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CAPÍTULO Ecologia de Comunidades Hospedeiro doce hospedeiro Murtas espécies de plantas produzem Lm néctar doce em suas fores. Esse néctar floral atrai os po nizaOOíes - anmais que al.D<iliam as plantas em sua reprodLÇão. Contudo, as plantas de pelo menos várias centenas de gêneros também produzem néctar em partes não- reprodutivas (vegetativas). Esse néctar exttafloral atrai formigas. A planta proporciona néctar para as form;gas, bem como outras recompensas alimentares e, em al- guns casos, locais para o ninho. As formigas, por sua vez, patrulham a planta e atacam herbívoros, patóge- nos e plantas competidoras. Algumas dessas plantas que hospedam formigas dependem dos insetos para sobr0V1ver. As formigas, por sua vez, vivem e dependem de uma única espéae de planta. O fenômeno tem sido muito estudado entre as árvores espinhosas da América Central do gêne- ro Acacia e as formigas do gênero Pseudomyrmex. Como os dois pa-ce ros desse nvtualisroo se repro- duzem de modo ndependente, a assooação precisa ser restabelecida em croa geração subseqüente. hdM'duos de espécies de formigas competidoras, que consomem o nécta- mas não defendem a planta, podem chegar a uma planta jovem antes que as formi- gas mutua stas a tenham colonizado e expulsá-las. Como as plantas atraem as formigas que as aJudarão enquanto desencorajam as formigas que apenas se alimentarão do seu néctar e partirão? Uma estratégia utiliZada pelas plantas para atrair os insetos certos consiste no controle da composi- ção do néctar. O néctar produzido pela maioria das plantas contém sacarose e quantidades variadas de glicose e frutose. A sacarose é um alimento parti- cularmente importante para a maioria das espécies de formiga, que produzem uma enzima chamada • invertase que quebra a sacarose em monomeros facilmente transportados através das membranas celulares. Surpreendentemente, descobnu-se que, embora os néctares das espécies de acácia que não apresentam uma associação íntima com as formigas contêm sacarose, o néctar de várias espécies de acácias defend das por formigas especialistas não a apresentam. O néctar sem sacarose não é atratlVO para formigas gereralistas, pois elas não podem d1gerr o seu açú- car. As formigas especial stas, por outro lado, comem prontamente o néctar sem sacarose das acácias e o digerem com eficiência. P<X quê? Porque o néctar da planta mutualista apresenta uma caracterfstiea que tor- na possivel a sua d gestao pelas formigas especia 1stas: contém Lma enz ma que estJmula uma atiV1dade enzi- mábca específica no intestino das formigas especialis- tas que permite a elas digerir os açúcares encontrados no néctar. Portanto, o néctar produzido por essas espécies que apresentam uma íntima associação com as formi- gas difere quimicamente do néctar produzido por ou- tras acácias, mesmo em espécies aparentadas. Além disso, as enzimas digestivas das formigas especialistas diferem das enzimas das formigas generalistas. Essas diferenças sugerem que a associação mutuamente benéfica entre as acácias e as formigas eXJste há mui- Lar doce lar Uma formiga operária (Pseudomyrmex flavicor- nis) entra pelo bcxaco no espinho da acácia (Acacia comígera) na Costa Rica. o buraco fornece um local para o nhho. A for· miga protege a áNo<e de muitos herbfvoros. Tudo que você puder comer A fOl'ffiiga Pseudornyrmex fer- rugíneus junto às estruturas de Belt tpe/tían bodles) da Acacia collinsll. Estas estruturas não possuem outra função além de servir como alimento para as latVas das formigas; a árvore não tem outro beneficio além de colaborar para a presença das formgas protetoras. to tempo. Dt.rante este tempo, as carocteristicas que beneficiam as formigas especialistas, mas exckJ0m as outras espécies que não aiudam a planta, evoluíram em ambas as parles. Todas as espécies interagem com outras espécies de várias maneiras. A ma10na destas associações não é tão especializada COOlO esta entre as acácias e as forrrigas, mas, apesar d sso, elas influenciam a estrutu- ra e d1nâmiea das comundades eeológcas. Como elas fazem isso é o asSLnto deste capítulo. NESTE CAPÍTULO descrevemos asco- munidades ecológicas, discutimos os proces- sos que determinam a estrutura da comunidade e mostramos como estes processos interagem na natureza. Também consideramos como as perturbações afetam as comunidades e como as comunidades ecológicas são formadas ao longo do tempo. Concluímos considerando os fatores que determinam de que maneira muitas espécies podem viver juntas em comunidades ecológicas. 37.1 O que são comunidades ecológicas? 01arles Darwin é lembrado principalmente pelas suas contri- buições à teoria evolutiva, mas como mostra a citação a seguir do livro A Orige1n das F.spédes, ele foi também um ecólogo pio- neiro cm entender a natureza e a complexidade das relações entre as espécies que vivem em um determinado local. ~ interessante contemplar um terreno coberto com plan- tas de muitos tipos, com aves cantando nos arbustos, com vários insetos esvoaçando de lá pra cá e com vermes rastc janelo pela tcna úmida e refletir como estas fonnas cuidado- samente construídas, tão diferentes e tão dependentes urnas das outras de maneira tão complexa, foram criadas pelas leis que agem entre nós. As espécies que vivem e interagem em uma área constituem uma comunidade ecológica. O• terreno• próximo da casa de Darwin era uma comunidade ecológica com limites bem de- finidos por plantações, pastagens e jardins adjacentes. Con- tudo, os seres vivos que viviam no terreno não estavam con- finados dentro daqueles limites. Algumas das sementes que caíram no terreno e se desenvolveram em árvores ou arbustos vieram de plantas que viviam distantes dali. As aves e os inse- tos que Darwin observou devem ter voado para dentro e para fora do terreno provenientes de uma área maior. Para saber quais espécies viviam no terreno e como interagiam, ele pre- cisava entender esses movimentos. O conhecimento de como o terreno mudou ao longo do tempo também era relevante. Geleiras haviam coberto a área 10 mil anos antes. As espécies de plantas que Darwin observou tinham colonizado a Grã- Bretanha cm diferentes momentos ao longo dos milhares de anos desde o derretimento das geleiras. Comunidades são conjuntos variáveis de espécies No começo do século XX, dois importantes ecólogos vegetais norte-americanos debateram a natureza das comunidades. Em 1926, Henry Gleason afirmou que as comunidades de plantas eram conjuntos variáveis de espécies, cada uma das quais era individualmente distribuída de acordo com as suas interações únicas com o ambiente físico. Por outro lado, em um artigo publicado em 1936, Frederick Clements afirmou que as comunidades vegetais eram" superorganismos• firme- 818 • Sadava, Heller, Orians, Purves & Hillis 50 Molhado -- Flor-estrela do Pacifico {Trlentalis Jatffolia) -- Grama indlm da cesta f,Xerophyl/um tenax) -- Gálio {Gal/um émb/guum) -- Íris Qris bracteata) -- Violeta Yetlow Wood (V/ola loba/a) -- Eriofilo dourado (Eliophyllum lanatum) Úmido A distribuição de cada espécie difere ao longo de um gradiente de umdade do solo. Seco Gradiente de umidade do solo Figura 37 .1 Distribuição de plantas ao longo de um gradiente ambiental A abundância de d~erentes espécíes de plantas muda gradualmente e indívidualmente ao longo de um gradiente de umi- dade do solo nas Montanhas Siskiyou do Oregon, EUA mente integrados e que as comunidades de ambientes semelhan- tes deveriam ter a mesma composição de espécies, a menos que tivessem sido recentemente perturbadas. O debate resolveu-se através de estudos detalhados da distri- buição das plantas. Especialmente influentes foram as análises da vegetação das Montanhas Siskiyou do Oregon (EUA), desenvol- vidas por Robert Whittaker. Elas mostraram que diferentes com- binações de espécies de plantas encontravam-se em diferentes locais. As espécies entram e saem das comunidades independen- tementedentro de gradientes ambientais (Figura 37.1). Esses e outros resultados geralmente sustentam a visão de Gleason so- bre a natureza das comunidades. No entanto, onde as condições ambientais variam abruptamente, como acontece nas margens de lagos e rios, a distribuição de muitas espécies pode terminar em um mesmo local. TABELA 37 .1 Os principais níveis tróficos Deste modo, as comunidades ecológicas não constituem conjuntos de indivíduos que se movimentam como uma unida- de quando as condições ambientais variam. Ao contrário, cada espécie possui interações únicas com o seu ambiente biótico e abiótico. Todavia se as coo1unidades ecológicas são apenas conjuntos variáveis de espécies, por que nos interessamos por elas? Em parte, nos importamos com as comunidades ecológi- cas porque desejamos saber como funcionam estes conjuntos de espécies, por mais variáveis que eles sejam. Contudo, também nos interessamos por elas porque também somos parte dessas comunidades. Interagimos com muitas outras espécies e, como veremos, estas interações afetam o bem-estar humano de muitas formas. Os seres vivos de uma comunidade utilizam várias fontes de energia A maioria das comunidades ecológicas contém milhares de espé- cies que interagem em uma infinidade de maneiras com as outras espécies e com o ambiente. Assim, tentar entender de que forma as comunidades funcionam pode parecer uma missão impossível. Fel izmente, não precisamos saber todos os detalhes para obter progressos consideráveis. Fbdemos entender uma grande parte do funcionamento da comunidade apenas descobrindo quem come quem. As espécies em uma comunidade podem dividir-se em ní- veis tróficos com base na sua fonte de energia (Tabela 37.1) . Um nível trófico consiste nos seres vivos cuja fonte de energia passou através do mesmo número de etapas para atingi-lo. As plantas e outras espécies fotossintetizantes (autotr6ficos) adquirem sua energia diretamente da luz do sol. Coletivamente, elas constituem o nível trófico dos fotossi11tetiza11tes ou produtores primários. Elas produzem as moléculas orgânicas ricas em energia que quase todos os outros seres vivos consomem. Na maioria das comunidades ecológicas, todas as espécies não-fotossintetizantes (heterotr6ficos) consomem, direta ou in- diretamente, as moléculas orgân.icas ricas em energia produ- zidas pelos produtores primários. As espécies que comem as plantas constituem o nível trófico dos herbfvoros ou consumi- dores primários. As espécies que comem os herbívoros cha- mam-se consumidores secundários. Aqueles que comem os consumidores secundários chamam-se consumidores terciários e assim por diante. As espécies que comem cadáveres ou excretas de seres vivos chamam-se detritívoros ou decomposítores. As espécies que obtêm seu alimento de mais de um nível trófico NIVEL TRÓRCO FONTE DE ENERGIA EXEMPLOS Fotossintetizantes (produtores primários) Energia solar Plantas, bactérias e protistas fotossin- tetizantes Herbfvoros Tecidos de produtores primários Cupins, gafanhotos, anchovas, veados (consumidores primários) e gansos Carnívoros primários (consumidores secundários) Herbívoros Aranhas, manquitas, lobos e copépodos Carnívoros secundários (consumidores terciários) Carnívoros primários Atuns, falcões e orcas Onívoros Vários níveis tróficos Homens, gambás, caranguejos e tordos Detritivoros (decompositores) Cadáveres e excretas de outros seres vivos Fungos, muitas bactérias, urubus e minhocas Nlvel trófico Consumidores secundários Vida • 819 Raposa I "' lobo Consumidores primários Produtores primários / Esquilo Bordo Abeto balsêmlco Plantas aquáticas Faia, bétula ~igura 37.2 A:s teias alimentares mostram as interações tró- f1cas em uma comunidade Esta teia alimentar do Parque Na- ?ion~l lsle Royale, localizado em uma grande Ilha no Lago Superior, 1nclu apenas grandes 119rtebrados e as plantas das quais eles de- pendem. Mesmo com estas restrições. a teia é complexa. As setas mostram quem se alimenta de quem. denominam-se onfvoros• . Como muitas espécies são onívoras, os níveis tróficos freqüentemente não se mostram muito cla- ros, m_as ~ lembrarmos que os limites entre eles são vagos, o conceito ainda fornece um caminho útil para avaliar o fluxo de energia dentro das comunidades. . Uma seqüênci~ de interações nas quais uma planta é consu- mida por um herb1voro, o qual, por sua vez, é comido por um con- sumidor secundário e assim por diante, pode ser desenhada como ~ma cadela alimentar. As cadeias alimentares são geralmente mterconectadas, fonnando uma teia alimentar, porque a maioria das espécies em uma comunidade se ali.menta e serve de alimento a mais de uma espécie (Figura 37.2). As comunidades ecológicas contêm tantas espécies que se torna impossível mostrar todas elas e~ um~ teia alimentar. Mesmo assim, diagramas simplificados de teias alimentares podem nos ajudar a entender as interações trófi- cas entre os seres vivos em um ecossistema. Apesar dessas diferenças consideráveis, a maioria das comu- ni~ades ~presenta so!11~nte de três a cinco níveis tróficos. Por que eX1stem tao poucos ruveis? A perda de energia entre os níveis trófi- cos é parcialmente responsável por isso. Para mostrar como a ener- gia diminui cm cada etapa enquanto passa de um nível mais baixo para um mais alto, os ecólogos constroem diagramas que mostram a distribuição de energia ou biomassa (o peso dos seres vivos) em cada nível trófico de uma comunidade. Os diagramas, como o da Figura 37.3, apresentam a quantidade de energia ou biomassa que se encontra disponível em um dado momento para as espécies do próximo nível trófico. As distribuições de energia e biomassa para um determinado ecossistema têm, geralmente, formas semelhantes. As variações em suas dimensões dependem da natureza das espécies domi- nantes cm cada nível trófico e de que modo elas alocam a sua energia. Na maioria dos ecossistemas terrestres, as plantas folos- sintetizantes dominam, tanto em relação à quantidade de energia • N. de T. Onívoros são, na verdade, aqueles seres vívoo que se alimentam do nível lrófico dos produtores prlm4rlos (ou seja. de vegetais ou seus produtos) e de qual· quer ou1n> nível trófico (herbf\'oros, camlvol'O!l, delritívoros ou. mesmo. onlvoros). que representam, quanto cm relação à biomassa que contêm. Elas acumulam energia por longos períodos, algumas delas cm formas d!fíceis de dige~r (como a celulose e a lignina). Em florestas, a biomassa no n1vel dos produtores primários é formada princi- palmente por madeira, a qual raramente serve como alimento, a menos que a planta esteja doente ou enfraquecida de alguma outra forma. Por outro lado, as plantas das pradarias produzem poucos tecidos de difícil digestão. Os mamíferos podem consumir 30 a 40% da biomassa vegetal aérea (isto é, acima do solo) anual das pradarias; os insetos podem consumir mais 5 a 15%. Os seres vivos do solo, principalmente nematóides, podem consumir 6 a 40% da biomassa subterrânea. Desta forma, em relação à biomas- sa das plantas, a biomassa dos herbívoros é maior nas pradarias do que nas florestas (Figura 37.3A, B). Na maioria dos ecossistemas aquáticos, os fotossintetizantcs dominantes são bactérias e protistas. Esses organismos unicelu- lares possuem taxas tão altas de divisão celular que uma pequena biomassa de fotossintetizantes pode alimentar uma biomassa mui- to maior de herbívoros, os quais crescem e se reproduzem muito mais lentamente. Esse padrão pode resultar em uma distribuição de biomassa invertida, ainda que a distribuição de energia para o mesmo ecossistema tenha o formato típico (Figura 37.3C). Boa parte da energia ingerida pelos seres vivos converte-se cm biomassa a qual é, eventualmente, consumida por decomposito- res, r_n_embros de um nível ~~co não mostrado na Figura 37.3. Os detntívoros, como as bactcnas, fungos, vermes, ácaros e muitos insetos, transformam detritos (os restos e excretas dos seresvivos) em nutrientes minerais livres que podem ser absorvidos novamen- te p~las plantas. ~e não existissem dctritívoros, a maior parte dos nutrientes acabaria ficando presa nos cadáveres, onde não estariam disponíveis para as plantas. A continuidade da produtividade de um ecossistema depende da rápida decomposição dos detritos. Populações densas de ca-angueios detntlvoros vivem em comunidades nos resprado\.ros ("ventsj hidrotermais de certas águas rasas pobres em nutrientes. Quando as cor- rentes de água param, durante a maré baixa, as plumas sulfurosas dos respiradolros asfixiém um grande rúnero de copépodos que afl..ndérll no oceano. Os carangue,os saem das fendas das rochas circundantes e allmentam- se dos copépodos mortos. 820 • Sadava, He ller, Orians, Purves & Hlllis Fluxo de energia (calonaslm2/dia) (A) Floresta Biomassa ~m2) ' Nas ftorestas, a maio<' Figura 37.3 Diagrama de biomassa e dlstri· buição de energia Os diagramas de energia (coluna da esquerda) pemllem compara- os padrões de fllxo de energia através dos níveis tr611cos em diferentes ecossistemas. Os diagra- mas de biomassa (coluna da direita) permitem comparar a quantidade de matenal presente nos seres vivos em distintos níveis tróficos. / parte da biomassa está presa na madeira e. normalmente, nao está dlsl'.)OIWel para a malooa . ..... - -· - .. dos herbívoros. - (B) Pradaria A maior parte da biomassa de o.ma pradaria ~ / encontra-se nas plantas e ~ . a maior pane da enetgia lü atravês delas. .... ~ .... .. - - ---- .. (C) Mar aberto ' ~ ~ -- , , - . - -~e -- - 1 1 - ---- Nível tróílCO uma comlridade marma Pt'OWZ paãões CJ Cons. secundános de biomassa surpreendentemente diferentes. Os produlOOIS são algas [] Cons. pMlér'ios trlcelulares e se dvldel'll 1Ao rapidamente que uma pequena biom8ssa pode sustenta- D Produtores primários uma biomassa m\Ato malor de hertlllioros. ···~tfJijliii@·i As espécies que vivem e interagem em uma área consti- tuem uma comunidade ecológica. Embora cada espécie tenha interações únicas dentro de uma comunidade ecoló- gica, a comunidade como um todo, pode ser estudada com base na sua distribuição de energia e biomassa. • Você entende como o conceito de níveis tróficos é útil para a descrição das comunidades ecológicas? Ver p. 818 e Ta- bela 37 1. • O que são as teias alimentares e o que elas descrevem? Ver p. 819 e Figura 37.2 . • Qual é a principal causa das diferenças entre os padrões de distribuição de energia e biomassa nas comunidades? Ver p. 819 e Figura 37.3. A distribuição de energia e biomassa revela aspectos importantes das comunidades ecológicas, mas não nos mostram quais proces- sos inJluenciam mais fortemente a estrutura e a dinâmica de uma comunidade. Na próxima seção, exploramos os diferentes tipos de interações entre as espécies e de que forma elas influenciam as propriedades das comunidades como um todo. 37.2 Que processos influenciam a estrutura das comunidades? As propriedades das comunidades ecológicas são influenciadas não apenas por quem se alimenta de quem, mas também pela maneira de que forma os seres vivos afetam uns aos outros en- quanto procuram alimento. Felizmente, as muitas maneiras pelas quais as espécies interagem podem classifica-se cm um pequeno número de categorias (Tabela 37 .2): • Predação ou parasitismo: interações nas quais um partici- pante é prejudicado enquanto o outro beneficia-se (intera- ções+/-). • Competição: interação na qual dois seres vivos usam os mes- mos recursos e estes recursos são insuficientes para suprir as suas necessidades combinadas (interação -/-). • Mutualismo: interação na qual ambos os participantes sebe- neficiam (interação+/+). • Comensalismo: interação na qual um dos participantes é be- neficiado e o outro não se afeta (interação +/O). • Amensallsmo: interação na qual um dos participantes é pre- judicado e o outro não se afeta (interação 0/-). Todos esses tipos de interação combinados com os efeitos do ambiente físico inílucnciam a densidade populacional das espé· cies. Eles também podem restringir a distribuição das condições ambientais sob as quais as espécies persistem. Se não existis- sem competidores, predadores ou patógenos no seu ambiente, a maioria das espécies seria capaz de persistir sob uma variedade mais ampla de condições abióticas do que o fazem na presença de outras espécies. Por outro lado, a presença de mutualistas pode aumentar a variação de condições ambientais sob as quais uma espécie pode persistir. A predação e a competição parecem, à primeira vista, proces- sos diferentes, mas eles interagem fortemente porque a maioria dos seres vivos são predados por mais de uma espécie e porque a maioria dos predadores inclui muitas outras espécies em sua dieta. Os competidores são, freqüentemente, predadores que ex- ploram dietas semelhantes. Olharemos em maior detalhe todas essas interações para ver sob quais condições elas operam e como influenciam a dinâmica da comunidade. Vida • 821 TABELA 37.2 Tipos de interações ecológicas EFEITO NA ESPÉCIE 2 PREJUDICIAL BENÉFICO NEUTRO EFEITO NA ESPÉCIE 1 Competição (- /- ) Predação ou parasitismo (-/+) Amensalismo (-10) PREJUDICIAL BENÉFICO NEUTRO Predação ou parasitismo (+/-) Mutualismo(+/+) Comensalismo (+/O) Amensalismo (O/-) A predação e o parasitismo são universais A predação e o parasitismo são processos universais. Cada espécie serve de alimento para, pelo menos, uma outra espécie e nenhuma delas está inteiramente livre de parasitos e patógenos. Os parasitos são tipicamente menores do que seus hospedeiros e podem viver dentro ou fora do corpo do hospedeiro. Os parasitos freqüentemente se alimentam dos seus hospedeiros sem matá-los. Alguns parasites são apenas um pouco menores do que o hospedeiro, mas os 1nicro- parasitos1 como os vírus, bactérias e protistas patogênicos, são muito menores. Múltiplas gerações de microparasitos podem existir dentro de um único indivíduo e um hospedeiro abrigar milhares ou milhões deles. Como resultado, as interações parasito-hospedeiro diferem de maneira interessante das interações predador-presa. Os predadores são, geralmente, maiores e vivem fora do corpo da sua presa. Os herbívoros são predadores de plantas; eles po- dem se alimentar de muitos indivíduos sem matá- los, enquanto os predadores de animais normalmente matam as suas presas. AS POPULAÇÕES DE PREDADORES E PRESAS FREQÜEN- TEMENTE OSCILAM Você pode pensar que os predadores sim- plesmente reduzem o tamanho das populações Comensalismo (O/+) exemplos conhecidos de tais flutuações na densidade popula- cional guiadas pela interação predador-presa. As populações de lemingues-do-ártico e seus principais predadores - coruja-das- neves, gaivota- rapineira e raposa-do-ártico - oscilam com perio- dicidade de 3 a 4 anos. As populações do lince-canadense e de sua principal presa, a lebre, oscilam em um ciclo de 9 a 11 anos (Figura 37 .4). Por muitos anos, os ecólogos pensaram que as oscilações po- pulacionais lebre- lince eram causadas apenas pelas interações entre lebres e linces. Recentemente, Charles Krebs e colegas da Universidade da Columbia Britânica realizaram experimentos no Território )Ukon, Canadá, a fim de testar a hipótese de que as osci- lações entre as duas espécies são causadas por flutuações na dis- ponibilidade de alimento para as lebres, bem como pela predação pelos linces. Eles cercaram algumas áreas com grades que permi- tiam a passagem das lebres, mas impediam a passagem dos linces, e forneceram a limento em algumas destas á reas. Os resultados dos experimentos mostraram que as oscilações são motivadas tanto pela predação pelo lince quanto pelas interações das lebres com o seu suprimento alimentar (Figura 37.5). de suas presas, mas as conseqüências das inte - rações predador-presa mostram-se muito mais complexas. Os predadores com freqüência debilitam as populações de suas presas, mas também causamflutuações nas densidades das populações das presas. Em parte, devido a esse aspecto da predação, as interações predador- presa podem, na verdade, resultar em aumen- tos nas populações de presas. Lepus americanus Lynx canadensls O aumento da população de um preda- dor quase sempre ocorre após o aumento da população da sua presa. Conforme aumenta o número de predadores, eles podem consu- mir a maior parte da população de sua p re- sa. Então, a população do predador, que não possui mais alimento suficiente, colapsa. As oscilações nas populações de pequenos ma- míferos e de seus predadores em altas latitu- des, onde existem apenas poucas espécies de predadores e presas, constituem os melhores Figura 37 .4 Populações de lebre e lince apresentam ciclos na natureza O ciclo de 9 a 11 anos da população de lebres e de seu principal predador, o lince-canadense, foi reve- lado nos registros do número de peles vendidas por caçadores para a Hudson Bay Company. 160 E ~100 ! 80 Q) -e 60 Q) .s 40 z O número de lebres (presa) ~ _ \ r .... Número de linces (predador) Cada ciclo populacional consiste em um aumento até um pico. um decllnlo e um tamanho Pfl®600 antes do próximo aumento. Estes ciclos predador-presa seguem um padrão de oscilação regtAar. 20 Q L-J_..;_..l-~~-Ll...!-~-1--'---'----'--"J...1.-~<-L--:'--:'=--:7:"'"'-:-:':":: 1845 1855 1865 1875 1885 1895 1905 1915 1925 1935 822 • Sadava, Heller, Orians, Purves & Hlllis EXPERIMENTO HIPÓTESE: Os ciclos populacionais de lebres são Influenciados tanto pelo suprimento alimentar quanto pelos predadores. MÉTODO 1. Se!ecoonar 9 éreas de 1 km2 de floresta de corifere não-perturbada. 2. Fornecer aimento adicional para as lebres durante todo o ano, em duas destas áreas. 3. Colocar uma cerca elétrica ao redor de outras duas áreas, com malha larga o suficiente para permitir a passagem das lebres, mas não dos lroes. 4. Fornecer almento extra em Lma dessas áreas fechadas. 5. AdiclOll8f fertizantes para metiorar a qualidade do alimento em outr8S ruas iYeas. 6. Usar as outras três áreas oomo controles não-manlpulados. i s § t i ~ -8 ~ i ~ ~ ~ 5 3 1 5 3 1 5 3 1 17 15 13 11 9 7 5 3 1 RESULTADOS ------... Almento adlOOflado Predadores excluídos Fertllczante adlCIOll3do Alimento adicionado e prodadores excluídos ,.......;;:::::=::::: A ac:àçllo de alimento tnplcou a dellSldade de lebres. A exclusão de /:...., p<edadores dobrou a densidade de lebres. A fert!ização do solo para ai.mentar a qualidade da vegetação COOSl.mlda pelaS lebres n!lO teve efeeo signlficalM>. A adição de alimento .......,"'::::::~ e a exclusão de pre· dadores aumentaram dramaticamente a densidade de lebres. Um ciclo populadonal da lebre (11 anos) CONCLUSÃO: Os ciclos populacionais das lebres foram Influenciados pela disponibilidade do seu alimento bem como pela interação com os seus predadores. OS PREDADORES PODEM RESTRINGIR A DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES Os predadores podem restringir, também, o ha- bitat e a distribuição geográfica das suas presas. A região biogeo- gráfica Australásia (ver Figura 34.8) consiste na moradia de um grupo de aves da família Megapodiidae que não incubam os seus ovos. Em vez disso, colocam os ovos em montículos de material vegetal cm decomposição, onde eles são aquecidos pelo calor da decomposição (Figura 37.6). Os pais visitam freqüentemente o Figura 37.5 Os ciclos populacionais de presas podem ter múltiplas causas Expermentos mostra-am que tanto o supri· mento alimentar (mas não a qualidade do alimento) quanto a preda- ção afetaram as densidades populacionais da leb<e. ninho e, se necessário, adicionam ou removem matéria decom- posta para manter os ovos sob uma temperatura adequada. Megapodfdeos são excelentes colonizadores. Eles têm coloni- zado muitas ilhas oceânicas remotas e encontram-se cm muitas ilhas à oeste da Linha de Wallace (ver Figura 34.7), mas estão au- sentes em todas as ilhas asiáticas que possuem mamíferos preda- dores. Os ovos deíxados em grandes e conspícuos montinhos de vegetação cm decomposição são evidentes para os mamíferos co- medores de ovos. Os megapodídeos têm sobrevivido apenas nas regiões onde os predadores primários são marsupiais, poucos dos quais alimentam-se de ovos. O MIMETISMO EVOLUIU EM RESPOSTA À PREDAÇÂO Os predadores não capturam presas ao acaso. As presas apresentam variações que as tornam mais ou menos suscetíveis de serem cap- turadas. Conseqüentemente, as espécies de presas evoluíram uma ampla variedade de adaptações que as tornam 1nais difíceis de capturar, dominar e comer. Entre essas adaptações encontram-se pêlos e cerdas tóxicas, espinhos duros, substâncias químicas no- civas, camuflagem e mimetismo de objetos não-palatáveis ou de seres vivos maiores e mais perigosos. Os predadores, por sua vez também evoluem para se tomarem mais eficientes em superar as defesas das presas. O mimetismo é a adaptação da presa contra a predação me- lhor estudada. Uma espécie palatável pode mimetizar uma es- pécie não-palatável ou nociva - processo chamado mimetismo Bateslano - ou duas ou mais espécies não-palatáveis ou nocivas podem convergir para tomarem-se parecidas - processo chamado mimetismo Mulleriano. O mimetismo Batcsiano funciona por- que um predador que captura um indivíduo de uma espécie não- palatável ou nociva aprende a evitar outras presas de aparência semelhante. No entanto, se o predador captura um mimético pa- latável, ele é recompensado com alimento. Ele aprende a associar Leípoa ocelata Figura 37 .6 A distribuição da família Megapodildae é limita- da pelos predadores de terra firme Um megapodfdeo no seu montículo-ninho. Os mamíferos predadores de ovos destroem os ovos mais acessiveis; desta forma, estas aves limitam-se às áreas onde os únicos predadores mamiferos são os marsupiais, entre os quais são raros os comedcres de ovos. palatabilidade com a aparência daquela presa. Como resultado, indivíduos de espécies não-palatáveis são atacados mais freqüen- temente do que seriam se não tivessem miméticos Batesianos. Indivíduos não-palatáveis, que diferem dos seus miméticos mais do que a média, têm menor probabilidade de serem atacados por predadores que tenham comido um mimético. Dessa forma, a seleção direcional (ver Seção 22.3) faz as espécies não-palatáveis evoluírem diferenças em relação aos miméticos. Sistemas de mi- metismo 13atesiano podem evoluir e permanecer apenas se o mi- mético evolui em direção a uma espécie-modelo não-palatável mais rápido do que o modelo não-palatável evolui diferenças em relação ao mimético. Geralmente isso acontece somente se o mi- mético é menos comum que a espécie-modelo não-palatável. Todas as espécies em um sistema de mimetismo Mulleriano beneficiam-se quando um predador inexperiente come indivíduos de qualquer das espécies, porque os predadores aprendem que todas as espécies de aparência semelhante não são palatáveis. Al- gumas das borboletas tropicais mais espetaculares são membros de sistemas de mimetismo Mulleriano (Figura 37.7), da mesma forma que muitos tipos de abelhas e vespas. OS HOSPEDEIROS RESISTEM As INFECÇÕES POR MICRO- PARASITOS Para uma população de microparasitos sobreviver cm uma população de hospedeiros, pelo menos um novo indi- víduo hospedeiro, cm média, deve ser infectado com o micropa- rasito antes que cada hospedeiro infectado morra. Os membros de uma população hospedeira envolvidos em uma interação parasito hospedeiro dividem-se cm três classes distintas: susce- tíveL infectada ou recuperada (e, assim, imune; ver Capítulo 18). Alterações no número de indivíduos em cada classe dependem Vida • 823 dos nascimentos, mortes, infecções e desenvolvimento e perda de imunidade. Um microparasito pode invadir prontamente uma população de hospedeiros dominada por indivíduos suscetíveis, mas à me- dida que a infecção se espalha, cada vez menos indivíduossusce- tíveis estarão presentes. Eventualmente, será atingido um ponto em que os indivíduos infectados, em média, não transmitirão a infecção para pelo menos um outro indivíduo. Então, a infecção desaparecerá. Como resultado, as taxas de infecção por micropa- rasitos geralmente aumentam e, então, decaem e não crescem no- vamente até que uma população suficientemente densa de hos- pedeiros suscetíveis reapareça. Um microparasito pode ser transferido de um indivíduo hos- pedeiro para outro através de contato corporal direto, da respira- ção, de fluidos corporais, de produtos excretados por indivíduos infectados, da água ou de um vetor animal . Um único hospedeiro infectado apresenta a capacidade de infectar um grande número de outros indivíduos se continuar a infectar outros por um lon- go período de tempo, até mesmo após a sua morte. Um indiví- duo infectado também pode facilmente espalhar uma infecção para muitos outros indivíduos se o microparasito dispersar pela água. A cólera, uma das doenças h umanas mais fatais, é causada pela bactéria Vibrio cholerae, que noonalmentc vive nos oceanos onde infecta copépodos e outros pequenos animais planctônkos, mas também vive em água doce. As pessoas ingerem o V. choleme bebendo água contaminada. A bactéria produz uma toxina que danifica os mecanismos do balanço iônico das células que reves- tem o intestino delgado e as pessoas infectadas defecam grandes quantidades de bactérias (ver a abertura do Capítulo 5). Uma úni- ca pessoa infectada pode liberar milhares de bactérias patogênicas na água e estimular uma nova infecção. Em Bangladesh, onde a maioria das pessoas obtém a água para consu- mo diretamente dos rios, a filtragem da água através de tecido dobrado pode diminuir a taxa de infecção em 50% (Figura 37.8). Recentemente , pesquisadores encontraram seis Vfrus característicos de espécies de prima- tas não-humanos no sangue de 930 pessoas em Camarões, as quais haviam consumido carne fresca de primatas ou ' carne de caça' A derrubada das florestas troPtQaJS aumenta o acesso dos caçado<es aos prrnatas e gera um mercado local de carne de caça, estando, des- ta rorma, relacionada com a transrerêncla de vfrus potencialmente perigosos para os seres humanos. Altamente não-palatáveis D Moderadamente não-palatáwls Altamente palatáveis (miméticos BatesianosJ D Palatabllldade para pássaros ainda não testada • Miméticos Mullerianos de borboletas na mesma coluna Figura 37.7 Sistemas miméticos Mulleria- nos e Batesianos Através da convergência em aparência, os miméticos Mullerlanos não- palatáveis entre estas espécies de borboletas e mariposas da Costa Rica se reforçam na intimi- dação de predadores. Os miméticos Batesianos palatáveis se beneficiam porque os predadores aprendem a associar estes padrões de cor com a não-palatabilidade. 824 • Sadava, Heller, Orlans, Purves & Hillis Figura 37.8 A filtragem da água pode ajudar a combater a cólera A bactéria V/brio chOlerae espalha-se pelos suprimentos de água contaminada. Quando a âgua para o consumo é obtida de fontes abertas como esta, mesmo a s imples a titude de filtrar a água a través de um tecido pode baixar a taxa de infecção. A competição é comum, pois todas as espécies compartilham recursos Quase todas as espécies compartilham pelo menos parte da sua dieta e o uso de outros recwsos com outras espécies, mas essa divisão de recursos somente influencia a abundânàa e a distri - buição das espécies se os indivíduos reduzirem a habilidade de acesso dos outros ao recurso, seja interferindo nas suas atividades - competição por interferência - ou reduzindo a disponibilidade dos recursos - competição por exploração. A competição pode ocorrer en tre indiví- duos da mesma espécie ou de espécies dife- rentes. A competição intra-especifica - entre indivíduos da mesma espécie - pode reduzir as taxas de crescimento e reprodução de al- guns indivíduos, excluir alguns dos melhores habitats e provocar a morte de outros. A com- petição intra-específica consiste na principal causa das taxas de natalidade e mortalidade dependentes da densidade que discutimos na Seção 36.3. A competição interespecíjica - entre indivíduos de espécies diferentes - afeta os in- divíduos da mesma maneira, mas, além disso, um competidor superior pode impedir o uso do habitat por todos os indivíduos de outra es- pécie, um fenômeno conhecido como exclu- são competitiva. A COMPETIÇÃO PODE RESTRINGIR O USO DO HABITAT PELA ESPÉCIE As plantas fo tossinlctizantcs normalmente competem por espaço, razão pela qua l os jard ineiros e agricultores capinam os seus cultivos. A ocupação do espaço dá à planta acesso à luz do sol (pela qual os brotos competem), à água e aos nutrientes minerais (pelos qua is as raízes competem). A competição entre animais sésseis também pode restringir a sua distribuição no habitat. Por exemplo, duas espécies de cracas, Balanus balanoides e 01thama/us stelatus, disputam espaço na zona entremarés (Figura 37,g), As laivas planctônicas das duas espécies colonizam os níveis entre a maré alta e a baixa do litoral rochoso do Oceano Atlântico Norte e se desenvolvem em adultos sésseis. Curiosamente, no entanto, as duas populações acabam ocupan- do áreas diferentes. Chthamalus adultos vivem, geralmente, mais alto na zona entremarés do que Ba/a11us adultos e existe pouca sobreposição entre as áreas ocupadas pelas duas espécies. O que explica essa distribuição diferente na zona entremarés? Figura 37.9 A competição restringe a d istribuição das cracas na região entremarés A competição f'lterespecffica entre Ba- lanus e Chthamalus torna a zona que Zona de estabelectmento larval Bslanus Zona de estabelecimento larval Chthamalus Chrhamllius mortos por ressecamento cada espécie utiliza menor do que elas poderiam ocupar na ausência da outra espécie. A largura das barras verme- lhas e azuis é proporcional às densida- des das populações. (distribulç!lo Distribuição Maré alta de slzígia Maré alta potencial real de de adultos) adultos de quadrati.ra Nlvel médK> de maré Maré baixa de slzlgca Ba/anus mortos por ressecamento T Existe i.ma pequena sobreposição na cisllibulçao dos adlAtos. (distribuição Distribuição potencial de real de adultos) adultos Chtharnalus é mais resistente ao ressecamento, mas perde na compeliçêo com 88/anus em PQrtes mais profundas da zona entremarés Balanus pode '"- sobre l.fTI3 larga faoca de prolurOdade, mas é mas sensMll ao resseaimentodoque OllhamalJs San Fernando I 1948 San Bernardino Vespas A chrysompha6 eram amplamoole dlstri:luídas em 1948 quando A. lngnBOOflsiS foi Introduzida. Distribuição de A chrysomphal D A fngn8nensis 1958 . . Em um prazo de 1 O anos. a nova vespa tima vencido a oompatição com a outra espécie ao longo da maioria de sua distribuição. Figura 37.10 Uma vespa parasitóide vence a competição com um parente próximo Aphytis lingnanensis deslocou A. ch!ysornphali na maior parte de sua dlstnbuição no período de uma década após a sua Introdução. Através da remoção experimental destas espécies, Joseph Connell mostrou que a distribuição vertical dos adultos de cada uma das espécies é maior na ausência da espécie competidora. As laNas de Cl1tha11mlus normalmente se estabelecem cm gran- de número na zona de Balanus. Se Balanus encontra-se ausente, os jovens Chtl1an1alus sobrevivem e crescem bem na zona de Ba- /anus, mas se Balanus está presente, eles sufocam, esmagam o u arrancam os Chthamalus. Jovens Balanus também se estabelecem na zona de Chthamalus, mas os jovens Balanus crescem muito len- tamente porque perdem água de forma rápida quando expostos ao ar. Desta forma, Chthamalus tem sucesso na competição com Balanus nesta zona. O resultado da interação competitiva entre as duas espécies é um padrão de zoneamento entremarés, com Chtlm111alus crescendo na zona acima de Balanus. Vida • 825 A COMPETIÇÃO PODERESTRINGIR A DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES Uma espécie pode limitar a distribuição de outra pela redução das populações de presas compartilhadas até níveis tão baixos que a outra espécie não consegue persistir. Considere a distribuição de duas espécies de vespas pacasitóides que parasi- tam cochonilllas. Vespas, cujas larvas penetram, comem e matam as cochonilhas, foram introduzidas no sul da Califórnia a fim de controlar erupções de cochonilhas que danificavam seriamente os pomares de plantas do gênero Cítrus. A vespa do Mediterrâneo Aphytis chryso111phali foi introduzida no sul da Califórnia por volta de 1900, mas falhou no controle das cochonilhas. Conseqüente- mente, um parente próximo oriundo da China, A. lingnane11sis, foi introduzido em 1948. Aphytis lingnanensis, tem uma taxa reprodu- tiva maior e aumentou rapidamente sua população. No período de uma década, ela reduziu muito as densidades populacionais das cochonilhas e deslocou A chryson1phali da maior parte de sua distribuição na Califórnia (Figura 37.10). O comensalismo e o amensalismo são interações comuns Os amensalismos são interações comuns e inevitáveis. Por exem- plo, manadas de mamíferos bebendo em uma fonte de água po- dem esmagar e matar muitas plantas. Não existe benefício para os mamíferos cm esmagar as plantas; a destruição não se dá in- tencionalmente, mas é inevitável. Galhos e folhas mortas caem das árvores freqüentemente danificando as plantas menores e os animais sob elas. As relações de comensalismo e mutualismo também estão em toda parte. Considere grandes mamíferos herbívoros como os rinoceron- tes pastando nas planícies africanas (Figura 37.11). Enquanto for- rageia, o mamífero perturba uma multidão de insetos na grama, esmagando alguns e inadvertidamente consumindo outros em Figura 37.11 Uma única comunidade pequena demonstra muitas interações Na planície africana. grandes herbivoros como os rinocerontes-negros perturbam as coml.tlidades de In- setos. As garças-vaqueiras capturam os Insetos desalojados; nem o desalojamento amensal dos insetos ou a atividade comensal das aves têm qualquef efeito sobre o rinoceronte. As búfagas (as pequenas a110s 9SCU'as nas costas do rinoceronte) remOll9m carra- patos da pele de rruitos mamífe.-os africanos. Neste mutualismo as aves conseguem alimento e os mamíferos f1Ca'T1 livres dos piw-asl- tos. O diagama à direita revela a complexidade ecológica da cena. Predação Mutualismo Rnocaro 11811 Amensallsmo Predação 826 • Sadava, Heller, Orians, Purves & Hillis uma relação de amensalismo. Além disso, a relação de comen- salismo evoluiu entre grandes herbívoros e algumas espécies de aves predadoras de insetos. Aves como as garças-vaqueiras nor- malmente forrageiam no chão ao redor da cabeça e dos pés dos mamíferos, onde capturam insetos afugentados pelos cascos e boca. As garças-vaqueiras que forrageiam próximo aos mamíferos pastejadores capturam mais alimento com menos esforço do que as garças que forrageiam mais longe. O benefício para as garças é claro; os mamíferos não ganham nem perdem. Em outro as- pecto da comunidade mostrada na Figura 37.11, uma relação de mutualiS1no evoluiu entre o rinoceronte e outra espécie de ave; as aves conhecidas como búfagas (oxpecker) arrancam os carrapatos que se alimentam de sangue da pele dos mamíferos pastejadores. A ave ganha uma refeição e o mamífero ganha alguma proteção contra o parasito. Esses mutualismos existem entre muitas espé- cies e são objeto de longos estudos. A maioria das espécies participa de interações de mutualismo Interações de mutualismo existem entre plantas e microrganis- mos, entre pro tistas e fungos, entre plantas e insetos e entre plan- tas. A maioria das plantas tem associações benéficas e criticas com fungos habitantes do solo chamados micorrizas que aumentam a habilidade da planta de extrair minerais do solo (ver Figura 30.10). A relação mutualistica entre plantas e bactérias que fixam nitrogê- nio do gênero Rhizobium constitui a base da vida como a conhece- mos (ver Seção 42.4). São abundantes os exemplos de mutualismos entre animais e protistas. Os corais e algumas outras espécies marinhas ganham a maior parte de sua energia de protistas fotossintetizantes que vi - vem dentro de seus tecidos. Em pagamento, fornecem nutrientes dos pequenos animais planctônicos que capturam para os pro- tistas. Os cupins têm protistas em seus intestinos que os ajudam a digerir a celulose da madeira que comem. Os cupins fornecem aos protistas um ambiente adequado para viver e um suprimento abundante de celulose. Plantas terrestres têm muitas interações mutualísticas com animais. Conforme vimos no começo deste capítulo, muitas plan- (A) tas produzem néctar em suas partes vegetativas que atraem for- migas, as qua is dão à planta proteção contra seus predadores e competidores. Experimentos com acácias da América Central mostraram que as árvores privadas de suas formigas são forte- mente atacadas por herbívoros e apresentam um crescimento muito pequeno. Muitas plantas dependem de animais para transportar o seu pólen e fornecem a eles recompensas ricas em nutrientes (Figura 37 .12A). As plantas se beneficiam ao terem pólen transferido para outras plantas e ao receberem pólen para fertilizar os seus óvulos. Os animais se beneficiam pela obtenção de alimento na forma de néctar e pólen. O movimento para outra planta da mesma espé- cie é encorajado pela quantidade limitada de néctar em todas as plantas e pela existência de recompensas semelhantes em outras da mesma espécie. Contudo, esse arranjo tem um preço para a planta: a energia e os materiais que ela usa para produzir néctar e outras recompensas não podem ser utilizados para o crescimento ou a reprodução. Interações entre plantas e seus polinizadores e dispersores de sementes são certamente, mas não somente, mutualísticas. Mui- tos dispersores de sementes também são predadores de sementes que destroem algumas que removem das plantas. Alguns animais que visitam flores fazem buracos nas pétalas para alcançar o néctar sem transferir qualquer pólen. Por outro lado, algumas plantas ex- ploram os seus polinizadores. As flores de algumas orquídeas, por exemplo, mimetizam fêmeas de insetos, seduzindo os machos a copular com elas (Figura 37.128). Esses insetos machos não pro- duzem qualquer descendente nem obtêm qualquer recompensa, mas transferem pólen entre as flores, beneficiando a orquídea. Figura 37.12 Mutualismos animal-planta são Importantes para a polinização (A) Um morcego do gênero Brachyphytla ob- tém néctar de uma orquídea na Índia Ocidental. Geralmente, algum pólen amarelo se adere sobre a boca e a cabeça do morcego e é, então. espalhado para outras flores. (8) Por outro lado, a poliniza· ção da orquídea Ophrys scolopax não se qualif1Ca como mutua- lismo. O macho da abelha Eucera longicornis é persuadido, pelo cheiro e aparência da flor, a uma tentativa de cópula. A orquídea será polinizada, mas a abelha não receberá nenhuma recompensa e desperdiçará valiosa energia. (B) M;l@;1111+·i - As Interações entre as espécies agrupam-se em cinco categorias: interações predador-presa (ou parasito-hos- pedeiro), competições, comensalismos, amensalísmos e mutualismos. • Você pode explicar como as densidades das populações de predadores e presas freqüentemente sofrem oscilações? Ver p. 821 e Figura 37.5. • Você pode nomear duas diferentes maneiras através das quais as espécies competem? Ver p. 824 • Você pode nomear pelo menos dois tipos comuns de mu- tualismo que são vitais para a sustentação das plantas que mantém toda a vida terrestre? Ver p. 826 Como ilustrado na Figura 37.11, muitas interações acontecem ao mesmo tempo em qualquer comunidade. De que modo essas múltiplas interações influenciam as propriedades das comunida- des ecológicas? 37.3 Como as interações entre as espécies produzem as cascatas tróficas? As interações de uma única espécie predadora cm umacomu- nidade podem propiciar o desenvolvimento de efeitos indiretos através dos níveis tróficos sucessivamente mais baixos. Esse pa- drão chama-se ca scata trófica e pode ser ilustrado pelos efeitos da população de lobos no Vale Lamar no Parque Nacional Yello- wstone (EUA). Um predador pode afetar muitas espécies diferentes A teia alimentar no Parque NadonalYellO\vstone é extremamente complexa. No parque, os lobos se alimentam de antilocapros, ve- ados, bisões, carneiros silvestres e alces. Eles dividem essas pre- sas com coiotes, pumas, ursos-pretos e ursos-pardos. Apesar da complexidade das interações em Yellowstone, os lobos exercem efeitos particularmente fortes na estrutura e dinâmica da comu- nidade do parque. Yellowstone, o primeiro parque nacional dos Estados Unidos, estabeleceu-se cm 1872, mas a caça ilimitada de mamíferos conti- nuou no interior e entorno do parque por anos após a sua criação. Em 1886, o exército americano assumiu a responsabilidade de prote- ger os recursos silvestres no parque, mas os soldados continuaram a. matar os mamíferos predadores (exceto os ursos) a fim de aumentar as populações dos grandes herbívoros que os visitantes queriam ver. A matança dos predadores continuou quando o Serviço de Parques Nacionais assumiu a administração do parque em 1918. Em 1926, os lobos já haviam sido extirpados do parque (Figura 37.13A). Os censos anuais de alces começaram em Yellowstone em 1920. Para prevenir que os alces ultrapassassem a capacidade de suporte do parque, manadas de alces foram abatidas até 1968, quando, cm resposta à pressão pública, o abate de alces foi inter- rompido. Quando o abate terminou, a população de alces cresceu rapidamente (Figura 37.138). Sem lobos, a população de alces comeu os brotos de faias com tanta intensidade que nenhuma árvore jovem foi constatado na população após 1920 (Figura 35.13C, D). Os alces comeram também os brotos de sa lgueiro nas Vida • 827 (8) 20 ~~15 ~ l10 §I 5 •;;) z Suspensão -· PoPIAação de lobos I •. doabate • • \ " . (1968).. • ... i ~· • • ' .... • • I • • , .. ., Alces o 1900 1920 1940 1960 1980 2000 2020 Ano (C) 30 ' 1Q -+-~~~~~~~~---.. -+-~~~+. " 25 ! 20 ~ 1Q 15 "' --B 10 e "' .s z 5 (D) 1800 Lobos presentes Lobas ausentes : 1850 1900t 1920 Datas de estabelecimento 1950 t 1999 Figura 37 .13 Lobos iniciaram uma cascata trófica (A) Os lobos foram ebminados do Parque Nacional Yeilowstone em 1926 e reintroduzidos em 1995. (B) Na ausência dos lobos, as popula- ções de alces fora'l1 controladas pelo abate até 1968. Quando o abate dos alces terminou em 1968, a população dos alces cresceu rapidamente. (C) Na ausência dos lobos, os alces Impediam o apa- recimento de faias. Nenhum indMduo jovem está se estabelecendo sob estas árvores velhas (D). 828 • Sadava, Heller, Orians, Purves & Hillis margens dos rios resultando na quase exterminação de castores no Vale Lamar. (As faias e os salgueiros cresciam bem nas áreas onde os alces tinham sido exc:luídos, mostrando que o seu declí- nio não era urna conseqüência do c:lima daquele período). Em 1995, após 70 anos de ausência, reintroduziram-se os lo- bos em Yellowstone e a sua população cresceu rapidamente. Os lobos predaram principalmente os alces. A população de alces do Vale Lamar diminuiu e os alces passaram a evitar os bosques de faias onde ficavam mui to vulneráveis aos lobos. As faias jovens começaram a crescer, os sa lgueiros voltaram a brotar ao longo dos rios e o número de colônias de castores aumentou de uma em 1996 para sete em 2003. Dessa forma, a presença ou ausência de um único predador, o lobo, influenciou não apenas a população da sua presa, mas também a estrutura da vegetação e das popula- ções de outras espécies que dela dependem. As cascatas tróficas podem ter efeitos sobre vários ecossiste- mas diferentes, pois os indivíduos de muitas espécies movem-se entre os distintos tipos de habitat. Por exemplo, as larvas de libé- lula são predadores aquáticos que se alimentam de outros insetos e, até mesmo, de pequenos peixes; a larva, por sua vez, constitui- se alimento para peixes maiores. As larvas sobreviventes passam pela metamorfose para se tornarem libélulas adultas que se ali- mentam de insetos voadores. As larvas de libélula abundam em lagos sem peixes e muito menos comuns em lagos com peixes. Ecólogos da Universidade da Flórida estudaram 12 lagos permanentes que diferiam princi- (A) (8) 70 Tamanho da libélula - Grande - Média 35 - Pequena Sem peixe Ubellula pulchella (C) - Moscas - Mariposas Abelhas Peixe Sem peixe Figura 37 .14 Cascatas tróficas podem transpor habitats (A) As libélulas afetam a composição das comunidades de vários há- b~ats. (B) As populações de libélulas adultas são maiores na proxi- midade de lagos sem peixes do que próximo a lagos com peixes. (C) Mais insetos polinizadores encontram-se nas proximidades de lagos com peixes do que de lagos sem peixes, pois os peixes redu- zem a população de libélulas que consistem nos principais preda- dores dos polinizadores. Pisaster ochraceus Figura 37.15 Algumas estrelas-do-mar são espécies- chave Estrelas-do-mar Pisaster ochraceus extraíram todos os mexilhões das partes inferiores das rochas na Península Olympic de Washington. Através do consumo dos mexilhões, Pisas ter cria espaços nas rochas. ocupados por uma variedade de outras espé- cies. paimente pela presença (oito lagos) e ausência (quatro lagos) de peixes. Eles descobriram que as libélulas adultas (Figura 37.14A) eram muito mais abundantes perto dos lagos sem peixes do que perto dos lagos com peixes (Figura 37.148). Insetos polinizadores predados pelas libélulas eram muito mei1os comuns ao redor dos lagos sem peixes. As flores da erva-de-são-joão, a planta mais co- mum próximo dos lagos, eram menos freqüentemente visitadas nas imediações de lagos sem peixes do que próximo de lagos com peixes (Figura 37. 14C). A.lém disso, as plantas próximas dos lagos se1n peixes produziam menos sementes; os pesquisadores de- monstraram que a polinização artificial resulta em menor produ- ção de sementes porque as plantas não recebem pólen suficiente. Desta forma, os efeitos da predação pelos peixes em um habitat atingiram outro onde os peixes não existiam. Os castores provocam cascatas tróficas tan to através do que consomem quanto através do que constroem. Ao utilizarem pre- ferencialmente algumas espécies de árvores, eles alteram a com- posição da vegetação e, ao construírem represas, criam campi- nas e lagos que servem de habitat para espécies que, sem o seu serviço, não viveriam na área. As espécies que criam estru turas denominam-se engenheiros do ecossistema. Espécies-chave têm efeitos de ampla distribuição Uma espécie que exerce uma influência desproporcional com re- lação à sua abundância na comunidade chama-se espécie-chave. A espécie-chave pode influenciar a riqueza de espécies das comu- nidades e o fluxo de energia e materiais através do ecossistema. A estrela-do-mar Pisaster ochraceus, que vive nos ecossistemas rochosos entremarés da costa do Pacífico da América do Norte, é u.m exemplo de espécie-chave. A sua presa preferida é o mexilhão Mytilus ca/ifornianus. Na ausência de estrelas-do-mar, esse mexi- lhão impede a entrada de seus competidores por falta de espaço em uma larga faixa da zona entremarés. Ao consumir mexilhões, P. ochraceus cria espaços vazios que podem ser ocupados por uma variedade de outras espécies (Figura 37.15). Robert Paine, da Universidade de Washington (EUA), demons- trou a influência de Pisaster sobre a riqueza de espécies pela sua remoção experimental repetida de partes selecionadas na zona entremarés durante um período de cinco anos. Duas grandes mudanças ocorreram nas áreas das quais ele havia removido as estrelas-do-mar. Primeiro, o limite inferior do leito de mexilhões estendeu-se bem para baixo na zona entremarés, mostrando que as estrelas-do-mareram capazes de eliminar completamente os mexilhões nas áreas onde eles são cobertos pela água a maior par- te do tempo. Segundo, e mais impressionante, 28 espécies de ani- mais e algas desapareceram das zonas de remoção das estrelas- do-mar. Finalmente, apenas Mytilus, o competidor dominante, ocupou todo o substrato. Através dos efeitos da predação nas re- lações competitivas, Pisaster tem uma forte influência em espécies que vivem nestas comunidades rochosas entremarés. As espécies-chave não são, necessariamente, predadores. Uma planta que serve de alimento para muitos animais diferen- tes também pode ser uma espécie-chave, como sugerido para es- pécies de figueiras das florestas tropicais. Os frutos das figueiras amadurecem d urante épocas do ano em que outros frutos são raros. As populações de dezenas de espécies frugívoras depen- dem dos figos quando nenhum outro fruto encontra-se presente na floresta. 1p+;JtW;1111+·i Algumas interações interespecfficas geram uma cascata trófica com efeitos indiretos nas espécies de níveis trófi- cos mais baixos. Espécies-chave têm uma influência muito forte na riqueza de espécies das comunidades e no fluxo de energia e materiais através dos ecossistemas. • Descreva um exemplo de como as espécies provocam efei- tos Indiretos sobre muitos níveis tróficos. Ver p . 827-828 e Figura 37.13. • O que são espécies-chave e como elas afetam o ambiente de outras espécies? Ver p . 828-829. Agora que já observamos algumas das maneiras nas quais as intera- ções interespecíficas influenciam a estrutura das comunidades eco- lógicas, analisaremos como as perturbações físicas abióticas influen- ciam a composição de espécies de urna dada comunidade e como o seu conjunto de espécies pode mudar após uma perturbação. 37.4 Como as perturbações afetam as comunidades ecológicas? Uma perturbação é um evento que modifica a taxa de sobrevi- vência de uma ou mais espécies em uma comunidade ecológica. As perturbações podem remover algumas espécies da comuni- dade, mas podem abrir espaço e recursos para outras espécies. As espécies-chave geram perturbações como vimos no caso das estrelas-do-mar, mas perturbações também são geradas por even- Vida • 829 tos físicos. Troncos carregados pelas ondas podem esmagar algas e animais fixos nas rochas em uma comunidade entremarés. Um vendaval pode derrubar árvores esmagando arbustos e ervas. Os efeitos destas perturbações normalmente limitam-se a pequenas áreas. Outros tipos de perturbações, furacões e erupções vulcâ- nicas, por exemplo, afetam áreas muito maiores. As perturbações pequenas são muito mais comuns do que as grandes, mas alguns poucos eventos grandes podem ocasionar a maioria das mudan- ças em uma comunidade. Um furacão, por exemplo, pode derrubar mais árvores do que anos de tempestades"normais". Os efeitos das perturbações também dependem da freqüência com que elas ocorrem. Por exemplo, se vendavais fortes são freqüentes, as árvo- res podem nunca ter a oportunidade de ficarem muito a ltas. Um tipo particular de perturbação pode ter uma variedade de efeitos. Por exemplo, um grande incêndio queimou um terço do Parque NacionalYellowstone, em 1988, criando um mosaico que incluía pedaços de terra não queimados, áreas onde apenas os arbus tos e ervas foram queimados e áreas onde todas as árvores foram destruídas (Figura 37.16). De que forma essa comunidade ecológica se recuperou após a perturbação? Sucessão é uma mudança em uma comunidade após a perturbação Un1a mudança na composição de espécies de uma comunidade ecológica após uma perturbação chama-se sucessão. Os ecólo- gos dividem a sucessão em dois tipos principais: a sucessão pri - mária e a sucessão secundária. A sucessão primária ocorre em substratos onde não existiam seres vivos. A sucessão secundária ocorre em substratos onde alguns seres vivos sobreviveram à úl- tima perturbação. Os padrões e as causas da sucessão ecológica são variados, mas as espécies que colonizam uma área logo após uma perturbação freqüentemente alteram as condições ambien- tais para as outras espécies que virão depois. Um bom exemplo de sucessão primária observa-se nas mu- danças nas comunidades vegetais que seguiram a retração de uma geleira na Glacier Bay, Alasca, durante os últi.mos 200 anos. O de- gelo e retração da geleira deixaram uma série de m&nmas - depósi- tos de cascalho formados quando a frente glacial ficou estacionada Figura 37.16 O fogo criou um mosaico de áreas queimadas e não-queimadas Esta vista do Parque Nacional Yenowstone foi obtida um ano após a grande queimada da floresta em 1988. 830 • Sadava. Heller. Orians. Purves & Hillis Plantas pioneiras o o o Amieiros o Estágio de transição o o o o o o o o fotossintéticos. Morenas um pouco mais velhas mais distantes da frente glacial têm liquens, musgos e umas poucas espécies de ervas com raiz superficial. Ainda mais distante da frente glacial as morenas su - cessivamente mais velhas têm salgueiros arbustivos, amieiros e abetos. Morena mais jovem Morena um pouco mais velha * * ~ Ao comparar morenas de diferentes idades, os ecólogos deduziram o padrão de sucessão vegetal e mudanças no con- teúdo de nitrogênio do solo em uma mo- rena glacial (Figura 37.17) . A sucessão é causada, em parte, pelas mudanças no solo provocadas pelas próprias plantas. O nitrogênio encontra-se virtualmente ausente das morenas glaciais, as plantas que melhor crescem nas morenas recém- formadas da Glacier Bay consistem nas herbáceas Dryas e nas árvores de amieiro (Alnus), as quais têm bactérias fixadoras de nitrogênio em nódulos nas suas raízes (ver Figura 42.7). A fixação de nitrogênio por Dryas e amieiros melhorou o solo para o crescimento de abetos vermelhos. Frente glacial 300 Morena ainda um Morena mais velha pouco mais velha Os amieiros fixam mrogênio no solo, melhorando as condições para o crescimento dos abetos vermelhos. 1 50 100 150 200 Idade da morena (anos) Figura 37.17 Sucessão primária em uma morena glacial À medida que a comunidade vegetal que ocupa uma morena glacial na Glaciar Bay, Alasca, muda de um conjunto de plantas pioneiras, como Dryas, para uma floresta de abetos vermelhos, o nitrogênio se acumula no solo mineral. por muitos anos. Nenhum obsecvador humano estava presente para medir todas mudanças que ocorreram durante o período de 200 anos, mas os ecólogos inferem o padrão temporal de sucessão através do estudo das comunidades vegetais nas morenas de dife- rentes idades. As morenas mais jovens, as mais próximas da atual frente glacial, são povoadas por bactérias, fungos e microrganismos Os abetos vermelhos, então, venceram a competição e desalojaram os amieiros e Dryas. Se o clima local não mudar dra- maticamente, uma comunidade de floresta do1ninada por abetos vermelhos provavelmente persistirá por muitos séculos nas more- nas velhas da Glacier Bay. A sucessão secundária pode começar com parte de um cadá- ver. A sucessão de espécies de fungos que decompõem acícu las de pinheiros na serrapilheira abaixo dos pinheiros Scots (Pinus sylves- tris) aparece na Figura 37 .18. Novas acículas caem continuamente dos pinheiros, de maneira que a camada superficial da serapilheira é a mais nova e as camadas mais profundas são progressivamente mais velhas. A decomposição inicia quando o primeiro grupo de fungos começa a atacar as acículas tão logo elas caem. Cada grupo Fungos de vários gêneros auxiliam na Coniosporium deco Via Expressa para o Sucesso em Gerenciamento de Projetos - Tudo que Você Precisa para Aceler. Acículas vivas O Aciculas recém-caídas Acículas levemente decompostas 8. Acículas E moderadamente ~ decompostas - ?anos Acículas altamente decompostas • sua 1 V -§ =- -~ § -·- (;j . ~ ~ § ~ ~ ·~ "" 8- Ü'. -J - - - ~ ~ ~ .si '8 1 ! - 7 Os produtos da degradação de um grupo de fungos servem de alimento para o crescimento do próximo grupo na sucessão.Tipos de fungos - - "' E "' 8 fü ~ "8 Jj - !!:: - 1 - .,- .'!! ~ Q) ~ "" E .Q ,g ~ ·;;; ~ ' ' Figura 37.18 Sucessão secun- dária em acículas de pinhei- ro Como indicado pela largura das barras cinza, as abundâncias de dez tipos de fungos na serapi- lheira de aciculas de pinheiro varia com o tempo à medida que as acículas são decompostas. 832 • Sadava, Heller, Orians, Purves & Hlllis América do Sul para a América do Norte (ver Figura 34.13). Es- ses padrões sugerem que os efeitos da inibição podem persistir por milhões de anos, mas os experimentos não podem avaliar os processos que ocorreram durante estes períodos. Os cientistas utilizam o método comparativo e examinam os padrões de ri- queza de espécies em comunidades ecológicas ao redor do mun- do para avaliar tais processos. 1g+ij@ij!iiit4t.1. Os distúrbios são eventos que modificam a taxa de sobre- vivência de uma ou mais espécies em uma comunidade ecológica. Sucessões ecológicas - um processo de mu- dança na estrutura da comunidade - geralmente seguem uma perturbação. • Descreva um exemplo de sucessão primária. Ver p. 829-830 e Figura 37.17. • Cite algumas maneiras como as espécies já estabelecidas facilitam a colonização por outras espécies. Ver p. 830. • Você entende por q ue as comunidades com níveis interme- diários de perturbação freqüentemente têm mais espécies do que as comunidades com niveís muito baixos ou altos de perturbação? Ver p. 831 e Figura 37.19 Algumas comunidades ecológicas são a moradia de muitas espé- cies; outras comunidades têm apenas poucas espécies. Na pró- xima seção, discutiremos os padrões de riqueza de espécies e os fatores que os influenciam. As reg.oes montanhosas. como o oes1e dos Estados Unidos, são ricas em espécies porque têm um maior número de tipos de wgetação e cima. A riqueza de espécies a.rneRa em dreção ao Equador. No entanto, as penin9IJas têm menos espécies do que as dr98S ~tes. 37.5 O que determina a riqueza de espécies em comunidades ecológicas? O número de espécies vivendo em uma comunidade denomina-se riqueza de espécies. Os ecólogos estão cientes do padrão geográ- fico de riqueza de espécies há muitos anos: mais espécies encon- tram-se nas ba ixas latitudes do que nas altas. A Figura 37.20 mostra esse gradiente latitudinal na riqueza de espécies de mamíferos das Américas do Norte e Central. Existem padrões semelhantes para aves, anfíbios, árvores e muitos táxons marinhos. A figura também mostra que mais espécies encontram-se em regiões montanhosas do que em áreas relativamente planas porque existem mais tipos de vegetação e climas dentro de regiões topograficamente complexas. A riqueza de espécies em ilhas e penínsulas é sempre menor do que a encontrada em uma área equivalente no continente mais próximo. Os padrões de riqueza de espécies em ilhas podem ser explicados em grande parte pelas diferenças nas taxas de imigração e extinção (ver Seção 34.5). Quais outros processos determinam a riqueza de espéàes nas comunidades ecológicas de terra firme? A riqueza de espécies influencia-se pela produtividade A riqueza de espécies das comunidades ecológicas está relaciona- da com a produtividade do ecossistema, mas a relação entre estes dois fatores é complexa. Inicialmente, os ecólogos observaram que a riqueza de espécies freqüentemente aumentava com a produti- vidade até um certo ponto e, então, decrescia (Figura 37.21). O aumento ocorre porque o número de indivíduos que uma área pode suportar aumenta com a produtividade e porque as taxas de extinção de espécies são menores com ta- man hos populacionais maiores. Todavia, por que a ri- queza de espécies diminuiria quando a produtividade ainda mostra-se alta? Uma hipótese pressupõe que a competição inte- rcspecífica toma-se mais intensa quando a produtivi- dade é muito alta, resultando em exclusão competitiva de algumas espécies. Essa hipótese é sustentada pelos resultados de um experimento de longo prazo iniàa- do em 1855, na Estação Experimental Rothrnstead, na Inglaterra. Algumas parcelas de solo foram fertilizadas regularmente para aumentar a sua produtividade e as parcelas com e sem a adição de fertiliza ntes foram monitoradas continuamente. Neste período, o núme- ro de espécies de plantas nas parcelas não fertilizadas permaneceu relativamente constante, enquanto a ri - queza de espécies declinou nas parcelas fertilizadas. A riqueza de espécies e a produtividade influenciam a estabilidade do ecossistema Vimos que, até um certo ponto, a produtividade mais alta do ecossistema favorece um aumento na riqueza de espécies. Como a riqueza de espéàes pode, por sua 1 1 1 1 1 1 1 1 20 40 60 80 100 120 140 160 Número de espécies de mamíferos Figura 37.20 Gradiente latitudlnal da riqueza de espécies de mamíferos norte- americanos As zonas coloridas representam regiões com igual número de espécies. Um padrão semelhante encontra-se no Hemisfério Sul. ~ ~9 ~ 17 ~5 l r6 3 ~ e • O rúnero de espécies • -.~•:..::::::;:::::1 presentes é mais alto ,, em llTI nível lnlennediatlo de procUMdade. ~1'------------------- -~ Menor -+-------------- Maior z Produ\Mdade do ecossistema Figura 37.21 Picos de riqueza de espécies em produtividade intermediária O número de espécies de roedores que vrvem nas planicies rochosas e pedregosas do Deserto de Gobl, localizado entre o norte da China e o sul da Mongólia, atinge um pico em um nível intermedié.rio de produtivídado. vez, influenciar a produtividade do ecossistema? Os ecólogos le- vantaram a hipótese de que a riqueza de espécies pode aumentar a produtividade porque não existem duas espécies na comunidade que tenham a mesma relação com o ambiente. Dessa forma, uma mistura mais rica de espécies resultaria em um uso mais completo dos recursos disponíveis. Além disso, se o ambiente se altera, um ecossistema rico em espécies contém, mais provavelmente, espé- cies já adaptadas às novas condições do que ecossistemas pobres em espécies. Se esse for o caso, então um ecossistema rico em espécies também seria mais estável; isto é, ele teria menor variação no tempo em relação à produtividade e à composição de espécies do que os ecossistemas pobres cm espécies. Para testar essa hipótese, David lilman e colaboradores na Universidade de Minnesota limparam várias parcelas ao ar livre. Neles foram plantadas gramíneas cm misturas que variaram de poucas a 25 espécies. No final de cada estação de crescimento, eles mediam a biomassa total e a densidade populacional de todas as gramíneas em cada parcela. Em um período de 11 meses, que incluiu uma seca severa, as parcelas com mais espécies eram mais produtivas e a sua produtividade variou menos de um ano para o outro, suportando a primeira parte da hipótese (Figura 37.22). No entanto, a densidade populacional de cada espécie nas parcelas não foi estável ao longo dos anos (independente da riqueza de espécies da parcela), pois diferentes espécies se deram melhor em anos de seca e cm anos úmidos. Um maior número de espécies encontra-se em regiões de baixa latitude do que em regiões de alta latitude. A riqueza de espécies se relaciona positivamente com a produtivida- de dos ecossistemas até certo ponto e , então, diminui em níveis de produtividade muito altos. • Por que a nqueza de espécies diminui em níveis altos de produtividade? Ver p. 832 e Figura 37.21 . • Por que as comunidades com muitas espécies são mais produtivas e mais estáveis do que as comunidades com menos espécies? Ver p. 833 e Figura 37.22 Vida • 833 EXPERIMENTO HIPÓTESE: Comunidades com muitas espécies deveriam ter maior produtividade e estabilidade do que comunidades com poucas espécies. MÉTODO Li11par parcelas e semeá-las com quantodades e misturas d~erentes de espécies de gramínoes. Medir a plOdutlvidade e a ~de espéc10S nas parcelas em l.fTI perfodo de 11 MOS. RESULTADOS W A produtlVldade aumenta com a riqueza de espécies 60 o ·~55 R so 1: -8 35 ~ 30 ~ 25 o 5 10 15 20 25 (B) A variação na produ!Mdade dmOJI com a nqueza de espécies Alta • ~ 2! :f ~ • • • • ~g • • • • ~., m -o m . .. ' ~~~ ., ·~ • • • I • • . '· ~ • • • • BaiXa,__ _ _._ __ .._ _ _,_ __ _._ _ __.. _ __, o 2 4 6 8 10 12 Número médio de espécies CONCLUSÃO: As parcelas com mais espécies foram mais produtivas e tiveram menor variação na produtividade. Figura 37.22 A riqueza de espécies aumenta a produtividade da comunidade A produtlVidade primária líquida foi maior e a sua variação anual menor nas parcelas ricas em espécies de gramíneas do que nas parcelas pob<es. 834 • Sadava, Heller, Orians, Purves & Hlllis RESUMO DO CAPÍTULO mJ O que são comunidades ecológicas? As espécies que vivem e interagem em uma érea constituem uma comunidade ecológica As comuíldades ecológicas são conjuntos variáveis de espécies. Rever Figura 37 .1 . As espécies de uma comunidade podem ser divididas em níveis tróficos baseados na sua fonte de energia. Os produtores primários obtêm ene<gia a parti' da luz do sot Os herbívoros que adQU1rem energia ao ingerir os produtores primários são os consumidores primários, as espécies que obtêm energia ao se alimentar dos herbívoros são consumidores secundários e assim por dante. Rever Tabela 37.1. Uma cadela alimentar representa quem se alrnenta de quem. Uma teia alimentar mostra como as cadelas alimentares estão i'lter· conectadas em uma comunidade ecológica. Rever Figura 37.2 . Outros tipos de diagrama mostram como a energia diminui enquan- to passa de um nível trófico mais baixo para um mais alto e a biomassa das espécies presentes em cada nível trófico. Rever Figura 37 .3 . A maior parte da energia ingerida pelos indMduos que se converte em blOIT1assa, eventualmente, é consi..rnida pelos decompositores. ~ Que processos influenciam a estrutura das comuni· l:.&IUI dades? As nterações entre as espécies podem ser classificadas em cinco categorias: a predaçio ou parasitismo beneficiam o predador ou parastto enquanto preµkam a presa ou hospedeiro; a competição é preju<)cial para todos os participantes; o mutua· llsmo é uma associação que beneficia todos os participantes; o comensalismo beneficia apenas uma das espécies envolvidas enquanto não beneficia nem prejudica a outra; o amensalismo não afeta uma das espécies, mas prejudica a outra. Rever Tabe· la 37.2 . As interações predador-presa geralmente sofrem oscilações. Quando a população de predadores cresce, eles podem consu- mir a maioria das suas presas; a população do predador. então, colapsa Rever Figura 37 .4 . Os predadores podem restringir a forma como as espécies de suas presas fazem uso do habitat e a sua distrb.Jlção geográfica. Re- ver Figura 37.6. O mimetismo constitui uma adaptação da presa à predação. No mimetismo Batesiano uma espécie palatável mimetiza uma espéole não·palatável. No mimetismo Mullerlano duas ou mais espécies não-palatáveis convergem para se tomarem se- melhantes. Rever Figura 37.7 . As populações de microparasitos podem persistir apenas se, em média, cada hospedeiro infectado transmitir a Infecção para ou- tro Individuo. A competição pode rasrnngr a abundânaa e a distnbulção das es- pécies. A competição por interferência toma o forrag0IO mais diflal; a competição por exploração diminui a disponibilidade de recursos. Na exclusão competitiva uma espécie Impede todos os membros de uma outra espécie de utílizarem o habitat. Rever Figuras 37 .9 e 37 .1 O. rtrl Como as Interações entre as espécies produzem as E.1.11:.1 cascatastróflcas? Ao reduzir a população da sua presa, um predador pode gerar uma cascata tróflca de efeito indireto sobre os nlveis tróficos suces· SNamente mais baixos. As cascatas tróficas podem se proietar sobre diferentes hábrtats. Rever Figuras 37 .13 e 37 .14. Os engenheiros do ecossistema são espécies que constroem estrunxas que cnam ambientes para outras espécies. Uma espécie-chave afeta uma comunidade i'lteira desproporcio· nalmente em ralação à sua abundância. l:'t'r.I Como as perturbações afetam as comunidades eco· E.Llli.I lógicas? Uma perturbação consiste em um evento que modifica a taxa de sobrevivência de uma ou mais espéaes em uma comu· rndade. A sucessão ecológica é uma mudança na compooção de espécies de uma comtr1idade após uma pertutbação. A sucessão priméria ocorra em substratos previamente inabita· dos. A sucessão secundária ocorre em locais onde alguns inóMduos sobreviveram há mais recente perturt>ação. Rever Ftguras 37.17 e 37.18. A hipótese da perturbação intermediária e><plica porque as comunidades com nível intermediário de perturbação freqüente· mente têm mais espécies do que as comunidades com nivels de perturbação muito altos ou muito baixos. Rever Figura 37 .19. As espécies já estabelecidas podem facilitar ou Inibir a colonização por outras espécies. ~ O que determina a riqueza de espécies em comunl· ~ dades ecológicas? O l'Unero de espécies vivendo em uma cornt.ndade constrtui a sua riqueza de espécies. Um número maior de espécies da maioria dos dados encontra-se nas regiões de baixa latrtude do que nas regiões de alta latitude. Rever Figura 37.20. A riqueza de espécies freqüentemente aumenta com a produtMda· de, mas somente até certo ponto. Rever Figura 37.21 . Os ecossistemas ricos em espécies tendem a variar menos em relação à produtMdade e à composição de espécies do que os ecossistemas pobres em espécies. Rever Figura 37.22. Vida • 835 QUESTÕES 1. Uma comunidade ecológica é o conjunto de: a. todas as espécies que vivem e interagem com as outras espécies em uma área. b. todas as espécies que vivem e interagem com as outras espécies em uma área junto com o ambiente abiótico. e. todas as espécies cm uma área que pertencem a um mesmo nível trófico. d. todas as espécies componentes de uma teia alimentar local. e. todas as respostas acima. 2. Um nível trófico consiste nas espécies: a. cuja fonte de energia passou através do mesmo número de etapas para atingi-las. b. que utilizam métodos de forrageio semelhantes para obter ali- mento. e. consumidas por um grupo semelhante de predadores. d. que se alimentam de plantas e de outros animais. e. que competem umas com as outras pelo alimento. 3. Quando um recurso está escasso, duas espécies que u tilizam este mesmo recurso são chamadas de: a. predadoras. b. competidoras. e. mutualistas. d. comensais e. amensais 4. O dano causado aos arbustos pelos galhos que caem das árvores constitui um exemplo de: a. competição por interferência. b. predação parcial. e. a mensalismo. d. comensalismo. e. coevoluç~o difusa 5. Os gráficos de distribuição de energia e biomassa de florestas e prada- rias diferem porque: a. as florestas são mais produtivas do que as pradarias. b. as florestas são menos produtivas do que as pradarias. e. os grandes mamíferos evitam viver em florestas. d. as árvores armazenam muito mais energia em madeira de difícil di- gestão, enquanto as plantas da pradaria produzem poucos tecidos de difícil digestão. e. as gramíneas crescem mais rápido do que as árvores. 1. Algumas evidências sugerem que a competição intercspecífica é res- ponsável pelo decréscimo na riqueza de espécies sob altos níveis de produtividade. Que outtas hipóteses podcrirun explicar esta intricada relação? Como você poderia testá-las? 2. O aumento na produtividade e estabilidade em comunidades ricas em espécies poderia explicar-se pelas diferenças ecológicas entre as espé- cies ou pelo fato de que quanto mais espécies existirem em uma comu- nidade maior será a sua chance de possuir uma espécie surpreendente- mente produtiva. Como você poderia diferenciar estas duas hipóteses? 3. Se as comunidades ricas em espécies são mais produtivas do que as comunidades pobres em espécies como a agricultura moderna, ba- Os experin1entos ilustrados na Figura 37.5, mesmo realizados em par- celas fechadas de
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