa, cultural e social.
Já no início do século XIX, com o fortalecimento da burguesia como classe 
econômica e política forte e o surgimento da imprensa, ganhou destaque a fi gura do 
autor. Nesse sentido, o texto literário passou a ser visto como uma extensão de seu autor 
e refl etia a vida de quem o escreveu. Surge, então, uma corrente crítica chamada de 
biografi smo, que teve em Sainte-Beuve seu maior representante. Essa linha de análise 
via a obra literária como uma representação de aspectos importantes da vida de seu 
autor.Assim, as escolhas das personagens, dos lugares, das situações representada, de 
alguma forma, indicavam partes signifi cativas da vida do próprio escritor. Nessa linha, 
estudava-se muito mais a vida do autor do que a obra por ele produzida. Resumindo 
esta tendência, Aguiar e Silva (1976), p. 498), afi rmam:
 
Partindo do pressuposto de que a obra tinha de ser o resultado, o fruto das 
vicissitudes da existência do seu autor, a crítica literária absorvia-se na inda-
gação minudente de todos os aspectos biográfi cos do escritor, tentando depois 
explicar simplistamente a obra como refl exo desses elementos biográfi cos, ou 
esquecendo-se até da obra.
Quando o cientifi cismo ganhou destaque, a partir da segunda metade do século 
XIX, o biografi smo perdeu forças e cedeu espaço à análise positivista do texto literário. 
Pautada na perspectiva de que o homem é condicionado por sua raça, seu meio e o 
momento, essa corrente literária via o texto literário como um relato das experiências 
humanas condicionadas a estes três fatores. Assim, conhecimentos vindos de outras 
áreas do saber humano foram deslocados para análise do texto literário, procurando 
analisar as obras de forma mais científi ca e objetiva possível.
Ainda neste século XIX houve a perspectiva impressionista de análise literária. 
Nela o que estava em destaque eram os efeitos do texto gerados em seus leitores. Ou seja, 
a crítica, totalmente subjetiva, apresentava as sensações despertadas no leitor durante 
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o ato da leitura da obra. Nas palavras de Aguiar e Silva (1976 p. 488):
A crítica impressionista, toda ela absorvida na atenção que presta aos efeitos 
produzidos pela obra literária na sensibilidade do leitor, implica ainda em gra-
ve atentado à autonomia da literatura, pois pressupõe que o escritor se tenha 
interessado principalmente por um determinado efeito - psicológico, moral, 
etc. – a exercer sobre o público. 
Opondo-se a todas as perspectivas críticas anteriores (biográfi ca, positivista, 
impressionista), o Formalismo Russo, surgido a partir de 1910, pregou a ideia de que 
a análise do texto literário deveria priorizar a estrutura, voltando-se para aspectos 
internos à obra. Essa corrente defendia que a obra não podia ser vista por seu autor, 
nem por sentimentos/sensações despertados, mas por sua linguagem. Assim, surge a 
ideia de ao analisar-se um texto literário se deveria buscar sua literaridade. Segundo 
Marchesini et al. (2014):
As principais características da literariedade, de acordo com os formalistas: a 
linguagem literária produz, a não literária reproduz; a mensagem literária é 
autocentrada e apresenta seus próprios meios de expressão, ainda que se va-
lendo da língua; a linguagem é conotativa, com predomínio da função poética; 
cria novas relações entre as palavras e estabelece associações; não existe uma 
gramática normativa para o texto literário, seu único espaço de criação é o da 
liberdade; há presença de metáfora e metonímia; trabalha com plurissignifi cação 
ou polissemia; cria signifi cantes e funda signifi cados.
Na esteira da crítica formalista, surge o New Criticism (Nova Crítica), desvinculando 
a obra da fi gura do autor e analisando seus aspectos intrínsecos como: a conotação e a 
denotação, as ambiguidades, imagens, metáforas e símbolos recorrentes, os processos 
retóricos de composição do enredo, personagens etc.
Já na segunda metade do século XX, desenvolve-se a crítica sociológica, cujo 
grande representante no Brasil é Antônio Cândido. Essa corrente defende a tese de 
que se deve analisar o contexto social em que a obra foi gerada e como ela o refl ete. 
A Sociologia da Literatura, desse modo, prioriza o estudo do contexto, entendendo a 
obra literária como conscientização e concretização das tendências de um grupo social.
DICA
Para conhecer como Antônio Candido realizou sua crítica sociológica, sugerimos a leitura 
de sua obra “Na sala de aula”. CÂNDIDO, Antônio. Na sala de aula. São Paulo: Ática, 1989.
Nesse período há, igualmente, o desenvolvimento dos estudos semióticos do 
texto literário. Botelho e Ferreira (2010, p. 17-18) explicam a dinâmica desta linha de 
análise da literatura:
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Na segunda metade do século XX, surge a Semiótica abordagem em que o 
literário seria uma dinâmica que elabora a relação existencial do homem com 
o mundo, no nível do imaginário, através da ficcionalidade do espaço, do per-
sonagem e do acontecimento, podendo ser apreendido na sua convenção em 
discurso lírico, narrativo ou dramático. A Semiótica Literária pode ser dividida 
em dois níveis: no primeiro teríamos o discurso como instância fundadora do 
processo literário, podendo este ter o tempo, o espaço ou o acontecimento como 
lógica estruturante da imagem de mundo ficcional, e no segundo nível teríamos 
o discurso contaminado pelas suas manifestações. Essa forma de abordagem 
crítica privilegia o estudo dos elementos literários através da obra, uma vez 
que mantém seu foco no estudo da estrutura do discurso ou no estudo de suas 
manifestações.
Surge, também, por volta dos anos 60 do século XX, a Estética da Recepção, 
baseada na perspectiva de analisar os efeitos que a obra gera no leitor. Segundo esta 
corrente, o leitor é elemento importante para preencher as lacunas deixadas no texto, 
dando-lhe significação. Assim, deixando de lado o autor e a obra, essa linha destaca a 
figura do receptor/leitor.
O final do século XX trouxe os estudos culturais, nos quais destacam-se os estudos 
feministas, os estudos de gênero, os estudos etnográficos. Sua perspectiva é estudar os 
diferentes aspectos da cultura, vista como um conjunto de práticas. Detém-se em analisar, 
portanto, as estruturas sociais; o contexto histórico; as relações de poder entre: culturas, 
nações, povos, etnias, orientações sexuais, gêneros, identificando as novas identidades 
surgidas das relações assimétricas, entre os itens citados.
Ao estudarmos o conceito de literatura e os olhares críticos a ela destinados, 
temos um instrumental maior para entender como foi sua trajetória no Brasil. Por isso, 
sigamos para o estudo dos movimentos literários ocorridos em nosso país.
2.3 MOVIMENTOS LITERÁRIOS
Do início de nossa colonização até os dias em que vivemos, não foram poucos os 
movimentos literários e seus representantes que desfilaram no contexto brasileiro. Você 
certamente os estudou (ou os estudará) nas disciplinas específicas de literatura brasileira 
com maior profundidade. Para este momento, faremos apenas um breve apanhado das 
questões mais relevantes associadas a cada movimento.
Em uma tentativa de facilitar nossa compreensão, dividimos os movimentos 
literários em três grandes blocos ou eras: o período colonial, englobando todos os 
movimentos ocorridos durante o tempo em que fomos colônia de Portugal; o período 
imperial, contendo os movimentos ocorridos durante o Império; e o período republicano, 
abarcando os movimentos ocorridos da proclamação da república até hoje.
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2.3.1 Período colonial
A) Quinhentismo
A chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, e os anos que compreenderam 
este primeiro século de nossa constituição não foram muito representativos em termos 
de literatura. Era o início de nossa colonização e os interesses centravam-se muito mais 
em conquistas territórios e produzir riquezas do que em disseminar as manifestações 
artísticas. No entanto, é um momento importante para a construção de nossa história 
literária.
Esse primeiro século foi caracterizado, em termos de produção literária, por 
apresentar dois momentos: um de informação sobre o Brasil e outro de formação, 
constituído predominantemente por textos catequéticos. O primeiro momento ficou 
conhecido como Literatura Informativa sobre o Brasil. Nele, portugueses e viajantes 
de outras nacionalidades, ao aportarem em terrasbrasileiras, relatavam aos europeus 
as características dos povos que aqui viviam, seus costumes, as características da terra 
por eles habitada. 
O texto de maior destaque desse período é a Carta de Pero Vaz de Caminha, 
escrivão da armada de Cabral, encarregado de relatar ao rei de Portugal os fatos ocorridos 
durante a viagem. A carta é também conhecida como Carta do Descobrimento e traz um 
relato em linguagem bem trabalhada, mostrando a preocupação de Caminha também 
com a forma de escrever. O documento não foi o único sobre o Brasil, no entanto, 
ganhou destaque por se tratar do primeiro, constituindo-se em texto de valor histórico 
inestimável.
Muitos outros viajantes (portugueses, franceses, alemães) escreveram sobre o Brasil, 
alguns por obrigação profissional, outros por razões pessoais. Nos textos produzidos por 
eles são percebidas algumas características comuns, como a preocupação com a linguagem, 
a criatividade e certa manifestação emotiva, o que os aproxima dos textos literários. Nos 
documentos os europeus mostram sua admiração, seu deslumbramento pela beleza e 
pelo exotismo da terra descoberta. (OLIVIERI; VILLA, 2002).
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DICA
Há muito material interessante produzido sobre este período. Sugerimos:
A obra Cronistas do Descobrimento (2002) é uma organização de textos da época da colonização 
do Brasil, com os comentários feitos por Antônio Carlos Olivieri e Marco Antonio Villa. Vale a pena 
ler, principalmente, a introdução feita pelos organizadores, que traz muitos dados sobre a literatura 
produzida naquele período. 
Terra Papagalli (2000) é um livro escrito por José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, que conta 
as peripécias vividas por Cosme Fernandes, um dos degredados que foram deixados no Brasil pela 
esquadra de Pedro Álvares Cabral. Trata-se de uma obra de fi cção, que traz uma visão satírica e crítica 
a respeito do que poderia ter acontecido com os primeiros europeus que aqui viveram.
O fi lme Caramuru – A Invenção do Brasil (2001). É uma comédia cujo enredo tem relação com os fatos 
históricos/lenda sobre Diogo Álvares Correia, sua vinda para o Brasil, o novo modo de vida que aqui 
encontrou, o contato com os índios, especialmente com as belas índias Paraguaçu e Moema. Em meio à 
sátira, é possível conhecer um pouco mais sobre essa história que tem relação com a História do Brasil.
O fi lme Desmundo (2003), baseado em romance homônimo de Ana Miranda, narra as aventuras e 
desventuras das portuguesas que eram mandadas ao Brasil, durante o primeiro período da colonização, 
para que os portugueses que aqui estavam pudessem constituir uma família, evitando a miscigenação.
O fi lme 1492 – A conquista do paraíso (1992) mostra a chegada de Colombo à América e as consequências 
deste ato.
O segundo momento se refere a uma produção com objetivo de catequizar, 
instruir, por isso, foi chamada de Literatura Formativa. Essa escrita era de predomínio 
dos jesuítas que aqui chegaram nas expedições portuguesas, a partir de 1549, com 
o objetivo principal de catequizar índios e colonos. Nos lugares a que chegavam, 
infl uenciavam fortemente a vida dos nativos, pois fundavam escolas, introduziam 
noções básicas de medicina, desenvolviam o cultivo de cana-de-açúcar. 
 
Dentre os jesuítas que aqui estiveram, destacam-se por sua produção José de 
Anchieta e Manuel de Nóbrega. A literatura de Anchieta, voltada para a catequese, 
é formada por poemas de temática religiosa, cartas, sermões, autos teatrais e textos 
informativos. A primeira gramática da língua tupi, Arte da gramática da língua mais usada 
na costa do Brasil, foi escrita por Anchieta, em 1595.
Já Manuel de Nóbrega (1517-1570) desenvolveu intensas atividades missionárias 
nas regiões onde hoje fi cam São Paulo e Rio de Janeiro. Assim que chegou ao Brasil, 
escreveu a seus superiores em Portugal, dando detalhes da vida cotidiana da capital, 
especialmente no que diz respeito à moral dos habitantes da Bahia. Desenvolveu um 
trabalho junto aos índios no sentido de mudar costumes, especialmente a poligamia e 
a antropofagia, que eram inaceitáveis aos princípios cristãos.
Após esse momento inicial de nossa literatura, surgem as manifestações do 
Seiscentismo, que conhecemos mais comumente por Barroco.
Α) Barroco
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Mudanças no cenário político, econômico, científi co, religioso da Europa geraram 
um período de confl itos que antecedeu a era renascentista. Foi em meio a esse clima de 
enfrentamento que surgiu o estilo Barroco, tentando estabelecer uma conciliação entre a 
visão medieval da vida e a nova visão estabelecida pelo Renascimento (GONZAGA, 2004).
IMPORTANTE
Há várias ideias a respeito da origem da palavra “barroco”. Para alguns etimologistas, 
a palavra tem ligação com um processo mnemônico que designava um silogismo de 
conclusão falsa. Para outros, “barroco” designava “certas pérolas de superfície irregular e 
preço inferior”. (INFANTE, 2001, p. 160). Nas duas acepções estão presentes as características barrocas, 
ou seja, o jogo de ideias, a assimetria, o uso abundante de fi guras de linguagem. 
Entre as principais características do Barroco destacam-se:
• Cultismo: jogo de palavras com o objetivo de dar mais requinte ao texto, utilizando 
palavras capazes de tornar o texto mais culto, erudito.
• Conceptismo: jogo de ideias com o objetivo de convencer sobre aquilo que está 
sendo apresentado, utilizando, para isso, raciocínios intrincados, que demonstram 
conhecimentos aprofundados sobre o assunto.
• Fusionismo: a tentativa de juntar duas visões de mundo antagônicas, como a 
valorização espiritual, própria do período medieval, e a valorização do ser humano, 
própria do Renascimento.
• Confronto de ideias: nessa tentativa de aproximar duas visões contrárias de mundo, 
na produção barroca estão presentes palavras que expressam ideias opostas, temas 
contraditórios, com a utilização de fi guras de linguagem, principalmente, antítese e 
paradoxo.
• Confl ito espiritual: a angústia de se ver dividido entre o desejo de gozar os prazeres 
da vida e a busca de uma vida espiritual que conduzisse à salvação marcou o homem 
desse período.
• A presença do carpe diem (colhe/aproveita o dia): a constatação da efemeridade da 
vida, que se traduz na certeza da morte, despertou o desejo de aproveitar o momento 
presente.
• Caráter utilitário: a arte esteve a serviço da religião católica, especialmente na Espanha 
e em Portugal.
Outras características complementam o estilo Barroco, como o exagero, o uso de variadas 
fi guras de linguagem, o rebuscamento, o uso do jogo de claro/escuro, especialmente 
na pintura, dando ao Barroco a marca do desequilíbrio, da angústia e da instabilidade.
No Brasil, o Barroco teve início em 1601, quando foi publicado o poemeto épico 
Prosopopeia, de Bento Teixeira Pinto. No entanto, até 1650, aproximadamente, não havia 
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um ambiente literário no país. Assim sendo, pode-se apresentar uma divisão em três 
momentos. O primeiro momento, marcado pela infl uência de Camões, com a publicação 
de Bento Teixeira; o segundo, com o grupo baiano, local onde melhor se desenvolveu o 
Barroco, representado pelo “Boca do Inferno”, Gregório de Matos Guerra; e o terceiro, 
marcado pelo exagero e pela criação das academias, tendo como representantes, Manuel 
Botelho de Oliveira e Frei Manoel de Santa Maria Itaparica.
DICA
No livro Boca do Inferno (1989), Ana Miranda apresenta, em forma de romance, portanto, 
uma fi cção, a história de Gregório de Matos Guerra.
Outro representante de destaque do Barroco brasileiro é o Padre Antônio Vieira. 
Possui uma obra extensa, que se constitui de sermões, cartas e obras proféticas. As 
cartas tratam da situação do Brasil colônia, das relações entre Portugal e Holanda e 
das atividades da Inquisição. As obras proféticas apresentam suas ideiasrelacionadas 
ao sebastianismo. Porém, o que mais se destacam são os sermões que escreveu, nos 
quais abordava não somente assuntos sacros, mas também aspectos da vida social e 
econômica de brasileiros e de portugueses, motivo pelo qual se indispôs com muitas 
pessoas, até mesmo com a Inquisição.
Adentrando no século XVIII, veremos estabelecer-se no Brasil o movimento 
arcadista.
c) Arcadismo
 
No século XVII a arquitetura voltou-se para a construção de igrejas e palácios de 
aspecto solene, que impunham respeito por signifi carem o poder de Deus e do Estado. 
Já o século XVIII foi decisivo para a disputa entre burguesia e nobreza, caracterizando-se 
pelas construções simples e graciosas de casas e jardins. Segundo Gonzaga (2004, p. 77), 
a arte do Arcadismo refl ete “a ideologia da classe aristocrática em decadência e da alta 
burguesia, insatisfeitas com o absolutismo real, com a pesada solenidade do Barroco, 
com as formas sociais de convivência rígidas, artifi ciais e complicadas”.
No contexto brasileiro, podemos afi rmar que o fi nal do século XVII foi muito 
importante para a nossa sociedade. A descoberta do ouro e sua extração desencadearam 
grande desenvolvimento econômico para a colônia e o consequente desenvolvimento 
das cidades, criando-se um clima propício para a vida intelectual e para a divulgação 
de ideias políticas e culturais. 
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Antônio Cândido (1975) afirmou que um sistema literário é formado por autores, 
obras e leitores. Sem isso, não está constituída a literatura de um lugar. Para o autor, até 
o Arcadismo não havia um sistema instaurado no Brasil. Somente, segundo Cândido 
(1975, p. 24), a partir de meados do século XVIII que passou a existir, no Brasil, “uma 
continuidade ininterrupta de obras e autores, cientes quase sempre de integrarem um 
processo de formação literária”.
O Arcadismo teve início no Brasil com a publicação de Obras poéticas, de Cláudio 
Manuel da Costa, em 1768. Seu nome vem de Arcádia, uma região mitológica da Grécia, 
habitada por pastores e poetas que viviam “uma existência de amor e poesia”. (TUFANO, 
1990, p. 229). Essa ligação com a natureza se constitui em característica marcante da 
arte produzida no Arcadismo.
Entre as principais características, destacam-se:
• Imitação dos clássicos: como uma arte baseada na razão, no equilíbrio, os árcades 
procuraram imitar a simplicidade clássica, usando, inclusive, a mitologia greco-latina. 
• Uso de pseudônimos: o desejo de identificação com os pastores levou os poetas 
árcades ao uso de pseudônimos relacionados com pastores antigos, valorizando ainda 
mais a vida no campo e o contato com a natureza.
• Bucolismo (fugere urbem): os poetas árcades procuram recriar em seus textos as 
paisagens campestres, com pastores e pastoras cantando e vivendo uma existência 
sadia e amorosa, preocupados apenas em cuidar de seus rebanhos. (TUFANO, 1990).
• Abaixo o exagero (inutilia truncat): essa expressão latina significa que “as inutilidades 
devem ser banidas”. Os árcades eram contra os exageros presentes na arte barroca, 
buscando a simplicidade encontrada na natureza.
• Carpe diem: expressão latina que significa “colhe/aproveita o dia”. Os poetas árcades, 
assim como os escritores do período barroco, tinham sempre presente a noção de que 
a vida é passageira, por isso, cada momento deve ser vivido de forma intensa.
• Aurea mediocritas: essa expressão latina, que significa “mediocridade dourada”, 
esteve presente na poesia do arcadismo: a ideia de que é melhor viver pobre e feliz 
no campo, do que rico e infeliz na cidade.
• Convencionalismo amoroso: como os poetas viviam descontentes com a vida na 
cidade, fingiam viver no campo, havendo, por isso, um distanciamento entre a poesia 
e a realidade, o que dava à poesia um caráter artificial, tornando-a uma poesia de 
fingimento. 
A literatura no Brasil, durante o Arcadismo, constituiu-se de uma grande 
produção poética, da qual fazem parte, basicamente, uma variada produção lírica e 
épica, além de poemas satíricos. Merecem destaque as produções líricas de Cláudio 
Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.
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Ao resgatar as características do Classicismo, como a busca do equilíbrio e da 
simplicidade, o predomínio da razão, a imitação dos clássicos, o uso da mitologia pagã, 
o Arcadismo também resgatou o uso do poema épico, produzido, tanto na Antiguidade 
Clássica, dos gregos e romanos, como no Classicismo do Renascimento.
No desejo de valorizar o Brasil, escritores brasileiros usaram o elemento nativo 
como herói e a paisagem brasileira, ao escreverem poemas que imitavam a épica de 
Camões, tanto na estrutura, como na métrica, mesmo que, para isso, lhes faltasse o 
episódio realmente grandioso que servisse de tema a um poema épico.
Exemplo dessa produção é O Uraguai, de Basílio da Gama, que trata da luta 
empreendida pelas tropas portuguesas, auxiliadas pelos espanhóis, contra os índios de 
Sete povos das Missões, instigados pelos jesuítas. Outro exemplo, o poema Caramuru, 
de Santa Rita Durão, foi publicado doze anos após a publicação de O Uraguai. O poema 
Caramuru seguiu rigorosamente o modelo de Camões, compondo-se de dez cantos com 
estrofes de oito versos decassílabos rimados. 
O início do século XIX trouxe modificações políticas e sociais para o Brasil, 
mudando, também, os rumos da literatura.
2.3.2 Período imperial
O dia 7 de setembro de 1822 não foi apenas um divisor de águas na trajetória 
histórico-política do Brasil (saída de um sistema colonialista para um sistema imperialista). 
Indicou, também, que daquele momento em diante, o país, independente, precisava criar 
uma identidade e constituir-se como uma nação. Ou seja, fazia-se necessário modificar 
a forma de ver e conduzir este território que não mais pertencia a Portugal.
Tornar-se nação, no entanto, não era tarefa simples. Alguns membros da nobreza 
ainda insistiam em tentar manter o sistema político-econômico anterior, criando 
obstáculos e dificultando a união territorial; a miscigenação era negada (ignorada), 
tornando parte dos “brasileiros” marginalizada; e formar, em extensão territorial tão 
grande, uma unidade, era um projeto complexo, árduo e de longo prazo.
Vale lembrar que, em termos literários, o Brasil não apresentava aquilo que se pode 
chamar de Literatura Brasileira. O que havia era a produção, um tanto individualizada, 
de alguns intelectuais que seguiam as tendências literárias europeias, gerando uma 
literatura que se poderia dizer feita no Brasil, e não do Brasil. 
Segundo Antônio Cândido (1975) havia, até então, o que se denominava 
“manifestações literárias”, reconhecidas em textos de intelectuais escritores como 
Gregório de Matos, Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, entre outros. 
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Porém, tais manifestações não constituíam um sistema literário, próprio de uma nação. 
Lembremo-nos de que apenas depois da vinda da família real para o Brasil (1808) e da 
Independência (1822) é que se consolidou um sistema literário no país, composto, como 
afi rma Cândido (1975), de autores-obras-leitores.
DICA
Para saber mais sobre o período em que a família real esteve no Brasil, assista ao fi lme 
Carlota Joaquina, a princesa do Brasil (1995), leia os livros 1808 (2007), de Laurentino Gomes; 
Era no tempo do rei (2007), romance de Ruy Castro que fala D. Pedro I e de Leonardo Pataca (fi lho), 
personagem de Memórias de um Sargento de Milícias, de Antônio Manuel de Almeida.
Desse modo, mostrar que o Brasil era uma NAÇÃO, tanto para os que resistiam em 
aceitar sua independência quanto para os que começavam a se autointitular brasileiros, 
era difícil. Exigia, diríamos, uma estratégia de valorização do que era típico, do que 
representavam as qualidades, as vantagens, as belezas naturais e os exotismos do país. Foram, 
portanto, os intelectuaisda época que assumiram a tarefa de criar um projeto de construção 
de identidade nacional. Como tais intelectuais eram propensos à produção fi ccional, viram 
na literatura a forma perfeita para apresentar o projeto e torná-lo a realidade desejada.
A) Romantismo
O Romantismo, que, como veremos, também apresentou os modelos formulados 
pelo Romantismo europeu, aproveitou suas primeiras produções para legitimar a nação 
brasileira, dar-lhe uma identidade, fazê-la conhecida para si mesma e para as demais nações.
O movimento se estabelece defi nitivamente no Brasil em 1836, por meio da obra 
Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em cujo prefácio estava uma 
espécie de manifesto literário e a base do projeto de identidade da nação brasileira, escrito 
e publicado na França. 
 
Com este, que poderíamos chamar, grosso modo, de manifesto, chegavam ao país 
a burguesia (propriamente consolidada como classe social) e o liberalismo, indicando uma 
nova ordem mundial.
O Romantismo divergia completamente dos movimentos literários anteriores, uma 
vez que assumia a individualidade, o subjetivismo e a valorização da pátria como princípios 
de criação. Com tal perspectiva, apresentava características como:
 liberdade de criação: o artista apresentava atitudes pessoais e individuais, 
 desconsiderando os modelos clássicos de criação literária;
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 sentimentalismo: a realidade era vista e analisada com os olhos do coração, 
 ou seja, a emoção, e não a razão, predominava na estética romântica;
 supervalorização do amor: este sentimento era considerado o maior valor 
 da vida, pois era concebido puro e desagregado de elementos mundanos;
 nacionalismo: supervalorização da pátria;
 religiosidade: retomada dos valores cristãos, deixando de lado o paganismo utilizado 
no Arcadismo;
 mal do século: processo de esvaziamento do sujeito que gerava dor, angústia 
e tédio. A essa questão de ordem psicológica, associava-se um comportamento boêmio 
e descuidado, que fragilizava fisicamente o indivíduo e o expunha à doença do século 
XIX, a tuberculose, que dizimou, na época, boa parte da juventude;
 evasão: que assumia duas formas de manifestar-se: 
 no tempo: busca no passado perdido dos sentidos e sentimentos que 
 preencheriam o vazio do presente; 
 no espaço: busca por lugares novos, exóticos, não corrompidos pela sociedade.
 reformismo: busca por mudanças, pelo novo.
Como afirma Cademartori (1997, p. 39):
O Romantismo representou um dos estilos mais importantes na história da 
mentalidade ocidental. O direito do autor de seguir seus sentimentos, nunca antes, na história 
da arte, havia sido incondicionalmente acentuado, e jamais tinham sido tão enfaticamente 
desprezados o autodomínio, a razão e a sobriedade. Por esse seu caráter contestador e 
revolucionário, o Romantismo desempenha um papel determinante na história da arte. 
A sensibilidade, a audácia, a anarquia e a sutiliza da arte até hoje procedem da rebeldia 
romântica.
Essas características, como já mencionamos, davam forma ao Romantismo como 
movimento estético mundial. No entanto, no Brasil, foram necessárias algumas adaptações, 
que geraram características próprias para esse estilo em nosso contexto, iniciando um 
processo lento de aquisição de liberdade artística.
O romantismo brasileiro se apoiou basicamente em duas formas literárias: a poesia e 
a prosa romanesca, ficando o conto pouco explorado, sendo mais apreciado pelos leitores da 
segunda metade do século XIX, e o teatro relegado a segundo plano, destacando-se apenas 
as comédias de costume de Martins Pena.
A Questão 23 do Enade (2011) trata dos personagens e temas da literatura, que tal 
assistir a ela para melhor entender o assunto? 
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No que tange, portanto, às duas manifestações escolhidas pelo movimento como 
veículos de expressão, podemos identificar algumas tendências, que, é bom salientar, 
não se sucederam, vindo uma após a outra, mas ocorreram simultaneamente, agrupando 
intelectuais com comportamentos e ideologias semelhantes. Essas tendências agregaram 
autores que compuseram três grupos de produção:
• os indianistas: tendo no índio a imagem do herói nacional;
• os ultrarromânticos: representando a subjetividade extrema;
• os condoreiros: tendo a liberdade como tema principal de suas produções.
Como havia um interesse inicial de concretização de um projeto de nacionalidade, 
as primeiras manifestações buscavam identificar (ou criar) um herói que nos representasse 
e, ao mesmo tempo, que construísse um passado heroico para a nação recém-formada. 
Desse modo, surgem os textos indianistas e os poemas saudosistas de supervalorização 
das terras brasileiras, moldando-se ao nacionalismo característico do Romantismo.
Durante esse período, também se intensificou uma produção romanesca que 
buscava mostrar a cidade brasileira, seus habitantes refinados, a civilização instalada, 
uma política, uma administração e uma economia formadas e “funcionando”. Nessa 
temática, destacam-se: Joaquim Manoel de Macedo, cuja obra A moreninha inicia a 
produção de romances românticos urbanos em nosso país; os romances urbanos de José 
de Alencar, principalmente Lucíola, Senhora e Diva; Bernardo Guimarães, com as obras O 
Seminarista e A Escrava Isaura, de cunho mais engajado socialmente e mais vinculado ao 
regionalismo; e o controvertido Manuel Antônio de Almeida, que escreveu um romance, 
Memórias de um Sargento de Milícias, que mostrava os costumes das classes menos 
abastadas com um protagonista que os críticos colocam entre o pícaro e o malandro.
Todos mostravam os costumes e o refinamento dos brasileiros, o desenvolvimento 
das nossas cidades e moldavam-se aos princípios românticos, nos quais o amor enfrentava 
uma ordem social que impedia sua concretização, conduzindo à morte (física ou social 
ou psicológica), ou, respeitando o “jogo” social, finalizava com a união do casal.
Uma outra vertente que ganhou destaque durante o momento inicial do 
Romantismo foi a temática regionalista. Embora, segundo Antônio Cândido (1975, v. 
2), o romance romântico brasileiro já tenha nascido regionalista e de costumes, este eixo 
literário contribuiu para: expandir a visão do território brasileiro, valorizar os espaços 
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geográfi cos não apenas urbanos e seus habitantes, incorporar a diversidade linguística 
no texto literário, apresentar e valorizar os costumes típicos do espaço rural, bem como 
as peculiaridades da natureza. Exemplos desta tendência são Inocência, de Visconde de 
Taunay e O cabeleira, de Franklin Távora.
 
Diante da frustração gerada pela não concretização do projeto nacional proposto 
pelos românticos da primeira geração, surge um grupo de intelectuais que, inspirados 
em Byron, produzirão uma literatura mais sombria, com elementos sobrenaturais e 
obcecados pela dor e pela morte. Seus poemas traziam fortes traços de negativismo, 
pessimismo, dúvida, egocentrismo, tédio profundo e constante, que foram denominados 
como o mal do século, associados à tuberculose, que levava à morte os poetas ainda na 
tenra juventude. 
Por isso, os poemas deste grupo de escritores gravitam em torno de temas como:
• a fuga da realidade, 
• a exaltação da morte, 
• o amor carnal não consumado, mas muito desejado. 
Podemos citar como representantes desta corrente: Álvares de Azevedo, Casimiro 
de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.
Como perspectiva fi nal do Romantismo brasileiro, surge, infl uenciada já pelo 
socialismo, o evolucionismo e o positivismo, uma geração de poetas que se volta para 
o contexto social e, principalmente, para a ideia de liberdade. Neste grupo, intitulado 
Condoreiro, incluem-se Tobias Barreto, o controvertido Sousândrade, cuja poesia 
resvalava por vários estilos e temáticas e aquele que foi considerado nosso maior 
representantedo condoreirismo, Castro Alves, que produziu poemas que falavam da 
liberdade (abolição da escravatura) e das mazelas sociais que já começavam a evidenciar-
se na sociedade brasileira.
IMPORTANTE
“O termo condoreirismo é consequência do símbolo de liberdade adotado pelos jovens 
românticos: o condor, ave que habita o alto da cordilheira dos Andes.” (NICOLA, 1998, 
p.135).
É evidente, pelo que vimos até o momento, que o Romantismo brasileiro se 
destacou mais na prosa, especifi camente o romance, e na poesia, que, ao contrário dos 
movimentos literários anteriores, abandonava o soneto, adotando versos livres e brancos 
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e tentava falar sobre os sentimentos de forma exacerbada e pouco ou nada vinculada ao 
racionalismo clássico, além de apresentar temas de cunho social de caráter libertário. 
Esgotado, o Romantismo vai cedendo espaço ao Realismo.
B) O Realismo
A partir da segunda metade do século XIX, chegam ao Brasil as teorias cientificistas 
de Darwin, Comte, Marx e Engels, rompendo paradigmas e impondo uma nova forma 
de pensar. O sentimentalismo cedeu lugar ao experimentalismo, cujas bases estavam 
centradas nas teorias já mencionadas.
Tais ideias novas chegavam justamente no momento em que o país passava por 
uma crise administrativa. Havia um movimento que defendia a instalação da república 
e a abolição da escravatura (os liberalistas) e um grupo que procurava manter vigente 
um monarquismo já agonizante.
Desse modo, o sentimentalismo exacerbado, a subjetividade extremada, o 
individualismo e o “mal do século” cederam lugar:
 ao cientificismo: explicação dos fenômenos através de experimentações 
 e comprovações, 
 à objetividade: o escritor procura ser um “cientista”, distanciado da sua 
 experimentação literária, 
 à universalidade: falar de temas de diziam respeito a toda a sociedade, 
 e não apenas a um indivíduo),
 à preocupação com o presente e com os comportamentos humanos.
Surge, no país, o movimento Realista, efetivado principalmente sob a forma de 
prosa, embora não possamos esquecer que o Parnasianismo era um derivado poético 
do Realismo. O Realismo, portanto, designava um movimento de maiores proporções, 
que se ramificava em subdivisões que procuravam elaborar com mais ênfase um dos 
temas ou características do movimento. No Brasil, podemos pensar o movimento com 
base na seguinte figura.
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FIGURA 12 – REALISMO BRASILEIRO
Fonte: A autora
Como podemos ver na figura, no Brasil, o movimento apresentou três subdivisões, 
as quais traziam as características gerais do estilo, mas cada corrente procurava enfatizar 
um aspecto do movimento em detrimento dos outros.
No caso do Realismo propriamente dito, a preocupação centrava-se em 
caracterizar a sociedade e seu comportamento, descrevendo-a, acima de tudo. No 
entanto, no Brasil, embora algumas correntes críticas (e materiais didáticos) insistam 
em afirmar que Machado de Assis é o maior representante, seguido de Raul Pompeia, 
podemos dizer que nem o primeiro, tampouco o segundo, segue fielmente os princípios 
realistas, fazendo adaptações que marcam um estilo próprio de produção e que já 
começam a despontar para uma literatura brasileira com características próprias. 
Machado de Assis, na sua segunda fase de produção, inicialmente influenciado 
pelas ideias realistas, ganhou prestígio, destaque e, principalmente, transcendeu o 
realismo. Foi um escritor completo, pois se dedicou à produção de poemas, peças 
teatrais, romances, contos, crônicas e crítica literária. Criou obras com características 
e estilos próprios que, aceitando como base criativa a perspectiva realista, tratavam 
de ultrapassá-la, como ocorreu em obras como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom 
Casmurro, Quincas Borba, Esaú e Jacó, Memorial de Aires, que exploravam o comportamento 
das classes mais abastadas de nossa sociedade, fazendo uma análise psicológica desse 
comportamento, de forma irônica, por vezes sutil, e que o tornaram um escritor único, 
pouco passível de uma classificação em termos de movimento literário.
Suas obras desta fase revelam a hipocrisia e o esvaziamento de uma sociedade 
preocupada em ter poder e aparentar uma elegância que estava longe de alcançar. Por 
isso, o tom irônico, variando do sutil ao cáustico, e “escrito com a pena da galhofa” 
tornou-se marca registrada do autor e deu à sua produção um estilo característico.
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DICA
Para conhecer melhor a obra de Machado, assista aos fi lmes Memórias Póstumas (2001), Dom 
(2003), A cartomante (2004); leia também Xadrez, Truco e outras Guerras: Ira, de José Roberto 
Torero (1998), romance muito infl uenciado pelo estilo machadiano.
Não se pode afi rmar, com segurança, que Raul de Pompeia e seu livro O Ateneu 
sejam legítimos representantes do realismo, pois a obra mencionada traz aspectos 
realistas, naturalistas e, mesmo, uma boa dose de subjetividade, uma vez que tem como 
mote lembranças da infância do próprio autor.
Em relação ao Naturalismo, podemos afi rmar, com toda certeza, que, de nossos 
representantes, o principal deles, Aluísio Azevedo, seguiu à risca os mandamentos do 
movimento. Seus romances naturalistas, chamados pelo próprio autor de artísticos, 
uma vez que também escrevia romances românticos que denominava de comerciais, 
mostravam um narrador que incorporava a objetividade e a racionalidade científi ca e 
procuravam comprovar as três condicionantes da sociedade e, claro, da própria fi cção: 
o meio, o momento e a raça. Tornaram-se grandes exemplos deste princípio O cortiço, 
O mulato, Casa de Pensão. Esses romances são “teses” desenvolvidas pelo autor depois 
de muito estudo e experimentação.
Vale que lembremos que não apenas Aluísio produziu neste momento, podemos 
mencionar também as obras naturalistas: Luiza-Homem, de Domingos Olímpio; O 
missionário, de Inglês de Sousa, A carne, de Júlio Ribeiro.
DICA
Para conhecer melhor esse estilo, recomendamos os fi lmes: Germinal (1993), baseado na 
obra homônima de Émile Zola, Madame Bovary (1991), também baseado na obra homônima 
de Flaubert.
No que se refere à produção poética, o Realismo teve no Parnasianismo seu 
representante, embora seja necessário deixar claro que a ideologia que movia a poesia 
não se assemelhava à ideologia que regia as subdivisões realistas em prosa.
Esse movimento poético tinha dois princípios básicos, dos quais decorriam 
suas características. O primeiro era o princípio da “arte pela arte”, do qual derivavam 
as principais características desse estilo poético, especialmente a preocupação com a 
forma: emprego de rimas ricas, uso de vocabulário erudito, retomada do soneto como 
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forma principal de representação da arte poética, racionalidade, lógica e clareza. O 
segundo princípio era o da “retomada do Classicismo”, caracterizada pelo descritivismo, 
ou seja, pela descrição detalhada de cenas históricas, paisagens, objetos; pelo uso de 
figuras e fatos mitológicos; pela universalidade dos temas; pelo evidenciamento de 
um amor mais carnal e erótico; pelo enfoque sensual com que a mulher é descrita; pela 
impassibilidade do poeta (o eu-lírico deve preocupar-se com a lapidação da forma, e 
não com sentimentos individuais de pouca importância). Teve como representantes 
Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Luiz Delfino e, principalmente, Olavo Bilac 
seus mais significativos representantes.
Em termos teatrais, o Realismo apresentou pouca expressividade. O maior 
representante desta vertente é Artur Azevedo (irmão de Aluísio Azevedo). Artur “nos 
mostra um relato fiel da sociedade carioca dos últimos vinte anos do século, precisamente 
a face boêmia, o avesso daquela gravidade burocrática com que pousavam os medalhões 
parnasianos”. (BOSI, 2004, p. 203).
C) O Simbolismo
Tendo-seexaurido as características realistas, nova ebulição ocorre no meio 
artístico-literário. Surge, na Europa, o Simbolismo, estética oposta ao Realismo e que 
se baseia:
 em termos de temática e conteúdo: na subjetividade, valorizada pela consciência e 
subconsciência, pelos estados do espírito, pelo sonho, pela loucura, pelas manifestações 
metafísicas e espirituais;
 na forma: fazia uso de figuras de linguagem de efeito semântico (proposta de criar símbolos 
para representar o que o eu-lírico queria manifestar: alegorias, metáforas, sinestesias) e 
figuras de linguagem de efeito sonoro, trazendo ao poema uma musicalidade extremamente 
destacada (aliterações, assonâncias, anáforas).
Vale lembrar que o Simbolismo ocorre justamente durante o período de transição 
do regime imperial para o regime republicano. A república, instaurada em 1889, dava 
ainda seus primeiros passos e somente se consolidaria sob as mãos de ferro de Floriano 
Peixoto.
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IMPORTANTE
Teorias que infl uenciaram o Simbolismo:
• Teoria das Correspondências – Charles Baudelaire: aproximação do material com o 
imaterial.
• Intuicionismo – Henri Bergson: busca de novas realidades interiores, expressadas através da 
sugestão, da evocação.
• Vida como sofrimento – Arthur Schopenhauer: “o mundo não passa de representação, de 
nossa percepção. No fundo de todo ser vive a vontade, irracional e cega. As formas racionais são 
ilusórias, pois a essência de todas as coisas é irracional. A vontade não tem meta e gera dor. Viver 
signifi ca sofrer”.
• Impossibilidade do ser – Soren Kierkegaard: “O homem é síntese do fi nito e do infi nito. O ser 
humano é conduzido ao desespero pela impossibilidade da conciliação entre o fi nito e o infi nito”.
• Teoria do Inconsciente – Nicolai von Hartmann: “O inconsciente é uma entidade desconhecida 
que existe por trás de tudo e que é totalmente inalcançável”.
Filosofi a Oriental: A salvação do homem está na renúncia ao mundo, na mortifi cação dos instintos, 
na autoanulação, da fuga para o nada, para o nirvana. (GOMES, 1994).
Surgido na França, ganhou espaço e força, não sem confl itos e disputas, na lírica 
dos chamados “poetas malditos”: Baudelaire, Mallarmé, Rimbaud, Verlaine. No Brasil, 
o movimento teve pouca evidência, abafado pelos estetas parnasianos. Isso se deu a tal 
ponto que, embora tenha surgido no fi nal do século XIX, com os poemas de Cruz e Souza, 
Alphonsus Guimaraens, e ainda, os versos de Pedro Kilkerry (BA), Emiliano Perneta 
(PR), o movimento só foi reconhecido durante a Semana de Arte Moderna, ocorrida 
em 13 de fevereiro de 1922, durante a qual o parnasianismo foi duramente criticado e 
o Simbolismo exaltado como forma moderna de manifestação poética.
Com as mudanças políticas, novos horizontes se delinearam no campo artístico-
literário.
2.3.3 Período republicano
A instalação da República causou confrontos sempre resolvidos de duas formas: 
diálogo ou guerra. Principalmente durante o governo de Floriano Peixoto, os confl itos 
foram reprimidos com violência o que, sob vários aspectos, trouxe marcas negativas 
para o regime republicano. Com a saída de Floriano, o processo começou a se estabilizar, 
possibilitando uma reorganização do país.
Α) Pré-modernismo
Da proclamação da República (1889) até a segunda década do século XX, o 
domínio do cenário artístico literário era dos parnasianos. No entanto, já começavam a 
soprar leves brisas, vindas da Europa, que causariam uma mudança na produção literária 
do país. Durante esse período, porém, o Simbolismo estava sufocado e agonizante, 
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surgindo vários textos literários que procuravam recuperar o regionalismo (perdido 
com a chegada do Realismo) ou enfatizavam questões sociais (engajando-se política e 
socialmente) ou, ainda, alguns que produziam obras de caráter extremamente inovador, 
diferente de tudo que já se havia produzido até então em nosso país.
Esse período, indefinido em termos de características, foi denominado por vários 
autores de Pré-modernismo, uma vez que ele já anunciava mudanças na produção 
literária e na forma de conceber tal produção. Cada autor apresentava características, 
temáticas e enfoques próprios, pouco vinculados a algum movimento literário 
específico. Percebemos que a ruptura com o passado, a denúncia da realidade brasileira, 
apresentando um país não oficial, a recuperação do regionalismo, a exploração de figuras 
típicas do Brasil e das classes marginalizadas e a vinculação da literatura com os fatos 
que ocorriam no país naquele momento, voltando-se diretamente para o presente, eram 
marcas de tais produções.
Nessa nova perspectiva, temos a poesia de Augusto dos Anjos, que subverteu a 
ordem academicista ao compor poemas em que utilizava termos como (escarro, vômito, 
vermes); os romances de Euclides da Cunha, como Os sertões, que falava do nordeste 
e de suas mazelas; os textos de Monteiro Lobato que exaltavam a figura do caipira ou 
do “interiorano” paulista; a produção de Graça Aranha, tendo como fundo o Espírito 
Santo; a prosa de Lima Barreto, explorando os subúrbios cariocas; a produção de João 
do Rio, principalmente seus contos de grande efeito, e suas crônicas sobre um Rio de 
Janeiro que os próprios cariocas desconheciam.
B) O Modernismo
A partir da década de vinte, houve uma espécie de ebulição artística, cujo eixo 
foi São Paulo. Um grupo de intelectuais paulistanos, recém-chegados da Europa, e 
ainda embevecidos com as Vanguardas artísticas por lá encontradas, reuniram-se 
com o propósito de criar um evento que fosse o marco inicial de uma nova era na 
produção intelectual brasileira e que, em consequência, resultasse em uma mudança 
de mentalidade na sociedade. Desse modo, a proposta era que o evento abarcasse não 
apenas a literatura (principalmente poemas), mas expusesse também as novidades da 
música, das artes plásticas (telas e esculturas), promovesse palestras, declamações etc.
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IMPORTANTE
“Vanguarda é o nome que se dá a uma tendência ou a um conjunto de tendências que, num 
determinado momento histórico, se opõe ao estilo vigente em uma época, especialmente 
no campo das Artes.” (FARACO; MOURA, 1998, p. 59).
As principais vanguardas que infl uenciaram na produção brasileira foram:
a) Futurismo: liderado pelo italiano Felippo-Tomaso Marinett i, o movimento pregava a destruição 
do passado e a valorização da velocidade e das máquinas.
b) Expressionismo: fl oresceu na Alemanha e trouxe como perspectiva a valorização do abstrato, o 
poder das cores, das formas, das texturas e da escala para a comunicação. Refl etiu-se mais nas artes 
plásticas. 
c) Cubismo: criado por Pablo Picasso, valorizava o fracionamento da realidade, recriando 
cada fração com um conjunto de planos geométricos sobrepostos. Objetivo central: reorganizar 
o mundo. Na literatura, o francês Apollinaire foi o maior representante.
d) Dadaísmo: liderado por Tristan Tzara, propôs apenas a destruição, a negação, defendendo o 
absurdo, a inocência, a desordem, o caos. O próprio Tzara afi rmou: “Dadá não signifi ca NADA”.
e) Surrealismo: lançado por André Breton, foi defi nido como “Automatismo psíquico pelo qual 
alguém se propõe a exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o 
funcionamento real do pensamento”. (BRETON apud TELES, 1973, p. 170). Sob esta perspectiva, o 
autor escrevia levado por impulso, sem preocupação com a ordem lógica.
Assim, durante os dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de 
São Paulo, ocorreu a chamada Semana de Arte Moderna. Cada uma das noites trazia 
ao público palestras sobre a produção da arte moderna; apresentações de poemas de 
Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Graça Aranha, Manuel Bandeira, entre outros; 
concertos com as composições de Villa-Lobos; solos de piano de Ernani Braga e a 
exposição dastelas e esculturas de Tarsila do Amaral e Anita Malfatt i. Oswald e Mário 
de Andrade encabeçaram o movimento que colocou a literatura brasileira em uma nova 
era. Surge, portanto, o Modernismo, marcando nossa entrada na fase das rupturas, dos 
paradoxos e das incoerências. 
A semana causou grande repercussão e ganhou espaço na imprensa da época, 
angariando adeptos em todo o país. Entre os anos de 1922 e 1930, foram vários os grupos 
que produziram seus manifestos, criaram suas revistas e difundiram sua produção. 
Em virtude dessa efervescência literária, para fi ns didáticos, costuma-se dividir 
o Modernismo brasileiro em três momentos. O primeiro momento foi até o início da 
década de trinta e se constituiu no processo de defi nição e identifi cação do movimento 
modernista. Por isso, afi rmamos que foi um período de muitos experimentalismos, 
alguns deles de curta duração, situação aceitável para um momento de defi nição.
i) Primeiro momento modernista
O Modernismo em seu momento inicial (Semana de Arte Moderna até início 
da década de 30) se caracterizou exatamente pela ruptura das estruturas passadistas, 
dando-lhe um tom anárquico e um sentido destruidor. Ao mesmo tempo em que 
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se procurava romper com um passado academicista e fortemente vinculado aos 
movimentos europeus, buscava-se novamente a identidade da nação brasileira. Aqui, 
especificamente, a identidade da literatura brasileira. Por isso, mesmo enfatizando um 
discurso de modernidade, originalidade e polêmica, há uma volta às origens, valendo-se 
das fontes quinhentistas e da língua popular (coloquial), pelos primeiros modernistas 
denominada de “língua brasileira”. Essas foram as bases para um novo processo de 
discussão e identificação da nacionalidade.
Assim, verificamos nesse período duas formas distintas de manifestação de 
nacionalidade: uma, ufanista, supervalorizando o que era nacional, o exótico, o utópico, 
identificando-se com uma política de direita, e, outra, crítica, que procurava justamente 
apontar os problemas do Brasil, enfatizando suas mazelas e afinando-se com uma 
ideologia partidária de esquerda.
Antônio Cândido (2000, p. 140) refere-se a essas duas vertentes de produção:
Mário Vieira de Mello, um dos poucos que abordaram o problema das relações 
entre subdesenvolvimento e cultura, estabelece para o caso brasileiro uma 
distinção que também é válida para toda a América Latina. Diz ele que houve 
alteração marcada de perspectivas, pois até mais ou menos o decênio de 1930 
predominava entre nós a noção de “país novo”, que ainda não pudera realizar-
-se, mas que atribuía a si mesmo grandes possibilidades de progresso futuro. 
Sem ter havido modificação essencial na distância que nos separa dos países 
ricos, o que predomina agora é a noção de "país subdesenvolvido”. Conforme 
a primeira perspectiva salientava-se a pujança virtual e, portanto, a grandeza 
ainda não realizada. Conforme a segunda, destaca-se a pobreza atual, a atrofia; 
o que falta, não o que sobra.
Durante esses primeiros anos, destacaram-se Oswald e Mário de Andrade, com 
sua poesia sintética e sua prosa que, sendo nacionalista, não deixava de destacar os 
problemas brasileiros de forma crítica. No caso de Mário, sua obra Macunaíma expressa 
uma nova tentativa de mitificar a gênese brasileira, embora com uma forte dose de ironia 
e humor. Evidencia-se, também, Manuel Bandeira, cuja poética inspirava-se na própria 
vida do poeta, e Antônio de Alcântara Machado, que, com sua prosa, descreveu a vida 
em São Paulo, dando destaque para os imigrantes italianos.
ii) O segundo momento modernista
O segundo momento modernista (ocorrido entre os anos de 1930 e 1945) refletiu 
na prosa e na poesia o momento conturbado da depressão econômica mundial, da 
Segunda Guerra Mundial e do avanço do fascismo e do nazismo. Demonstrou, portanto, 
a necessidade de amadurecimento e aprofundamento das características desenvolvidas 
no primeiro momento e passou ao questionamento das situações vigentes na sociedade e 
do lugar do indivíduo no mundo. No entanto, não apenas uma produção questionadora 
e “engajada” se desenvolveu nesses 15 anos, houve, também, destaque para as produções 
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que primavam pelo espiritualismo e intimismo.
Na poesia, como representantes do segundo período, podemos citar, entre outros: 
Murilo Mendes, produzindo inicialmente poemas-piada e, pouco a pouco, chegando a 
uma produção poética de cunho mais religioso, sem, contudo, perder a criticidade; Jorge 
de Lima, que de uma produção tipicamente parnasiana passou à produção de poesia 
socialmente engajada e de cunho religioso; Carlos Drummond de Andrade, com uma 
produção em prosa e verso refletora dos problemas sociais e humanos, alternando-se 
em tons de esperança e de desalento; Cecília Meireles, que, sob influência da corrente 
espiritualista, criou obras que foram denominadas de neossimbolistas; Vinícius de 
Moraes, com sua poética inicialmente espiritualista e, logo, marca registrada do poeta, 
o sensualismo erótico e, ainda, um engajamento social, evidenciado em poemas como 
Operário em construção e Rosa de Hiroxima.
Já na prosa, destacamos, nesse segundo momento, uma tendência forte para 
o regionalismo, principalmente a questão da seca no nordeste. Podemos citar como 
representantes da prosa desse período: José Américo de Almeida, destacando-se, com 
a obra A bagaceira, muito mais pelas questões abordadas do que propriamente pela 
habilidade estética; Rachel de Queiroz, que evidenciou em sua produção o Ceará e seus 
problemas; José Lins do Rego, com uma produção de caráter memorialista; Graciliano 
Ramos, cuja produção mostrou o retrato e a análise da sociedade, os modos de vida 
do brasileiro e o caráter autobiográfico de obras como Infância e Memórias do Cárcere; 
Jorge Amado, com suas obras que procuravam retratar a Bahia e marcar alguns tipos 
marginalizados, demonstrar a exploração rural em obras que tratavam sobre o ciclo do 
cacau e, finalmente, obras que se tornaram crônicas dos costumes baianos, entremeados 
de depoimentos líricos; Érico Veríssimo, cujas obras se fixaram em mostrar o cotidiano 
caótico e a vida provinciana de Porto Alegre e abordaram temas históricos do Rio Grande 
do Sul, como a trilogia O tempo e o vento. Também se dedicou aos temas contemporâneos, 
próprios de sua época, em obras como Incidente em Antares, O prisioneiro e O senhor 
embaixador.
iii) Terceiro momento modernista (Pós-modernidade)
Depois de 1945, teve início uma certa polêmica em relação ao Modernismo 
Brasileiro. Alguns autores afirmavam que se tratava de um terceiro momento dessa 
manifestação literária e outros defendiam a ideia de que, a partir de 1945, o Brasil já 
apresentava uma produção que se incluía na chamada Pós-Modernidade.
Procurando definir o Pós-Modernismo, tema tão polêmico e termo de múltiplas 
interpretações, Santos (2000, p. 7-8) afirma que:
Pós-modernismo é o nome aplicado às mudanças ocorridas nas ciências, nas 
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artes e nas sociedades avançadas desde 1950, quando, por convenção, se en-
cerra o modernismo (1900-1950). Ele nasce com a arquitetura e a computação 
nos anos 50. Toma corpo com a arte Pop nos anos 60. Cresce ao entrar pela 
filosofia, durante os anos 70, como crítica da cultura ocidental. E madurece 
hoje, alastrando-se na moda, no cinema, na música e no cotidiano programado 
pela tecnociência (ciência + tecnologia invadindo o cotidiano, desde alimentos 
processados até microcomputadores) sem que ninguém saiba se é decadência 
ou renascimento cultural.
Mais adiante, o autor ainda explica:
Entendamos ainda que o pós-modernismo é um ecletismo, isto é, mistura 
várias tendências e estilos sob o mesmo nome. Ele não tem unidade; é aberto, 
plural e muda de aspecto se passamos da tecnociência para as artes plásticas, 
da sociedade para a filosofia.

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