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UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DIEGO CHIQUETTI EXTRAÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL COM DIÓXIDO DE CARBONO SUPERCRÍTICO BAURU 2016 DIEGO CHIQUETTI EXTRAÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL COM DIÓXIDO DE CARBONO SUPERCRÍTICO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicadas da Universidade do Sagrado Coração como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Engenharia Química, sob orientação do Prof. Dr. Edilsom Moura Pinto. BAURU 2016 Chiquetti, Diego C5414e Extração de óleo essencial com dióxido de carbono supercrítico / Diego Chiquetti. -- 2016. 52f. : il. Orientador: Prof. Dr. Edilson Moura Pinto. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) - Universidade do Sagrado Coração - Bauru - SP 1. Óleos essenciais. 2. Processo de extração. 3. Fluído supercrítico. 4. Dióxido de carbono supercrítico. 5. Equações cúbicas de estado. I. Pinto, Edilson Moura. II. Título. DIEGO CHIQUETTI EXTRAÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL COM DIÓXIDO DE CARBONO SUPERCRÍTICO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicadas da Universidade do Sagrado Coração como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Engenharia Química, sob orientação do Prof. Dr. Edilson Mora Pinto. Banca examinadora: ___________________________________ Prof. Dr. Edilson Mora Pinto Universidade do Sagrado Coração ___________________________________ Prof. Dr. Herbert Duchatsch Johansen Universidade do Sagrado Coração ___________________________________ Prof. Dr. Marcelo Telascrêa Universidade do Sagrado Coração Bauru,___ de____ de 2016. Dedico este trabalho а Deus, por ser essencial em minha vida, à minha mãe Magda Maria da Silva, ao meu irmão Daniel Chiquetti e meu Professor e Orientador Edilson Moura Pinto. AGRADECIMENTOS A Deus, pela dádiva da vida e pela liberdade de escolha que possibilitou protagonizar minha história. A minha mãe Magda Maria da Silva e Meu irmão Daniel Chiquetti por sempre estarem ao meu lado em todos os momentos Ao Prof. Dr. Edilson Moura Pinto Orientador, braço amigo de todas as etapas deste trabalho. Aos amigos e colegas, pela força e pela vibração em relação a esta jornada, especialmente aos meus amigos Alexandre Luiz Braz, Anderson Feitoza, André Dalbeto, Andreza Ferreira, Daniel Baldini, João Pacheco de Almeida Prado Filho, Natan Mascarenhas, Neizedan Freitas, Pedro Fante, Pedro Soares, Rafael Zorzin, sempre amigos e companheiros nas horas mais difíceis. Aos professores e colegas do Curso, pois juntos trilhamos uma etapa importante de nossas vidas. A todos que, com boa intenção, colaboraram para a realização e finalização deste trabalho. "Tomei consciência de que a força invencível que impulsionou o mundo não são os amores felizes, mas os contrariados." Gabriel García Márquez RESUMO A extração de óleos essenciais por dióxido de carbono supercrítico é uma alternativa relevante em relação aos processos convencionais por solventes orgânicos ou por arraste de vapor. Em relação aos solventes orgânicos, a extração por Fluídos Supercríticos exime da necessidade de utilização e produção de resíduos tóxicos ao ambiente e ao próprio óleo essencial. Ademais este processo, soluciona um problema referente às hidrodestilações que na maioria dos óleos essenciais possui em suas composições substancias termo voláteis, que se difundem pelo ambiente até mesmo em temperaturas próximas aos 25ºC. Neste contexto, este trabalho apresenta um estudo bibliográfico dedicado a explorar alguns aspectos importantes da extração de óleos essenciais por meio de dióxido de carbono supercrítico. No trabalho foram feitas comparações e demonstrações do ponto crítico e dos estados supercríticos das substancias. Foram apresentadas as características do dióxido de carbono supercrítico como solvente, alguns processos de extração, bem como, as equações cúbicas de estado, modelagem termodinâmica e as características dos óleos essenciais obtidos. Como resultado final, demonstram-se as elegíveis propriedades de extração de óleos por processos mais puros e limpos, ambientalmente mais corretos e indicados para casos especiais de extração de compostos para indústria farmacêutica, química e alimentícia. Palavras Chave: Óleos Essenciais. Processo de Extração. Fluído Supercrítico. Dióxido de Carbono Supercrítico. Equações Cúbicas de Estado. ABSTRACT Extraction of essential oils by supercritical carbon dioxide is a relevant alternative over conventional processes by organic solvents or by steam drag. Regarding organic solvents, the extraction by Supercritical Fluids exempts from the necessity of use and production of toxic residues to the environment and to the essential oil itself. In addition, this process solves a problem related to hydro distillations, which in most essential oils have in their compositions volatile substances, which diffuse through the environment even at temperatures close to 25ºC. In this context, this work presents a bibliographic study dedicated to exploring some important aspects of the extraction of essential oils by means of supercritical carbon dioxide. In the work, comparisons and demonstrations of the critical point and supercritical states of the substances were made. The characteristics of the supercritical carbon dioxide as solvent, some extraction processes, as well as the cubic equations of state, thermodynamic modeling and the characteristics of the essential oils obtained were presented. As a final result, the oil extraction properties are shown to be cleaner, environmentally correct and indicated for special cases of extraction of compounds for the pharmaceutical, chemical and food industries. Keywords: Essential Oils. Extraction Process. Supercritical Fluid. Supercritical Carbon Dioxide. State Cubic Equations.. LISTA DE TABELAS Tabela 1- Propriedades Físicas de Alguns Solventes Supercríticos. ....................................... 22 Tabela 2 - Parâmetros de van der Waals. ................................................................................. 24 Tabela 3- Propriedades do CO2 puro no ponto crítico. ........................................................... 31 Tabela 4- Propriedades da matriz vegetal da qual os óleos essenciais foram extraídos. ......... 39 Tabela 5 - Parâmetros do Processo de extração. ...................................................................... 40 Tabela 6 - Parâmetros matriz da experimental utilizados nas extrações. ................................ 41 Tabela 7 - Dados experimentais para o Hn. ............................................................................. 42 Tabela 8 - Dados experimentais para o Ho. ............................................................................. 43 Tabela 9 - Rendimentos de óleo essencial (massa de óleo/massa de planta)........................... 44 Tabela 10 - Composição do óleo essencial de Hn e Ho ........................................................... 44 Tabela 11 -Comparação dos rendimentos dos óleos extraídos ............................................... 45 Tabela 12 - Resultados da cromatografia qualitativos dos componentes do Hn. .................... 45 Tabela 13– Resultados da cromatografia qualitativa dos componentes Ho. ........................... 46 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Principais óleos essenciais no mercado mundial. ................................................... 16 Figura 2 - Os principais estados da matéria. ............................................................................ 19 Figura 3 - Curva da energia de atração e repulsão das moléculas. .......................................... 20 Figura 4 - Diagrama de fases. .................................................................................................. 21 Figura 5- Propriedades físicas do CO2 puro na CNTP. ........................................................... 30 Figura 6 - Fluxograma industrial da ESC. ............................................................................... 33 Figura 7- Ress (Expanção Rápida de Soluções Supercríticas). ............................................... 34 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11 1.1 QUESTÃO PROBLEMA ............................................................................................................. 12 1.2 DELIMITAÇÃO ............................................................................................................................. 12 1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................ 13 1.4 OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 14 1.4.1 1.4.1. Objetivo geral .............................................................................................. 14 1.4.2 1.4.2. Objetivos específicos ................................................................................... 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 15 2.1 ÓLEOS ESSENCIAIS E PLANTAS AROMÁTICAS. ....................................................... 15 2.2 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS ................................................. 17 2.3 TERMODINÂMICA ..................................................................................................................... 18 2.4 ESTADOS DA MATÉRIA E PROPRIEDADES DOS GASES ....................................... 18 2.5 DIAGRAMA DE FASES E PONTO CRÍTICO ..................................................................... 20 2.6 EQUAÇÕES DE ESTADO .......................................................................................................... 23 2.7 TEORIA DE VAN DER WAALS .............................................................................................. 24 2.8 EQUAÇÃO CUBICA DE ESTADO DE REDLICH-KWONG ........................................ 26 2.9 EQUAÇÃO DE ESTADO CÚBICA DE SOAVE-REDLICH-KWONG ...................... 27 2.10 EQUAÇÃO CÚBICA DE PENG-ROBINSON ..................................................................... 28 2.11 DIÓXIDO DE CARBONO COMO SOLVENTE ................................................................. 28 2.12 EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS POR DIÓXIDO DE CARBONO SUPERCRÍTICO ............................................................................................................................. 30 2.13 RESS - EXPANÇÃO RÁPIDA DE SOLUÇÕES SUPERCRÍTICAS ............................ 33 2.14 MODELAGEM TERMODINÂMICA (EQUILÍBRIO DE FASES) ............................... 35 2.15 EQUILÍBRIO LÍQUIDO-VAPOR ............................................................................................ 35 3 METODOLOGIA........................................................................................................... 38 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 38 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 46 6 REFERENCIAS ............................................................................................................. 47 11 1 INTRODUÇÃO A extração de óleos essenciais possui um importante destaque no cenário industrial uma vez que, propicia a obtenção de matérias primas para fabricação de perfumes, alimentos, medicamentos fitoterápicos, cosméticos e muitos outros. O óleo essencial se constitui no principio ativo desses produtos que para terem qualidade e elevado grau de pureza, não podem ter interferentes ou processos degradantes ao longo de sua extração. Óleos essenciais se qualificam por terem em sua composição substancias químicas produzidas pela natureza e que de uma forma especifica proporcionam beneficio para o homem, seja com suas propriedades terapêutico-medicinais ou apenas pelo odor ou sabor. Esses produtos estão contidos no interior das células das plantas e na maioria dos casos não é possível extraí-los apenas usando a compreensão. Em consequência disso, ao longo dos anos foram desenvolvidas técnicas para que o máximo do produto desejado pudesse ser extraído de uma maneira eficiente (SANTOS, 2004). No passado, as primeiras técnicas de extração de óleos essenciais empregadas eram a chamada “digestão de flores” que se utilizava geralmente em água ou vinho, posteriormente surgiu a técnica de prensagem e mais recentemente a “enfleurage” ou enfloração, que consistia na imersão de pétalas de flores em banha de porco ou outro tipo de gordura que consequentemente absorvia as substancia voláteis presentes nas pétalas. Finalmente chegou- se ao predomínio das técnicas de destilação (hidrodestilação) até chegar mais recentemente nas técnicas de extração por solventes orgânicos. Esses métodos de extração convencionais fazem uso de elevadas temperaturas ou de solventes orgânicos que na maioria dos casos são tóxicos e seus resíduos podem trazer severas consequências à saúde humana e ao ambiente. Em contra partida, a Extração por fluido supercrítico é uma operação de transferência de massa em que a convecção na fase de solvente supercrítico é geralmente o principal mecanismo de transporte. A extração a partir do Dióxido de Carbono Supercrítico (CO2(SCF)) é uma alternativa elegível para melhora e eliminação de fatores negativos gerados nesses processos de extração, uma vez que não carecem de elevadas temperaturas nem tão pouco do uso extensivo de solventes orgânicos tóxicos dentre outros (LANÇAS, 2000) Ademais, a extração por Fluído Supercrítico possibilita a redução do risco de contaminação ambiental devido aos processos industriais e ao uso de substâncias poluentes, colaborando para o cumprimento de novas regras e práticas ambientalmente corretas no atual 12 ambiente de preocupação pelo desenvolvimento de tecnologias limpas e sustentáveis (SILVA, 2008). A extração do fluído supercrítico possibilita ainda a obtenção de produtos de elevadíssimo grau de pureza o que torna tal processo elegível para a indústria farmacêutica e química que em muitos casos necessita extrair compostos naturais que são encontrados em baixíssimos graus de concentração em seu meio in natura (HERRERO, 2006). Esta alternativa se encaixa perfeitamente nesses objetivos, pois se utiliza do Dióxido de Carbono (CO2) como solvente utilizado para a obtenção dos óleos essenciais. Os fluidos supercríticos (SFC) são conhecidos há mais de um século, a principio, eram utilizados para melhorar as técnicasde refino de petróleo visto que em 1947 fora usado para separar asfalto do petróleo, porém só passou a ser usado como solvente para extração na década de 70, quando as primeiras unidades de extração de cafeína do café começaram a surgir na Europa, além disso, era usado na extração de lúpulo e outros condimentos (ADAMS, 1991; TAYLOR, 1996; TAYLOR at al., 1995; TEMELLI at al., 1995). A extração utilizando CO2(SCF) tornou-se então, uma válvula de escape para indústrias que visam qualidade em seus produtos, pois em seu processo de extração pouco se usados solventes orgânicos e a temperatura de extração é relativamente baixa em se tratando de óleo essencial. . (SILVA; MATÍNEZ, 2014). 1.1 QUESTÃO PROBLEMA Como se dá o processo e quais as vantagens e desvantagens da extração de óleos essenciais por uso de Dióxido de Carbono Supercrítico? 1.2 DELIMITAÇÃO A extração de óleos essenciais com CO2(SCF) acaba sendo um processo um pouco mais complexo em relação aos processos convencionais, o fato de se trabalhar á uma pressão superior a 72 Bar é o principal problema, isso faz com que a modelagem do processo de extração seja complicada, fazendo uso de equações cúbicas de estado. Para implantar uma planta de extração supercrítica é necessário que o preço do produto final tenha valor elevado, os preços iniciais de instalação podem ser elevados, um equipamento trabalhando constantemente a alta pressão tem um custo muito elevado. Nesse sentido, este trabalho focará especificamente na extração de óleos essenciais por uso de Dióxido de Carbono Supercrítico. 13 1.3 JUSTIFICATIVA As indústrias farmacêutica/fitoterápica que fazem uso de substancias naturais tais como os óleos essenciais tem uma crescente necessidade por produtos com alto grau de pureza e qualidade, muitas dessas substancias utilizadas em medicamentos fitoterápicos são extraídos fazendo-se uso de solventes orgânicos que são tóxicos e comprovadamente deixam resíduos onde são utilizados, outro fator importante é a integridade da matéria prima, algumas técnicas de extração que fazem uso de altas temperaturas podem degradar a composição do óleo essencial fazendo com que suas propriedades terapêuticas não sejam tão eficientes como desejado. Além da indústria farmacêutica que necessita de produtos com alto grau de pureza e qualidade, indústrias de cosméticos e perfumaria que fazem uso de óleos essenciais também clamam por qualidade e, além disso, produtos produzidos de maneira “ambientalmente correta” viraram uma forma de Marketing, alavancando a venda de muitos produtos a pessoas preocupadas com o futuro do planeta, mas que não abrem mão do conforto que só a globalização pode oferecer. Com o intuito de auxiliar o combate a poluição gerado pelas indústrias, a Sociedade Química Americana criou um projeto que consiste num conjunto de medidas que visam reduzir o uso de substancias nocivas, a utilização de Dióxido de Carbono Supercrítico está contida nessas medidas pelo fato de ser um gás limpo e pode ser totalmente reciclado no processo. Nesse sentido esse trabalho pretende demonstrar a Extração de óleos essências utilizando uma tecnologia que resulta na produção de matérias primas de qualidade bem superior e ambientalmente mais correta em relação às técnicas convencionais de extração de óleos essenciais. Que em suma, são o grande obstáculo para obtenção de um produto de qualidade e elevado grau de pureza. Processos de extração como o de arraste de vapor utilizam temperaturas elevadas para vaporizarão da água, que consequentemente resulta na volatilização de ativos contidos no produto extraído. Outras técnicas como as que fazem uso de solventes orgânicos além da alta temperatura que é utilizada em um segundo momento da extração (na separação do óleo essencial do solvente) acaba por promover a geração de resíduos tóxicos que comprometem a pureza do produto e em alguns casos, quando o processo é feito de maneira displicente, gera um produto nocivo para o consumo humano. 14 Com a crescente demanda pelo uso de produtos de origem natural como medicamentos fitoterápicos, cosméticos, perfumes com essências naturais, gêneros alimentícios e até mesmo como aromatizantes, na gastronomia sofisticada, o óleo essencial tem um papel economicamente relevante, pois suas características o tornam o objeto de desejo dessas indústrias, seja como principio ativo, aromatizante, fixador de fragrância, ou seja, como um mero coadjuvante de uma conjunção de processos. Em outras palavras, a obtenção de um óleo essencial puro e com qualidade superior agrega valor aos produtos finais dessas indústrias. Neste contexto, a extração de óleos essenciais com CO2(SCF) constitui-se num processo que reúne todos os atributos para obtenção de um produto com qualidade impar e elevado grau de pureza, além de ser um processo menos nocivo ao ambiente e que trabalha em consonância com a chamada “Química Verde”. O CO2 é produzido a um custo relativamente baixo e, quando atinge um estado superior ao seu ponto crítico possui propriedades intermediarias entre líquido e gás, o que o tornam um solvente poderoso e um dos mais utilizados nestes processos. Apesar do Dióxido de Carbono (CO2) se constituir num dos principais vilões do chamado “efeito estufa”, este gás pode ser considerado “limpo” neste processo, uma vez que este é plenamente recuperado após a extração, não sendo descartado para o ambiente. 1.4 OBJETIVOS Nesta seção serão apresentados os objetivos gerias e específicos deste trabalho. 1.4.1 1.4.1. Objetivo geral Este trabalho tem como objetivo demonstrar e discutir o processo de extração de óleos essenciais utilizando CO2(SCF)). 1.4.2 1.4.2. Objetivos específicos • Definir óleo essencial e suas distinções com o óleo vegetal; • Definir sucintamente algumas propriedades termodinâmicas importantes para se chegar ao ponto crítico de uma substancia; • Demonstrar algumas equações de estado utilizadas no processo de extração por CO2(SCF); 15 • Demonstrar os resultados obtidos pelo processo de extração utilizando CO2(SCF); • Apresentar as vantagens do processo de extração utilizando CO2(SCF). 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nesta sessão serão apresentados alguns conceitos importantes como a definição de óleo essencial, e suas propriedades. 2.1 ÓLEOS ESSENCIAIS E PLANTAS AROMÁTICAS. A natureza através de todo o Reino Plantae oferece uma gama de princípios ativos que são de grande valor devido de suas características sensoriais tais como, aroma, sabor, propriedades terapêuticas, entretanto, outras características são desejáveis para aplicações. Esses princípios ativos estão contidos muitas vezes em forma de óleo ou óleo essencial presentes nas flores, frutos, sementes, raízes e folhas, normalmente no interior das células, óleos essenciais constituem um dos mais importantes grupos de matérias primas para indústrias, como a de perfumaria, alimentos, farmacêutica e cosmética (CRAVEIRO, 1993). Óleo essencial é a denominação dos óleos etéreos ou voláteis constituídos de misturas complexas, de substancias que possuem inúmeras funções químicas, presentes em diversas partes dos vegetais em toda a área da planta (KOKETSU, 1991). Em especial podemos conceituar plantas aromáticas e óleos essenciais, ou seja, plantas aromáticas são aquelas que contem em suas, flores, flores, o óleo essencial ou essências (que por ser um termo mais simples é muitas vezes utilizado, mas não deve ser confundido com odor) também deve se diferenciar o termo óleo de óleo essencial, são substancias distintas e localizadas em lugares diferentes das plantas, um exemplo claro é o óleo essencial de eucalipto extraído por destilação das folhas e o vendido como óleo de eucalipto que é retirado das sementes (COSTA, 1975). Óleos essenciais são compostos na maioriadas vezes de mono e sesquiterpenos e de fenilpropanoides, metabólitos, isso é responsável por suas características organolépticas (BIZZO, 2009). São constituídos principalmente de monoterpenos, sesquiterpenos, fenilpropanóides, ésteres e outras substancias que possuem baixo peso molecular, são usados "in natura", na maioria das vezes como misturas, pois as propriedades organolépticas estão associadas a vários componentes, que formam o "bouquet" de cada óleo em particular 16 (CRAVEIRO, 1993). A Figura 1 apresenta de forma sucinta os principais óleos essenciais no mercado mundial. Figura 1 - Principais óleos essenciais no mercado mundial. Óleo essencial Espécie Laranja (Brasil) Citrus sinensis (L.) Osbeck. Menta japonesa (Índia) Mentha arvensis L. f. piperascens Malinv. ex Holmes. Eucalipto (tipo cineol) Eucalyptus globulus Labill., E. polybractea R.T. Baker e Eucalyptus spp. Citronela Cymbopogon winterianus Jowitt e C.nardus (L.) Rendle Hortelã-pimenta Mentha x piperita L. Limão Citrus limon (L.) N.L. Burm. Eucalipto (tipo citronela) Eucalyptus citriodora Hook. Cravo-da-índia Syzygium aromaticum (L.) Merr. e L. M. Perry. Cedro (EUA) Juniperus virginiana L. e J. ashei Buchholz. Lima destilada (Brasil) Citrus aurantifolia (Christm. & Panz.) Swingle. Spearmint (nativa) Mentha spicata L. Cedro (China) Chamaecyparis funebris (Endl.) Franco. Lavandim Lavandula intermedia Emeric ex Loisel. Sassafrás (China) Cinnamomum micranthum (Hayata) Hayata. Cânfora Cinnamomum camphora (L.) J. Presl. Coentro Coriandrum sativum L. Grapefruit Citrus paradisi Macfady. Patchouli Pogostemon cablin (Blanco) Benth. Fonte: Bizzo et al. (2009). A composição básica do óleo essencial é de substancias voláteis com altas tensões de vapor, mais ou menos odoríferos e insolúveis em água e em vários solventes imiscível nesta e também no álcool, consiste de uma mistura complexa de terpenos, terpenos oxigenados, sesquiterpenos e sesquiterpenos oxigenados. São extraídos de aparelhos glandulares particulares de cada grupo vegetal (REVERCHON, 1997). Na maioria dos casos, os óleos essenciais estão no estado líquido na temperatura ambiente, mas são encontrados no estado sólido a canfora é um exemplo. São insolúveis na 17 água e solúveis em solventes orgânicos, e podem ser obtidos por vários métodos de extração. Distinguisse dos óleos graxos por serem altamente voláteis, ou seja, se evaporam rapidamente a temperatura ambiente (MILLER, 1991). A volatilidade de seus constituintes característica importante dos óleos essenciais é, uma propriedade importante para o processo de obtenção mais utilizado que é o arraste do material desejado com vapor de água (CRAVEIRO, 1993). 2.2 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS Existindo uma matriz vegetal que nela esteja contido um ativo desejado define-se como extração à operação unitária que tem por objetivo a separação desse ativo da matriz sólida através de processos físicos e químicos. Existem muitas técnicas utilizadas na extração de ativos de plantas tais como: de extração por solventes, a percolação, maceração, destilação a vapor e com Soxhlet (COSTA et Al., 1999). A transformação de produtos naturais para obtenção dos princípios desejados requer uma serie de operações preliminares, através dessas operações se realiza a separação das substancias desejadas, que estejam contidas na matriz vegetal. Os processos convencionais utilizados para extração de produtos naturais apresentam alguns problemas que podem degradar o principio desejado como o uso de altas temperaturas na operação unitária de extração, presença de resíduos tóxicos no produto final devido a utilização de solventes consequentemente possibilidade de contaminação ambiental (CAVALCANTI et Al, 2008). Existe uma série de processos utilizados para se extrair óleos essenciais de plantas. Porem os mais utilizados devido a sua eficácia são os por arraste de vapor e por solventes orgânicos. A destilação por arraste de vapor pode ser subdividida em três categorias: destilação com água, destilação com água e vapor e destilação com vapor direto, os três processos estão baseados no princípio físico-químico da hidrodifusão, a hidrólise de certos componentes e decomposição ocasionada pelo calor. (WATANABE, 2006). O processo de extração por arraste de vapor é um processo simples e de baixo custo, porém apresenta desvantagens como baixos rendimentos e, principalmente, perda de componentes termolábeis presentes no óleo volátil, devido ao uso de altas temperaturas. (MARTINEZ, 2005). No processo de destilação com água, o material a ser destilado fica em contato direto com o liquido em ebulição que dependendo de sua densidade fica imerso ou flutua, no momento que a água entra em ebulição ela arrasta os ativos contidos no material vegetal. No 18 processo com água e vapor d'água o material vegetal é colocado sobre um suporte ou pendurado um pouco acima da água, quando o líquido é aquecido e entra em ebulição, o vapor emitido passa pelo material vegetal e arrasta o principio ativo desejado. Na destilação direta com vapor d'água é semelhante ao método anterior, porem não existe água no fundo do recipiente, neste caso o vapor de água saturado ou superaquecido com pressão superior à atmosférica é introduzido passando pelo material vegetal e extraindo o principio desejado (KOKETSU;1991). No processo de extração que faz uso de solventes, é necessário um preparo prévio da parte da planta que está contido o óleo, o solvente então penetra e dissolve o ativo juntamente com alguns graxas e componentes albuminosos e pigmentos. Posteriormente essa mistura de solvente e óleo essencial é separada através de um processo de evaporação. (WATANABE, 2006). As possibilidades de contaminação ambiental, a presença de fração do solvente no ativo, são grandes desvantagens da extração por solvente, ainda existe a possibilidade de extração de compostos indesejáveis e o uso de temperatura para separar o solvente do ativo. (MARTINEZ, 2005). 2.3 TERMODINÂMICA Nesta seção do trabalho alguns conceitos de físico-química serão inseridos de maneira ponderada, com o objetivo de apenas conceituar alguns termos para que não fiquem vagos e desconhecidos no decorrer do trabalho. 2.4 ESTADOS DA MATÉRIA E PROPRIEDADES DOS GASES Para diferenciar os estados da matéria, pode-se observar o comportamento de certa substância em um recipiente fechado. O gás é uma forma fluida da matéria que ocupa todo o espaço do recipiente quando se verifica as moléculas elas estão muito afastadas umas das outras, líquido também é uma forma fluida, possui uma superfície bem definida e na presença de gravidade preenche apenas a parte inferior do recipiente que ocupa, as moléculas do líquido estão juntas, porém, mais afastadas que as substancias em estado sólido e um sólido pode ser definido como a matéria que mantém sua forma independente do recipiente que ocupa, as moléculas estão tão juntas que interagem umas com as outras (interação molecular) (ATKINS, 2011). 19 A figura 2 demonstra visualmente a distinção entre sólido, líquido e gasoso, as moléculas no sólido estão juntas e ocupam um espaço determinado apenas por elas não importando o formato do recipiente, o líquido a parte inferior, mas tomando formato dela e o gás toda a forma do recipiente. A definição anterior apesar de correta não representa a real definição, as interações moleculares são as responsáveis pelas mudanças de fase, existem dois tipos de contribuição das internações entre essas moléculas, quando as moléculas estão relativamente afastadas no caso de moléculas alguns diâmetros molares, as moléculas se atraem, e isso é responsável pela condensação de gases em líquidos em baixas temperaturas. No estado sólido, as moléculas não tem energia cinética suficiente para escaparda atração exercida por outra molécula e elas ficam “presas” umas as outras. Essa Atração das moléculas acontece quando elas estão alguns diâmetros molares separadas, no entanto quando as moléculas entram em contato elas se repelem. Figura 2 - Os principais estados da matéria. Fonte: Próprio autor Essas atrações e repulsões de das moléculas contribuem para energia total de um gás, são uma energia potencial, quando se atraem, a energia total diminui, moléculas mais próximas fazem contribuições negativas à energia potencial, o inverso ocorre quando as moléculas se repelem a contribuição é positiva e a energia aumenta como vista na figura 3: 20 – Figura 3 - Curva da energia de atração e repulsão das moléculas. Fonte - Adaptado de Atkins (2011) 2.5 DIAGRAMA DE FASES E PONTO CRÍTICO A passagem de um estado físico para outro se da pelo movimento do calor, a substancia absorve calor ou perde calor, esse fenômeno depende do meio onde esta contida, o calor é transferido do ponto de maior temperatura para o de menor temperatura até que a substancia em questão tenha energia térmica suficiente para mudança de fase, ou seja, de estado físico. Para realizar o mapeamento das condições de temperatura e pressão em diferentes fases termodinâmicas e saber qual esta mais estável, existe o diagrama de fases. As fronteiras entre as regiões de um diagrama de fases são chamadas curvas de equilíbrio nessas curvas, há a coexistência entre duas fases, como líquido e gás ou gás e solido (ATKINS, 2011). Aumentando a pressão em um determinado gás o seu volume irá diminuir, fazendo uma curva especifica para cada temperatura/pressão (isotermas) a temperatura constante, vai se observar um aumento na pressão com uma redução considerável no volume, a temperatura especifica para cada gás é denominada crítica abaixo do qual o estado líquido pode existir (SAUL, 1996). Outra definição de temperatura crítica é que quando uma amostra de gás é comprimida seu volume molar vai diminuindo, até que em um ponto especifico (uma temperatura especifica) é necessário aplicar uma pressão muito grande para que o volume molar desse gás diminua. À medida que o volume vai diminuindo a temperatura aumenta quando a temperatura chega em um limite que é o mesmo em que é necessário a aplicação de d / Å U / J. m o l- 1 Atração Repulsão 21 uma pressão muito grande para diminuir o volume da amostra da substancia é que ela chegou a uma temperatura crítica (ATKINS, 2011). No diagrama de fases, quando se percorre a linha de coexistência entre líquido e vapor, em direção ao aumento da temperatura e pressão a densidade do líquido decresce e a viscosidade do vapor cresce até o momento em que são as mesmas, o estado nesse ponto são os mesmos, as fases também, então se define esse ponto como crítico (OLIVEIRA, 1995). É possível encontrar muitos pontos característicos em um diagrama de fases de determinada substancia, porém, o único ponto relevante para o trabalho é o ponto crítico que é um ponto em que a fase líquida e gasosa de uma substancia coexistem. A pressão de vapor na temperatura crítica denominasse pressão crítica, pc , e o ponto em que a pressão crítica e a temperatura crítica se encontram é denominado ponto crítico, na figura 4 é mostrado o diagrama de fases e nele esta contido respectivamente o ponto crítico e o ponto triplo (ATKINS, 2011). Figura 4 - Diagrama de fases. Fonte - Adaptada pelo autor Atkins (2011) A temperatura, volume e pressão críticos formam juntas as constantes críticas, a temperatura crítica é muitas vezes utilizada para distinguir vapor e gás, o vapor é uma fase gasosa de uma determinada substancia que está abaixo de sua temperatura crítica, com isso pode ser liquefeito por compressão, enquanto o gás está acima de sua temperatura crítica e não pode ser liquefeito por compressão. O fluído obtido pela compressão de um gás que está acima de sua temperatura crítica, não é de fato um líquido, mas tem algumas características 22 de líquido como a massa especifica, e pode atuar como solvente, porém apesar da massa especifica semelhante, ele não possui uma superfície que separe da fase vapor, sua densidade não é comparável a de um gás, denomina-se então fluido supercrítico (ATKINS, 2011). Na Tabela 1 são citados alguns solventes supercríticos com temperaturas críticas suficientemente baixas, para serem usados na extração de produtos naturais, juntamente com suas propriedades críticas. Tabela 1- Propriedades Físicas de Alguns Solventes Supercríticos. Substância c / K Pc / MPa c / g.cm-³ Metano 190,6 4,60 0,162 Etileno 282,4 5,03 0,218 Clorotrifluorometano 302,0 3,92 0,579 Dióxido de carbono 304,2 7,38 0,468 Etano 305,4 4,88 0,203 Propileno 365,0 4,62 0,233 Propano 369,8 4,24 0,217 Amônia 405,6 11,30 0,235 N-pentano 469,6 3,37 0,237 Acetona 508,1 4,70 0,278 Metanol 512,6 8,09 0,272 Benzeno 562, l 4,89 0,302 Tolueno 591,7 4,ll 0,292 Piridina 620,0 5,63 0,312 Água 647,3 22,00 0,322 Xenônio 289,7 5,84 1,113 Fonte - Adaptada pelo autor Rizvi et al. (1986). As características físicas do fluído supercrítico fazem com que ele se torne um poderoso solvente, por serem intermediarias entre um gás e um líquido, a densidade é um fator oscilante nos fluídos supercríticos, pois quanto maior a compressão mais fica próximo da densidade de um líquido fica (SAUL, 1996). Quando mantidos com uma densidade alta, os fluídos supercríticos tem uma capacidade elevada de dissolver uma gama de materiais, caracteriza semelhante aos líquidos 23 convencionais. Diante desta propriedade solvente que o fluído supercrítico é utilizado como solvente em métodos de extração. (MARR E GAMSE, 2000; LANG E WAI, 2001). A extração por fluído supercrítico além de produzir um produto mais puro com as propriedades originais características, é relativamente rápido e ambientalmente mais correto, pois substitui muitos solventes orgânicos (MOHAMEDET, 1989). 2.6 EQUAÇÕES DE ESTADO Foram definidos os estados das substancias, e para se especificar esses estados se do valor as seguintes propriedades da amostra, volume, pressão, temperatura e numero de mols. Experimentalmente, se verifica que essas quatro grandezas são dependentes umas das outras, ou seja, uma substância que obedece a uma equação de estado que é uma equação na forma da equação 1: P = f(n, v, T) (1) em que: V = Volume p = Pressão T = Temperatura n = número de mols A pressão é função do número de mols, do volume e da temperatura, conhecendo-se apenas três das grandezas é possível encontrar a quarta, pois ela é relacionada em função das demais. (ATKINS, 2011). Experimentalmente a partir desses princípios foi formulada a equação de estado dos gases ideais na forma da equação 2: pV = nRT (2) Nessa equação R é a constante dos gases ideais. Esta equação resume a experiência de Robert Boyle no século XVII, que diz que em temperatura constante a pressão de uma substancia é inversamente proporcional ao volume, ou seja a Lei de Boyle. Outra é sobre as observações de Jacques Alexandre César Charles que diz que a pressão constante o volume varia linearmente com a temperatura a Lei de Charles. 24 Principio de Avogrado (Amedeo Avogrado) que diz que se duas substancias com temperaturas e volumes iguais contem o mesmo número de moléculas. (ATKINS, 2011). O conjunto dessas três experiências foi resumido no que se chama Lei dos Gases Ideais que fora apresentada, essa equação como o nome diz é valida apenas para gases ideais ou gases com pressões que se aproximam de ser nulas. (CASTELLAN, 2007). 2.7 TEORIA DE VAN DER WAALS No ano de 1873 Johannes van der Waals desenvolveu uma versão mais confiável para a Lei dos gases ideais, essa equaçãodesenvolvida por ele é chamada de equação de van der Waals uma das mais simples utilizadas para gases ideais (BALL, 2005). As constantes a e b são chamadas de constantes ou parâmetros de van der Waals de elas são dependentes de cada gás e independentes da temperatura. Esses parâmetros representam a atração e a repulsão entre as moléculas, o parâmetro a representa a atração e deve ser maior quando as moléculas se atraem, o parâmetro b representa a repulsão e deve ser grandes quando as moléculas são grandes (ATKINS, 2011). A tabela 2 apresenta os parâmetros de van der Waals para algumas substancias Tabela 2 - Parâmetros de van der Waals. Gás A / L² atm.mol-² b/ L./mol-1 He 0,034 0,02370 N2 1,390 0,03913 O2 1,360 0,03183 CO 1,485 0,03985 NO 1,340 0,02789 CO2 3,592 0,04267 H2O 5,464 0,03049 Fonte – Adaptada pelo autor a partir de Ball (2005) Considerando as interações repulsivas entre as moléculas pode-se admitir que cada uma das moléculas de um gás se comporta como uma esfera de volume não nulo, com movimento reduzido dependendo do número de moléculas e do volume excluído por elas, então esse volume excluído é tido como efeito repulsivo e torna o V da equação dos gases na 25 equação 3 em que b é tido como uma constante de proporcionalidade entre a redução de volume e os mols presentes (ATKINS, 2011). 𝑉 – 𝑛𝑏 (3) Então substituindo o volume pelo termo da equação 3, a equação dos gases ideais 2 pode ser substituída pela equação 4 : 𝑃 = 𝑛𝑅𝑇 𝑉−𝑛𝑏 (4) No que se refere às interações atrativas entre as moléculas, o resultado é uma pressão menor sobre o gás. Então o efeito é modelado supondo que a atração é proporcional à concentração, n\V, as atrações reduzem a velocidade das moléculas, como a redução da velocidade é independente da temperatura, podemos esperar que a redução na pressão seja proporcional ao quadrado da concentração molar, n\V representado na equação 5 que reduz a frequência de colisões e a força de impacto acrescendo-se a constante de proporcionalidade a, que é relacionada com as forças de atração entre as moléculas. (ATKINS, 2011). 𝑎 ( 𝑛 𝑉 ) 2 (5) Então definitivamente a equação de van de Waals pode ser definida: 𝑃 = 𝑛𝑅𝑇 𝑉−𝑛𝑏 − 𝑎 ( 𝑛 𝑉 ) 2 (6) A equação de van der Waals foi definida usando-se apenas argumentos físicos sobre o volume e efeito das forças entre elas, isso foi feito para manter os parâmetros de van der Waals como parâmetros empíricos e não como propriedades das moléculas precisamente definidas. (ATKINS, 2011). Os parâmetros a e b de uma equação de estado podem ser avaliados por um ajuste nos dados PVT, mas para uma equação de estado cubica simples, estimativas razoáveis são originadas a partir das constantes críticas Tc e Pc (Smith, et. al., 2000). Derivando-se a equação de estado duas vezes no ponto crítico pode se obter os parâmetros dados pelas equações 7, 8 e 9: 26 𝑉𝑐 = 3𝑏 (7) 𝑇𝑐 = 8𝑎 27𝑅𝑏 (8) 𝑃𝑐 = 𝑎 27𝑏2 (9) em que: 𝑉𝑐 = Volume Crítico 𝑇𝑐 = Temperatura Crítica 𝑃𝑐 = Pressão Crítica 2.8 EQUAÇÃO CUBICA DE ESTADO DE REDLICH-KWONG Existem algumas distinções entre a equação de van der Walls e a Equação de Redlich- Kwong entre elas estão as funções de volume da componente atrativa de pressão (do parâmetro a) são distintas e apresentam uma função de temperatura em sua forma, é denominado fator α. Pelo fato do parâmetro a ser valido apenas no ponto crítico (ponto crítico é utilizado para encontra-lo) é utilizado apenas para corrigi-lo em temperaturas distintas. O próprio van der Walls tinha como ponto preocupante o efeito da temperatura, então a forma da equação de Redlich-Kwong vem sendo satisfatória (TERRON, 2009). A Equação de Redlich-Kwong é apresentada na 10 e 10.1: 𝑃 = 𝑅𝑇 (Vm−𝑏) − 𝑎𝛼 𝑉𝑚(𝑉m+𝑏) → 𝑃 = 𝑅𝑇 (Vm−𝑏) − 𝑎 T0,5 𝑉𝑚(𝑉m+𝑏) (10) Na equação acima 𝑉m é o valor especifico molar. Do mesmo modo da equação de van der Walls, deriva-se a equação duas vezes no ponto crítico para se obtiver os parâmetros a e b definidos pelas equações 11, 12 o parâmetro 𝛼 é definido pela equação 13: 𝑎 = ( 𝑅2𝑇𝐶 2 𝑃𝐶 ) 𝛼 (11) 27 𝑏 = 0,086640 𝑅𝑇𝑐 𝑃𝑐 (12) 𝛼 = 1 𝑇𝑟 0,5 (13) A escolha dessa função não foi feita com embasamento teórico sendo assim pode ser encarada como uma modificação arbitraria inspirada em experiências de seus antecessores. 2.9 EQUAÇÃO DE ESTADO CÚBICA DE SOAVE-REDLICH-KWONG A equação de Soave-Redlich-Kwong tem a mesma forma da equação de Redlich- Kwong, mas Soave utilizou dados de pressão de vapor de hidrocarbonetos com o parâmetro a e um novo parâmetro α e é definida pela equação 14: 𝑃 = 𝑅𝑇 (𝑉m−𝑏) − 𝑎𝛼 𝑉m(𝑉m+𝑏) (14) Na equação acima 𝑉m é o valor especifico molar. Os termos a e b são os mesmos e obtidos da mesma maneira que a equação de Redlich-Kwong 11 e 12, distinguindo-se apenas por α que pela equação 15: 𝛼 = [1 + 𝑚 − 𝑇𝑟 0,5) ] 2 (15) Nessa equação 𝑚 é dado pela equação 16: 𝑚 = 0,480 + 1,574𝜔 − 0,176ω2 (16) ω = Fator acêntrico O fator m apresentado acima foi definido por Soave (1972), através do fator de compressibilidade, porém sua definição foge ao foco desse trabalho. Como a equação anterior a equação de Soave-Redlich-Kwong é definida de maneira empírica (SOAVE, 1972). 28 2.10 EQUAÇÃO CÚBICA DE PENG-ROBINSON A equação de Peng-Robinson é uma equação que se destaca para calcular o equilíbrio de fases líquido-vapor na extração de óleos essenciais com CO2(SCF), com as anteriores foi obtida de maneia empírica se distinguindo apenas pelos paramentos que foram determinados por dados experimentais é definida pela equação 17: 𝑃 = 𝑅𝑇 (𝑉−𝑏) − 𝑎(𝑇) 𝑉(𝑉+𝑏)+(𝑉−𝑏) (17) Seus parâmetros a, b e 𝛼 são definidos pelas equações 18, 19 e 20 além disso pra que possam ser calculados se faz necessário o uso dos parâmetros 𝛼(𝑇, 𝜔) e m que são definidos pelas equações 21 e 22: 𝑎(𝑇) = 𝑎(𝑇𝑐)𝛼(𝑇, 𝜔) (18) 𝑏 = 0,07780 𝑇𝑐 𝑃𝐶⁄ (19) 𝛼 = 045724(𝑟2𝑇𝑐 2)𝑃𝑐 (20) 𝛼(𝑇, 𝜔) = (1 + 𝑚(1 − 𝑇𝑟 1 2⁄ )) 2 (21) 𝑚 = 0,37464 + 1,54226𝜔 − 0,26992𝜔2 (22) 2.11 DIÓXIDO DE CARBONO COMO SOLVENTE O dióxido de carbono (CO2) é o solvente mais utilizado na extração supercrítica por possuir algumas propriedades especificas tias como pressão crítica aceitável e temperatura crítica não muito elevada, é uma substancia atóxica, não é inflamável e tem um custo relativamente baixo, o CO2 também é um excelente solvente para extração de compostos apolares (RUDZINSKI, 2000). O CO2 é frequentemente aplicado como fluido supercrítico na indústria de alimentos e de aromas por ser uma substancia atóxica, não carcinogênico, não inflamável, não ser 29 prejudicial à saúde humana quando inalado a baixas concentrações, por ser facilmente removido do material extraído e substitui alguns solventes orgânicos o que o torna ambientalmente correto. (MUKHOPADHYAY, 2000; DANH et al., 2009). Os Solventes possuem um papel de extrema importância na indústria. São conhecidos mais de 50 solventes disponíveis em grande escala, cada um com sua aplicação especifica, como: processos de extração, matéria-prima para fabricar outros produtos químicos, propelentes em aerossóis, na indústria de tintas, em cosméticos, entre outros. Recuperação e descarte de solventes pode ser um grande problema econômico e ambiental visto que a maioria deles é de origem orgânica e com isso podem ser nocivos ao meio ambiente e a saúde humana. A toxidade, suas propriedades de produto inflamável o contato do trabalhador nomanuseio e estocagem dos solventes são aspectos preocupantes entre os órgãos regulamentadores (SANSEVERINO, 2000). A vantagem dos FSC é o fato de possuírem propriedades intermediárias entre gases e líquidos, com a existência de uma condição ideal para processos e experimentos, através da variação da pressão ou temperatura. Uma vantagem é que a que a extração por fluidos supercríticos (ESC) traz é que o Dióxido de Carbono (CO2) é plenamente disponível como solvente, além de ser barato e inerte. O Dióxido de Carbono (CO2) tem a vantagem de sua polaridade poder ser aumentada com a adição de uma pequena quantidade de metanol, por exemplo, de forma que a mistura é ainda bem menos tóxica que muitos solventes orgânicos. Em uma escala industrial um dos primeiros e mais famosos processos que utilizam o CO2(SCF))como solvente é a descafeinação de grãos de café conhecido como processo de Hag. O CO2 supercrítico vem sendo utilizado em grande escala para extração em indústria de alimentos e perfumes, devido a necessidade da ausência de resíduos tóxicos ou substituição de solventes que danificam a camada de ozônio (SANSEVERINO, 2000). Substâncias quando estão no estado supercrítico possuem tem como característica propriedades intermediárias entre um gás e um líquido, seus coeficientes de difusão são próximos de um gás excedendo em uma ou duas ordens a de um líquido viabilizando a transferência de massa outras características análogas a de um gás, estão, a baixa viscosidade e ausência de tensão superficial isso facilita a penetração em matrizes solidadas, porém os fluídos supercríticos apresentam densidades próximas a de um líquido o que aumenta sua capacidade solvente (TAYLOR, 1996; DE CASTRO at al., 2004). 30 2.12 EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS POR DIÓXIDO DE CARBONO SUPERCRÍTICO Em Condição Normais de Temperatura e Pressão (CNTP), o CO2 apresenta-se em forma de um gás inerte, inodoro e excetuando a sua forma sólida, é incolor, não-inflamável, não-tóxico e mais denso do que o ar. A Figura 5 Apresenta algumas propriedades físicas do Dióxido de Carbono (CO2) na CNTP. Figura 5- Propriedades físicas do CO2 puro na CNTP. Fórmula Molecular CO2 Fórmula Estrutural O = C = O Peso Molecular 44,01 gmol/g Densidade em relação ao ar 0 ºC e 1 atm 1,529 Massa específica do gás a 0 ºC e 1 atm 1,977 kg/m³ Volume específico do gás a 0 ºC e 1 atm 0,506 m³/kg Massa específica do líquido a 0 ºC e 1 atm 1034 kg/m³ Massa específica do sólido saturado a 1 atm 1562 kg/m³ Ponto triplo -56,6ºC e 5,12 atm Ponto crítico 31,6ºC e 73,7 atm Temperatura de sublimação -78,5 ºC Calor específico a pressão constante 0,111 kcal/kg Calor específico a volume constante 0,083 kcal/kg Calor latente de sublimação a 1 atm 136,4 kcal/kg Calor específico médio a pressão constante (1 atm, -50 a 20 ºC) 0,19 kcal/kg·ºC Viscosidade do gás a 21 ºC e 1 atm 0, 015 cp Viscosidade do líquido a 21 ºC e 1 atm 0,14 cp Fonte – Pitanga (2011) A extração de óleo essencial é realizada geralmente através do processo de destilação por arraste de vapor, esta técnica tem como maior trunfo o baixo custo operacional, porém, é necessário fazer uso de elevadas temperatura para que o processo possa ser realizado, consequentemente nesse processo ocorre a degradação dos compostos sensíveis ao calor, hidrólise e solubilização de água e de alguns compostos aromáticos. Além disso, destilação por arraste de vapor resulta em baixo rendimento e a impossibilidade de ajustar os parâmetros para controlar a seletividade de extração (DOGENSKI at all 2016). A Tabela 3 apresenta dados do Dióxido de Carbono (CO2)puro no ponto crítico. 31 Tabela 3- Propriedades do CO2 puro no ponto crítico. Temperatura / K Tc = (304,1282± 0,015) Pressão / atm Pc = (73,773± 0,0030 Fator de Compressibilidade Zc=0,274 Fator acêntrico ω=0,224 Densidade / kg/m3 ρc = (467,6 ± 0,6) Fonte - Smith e Van Ness (2007) A extração de óleos essenciais fazendo uso de fluido supercrítico é definida como uma operação unitária que explora as propriedades dos solventes acima de seus pontos críticos para extrair ou separar componentes. A aplicação de FSC começou pelo fato da observação que muitos gases com temperatura e pressão acima de seu ponto crítico aumentam seu poder de dissolução, essa técnica apesar de ter sido observada há bastante tempo, começou a ser explorada industrialmente relativamente há pouco tempo e pode substituir as técnicas tradicionais de extração (DE SOUZA et al, 2002) A ESC pode ser definida basicamente em duas etapas, a extração e a separação. Na etapa de extração, a matriz vegetal entra em contato com o solvente através de um sistema que pode ser continuo ou por batelada, na etapa de separação ocorre através de uma válvula de redução de pressão isso faz com que o solvente se expanda tornando-se insolúvel e acaba precipitando no coletor se parando-se do soluto, o solvente pode ser reciclado no processo ou não (HUNG AND UNGER, 1994). No caso da utilização de CO2 supercrítico a extração de óleos essenciais pode ser definida fazendo uso de diagramas de fases, em que o fluido supercrítico é conceituado como uma região a qual se encontra acima do ponto crítico da substância. O estado supercrítico é obtido mudando-se os valores de pressão e a temperatura de um gás ou de um líquido para valores específicos de forma que se altere o estado de agregação e, como consequência, modifique as propriedades da substância de interesse (LANÇAS at all, 2000). Na comparação com os processos tradicionalmente utilizados, a ESC, tem muitas vantagens, entre elas o fato de que o dióxido de carbono não é um solvente tóxico, ele não é inflamável e de baixo custo, na separação do soluto do solvente se obtém um produto com uma pureza muito grande e o uso de temperaturas relativamente baixas evita a degradação das principais propriedades do produto. As desvantagens são: custo operacional maior e normalmente valores menores da solubilidade do soluto no solvente (DE SOUZA et al, 2002). 32 O dióxido de carbono (CO2) é empregado como solvente na extração supercrítica (ESC) por ser uma substância que não deixa resíduos tóxicos, não existe risco de degradação térmica nos princípios extraídos, e tem um custo relativamente baixo (MOHAMED; MANSOORI, 2002). O uso do CO2 como fluido supercrítico apresenta algumas vantagens como baixa pressão crítica (73 bar) e a temperatura crítica (31ºC) próxima a ambiente. Porém o uso do CO2 como solvente na ESC pode apresentar algumas desvantagens, por ser um solvente apolar, dificulta a extração de compostos polares e iônicos (RAMSAY et al., 1991 apud SANDI, 2003). Geralmente as matrizes onde estão contidas o principio ativo desejado são sólidas, para que se realize a ESC é necessário que haja contato dessa matriz com o solvente supercrítico, a matriz solida porosa é geralmente denominada de substrato, ela forma um leito fixo através do fluido supercrítico, que escoa e extrai o principio ativo do substrato, normamente isso acontece como um processo de batelada em regime transiente (CARDOZO; 1994) A figura 6 mostra o esquema de ESC, em um recipiente liquido com bases porosa está contido o material a ser extraído, normalmente a matriz solida em que esta presente o principio ativo desejado, posteriormente a temperatura e pressão ideais para a extração do material são selecionadas e então o gás supercrítico é colocado em contato com a matriz solida na câmara de extração, até devolver completamente as frações desejadas. Após completar o ciclo de extração a solução (que é gás supercrítico com o ativo desejado) é transferida para o separador onde a pressão é mantida abaixo do ponto critico. Com isso o Dióxido de carbono (CO2) torna-se gasoso perdendo então suas propriedades de solvatação. É nesse momento que acontece a separaçãoe o soluto precipita para ser coletado. O Dióxido de carbono (CO2) passa por um trocador de calor e pode ser reutilizado no processo (MAUL at All; 1996). 33 Figura 6 - Fluxograma industrial da ESC. Fonte: adaptado de- Maul at All (1996) 2.13 RESS - EXPANÇÃO RÁPIDA DE SOLUÇÕES SUPERCRÍTICAS A expansão rápida de soluções supercríticas ou (RESS) é o método em que uma solução é pressurizada através de um bico especifico, provocando uma mudança de fase termodinâmica extremamente rápida do soluto sólido numa forma micronizada. Este processo é atraente, devido à ausência de um solvente orgânico durante o processamento, mas a sua aplicação está limitada a alguns produtos razoavelmente solúveis em FSC (líquidos normalmente utilizados é o dióxido de carbono). O conceito básico de RESS foi descrita pela primeira vez há mais de um século, enquanto o desenvolvimento moderno começou após os trabalhos pioneiros de Krukonis e especificamente a equipe de pesquisa Bayyelle Intitute como apresentado na figura 7, um fluido supercrítico saturado com o substrato é expandido através de um injetor aquecido para dentro de uma câmara de baixa pressão, a fim de causar uma mudança de fase extremamente rápida do substrato em forma micronizada (ORLOVIĆ; 2005). 34 Figura 7- Ress (Expanção Rápida de Soluções Supercríticas). Fonte – Orlović (2005) O fluxograma mostra que o dióxido de carbono (CO2) puro é pré-aquecido na temperatura de extração através de um permutador de calor e bombeado na pressão desejada, posteriormente é percolado para através de dH para a unidade de extração onde está contido o substrato S. Na unidade de precipitação a solução supercrítica que contem CO2 Supercrítico mais o princípio ativo desejado) é expandida através de um bocal onde é aquecida. Nesse processo são controlados vários fatores que afetam a expansão; a concentração do soluto, a temperatura de pré-expansão, as dimensões do bocal e condições de expansão do fundo. É possível manipular a densidade do solvente com a aplicação de um bocal de expansão e permite um certo grau de controle dependendo as características do soluto de nucleação a taxa de nucleação é definida como a equação 23: 𝐽 = 𝜃𝛼𝑐𝑉2𝑚𝑜𝑙𝑉2 2√ 2𝜎𝐺 𝜋𝑚2𝑚𝑜𝑙 𝑒𝑥𝑝 ( Δ𝐺𝑐𝑟𝑖𝑡 𝐾𝐵𝑇 )= Δ𝐺𝑐𝑟𝑖𝑡 𝐾𝐵𝑇 = 16 𝜋 3 ( 𝜎3𝑉2𝑚𝑜𝑙 2/3 𝐾𝑆𝑇 ) 3 1 [𝑙𝑛𝑆−𝑉2 𝑚𝑐(𝑃2−𝑃2 5)( 1 𝐾𝐵𝑇 )] 2 (23) Quando θ não é um fator isotérmico, αC é o fator de condensação, V2mol é o volume molecular do soluto, αG é a tensão interfacial, v2 é a concentração do soluto quando está na fase de vapor, p2 é a pressão parcial do solido P2S . A pressão de saturação do vapor do sólido, S a proporção de saturação, KB a constante de Boltzmann é T a temperatura absoluta (ORLOVIĆ; 2005). 35 2.14 MODELAGEM TERMODINÂMICA (EQUILÍBRIO DE FASES) Em sistemas compostos de CO2/Óleo é utilizado o equilíbrio líquido-vapor ou de solubilidade considerando o sistema como pseudo binário em que o equilíbrio é dado pela soluto/solvente (ARAÚJO, 1997). Quando a substancia está em equilíbrio termodinâmico, propriedades como temperatura, pressão e suas concentrações ficam constantes nas fases envolvidas. A solubilidade de um soluto no estado supercrítico pode ser entendida como a máxima concentração do ativo a ser extraído que está presente na fase solvente, em equilíbrio com a concentração do extrato presente na fase sólida (BRUNNER, 1994). O modelo de projeto termodinâmico de ESC depende do conhecimento dos dados de solubilidade, então é necessário conhecer antecipadamente os parâmetros e propriedades das espécies químicas a serem extraídas e do soluto para que o comportamento da modelagem possa ser modelado. Os modelos mais utilizados incluem a aplicação de equações cubicas de estado, simulação computacional para se chegar a um modelo termodinâmico (GONZÁLES et al; 2001). Pode-se definir solubilidade de um soluto em fluído supercrítico como a composição do extrato em alta pressão com o Dióxido de Carbono (CO2) em alta pressão que é a soma dos equilíbrios binários entre o soluto e seus compostos (FORNARI at al; 2009). A modelagem termodinâmica tem como principal objetivo correlacionar dados experimentais que já existem e estimar o equilíbrio de fazes em regiões em que os dados experimentais estão indisponíveis (BRENNECKE, J. F., ECKERT; 1989). 2.15 EQUILÍBRIO LÍQUIDO-VAPOR Para predizer o equilíbrio liquido-vapor em ESC são utilizados dois modelos: Ф = 𝑦 e Ф = Ф, o primeiro faz distinção de fazes usa a igualdade entre o fator de fugacidade da fase gás e o fator de atividade da fase líquida, porém é utilizado em baixas pressões, o segundo modelo não faz distinção entre fases e pode ser utilizado em altas ou baixas pressões e faz uso de apenas uma equação de estado para representar as fases fluidas (SILVA, 2013) Na hipótese de se utilizar equações de estado para calcular as propriedades das misturas de componentes, geralmente essa mistura é tratada como um pseudo componente puro com as mesmas temperaturas e pressões. Com a regra da mistura de van der Waals pode-se obter através das constantes (a e b) aplicada a componentes puros, abaixo o conjunto 36 de equações (24, 25, 26 e 27) para se obter as constantes na regra da mistura (DE SOUZA, 2002) 𝑎𝑚 = ∑ ∑ 𝑎𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗𝑗𝑖 (24) 𝑎𝑖𝑗 = 𝑎𝑗𝑖 = (1 − 𝐾𝑎𝑖𝑗)(𝑎𝑖𝑖𝑎𝑗𝑗) 1 2⁄ (25) 𝑏𝑚 = ∑ ∑ 𝑏𝑖𝑗𝑥𝑖𝑥𝑗𝑗𝑖 (26) 𝑏𝑖𝑗 = 𝑏𝑗𝑖 = (1 − 𝐾𝑏𝑖𝑗) ( 𝑏𝑖𝑖+𝑏𝑗𝑗 2 ) (27) Os parâmetros para mistura são: 𝑎𝑚 , 𝑏𝑚 e 𝑎𝑖𝑗 , 𝑏𝑖𝑗 os parâmetros para interação binaria são: 𝐾𝑎𝑖𝑗 , 𝑘𝑏𝑖𝑗 enquanto 𝑥𝑖 𝑒 𝑥𝑗 são as frações molares dos componentes i e j. O equilíbrio líquido-vapor em altas pressões de misturas contendo dióxido de carbono (CO2) e compostos presentes em espécies vegetais é de vital importância em nos cálculos de equilíbrio. O equilíbrio líquido-vapor é dado pela igualdade das fugacidades (𝑓) das fases na temperatura (T) e pressão (P) constantes para todos os componentes presentes na mistura, sendo que tal condição é apresentada equação 28: 𝑓 𝑙 𝑣(𝑇, 𝑃, 𝑦 𝑖 ) = 𝑓 𝑙 𝐹𝑆𝐶(𝑇, 𝑃, 𝑥𝑖) 𝑖 = 1,2,3, … 𝑛 (28) Em que 𝑓𝑙 𝑣 é definido pela equação 29 𝑓𝑙 𝑣 = 𝑦𝑖Ф𝑖 𝑣𝑃 e 𝑓𝑙 𝑆𝐶𝐹 = 𝑥𝑖Ф𝑖 𝑆𝐶𝐹𝑃 (29) e pode ser simplificada pela igualdade dos coeficientes de fugacidade como na equação 30 Ф𝑖 𝑣𝑦𝑖 = Ф𝑖 𝑆𝐶𝐹𝑥𝑖 ...........(30) Na equação 𝑥𝑖 é a fração molar do componente 𝑖 na fase supercrítica, 𝑦𝑖 é fração molar do componente 𝑖 na fase vapor, Ф representa o coeficiente de fugacidade na mistura onde os sobrescritos L e V referente às fases líquido e vapor, respectivamente. 37 Para calcular os coeficientes de fugacidade são utilizadas equações cúbicas de estado, a equação que vem obtendo resultados mais satisfatórios é a equação proposta por Peng- Robinson. Deve-se usar o equacionamento da isofugacidade do equilíbrio liquido vapor em altas pressões, nessas condições a fase líquida é compressível. Para determinar termodinamicamente o coeficiente de fugacidade usa-se a relação definida pela equação 31. ln(Ф𝑖) = 𝑙𝑛 ( 𝑓𝑖 𝑥𝑖𝑃 ) = 1 𝑅𝑇 ∫ (𝑉𝑖 𝐿𝑃 0 − 𝑉𝑑)𝑑𝑝 (31) Nessa equação 𝑉𝑖 𝐿 é o volume parcial molar do componente i na mistura e 𝑉𝑑 = 𝑅𝑇 𝑃 que é o volume molar do gás ideal nas mesmas condições de temperatura e pressão. É bastante complexa a determinação da composição do equilíbrio de fases pelo cálculo da fugacidade sendo possível apenas usando programas computacionais, na fase fluida do dióxido de carbono (CO2) o cálculo do coeficiente de fugacidade Ф𝑖 𝐹𝑆𝐶 fica da seguinte maneira da equação 32 (ARAÚJO, 1997). ln(Ф𝑖) = 𝑙𝑛 ( 𝑓𝑖 𝑥𝑖𝑃) = 𝑃𝑉𝑚 𝑅𝑇 − 1 + 𝑙𝑛 ( 𝑉𝑑 𝑉𝑚−𝑏𝑚 ) + ( (𝑎𝑚𝑏𝑚+2𝑏𝑚 ∑ 𝑦𝑗𝑎𝑖𝑗−2𝑎𝑚 ∑ 𝑦𝑖𝑏𝑖𝑗) 2√2𝑏𝑚 2 𝑅𝑇 ) 𝑙𝑛 𝐴 𝐵 + 2(∑ 𝑦𝑖𝑏𝑖𝑗 − 𝑏𝑚) ( 1 𝑉𝑚−𝑏𝑚 − 𝑎𝑚𝑉𝑚 𝑅𝑇𝑏𝑚(𝐴 𝐵) ) (32) O fator “A” da equação é dado pela equação 33 𝐴 = 𝑉𝑚 + 𝑏𝑚(1 − √2) (33) e o fator B da equação é dado pela equação 34 𝐵 = 𝑉𝑚 + 𝑏𝑚(1 + √2) (34) A presente equação é obtida através da equação 17 Peng-Robinson introduzida na equação 31 que determina o coeficiente de fugacidade com os respectivos parâmetros da 38 mistura e interação binaria da regra da mistura de van der Waals 24, 25, 26 e 27 (DE SOUZA, 2002) 3 METODOLOGIA O presente trabalho foi realizado com fulcro em uma minuciosa pesquisa bibliográfica que engloba a apreciação de obras empresas e eletrônicas referentes ao tema do trabalho. As principais fontes consultadas foram livros de termodinâmica e físico-química, artigos científicos a partir do PORTAL CAPES, monografias, dissertações e teses, revisões. No presente trabalho a metodologia utilizada teve natureza explicativa e, análise de dados envolve a descrição de rotas em uma pesquisa qualitativa segundo proposto por Gil (2002. P.162-163). Este trabalho acadêmico é fundamentado em uma pesquisa bibliográfica que abrange a apreciação de obras impressas e eletrônicas referentes ao tema, extração com CO2(SCF), para sintetize deste trabalho. As fontes consultadas e abordadas aqui, incluem legislações, livros, artigos científicos, apostilas, monografias, trabalhos de conclusão de curso e dissertações. Os conteúdos das referências bibliográficas foram minuciosamente examinados, selecionados e sintetizados, com o intuito de alcançar todos os propósitos da pesquisa que se resume em levantar hipóteses e apresentar modelos de aplicação de Dióxido de Carbono supercrítico em processo industriais envolvendo a indústria farmacêutica e química. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Nesta parte do trabalho apresenta a avaliação de dois estudos dedicados à obtenção de óleos essenciais extraídos por Filippis (2001) com CO2(SCF) que são os óleos essenciais de Hon-Sho (Hn) e Ho-Sho (Ho), os quais serão definidas as características e posteriormente será feita a qualificação e quantificação. Hon-Sho e Ho-Sho (Hn e Ho) (Cinnamomum camphora (L.) J. Presl; sin: Laurus camphora L.) são duas árvores de origem asiática muito comum no Japão e China. Foram introduzidas no Brasil por volta de 1809 e se encontram por quase todo território nacional. A planta fornece um óleo amarelo do qual é extraído o óleo de canfora que tem importância industrial e também se extrai a canfora cristalizada, utilizada para fins medicinais e industriais, servindo de matéria prima para a produção de celuloide. 39 As duas espécies são morfologicamente similares, porém, apresentam composições distintas em seus óleos essenciais, o Hn (Cinnamomum camphora Ness e Eberm) é conhecido pelo alto teor de canfora, já o Ho (Cinnamomum camphora Ness e Eberm Var. Linaloolifera fujita) pelo alto teor de linalol e, por essa razão são consideradas variedades fisiológicas (ALZUGARAY, 1994; FRIZZO, 2000). A tabela 4 apresenta algumas características das arvores das quais o óleo essencial foi extraído: Tabela 4- Propriedades da matriz vegetal da qual os óleos essenciais foram extraídos. Hn Ho Nome cientifico Cinnamomum camphora Ness e Eberm Cinnamomum camphora Ness e Eberm Var. Linaloolifera fujita Ativo do óleo essencial Canfora Linalol Tipo de substancia química Cetona Álcool Formula estrutural da molécula Utilização Mucolítico (formação de tecidos) Fabricação de Perfumes Fonte – Adaptada pelo autor a partir de Filippis, F. M. D. (2001) Na figura 8(a) é mostrado o caule do Hn (Cinnamomum camphora Ness e Eberm) e na figura 8(b) o caule e frutos do Ho (Cinnamomum camphora Ness e Eberm Var. Linaloolifera fujita). Figura 8 - Caules e frutos do (a) Hn. e (b) Ho. (a) (b) Fonte: (a) Tun; Than, 2006. (b) Scentcillo, 2015. 40 Para o processo de extração é necessário um pré-tratamento das folhas e galhos, elas foram colhidas e colocadas em um secador por sete dias a 21,1° C e 50% de umidade relativa dor ar. Posteriormente as folhas foram moídas de acordo com uma modelagem, foram escolhidas faixas granulométricas de acordo com parâmetros predeterminados pela modelagem, na Tabela 5 são mostrados os principais parâmetros do processo: Tabela 5 - Parâmetros do Processo de extração. Parâmetros Nível alto Nível Baixo Temperatura / °C 40,00 60,0 Diâmetro da partícula /mm 0,09 0,5 Vazão / mL.min-1 0,50 2,0 Pressão / Bar 90,00 120,0 Fonte - Filippis, F. M. D. (2001) Para o solvente, CO2(SCF), existem outros parâmetros que devem ser levados em consideração, os mais importantes são viscosidade e densidade que estão diretamente ligados às mudanças de temperatura e pressão e são de extrema importância para se determinar o poder de solvatação. No caso da densidade mantendo-se a temperatura constante e elevando a pressão a densidade aumenta, mantendo-se a pressão constante e baixando a pressão a densidade diminui. Em relação à viscosidade elevando-se a temperatura em pressões ela aumenta, agora com pressões elevadas juntamente com o aumento da temperatura ela diminui. A solubilidade esta diretamente ligada à densidade do solvente, que como descrito esta diretamente ligada aos valores de temperatura e pressão, em consequência disso é possível controlar a solubilidade de acordo com o que se deseja extrair, não existe um valor de solubilidade ideal, o que existe é solubilidade compatível com cada soluto que se deseja extarir. O processo de extração é análogo aos processos descritos nesse trabalho, em principio a matriz vegetal é depositada no vaso extrator, o CO2(SCF) nas condições predeterminadas passa por essa matriz e como solvente que é extrai o óleo essencial, posteriormente o CO2(SCF) juntamente com o óleo essencial é transportado para o vaso de precipitação onde é despressurizado até virar gás e reciclado, nesse vaso resta apenas o óleo essencial. Com intuito de demonstrar as análises qualitativas dos óleos essenciais descritos, serão apresentados alguns dados da extração feita por Filippis, F. M. D. (2001): 41 Esses parâmetros utilizados são uteis para posteriormente verificar-se qual a melhor forma de extração, modificando as variáveis pode-se descobrir em quais condições o óleo essencial é extraído com mais eficiência e qualidade. O tempo de extração foi fixado em 30 minutos e a metodologia é chamada de “projeto de experimentos”, esse tipo de metodologia apresenta inúmeras vantagens, é muito simples de ser analisada, são adequados quando existem muitos fatores a serem investigados. Em seguida na Tabela 6 são apresentados os resultados experimentais e os parâmetros de caracterização de Hn e do Ho para extração. Nesta tabela são apresentados alguns dados experimentais obtidos por Filippis, F. M. D. (2001) nas folhas moídas, esses dados antecederam a extração. Nas Tabelas 7 e 8 são mostrados alguns dados dos parâmetros utilizados no processo de extração, tanto para o Hn quanto para o Ho, esses parâmetros são as variadas temperaturas de extração, o diâmetro da partícula as variadas vazões de CO2(SCF) e as pressões utilizadas. Tabela 6 - Parâmetros matriz da experimental utilizados nas extrações. Amostra * /°C **Øp / mm ***Q / mL.min-1 ****p / Bar 01 40 0,09 0,5 90 02 60 0,09 0,5 90 03 40 0,503 0,5 90 04 60 0,503 0,5 90 05 40 0,09 2,0 90 06 60 0,09 2,0 90 07 40 0,503 2,0 90 08 60 0,503 2,0 90 09 40 0,09 0,5 120 10 60 0,09 0,5 120 11 40 0,503 0,5 120 12 60 0,503 0,5 120 13 40 0,09 2,0 120 14 60 0,09 2,0 120 15 40 0,503 2,0 120 16 60 0,503 2,0 120* = Temperatura do solvente **Ø = Diâmetro da Partícula ***Q = vazão ****p = Pressão Fonte – Adaptada pelo autor a partir de Filippis, F. M. D. (2001) 42 Tabela 7 - Dados experimentais para o Hn. Amostra *mp / g **hl / mm ***vt / cm³ ****vl / cm³ *****ε 01 1,5083 33,91 3,147 1,625 0,484 02 1,5048 36,71 3,407 1,622 0,524 03 1,5014 39,05 3,624 1,618 0,554 04 1,5040 39,10 3,628 1,621 0,553 05 1,5044 36,59 3,395 1,621 0,523 06 1,5017 36,16 3,355 1,618 0,518 07 1,5050 38,47 3,570 1,622 0,546 08 1,5041 38,05 3,531 1,621 0,541 09 1,5053 35,36 3,281 1,622 0,506 10 1,5011 37,86 3,513 1,618 0,540 11 1,5068 38,45 3,568 1,624 0,545 12 1,5004 38,27 3,551 1,617 0,545 13 1,5027 36,86 3,421 1,619 0,527 14 1,5015 34,86 3,235 1,618 0,500 15 1,5004 39,00 3,619 1,617 0,553 16 1,5019 38,36 3,559 1,618 0,545 *mp = Massa da planta **hl = Altura do leito ***vt = Volume total ****vl = Volume do leito *****ε = Porosidade da planta Fonte – Adaptada pelo autor a partir de Filippis, F. M. D. (2001) A Tabela 8 apresenta os dados experimentais, parâmetros de extração e caracterização para Hn e na Tabela 9, os resultados das extrações dos óleos, percentuais de óleo essencial extraído em relação à massa da planta tanto para o Hn quanto para o Ho. 43 Tabela 8 - Dados experimentais para o Ho. Amostra *mp / g **hl / mm ***vt / cm³ ****vl / cm³ *****ε 01 1,5043 29,86 2,771 1,551 0,440 02 1,5023 32,81 3,045 1,549 0,491 03 1,5069 37,86 3,513 1,554 0,558 04 1,5050 38,02 3,528 1,52 0,560 05 1,5055 33,16 3,077 1,552 0,496 06 1,5012 37,82 3,510 1,548 0,559 07 1,5062 38,37 3,561 1,553 0,564 08 1,5035 38,33 3,557 1,550 0,564 09 1,5030 32,95 3,058 1,549 0,493 10 1,5012 31,86 3,957 1,548 0,477 11 1,5022 36,65 3,401 1,549 0,545 12 1,5035 37,48 3,478 1,550 0,554 13 1,5004 34,84 3,233 1,547 0,522 14 1,5015 33,86 3,096 1,548 0,500 15 1,5038 37,50 3,480 1,550 0,555 16 1,5008 37,26 3,458 1,547 0,553 *mp = Massa da planta **hl = Altura do leito ***vt = Volume total ****vl = Volume do leito *****ε = Porosidade da planta Fonte – Adaptada pelo autor a partir de Filippis, F. M. D. (2001) Como citado, os óleos essenciais de Hon-Sho e Ho-Sho contém os compostos Canfora Linalol, a fim de quantificar o óleo essencial extraído, foi realizado uma análise cromatográfica em um cromatógrafo a gás HP Hewlett Packard Agilent 6890 GC, para quantificação foi utilizado o método do padrão interno que consiste na adição de uma solução padrão de concentração já conhecida, a solução utilizada foi o 3-octanol 97%. Desta forma calculou-se não apenas o rendimento da extração, mas também a composição dos óleos essenciais, na tabelas 9 são mostrados os rendimentos da extração para Hon-Sho e Ho-Sho. 44 Tabela 9 - Rendimentos de óleo essencial (massa de óleo/massa de planta). Amostra Hn / % de extração Ho / % de extração 01 2,22 1,82 02 1,72 1,8 03 2,62 1,39 04 1,78 1,04 05 2,33 2,04 06 2 2,58 07 1,97 1,5 08 2,25 1,58 09 1,71 1,91 10 1,92 2,13 11 2,16 1,64 12 2,11 1,88 13 2,26 2,18 14 2,35 2,33 15 1,84 2,13 16 1,64 1,91 Fonte – Adaptada pelo autor a partir de Filippis, F. M. D. (2001) Na tabela 10 são mostrados os cálculos das áreas da cromatografia feitas para os óleos essenciais de Hn e Ho. Tabela 10 - Composição do óleo essencial de Hn e Ho Amostra % Linalol % Cânfora % Outros Hn Ho Hn Ho Hn Ho 01 0,6 74,3 76,1 0,4 23,3 25,3 02 0,6 85,0 83,8 0,4 15,6 14,7 03 0,3 76,3 67,1 0,4 32,6 23,4 04 0,3 83,8 77,8 0,4 21,8 15,8 05 0,6 78,2 76,7 0,3 22,7 21,5 06 0,6 79,6 79,1 0,4 20,3 20,1 07 0,3 86,0 74,5 0,4 25,2 13,6 08 0,3 81,3 76,6 0,4 23,1 18,3 09 0,6 71,0 75,8 0,3 23,6 28,7 10 0,6 74,7 77,9 0,3 21,6 24,8 11 0,3 78,3 75,2 0,4 24,5 21,3 12 0,3 81,1 76,5 0,4 23,2 18,5 13 0,5 73,7 74,2 0,3 25,3 26,0 14 0,5 74,2 72,3 0,3 27,1 25,4 15 0,3 61,8 74,6 0,3 25,1 37,9 16 0,4 74,6 78,0 0,4 21,6 25,0 Fonte – Adaptada pelo autor a partir de Filippis, F. M. D. (2001) No trabalho de Filippis, F. M. D. (2001) foram feitas hidrodestilações no aparelho Clevenger, para efeito de comparação dos óleos essenciais extraídos com CO2(SCF) ao com o 45 método convencional. A tabela 11 mostra a comparação do rendimento da ESC com a Hidrodestilação: Comparação dos rendimentos da ESC e Hidrodestilação (massa óleo essencial/massa de planta) Tabela 11 - Comparação dos rendimentos dos óleos extraídos Hn% Ho % CO2(SCF) 3,395 2,393 Hidrodestiação 3,526 3,187 Fonte – Adaptada pelo autor a partir de Filippis, F. M. D. (2001) Na tabela 12 é mostrado o tempo de retenção dos componentes encontrados no óleo essencial de Hn extraídos através de hidrodestialção. Tabela 12 - Resultados da cromatografia qualitativos dos componentes do Hn. Pico Composto Tempo de retenção / min 01 α-pineno 4,62 02 Canfeno 5,95 03 Sabineno 7,67 04 α-felandreno 10,89 05 β-Myrceno 11,31 06 Limoneno 12,67 07 α-Terpinoleno 17,12 08 Cânfora 27,34 09 Trans-cariofileno 30,82 10 Terpinino 31,43 11 α-pineno 33,63 12 β-fenchil álcool 35,18 13 Germanacrene 36,11 14 Propeno 63,56 15 Ciclopentadecanone 70,14 16 Ácido-9octadecenóico 70,49 17 1-Heptadecine 72,07 18 1,2 – Epoxi-11vinilciclododeceno 72,38 Fonte – Adaptada pelo autor a partir de Filippis, F. M. D. (2001) Na tabela 13 é mostrado o tempo de retenção dos componentes encontrados no óleo essencial de Ho extraídos através de hidrodestialção. 46 Tabela 13– Resultados da cromatografia qualitativa dos componentes Ho. Pico Composto Tempo de retenção / min 01 α-pineno 4,76 02 Tujeno 4,94 03 Canfeno 6,1 04 2-β-pipeno 7,87 05 Sabineno 8,77 06 δ-carene 10,21 07 1-Felandrene 11,12 08 β-Mirceno 11,53 09 Limoneno 12,9 10 Biciclohexano 13,3 11 Cis-ocimeno 15,34 12 γ-Terpineno 15,45 13 Trans-β-ocimeno 16,15 14 Benzeno 16,75 15 α-Terpinoleno 17,1 16 Terpinoleno 17,33 17 Óxido de Linalol 24,95 18 Epoxinalol 26,2 Fonte – Adaptada de Filippis, F. M. D. (2001) Embora o rendimento de extração entre os dois processos terem sido aproximadamente iguais, a extração com CO2(SCF) apresentou pureza superior ao extraído com hidrodetilação. A composição do óleo extraído pelo segundo método apresentou componentes não oxigenados numa taxa superior ao extraído com CO2(SCF). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Atendendo aos objetivos propostos, este trabalho definiu o óleo essencial, demonstrou alguns aspectos físico-químicos importantes para a extração com SCF, e CO2(SCF) como solvente, apresentou a modelagem
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