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1 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA Prof. Luis Renato Junqueira Este material contém aspectos relevantes na determinação do preço de venda de um produto que estão além do cálculo dos custos dos produtos e definição da margem de lucro desejada. Aborda fatores externos à empresa que também influenciam no processo de formação do preço. 1. ANÁLISE DO CONSUMIDOR Cada segmento possui suas especificidades, características próprias, que podem ser exigidas pelos consumidores ou oferecidas inicialmente pelas empresas e, com o tempo, passam a fazer parte da exigência dos consumidores. Um dos pontos importantes que a empresa deve analisar é a Sensibilidade a Preço do seu consumidor. Sensibilidade a preço é o inverso de disposição a pagar, ou seja, clientes mais sensíveis a preço estão menos dispostos a pagar um preço mais alto para um produto. Então, para otimizar as decisões de preços, o gestor deve tentar compreender as reações do seu público-alvo diante do preço. Para isso, ele deve conhecer os determinantes da sensibilidade a preço, que são: 1.1) Disponibilidade Percebida de Substitutos: se o consumidor entender que existe um ou vários produtos substitutos ao que você oferece e que tais produtos atendem às suas necessidades e forma parecida, ele tende a pesquisar mais os preços, tornando-se mais sensível a preço. O conjunto de substitutos varia entre os consumidores, pois alguns são mais bem informados que outros. A empresa deve conhecer os produtos percebidos como substitutos e acompanhar suas melhorias e a evolução de seus preços. Normalmente, o consumidor não memoriza uma lista muito grande de produtos substitutos. O exemplo mais clássico que temos é a manteiga com a margarina. 1.2) Percepção de Diferenciação: quando o consumidor encontra o que deseja só em um produto, a sensibilidade ao preço diminui. A percepção de que a oferta é única e atraente equivale a um produto sem substituto. Por este motivo as empresas lutam pela diferenciação, tentando um lugar privilegiado e valorizado na mente do consumidor. 1.3) Dificuldade de Comparação de Produtos: a dificuldade em comparar alternativas de produtos diminui a sensibilidade a preço. Isto, geralmente, ocorre com produtos sofisticados, que não se prestam a uma avaliação imediata das propriedades tangíveis e intangíveis pelo comprador potencial. Nestes casos, o consumidor opta por marcas mais conhecidas e que transmitem confiança. 1.4) Relação Preço-Qualidade: quando o consumidor faz a relação de que o preço maior indica uma qualidade melhor, ele fica menos propenso à sensibilidade ao preço. Esta associação entre preço e qualidade ocorre quando não existem outras formas de avaliação da qualidade a não ser pelo preço do produto. O comprador não consegue avaliar o produto de maneira objetiva. 1.5) Peso Relativo do Produto no Gasto: a proporção do gasto de um produto no orçamento do consumidor afetará diretamente a sua sensibilidade a preço. Os preços dos produtos, cuja frequência da compra e seu valor sejam baixos, não são muito 2 pesquisados. Já produtos que são adquiridos constantemente ou se seu valor for muito alto, o público-alvo tende a pesquisar muito mais antes de comprar. 1.6) Custos de Mudança: se os custos monetários ou não monetários, como adaptação, treinamento, tempo, forem muito altos, o comprador tende a manter o uso do produto atual, independente do preço cobrado. Um exemplo claro desta situação é a utilização de um software específico numa empresa. Mesmo que sua renovação anual esteja um pouco mais cara do que de um concorrente, o transtorno referente à mudança do sistema pode não justificar a economia. 1.7) Custo de Tempo e Transação: alguns produtos/serviços possuem custos de tempo ou transação e que alguns consumidores pagam até um pouco mais para ficarem livres desta burocracia. Se a empresa exigir muitos cadastros e assinaturas de contratos, o que leva tempo, pode afugentar o cliente. Imagine uma concessionária que vende um carro e o entrega emplacado, com todas as taxas quitadas e com o seguro, isso pode atrair consumidores com pouquíssimo tempo disponível para resolver tais problemas. 1.8) Justiça do Preço: produtos cujo consumo é frequente geram uma referência de valor por parte de seus consumidores e, se a empresa praticar preços que são considerados injustos por parte de seus clientes, estes podem ficar aborrecidos, desenvolvendo uma atitude negativa perante a empresa. O gestor deve identificar o preço justo percebido pelo seu mercado-alvo. Outro ponto importante da Análise do Consumidor é referente ao Processamento de Informações de Preços, pois pela concepção econômica clássica, o comprador toma decisões procurando maximizar a utilidade mediante um comportamento racional baseado em métodos lógicos, objetivos e sistemáticos. O “consumidor racional” possui completo conhecimento das informações para decidir, consegue descrever com clareza suas preferências, traduz as preferências alternativas de compra, avalia com cuidado as consequências de cada escolha, ordena as alternativas segundo alguma medida de utilidade (como conveniência ou status) e, ao final, aponta a opção que maximiza a utilidade para si. Esta é uma visão utópica, sendo, quando muito, aplicável a poucos casos, como compradores profissionais de grandes empresas ou alguns consumidores com tempo e interesse de chegar à escolha ótima, geralmente, de algum produto de alto valor. O consumidor típico não se comporta segundo critérios ótimos. Fatores como renda, desemprego, tempo e informações complicam a vida do comprador, levando-o a análises, decisões e ações limitadas ou parciais. Na maioria das vezes, o comprador não consegue aplicar tempo demais nas decisões de compra, simplifica o processo de análise de preço e fica satisfeito com uma solução menos ótima. Por exemplo, se você perguntar aos clientes de um supermercado os preços dos produtos que estão dentro dos seus próprios carrinhos, a maioria deles não saberá. De qualquer forma, existem situações bem diferentes em que o comprador gastará bastante tempo e energia coletando informações, avaliando cada item referente ao produto/serviço que está adquirindo. Resta ao gestor conhecer bem seu público e seus hábitos de compra, para concentrar seus esforços naquilo que realmente interessa a seus clientes. 3 2. FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA 2.1 – Finalidades a) permitir à empresa a maximização de seus lucros; b) manter a qualidade do produto e atender às expectativas do mercado; c) melhorar o aproveitamento dos níveis de produção. 2.2 – Passos para a Formação do Preço de Venda a) formação de um preço-base; b) crítica desse preço-base à luz das características existentes no mercado, como preço dos concorrentes, volumes de venda, prazos de pagamento, condições de entrega, qualidade, aspectos promocionais, etc.; c) teste do preço de acordo com as condições do mercado, levando-se em consideração as relações custo/volume/lucro e demais aspectos econômicos e financeiros das empresas; d) fixação do preço mais apropriado com condições diferenciadas para atender: - volumes diferentes; - prazos diferentes de financiamento de vendas; - descontos para prazos de pagamentos mais curtos; - impostos incidentes sobre o preço; - comissões sobre vendas para cada condição; - gastos de distribuição (frete, seguro, etc.) para cada condição. 2.3 – Fatores que interferem na Formação do Preço de Venda a) qualidade, real ou percebida, do produto em relação às necessidades do mercado consumidor: quanto maior for a qualidade do produto, mais caro o mesmo poderá ser vendido, pois o consumidor terá um forte motivo para pagar mais; b) existência de produtos substitutos a preços mais competitivos: como já foi falado anteriormente, se o consumidor tiver a opção de substituir seu produto por outro semelhante e que pela sua concepção gera benefício e satisfação parelhos, ele tende a pesquisar mais enão vai pensar duas vezes em trocar de produto, caso o preço do substituto esteja bem mais atrativo; c) demanda esperada do produto: um produto que esteja na “moda”, ou seja, a demanda está crescente, pode se dar ao luxo de ser um pouco mais caro e aproveitar este sucesso, que pode ser temporário. Podemos exemplificar o caso da Influenza A (H1N1), que fez com que a demanda por álcool em gel aumentasse significativamente, sendo que as pessoas estavam comprando o produto sem se preocupar demais com o preço do mesmo. Este processo já se encerrou, mas durou por alguns meses; d) mercado de atuação do produto: existem produtos/serviços destinados a classes sociais específicas. Aqueles cujo público-alvo seja as classes A e B podem (e devem) ser mais caros, pois além dos consumidores poderem pagar eles gostam 4 de exclusividade, ou seja, não querem encontrar, a todo momento, pessoas adquirindo o mesmo produto que eles. Já os produtos destinados às classes C e D devem ter uma preocupação maior com os preços, pois caso contrário seus consumidores não poderão adquiri-lo; e) controle de preços (se existir): em alguns setores há um controle de preços, principalmente, por parte do governo. Normalmente, são produtos/serviços essenciais à população ou sob concessão. Citamos como exemplo os serviços de saúde, telefonia, energia, entre outros; f) nível de produção e de vendas que se pretende ou que se pode atingir: a maioria das empresas (se não todas elas) possui a chamada “economia de escala”, em que quanto maior o volume de produção menor o custo unitário do produto (dentro de um limite de capacidade produtiva). Neste sentido, produtos mais exclusivos e com pouca saída tendem a ser mais caros para cobrir seus gastos de fabricação. Já os produtos mais consumidos tornam-se mais baratos. Alguns produtos passam pelas duas situações, como os celulares, que no início custavam muito alto e apenas algumas pessoas tinham condições de adquirir. Atualmente, qualquer pessoa tem condições de comprar um aparelho celular, sendo que muita gente possui até mais de um aparelho; g) custos e despesas para fabricar, administrar e comercializar o produto: apesar de hoje em dia os preços serem ditados pelo mercado, em outras palavras, depende de quanto os consumidores estão dispostos a pagar pelo produto/serviço, o seu custo de fabricação e comercialização acaba se tornando um limite inferior para o preço, sendo que abaixo deste patamar as empresas, dificilmente, se sentirão atraídas a comercializarem o referido produto. Se isso ocorre com todo o mercado, o produto tende à extinção. 3. OBJETIVOS E ESTRATÉGIAS DE APREÇAMENTO 3.1 – Objetivos de Apreçamento As empresas podem utilizar o preço de seus produtos/serviços como estratégias para conseguirem alcançar um objetivo, denominado “Objetivo de Apreçamento”. Então, antes de mais nada, o gestor deve determinar qual o objetivo de apreçamento a empresa vai buscar alcançar, para depois poder definir qual estratégica de apreçamento ela utilizará. Os objetivos de apreçamento são cinco: 1) Objetivo de Lucratividade Corrente: é quando a empresa pretende obter certo montante de lucro no curto prazo, em geral até um ano, colocando o longo prazo em segundo plano. Este objetivo de lucratividade corrente deve ser compatível com as expectativas dos proprietários e com os padrões do ramo. 2) Objetivo de Volume de Vendas: define-se a quantidade de produtos ou faturamento que a empresa deseja alcançar, sendo traduzido em números específicos, como 250.000 caixas de creme dental por mês, que são medidos e controlados facilmente. Este objetivo é útil para gerenciar a capacidade instalada da empresa (que pode estar no limite, ociosa ou ajustada às vendas), alcançar ganhos de escala, acelerar a curva de aprendizagem, incentivar a venda de certos produtos, alcançar o ponto de 5 equilíbrio, entre outros. Entretanto, nem sempre maiores vendas significam maior lucratividade. 3) Objetivo de Participação no Mercado: é quando a companhia deseja alcançar certo percentual de vendas ou faturamento em relação ao total de unidades comercializadas no setor, somando-se todos os demais concorrentes. Este objetivo pode ser em setores que a empresa já atua ou em algum novo. Por um lado, para se alcançar este objetivo a empresa, normalmente, sacrifica um pouco a sua lucratividade e depende da sua capacidade produtiva. Entretanto, pode haver redução de custos por meio da economia de escala e avanço na curva de aprendizagem. 4) Objetivo de Concorrência: os preços são definidos em função dos preços dos concorrentes, pretendendo equipará-los ou superá-los. Se parece com o Objetivo de Participação no Mercado, mas neste caso você foca em concorrentes específicos. 5) Objetivo de Posicionamento: refere-se ao posicionamento da empresa, marca ou produtos. O preço funciona como elemento de reforço do posicionamento almejado. Se o posicionamento selecionado for de um produto popular, o preço deve ser compatível com seu público-alvo. Já se o posicionamento for de produtos de luxo, o preço deve ser seletivo. Outro fator importante é o Horizonte de Tempo dos Objetivos que, em geral, é de curto prazo e os executivos cobram por resultados mais imediatos, crescendo a pressão para atingir os objetivos estipulados. Se os objetivos tivessem alcance de longo prazo, permitiriam mais criatividade nas estratégias de preços, mas no receio das reviravoltas do mercado, o gestor prefere o que já é conhecido ou lhe parece mais seguro. 3.2 – Estratégias de Apreçamento Para que os objetivos acima apontados sejam alcançados, a empresa precisa selecionar uma Estratégia de Apreçamento, as quais são discutidas abaixo: 1) Apreçamento Competitivo: neste caso, a empresa define o preço para aproveitar sua posição diante dos concorrentes. Dentro deste tipo de apreçamento temos as seguintes opções: a) Liderança de Preço: é quando uma empresa é considerada líder e, por isso, pode iniciar um movimento nos preços (tanto para mais quanto para menos) que os concorrentes tendem a acompanhá-la. Para ser líder, a empresa deve praticar preços relativamente mais altos, ter poder e participação de mercado alta, possuir capacidade financeira e ter capacidade para desenvolver produtos. Líderes de preço dependem de produtos diferenciados, nos quais os consumidores reconhecem valor compatível com os preços; b) Paridade de Preços: são praticados preços equivalentes aos da concorrência para produtos similares ou mantidas constantes as diferenças de preços entre eles. Muitas vezes é a estratégia que resta às empresas desprovidas de vantagens competitivas. Esta estratégia é adotada por empresas cujo produto não possui diferenciais, que justificam um preço mais baixo, nem custos menores, que permitem uma redução nos preços. c) Preço de Prestígio: trata-se de um preço mais elevado, sendo este mantido assim ao longo do tempo. Neste caso, os consumidores devem perceber os 6 benefícios adicionais do produto, conferindo a ele uma imagem de excelência e exclusividade. O preço alto permite suportar os custos na operacionalização e comercialização mais sofisticadas. O preço se torna um meio de diferenciação nos segmentos de mercado em que o valor pago exprime estilo de vida, demonstra bom gosto ou sinaliza riqueza. Uma redução no preço do produto pode depreciar sua imagem, pois o mesmo torna-se popular indo de encontro com a imagem de exclusividade. d) Preço Mais Baixo: a empresa atua com os preços mais baixos do mercado. Nem sempre isso indica fragilidade, mas pode ser melhor eficiência em seus custos, reduzindo-os. Trata-se de uma estratégia indicada para mercados cujos consumidores ou são sensíveis a preços ou possuem menor poder aquisitivo, muito indicado no caso brasileiro. Requer investimentos em processos produtivos e comerciais. e) Estratégia Geográfica de Preço: é relativo aos custos com transporte, armazenagem e seguro. Existemdois tipos: Preço na Origem, no qual a empresa não inclui os custos de entrega e as mercadorias são colocadas em ponto de despacho a partir do qual o cliente é responsável pela retirada das mesmas; e Preço no Destino, em que a empresa é responsável pela entrega do produto no local indicado pelo cliente, mas todos os custos com transporte, seguro e outros são repassados no preço do produto. 2) Apreçamento de Novos Produtos: um novo produto sempre gera preocupação para a empresa, pois ela não possui um histórico de vendas em função do preço praticado. Com isso, abrem-se duas possibilidades: a) Estratégia de Desnatação: o novo produto recebe o maior preço de um segmento, buscando atrair aqueles consumidores que pagam mais por um produto novo, melhor ou exclusivo. Com o tempo, o preço do produto vai sendo reduzido em etapas para aumentar a sua participação no mercado e enfrentar a entrada de produtos concorrentes. Esta estratégia é indicada para produtos que entram sozinho no mercado e assim permanecem por algum tempo, sendo considerado como um produto sem substitutos ou concorrentes. Entretanto, o preço mais alto inibe o aumento das vendas e, devido à menor escala de produção, os custos podem ficar muito caros. Neste momento, a empresa deve modificar sua estratégia. b) Estratégia de Penetração de Mercado: nesta estratégia, o preço do produto novo é mais baixo desde o seu lançamento, com o objetivo de aumentar rapidamente as vendas e consolidar a posição do produto no mercado. O preço baixo funciona como: defesa contra a concorrência e/ou ataque contra o concorrente já estabelecido. Esta estratégia é muito boa para empresas que possuem custos menores ou capacidade produtiva ociosa, pois a elevação nas vendas preenche esta lacuna na produção. 3) Apreçamento de Conjunto de Produtos: normalmente, as empresas comercializam uma linha completa de produtos e não seria razoável pensar que a venda de um produto não interfere na comercialização de outro, a não ser em casos muito específicos. Por haver esta interdependência, a empresa pode optar por uma das estratégias de apreçamento de conjunto de produtos a seguir, objetivando melhorar o resultado global e não maximizar apenas o resultado de um produto isoladamente: a) Linha de Produtos: algumas empresas organizam os produtos que vendem em uma ou mais linhas. Aí é preciso: (a) definir o limite superior de preço da linha, referente ao melhor produto; (b) definir o limite inferior de preço da linha, referente ao produto mais básico; (c) estabelecer as diferenças de preço para os produtos 7 intermediários. O produto do topo da linha atende ao público mais exigente e, normalmente, gera a maior lucratividade da linha. Além disso, ele pode melhorar a imagem de toda a linha. O produto mais básico da linha serve como opção de entrada de muitos clientes, dos quais a empresa visa lealdade e, consequentemente, a venda futura de produtos superiores. Os preços das faixas intermediárias devem apresentar-se os mais justos possíveis, ou seja, o intervalo de preço deve representar fielmente o(s) acessório(s) adicional(is). b) Pacote de Produtos: são vendidos um ou mais produtos como um conjunto, por preço total menor que a soma dos preços individuais dos itens. Esta estratégia estimula o comprador a adquirir mais produtos do que aqueles que, inicialmente, estava precisando. Como exemplo podemos citar os combos do Mcdonald’s e os pacotes de viagens. c) Produtos Complementares: há empresas que trabalham com produtos complementares, ou seja, a sua venda é estimulada ou favorecida pela venda de outro produto. A complementaridade toma a forma de produtos cativos, se o produto adquirido exigir um insumo específico, como as impressoras. Neste caso, a empresa pode até reduzir o preço do produto principal, objetivando ganhar futuramente na venda dos produtos complementares. Entretanto, deve-se tomar cuidado com o preço dos complementares, para que eles não desestimulem a venda do produto principal. d) Produtos Substitutos: os produtos são considerados substitutos quando o aumento nas vendas de um significa a redução nas vendas do outro. Existem duas situações de fixação de preço: 1) a empresa amplia a linha de produtos com um novo modelo de preço inferior, mas que é substituto de outro já existente. Com isso, abrem-se três possibilidades: a) consumidores trocam o produto mais caro pelo mais barato; b) novos clientes do mesmo segmento são conquistados; c) novos clientes de outros segmentos são conquistados. A lucratividade do novo produto deve superar as perdas com a redução nas vendas dos produtos substituídos; 2) a empresa amplia a linha de produtos com um novo modelo de preço superior e que é substituto de outro mais barato. Entretanto, o consumidor somente substituirá o produto antigo se perceber um diferencial no produto novo que compense a troca. 4) Apreçamento Discriminador: esta estratégia aproveita diferenças na sensibilidade ao preço, poder de barganha e preferências entre consumidores para vender os mesmos produtos a preços distintos. O termo “discriminador” não é empregado no sentido negativo, mas como meio de elevar o valor percebido do produto por clientes com perfis distintos. Nestes casos, a empresa pode utilizar uma das estratégias abaixo: a) Desconto para Segundo Mercado: a empresa define o preço para seu mercado principal, mas pode atuar paralelamente em um mercado secundário, sem relevância, com um preço menor. O intuito é diluir custos fixos e diminuir capacidade produtiva ociosa. Como exemplo pode-se citar as grandes marcas que utilizam a sua ociosidade produtiva para fabricar produtos com marcas próprias de varejistas, como a marca Carrefour. b) Descontos Periódicos: são oferecidos descontos em momentos e ciclos específicos conhecidos de antemão pelos consumidores. O propósito é vender o mesmo produto a mais clientes a um preço médio superior, conseguindo melhorar o resultado financeiro da empresa. São muito comuns em lojas de roupa em final de estação e outros 8 setores. Esta estratégia diferencia-se do Desconto para Segundo Mercado, pois todos os clientes têm acesso a ele; e dos Descontos Aleatórios (a seguir) pois os consumidores conhecem quando os descontos periódicos ocorrerão. c) Descontos Aleatórios: existem clientes que não têm tempo ou não têm interesse em pesquisar preços; outros já andam muito para economizar as vezes $ 20,00. Esta estratégia tenta atender aos dois tipos. A periodicidade das ofertas não pode ser regular, senão se transforma em Desconto Periódico. Na maior parte do tempo, a empresa trabalha com os preços normais, atendendo ao público que não pesquisa os preços antes de comprar, e em determinadas épocas oferece uma promoção, atraindo aqueles compradores que pesquisam a todo momento. d) Desconto Negociado: é a redução sobre o preço normal, acertada a cada transação, que o vendedor concede se o cliente solicitar. O desconto negociado dá flexibilidade para ajustar o preço visando ao acordo entre comprador e vendedor. Neste método, as diferenças entre os clientes diante do produto e preço são reconhecidas. Esta estratégia atende a alguns propósitos, como: vence a resistência do cliente que gostou do produto, mas o achou caro; atende à pessoa em busca da sensação de que fez um bom negócio; aumenta o fluxo de pessoas no estabelecimento comercial; e, em alguns casos, estimula os compradores a adquirirem outros produtos da loja. O desconto negociado funciona melhor com produtos mais caros, pois ninguém gasta muito tempo negociando produtos com preços muito baixo. e) Desconto por Volume: são reduções do preço normal concedidas pelo vendedor mediante a aquisição de uma quantidade maior de produtos. Além de incrementar os volumes negociados pela empresa vendedora, estreita o relacionamento com os grandes clientes, deixando-os com um sentimento de que são especiais. Uma venda maior gera economia de escala, racionalizao estoque e simplifica a gestão da produção. Parte desta economia é repassada ao cliente por meio do desconto. BIBLIOGRAFIA SANTOS, Joel José dos. Formação do preço e do lucro: custos marginais para formação de preços referenciais. São Paulo: Atlas, 1994. URDAN, Flávio Torres; URDAN, André Torres. Gestão do composto de marketing. São Paulo: Atlas, 2006.
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