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Histologia OI - Sangue I - Hemácias e Plaquetas

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Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ 
 
Sangue I – Hemácias e Plaquetas 
Profº Marcelo Narciso 
Considerações gerais 
Introdução 
O sangue é um tecido conjuntivo especializado e é muito diferente sob o ponto de vista estrutural, porque ele se apresenta em 
um estado liquefeito, mas tem seus componentes sólidos. Encontra-se em estado sol, que é como se fosse uma solução viscosa 
composta por um meio líquido, aquoso – o plasma – onde se encontra uma afinidade de substâncias em suspensão e uma série de 
células em fragmentos celulares que circulam de modo unidirecional no interior de canais vasculares que constituem o sistema 
cardiovascular. 
O sangue se mantém em contínua propulsão ao longo do sistema cardiovascular pela ação ininterrupta dos batimentos 
cardíacos, que mantêm o sangue em movimento constante ao longo dos vasos sanguíneos, que se distribuem por quase todos os 
tecidos. Desse modo, o sangue acaba proporcionando uma função integradora dos tecidos, uma vez que o sangue recebe os 
excretas das células para que sejam eliminados dos tecidos e, ao mesmo tempo, ele recolhe uma série de substâncias que são 
distribuídas de maneira absolutamente igualitária para todas as células do corpo, principalmente no que tange a respeito do 
oxigênio, que é fundamental para a sobrevivência de todas as células. 
O sangue é um tecido conjuntivo essencialmente pelo fato de sua derivação ser a partir do mesoderma intraembrionário. As 
células sanguíneas responsáveis pela formação do sangue são células mesenquimais indiferenciadas e que, aos poucos, vão se 
tornando células comprometidas com a formação das linhagens sanguíneas. 
 
 
 
 
 
 
 
As linhagens sanguíneas constituem sequências de células em formação que vão passando por uma série de eventos de divisões 
e diferenciação celular até a formação da célula sanguínea definitiva. O conjunto de etapas pelas quais uma família de células vai 
passar vai constituir o que a gente chama de linhagem sanguínea. 
As linhagens sanguíneas são derivadas a partir de células mesenquimais especializadas denominadas de células-tronco 
pluripotenciais hematopoiéticas, que estão localizadas no órgão fundamental produtor de elementos figurados do sangue que é a 
medula óssea. Porém, desde o início da formação das células sanguíneas, no período embrionário, nós já temos células-tronco 
pluripotenciais hematopoiéticas que formam células sanguíneas primitivas. 
Essas células-tronco pluripotenciais hematopoiéticas, à medida que se dividem, dão origem às células progenitoras, que serão 
células com um grau de comprometimento cada vez maior com determinado tipo de linhagem sanguínea, mas que ainda não 
podem ser identificadas microscopicamente através de características morfológicas propriamente ditas. Entretanto, elas têm 
marcadores de membrana plasmática que são imunocitoquímica. 
À medida que as células progenitoras se dividem, esse grau de comprometimento (elas vão adquirindo características cada vez 
mais específicas de um determinado tipo de linhagem celular) aumenta por darem origem às células precursoras das linhagens 
sanguíneas, células que já podem ser identificadas através de características específicas vistas à microscopia óptica. E essas células 
precursoras vão passar para os estágios finais da diferenciação celular até a formação das células sanguíneas terminalmente 
diferenciadas, que correspondem aos elementos figurados do sangue. 
Esses eventos formadores das células sanguíneas representam a hematopoiese ou hemopoiese. Hematopoiese é o processo de 
formação das células do sangue, que começa a acontecer muito precocemente no desenvolvimento embrionário (por volta da 2ª 
semana). Isso se justifica a partir do fato de que o zigoto dos mamíferos é muito pobre em citoplasma (o citoplasma dos zigotos de 
vertebrados é o que chamamos de vitelo. O vitelo é responsável por nutrir o embrião durante todo o desenvolvimento. No caso de 
vertebrados vivíparos – peixes, anfíbios, répteis e aves -, eles produzem ovos com uma grande quantidade de vitelo que supre o 
embrião durante todo o desenvolvimento.). Quando o zigoto humano é formado, ele vai se implantar no endométrio do corpo do 
útero e vai passar a depender do organismo materno para o seu desenvolvimento. Durante o desenvolvimento embrionário, é 
necessária uma série de trocas metabólicas entre o organismo materno e o organismo fetal, que requerem o surgimento de um 
sistema cardiovascular, juntamente com o meio que carregue as substâncias envolvidas nas trocas metabólicas entre mãe e feto – 
esse meio é o sangue. 
Células mesenquimais indiferenciadas 
Células-tronco pluripotenciais hematopoiéticas 
Células progenitoras das linhagens sanguíneas 
Células precursoras das linhagens sanguíneas 
 
Células sanguíneas terminalmente diferenciadas 
(elementos figurados do sangue) 
Hematopoiese 
ou 
Hemopoiese 
Fatores estimuladores de 
colônias (citocinas 
hematopoiéticas) 
Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ 
 
Durante o desenvolvimento inicial do sangue, os locais de hematopoiese no embrião são muito diferentes dos locais de local 
onde o sangue é formado. O local de formação do sangue é a medula óssea, que é um órgão formado por um tecido 
especializado. O embrião não tem medula óssea! O embrião não tem osso! Existem locais de hematopoiese que se desenvolvem no 
embrião antes do aparecimento dos ossos porque a medula óssea aparece juntamente com o desenvolvimento do tecido ósseo. 
Esses locais são extramedulares e eles serão estudados mais à frente. 
Constituição do sangue 
Para que a gente analise o sangue, é preciso que nós façamos um procedimento que permite a constatação das partes 
componentes do sangue em termos gerais. 
Quando olhamos uma amostra de sangue, vemos que ele é um líquido vermelho escuro, então, não tem como sabermos o que 
ele tem ou deixa de ter. Então, para que nós saibamos a constituição do sangue, geralmente, se faz uma centrifugação de uma 
amostra de sangue em um tubo de saio. Quando submetido à centrifugação, o tubo vai apresentar, em seu interior, uma porção 
depositada no fundo, que é sólida e que corresponde à chamada fase sólida do sangue; e, por sobre a fase sólida, temos um 
componente sobrenadante líquido que corresponde à fase líquida do sangue. 
Em termos proporcionais, essa composição dos elementos figurados do sangue fica em torno de 40-42% e esse volume ocupado, 
de modo geral, pelos elementos figurados de sangue em relação à parte líquida sobrenadante é o que chamamos de hematócrito. 
Hematócrito é percentagem ocupada, essencialmente, pelas hemácias/pelos eritrócitos, que constituem um dos elementos 
configurados do sangue em relação ao volume de sangue total quando uma amostra de sangue é submetida a um processo de 
centrifugação. 
Fase líquida 
A fase líquida é o veículo que permite a solubilização de uma série de substâncias e, consequentemente, a movimentação e o 
transporte das células sanguíneas. Ela é denominada de plasma sanguíneo. O plasma sanguíneo é formado por 90% de água e os 
10% restantes ficam a cargo de uma série de substâncias solubilizadas em meio aos 90% de água. 
Desses 10% de solutos que encontramos no plasma sanguíneo, mais ou menos, 7% correspondem às proteínas plasmáticas. O 
plasma tem uma infinidade de proteínas que são quase todas produzidas pelos hepatócitos do fígado. Por ex.: 
✓ Albumina, que é uma das mais importantes e abundantes do plasma sanguíneo; 
✓ Fibrinogênio e protrombina, que são proteínas envolvidas nos eventos da coagulação sanguínea; 
✓ Proteínas do sistema complemento, que é um conjunto de enzimas que vão se ativando mutuamente e, assim, vão 
colaborar com a eliminação de uma série de microrganismos). 
A exceção são as imunoglobulinas, que são os anticorpos e são produzidas pelos plasmócitos. Os 3% restantes dos solutos são 
formados por glicose, vitaminas,íons, hormônios etc. 
Albumina 
O destaque especial é dado à albumina porque ela é uma das principais proteínas carreadoras de substâncias que não têm 
solubilidade no plasma, que é um meio aquoso. Um exemplo de substância carregada pela albumina é a bilirrubina, que é fruto da 
degradação de moléculas de hemoglobina pelos macrófagos quando essas células fagocitam hemácias e que deve ser eliminado 
do corpo. Para que a bilirrubina seja eliminada pelos hepatócitos do fígado, essa substância é transportada juntamente com a 
albumina até chegar a tais células, que recolhem a bilirrubina e a transformam em um composto solúvel para que possa ser 
devidamente eliminado com a bile do corpo. 
O outro motivo para a albumina ser destacada é porque ela é responsável pela pressão osmótica/coloidosmótica que o sangue 
tem. Essa pressão osmótica é um tipo de pressão que se contrapõe à pressão hidrostática proporcionada pela contração da 
musculatura lisa dos vasos arteriais da rede cardiovascular. Entre os vasos arteriais que mantém o nível da pressão sanguínea, são as 
arteríolas que têm, apesar de pequenas, uma camada muscular bastante desenvolvida para o tamanho que têm, mantendo uma 
pressão devidamente regulada em termos normais e distribuindo o sangue em uma pressão adequada ao longo de um leito capilar. 
Esse leito capilar vai se distribuir por áreas de tecido conjuntivo e os capilares se ramificam, voltam a se reunir de modo a formarem 
uma vênula, que inicia uma circulação de retorno em função de cada vez maior quantidade de veias que devolvem o sangue ao 
coração. 
Então, em uma rede capilar, você vai observar que existe a manutenção de uma pressão sanguínea relativamente alta e essa 
manutenção é devida pela ação exercida pela contração da musculatura das arteríolas. Conforme as arteríolas propulsionam 
sangue para o leito capilar, a força da impulsão do sangue causada pela contração da musculatura lisa das arteríolas é tão grande 
que faz com que haja a inevitável saída de água de dentro dos capilares para o tecido conjuntivo. Isso acontece na extremidade 
dos capilares mais próxima das arteríolas. 
Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ 
 
Uma vez havendo extravasamento de água a partir dos 
capilares da rede capilar para o tecido conjuntivo, isso 
determina uma situação temporária de desequilíbrio. Por quê? 
Porque nós devemos sempre observar que deve haver sempre 
um desequilíbrio entre a água do plasma sanguíneo e a água 
presente no tecido conjuntivo, que é o líquido intersticial. 
Havendo uma quantidade excessiva de líquido no MEC, 
aumentando a quantidade de líquido no meio intersticial, nós 
temos uma situação de excesso de líquido na MEC, o que 
configura uma situação de edema em termos patológicos. 
Porém, em condições normais, essa temporária situação de 
desequilíbrio é facilmente resolvida a partir da alta 
concentração de proteínas plasmáticas nas extremidades venosas dos capilares mais próximas da região de formação de uma 
vênula. Dentre essas proteínas plasmáticas altamente concentradas no sangue, nós temos a albumina, que acaba “puxando” de 
novo a água que saiu na extremidade arterial dos capilares, para dentro dos vasos, restabelecendo a situação de equilíbrio. Essa 
pressão exercida pela albumina e por demais proteínas plasmáticas é o que chamamos de pressão osmótica. 
Ainda assim, em havendo uma pequena quantidade excedente de água no tecido conjuntivo, existe um outro sistema de 
drenagem de líquido do tecido conjuntivo, que é o sistema de vasos linfáticos. Capilares linfáticos se distribuem por todas as áreas de 
tecido conjuntivo justamente para drenar o excesso eventual de líquido retido em meio ao tecido conjuntivo. 
Fase sólida 
A fase sólida é constituída pelos elementos figurados do sangue, que é um termo correspondente ao fato de termos, no sangue, 
tanto células quanto fragmentos de células. Desses elementos figurados do sangue, as células verdadeiras são os eritrócitos/as 
hemácias e os leucócitos. As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos, ou seja, são tromboplastídeos relacionados à coagulação 
sanguínea. 
Distensão sanguínea ou “esfregaço” sanguíneo ou filme sanguíneo 
E como é que a gente faz um corte histológico de sangue? Para a gente estudar o sangue, temos que utilizar preparados 
histológicos denominados de distensão sanguínea, porque é feita uma distensão de uma gota de sangue sobre uma lâmina 
histológica. 
Depois que é feita a distensão, é necessário que nós coremos a amostra de sangue com colorações específicas para a 
evidenciação dos elementos figurados do sangue. Essas colorações foram desenvolvidas por um pesquisador denominado de 
Romanowski e, por isso, são denominadas de colorações Romanowski. 
Ao longo do tempo, as colorações Romanowsi foram sofrendo adaptações com diferentes concentrações dos corantes que 
estavam presentes nessas colorações. Cada pesquisador, ao adaptar essas colorações, deu o seu nome para a coloração 
desenvolvida. Dessa forma, atualmente, temos 3 colorações do tipo Romanowsi que são utilizadas para evidenciação dos elementos 
figurados do sangue: 
➢ May-Grünwald-Giemsa 
➢ Leishman 
➢ Wright 
Essas colorações Romanowsi utilizam corantes que são caracterizados como ácidos ou bases: 
→ Eosina: é o corante ácido que vai corar estruturas que têm afinidade por ela, estruturas básicas, com uma tonalidade que 
varia do avermelhado ao alaranjado. 
→ Azul de metileno: é o corante básico que vai corar estruturas ácidas com uma tonalidade que varia do azul-escuro ao 
negro. Esse corante, no preparo das colorações Romanowski, sofre uma oxidação de suas moléculas, dando origem a um 
corante chamado de azur de metileno, que dá uma tonalidade púrpura, arroxeada. 
→ Eosinatos de metileno: a eosina e o azul de metileno reagem entre si, gerando corantes neutros chamados de eosinatos de 
metileno, que dão uma tonalidade salmão. 
Hemácias ou eritrócitos 
As hemácias são células que se tornam anucleadas nos mamíferos, durante a sua informação. Seus precursores apresentam 
núcleos que vão ser perdidos ao final do processo de diferenciação da linhagem das hemácias, que é a chamada linhagem 
eritrocítica. 
A linhagem eritrocítica é o conjunto de células que vai dar origem às hemácias terminalmente diferenciadas, que são células 
anucleadas nos mamíferos. Nos outros vertebrados, as hemácias são até nucleadas, mas o DNA nuclear é absolutamente inerte e 
inútil, porque as hemácias destes vertebrados não expulsam o núcleo. Já as hemácias dos mamíferos vão expulsar o núcleo após um 
processo de inviabilização do DNA nuclear, que acontece durante a diferenciação celular da linhagem eritrocítica. 
Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ 
 
Os eritrócitos vão apresentar uma concentração relativa, na corrente sanguínea, diferente entre homens e mulheres: nos homens, 
nós vamos encontrar cerca de 5,0 a 5,5 milhões/mm3 de sangue e, nas mulheres, cerca de 4,0 a 4,5 milhões/mm3 de sangue. Essa 
diferença diz respeito, essencialmente, ao volume corporal já que, geralmente, mulheres têm o volume corporal menor do que os 
homens. Antigamente, achava-se que essa diferença se devia à perda de sangue durante o período menstrual. 
Como já falamos, as hemácias são células anucleadas e têm um formato em disco bicôncavo, ou seja, uma hemácia tem duas 
concavidades, sendo uma concavidade a cada superfície. Essas duas concavidades só são visualizadas a partir de técnicas 
especiais que vão permitir a visualização da superfície da hemácia. Sendo que, em uma distensão sanguínea, as células estão 
espalhadas na superfície de uma lâmina, de modo que você só consegue ver apenas um lado. Portanto, quando vemos tais células 
em um filme sanguíneo, nós temos a falsa impressão de que estamos vendo um filme bicôncavo. 
Se a hemácia for vista de lado, ela vai ter essa configuração 
[imagem ao lado], semelhantea um halter de academia, assim, 
nós temos as duas concavidades localizadas. Em uma distensão 
sanguínea, nós temos a indicação da biconcavidade a partir da 
coloração da hemácia. 
 
Microscopia óptica 
A hemácia, à M.O., vai ter seu citoplasma nitidamente acidófilo. Essa cor que vocês estão 
vendo não é a cor natural da hemácia; se a amostra de sangue não for corada, a hemácia tem 
uma cor extremamente pálida. “Mas elas não são avermelhadas?” São em conjunto, mas à 
medida que você vê essas células espalhadas sem coloração, não tem como ver a 
caracterização do seu citoplasma, por isso é necessário que a amostra de sangue seja corada. 
Voltando... 
Essa acidofilia quer dizer que existe algum componente básico em quantidade no citoplasma. Esse componente é a 
hemoglobina, que é uma proteína e, como a maioria das proteínas, é de natureza básica. Agora, vamos perceber que as hemácias 
normais, vão ter citoplasma periférico nitidamente bem acidófilo, enquanto que o citoplasma central é mais palidamente corado. É 
a palidez central que representa, que indica, que sugere a biconcavidade da hemácia. 
Prova prática: Na hora da prova prática, não escreva que as hemácias têm o formato em disco bicôncavo porque não é possível 
ver as duas superfícies. Você deve justificar pelo aspecto que você está vendo e o que você está vendo é uma área central mais 
palidamente corada, por ser uma área mais adelgaçada em função das duas concavidades, uma a cada superfície da hemácia; e 
uma periférica mais corada. 
Além disso, hemácias normais têm em torno de 7,2 a 7,5 µm de diâmetro. Isso é 
uma medida de referência para eventuais alterações. 
Nos cortes histológicos, nós vamos encontrar hemácias, preferencialmente, no 
interior de vasos sanguíneos. 
 
 
 
Microscopia eletrônica 
Vocês estão vendo [ao lado] uma eletromicrografia de capilares com hemácias dentro, 
mostrando, em corte longitudinal, suas duas concavidades, sendo uma em cada superfície. 
Além disso, observem o citoplasma das hemácias, que não têm uma organela sequer. A 
hemácia é um “saquinho” de membrana plasmática, que retém uma meia dúzia de enzimas 
e uma grande quantidade de hemoglobina em seu citoplasma, proteína que é responsável 
pelo aspecto elétron-denso do citoplasma. 
Patologia 
As hemácias, em várias situações patológicas, sofrem alterações tanto de quantidade quanto de formato e de tamanho. 
Alterações de quantidade das hemácias 
As alterações de quantidade, frequentemente, são denominadas de anemias. Anemia é um termo genérico para um quadro 
hematológico caracterizado pela diminuição da quantidade de hemácias. As anemias têm causas diversas, que podem vir a ser 
Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ 
 
desde uma espécie de trauma que leve à ruptura de um vaso sanguíneo maior, em que o indivíduo tem uma perda muito grande de 
volume sanguíneo, até uma destruição anômala das hemácias que o indivíduo tem. 
Também temos a condição contrária, em que a quantidade de hemácias aumenta sobremaneira. Essa condição patológica 
(agora sim é uma doença) é chamada de policitemia vera, em que há um aumento da produção de eritrócitos na medula óssea, 
de modo que não haja mais espaço, na medula óssea, para mais ninguém. As outras linhagens celulares deixam de ser produzidas e 
isso faz com que a imunidade do indivíduo caia. Outro problema é que é tanta hemácia circulante que elas acabam “entupindo” os 
vasos sanguíneos, podendo, muitas vezes levar o indivíduo à morte. 
Alterações de tamanho das hemácias = anisocitoses 
Quando as hemácias sofrem alterações de 
tamanho, isso se chama uma anisocitose. As hemácias 
maiores que as normais são referidas genericamente 
como macrócitos, enquanto que hemácias menores 
são referidas como micrócitos. Geralmente, a 
alteração do tamanho das hemácias é 
acompanhada por alterações de número das 
hemácias para baixo, ocasionando, portanto, quadros 
de anemia. 
As duas imagens superiores são dois exemplos de 
anemia macrocítica, ou seja, uma anemia na qual as 
hemácias se tornam maiores. Um exemplo destes é a 
anemia megaloblástica, que é ocasionada por 
defeitos na formação das hemácias, principalmente, 
em relação ao DNA. Quando o DNA é malformado, 
ele acaba gerando proteínas que acabam 
deturpando a morfologia das hemácias. Então, 
defeitos na expressão de genes que vão proporcionar 
a definição do tamanho dos eritrócitos acabam 
levando à formação de hemácias maiores, macrócitos. 
 Um exemplo de anemia microcítica é a anemia por deficiência de ferro. Quando o indivíduo tem pouca ingestão de ferro, as 
hemácias ficam pequenas pela não incorporação de ferro para a formação de moléculas de hemoglobina. 
Alterações de formato das hemácias = poiquilocitose 
As poiquilocitoses são extremamente diversificadas 
e causadas por várias razões. Muitas delas são 
ocasionadas por alterações genéticas na expressão 
de componentes estruturais das hemácias. 
Aqui, vocês veem alguns casos de poiquilocitoses 
como [da esquerda para direita]: eliptocitose (formato 
elíptico), dacriocitose (formato de lágrima), 
esferocitose (formato de esfera), anemia falciforme 
(formato de foice). 
 
 
 
 
Citoesqueleto submembranar da hemácia 
As hemácias não são tão bonitinhas como vemos nas distensões sanguíneas. Dentro dos 
vasos, a própria força propulsora que o sangue tem em função da musculatura lisa dos vasos e 
em função do coração faz com que as hemácias sofram uma série de distorções. Dessa forma, 
quando as hemácias estão circulando nos vasos sanguíneos, elas ficam igual a um “morrinho”. 
Isso é bastante indicativo da flexibilidade que as hemácias têm e devem ter, porque, apesar de 
elas terem em torno de 7,5 µm de diâmetro, elas conseguem passar por capilares que têm o 
diâmetro menor do que o das hemácias. 
Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ 
 
Essa flexibilidade tem uma razão: citoesqueleto submembranar da hemácia. A hemácia apresenta, abaixo de sua membrana 
plasmática, um conjunto de proteínas fibrosas, sendo duas delas principais e o resto, acessórias, que formam o citoesqueleto 
submembranar. 
As proteínas acessórias são importantes para manutenção do 
citoesqueleto organizado e para fixação do citoesqueleto à 
membrana plasmática da hemácia. 
O citoesqueleto submembranar é uma trama tridimensional 
que se espalha por toda região abaixo da membrana 
plasmática, ou seja, que está associada ao folheto interno da 
membrana plasmática da hemácia, e que é 
predominantemente composta por uma proteína chamada de 
espectrina. 
A espectrina é uma molécula alongada e formada por 
associação de dois monômeros (α-espectrina e β-espectrina) em dímeros. A α-espectrina e a β-espectrina se associam de forma, 
mais ou menos, trançada e as suas extremidades se associam a outros dímeros, formando, então, uma trama tridimensional. Em 
pontos de cruzamento, nós vamos encontrar uma série de pequenas cadeias de actina, que não chegam a ser filamentos 
comprimidos como vimos na Biologia Celular. Pelo fato de haver poucas moléculas de actina formando curtos filamentos, nós 
denominamos essas estruturas de actina de oligômeros de actina. 
O citoesqueleto submembranar vai estar preso, essencialmente, a uma proteína da membrana plasmática das hemácias, uma 
proteína integral transmembranar, chamada proteína banda 3. 
Uma vez visto isso, passamos para as proteínas associadas, a começar pela proteína chamada de anquirina. A anquirina vai ligar 
o citoesqueleto submembranar à proteína banda 3, presente na membrana plasmática. Então, a anquirina vai servir como uma 
espécie de ponte entre a espectrina e a proteína banda 3. 
Juntamente com a anquirina, existem a proteína 4.2, que mantém a estabilidade entre a anquirina e a banda 3, e as proteínas 4.1 
e 4.9, que mantêm a estabilidade entre a espectrina e os oligômeros de actina. 
Membrana plasmática dashemácias 
O glicocálice das hemácias é formado por uma série de oligossacarídeos diferentes, que, dependendo dos tipos de sacarídeos 
presentes nesses oligossacarídeos, vão determinar os grupos sanguíneos do sistema AB0 na espécie humana. Então, os 
oligossacarídeos específicos associados ao folheto externo da membrana plasmática das hemácias vão determinar os grupos 
sanguíneos do sistema AB0. 
Além disso, ainda existe o fator Rh ou antígeno D, que é uma proteína de membrana também, que determina a compatibilidade 
ou não entre hemácias de uma mãe e de um feto em formação e que pode gerar a eritroblastose fetal ou doença hemolítica do 
recém-nascido. Eritroblastose fetal: se houver uma primeira gestação com a mãe negativa e o feto positivo, as hemácias fetais vão 
estimular o organismo da mãe a produzir anticorpos anti-Rh; se houver uma segunda gestação com feto positivo, o feto sofre o 
ataque desses anticorpos sobre suas hemácias, levando à hemólise generalizada. 
Hemoglobina 
A hemoglobina é uma proteína formada por quatro 
cadeias polipeptídicas, sendo duas cadeias α e duas cadeias 
β, que estão associadas ao grupamento heme. O grupamento 
heme é uma molécula do grupo das porfirinas e é ele que tem 
um átomo de ferro, ao qual o oxigênio que é transportado 
pelas hemácias se prende. 
Existem diferentes tipos de hemoglobina que vão sendo 
expressas pelas hemácias durante todo o desenvolvimento até 
a aquisição da hemoglobina definitiva, que é a chamada 
hemoglobina A. A hemoglobina A é a predominante no indivíduo adulto (cerca de 98-99%) e tem duas cadeias α e duas cadeias β; 
a hemoblobina A2 existe em uma pequena quantidade e tem duas cadeias α e duas cadeias δ (delta). 
Isso é só para ilustrar que existem hemoglobinas embrionárias (são expressas até a 8ª semana de desenvolvimento) com diferentes 
tipos de cadeias polipeptídicas; e que existe uma hemoglobina fetal: 
✓ Embrionárias: hemoglobina Gower do tipo 1, com duas cadeias ξ (csi) e duas cadeias ε (épsilon); hemoglobina Gower do 
tipo 2, com duas cadeias α e duas cadeias ξ (csi); e hemoglobina Portland, com duas cadeias ζ (zeta) e duas cadeias γ 
(gama). 
✓ Fetal: com duas cadeias α e duas cadeias γ (gama). 
Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ 
 
Aqui a gente mostra como a molécula de hemoglobina é determinante no 
formato das hemácias: a gente observa, essencialmente, no caso da anemia 
falciforme. A anemia falciforme é uma doença ocasionada pela simples troca de um 
aminoácido em uma das cadeias β da hemoglobina, o que leva à deformação 
completa da hemácia. As hemácias ficam em forma de foice e isso as torna muito 
mais propensas à hemólise – os macrófagos reconhecem muito mais facilmente essas 
hemácias –, causando um quadro anêmico. 
Participação das hemácias no transporte de gás carbônico (CO2) 
As hemácias têm como função o transporte do gás oxigênio (O2) associado às moléculas de hemoglobina (mais precisamente, o 
ferro do grupamento heme), mas elas, também, são fundamentais para o transporte de gás carbônico (CO2). Porém, este gás não 
tem tanta afinidade pelas hemácias (não confundir com o monóxido de carbono (CO), que tem muita afinidade com as hemácias) 
e, por isso, existem formas de transporte desse gás das quais a hemácia participa: 
Prova teórica: Quando os tecidos estão jogando, para fora, o CO2 produzido em função do metabolismo celular, quem vai 
começar a levar o CO2 para ser eliminado são as hemácias que estão passando pelos capilares dos tecidos, mas elas não vão levar 
o gás em estado imaturo. Quando as hemácias estão circulando nos capilares dos tecidos, o CO2 entra nessas células por difusão 
simples e, lá, o gás vai encontrar uma enzima extremamente abundante nas hemácias, a anidrase carbônica. Esta enzima vai 
promover a reação entre o CO2 e a água presente no citoplasma das hemácias, gerando ácido carbônico (H2CO3), que é 
extremamente instável e, portanto, dissocia-se em próton (H+) e íon bicarbonato (HCO3-). O H+ vai ficar temporariamente retido na 
molécula de hemoglobina, ao passo que o HCO3- vai sair da hemácia em troca da entrada do íon cloreto (Cl-), logo, o HCO3- serve 
como moeda de troca para a entrada do Cl-. O HCO3- que sai da hemácia acaba ficando dissolvido no plasma sanguíneo e é sob a 
forma de HCO3- que o CO2 é transportado (70%) na corrente sanguínea. 
Então, nós temos o transporte de gás carbônico sob a forma de bicarbonato, uma vez que esse íon sai da hemácia e cai no 
plasma sanguíneo. Mas, para o bicarbonato sair tem que haver a entrada do cloreto e quem permite a troca do bicarbonato pelo 
cloreto é uma proteína de membrana da hemácia, que é a proteína banda 3. Essa proteína está agindo como antiporte e troca dois 
ânions, portanto, ela é referida como um trocador aniônico de bicarbonato e cloreto. 
 
Quando as hemácias chegarem nos capilares do pulmão, para liberar o CO2 da expiração além de capturar o O2 da inspiração, 
o HCO3- deve voltar à forma de CO2, ou seja, deve acontecer tudo ao contrário do que aconteceu com a hemácia enquanto ela 
estava no capilar dos tecidos. Assim, o HCO3- vai novamente entrar na hemácia, enquanto que o Cl- que estava dissolvido no 
citoplasma da hemácia vai sair pela proteína banda 3. O HCO3-, quando no citoplasma da hemácia, vai recuperar o H+ que estava 
na molécula de hemoglobina, gerando H2CO3, que vai sofrer ação da anidrase carbônica de novo, produzindo H2O e CO2. O CO2 sai 
da hemácia por difusão simples e é expelido pelos alvéolos. 
Reticulócitos 
As células precursoras das hemácias têm núcleo; à medida que as células da linhagem eritrocítica vão sofrendo alterações de 
proliferação e de diferenciação celular, elas vão chegar em um estágio de formação de hemácias jovens. Essas hemácias jovens 
são denominadas de reticulócitos (não confundir com tecido reticular). O motivo para esse nome é que as hemácias jovens, antes 
de se tornarem maduras, ainda apresentam pequenas quantidades de RNAr e de RNAm, então, existem pequenas quantidades de 
polirribossomas residuais no citoplasma dos reticulócitos. Com o tempo, isso vai desaparecendo e os reticulócitos se tornam hemácias 
maduras. 
Na imagem esquerda, os reticulócitos estão sendo 
vistos em função de uma pequena rede de restos de 
RNAr e de RNAm que se formou no citoplasma dessas 
hemácias jovens. A imagem direita é um reticulócito 
visto na M.E., que ainda tem algumas mitocôndrias, mas 
que vão desaparecer até a hemácia amadurecer. 
Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ 
 
Elas estão presentes no sangue circulante em uma taxa, mais ou menos, 1% do total de hemácias circulantes. A percentagem de 
reticulócitos no sangue aumenta quando há uma recuperação do quadro eritrocítico (p. ex.: anemia, hemorragia). Conforme o 
indivíduo é acompanhado durante o tratamento, a medula óssea dele vai recuperar a quantidade de hemácias que foram 
perdidas, assim, um bom indício disso é o aumento da percentagem relativa de reticulócitos (em torno de 4 a 5%). 
Plaquetas ou tromboplastídeos 
Talvez vocês tenham ouvido falar em trombócitos, mas não são a mesma coisa que plaquetas. Trombócitos são células, ao 
contrário de plaquetas, existentes em outros vertebrados. As plaquetas não são células verdadeiras porque elas são simplesmente 
fragmentos celulares, que também são denominados de plastídeos e, por conta disso, as plaquetas são mais bem caracterizadas 
com o termo tromboplastídeo. 
As plaquetas são encontradas na circulação numa concentração que varia de 150-400 mil/mm3 de sangue. Muita gente sabe 
disso por conta da dengue, que provoca a diminuição da concentração relativa de plaquetas, denominada de trombopenia (não 
confundir com trombocitoses, que correspondem ao aumento da concentração relativa de plaquetas). 
Os tromboplastídeos são fragmentos citoplasmáticos de uma célula gigante presente na medula óssea, chamada de 
megacariócito.Os megacariócitos são exclusivamente encontrados na medula óssea e sofrem uma fragmentação do seu 
citoplasma de maneira regulada; os fragmentos citoplasmáticos, à medida que vão sendo liberados na corrente sanguínea, vão se 
tornando as plaquetas. 
Nas distensões sanguíneas, as plaquetas aparecem 
ou isoladamente ou formando pequenos grupos. 
Reparem que as plaquetas são esses corpúsculos bem 
pequenos de citoplasma frequentemente basófilo ou 
arroxeado (o arroxeado é dado pela presença do azur 
de metileno). 
 
 
Na M.E. de varredura, a plaqueta é um corpúsculo que tem uma configuração extremamente 
irregular. Esses prolongamentos que vocês estão vendo são pseudopódos, que as plaquetas emitem 
quando ativadas (elas estarão ativadas mediante o encontro de uma lesão na parede vascular). Aqui 
nós estamos vendo a configuração do formato das plaquetas, que, muito frequentemente, os livros 
chamam de um formato de disco biconvexo, o que dá a impressão de que ela é toda bonitinha, mas 
não é nada disso. 
Regiões do citoplasma da plaqueta 
A plaqueta apresenta duas regiões em seu citoplasma e essas regiões são dotadas de uma série de componentes que serão 
faladas mais à frente para entendermos a ativação plaquetária. Uma das regiões é a região periférica, que é chamada de 
hialômero por conta da palidez do citoplasma nessa área (hialo = vidro em grego). Todo o restante do citoplasma mais centralmente 
situado é o chamado granulômero ou cromômero. 
Hialômero 
No hialômero, que é mais simples, nós vamos encontrar um feixe de microtúbulos que é responsável por dar o formato que as 
plaquetas têm, e que é chamado de feixe marginal de microtúbulos (as plaquetas adquirem o microtúbulos dos seus megacariócitos 
e esses microtúbulos se dispõem na periferia das plaquetas) 
 
Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ 
 
Também, de maneira não visível, existem grandes quantidade de monômeros de actina e de miosina, que se encontram 
despolimerizados (só se polimerizam quando houver ativação da plaqueta). Se tem muita quantidade de actina e miosina, é sinal de 
que a plaqueta, quando ativada, vai adquirir uma contratibilidade, e é por isso que ela tem aqueles pseudopódos. 
Cromômero ou granulômero 
O cromômero é cheio de coisas e essas coisas correspondem principalmente a três populações de grânulos de secreção, que 
têm diferentes conteúdos e que são os responsáveis por conferir a tonalidade que as plaquetas têm nas colorações Romanowski. 
A primeira população corresponde aos chamados grânulos α, que vão conter, em seu interior, dois tipos de proteínas que vão 
colaborar para a adesão plaquetária entre si e, também, ao endotélio vascular lesado. Essas duas proteínas adesivas são a 
trombospondina e o fator de von Willebrand e elas estão dentro dos grânulos α juntamente com um fator de crescimento, ou seja, 
com uma proteína que estimula a proliferação celular, chamado de PDGF (Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas). Embora o 
PDGF tenha sido descoberto em plaquetas, ele também é produzido por outros tipos celulares como, por exemplo, macrófagos. 
Outra população do granulômero das plaquetas são os grânulos δ 
(delta), que contêm ATP, ADP e serotonina. O ATP e o ADP, até então, a 
gente conhece como moléculas que carregam energia, só que, aqui, 
uma vez secretados, eles encontram receptores específicos em 
determinadas células. Esses receptores específicos, quando ligados a 
moléculas de ATP e/ou ADP favorecem a adesão intercelular, então, o 
ATP e o ADP também têm uma função adesiva, ou seja, favorecem a 
adesão plaquetária. A serotonina é conhecida como um 
neurotransmissor e sua falta causa depressão, só que, nas plaquetas, ela 
tem outra função, ela tem uma ação estimuladora da contração da 
musculatura lisa dos vasos sanguíneos. 
A terceira população é chamada de grânulos λ (lambda), que são 
os lisossomos das plaquetas e que contêm todas as hidrolases típicas que 
todo lisossomo tem. 
Além das três populações de grânulos, vamos encontrar um sistema de canalículos comunicantes [na imagem, são os túbulos 
com abertura na superfície]. Esses canalículos comunicantes servem para o escoamento do conteúdo granular: quando a plaqueta 
se ativar, ela vai fazer com que esse conteúdo chegue até o meio extracelular e a via de escoamento para o conteúdo granular é 
esse sistema de canalículos comunicantes. A membrana dos grânulos se funde à membrana desses canalículos, que vão conduzir o 
conteúdo granular para fora da plaqueta. 
Existe ainda um sistema de túbulos densos que provavelmente sejam derivados do retículo endoplasmático liso do megacariócito. 
Esse sistema de túbulos densos (têm esse nome porque são mais elétron-densos) podem acumular cálcio, que é um íon fundamental 
nos eventos da coagulação. 
Ainda no granulômero da plaqueta, vamos encontrar mitocôndrias e grânulos de glicogênio. 
Participação das plaquetas na coagulação do sangue 
As plaquetas vão colaborar muito com a coagulação, mas não fiquem com a ideia de que plaqueta é responsável por esse 
fenômeno, elas só participam de um momento da coagulação sanguínea e não são responsáveis pela coagulação. A função das 
plaquetas é formar um obstáculo, um tampão que impeça o extravasamento de sangue da ruptura da parede dos vasos sanguíneos 
que foram lesionados. 
Para entender sua função, temos que entender que as plaquetas estão constantemente circulando no sangue a procura de uma 
lesão, assim, é importante que as plaquetas não adiram ao endotélio. E como isso ocorre? O endotélio não deixa as plaquetas se 
aderirem a ele, porque ele produz substâncias derivadas de lipídeos da membrana plasmática, como os icosanoides leucotrienos e 
prostaglandinas, mais especificamente as prostaciclinas. As prostaciclinas substâncias antitrombogênicas, que impedem a 
informação de trombos, que são os agregados de plaquetas dentro dos vasos sanguíneos quando ocorre o tamponamento 
plaquetário. 
No caso de uma lesão endotelial, a história é diferente: o colágeno do tipo IV da lâmina basal fica exposto e, então, as plaquetas 
começam a aderir a esse colágeno devido à alta afinidade pelo colágeno do tipo IV. Desse modo, as plaquetas se aderem ao local 
onde houve a ruptura endotelial. Ao mesmo tempo que se aderem, elas começam a se agregar, também, umas às outras. Esses 
primeiros eventos são caracterizados como ADESÃO e AGREGAÇÃO PLAQUETÁRIAS, que predispõem a formação de trombo, que é 
um processo físico e que, por si só, já começa a promover o tamponamento da lesão vascular. 
Após a agregação plaquetária, começa, imediatamente, a ATIVAÇÃO PLAQUETÁRIA. A ativação é, efetivamente, a liberação 
do conteúdo dos grânulos das plaquetas, que começam a atuar sobre a parede vascular no sentido de reparar a parede do vaso 
sanguíneo. Se a gente for começar a ver qual é o conteúdo dos grânulos que a gente comentou, as coisas vão fazer sentido: dos 
grânulos delta, vão sair ATP e ADP, que são “colas” naturais e, portanto, vão aumentar a adesão das plaquetas umas às outras; dos 
grânulos alfa, vão sair o fator de von Willebrand, que vai aumentar a adesividade das plaquetas pelo colágeno do tipo IV da lâmina 
Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ 
 
basal (a adesividade é feita por meio do receptor gliocoproteína Gp1b, localizado na membrana plasmática das plaquetas, para o 
fator de von Willebrand), e o PDGF, que vai estimular a proliferação das células endoteliais e musculares da parede dos vasos 
sanguíneos (se a ruptura for de um capilar, o PDGF só estimula a proliferação de células endoteliais e, inclusive, a diferenciação dos 
pericitos). 
Além disso, os grânulos delta vão liberar serotonina, que tem o papel de aumentar a contração da musculatura lisa e fazer com 
que haja a diminuição do calibre vascular (vasoconstrição). Por que é necessária a vasoconstrição? Se a parede do vaso lesado se 
contrair,o sangue vai passar devagar (fluxo sanguíneo local diminui); passando mais devagar, isso dá mais tempo para as plaquetas 
aderirem à lesão. Outro elemento que contribui para a vasoconstrição é um outro derivado de lipídios da membrana plasmática 
produzido pelas plaquetas, o tromboxano, que é um icosanoide derivado das prostaciclinas, e que também estimula a adesão e 
agregação plaquetárias. 
 
No final, é formado o trombo, só que ele, por si só, não é responsável por acabar com o problema da lesão vascular, então, o 
endotélio do vaso lesado é especialmente ativo no processo de reparação da parede vascular: o endotélio lesado vai liberar uma 
proteína chamada de tromboplastina tecidual, uma enzima que vai ativar uma outra enzima, que é uma proteína plasmática inativa 
até então, denominada protrombina. A protrombina, quando ativada, se transforma em trombina, que vai ativar outra proteína 
plasmática, o fibrinogênio. O fibrinogênio vai ser clivado pela trombina, dando origem a monômeros de fibrina. Esses monômeros de 
fibrina vão realizar uma série de ligações cruzadas entre si por meio de outra proteína plasmática, o fator XIII da coagulação, 
gerando uma rede de fibrina, que se deposita sobre o tampão plaquetário. Dessa forma, a rede de fibrina consegue capturar 
elementos figurados do sangue, como hemácias e leucócitos, que vão formar o coágulo sanguíneo (não confundir com trombo, que 
é o agregado plaquetário). 
Os monômeros de actina e de miosina das plaquetas, que estavam despolimerizados, vão se polimerizar, formando filamentos. 
Em havendo formação de filamentos de actina e miosina nas plaquetas, esses fragmentos começam a adquirir um grau de 
contratibilidade para que as bordas da lesão se aproximem umas às outras e, assim, ocorre a retração do coágulo. O coágulo, uma 
vez tendo havido restabelecimento da estrutura vascular, não vai ser mais necessário e vai sendo reabsorvido por conta da 
produção de proteínas pelo endotélio, chamadas de ativadores do plasminogênio (plasminogênio é uma outra proteína 
plasmática), que vão ativar o plasminogênio. O plasminogênio, quando ativado, vai se transformar na enzima plasmina, que vai 
dissolver o coágulo. 
Curiosidade: plaquetas duram 9 dias, sendo destruídas por macrófagos do vaso.

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