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Mateus (MHenry)

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MATEUS 
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 Introdução 
 Capítulo 1 Capítulo 8 Capítulo 15 Capítulo 22 
 Capítulo 2 Capítulo 9 Capítulo 16 Capítulo 23 
 Capítulo 3 Capítulo 10 Capítulo 17 Capítulo 24 
 Capítulo 4 Capítulo 11 Capítulo 18 Capítulo 25 
 Capítulo 5 Capítulo 12 Capítulo 19 Capítulo 26 
 Capítulo 6 Capítulo 13 Capítulo 20 Capítulo 27 
 Capítulo 7 Capítulo 14 Capítulo 21 Capítulo 28 
 
Introdução 
Mateus, também chamado Levi, antes de sua conversão era um 
publicano, ou cobrador de impostos, sujeito aos romanos em Cafarnaum. 
De maneira geral se reconhece que ele escreveu seu evangelho antes de 
quaisquer dos demais evangelistas. O conteúdo deste evangelho e a 
prova dos escritores antigos mostram que foi escrito primordialmente 
para o uso da nação judaica. O cumprimento da profecia era considerado 
pelos judeus como uma prova firme, portanto, Mateus usa este feito de 
forma especial. Aqui há partes da história e dos sermões de nosso 
Salvador, particularmente selecionados por adaptar-se melhor para 
despertar a nação judaica a ter consciência de seus pecados; para 
eliminar suas expectativas errôneas de um reino terrestre; derrubar o 
orgulho e engano existentes em si mesmos; para ensinar-lhes a natureza 
e magnitude espiritual do Evangelho; e para prepará-los para admitir os 
gentios na Igreja. 
 
Mateus 1 
Versículos 1-17: A genealogia de Jesus; 18-25: Um anjo aparece a 
José. 
Vv. 1-17. Acerca desta genealogia de nosso Salvador, observe a 
intenção principal. Não é uma genealogia desnecessária, nem foi 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 2 
elaborada por vanglória como costuma ser a dos grandes homens. 
Demonstra que nosso Senhor Jesus Cristo é da nação e família da qual 
iria surgir o Messias. A promessa da benção foi feita a Abraão e sua 
descendência; a do domínio, a Davi e sua descendência. Foi prometido a 
Abraão que Cristo descenderia dele (Gn 12.3; 22.18), e a Davi que 
descenderia dele (1 Sm 7.12, SI 89.3; 132.11); portanto, a menos que 
Jesus seja filho de Davi e filho de Abraão, não é o Messias. Isto se prova 
nesta passagem com registros bem conhecidos. 
Quando o Filho de Deus quis tomar a nossa natureza, Ele se 
aproximou de nós em nossa condição caída e miserável, porém estava 
perfeitamente livre de pecado; e enquanto lemos os nomes de sua 
genealogia não nos esqueçamos de quão baixo se inclinou o Senhor da 
glória para salvar a raça humana. 
Vv. 18-25. Vejamos as circunstâncias em que o Filho de Deus 
entrou neste mundo inferior, até que aprendamos a desprezar as honras 
vãs deste mundo, quando as comparamos com a piedade e santidade. 
O mistério de Cristo feito homem deve ser adorado; não devemos 
inquirir nisto por curiosidade. Foi assim ordenado que Cristo participasse 
de nossa natureza, mas puro da contaminação do pecado, em que toda a 
raça de Adão havia andado. 
Observe que Deus guiará aqueles que pensam, e não aqueles que 
não pensam. o tempo de Deus para chegar com instrução ao seu povo se 
dá quando estão perdidos. os consolos divinos confortam mais a alma 
quando esta está pressionada por pensamentos que confundem. 
Foi dito a José que Maria traria o Salvador ao mundo, e que ele 
poria no menino o nome de Jesus, o Salvador. O nome Jesus tem o 
mesmo significado de Josué. A razão deste nome é clara, porque aqueles 
a quem Cristo salva, salva-os dos pecados deles, da culpa do pecado pelo 
mérito de sua morte e do poder do pecado pelo espírito de sua graça. Ao 
salvá-los do pecado, salva-os da ira e maldição e de toda desgraça, aqui e 
depois. Cristo veio salvar o seu povo não nos pecados deles, mas dos 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 3 
pecados deles, e assim redimi-los de entre os homens para si. Ele que é 
separado dos pecadores. 
José fez como ordenou o anjo do Senhor, rapidamente e sem 
demora, com júbilo, sem discutir. Aplicando as regras gerais da Palavra 
escrita, devemos seguir a direção de Deus em todos os passos de nossa 
vida, particularmente em suas grandes mudanças, que são dirigidas por 
Deus, e encontraremos que isto é seguro e consolador. 
 
Mateus 2 
Versículos 1-8: Os magos buscam a Cristo; 9-12: Os magos 
adoram a Jesus; 13-15: Jesus é levado ao Egito; 16-18: Herodes ordena 
que se matem as crianças de Belém; 19-23: Morte de Herodes. Jesus é 
trazido a Nazaré. 
Vv. 1-8. Os que vivem completamente afastados dos meios da 
graça, costumam usar a máxima diligência e aprendem a conhecer o 
máximo de Cristo e de sua salvação. Porém, nenhuma habilidade 
especial, e nenhum aprendizado puramente humano, são capazes de levar 
os homens a Ele. Devemos aprender de Cristo obedecendo a palavra de 
Deus, como luz que brilha em um lugar escuro, e buscando os ensinos do 
Espírito Santo. Aqueles em cujos corações se levanta o sol da manhã, 
para dar-lhes o necessário conhecimento de Cristo, fazem de sua 
adoração sua atividade preferida. 
Ainda que Herodes fosse muito velho, e nunca houvesse mostrado 
afeto por sua família, e sendo improvável que vivesse até que o recém 
nascido chegasse à idade adulta, começou a turbar-se com o temor de um 
rival. Não compreendeu a natureza espiritual do reino do Messias. 
Acautelemo-nos da fé morta. o homem pode estar persuadido por muitas 
verdades e ainda odiá-las, pelo fato de elas interferirem em sua ambição 
ou libertinagem. Tal crença o incomodará, e este se decidirá mais a opor-
se à verdade e à causa de Deus; e pode ser muito néscio para esperar ter 
êxito nisto. 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 4 
Vv. 9-12. Ninguém sabe tão bem quanto gozo sentiram estes sábios 
ao avistarem a estrela, como aqueles que depois de uma longa e triste 
noite de tentação e abandono, sob o poder de um espírito de escravidão, 
finalmente recebem o Espírito de adoção, dando testemunho ao espírito 
de cada um que são filhos de Deus. Podemos pensar que desilusão foi 
para eles quando descobriram que uma cabana era seu palácio, e a única 
serva que tinha era a própria e pobre mãe. Contudo, estes magos não se 
sentiram impedidos, porque havendo encontrado o Rei que buscavam, 
ofereceram-lhe seus presentes. Quem humildemente busca a Cristo não 
tropeçará se encontrá-lo, com seus discípulos em cabanas escuras, depois 
de tê-lo buscado em vão em palácios e cidades populosas. 
Existe uma alma ocupada em buscar a Cristo? Desejará adorá-lo e 
dizer-lhe: "Sim, sou uma criatura pobre e néscia e nada tenho a 
oferecer"? Claro que não! Não tem um coração ainda indigno dEle, 
escuro, duro, néscio? Ofereça-o tal como é, e prepare-se para que Ele o 
utilize e o disponha da maneira como apraza a Ele; Ele o tomará, e o fará 
melhor, e nunca se arrependerá de havê-lo dado. Ele o modelará à sua 
semelhança, e Ele mesmo será dado, e será seu para sempre. 
Os presentes dos magos eram ouro, incenso e mirra. A providência 
divina os mandou como socorro oportuno para José e Maria, em sua 
atual condição de pobreza. Assim nosso Pai celestial, que sabe de que 
necessitam seus filhos, usa a alguns como mordomos para suprir a 
necessidade dos demais e dar-lhes o provimento desde os confins da 
terra. 
Vv. 13-15. O Egito havia sido uma casa de escravidão para Israel, e 
particularmente cruel para as crianças de Israel; porém, seria um lugar de 
refúgio para o Santo menino Jesus. Quando é do agrado de Deus, Ele 
pode fazer com que o pior dos lugares sirva ao melhor dos propósitos. 
Esta foi uma prova da fé de José e Maria. Porém, a fé deles, sendo 
provada, foi achada firme. Se nós e nossos filhos estamos com 
problemas em qualquer tempo, recordemos os apertos em que Cristo 
esteve quando era uma criança. 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 5 
Vv. 16-18. Herodes não matou somente todos os meninos de 
Belém, mas também a todos aqueles que moravam nas aldeias que 
pertenciama esta cidade. A ira desenfreada, armada com um poder 
ilícito, às vezes leva os homens a crueldades absurdas. Não foi uma 
atitude injusta de Deus permitir isto; cada vida é entregue à sua justiça 
assim que nasce. As enfermidades e a morte dos pequenos não são prova 
do pecado original. o assassinato destes meninos foi um martírio. Como 
começou cedo a perseguição contra Cristo e seu reinado! 
Herodes cria que obstruíra as profecias do Antigo Testamento, e os 
esforços dos magos para encontrarem a Cristo; porém, o conselho do 
Senhor permanecerá, por mais astutas e cruéis que sejam as artimanhas 
dos corações dos homens. 
Vv. 19-23. O Egito pôde servir por um tempo como estada ou 
refúgio, mas não de forma permanente, para viver ali. Cristo foi enviado 
às ovelhas perdidas da casa de Israel, e a elas deve retornar. Se 
observarmos o mundo como o nosso Egito, o lugar de nossa escravidão e 
exílio, e só o céu como nossa Canaã, nosso lar e nosso repouso, 
deveremos nos levantar rapidamente e partir daqui quando formos 
chamados, como José saiu do Egito. 
A família deveria estabelecer-se na Galiléia. Nazaré era um lugar 
tido em pouca estima, e Cristo foi crucificado com esta acusação: Jesus 
Nazareno. onde quer que a providência nos designe os [imites de nossa 
habitação, devemos partilhar o vitupério de Cristo; ainda que possamos 
nos gloriar em ser chamados por seu nome, asseguremo-nos de que se 
sofrermos com Ele, também com Ele seremos glorificados. 
 
Mateus 3 
Versículos 1-6. João Batista – sua pregação, seu estilo de vida, e o 
batismo; 7-12: João reprova os fariseus e os saduceus; 13-17: O 
batismo de Jesus. 
Vv. 1-6. Depois de Malaquias não houve profeta até João Batista. 
Este apareceu primeiro no deserto da Judéia. Não era um deserto 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 6 
desabitado, mas sim uma parte do país, não densamente povoado nem 
muito ilhado. Nenhum lugar é tão remoto a ponto de excluir-nos das 
visitas da graça divina. 
João pregava a doutrina acerca do arrependimento: "Arrependei-
vos". A palavra aqui usada implica completa mudança do modo de 
pensar: uma mudança de juízo, da disposição e dos afetos, uma 
inclinação diferente e melhor da alma. Considerem seus caminhos, 
mudem seus pensamentos; se pensaram mal, pensem de novo, e pensem 
bem. os verdadeiros penitentes têm pensamentos; de Deus e de Cristo, do 
pecado e da santidade, deste mundo e do outro, diferentes dos que 
tiveram anteriormente. A mudança do pensamento produz uma mudança 
de caminho. Este é o arrependimento do qual fala o Evangelho, o qual se 
produz ao ver a Cristo, ao sentir seu amor e a esperança do perdão por 
meio dEle. É um grande estímulo para que nós nos arrependamos; 
arrependei-vos porque vossos pecados serão perdoados se vos 
arrependerdes. Voltai-vos a Deus pelo caminho do dever, e Ele por meio 
de Cristo se voltará a vós pelo caminho da misericórdia. 
É agora tão necessário que nos arrependamos e humilhemos para 
preparar o caminho do Senhor, quanto o era então. Há muito que fazer 
para abrir caminho a Cristo em uma alma, e nada mais necessário que o 
descobrimento do pecado, e a convicção de que não podemos ser salvos 
por nossa própria justiça. o caminho do pecado e de Satanás é um 
caminho retorcido, mas para se preparar um caminho para Cristo é 
necessário endireitar as veredas (Hb 12.13). 
Aqueles que têm como atividade chamar aos demais a lamentar o 
pecado e a mortificá-lo, devem levar uma vida séria, de abnegação e 
desprezo para com o mundo. Dando aos demais este exemplo, João 
preparou o caminho para Cristo. 
Muitos foram ao batismo de João, mas poucos mantiveram a 
profissão de fé feita. Pode haver muitos ouvintes interessados, mas 
poucos crentes verdadeiros. A curiosidade e o amor pela novidade e 
variedade podem levar muitos a ouvir uma boa pregação, sendo afetados 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 7 
momentaneamente; há muitas pessoas que nunca se submetem à sua 
autoridade. Aqueles que receberam a doutrina de João, testificaram seu 
arrependimento confessando os seus pecados. Somente os que são 
levados com tristeza e vergonha, a reconhecer sua culpa, estarão prontos 
para receber a Jesus Cristo como sua justiça. os benefícios do reino dos 
céus, agora já muito próximo, foram-lhes selados pelo batismo. João os 
purificou com água, em sinal de que Deus os limparia de todas as suas 
iniqüidades, dando a entender com isto que, por natureza e costume, 
todos estavam contaminados e não podiam ser recebidos em meio ao 
povo de Deus, a menos que fossem lavados de seus pecados no 
manancial que Cristo abriria (Zc 13.1). 
Vv. 7-12. Dar aos ouvintes o sentido prático é a vida da pregação, e 
assim foi a pregação de João. os fariseus davam ênfase principal em 
observâncias exteriores, descuidando dos assuntos de mais peso na lei 
moral, e do significado espiritual de suas cerimônias legais. 
Outros eram hipócritas detestáveis, que faziam com suas pretensões 
de santidade um manto para sua iniqüidade. os saduceus estavam no 
extremo oposto, negando a existência dos espíritos e do estado futuro. 
Eles eram os infiéis escarnecedores dessa época e nesse país. 
Há uma grande ira vindoura. o grande interesse de cada um é fugir 
da ira. Deus, que não se deleita em nossa ruína, nos tem advertido pela 
palavra escrita, através dos ministros e pela consciência. Aqueles que 
dizem lamentar-se por seus pecados e persistem neles, não são dignos do 
nome de penitentes, nem de seus privilégios. Convém aos penitentes ser 
humildes e pequenos a seus próprios olhos, agradecer pela mínima 
misericórdia, ser pacientes nas grandes aflições, estar alerta contra toda a 
aparência do mal, abundarem todo dever, e ser caridosos ao julgar ao 
próximo. 
Aqui há uma palavra de cautela para não se confiar nos privilégios 
exteriores. Existem muitos cujos corações carnais são dados a seguir o 
que eles mesmos dizem dentro de si, e deixam de lado o poder da 
Palavra de Deus, que convence do pecado e de seu poder. Há multidões 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 8 
que não chegam ao céu por repousarem sobre as honras e nas simples 
vantagens de serem membros de uma igreja. Aqui está uma palavra de 
terror para o negligente e confiado. Nossos corações corruptos não 
podem dar bons frutos, a menos que o Espírito regenerador de Cristo 
implante a boa Palavra de Deus neles. Contudo, toda árvore com muitos 
dons e honras, por mais verde que pareça em sua profissão e 
desempenho exterior, se não der bons frutos, dignos de arrependimento, 
é cortada e lançada ao fogo da ira de Deus, que é o lugar mais apropriado 
para as árvores estéreis. Para que mais servem? Se não dão fruto, são 
boas como combustível. 
João mostra o propósito e a intenção da aparição de Cristo, a qual 
eles agora esperam com prontidão. Não há formas externas que possam 
limpar-nos. Nenhuma ordenança, independente de quem a administre ou 
a sua modalidade, é capaz de suprir a necessidade do batismo no Espírito 
Santo e com fogo. Somente o poder purificador do Espírito Santo pode 
produzir a pureza do coração, e os santos afetos que acompanham a 
salvação. Cristo é quem batiza com o Espírito Santo. Isto foi feito com 
os extraordinários dons do Espírito enviados aos apóstolos (At 2.4). Isto 
Ele faz com a graça e a consolação do Espírito, dados a todos que lhe 
pedem (Lc 11.13; Jo 7.58,39; At 11.16). 
Observe-se aqui, a igreja na era de Cristo (Is 21.10). os crentes 
verdadeiros são o trigo, substanciosos, úteis e valiosos; os hipócritas são 
como palha, levianos e vazios, inúteis, sem valor, levados por qualquer 
vento. Estão misturados bons e maus, na mesma comunhão exterior, mas 
virá o dia em que a palha e o trigo serão separados. o juízo final será o 
dia que fará a diferença, quando os santos e os pecadores serão separados 
para sempre. No céu os santos serão reunidos, e não mais separados; 
estarão a salvo e já não mais expostos; separados da corrupção exterior e 
interior. o inferno é o fogo inextinguível, quecertamente será a porção e 
o castigo dos hipócritas e incrédulos. Aqui a -vida e a morte, o bem e o 
mal, são postos diante de nós; como somos agora no campo, assim o 
seremos na árvore. 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 9 
Vv. 13-17. As condescendências da graça de Cristo são tão 
surpreendentes, que mesmo os crentes mais firmes apenas podem 
acreditar nelas a princípio; tão profundas e misteriosas que mesmo os 
que conhecem bem a sua mente estarão prontos a oferecer objeções 
contra a vontade de Cristo. Aqueles que são cheios do Espírito de Deus, 
enquanto estão aqui, percebem que precisam pedir mais de Cristo. Não 
há dúvida de que João tinha necessidade de ser batizado por Ele, porém 
Jesus declarou que Ele deveria ser batizado por João. Cristo estava 
naquela ocasião em estado de humilhação. Nosso Senhor Jesus 
considerou conveniente, para cumprir toda justiça, apropriar-se de cada 
instituição divina, e mostrar sua disposição para cumprir com todos os 
justos preceitos de Deus. 
Em Cristo e por meio dEle, os céus estão abertos para os filhos dos 
homens. 
A descida do Espírito sobre Cristo, demonstra que estava dotado 
sem medida com seus poderes sagrados. O fruto do Espírito Santo é 
amor, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão, 
temperança. 
No batismo de Jesus houve uma manifestação das três Pessoas da 
Santa Trindade. o Pai confirmando o Filho como Mediador; o Filho que 
solenemente se encarregada da obra; o Espírito Santo que desce sobre 
Ele para ser comunicado ao povo por seu intermédio. NEle os nossos 
sacrifícios espirituais são aceitáveis, porque Ele é o altar que santifica 
todo dom (1 Pe 2.5). Para aqueles que estão fora de Cristo, Deus é um 
fogo consumidor; para aqueles que estão em Cristo, um Pai reconciliado. 
Este é um resumo do Evangelho, o qual devemos abraçar com júbilo por 
fé. 
 
Mateus 4 
Versículos 1-11: A tentação de Cristo; 12-17: O começo do 
ministério de Cristo na Galiléia; 18-22: O chamado de Simão e dos 
outros; 23-25: Jesus ensina e faz milagres. 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 10 
Vv. 1-11. Com referência à tentação de Cristo, observe que Ele foi 
tentado logo depois de ser declarado Filho de Deus e Salvador do 
mundo. Os grandes privilégios e os sinais especiais do favor divino não 
asseguram a ninguém que não possa vir a ser tentado. Porém, se o 
Espírito Santo dá testemunho de que temos sido adotados como filhos de 
Deus, isso contestará todas as sugestões do espírito mal. 
Cristo foi levado ao combate. Se nos envaidecermos por nossa 
própria força e desafiarmos o Diabo a nos tentar, provocaremos uma 
situação em que Deus nos deixará à mercê de nossa própria sorte. Outros 
são tentados quando desviados por seus próprios desejos, e são seduzidos 
(Tg 1.14); o Senhor Jesus não tinha natureza corrupta, portanto, Ele foi 
tentado somente pelo Diabo. Na tentação de Cristo se observa que nosso 
inimigo é sutil, mal-intencionado e muito atrevido, mas é possível 
resisti-lo. Um consolo para nós é que Cristo sofreu sendo tentado, porque 
assim manifesta-se que nossas tentações, enquanto não cedemos a elas, 
não são pecado, mas tão somente aflições. Em todas as suas tentações, 
Satanás atacava para que Cristo pecasse contra Deus. 
1. Ele tentou fazê-lo perder a esperança em relação à bondade de 
seu Pai, e a não confiar no cuidado divino. Um dos ardis de Satanás é 
tirar proveito de nossa condição exterior; e os que são postos em apertos 
precisam redobrar sua guarda. Cristo respondeu todas as tentações de 
Satanás com um "Está escrito", para dar-nos o exemplo ao apelar ao que 
está escrito na Bíblia ; Devemos adotar este método cada vez que formos 
tentados a pecar. Aprendamos a não seguir rumos equivocados para a 
nossa provisão, conforme nossas próprias opiniões, quando nossas 
necessidades forem muito prementes: o Senhor proverá de uma ou de 
outra forma. 
2. Satanás tentou a Cristo a que suspeitasse do poder e proteção de 
seu Pai em termos de segurança. Não há extremos mais perigosos do que 
o desespero e a presunção, especialmente no que se refere aos assuntos 
de nossa alma. Satanás não se intimida de assaltar até em lugares 
sagrados. Não baixemos a guarda em nenhum lugar. A cidade santa é o 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 11 
lugar onde, com a maior vantagem, ele tenta os homens ao orgulho e à 
presunção. Todos os altos são lugares escorregadios; o avanço no mundo 
expõe o homem a tornar-se um alvo, para que Satanás dispare contra ele 
os seus dardos de fogo. Satanás está tão bem versado nas Escrituras que 
é capaz de citá-las facilmente? Sim, ele está. É possível que um homem 
tenha sua cabeça cheia de noções das Escrituras, e sua boca cheia de 
expressões das Escrituras, enquanto seu coração esteja cheio de 
inimizade inflamada contra Deus e contra toda bondade. Satanás citou 
mal as palavras. Se sairmos de nosso caminho, abandonaremos a 
promessa e nos colocaremos fora da proteção de Deus. Esta passagem 
(Dt 8.3) é feita contra o tentador, portanto ele omitiu uma parte. Esta 
promessa é firme e resiste bem. No entanto seguiremos no pecado para 
que a graça abunde? Não. 
3. Satanás tentou a Cristo quanto à idolatria, oferecendo-lhe os 
reinos do mundo e a glória deles. A glória do mundo é a tentação mais 
encantadora para quem não pensa e não se dá conta; isto é o que mais 
facilmente vence os homens. Cristo foi tentado a adorar Satanás. 
Recusou a proposta com repulsa e respondeu: "Vai-te daqui Satanás". 
Algumas tentações são abertamente más; e não devem ser simplesmente 
resistidas, mas reprovadas de imediato. Bom é ser rápido e firme para 
resistir à tentação. Se resistirmos ao Diabo este fugirá de nós. Porém a 
alma que se entrega a ele deliberadamente está vencida. Encontramos 
somente alguns que podem resistir de modo resoluto às práticas carnais 
oferecidas pelo Diabo; mas de que aproveita a um homem ganhar todo o 
mundo e perder a sua alma? 
Cristo foi socorrido depois da tentação para que fosse estimulado a 
seguir em seu esforço, e para que fôssemos estimulados a confiar nEle, 
porque sabia por experiência o que é sofrer sendo tentado, de modo que 
também sabia o que é ser socorrido na tentação; portanto, podemos 
esperar não somente que Ele sinta por seu povo quando este é tentado, 
mas que Ele mesmo se apresente com o socorro necessário e oportuno. 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 12 
Vv. 12-17. É justo que Deus retire o Evangelho e os meios da graça 
daqueles que os desprezam e os lançam para longe de si. Cristo não 
permanecerá por muito tempo onde não seja bem-vindo. os que estão 
sem Cristo estão em trevas, e instalados nesta condição, preferem-na 
mais do que a luz; são voluntariamente ignorantes. Quando vem o 
Evangelho, vem a luz; quando o Evangelho chega à qualquer parte, à 
uma alma, aí se faz dia. A luz revela e dirige; assim faz o Evangelho. 
A doutrina do arrependimento é um bom princípio apresentado pelo 
Evangelho. Não só o austero João Batista, mas também o bondoso 
Senhor Jesus, pregou o arrependimento. Ainda existe a mesma razão 
para fazê-lo deste modo. 
Não foi reconhecido por completo que o reino dos céus havia 
chegado, até a vinda do Espírito Santo, depois da ascensão de Cristo. 
Vv. 18-22. Quando Cristo começou a pregar, reuniu discípulos que 
deveriam ser ouvintes, e logo depois pregadores de sua doutrina; que 
deviam ser testemunhas de seus milagres, e logo depois testificar sobre 
eles. Não foi à corte de Herodes, nem a Jerusalém, ou aos sumos 
sacerdotes, nem aos anciãos, mas ao mar da Galiléia, aos pescadores. o 
mesmo poder que chamou a Pedro e a André poderia ter trazido a Anás e 
Caifás, porque nada é impossível para Deus. Porém, Cristo escolhe o 
néscio deste mundo para confundir o sábio. 
A diligência é um chamado honesto para agradar a Cristo, e não é 
um obstáculo para uma vida santa. As pessoas ociosas estão mais 
suscetíveis às tentações de Satanás do que aos chamados de Deus. É algo 
feliz e esperançoso ver filhos que,cuidamde seus pais e cumprem o seu 
dever. Quando Cristo vier, é bom que sejamos achados fazendo assim. 
Estou em Cristo? É uma pergunta muito necessária que devemos fazer a 
nós mesmos, e logo a seguir devemos nos perguntar: Estou vivendo de 
acordo com a minha chamada? Haviam seguido anteriormente a Cristo 
como discípulos constantes (Jo 1.37); agora devem deixar seu ofício. Os 
que seguem bem a Cristo devem, por sua ordem, deixar todas as coisas 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 13 
para segui-lo e disporem-se a separar-se delas. Esta instância do poder 
do Senhor Jesus nos exorta a depender de sua graça. Ele fala e está feito. 
Vv. 23-25. Onde ia, Cristo confirmava sua missão divina por meio 
de milagres, que foram o símbolo do poder de curar que tem a sua 
doutrina e do poder do Espírito que o acompanhava. 
Há ocasiões em que somos milagrosamente curados pelo poder do 
Salvador, mas se formos também curados pela medicina, o louvor deve 
ser igualmente dEle. Aqui se usam três palavras gerais. Ele curou todas 
as enfermidades ou doenças: nenhuma foi demasiadamente má ou 
demasiadamente terrível para que Cristo não pudesse curar com uma 
palavra. Nomeiam-se três enfermidades: a paralisia, que é a máxima 
debilidade do corpo; a loucura, que é a maior enfermidade da mente; e a 
possessão demoníaca, que é a maior de todas as desgraças e 
calamidades; porém Cristo curou a todos, e assim ao curar as 
enfermidades do corpo, demonstrou que sua grande missão no mundo 
era curar os males espirituais. o pecado é uma terrível doença e tormento 
da alma: Cristo veio tirar o pecado e assim curar a alma. 
 
Mateus 5 
Versículos 1, 2: O sermão do monte; 3-12: Quem são os bem-
aventurados; 13-16. Exortações e advertências; 17-20: Cristo veio 
confirmar a lei; 21-26: O sexto mandamento; 27-32: O sétimo 
mandamento; 33- 37: O terceiro mandamento; 38-42: A lei de Talião; 
43-48: A lei do amor explicada. 
Vv. 1,2. Ninguém achará felicidade neste mundo ou no vindouro se 
não a buscar em Cristo através do governo de sua Palavra. Ele lhes 
ensinou o que era o mal que eles deveriam aborrecer, qual é o bem que 
devem buscar e em qual abundar. 
Vv. 3-12. Aqui nosso Salvador dá oito características da gente bem-
aventurada, que para nós representam as principais graças do 
cristianismo. 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 14 
1. Os pobres de espírito são bem-aventurados. Estes levam suas 
mentes à sua condição quando esta é baixa. São humildes e pequenos 
segundo seu próprio critério. Enxergam a sua necessidade, condoem-se 
por sua culpa e têm sede de um Redentor. O reino da graça é dos tais; o 
reino da glória é para eles. 
2. Os que choram são bem-aventurados. Parece que aqui se trata 
desta tristeza santa, que realiza verdadeiro arrependimento, vigilância, 
mente humilde e dependência contínua para ser aceito pela misericórdia 
de Deus em Cristo Jesus, com a busca constante do Espírito Santo, para 
limpar o mal restante. O céu é o gozo de nosso Senhor; um monte de 
gozo, pelo qual nosso caminho atravessa um vale de lágrimas. Tais 
doentes serão consolados por seu Deus. 
3. Os mansos são bem-aventurados. São aqueles que submetem-se 
silenciosamente a Deus; os que podem tolerar insultos; são calados e 
respondem com respostas brandas; os que, em sua paciência, conservam 
o domínio de suas almas, quando raramente possuem alguma outra coisa. 
Estes mansos são bem-aventurados mesmo neste mundo. A mansidão 
aumenta a riqueza, o conselho e a segurança ainda neste mundo. 
4. Os que têm fome e sede de justiça são bem-aventurados. A 
justiça está posta aqui por causa de todas as bênçãos espirituais. Estas 
são compradas para nós pela justiça de Cristo, confirmadas pela 
fidelidade de Deus. Nossos desejos de bênçãos espirituais devem ser 
fervorosos. Ainda que todos os desejos de graça não sejam graça, 
contudo, um desejo como este é um desejo daqueles que são criados por 
Deus, e Ele não abandonará a obra de suas mãos. 
5. Os misericordiosos são bem-aventurados. Devemos não somente 
suportar as nossas aflições com paciência, mas também devemos fazer 
tudo que pudermos para ajudar aqueles que estão passando por situações 
de miséria. Devemos ter compaixão pela alma do próximo, e ajudar-lhes; 
compadecermo-nos dos que estão em pecado e procurar tirá-los como 
tições para fora do fogo. 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 15 
6. Os limpos de coração são bem-aventurados, pois verão a Deus. 
Aqui são plenamente descritas e unidas a santidade e a felicidade. os 
corações devem ser purificados pela fé e mantidos por Deus. "Cria em 
mim, ó Deus, um coração limpo". Ninguém senão o limpo é capaz de ver 
a Deus, e o céu não está prometido para o impuro. Assim como Deus não 
tolera ver a iniqüidade, assim eles não podem ver a sua pureza. 
7. Os pacificadores são bem-aventurados. Eles amam, desejam e se 
deleitam na paz; e para eles é agradável estar quietos. Conservam a paz 
para que não seja destruída, e recuperam-na quando é quebrantada. Se os 
pacificadores são bem-aventurados, ai daqueles que destroem a paz! 
8. Aqueles que são perseguidos por causa da justiça são bem-
aventurados. Este dito é peculiar do cristianismo; e se enfatiza com mais 
intensidade do que os demais. Não há nada em nossos sofrimentos que 
possa ser considerado mérito diante de Deus; porém, Ele verá que 
aqueles que perdem algo por amor a Ele, mesmo que seja a própria vida, 
não sofrerão nenhuma perda final por causa dEle. Bendito Jesus, quão 
diferentes são suas as tuas máximas das dos homens deste mundo! Eles 
chamam ditoso ao orgulhoso, e admiram ao alegre, ao rico, ao poderoso 
e ao vitorioso. Alcancemos misericórdia do Senhor; que possamos ser 
reconhecidos como seus filhos, e herdemos o reino. Com estes deleites e 
esperanças podemos dar boas vindas com alegria às circunstâncias 
difíceis ou dolorosas. 
Vv. 13-16. Vós sois o sal da terra. A humanidade, na ignorância e 
pecados, era como um grande monte pronto para apodrecer, mas Cristo 
enviou seus discípulos para conservá-la e temperá-la com suas vidas e 
doutrinas, como conhecimento e a graça. Se não são como deveriam, 
assemelham-se ao sal que perdeu seu sabor. Se um homem adota a 
confissão de Cristo, e permanece sem a graça, nenhuma outra doutrina e 
meio serão proveitosos para ele. Nossa luz deve brilhar fazendo boas 
obras, sendo elas tais que os homens possam vê-las. 
O que há entre Deus e nossas almas deve ser guardado para nós 
mesmos; devemos procurar fazer com que aquilo que por si só 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 16 
permanece exposto à vista dos homens, esteja em conformidade com 
aquilo que professamos e que seja louvável. Devemos mostrar a glória 
de Deus. 
Vv. 17-20. Que ninguém suponha que Cristo permite que seu povo 
brinque com qualquer dos mandamentos da santa lei de Deus. Nenhum 
pecador participa da justiça justificadora de Cristo, até que se arrependa 
de suas más obras. A misericórdia revelada no Evangelho guia o crente a 
uma renúncia ainda mais profunda de si mesmo. A lei é a regra do dever 
do cristão, e este se deleita nela. Se alguém que pretende ser discípulo de 
Cristo permitir a si mesmo qualquer desobediência à lei de Deus, ou 
ensina ao próximo a fazê-lo, qualquer que seja sua situação ou reputação 
entre os homens, não pode ser verdadeiro discípulo. A justiça de Cristo, 
que nos é imputada somente pela fé, é necessária para todos os que 
entram ao reino da graça ou da glória, mas a criação do novo coração 
para a santidade produz uma mudança radical no temperamento e na 
conduta do homem. 
Vv. 21-26. Os mestres judeus haviam ensinado que nada, salvo o 
homicídio, era proibido pelo sexto mandamento. Assim, eliminaram seu 
significado espiritual. Cristo mostrou o significado completo deste 
mandamento; conforme ao qual devemos ser julgados no futuro e, 
portanto, já deve ser obedecido agora. Toda ira precipitada é homicídio 
no coração. Por nosso irmão aqui descrito, devemos entender qualquer 
pessoa, ainda que esteja em uma condiçãomuito inferior à nossa, porque 
somos todos feitos de um mesmo sangue. 
"Néscio" é uma palavra de zombaria que vem do orgulho; "Tu és 
um néscio" é uma palavra de desdém que vem do ódio. A calúnia e as 
censuras maliciosas são veneno que matam secreta e lentamente. Cristo 
disse-lhes que por mais desprezíveis que tenham considerado estes 
pecados, certamente seriam levados a juízo por causa deles. Devemos 
conservar cuidadosamente o amor e a paz cristãos com todos os nossos 
irmãos; e, se em algum momento houver uma dissensão, devemos 
confessar nossa falta, nos humilharmos perante nosso irmão, fazendo ou 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 17 
oferecendo uma satisfação pelo mal cometido por palavra ou por obra, e 
devemos fazer isto rapidamente, porque até que o façamos, não 
estaremos prontos para nossa comunhão com Deus nas santas 
ordenanças. Quando estamos nos preparando para algum exercício 
religioso, é bom que façamos disto uma ocasião para nos examinar e 
refletirmos com seriedade. 
O que foi dito aqui é muito aplicável a nosso ser, reconciliados com 
Deus por meio de Cristo. Enquanto estamos vivos, estamos a caminho de 
seu trono de juízo; depois da morte, será tarde demais. Quando 
consideramos a importância do caso, e a incerteza da vida, nos damos 
conta de quão necessário é buscar a paz com Deus sem demora! 
Vv. 27-32. A vitória sobre os desejos do coração deve ser 
acompanhada de exercícios dolorosos, e devem ser feitos. Todas as 
condições rios são dadas para nos salvarmos de nossos pecados, e não 
neles. Todos os nossos sentidos e faculdades devem evitar as coisas que 
nos conduzem a transgredir. Aqueles que levam aos demais à tentação de 
pecar, seja pela roupa ou por qualquer outra forma, ou deixam-nos nesta 
condição, ou expõem-nos a esta, fazem-se culpados por seus pecados, e 
serão considerados responsáveis por dar contas por eles. se as pessoas 
submetem-se a cirurgias dolorosas para salvar a vida, do que a nossa 
mente deveria se reter quando o que está em jogo é a salvação de nossa 
alma? Existe terna misericórdia após todos os requisitos divinos, e as 
graças e consolos do Espírito nos capacitarão para cumpri-los. 
Vv. 33-37. Não há razão para considerar que são maus os votos 
solenes em um tribunal de justiça, ou em outras ocasiões apropriadas, 
sempre e quando sejam formulados com a devida reverência. Porém, 
todos os votos feitos sem necessidade ou na conversação comum, são 
pecaminosos, como assim também todas as expressões que apelam a 
Deus, ainda que as pessoas pensem que por estes se eximam da culpa de 
jurar. Quanto piores forem os homens, menos comprometidos estarão 
pelos votos; quanto melhores sejam, menos necessidade há dos votos. 
Nosso Senhor não indica os termos precisos com que temos de afirmar 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 18 
ou negar, mas que o cuidado constante com a verdade tornaria os votos e 
os juramentos desnecessários. 
Vv. 38-42. A simples instrução é: suporta qualquer injúria que 
possas sofrer por amor à paz, encomendando tuas preocupações aos 
cuidados do Senhor. o resumo de tudo é que os cristãos devem evitar as 
disputas e as acusações. se alguém diz que carne e sangue não podem 
passar por tais afrontas, que se recordem que carne e sangue não 
herdarão o reino de Deus, e os que atuam sobre a base dos princípios 
justos terão suprema paz e consolo. 
Vv. 43-48. Os mestres judeus entendiam por "próximo" somente os 
que eram de seu próprio país, nação e religião, aos que os agradava 
considerar amigos. o Senhor Jesus ensina que devemos fazer toda a 
bondade verdadeira que possamos a todos, especialmente às suas almas. 
Devemos orar por eles. Enquanto muitos retribuirão bem por bem, 
devemos retribuir bem por mal; e isto falará de um princípio mais nobre, 
no qual se baseia a maioria dos homens para agir. outros saúdam a seus 
irmãos, e abraçam aos de seu próprio partido, costume e opinião; nós, 
porém, não devemos limitar o nosso respeito desta forma. 
O dever dos cristãos é desejar e apontar a perfeição, e seguir adiante 
em graça e santidade. Ali devemos ter a intenção de nos conformarmos 
com o exemplo de nosso Pai celestial (1 Pe 1.15,16). 
Seguramente espera-se mais dos seguidores de Cristo que dos 
demais; seguramente se achará mais neles que nos demais. Roguemos a 
Deus que nos capacite para nos comportarmos como filhos seus. 
 
Mateus 6 
Versículos 1-4: Contra a hipocrisia ao dar esmolas; 5-8: Contra a 
hipocrisia ao orar; 9-15: Como orar; 16-18: Respeitar o jejum; 19-24: 
O mal de pensar conforme o mundo; 25-34: Ordena-se que confiemos 
em Deus. 
Vv. 1-4. Em seguida, nosso Senhor advertiu contra a hipocrisia e o 
fingimento exterior nos deveres religiosos. o que quer que façamos, 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 19 
devemos fazer a partir de um princípio interior de ser aprovados por 
Deus, não em busca de elogios de homens. Nestes versículos nos é 
advertido contra a hipocrisia de dar esmola. Atenção a isto, pois é um 
pecado sutil; e a vanglória se infiltra no que fazemos, antes mesmo de 
nos darmos conta. o dever não é menos necessário nem menos excelente, 
porque os hipócritas abusam dele para servirem a seu orgulho. 
A condenação que Cristo dita parece primeiro uma promessa, 
porém, é sua recompensa; não é a recompensa que Deus promete aos que 
fazem bem, mas a recompensa que os hipócritas prometem a si mesmos, 
e que pobre recompensa é. Eles o fizeram para serem vistos pelos 
homens, e são vistos por eles. Quanto menos notamos nossas boas obras, 
Deus as nota muito mais. Ele te recompensará; não como o Senhor que 
dá a seu servo o que ganha, e nada mais, mas como Pai que dá 
abundantemente a seu filho que o serve. 
Vv. 5-8. Dá-se por certo que todos aqueles que são discípulos de 
Cristo oram. Pode ser mais rápido encontrar um homem vivo que não 
respire, do que a um cristão que não ore. Se não há oração, então não há 
graça. os escribas e os fariseus eram culpáveis de duas grandes faltas na 
oração: A vanglória e a vã repetição. 
"Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão", se em algo 
tão grande entre nós e Deus, quando estamos orando, podemos ter em 
conta uma coisa tão pobre como o afago dos homens, é justo que esta 
seja toda a nossa recompensa. Não existe um cochichar secreto e 
repetido em busca de Deus que Ele não veja. Ela é chamada recompensa 
e é de graça, e não como uma dívida; que mérito pode haver em 
mendigar? 
Se Ele não dá a seu povo o que lhe pedem, isto se deve a que Ele 
sabe que não o necessitam ou que não é para seu bem. Deus está tão 
longe de ser convencido pela duração ou pelas palavras que utilizamos 
em nossas orações, que as intercessões mais fortes são aquelas que se 
fazem com gemidos inexprimíveis. 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 20 
Estudemos bem o que mostra a atitude mental em que devemos 
fazer nossas orações, e aprendamos diariamente com Cristo como 
devemos orar. 
Vv. 9-15. Cristo viu que era necessário mostrar a seus discípulos 
qual deve ser normalmente o tema e o método de sua oração. Não se 
trata de que estejamos presos a usar sempre uma mesma oração, porém, 
sem dúvida alguma, é muito bom orar segundo um modelo. Dizer muito 
em poucas palavras; pode ser utilizado em forma aceitável, mas com 
entendimento e sem vãs repetições. Seis são as petições; as primeiras três 
se relacionam mais expressamente a Deus e sua honra; as outras três, às 
nossas preocupações temporais e espirituais. Esta oração nos ensina a 
buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas as demais coisas 
nos serão acrescentadas. Depois das coisas da glória, do reino e da 
vontade de Deus, oramos pelo sustento e consolo necessários à vida 
presente. 
Aqui, cada palavra contém uma lição. Pedimos pão; isso nos ensina 
sobriedade e temperança: e só pedimos pão, e não o que não 
necessitamos. Pedimos por nosso pão; isto nos ensina honestidade e 
trabalho; não devemos pedir o pão dos demais, nem o pão do engano, 
(Pv 20.17) nem o pão do ócio,(Pv 31.27), mas o pão honestamente 
obtido. Pedimos por nosso pão diário, o que nos ensina a depender 
constantemente da providência divina. Rogamos a Deus que no-los dê, 
não que o venda nem o empreste, mas que nos dê. o maior dos homens 
deve dirigir-se à misericórdia de Deus para que tenha o seu pão diário. 
oramos: "Dá-nos". Isto nos ensina compaixão pelos pobres. Também que 
devemos orar com nossa família. oramos pedindo que Deus nos dê o 
necessário para este dia, o que nos ensina a renovar os desejos de nossas 
almas quanto a Deus, como são renovadas as necessidades de nossos 
corpos. Ao amanhecer o dia, devemos orar a nosso Pai celestial e 
reconhecer que poderíamos passar o dia muito bem sem comida, mas 
não sem oração. Nos é ensinado a odiar e aborrecer o pecado enquanto 
esperamos misericórdia, a não confiar em nós mesmos e a confiar na 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 21 
providência e na graça divinas, para que Ele nos impeça de pecar, e a 
estarmos preparados para resistir ao tentador, e não nos tornarmos 
tentadores dos demais. 
Aqui há uma promessa. Se perdoares, também teu Pai celestial te 
perdoará. Devemos perdoar porque esperamos ser perdoados. os que 
desejam alcançar misericórdia de Deus, devem mostrar misericórdia a 
seus irmãos. Cristo veio ao mundo como o grande pacificador, não só 
para nos reconciliar com Deus, mas também uns com os outros. 
Vv. 16-18. O jejum religioso é um dever requerido aos discípulos 
de Cristo, porém não é tanto um dever em si mesmo, mas como meio 
para nos dispormos para outros deveres. Jejuar é humilhar a alma, (Sl 
35.13), e esta é a face interna do dever; portanto, que seja teu principal 
interesse. E quanto à face externa, não permita que seja vista cobiça. 
Deus vê em secreto, e te recompensará em público. 
Vv. 19-24. A mentalidade mundana é sintoma fatal e comum da 
hipocrisia, porque por nenhum pecado Satanás pode ter um suporte mais 
seguro e mais firme na alma, do que sob o manto de uma profissão de fé. 
A alma terá de enxergar algo como sendo o melhor naquilo em que se 
compraz e confia, acima de todas as demais coisas. Cristo nos aconselha 
que tenhamos como nossas melhores coisas os gozos e as glórias do 
mundo porvir; as coisas que não se vêem, que são eternas e que 
depositemos a nossa felicidade nelas. Há tesouros no céu. A nossa 
sabedoria é colocar toda diligência para assegurar nosso direito à vida 
eterna por meio de Jesus Cristo, e ver todas as coisas daqui da terra como 
indignas de serem comparadas com aquelas, e a não nos contentarmos 
com nada menos do que elas. É uma felicidade superior e mais além das 
mudanças e dos infortúnios do tempo; é uma herança incorruptível. 
O homem mundano erra em seu primeiro princípio; portanto, todas 
as suas argumentações e ações que daí surgem devem ser más. Isto se 
aplica igualmente à falsa religião: o que é considerado luz, é a escuridão 
mais densa. Este é um exemplo espantoso, mas comum; portanto 
devemos examinar cuidadosamente nossos princípios e diretrizes à luz 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 22 
da Palavra de Deus, pedindo em oração fervorosa o ensino de seu 
Espírito. Um homem pode servir um pouco a dois senhores, mas 
somente pode consagrar-se ao serviço de um destes. 
Deus requer todo o coração, e não o compartilhará com o mundo. 
Quando dois senhores se opõem entre si, nenhum homem pode servir a 
ambos. Ele se apega e ama o mundo, e deve desprezar a Deus; o que ama 
a Deus deve abandonar a amizade do mundo. 
Vv. 25-34. Dificilmente há um outro pecado contra o qual o nosso 
Senhor Jesus Cristo advirta mais seus discípulos do que as preocupações 
inquietantes, desconfiadas e que distraem a atenção pelas coisas desta 
vida. Às vezes isto serve como armadilha ao pobre, tanto como o amor à 
riqueza, no caso do rico. É nosso dever não nos preocuparmos 
demasiadamente com as coisas temporais, e não devemos levar a um 
extremo estas preocupações que são lícitas. Não andeis inquietos por 
vossa vida, nem pela extensão dela, mas dedicando-a a Deus para que a 
prolongue ou abrevie de acordo com a sua vontade. Nossos tempos estão 
em suas mãos, e estão em boas mãos. Não vos apegueis nem mesmo ao 
conforto desta vida; deixe que Deus a amargue ou a adoce segundo a sua 
vontade. Deus nos tem prometido a comida e as vestes, portanto 
podemos esperá-los. 
Não penseis no amanhã, nos dias vindouros. Não vos inquieteis 
pelo futuro, como vivereis o próximo ano, ou a velhice, ou o que 
deixareis como herança. Assim como não devemos presumir de nós 
mesmos sobre o amanhã, assim também não devemos nos preocupar 
pelo amanhã ou por seus acontecimentos. Deus nos tem dado a vida, e 
nos tem dado o corpo. E o que não poderia fazer por nós aquEle que fez 
isto? Se nos preocupamos com nossas almas e com a eternidade, que são 
mais do que o corpo e esta vida, podemos deixá-las nas mãos de Deus, 
que nos proverá a comida e o vestido, que são menos importantes. 
Consideremos isto como exortação a confiarmos em Deus. 
Devemos nos conformar com nosso patrimônio no mundo, assim como o 
fazemos com nossa estatura. Não podemos alterar as disposições da 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 23 
providência; portanto, devemos nos submeter e nos resignar a elas. o 
cuidado considerado por nossas almas é o melhor remédio para os 
cuidados que preocupam o mundo. Buscai primeiro o reino de Deus, e 
fazei da religião a vossa ocupação. Não digais que este é o modo de 
tornar-se faminto; esta é a maneira de estar bem abastecido, mesmo neste 
mundo. 
A conclusão de todo o assunto é que a vontade e o mandamento do 
Senhor Jesus, é que através das orações diárias possamos obter forças 
para nos sustentarmos sob os nossos problemas cotidianos, e nos 
armarmos contra as tentações que os acompanham, e não deixarmos que 
nenhuma destas coisas nos comovam. 
Bem-aventurados os que tomam o Senhor como seu Deus, e dão 
plena prova disto, confiando-se totalmente à sua sábia disposição. Que 
teu Espírito nos dê convicção do pecado na necessidade dessa 
disposição, e retire de nossos corações tudo aquilo que for mundano. 
 
Mateus 7 
Versículos 1-6. Cristo reprova o julgamento precipitado; 7-11: 
Exortações à oração; 12-14: O caminho largo e o caminho estreito; 15-
20: Contra os falsos profetas; 21-29: Sede cumpridores da Palavra, e 
não somente ouvintes. 
Vv. 1-6. Devemos nos julgar a nós mesmos, e julgar a nossos 
próprios atos; porém, sem fazer de nossa palavra uma lei para alguém. 
Não devemos julgar duramente a nossos irmãos sem ter base para isto. 
Não devemos tomá-los os piores dentre todas as pessoas. Aqui há uma 
repreensão justa para todos os que contendem com seus irmãos por faltas 
pequenas, enquanto eles se permitem as grandes. Alguns pecados são 
leves como ciscos, outros são pesados como vigas; alguns são como um 
mosquito, enquanto outros são como um camelo. Não é que exista 
pecado pequeno, se é como um estilhaço ou um cisco está no olho, se é 
como um mosquito está na garganta: ambos são dolorosos e perigosos, e 
não podemos estar bem nem confortáveis até que sejam retirados. o que 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 24 
a caridade nos ensina a chamar de algo pequeno como palha no olho 
alheio, o arrependimento e a santa tristeza nos ensinarão a chamá-lo de 
viga em nossos próprios olhos. É estranho que um homem possa estar 
em um estado pecaminoso e miserável, e não dar-se conta disto, como 
um homem que tem uma viga em seu olho e não leva isso em conta; o 
Deus deste mundo lhes cega o entendimento. 
Aqui há uma boa regra para os que julgam aos demais: primeiro 
concerta-te a ti mesmo. 
Vv. 7-11. A oração é o meio designado para conseguirmos o que 
necessitamos. Oremos, e freqüentemente; façamos da oração a nossa 
ocupação, e sejamos sérios e fervorosos nela. Peçamos como um 
mendigo pede esmola. Peçamos, como o viajante que pergunta pelo 
caminho. Busquemos, como se busca uma coisa de alto valor, que 
perdemos; ou como o mercador que busca boas pérolas. Batamos, comobate à porta o que deseja entrar na casa. o pecado fechou a porta e 
trancou-a com chave contra nós; mas pela oração batemos. 
Seja pelo que for que orardes, vos será dado de acordo com a 
promessa, se Deus vir que será bom para vós ; o que mais poderíeis 
desejar? Isto está feito para ser aplicado a todos aqueles que oram bem; 
todo o que pede recebe, seja judeu ou gentio, jovem ou velho, rico ou 
pobre, servo ou Senhor, alto ou baixo, douto ou indouto, todos da mesma 
maneira são bem-vindos ao trono da graça, se a ele forem por fé. 
Isto é explicado comparando com os pais terrenos e suas aptidões 
para dar aos seus filhos o que pedem. Os pais costumam ser afetuosos de 
modo néscio, porém, Deus é onisciente; Ele sabe o que necessitamos, o 
que desejamos e o que é bom para nós. Nunca suponhamos que o Pai 
celestial nos pediria que orássemos, e em seguida se negaria a ouvir ou 
nos daria algo que nos prejudicasse. 
Vv. 12-14. Cristo veio ensinar-nos não só o que ternos de saber e 
crer, mas o que temos de fazer, não só para com Deus, mas também para 
com os homens; não só para os que são de nosso partido e denominação, 
mas para com todos os homens em geral, com todos aqueles com quem 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 25 
nos relacionamos. Devemos fazer ao nosso próximo aquilo que sabemos 
ser bom e razoável. Em nosso trato com os homens, devemos nos 
colocar no mesmo caso e circunstâncias com aqueles com os quais nos 
relacionamos, e agir em conformidade com isto. Não existem senão dois 
caminhos: o certo e o errado, o bom e o mal, o caminho ao céu e o 
caminho ao inferno; todos vamos caminhando por um ou outro; não há 
um lugar intermediário no porvir; não há um caminho neutro. Todos os 
filhos dos homens são santos ou pecadores, bons ou maus. 
Observe que no caminho do pecado e dos pecadores, a porta é larga 
e está aberta. Podeis entrar por esta porta com todas as luxúrias que a 
rodeiam; ela não refreia apetites nem paixões. É um caminho largo; há 
muitas veredas nele, há opções de caminhos pecaminosos. Há multidões 
neste caminho. Porém, que proveito há em estar disposto a ir para o 
inferno com os demais, porque eles não irão ao céu conosco? o caminho 
para a vida eterna é estreito. Não chegamos ao céu assim que passamos 
pela porta estreita. Precisamos negar o nosso eu, manter nosso corpo sob 
controle e mortificar as corrupções. Devemos resistir às tentações diárias 
e cumprir os deveres. Devemos vigiar em todas as coisas e andar com 
cuidado, e teremos que passar por muitas tribulações. Não obstante, este 
caminho nos convida a todos; nos conduz à vida, ao consolo presente no 
favor de Deus, que é a vida da alma; à bênção eterna, cuja esperança ao 
final de nosso caminho deve facilitar todas as dificuldades do caminho. 
Esta simples declaração de Cristo tem sido rejeitada por muitos que se 
tem dado ao trabalho de fazê-la desaparecer com explicações, mas em 
todas as épocas, o verdadeiro discípulo de Jesus tem sido visto como 
uma personalidade singular, que está fora de moda; e todos os que se 
puseram do lado da grande maioria têm ido pelo caminho largo para a 
destruição. Se servimos a Deus, devemos ser firmes em nossa religião. 
Vez por outra, podemos ouvir sobre a porta estreita e o caminho 
estreito, e que são poucos os que os encontram, sem nos condoermos por 
nós mesmos ou sem considerar se entramos pelo caminho estreito; qual é 
o avanço que estamos fazendo neste aspecto? 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 26 
Vv. 15-20. Nada impede tanto aos homens de entrarem pela porta 
estreita e chegarem a ser verdadeiros seguidores de Cristo, como as 
doutrinas carnais, apaziguadoras e que afagam aqueles que se opõem à 
verdade. Estes podem ser conhecidos por seu ímpeto e pelos efeitos de 
suas doutrinas. Uma parte de seus temperamentos e condutas é contraria 
à mente de Cristo. As opiniões que levam a pecar não vêm de Deus. 
Vv. 21-29. Aqui o Senhor nos mostra que não bastará reconhecê-lo 
como nosso Senhor só de palavra e língua. É necessário, para nossa 
felicidade, que creiamos em Cristo, que nos arrependamos do pecado, 
que vivamos uma vida santa, que nos amemos uns aos outros. Esta é a 
sua vontade, a nossa santificação. 
Tenhamos o cuidado de não nos apoiarmos em privilégios e obras 
exteriores, para que não aconteça que nos enganemos e pereçamos 
eternamente com uma mentira em nossa destra, como multidões o fazem. 
Que cada um que invoca o nome de Cristo se afaste de todo pecado. Há 
outros cuja religião descansa no puro ouvir, sem ir mais além; suas 
cabeças estão cheias de noções vazias. Estas duas classes de ouvintes 
estão representadas pelos dois construtores. 
Esta parábola nos ensina a ouvir e a cumprir os ensinos do Senhor 
Jesus; alguns destes podem parecer duros para carne e sangue, mas 
devem ser cumpridos. Cristo está posto como fundamento, e tudo que 
esteja fora de Cristo é areia. Alguns constroem suas esperanças na 
prosperidade mundana; outros, em uma profissão exterior de religião. 
Sobre estas se arriscam, porém, todas estas são areia, demasiadamente 
fracas para suportar algo como as nossas esperanças quanto ao céu. 
Há uma tempestade que chegará e provará a obra de todo o homem. 
Quando Deus tira a alma, onde está a esperança do hipócrita? A casa foi 
destruída pela tempestade quando o construtor mais precisava dela, e 
esperava que fosse um refúgio. Caiu quando era tarde demais para 
construir outra. Que o Senhor nos faça construtores sábios para a 
eternidade. Então, nada nos separará do amor de Cristo Jesus. 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 27 
As multidões ficavam atônitas diante da sabedoria e poder da 
doutrina de Cristo. Este sermão, tão freqüentemente lido, é sempre novo. 
Cada palavra prova que seu Autor é divino. Sejamos cada vez mais 
decididos e fervorosos, e façamos de cada uma destas bem-aventuranças 
e graças cristãs, o tema principal de nossos pensamentos por semanas 
seguidas. Não repousemos sobre desejos gerais e confusos a este 
respeito, pelos quais podemos captar tudo, mas sem reter nada. 
 
Mateus 8 
Versículos 1: Multidões seguem a Cristo; 2-4: A cura de um 
leproso; 5-13: A cura do servo de um centurião; 14-17: A cura da sogra 
de Pedro; 18-22: A promessa entusiasmada do escriba; 23-27: Cristo 
em uma tempestade; 28-34: A libertação de dois endemoninhados. 
V. 1. Este versículo se refere ao final do sermão anterior. Aqueles a 
quem Cristo se tem dado a conhecer desejam saber mais sobre Ele. 
Vv. 2-4. Nestes versículos encontramos o relato da limpeza de um 
leproso feita por Cristo; o leproso se aproximou dEle e o adorou como a 
alguém que está investido de poder divino. Esta purificação não só nos 
guia a irmos rapidamente à presença de Cristo, que tem todo o poder 
para curar todas as enfermidades físicas; também nos ensina a maneira 
de apelar a Ele. 
Quando não podemos estar seguros da vontade de Deus, podemos 
estar seguros de sua sabedoria e misericórdia. Por maior que seja a culpa, 
no sangue de Cristo existe o poder para expiá-la; nenhuma corrupção é 
tão forte que não haja na graça de Cristo o que possa subjugá-la. Para 
sermos purificados devemos no,s encomendar à sua piedade; não 
podemos reivindicá-la como dívida; devemos pedi-la humildemente 
como um favor. 
Aqueles que por fé apelam a Cristo por misericórdia e graça, podem 
estar seguros de que Ele estará lhes dando livremente a misericórdia e a 
graça que eles assim buscam. Benditas sejam as aflições que nos levam a 
conhecer a Cristo, e nos fazem buscar sua ajuda e sua salvação. Aqueles 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 28 
que são limpos de sua lepra espiritual devem ir aos ministros do Senhor 
para exporem o seu caso, para que sejam aconselhados, consolados e 
recebam oração. 
Vv. 5-13. Este centurião era pagão, um soldado romano. Mesmo 
sendo um soldado, não obstante, era um bom homem. Nenhuma vocação 
nem posição do homem servirá de desculpa para a incredulidade e o 
pecado. observe como expõe o caso de seu servo.Devemos nos 
interessar pelas almas de nossos filhos e servos espiritualmente 
enfermos, que não sentem os males espirituais e não conhecem o que é 
espiritualmente bom; devemos levá-los a Cristo por meio da fé e da 
oração. 
Observe sua humilhação. Em uma situação como esta, as almas 
humildes tornam-se mais humildes pela graça de Cristo. observe sua 
grande fé. Quanto menos confiarmos em nós mesmos, mais forte será 
nossa confiança em Cristo. Aqui, o centurião o reconhece com 
autoridade e pleno poder divino sobre todas as criaturas e poderes da 
natureza, como um Senhor sobre seus servos. Todos devemos ser para 
com Deus como este tipo de servo. Devemos ir e vir conforme as ordens 
de sua Palavra e as disposições de sua Providência. 
Quando o Filho do Homem vier, encontrará pouca fé e haverá 
pouco fruto. Uma profissão pública de nossa fé faz com que sejamos 
chamados de filhos do reino, porém, se nos acomodarmos a esta situação 
e não pudermos mostrar nada mais, seremos reprovados. o servo obteve 
a cura de sua enfermidade e o seu Senhor obteve a aprovação de sua fé. o 
que foi dito a ele é dito a todos: Creia e receberá; tão somente creia. 
Observe o poder de Cristo e o poder da fé. A cura de nossas almas é 
imediato, o efeito e a prova de nosso interesse pelo sangue de Cristo. 
Vv. 14-17. Pedro tinha uma esposa, mesmo sendo apóstolo de 
Cristo, o que demonstra que Jesus aprovava o matrimônio, sendo 
bondoso com a mãe da esposa de Pedro. A igreja de Roma, que prole 
que seus ministros se casem, contradiz este apóstolo, sobre o qual tanto 
se apóia. Tinha a sua sogra morando consigo em sua família, o que é um 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 29 
exemplo para que sejamos bons para nossos pais. Na cura espiritual, a 
Escritura diz a palavra, e o Espírito dá o toque, toca o coração e a mão. 
Aqueles que se recuperam de uma febre costumam estar fracos por 
algum tempo; porém, para mostrar que esta cura estava acima do poder 
da natureza, a mulher estava tão bem que de imediato dedicou-se aos 
afazeres da casa. 
Os milagres que Jesus realizou foram amplamente publicados, de 
modo que muitos se acotovelavam vindo a Ele. E Ele curou a todos os 
que estavam enfermos, mesmo quando o paciente estivesse muito fraco e 
o caso fosse o pior possível. Muitas são as enfermidades e as 
calamidades do corpo a que estamos sujeitos; e há mais nessas palavras 
do Evangelho, que dizem que Jesus Cristo levou nossas enfermidades e 
nossas dores, para nos sustentar e consolar quando estamos submetidos a 
elas, do que em todos os escritos dos filósofos. Não nos queixemos pelo 
trabalho, pelo problema ou pelo gasto ao fazermos o bem ao próximo. 
Vv. 18-22. Um dos escribas se apressou a comprometer-se; 
declarou-se ser um fiel e próximo seguidor de Cristo. Parece muito 
decidido. Muitas decisões religiosas são produzidas por uma súbita 
convicção do pecado, e assumidas sem uma devida reflexão; estas não 
levam a nada. Quando este escriba se ofereceu a seguir a Cristo, alguém 
poderia pensar que Jesus deveria ter se sentido animado; um escriba 
poderia dar mais crédito e prestar um maior serviço do que doze 
pescadores; porém, Cristo viu seu coração, e respondeu a seus 
pensamentos, e ensina a todos como devem ir a Ele. Sua decisão parece 
surgir de um princípio mundano e cobiçoso. Cristo não tinha onde reclinar 
sua cabeça, e se o seguisse, não deveria esperar que com ele seria melhor. 
Temos razões para pensar que este escriba tenha se afastado. outro 
era lento demais. A demora em agir é, por um lado, tão má quanto a 
pressa para resolver. Pediu permissão para ir enterrar seu pai, e logo se 
poria a serviço de Cristo. Isto parecia razoável, mesmo não sendo justo. 
Não tinha o zelo verdadeiro pela obra. Enterrar o morto, especialmente 
um pai morto, é uma boa obra, mas não é a sua obra neste momento. Se 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 30 
Cristo requer nosso serviço, devemos abrir mão até mesmo do afeto 
pelos parentes mais próximos e queridos, e pelas coisas que não são 
nosso dever. Para a mente sem disposição nunca faltam desculpas. Jesus 
lhe disse: "Segue-me", e sem dúvida, saiu poder desta palavra tanto para 
ele como para os demais; seguiu a Cristo e não se apartou dEle. O 
escriba disse, eu te seguirei; a este outro homem, Cristo disse: "Segue-
me". Comparando estes casos, podemos concluir que somos levados a 
Cristo pela força de seu chamado pessoal (Rm 9.16). 
Vv. 23-27. O consolo para aqueles que se lançam ao mar em 
barcos, e costumam ali passar por perigos, é pensar que têm um Salvador 
em quem podem confiar e ao qual orar, e que sabe o que é estar no mar e 
em tormentas. os que estão passando com Cristo pelo oceano deste 
mundo devem esperar tormentas. 
Sua natureza humana, semelhante a nós em tudo, mas sem pecado, 
estava fatigada e neste momento Ele dormiu para provar a fé de seus 
discípulos. E em seu temor, eles recorreram ao seu Mestre. E assim 
acontece com a alma; quando as luxúrias e as tentações se levantam e 
rugem, e Deus parece estar adormecido em relação ao que está 
acontecendo, isto nos leva quase ao desespero. Então clamamos por uma 
palavra de seus lábios: Senhor Jesus, não permaneça calado ou estarei 
perdido. Há muitos que mesmo tendo a fé verdadeira, são fracos nela. os 
discípulos de Cristo tinham a tendência a inquietarem-se com temores 
em um dia tempestuoso; atormentavam a si mesmos, como se a situação 
lhes estivesse desfavorável, e com pensamentos desalentadores de que 
aconteceria algo pior. As grandes tormentas da dúvida e o temor na alma 
sob o poder do espírito de escravidão, costumam terminar em uma calma 
maravilhosa, criada e dirigida pelo Espírito de adoção. 
Eles ficaram estupefatos. Nunca tinham visto uma tormenta ser 
imediatamente acalmada e com tamanha perfeição. AquEle que fez isto 
pode fazer qualquer coisa, o que nos estimula a ter confiança e consolo 
nEle no dia mais tempestuoso, seja em nosso interior, seja nas condições 
exteriores à nossa vida (Is 26.4). 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 31 
Vv. 28-34. Os demônios nada têm a ver com Cristo, nem esperam 
qualquer benefício dEle! Que profundidade neste mistério do amor 
divino: o homem caído tem tanto a ver com Cristo, enquanto os anjos 
caídos nada têm a ver com Ele! (Hb 2.16). Com toda certeza sofreram 
aqui um tormento, ao serem forçados a reconhecer a excelência que há 
em Cristo, e ainda assim não terem parte com Ele. Os demônios não 
desejam ter nada a ver com Cristo como Rei. Observe a linguagem 
daqueles que não têm nada a ver com o Evangelho de Cristo. Não é 
verdade, porém, que os demônios não tenham nada a ver com Cristo 
como Juiz, porque têm a ver, e eles o sabem; e assim também é no caso 
de todos os filhos dos homens. 
Satanás e seus instrumentos não podem ir mais além do que o 
Senhor permita; eles devem deixar a possessão quando Ele ordena. Não 
podem romper o cerco de proteção em torno de seu povo; nem sequer 
podem entrar em um porco sem a sua permissão. 
Receberam a permissão. Às vezes Deus permite, por sábios e santos 
objetivos, os esforços da ira de Satanás. Assim, o Diabo apressa as 
pessoas a pecar, para que executem as suas más decisões, das quais estão 
conscientes que lhes trarão vergonha e sofrimento: a condição dos que 
são levados cativos por ele, e conforme a vontade dele, é miserável. 
Há muitos que preferem seus porcos ao Salvador, e assim não 
alcançam a Cristo e a salvação por meio dEle. Eles desejam que Cristo 
se vá de seus corações, e não suportam que a sua Palavra tenha lugar 
neles, porque Ele e a sua Palavra destruíram as suas concupiscências 
brutais, que são entregues aos porcos como alimento. Justo é que Cristo 
abandone aos que estão cansados dEle, e depois diga: "Apartai-vos", 
malditos, àqueles que agora dizem ao Todo poderoso: Vai-te de nós. 
 
Mateus 9 
Versículos 1-8: Jesus regressa a Cafarnaum e cura um paralítico; 
9: O chamado de Mateus; 10-13: Mateus, ou a festa de Levi; 14-17: As 
objeções dos discípulos deJoão; 18-26: Cristo ressuscita a filha de 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 32 
Jairo e cura a mulher do fluxo de sangue; 27-31: Cura dois cegos; 32-
34: Cristo expulsa um espírito mudo; 35-38: Os apóstolos são enviados. 
Vv. 1-8. A fé dos amigos do paralítico ao levá-lo a Cristo era uma 
fé firme; eles criam firmemente que Cristo podia e queria curá-lo. Uma 
fé forte não considera os obstáculos ao ir em busca de Cristo. Era uma fé 
humilde; eles o levaram a esperar em Cristo. Era uma fé ativa. O pecado 
pode ser perdoado, porém, não ser eliminada a enfermidade; a 
enfermidade pode ser curada, e não ser perdoado o pecado: se temos o 
consolo da paz com Deus, com o consolo da recuperação da 
enfermidade, isto fará com que sem dúvida a cura seja uma misericórdia. 
Isto não é exortação para pecar. Será bom que você leve os seus pecados 
a Jesus Cristo, assim como as suas enfermidades e desgraças, pois será 
curado e liberto. Se vamos ao encontro do Senhor levando-os como seus 
amores e deleites, pensando ainda em retê-los e ao mesmo tempo receber 
a Cristo, é um grande erro, um miserável engano. A grande intenção do 
bendito Jesus na obra da redenção que realizou, é separar nossos 
corações do pecado. 
Nosso Senhor Jesus tem perfeito conhecimento de tudo o que 
dizemos dentro de nós mesmos. Há muitos males em nossos 
pensamentos pecaminosos que são muito ofensivos para o Senhor Jesus. 
É o interesse de Cristo mostrar que sua grande missão no mundo era 
salvar o seu povo dos pecados deles. Deixou o debate com os escribas e 
pronunciou as palavras de saúde ao enfermo. Além de não ter mais a 
necessidade de que o levassem em seu leito, o paralítico passou a ter 
forças para carregar o seu próprio leito. 
Deus deve ser glorificado em todo o poder que é dado para fazer o 
bem. 
V. 9. Mateus teve seu chamado como os demais que Cristo chamou. 
Como Satanás vem com suas tentações ao ocioso, assim vem Cristo com 
seus chamados aos que estão ocupados. Muitos dentre nós têm uma 
aversão natural a ti, ó Deus; chama-nos a seguir-te; atraia-nos por tua 
poderosa Palavra, e correremos ao teu encontro. Fale através da Palavra 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 33 
do Espírito Santo aos nossos corações; o mundo não pode nos reter, 
Satanás não pode deter nosso caminho, e nos levantaremos e te 
seguiremos. Cristo, como autor, e sua Palavra como meio, realiza uma 
mudança na alma. Nem o cargo de Mateus, nem seus ganhos, puderam 
detê-lo quando Cristo o chamou. Ele deixou tudo, e ainda que depois, 
ocasionalmente, os discípulos que eram pescadores foram encontrados 
pescando outra vez, nunca mais encontramos Mateus em seus ganhos 
pecaminosos. 
Vv. 10-13. Algum tempo depois de sua chamada, Mateus procurou 
levar seus antigos sócios a ouvirem a Cristo. Sabia por experiência o que 
a graça de Cristo era capaz de fazer, e não perdeu a esperança a este 
respeito. os que são eficazmente levados a Cristo não podem senão 
desejar que os demais também sejam levados a Ele. 
Aqueles que supõem que suas almas estão sem enfermidade não 
recorrerão ao Médico espiritual. Este era o caso dos fariseus; eles 
desprezaram a Cristo porque se julgavam íntegros; porém, os pobres 
publicanos e pecadores sentiam que lhes faltava instrução e correção. É 
fácil e comum dar as piores interpretações sobre as melhores palavras e 
ações. Podemos suspeitar com justiça que aqueles que não têm a graça 
de Deus, não se comprazem em que outros a alcancem. Aqui pode ser 
chamado misericórdia o fato de Cristo conversar com os pecadores, 
porque aumentar a conversão das almas é o maior ato de misericórdia. 
O chamado do Evangelho é um chamado ao arrependimento; um 
chamado para que mudemos nosso modo de pensar e nossos caminhos. 
Se os filhos dos homens não fossem pecadores, não seria necessário que 
Cristo viesse a eles. Examinemos se temos investigado nossa 
enfermidade e se temos aprendido a seguir as ordens de nosso grande 
Médico. 
Vv. 14-17. Nesta época João estava preso; suas circunstâncias, 
caráter e a natureza da mensagem que foi enviado a entregar, dirigiu 
aqueles que estavam peculiarmente afeiçoados a ele, a realizarem jejuns 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 34 
freqüentes. Cristo referiu-se ao testemunho que João dá a respeito dEle 
(Jo 3.29). 
Mesmo que não caiba nenhuma dúvida de que Jesus e seus 
discípulos viveram de maneira sóbria e modesta, seria impróprio que 
seus discípulos jejuassem enquanto tinham o consolo de sua presença. 
Quando está com eles, tudo está bem. A presença do sol faz o dia, e sua 
ausência produz a noite. 
Nosso Senhor os faz recordar imediatamente as regras comuns da 
prudência. Não se costumava pegar um pedaço de pano de lã crua, que 
nunca havia sido usada, para com ela consertar um traje velho, porque 
não se uniria bem com a roupa velha e suave, mas esta se rasgaria ainda 
mais, e o estrago seria ainda maior. Nem tão pouco os homens deitavam 
vinho novo em odres velhos, que iam apodrecer, e se quebrariam pela 
fermentação do vinho; ao colocar o vinho novo em odres novos e fortes, 
ambos seriam preservados. Requer-se grande prudência e cautela, para 
que os novos convertidos não recebam idéias sombrias e proibitivas a 
respeito do serviço ao nosso Senhor; antes, devem ser bem estimulados 
nos deveres, à medida que sejam capazes de suportá-los. 
Vv. 18-26. A morte de nossos familiares deve levar-nos a Cristo, 
que é a nossa vida. Uma grande honra para os maiores reis é esperar no 
Senhor, e os que recebem misericórdia de Cristo devem honrá-lo. A 
variedade de métodos que Cristo usou para fazer seus milagres talvez se 
devesse às diferentes disposições mentais e temperamentos, com que 
vinham os que a Ele recorriam. AquEle que esquadrinha os corações 
conhecia tudo isto perfeitamente. 
Uma pobre mulher apelou a Cristo e recebeu dEle misericórdia, ao 
passar pelo caminho. Se somente tocarmos, por assim dizer, na orla da 
túnica de Jesus, com fé viva, nossos piores males serão curados; não há 
outra cura verdadeira, nem temos que temer que Ele conheça aquilo que 
nos traz dor e uma carga, e que não contaríamos a nenhum amigo na terra. 
Quando Cristo entrou na casa do principal da sinagoga, disse: 
"Retirai-vos". Às vezes, quando prevalece a dor do mundo, é difícil que 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 35 
Cristo e suas consolações entrem. A filha do principal da sinagoga estava 
realmente morta, porém não para Cristo. A morte do justo, de maneira 
especial, deve ser considerada somente um sono. 
As palavras e as obras de Cristo podem não ser entendidas a 
princípio; mesmo assim, não devem por isso ser desprezadas. o povo foi 
fortalecido. os escarnecedores que zombam daquilo que não entendem 
não são testemunhas apropriadas das maravilhosas obras de Cristo. As 
almas mortas não são ressuscitadas à vida espiritual, a menos que Cristo 
as tome pela mão. Isto será feito no dia do seu poder. Se somente este 
caso em que Cristo ressuscitou a um morto recente aumentou tanto a sua 
fama, que grande glória será quando todos os que estão nos sepulcros 
ouvirem sua voz e saírem; os que fizeram bem, para a ressurreição da 
vida, e os que fizeram mal para a ressurreição da condenação! 
Vv. 27-31. Nessa época os judeus esperavam que o Messias 
aparecesse; estes cegos souberam e proclamaram nas ruas de Cafarnaum 
que Ele havia chegado, e que era Jesus. os que pela providência de Deus 
têm perdido a sua vista física, pela graça de Deus podem ter os olhos de 
seu entendimento plenamente iluminados. Sejam quais forem as nossas 
necessidades e cargas, não necessitamos mais de provisão e apoio do que 
participar da misericórdia do nosso Senhor Jesus. Em Cristo há o 
suficiente para todos. Eles o seguiram gritando em voz alta. Jesus ia 
provar a sua fé, e nos ensinaria a orar sempre e não desanimar, ainda que 
a resposta não chegue de imediato. Eles seguiram a Cristo e seguiram-no 
clamando. A grande pergunta é: "Crede vós?" A natureza pode nos 
tornar fervorosos, mas somente a graçaé capaz de gerar a fé. 
Cristo tocou os seus olhos. Ele dá vista às almas cegas pelo poder 
de sua graça, que vai unida à sua Palavra e realiza a cura com base na fé 
deles. os que apelam a Cristo serão tratados não conforme as suas 
fantasias nem no que professam crer, mas conforme a sua fé. 
Às vezes Cristo ocultava seus milagres porque não queria dar 
ocasião ao engano que prevalecia entre os judeus, de que seu Messias 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 36 
seria um príncipe transitório, e assim dar ocasião a que o povo intentasse 
promover tumultos e sedições. 
Vv. 32-34. De ambos, melhor é um demônio mudo do que um que 
blasfeme. As curas de Cristo vão à raiz, e eliminam o efeito e a causa; 
abrem os lábios desfazendo o poder de Satanás na alma. 
Nada pode convencer a quem está sob o poder do orgulho. Crerão 
em qualquer coisa, por mais falsa ou absurda que seja, ao invés de 
crerem nas sagradas Escrituras; assim mostram a inimizade de seus 
corações contra o santo Deus. 
Vv. 35-38. Jesus não visitou somente as cidades grandes e ricas, 
mas também as aldeias pobres e obscuras, e ali pregou e curou. As almas 
dos mais vis do mundo são muito preciosas para Cristo, e devem ser 
também para nós, quanto as almas dos que são mais ilustres. Havia 
sacerdotes, levitas e escribas em toda a terra, porém, eram pastores de 
ídolos (Zc 11.17). Portanto, Cristo teve compaixão do povo como 
ovelhas desamparadas e dispersas, como homens que perecem por falta 
de conhecimento. Hoje há enormes multidões que são como ovelhas sem 
pastor, e devemos ter compaixão e fazer tudo o que pudermos para 
ajudá-las. As multidões desejosas de instrução espiritual formavam uma 
colheita abundante, que necessitava muitos obreiros ativos; porém, 
poucos mereciam este ofício. Cristo é o Senhor da ceifa. 
Oremos para que muitos sejam levantados e enviados a trabalhar 
para levar as almas a Cristo. É sinal de que Deus está por conceder 
alguma misericórdia especial a um povo, quando convida outros a orar 
por ele. As missões designadas aos obreiros como respostas à oração, são 
as que mais provavelmente terão êxito. 
 
Mateus 10 
Versículos 1-4: A chamada dos apóstolos; 5-15: Os apóstolos são 
instruídos e enviados; 16-42: Instruções para os apóstolos. 
Vv. 1-4. A palavra "apóstolo" significa mensageiro; eles eram os 
mensageiros de Cristo, enviados a proclamar o seu reino. Cristo deu-lhes 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 37 
poder para curar todos os tipos de enfermidades. Na graça do Evangelho 
há um balsamo para cada chaga, um remédio para cada doença. 
Não existe enfermidade espiritual para a qual não haja poder em 
Cristo para curá-la. Seus nomes estão escritos e isso é a sua honra; 
porém, eles tinham as maiores razões para regozijarem-se em que seus 
nomes estivessem escritos no céu, enquanto os nomes dos grandes e 
poderosos da terra estão enterrados no pó. 
Vv. 5-15. Não se deveria levar o Evangelho aos gentios até que os 
judeus o tivessem rejeitado. Esta [imitação dada aos apóstolos foi válida 
somente para a sua primeira missão. 
Onde quer que fossem, deveriam proclamar que o reino dos céus 
está às portas. Eles pregaram para estabelecer a fé; pregaram o reino para 
animar a esperança; pregaram sobre os céus para inspirar o amor às 
coisas celestiais e o desprezo pelas terrestres. o reino tem se aproximado 
para que os homens se prepararem sem tardança. 
Cristo deu-lhes poder para fazerem milagres, como confirmação de 
sua doutrina. Isto ainda é necessário em nossos dias, mesmo o reino de 
Deus já estando entre nós. Mostra que a intenção da doutrina que 
pregaram era curar as almas enfermas e ressuscitar os que estavam 
mortos no pecado. 
Ao proclamar o Evangelho da graça gratuita para cura e salvação 
das almas dos homens, não podemos mesclar a mensagem com 
interesses financeiros. 
Foi-lhes dito o que fazer nas cidades e entre povos desconhecidos. o 
servo de Cristo é embaixador da paz em qualquer parte onde seja 
enviado. Sua mensagem vai até os pecadores mais vis, ainda que tenham 
por obrigação buscar as melhores pessoas de cada lugar. Nos convém 
orar de todo coração a favor de todos, e nos conduzirmos de modo cortês 
para com todos. 
Ele lhes dá instruções sobre como deveriam agir em relação àqueles 
que os rejeitassem. Todo o conselho de Deus deve ser declarado, e aos 
que não escutam a mensagem da graça, deve ser mostrado que seu estado 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 38 
é perigoso. Isto deve ser levado muito a sério por todos os que ouvem o 
Evangelho, para que não aconteça que seus privilégios lhes sirvam 
somente para aumentar a sua condenação. 
Vv. 16-42. Nosso Senhor adverte a seus discípulos que se preparem 
para a perseguição. Eles teriam de evitar todas as coisas que dessem 
vantagem a seus inimigos, toda intromissão nos afãs políticos ou 
mundanos, toda a aparência do mal ou egoísmo, e as medidas 
clandestinas. Cristo predisse dificuldades não só para que os transtornos 
não fossem surpresa, mas para que eles pudessem ter a sua fé 
confirmada. Disse-lhes que deveriam sofrer, e por parte de quem viria o 
sofrimento. Assim, Cristo nos tem tratado fielmente e de modo justo, 
dizendo-nos o que de pior podemos encontrar em seu serviço; e quer que 
assim tratemo-nos a nós mesmos, ao nos assentarmos para calcular o que 
isto nos custará. os perseguidores são piores do que as feras, porque 
fazem como presa aos de sua própria espécie. os laços de amor e dever 
mais sólidos, muitas vezes têm sido destruídos pela inimizade contra 
Cristo. Os sofrimentos causados por amigos e parentes são muito 
dolorosos, e nada fere mais. Parece que todos aqueles que desejam viver 
de modo piedoso em Cristo Jesus padecerão perseguições; e devemos 
esperar que através de muitas tribulações entremos no reino de Deus. 
Nesta predição de problemas há conselhos e consolo para os 
momentos de prova. Os discípulos de Cristo são odiados e perseguidos 
como serpentes, e se procura sua ruína; portanto, devem ter a sabedoria 
da serpente e a simplicidade das pombas. Que não causem dano a 
ninguém, e que também não tenham má vontade para com ninguém. 
Devem ter prudência, mas não devem deixar-se dominar por 
pensamentos de angústia e confusão; que esta preocupação seja deixada 
sobre o Senhor Deus. os discípulos de Cristo devem preocupar-se mais 
em fazer o bem, do que em falar bem. No caso de grande perigo, os 
discípulos de Cristo devem sair do caminho perigoso, mas não do 
caminho do dever. Não se deve usar meios pecaminosos e ilícitos para 
escapar; isto não será uma porta aberta por Deus. O temor ao homem 
Mateus (Comentário Bíblico de Matthew) 39 
lhes coloca uma armadilha, uma armadilha de confusão que perturba 
nossa paz; uma armadilha que enreda, pela qual somos atraídos ao 
pecado; portanto, deve-se lutar e orar contra isso. A tribulação, a 
angústia e a perseguição não podem tirar-lhes o amor de Deus por eles, 
ou o amor deles por Deus. Temei antes aquEle que pode destruir o corpo 
e a alma no inferno. 
Eles devem entregar a sua mensagem publicamente, porque todos 
estão profundamente preocupados com a doutrina do Evangelho. Todo o 
conselho de Deus deve ser trazido ao conhecimento das pessoas (At 20. 
27). Cristo mostra-lhes porque devem ter bom ânimo. Seus sofrimentos 
testificam contra os que se opõem ao seu Evangelho. Quando Deus nos 
chama a falar dEle, podemos depender dEle para que nos ensine o que 
devemos dizer. Uma perspectiva fiel do final de nossas aflições será 
muito útil para nos sustentar quando estivermos submetidos a elas. o 
poder será conforme o dia. É de grande alento, para aqueles que estão 
fazendo a obra de Deus, saber que esta certamente será feita. 
Observe como o cuidado da providência estende-se a todas as 
criaturas, até aos passarinhos. Isto deve acalmar todos os temores do 
povo de Deus: "Mais valeis vós do que muitos passarinhos". "E até 
mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados". Isto denota a 
consideração que Deus tem e mantém

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